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Concepção Pedagógica em Platão e Aristóteles

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24/04/2022 18:39 ATV9 | Universo da Arte: FILOSOFIA: RAZÃO E MODERNIDADE - Engenharia Civil - CAMPUS CORAÇÃO EUCARÍSTICO…
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A concepção pedagógica encontra sua primeira formulação em Platão e
Aristóteles. Na República, expondo a pedagogia pa ra a criação da cidade perfeita,
Platão exclui da pólis perfeita os praticantes das artes imitativas, isto é, poetas,
pintores e escul tores, porque, como vimos, copiam cópias, isto é, imitam as coi sas
sensíveis e oferecem uma imagem desrespeitosa do divino e das coisas divinas,
pois apresentam os deuses como humanos e arrebatados por paixões humanas.
Todavia, o filósofo coloca três artes dispositivas - a dança, a música e a estratégia
– e três artes judicativas - a gramática, a matemática e a dialética - como
disciplinas fundamentais na formação do corpo e da al ma, isto é, do caráter das
crianças e dos adolescentes. Assim, o critério do conhecimento e o da pedagogia
(ou formação do ca ráter) excluem da cidade perfeita três das futuras belas-artes
(poesia, pintura e escultura) e conservam apenas duas delas (música e dança). Por
sua vez, Aristóteles, na Arte poética, de senvolve longamente o papel pedagógico
das artes, particular mente a tragédia, que, segundo o filósofo, tem a função de pro -
duzir a catarse, isto é, a purificação espiritual dos espectadores, comovidos e
apavorados com a fúria, o horror e as conseqüên cias das paixões que movem as
personagens trágicas. A concep ção pedagógica da arte reaparece em Kant quando
afirma que a função mais alta da arte é produzir o sentimento do sublime, is to é, a
elevação e o arrebatamento de nosso espírito diante da beleza. Também Hegel
insiste no papel educativo da arte. A pe dagogia artística para ele se efetua sob
duas modalidades su cessivas: na primeira, a arte é o meio para a educação moral
da sociedade; na segunda, graças à maneira como destrói a bruta lidade da
matéria, impondo-lhe a pureza da forma, educa a so ciedade para passar do natural
e do material ao artístico e, des te, à forma mais alta da religião, a religião espiritual
ou da interioridade. Para Hegel, a espiritualização progressiva das ar tes (ou a
passagem da preponderância da dança, da pintura e da escultura para o
predomínio da música e da literatura) exprime o movimento pedagógico de
passagem da religião da exteriori dade (os deuses e espíritos estão visíveis na
natureza e se fazem visíveis por suas representações nas artes plásticas, isto é,
pin tura e escultura) à religião da interioridade (o ser divino é o Es pírito Absoluto,
isto é, a razão e a verdade, cuja imaterialidade se exprime adequadamente na
música e na literatura). Por esta belecer uma relação intrínseca entre arte e
sociedade, o pensa mento estético de esquerda também atribui finalidade pedagó -
gica às artes, dando-lhe a tarefa de crítica social e política, interpretação do
presente e imaginação da sociedade futura. A arte deve ser engajada ou
comprometida, isto é, estar a serviço da emancipação do gênero humano,
oferecendo-se como instru mento do esforço de libertação.

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