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Anatomia e Fisiologia das Mamas

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As mamas (ou tecidos mamários) estão localizadas entre a terceira e a sétima costelas da parede torácica 
anterior e são sustentadas pelos músculos peitorais e pelas fáscias superficiais. São estruturas glandulares 
especializadas que contêm nervos, vasos sanguíneos e canais linfáticos compartilhados. 
 
Ilustração da mama mostrando os tecidos glandulares e os ductos das glândulas mamárias. 
O que se conhece comumente como “mamas” são duas partes de uma única estrutura anatômica mamária. Essa 
configuração contínua dos tecidos mamários é importante à saúde e à doença. Homens e mulheres nascem com 
tecidos mamários rudimentares que contêm ductos revestidos de epitélio. 
Nas mulheres, a secreção dos hormônios hipofisários FSH, LH e prolactina durante a puberdade estimula os 
ovários a produzir e secretar estrogênio. Este último hormônio incita o crescimento e a proliferação do sistema 
ductal. Com o início dos ciclos ovulatórios, a secreção de progesterona estimula o crescimento e o 
desenvolvimento dos epitélios ductal e secretor alveolar. Na adolescência, as mamas desenvolvem os padrões 
de deposição de gordura e seus contornos típicos. 
Estruturalmente, a mama consiste em gordura, tecido conjuntivo fibroso e tecidos glandulares. O tecido 
conjuntivo fibroso superficial está ligado à pele e este é um fato importante para o exame visual dos movimentos 
da pele sobre a mama durante o autoexame. A massa mamária é sustentada pelas fáscias dos músculos peitorais 
maior e menor e pelos tecidos conjuntivos fibrosos da mama. 
Ligamentos de tecido fibroso conhecidos como ligamentos de Cooper estendem-se dos limites externos das 
mamas até a região do mamilo em distribuição radial como os raios de uma roda. Esses ligamentos também 
conferem suporte às mamas e formam septos, que as dividem em 4 a 20 lobos. Cada lobo consiste em grupos de 
tecidos em forma de cachos – alvéolos ou glândulas – interconectados por ductos. Os alvéolos estão revestidos 
por células secretórias capazes de produzir leite ou líquidos em condições hormonais apropriadas. 
O trajeto de saída do leite e de outras secreções é dos alvéolos aos ductos, depois ao ducto intralobar, em seguida 
ao ducto e reservatório lactíferos e, finalmente, ao mamilo. O leite é produzido em razão de alterações 
hormonais complexas associadas à gestação. Os líquidos são formados e reabsorvidos durante o ciclo menstrual. 
As mamas reagem às alterações periódicas do ciclo menstrual com congestão e desconforto. 
O mamilo é formado de tecidos epiteliais, glandulares, eréteis e nervosos. Os tecidos areolares o circundam e 
são reconhecidos pela pele lisa e mais escura entre o mamilo e a mama. As projeções ou os nódulos diminutos 
na superfície areolar conhecidos como tubérculos de Montgomery são glândulas sebáceas que mantêm a região 
mamilar macia e elástica. Na puberdade e durante a gestação, os níveis altos de estrogênio e progesterona 
tornam as aréolas e os mamilos mais escuros e proeminentes, e as glândulas de Montgomery tornam-se mais 
ativas. 
Os tecidos eréteis dos mamilos são sensíveis aos estímulos tácteis e fisiológicos, que contribuem para a função 
sexual das mamas. Existem amplas variações individuais de tamanho e formato das mamas. O formato e a textura 
se alteram devido a fatores hormonais, genéticos, nutricionais e endócrinos, bem como ao tônus muscular, à 
idade e à gestação. Um grupo bem desenvolvido de músculos peitorais sustenta a massa mamária em sua posição 
mais alta na parede torácica. Postura incorreta, emagrecimento significativo e falta de sustentação podem causar 
ptose (queda) das mamas. 
Durante a gestação, os níveis altos de estrogênio e progesterona alteram significativamente as mamas. O 
estrogênio estimula a proliferação vascular das mamas e o crescimento e a extensão das estruturas ductais, 
causando a “sensação de peso”. A progesterona aumenta a ramificação e a proliferação das estruturas 
alveolares. O epitélio alveolar coloca-se em um estado secretório propício à lactação. As alterações celulares no 
revestimento alveolar parecem modificar a sensibilidade dessas células às anormalidades causadas pelo 
estrogênio nas fases mais avançadas da vida. Durante a lactação, o leite é secretado pelas células alveolares, 
influenciadas pela prolactina, hormônio da adenohipófise. A ejeção do leite do sistema ductal ocorre em resposta 
à secreção de ocitocina pela neurohipófise, a qual é ativada pela sucção do recém-nascido, que produz o estímulo 
necessário à ejeção e estimula o hipotálamo por feedback. Esse hormônio provoca contração das células 
mioepiteliais que revestem os alvéolos e causa ejeção do leite no sistema ductal. 
FONTE: FISIOPATOLOGIA, PORTH. 
- Inspeção estática das mamas: buscar abaulamentos, retrações, cicatrizes, lesões de pele, etc. Observam-se 
pele, contorno, forma, volume e simetria glandular, pigmentação da aréola, aspecto da papila, presença de 
abaulamentos ou de retrações, circulação venosa e presença de sinais flogísticos (edema e rubor). O carcinoma 
inflamatório pode cursar com edema do tecido subcutâneo, descrito classicamente como pele em casca de 
laranja. A retração da papila, quando recente, é sinal de alerta para câncer. A aréola deve ser cuidadosamente 
examinada, pesquisando eczema, dermatite de contato e doença de Paget, que é um tipo de câncer de mama. 
Na pele, eventualmente pode-se observar lesões vesiculares típicas de infecção viral por herpeszoster. 
 
- Inspeção dinâmica das mamas: Solicitar que a paciente eleve os membros superiores. Solicitar que a paciente 
comprima uma mão contra a outra (para contração dos mm peiotorais). Solicitar que a paciente se incline para 
frente (Apoiar a paciente para evitar quedas). 
- Palpação da cadeia de linfonodos supra-clavicular, infra-clavicular e axilares, bilateralmente. 
• Para palpação da região supra-clavicular fazer uma concha com os dedos e aprofunda-los na fossa supra-
clavicular. 
• Para a palpação da região infra-clavicular realizar um dedilhamento da região. 
• Para a palpação dos linfonodos axilares esquerdo apoiar o membro superior esquerdo (MSE) do paciente 
no seu MSE, em seguida, com sua mão direita deve aprofundar seus dedos no oco axilar e também 
lateralizá-los em direção ao mm peitoral e os mm redondo maior. Repetir esse procedimento no lado 
contralateral. 
A presença de linfonodos palpáveis, móveis e fibroelásticos não representa sinal de suspeição. Linfonodos 
axilares aumentados, endurecidos, fixos e coalescentes são indicativos de metástase de carcinoma de mama, 
linfomas ou outros tipos de neoplasias maligna. 
 
 
- Palpação das mamas: a palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: a de Velpeaux, em que utiliza-
se a região palmar dos dedos, e a de Bloodgood, em que são utilizadas as falanges distais, semelhante ao tocar 
de um piano. Realiza-se a palpação das mamas com a paciente em decúbito dorsal com as mãos apoiadas atrás 
da cabeça e os braços bem abertos. A palpação deve ser feita delicadamente, partindo-se da região subareolar 
e estendendo-se até as regiões paraesternais, infraclaviculares e axilares (prolongamento axilar da mama). Em 
um primeiro momento, a palpação deve ser executada com leve pressão, a fim de permitir a detecção de nódulos 
superficiais, e, em seguida, com mais vigor, procurando nódulos profundos. 
Na presença de nódulo palpável, definir localização, tamanho, consistência (fibroelástica, cística ou 
endurecida), superfície (regular, lobulada ou irregular) e aderência a planos superficiais ou profundos. 
 
- Realizar a expressão papilar em casos selecionados. 
A maioria das doenças da mama pode ser descrita como benigna ou maligna. Os tecidos mamários nunca estão 
estáticos, ou seja, as mamas reagem continuamente às alterações dos estímulos hormonais, nutricionais, 
psicológicos e ambientais que acarretam alterações celulares contínuas. As doenças benignas das mamas não 
são progressivas. Contudo, algumas doenças mamárias benignas aumentamo risco de desenvolver câncer. Por 
essa razão, a adesão rigorosa a uma dicotomia entre doenças benignas versus malignas nem sempre pode ser 
apropriada. Contudo, essa divisão é útil por motivos didáticos e de clareza. 
Galactorreia é secreção de leite pelas mamas de mulheres que não estão amamentando. Isso pode ser causado 
por estimulação vigorosa dos mamilos, hormônios exógenos, desequilíbrio dos hormônios endógenos ou 
infecção ou traumatismo torácico localizado. Tumores hipofisários (p. ex., um prolactinoma) podem aumentar 
expressivamente os níveis de prolactina e causar galactorreia. A galactorreia ocorre nos homens e nas mulheres 
e geralmente é benigna. O acompanhamento clínico pode ser mantido por vários meses, antes que seja indicada 
triagem hormonal com finalidade diagnóstica. O vazamento espontâneo de leite da mama (sem qualquer tipo 
de estimulação) é patológico e deve ser detalhadamente investigado. 
O termo mastite significa inflamação da mama. Na maioria das vezes, isso ocorre durante a lactação, mas 
também pode ser causado por outros problemas. Nas mulheres que estão amamentando, a inflamação é 
causada por uma infecção ascendente que se estende do mamilo até as estruturas dos ductos lactíferos. Os 
microrganismos isolados mais comumente são estafilococos. 
Os agentes patogênicos originam-se da nasofaringe do bebê amamentado ou das mãos da mãe. Durante as 
primeiras semanas da amamentação, as mamas são especialmente suscetíveis à invasão bacteriana em razão 
das rachaduras e das fissuras causadas pela sucção vigorosa. Infecção e inflamação causam obstrução do 
sistema de ductos mamários. A região mamária torna-se endurecida, inflamada e dolorosa se não for tratada 
imediatamente. Sem tratamento, a área torna-se bem delimitada e pode formar um abscesso, que deve ser 
incisado e drenado. É recomendável que a mãe continue a amamentar durante o tratamento com antibiótico 
para evitar essas complicações. 
A mastite não ocorre apenas no período pós-parto e também pode ser causada por flutuações hormonais, 
tumores, traumatismo ou infecção da pele. A inflamação cíclica da mama ocorre mais comumente nas 
adolescentes, que frequentemente têm níveis hormonais oscilantes. Tumores podem causar mastite secundária 
ao acometimento da pele ou à obstrução linfática. Traumatismo local ou infecção pode evoluir para mastite em 
consequência do bloqueio dos ductos por sangue ou restos celulares retidos, ou por extensão da inflamação 
superficial. O tratamento dos sintomas da mastite inclui aplicação de compressas frias ou quentes, excisão, 
aspiração, analgésicos suaves, antibióticos e uso de sutiã firme ou estabilizador mamário. 
Nas mulheres idosas, a dilatação dos ductos mamários evidencia-se por secreção mamilar cinza esverdeada 
intermitente, geralmente unilateral. A palpação da mama aumenta o volume da secreção. A dilatação ductal 
ocorre durante ou depois da menopausa e está associada a sinais e sintomas como ardência, prurido, dor e 
sensação de tração do mamilo e da aréola. Essa doença causa inflamação e espessamento subsequente dos 
ductos. O tratamento consiste na remoção da massa de ductos afetados. 
Os papilomas intraductais são tumores benignos dos tecidos epiteliais, cujas dimensões podem variar de 2 a 5 
cm. Em geral, os papilomas são evidenciados por secreção mamilar sanguinolenta. O tumor pode ser palpado na 
região areolar. O diagnóstico é estabelecido por galactografia – uma radiografia obtida depois da injeção de 
contraste no ducto afetado. O papiloma é explorado por uma sonda através do mamilo e o ducto afetado é 
removido. 
Os fibroadenomas são encontrados nas mulheres pré-menopausa, mais comumente entre a terceira e a quarta 
década de vida. As manifestações clínicas incluem massa arredondada firme e bem demarcada com consistência 
de borracha. À palpação, a massa “escorrega” entre os dedos e pode ser mobilizada facilmente. Em geral, a 
paciente tem apenas um fibroadenoma, mas as lesões são bilaterais ou múltiplas em apenas 15%. Os 
fibroadenomas são assintomáticos e geralmente detectados casualmente. Esses tumores benignos não 
parecem ser precursores de câncer e o tratamento consiste em excisão simples. 
Alterações fibrocísticas são as lesões mais comuns das mamas. Essas alterações são mais frequentes nas 
mulheres entre a 2a e a 5a década de vida e são raras nas mulheres pós-menopausa que não fazem tratamento 
de reposição hormonal. 
Em geral, as alterações fibrocísticas evidenciam-se por massas mamárias granulares e nodulares (“encaroçadas”), 
que são mais proeminentes e dolorosas durante a fase lútea – ou de predomínio da progesterona – do ciclo 
menstrual. O desconforto varia de sensação de peso até hipersensibilidade extrema, dependendo do grau de 
congestão vascular e distensão cística. 
As alterações fibrocísticas englobam grande variedade de lesões e variações mamárias. Ao exame 
microscópico, as alterações fibrocísticas significam um conjunto de alterações morfológicas evidenciadas por: 
(1) cistos microscópicos, 
(2) metaplasia apócrina, 
(3) hiperplasia epitelial branda e 
(4) aumento do estroma fibroso. 
Embora as alterações fibrocísticas tenham sido relacionadas com um aumento aparente do risco de câncer 
mamário, apenas algumas variantes nas quais há proliferação dos componentes ductais estão realmente 
associadas a um risco real. A existência de cistos grandes e lesões epiteliais proliferativas com atipia é mais 
comum nas mulheres com risco mais alto de desenvolver câncer de mama invasivo. A forma não proliferativa 
das alterações fibrocísticas, que não aumenta o risco de desenvolver câncer, é mais comum. 
O diagnóstico das alterações fibrocísticas é firmado com base no exame físico, na mamografia, na 
ultrassonografia e na biopsia (aspiração ou retirada de um fragmento). Ainda existem controvérsias quanto 
ao uso rotineiro da mamografia com finalidade diagnóstica nos grupos de mulheres de alto risco com menos 
de 35 anos. Esse exame pode ser útil para estabelecer o diagnóstico, mas a densidade aumentada dos tecidos 
mamários das mulheres com alterações fibrocísticas pode dificultar a diferenciação de massa anormal ou 
neoplásica das outras estruturas e por isto é necessário usar RM. 
A ultrassonografia ajuda a diferenciar entre lesão cística e massa sólida. Como a massa causada por alterações 
fibrocísticas pode ser indistinguível de um carcinoma com base nas manifestações clínicas, as lesões suspeitas 
devem ser biopsiadas. A biopsia de aspiração por agulha fina pode ser realizada, mas quando uma lesão suspeita 
considerada benigna ao exame histopatológico não regride depois de vários meses, a massa deve ser removida 
cirurgicamente. Qualquer massa ou nódulo bem demarcado na mama deve ser considerado como possível 
carcinoma e esta possibilidade deve ser excluída antes de adotar as medidas conservadoras usadas para tratar 
alterações fibrocísticas. 
O tratamento das alterações fibrocísticas geralmente é sintomático. Analgésicos suaves (p. ex., AAS, 
paracetamol ou AINE) e aplicação local de calor ou frio podem ser medidas adotadas para atenuar a dor. Cistos 
volumosos ou persistentes podem ser aspirados e qualquer líquido obtido deve ser enviado ao laboratório 
para análise citológica. 
O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países em 
desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para 
o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias 
diagnosticadas nas mulheres. As taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do planeta, com as 
maiores taxas nos países desenvolvidos. (INCA, 2022). 
 
Para o Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, com um risco estimado de 
61,61 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama também ocupa a primeira posição em mortalidade 
por câncer entre as mulheres no Brasil, com taxa de mortalidade ajustada por idade, pelapopulação mundial, 
para 2019, de 14,23/100 mil. As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste 
do Brasil. (INCA, 2022). 
Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, 
fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito 
(mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no 
pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas). (INCA, 2022). 
Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da 
doença entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, 
histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e 
exposição à radiação ionizante. 
 Os principais fatores são: 
Comportamentais/Ambientais 
- Obesidade e sobrepeso, após a menopausa 
- Atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana) 
- Consumo de bebida alcoólica 
- Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X, tomografia computadorizada, mamografia etc.) 
- História de tratamento prévio com radioterapia no tórax 
Aspectos da vida reprodutiva/hormonais 
- Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos 
- Não ter filhos 
- Primeira gravidez após os 30 anos 
- Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos 
- Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona) 
- Ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos 
Hereditários/Genéticos 
- Histórico familiar de câncer de ovário; de câncer de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos; 
e caso de câncer de mama em homem 
- Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2. 
A mulher que possui esses fatores genéticos tem risco elevado para câncer de mama. 
(INCA, 2022). 
Mamografia é o único exame de triagem eficaz para estabelecer o diagnóstico precoce de lesões clinicamente 
imperceptíveis. Um tipo de câncer geralmente com crescimento lento, o carcinoma de mama pode se 
manifestar por 2 a 9 anos antes que chegue ao tamanho de 1 cm, que é a menor massa normalmente 
detectável por palpação. A mamografia pode detectar lesões de apenas 1 mm e áreas de calcificação, que 
podem justificar uma biopsia para excluir câncer. A mamografia tem sensibilidade de 80 a 90% no diagnóstico 
desse tipo de câncer, mesmo quando é realizada nas instituições mais capacitadas. Por essa razão, mesmo que 
a mamografia seja negativa, a massa palpável deve ser avaliada com mais detalhes. Cerca de 40% dos cânceres 
de mama podem ser detectados apenas por palpação e outros 40% apenas por mamografia. 
Os procedimentos realizados para diagnosticar câncer de mama incluem exame físico, mamografia, 
ultrassonografia, biopsia de aspiração por agulha fina, biopsia por agulha estereostática (biopsia com agulha 
core) e biopsia excisional. Em geral, o carcinoma de mama evidencia-se por uma única lesão indolor, firme e 
fixa com bordas mal demarcadas. O tumor pode estar localizado em qualquer parte da mama, mas é mais 
comum no quadrante superior externo. Em razão da variabilidade de apresentação, qualquer alteração 
suspeita dos tecidos mamários deve ser investigada com mais cuidado. O uso diagnóstico da mamografia 
viabiliza a definição mais clara de uma área clinicamente suspeita (p. ex., formato, características, calcificação). 
A colocação de um marcador de fio metálico sob controle radiográfico pode assegurar a biopsia cirúrgica 
precisa das áreas suspeitas, embora impalpáveis. A ultrassonografia é útil como exame diagnóstico para 
diferenciar entre lesões císticas e sólidas nas mulheres com espessamento inespecífico. 
A aspiração por agulha fina é um procedimento simples realizado no consultório, que pode ser efetuado 
repetidamente em várias áreas com desconforto mínimo. A biopsia pode ser realizada estabilizando-se a massa 
palpável entre dois dedos, ou com a ajuda de uma sonda de ultrassonografia para definir massas císticas ou 
alterações fibrocísticas e recolher amostras para exame citológico. A aspiração por agulha fina pode revelar 
células malignas, mas não consegue diferenciar entre carcinoma in situ e câncer invasivo. A biopsia por agulha 
estereostática é um procedimento ambulatorial realizado com a ajuda de um aparelho de mamografia. Depois 
de localizar a lesão radiograficamente, uma agulha calibrosa é introduzida mecanicamente e avançada 
rapidamente adentro da área afetada, removendo um núcleo de tecidos no interior da agulha. 
O desconforto é semelhante ao causado pela colocação de um piercing na orelha e, mesmo quando são 
retiradas várias amostras, a cicatrização ocorre rapidamente. As células retiradas são examinadas 
histologicamente, com precisão de 96% no diagnóstico do câncer. Esse procedimento é menos dispendioso 
que a biopsia excisional. Entretanto, a biopsia excisional realizada para retirar um nódulo por inteiro é o único 
método diagnóstico definitivo do câncer de mama e, em geral, tem efeito terapêutico sem necessidade de um 
procedimento cirúrgico adicional. RM, tomografia por emissão de pósitrons (PET) e mamografia 
computadorizada ou digital também são modalidades diagnósticas disponíveis para avaliar câncer de mama e 
podem ser solicitadas para complementar a mamografia convencional nas mulheres com mamas 
radiograficamente densas, ou história familiar inquestionável de câncer, ou que são portadoras de mutações 
do gene BRCA1 ou BRCA2. 
Os tumores são classificados histologicamente de acordo com as características dos tecidos e estagiados com 
base na dimensão do tumor, na invasão linfática e na existência de metástases. É recomendável realizar análises 
de receptores de estrogênio e progesterona nas amostras obtidas cirurgicamente. A informação quanto à 
existência ou não de receptores de estrogênio e progesterona pode ser usada para prever a resposta do tumor 
às intervenções hormonais. Níveis altos desses dois receptores melhoram o prognóstico e aumentam as chances 
de remissão. 
 
Carcinoma de mama. A. Mamografia. A imagem mostrou massa densa com formato irregular (setas) nessa 
mama adiposa normal sob outros aspectos. B. Espécime de mastectomia. A massa branca, firme e 
heterogênea demarcada pelas duas setas estava no centro e era circundada por tecido gorduroso. 
As abordagens ao tratamento do câncer de mama incluem ressecção cirúrgica, quimioterapia, radioterapia e 
intervenções hormonais. A mastectomia radical (essecção de toda a mama, dos músculos subjacentes e de 
todos os linfonodos axilares) raramente é realizada hoje em dia como tratamento cirúrgico primário, a menos 
que o câncer de mama esteja avançado por ocasião do diagnóstico. Técnicas cirúrgicas modificadas 
(mastectomia com dissecção axilar ou lumpectomia para conservação da mama) seguidas de quimioterapia 
ou radioterapia têm alcançado resultados comparáveis aos obtidos com as abordagens cirúrgicas radicais e 
são as opções cirúrgicas preferidas. 
O prognóstico está mais relacionado com a extensão da invasão linfática que com a gravidade do acometimento 
da mama. A invasão linfática mais ampla requer tratamento pós-operatório mais agressivo e muitos oncologistas 
acreditam que a investigação diagnóstica do câncer de mama não esteja concluída, até que a dissecção e o exame 
dos linfonodos axilares sejam realizados. Biopsia do linfonodo sentinela (BLS) é uma técnica mais moderna de 
avaliação do acometimento linfático. Uma substância radioativa ou um contraste é injetado na região do tumor. 
Teoricamente, o contraste é levado ao primeiro linfonodo (sentinela) que recebe a linfa originada do tumor. Por 
essa razão, esse seria o linfonodo com mais chances de conter células neoplásicas se o tumor já tivesse 
espalhado. Quando a biopsia do linfonodo sentinela é positiva, outros linfonodos são retirados. Quando a biopsia 
é negativa,a dissecção de outros linfonodos pode ser desnecessária. 
Tratamento sistêmico é o termo usado para descrever a administração de quimioterapia, agentes biológicos 
ou hormônios. O tratamento neoadjuvante é administrado antes da cirurgia para reduzir a massa tumoral e 
tornar a ressecção cirúrgica mais eficaz. O tratamento adjuvante é administrado depois da ressecção cirúrgica 
às mulheres com e sem doença metastática detectável. O objetivo desse tratamento depende da existência 
de invasão linfática, do estado de menopausa e da positividade dos receptores hormonais. O tratamento 
adjuvante sistêmico foi detalhadamente estudado e demonstrou efeitos benéficos na redução dos índices de 
recidiva e morte por câncer de mama. O tratamento com agentes biológicos usa trastuzumabe para 
interromper o crescimento dos tumores de mama que expressam o receptor HER2/neu na superfície de suas 
células. Esse receptor liga-se a um fator de crescimento epidérmico, que contribui para a proliferação das 
células neoplásicas. O trastuzumabe é um anticorpo monoclonal recombinante derivado do DNA, que se liga 
ao receptor HER2/neu. 
O tratamento hormonal é usado para bloquear os efeitos do estrogênio na proliferação das células do câncer de 
mama. Tamoxifeno é um agente antiandrogênico não esteroide, que se liga aos receptores de estrogênio e 
bloqueia seus efeitos na proliferação das células malignas da mama. Redução da recidiva do tumor e das taxas 
de mortalidade e aumento dos índices de sobrevivência em 5 anos foram observados nas mulheres com tumores 
positivos para receptores de estrogênio, que foram tratadas com tamoxifeno. Os inibidores de aromatase 
bloqueiam a enzima que converte a androstenediona em testosterona e estrogênio nos tecidos periféricos. Isso 
reduz os níveis circulantes das mulheres pós-menopausa e tem se tornado o tratamento adjuvante mais eficaz 
para pacientes com câncer de mama em estágio inicial. Transplante de medula óssea autóloga e transplante de 
células-tronco periféricas são tratamentos experimentais, que podem ser usados para tratar doença avançada 
ou mulheres com risco alto de recidiva. 
FONTE: PORTH E MINISTÉRIO DA SAÚDE + INCA.