Buscar

Direito Cibernetico 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PRATICAR PARA APRENDER 
Caro estudante, o mundo virtual proporciona inovações sucessivas. Não é 
diferente quanto às novidades na área de interesse econômico e quanto à 
proteção na circulação de dados. Os interesses nesse campo são múltiplos, 
demandando atenção redobrada para que se possa saber a maneira correta de 
operar em tais horizontes, à luz das suas funcionalidades técnicas e aspectos 
jurídicos. 
 
Pensando nisso, preparamos um estudo focado nas inovações mais 
interessantes que temos notícia, ao longo dos últimos anos. 
Vamos investigar e compreender o chamado blockchain – um livro-razão 
compartilhado e imutável usado para registrar transações, rastrear ativos e 
aumentar a confiança (IBM, [s. d.]) – e sua conexão com os avanços na 
criptografia de dados, elementos que, em conjunto, indicam uma nova etapa 
para o fluxo de informações em trânsito no mundo virtual, desde a sua 
utilização para efeito das criptomoedas, dentre as quais a bitcoin é notório 
exemplo, até para outras funcionalidades, como no caso do Big Data. 
 
 
Neste sentido, 
[…] blockchain, é celebrada como um avanço disruptivo assemelhado àquele 
propiciado pelo surgimento da Internet. As possibilidades de redução de custos de 
transação, minimizando ainda as assimetrias de informação, estariam centradas no fato 
de que a nova tecnologia permitiria transações diretas entre partes, dispensando 
intermediários que desempenhavam papel de provedores da confiança inexistente entre 
desconhecidos, além de oferecer a todos os participantes da cadeia de blocos um grau de 
transparência quanto às negociações realizadas até então inimaginável. 
(GHIRARDI, 2020, p. 19) 
Em todos esses casos, é preciso ponderar com cuidado acerca do modo pelo 
qual o Direito Cibernético lida com sobreditos fenômenos, de modo que a 
disciplina jurídica e estatal atuem de acordo com a especialidade dos 
fenômenos então surgidos. 
Assim, desde as aplicações no campo econômico que, a partir do crescente 
interesse, têm gerado enorme quantidade de capital envolvido em múltiplas 
operações financeiras, até os casos de utilização de rígidos protocolos de 
segurança (como no blockchain) nas variadas atividades empresariais ligadas 
ao armazenamento de dados e informações sigilosas, o interesse jurídico é 
claro. 
É uma questão de compreender como se dá a proteção de direitos na dimensão 
da era digital economicamente ativa e em um cenário mercadológico 
extremamente fluido e desafiador, porém repleto de oportunidades. 
Para ampliar sua visão acerca das possibilidades de aplicação dos 
conhecimentos a serem obtidos, vamos analisar a seguinte situação-problema: 
recentemente, uma grande empresa de ações e investimentos, especializada no 
ramo de operações cambiais, foi condenada por um delito contra a ordem 
tributária internacional por interceptar mensagens confidenciais trocadas entre 
membros do Banco Central (Bacen). 
 
A Receita Federal do país sede dessa empresa havia instaurado um 
procedimento administrativo, intimando a pessoa jurídica a apresentar os 
extratos bancários mantidos em seu nome e em nome de seus associados, 
suspeitando de enriquecimento ilícito ou fraude tributária, devido ao 
exponencial e repentino aumento patrimonial. Segundo averiguações, a 
empresa, que detinha pouco menos de R$ 100.000,00 (cem mil reais) no 
primeiro semestre de 2019, no segundo semestre do mesmo ano declarou um 
patrimônio de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). 
A priori, nada de ilícito foi encontrado. Intimados os associados a se 
manifestarem, não souberam dizer o motivo certo do enriquecimento. A 
Receita Federal, então, encaminhou as suspeitas aos juízos competentes, que 
concederam à Polícia Federal a permissão para revista da empresa. 
Ao chegarem, os agentes ao local ficaram surpresos por não encontrarem 
gráficos, planilhas ou tabelas no computador dos funcionários, o que deveria 
ser comum em uma empresa do ramo de investimentos. Em contrapartida, os 
policiais identificaram programas como Alcatraz Viewer, Cybex Spy e 
SpyOn, ferramentas usadas para espionagem. 
Após mais investigações foi constatado que os funcionários estavam 
espionando mensagens trocadas por membros do Bacen e verificando 
transações financeiras do órgão para empresas. Além disse, com base nessas 
informações privilegiadas e ilegais, os associados da empresa previam o 
cenário econômico e geopolítico para realizar as operações cambiais, 
enriquecendo ilicitamente. 
Após o julgamento e prisão dos envolvidos, você é convidado, na qualidade 
de profissional especializado em Direito Cibernético, para propor um parecer 
de solução à insegurança do sistema de troca de mensagens do órgão e para 
tornar mais privadas, seguras e transparentes as suas transações financeiras, a 
fim de evitar novos percalços. 
A partir de agora você deve formular uma solução, fazendo uso da disciplina 
ensinada até então. Afinal, qual ferramenta pode ser utilizada para impedir 
que outras pessoas interceptem o conteúdo de uma mensagem? Qual 
tecnologia pode ser utilizada em transações financeiras para ser, ao mesmo 
tempo, transparente e segura? 
A partir deste ponto, veremos aplicações mais práticas e teremos condições de 
melhor entender algumas das mais instigantes inovações do nosso tempo. 
Bons estudos! 
CONCEITO-CHAVE 
A era digital está repleta de novidades. São muitas inovações que surgem para 
facilitar a vida, as atividades do cotidiano, a comunicação entre as pessoas e o 
armazenamento de dados e arquivos. Tudo ficou mais rápido e está cada vez 
mais acelerado e interconectado. Praticamente não podemos mais imaginar a 
vida sem que estejamos conectados, certo? 
 
O que está por detrás disso é uma tecnologia incrível. Incrível e complexa, 
vale dizer. As aplicabilidades da técnica cibernética vão muito além do uso 
cotidiano que muitas vezes fazemos. Hoje, há um enorme interesse econômico 
nesse campo, porque novos objetos financeiros foram – e continuam sendo – 
criados, abrindo verdadeiros mercados financeiros digitais. Nesse mesmo 
caminho, as empresas começam a tomar maior consciência acerca da 
necessidade de instaurarem protocolos de segurança digital, para que suas 
informações e dados sejam preservados, bem como dos seus parceiros 
comerciais e colaboradores. 
Tais protocolos atuam como mecanismos de proteção altamente tecnológicos, 
que asseguram a guarda, armazenamento e transmissão de dados em enorme 
escala e com alta confiabilidade. É aí que surge o blockchain. Trata-se de um 
sistema que permite o rastreamento do envio e do recebimento de informações 
que transitam pela internet. O nome vem justamente da ideia de bloco de 
dados que, encadeados, formam uma espécie de corrente. Quando o dado é 
passado para frente, ele carrega as informações (códigos) do seu passado e, 
dessa forma sucessiva, cria-se uma cadeia de dados, a qual permite o total 
conhecimento da sua origem e autenticidade. Segundo consta, o conceito 
de blockchain surgiu no ano de 2008 em um artigo intitulado “Bitcoin: um 
sistema financeiro eletrônico peer-to-peer”, de autoria de Satoshi Nakamoto, 
que seria um pseudônimo do então criador do bitcoin.(GHIRARDI, 2021). 
Ainda vamos falar mais a respeito da bitcoin (uma moeda virtual), cuja 
operação financeira é permitida justamente pelo sistema do blockchain. 
Em sua evolução histórica, é interessante ressaltar que o blockchain foi criado, 
inicialmente, para que se pudesse criar um mercado virtual para negociações 
de moedas virtuais, dentre as quais a bitcoin é o exemplo mais conhecido. 
Mas voltemos ao blockchain. Imagine um brinquedo em que os carrinhos 
passam por uma pista de corrida constantemente. Agora, considere que esse 
brinquedo (que representa uma pista de corrida) esteja espalhado pelo mundo 
inteiro. Agora pense que não há apenas uma pista de corrida, porém várias, 
espalhadas pelo mundo e interconectadas.Vários carrinhos de corrida estão 
sobre essas pistas, transitando constantemente. Tudo isso faz parte, por 
conseguinte, de uma rede global. Suponha que nas pistas de corrida existem 
algumas cancelas por onde os carrinhos necessariamente devem passar. Cada 
carrinho, individualmente, passará por algumas dessas cancelas ao longo do 
seu trajeto – lembre-se: em uma rede global de pistas, interconectada. Cada 
carrinho carrega um determinado material ou conjunto de materiais, isto é, 
informações, dados. Quando o carrinho passa por uma cancela, existem 
máquinas, também espalhadas pela rede global, que fazem uma espécie de 
validação desse carrinho e do material que ele carrega. 
Essas máquinas fazem essa validação, no nosso exemplo metafórico, por meio 
desses instantes em que os carrinhos passam pelas cancelas. E essa máquina, 
por meio da cancela, tem que aprovar o material do carrinho, validando-a. Se 
essa aprovação acontecer, o carrinho (que contém um material) é selado com 
um código bastante complexo, formado por letras e números, e recebe algo 
mais, um tipo de carga. Depois da primeira cancela, o carrinho continua a 
correr pelos trilhos da pista, passando por novas cancelas, novas validações e 
assim por diante, recebendo novas cargas. 
 
Note que o material que o carrinho carrega corresponde a um código referente 
a ele. Como medida de segurança, cada vez que o carrinho passa por uma 
cancela, ele recebe um código adicional que se junta ao anterior. E isso 
continua: os códigos vão se somando. Formam um bloco (block) em corrente 
(chain). Logo, se alguém pensasse em invadir o conteúdo do carrinho (seu 
material), não bastaria desvendar apenas o código inicial, mas todos os 
códigos que foram adicionados no fluxo de encaminhamento, algo certamente 
muito difícil de ser feito. 
E – você deve estar se perguntando – quem comanda isso? A quem pertence a 
rede de pista de corrida global? Bem, não há dono! A rede global de 
autoramas não tem dono ou comando central. Porém, em todos os caminhos e 
cancelas pelos quais os carrinhos passam há apenas um registro em uma 
espécie de livro digital, que está disponível para qualquer pessoa acessar. 
Nesse livro, não é possível ver o que exatamente foi enviado, tampouco quem 
foi que enviou; mas apenas ver o momento (o tempo), ou seja, quando o envio 
foi feito. É possível saber, então, quando um carrinho passou por uma cancela. 
 
Em termos bastante técnicos, entenda que pistas em rede global, por onde os 
carrinhos passam, correspondem à chamada cloud computing (computação em 
nuvem), uma tecnologia capaz de processar um altíssimo volumo de dados 
pela internet. Depois, cada carrinho é considerado um bloco acrescido de 
uma hash, quando passa pelas cancelas, isto é, uma função matemática que 
transforma uma determinada mensagem ou arquivo em um código formado 
por letras e números, representando os dados enviados. E onde ficam 
registrados esses fluxos? Naquele livro digital, o chamado ledger, ou livro-
razão, em português. É um documento que grava as transações, e que não 
pode ser apagado. O ato de juntar os blocos, os códigos de cada carrinho, ao 
passarem pelas cancelas (e, portanto, pelas sucessivas validações) é feito pelas 
chamadas mineradoras, então responsáveis pelo cálculo do hash adequado 
para cada bloco, que permitirá que se encadeiem em uma corrente. Daí que: 
O Blockchain exige a compreensão do chamado hash, que corresponde a uma função 
matemática que, a partir de uma mensagem ou arquivo, gera um código com letras e 
números representativo dos dados inseridos pelo usuário. […] o hash transforma uma 
grande quantidade de dados em uma pequena quantidade de informações, criando a 
chamada impressão digital. 
(LONGHI et al., 2020, p. 559) 
As cadeias de blocos em corrente (com o somatório dos códigos) são 
o blockchain. 
EXEMPLIFICANDO 
Para que você possa compreender ainda mais a ideia do blockchain, suponha 
que uma pessoa queira enviar um ativo digital para outra. Esse ativo digital 
estará representado por um bloco que contém os seus detalhes armazenados. 
Esse bloco encontra-se distribuído na rede mundial, disponível para cada uma 
das máquinas (que fazem as validações, as mineradoras) que possuem uma 
cópia em tempo real da transação. Há, aí, então, uma validação, que acontece 
em poucos instantes. Uma vez aprovado, àquele bloco inicial adiciona-se uma 
nova corrente de blocos, que recebe um registro inalterável. Assim, a 
propriedade do ativo digital, que é da pessoa “A”, agora está registrada como 
propriedade da pessoa “B”. 
Vale ressaltar, para que fique bem claro, que essa codificação realizada, 
reunindo as informações em blocos, com códigos sucessivos, é possibilitada 
pela tecnologia de criptografia, ou seja, quando o conjunto de dados ou 
informações são transformados em códigos de letras e números. Agora, 
imagine isso em sequência. Quanto maior a criptografia, mais difícil é 
a quebra das informações que transitam no blockchain. Por esse motivo é 
que se reputa como uma rede bastante segura e confiável, porque resguarda, 
ainda, a privacidade nas transações. Em relação à criptografia, interessante o 
comentário a seguir: 
Criptografia consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a 
autenticidade de informações. A palavra criptografia é formada pelos termos 
gregos kryptos, que significa secreto, oculto, ininteligível, e grapho, que significa 
escrita, escrever. Trata-se da ciência/arte de se comunicar secretamente. (TEIXEIRA, 
2020, p. 231) 
Autor da citação 
É claro o objetivo da criptografia: fazer com que uma mensagem 
(criptografada) seja ininteligível para quem desejar interceptá-la. Perceba que 
a criptografia não se aplica apenas no contexto do blockchain. É que, neste 
caso, ela é mais avançada ainda, mais complexa. 
ASSIMILE 
O blockchain é um encadeamento em bloco de dados (como em uma corrente) 
que recebem códigos de validação, criptografados, os quais asseguram a 
confiabilidade dos dados trafegados, seja com finalidade financeira (nos ativos 
digitais, como nas criptomoedas, a bitcoin), seja com finalidade 
informacional. 
Para tratarmos de criptomoedas, precisamos passar pelo conceito de Big 
Data. 
Big Data refere-se às situações nas quais as “tecnologias digitais são utilizadas 
para lidar com grandes e diversas quantidades de dados e às várias 
possibilidades de combinação, avaliação e processamento desses dados por 
autoridades privadas e públicas em diferentes contextos” (HOFFMANN-
RIEM, 2020, p. 37). Esses enormes conjuntos de dados têm variadas 
aplicações práticas, por exemplo, quanto ao conhecimento de comportamentos 
individuais e coletivos e identificação de tendências para o desenvolvimento e 
implantação de ações quanto a serviços e distribuição de bens, entre outros. O 
volume de dados e informações é tão grande que isso, infelizmente, também 
permite a prática de crimes cibernéticos, como ainda teremos oportunidade de 
analisar. 
Há algumas características frequentemente utilizadas para identificar Big 
Data: 
O Big Data: os chamados cinco “V”. Primeiro: acesso a enormes quantidades de 
dados (Volume Alto de Dados ou High Volume). Segundo: a Variedade dos dados, de 
tipos e qualidades diferentes (High Variety). Terceiro: alta Velocidade de 
processamento (High Velocity). Quarto: a Veracidade dos dados, garantida pelas 
tecnologias de inteligência artificial (Veracity). Quinto: devido à importância estratégica 
de tais dados, há um Valor econômico agregado (Value), vindo a constituir elemento de 
extremo interesse empresarial e negocial como um todo. Portanto, as cinco 
características do Big Data são: Volume; Variedade; Velocidade; Veracidade; e, Valor. 
(HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37) 
Voltemos às criptomoedas. Já sabemos que o blockchain foi criado para 
permitir segurança e confiabilidade quanto à negociação de um determinado 
ativo financeiro:uma criptomoeda, no caso, a bitcoin. 
Trata-se da bitcoin, alardeado como sendo a primeira “moeda” totalmente 
desmaterializada, criado por particulares e por eles gerenciada, sem qualquer ingerência 
do Estado ou de instituições que não o próprio corpo de adeptos dessa nova forma de 
moeda. 
(GHIRARDI, 2020, p. 17) 
Assim, entende-se as criptomoedas como ativos financeiros criados para 
serem negociados nas redes. Funcionam como uma verdadeira evolução 
relativamente às moedas tradicionais que, a seu turno, surgiram para dar cabo 
das relações sociais de escambo (troca), intermediando-as. 
A Bitcoin, por exemplo, surgiu no contexto da crise econômica de 2008, oriunda dos 
Estados Unidos, que se espalhou pelo mundo. Tornou-se uma alternativa diante do 
cenário perturbado da economia mundial. Com efeito, é algo bastante recente a criação 
dessas criptomoedas (não há apenas a Bitcoin), o que tem “despertado cada vez mais 
perplexidade e inquietação”. 
(GHIRARDI, 2020, p. 22) 
A perplexidade se deve ao fato de que tais moedas não existem materialmente, 
senão como blocos de códigos disponíveis na nuvem. Talvez o único elemento 
que empregue alguma confiabilidade para fins de investimento em 
criptomoedas seja o alto grau de tecnologia envolvida na criptografia das 
transações, tal como foi explicado quando falamos da blockchain. 
ASSIMILE 
Estudamos e realizamos a citações das cinco características para se identificar 
o Big Data, que são: alto volume de dados (high volume); alta variedade dos 
dados (high variety); velocidade de processamento (high velocity); veracidade 
do conteúdo dos dados (veracity); valor agregado (value). 
A ausência de regulamentação específica, na medida que inexiste uma 
entidade centralizada que gerencia seu fluxo (como o Ministério da Fazenda e 
o Banco Central fazem no Brasil relativamente à emissão de moeda, o real, e 
como interferem no câmbio), permite-nos questionar a segurança jurídica 
nestes casos. 
Logo: 
[…] advertências procuram alertar os cidadãos de cada país para o fato de que as 
moedas “convencionais” são garantidas pelos Estados emissores, enquanto as 
criptomoedas são desprovidas de qualquer garantia, dada sua estrutura descentralizada e 
desregulamentada. Ao mesmo tempo, há preocupação em advertir os possíveis 
interessados quanto à alta volatilidade das criptomoedas associada ao fato de que muitas 
das empresas que transacionam com as mesmas não são regulamentadas, o que leva à 
conclusão de que eventual investimento em criptomoedas deve ser feito por conta e 
risco de cada investidor. 
(GHIRARDI , 2020, p. 119) 
O valor de uma criptomoeda, de fato, está atrelado à lógica matemática de 
criptografia. É, basicamente, confiança na ciência computacional e na 
engenharia de dados. Por outro lado, sabemos que a confiança em uma moeda 
dita convencional (como o real, o dólar e o euro) está na estrutura 
governamental, estatal, jurídica, por detrás da sua emissão e controle de 
fluxos. A legislação, quanto às moedas convencionais, é que permite sua 
segurança jurídica e econômica, desde sua emissão e circulação, até a 
intervenção nas políticas cambiárias, pelas entidades com tal poder. 
Determina-se, assim, de modo claro e previsível, “o curso forçado do valor 
monetário” (LONGHI et al., 2020, p. 652). 
A criptomoeda, a seu turno, não dispõe de regulamentação específica, pelo 
menos no Brasil. Aqui, é tratada como um ativo financeiro, que deve ser 
declarado para fins de incidência de Imposto sobre a Renda (tributo de 
competência da União), na qualificação de “Bens e Direitos”, como indicado 
na Instrução Normativa RFB nº 1899, de 10 de julho de 2019 (BRASIL, 
2019). 
DICA 
 
Em nossos estudos, além da bitcoin, clássico criptoativo, ainda existem outros, 
conhecidos como altcoins, por exemplo: Ether (ETH), XRP (Ripple), Bitcoin 
Cash (BCH), Tether (USDT), Chainlink (LINK) e Litecoin (LTC). 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que os ativos digitais 
(criptomoedas) não são considerados moeda corrente ou valor mobiliário, de 
sorte que os delitos cometidos neste campo não atrairiam a competência da 
Justiça Federal, que é competente para julgar os crimes praticados contra o 
Sistema Financeiro Nacional (SFN). Logo, as criptomoedas não pertencem ao 
âmbito de regulação do SFN. Os crimes que as tenham por objeto deverão ser 
julgados na justiça comum estadual (BRASIL, 2018). 
Segundo o Banco Central do Brasil, as criptomoedas são representações 
digitais de valor, sobre as quais não há garantia por autoridade monetária, 
impedindo, por exemplo, sua conversão em moeda soberana (bitcoins em 
reais, por exemplo), bem como não há lastro em ativo real de qualquer gênero, 
de sorte que os riscos permanecem exclusivamente com seus respectivos 
detentores. 
O entendimento do Banco Central é compartilhado pela Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), que não considera a criptomoeda sequer na qualidade de 
valor mobiliário (como seria uma ação de uma empresa). Por outro lado, o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) considera as 
criptomoedas uma verdadeira inovação em termos de serviços financeiros, 
embora sem dar uma definição acerca da sua natureza jurídica. (LONGHI, 
2021). 
REFLITA 
Uma moeda digital é realmente uma moeda? Normalmente, uma moeda 
integra a política monetária de um dado Estado, porque, no sistema de trocas 
capitalistas, funciona como intermediária no fluxo e trânsito de riquezas. Por 
isso, há uma preocupação econômica com a quantidade de moeda disponível. 
Um país não pode simplesmente “imprimir dinheiro” e distribuir à população, 
sob pena de ter como resultado a inflação. Muita moeda disponível faz com 
que haja a perda do seu valor real, resultando em aumento de preços e perda, 
consequente, de capacidade econômica. E em relação às moedas digitais, 
haveria alguma preocupação com inflação? Como isso funciona, haja vista 
não haver regulação estatal ou interferência, por exemplo, de um Banco 
Central? 
Do ponto de vista jurídico, “há uma grande diferença entre as bitcoins (moeda 
livre da internet não regulamentada) e Moeda Digital (meio de pagamento 
pela via digital regulamentado no Brasil com o marco regulatório da Lei n. 
12.865/2013, Resolução BACEN n. 4.282, Circular BACEN n. 3.682 e 
demais”. (PECK, 2016, p. 313). 
 
Na órbita internacional, os Estados Unidos e a União Europeia também não 
definem os criptoativos. A Federal Trade Comission (FTC), órgão regulador 
da livre concorrência nos EUA (função análoga ao do CADE, no Brasil), 
entende que a definição depende do propósito, podendo ser a compra de 
criptomoedas enquadrada ora como moeda corrente, valor mobiliário ou até 
mesmo uma commodity. Isso faz com que os criptoativos estejam sujeitos à 
fiscalização pelos diferentes órgãos americanos que regulam cada uma dessas 
espécies. 
No plano da União Europeia, já se produziu estudo indicando que as 
criptomoedas poderiam ser vistas como “dinheiro privado”, porém sem ter 
havido uma solução definitiva em relação à matéria. 
VOCABULÁRIO 
Commodity é qualquer bem em estado bruto; produto produzido em larga 
escala, em massa. 
No Brasil, nota-se que, do ponto de vista jurídico em sentido estrito, a respeito 
da existência de leis, deve-se considerar, em princípio, a definição de crimes 
cibernéticos constante do Código Penal (que ainda estudaremos) e outros 
crimes que podem estar relacionados, como o crime de estelionato. 
DICA 
O principal interesse jurídico-estatal nas criptomoedas está no contexto da 
tributação, em termos de regulamentação. Na verdade, não há uma 
regulamentação clara acerca da natureza jurídica das criptomoedas, todavia, o 
Estado brasileiro, por meio da Secretaria da Receita Federal, entende que as 
operações que envolvem criptoativos devem ser declaradas para fins de 
Imposto de Renda, nos patamares fixados e atualizados periodicamente. 
Havendo, portanto,ganho de capital nas transações desta espécie, haverá 
incidência de tributo, a ser pago à Fazenda Pública federal. 
Em termos de proteção de dados, a legislação aplicável é aquela já conhecida, 
cuja incidência em termos de segurança jurídica e resguardo do direito à 
privacidade e à intimidade têm especial relevo quando se discute, além dos 
criptoativos, a utilização predatória, por parte de empresas, ou mesmo o risco 
de cometimento de crimes, quanto ao Big Data. De todo modo, destacam-se, 
no contexto legislativo: 
 Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018). 
 Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014). 
 Código de Defesa do Consumidor (Lei n 8.078/1990). 
 Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529/2011). 
Chegamos ao fim de mais um bloco de estudos. Tal como ocorre com 
o blockchain, ficará, com o tempo e com o avançar das etapas, cada vez mais 
difícil de você não se interessar pelo Direito Cibernético. 
 
	PRATICAR PARA APRENDER
	CONCEITO-CHAVE
	EXEMPLIFICANDO
	ASSIMILE
	ASSIMILE (1)
	DICA
	REFLITA
	VOCABULÁRIO
	DICA (1)