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fontes originárias antigas e ao Classicismo também é imitada na adoção de pseudônimos latinos e de um imaginado retiro na bucólica Arcádia como simples pastores. DICA Veja um pequeno trecho de A Dissertação Terceira, de Pedro António Correia Garção (1724-1772), recitada na conferência da Arcádia Lusitana em 07 de novembro de 1757, que, assim como outros textos teóricos, definem o ideal neoclássico do Arcadismo: [...] Entre as sólidas máximas com que Horácio pretende formar um bom poeta, não é, - como vós sabeis -, menos importante a imitação. Não falo da imitação da Natureza, mas da imitação dos bons autores, daquela imitação à qual deve a Arcádia sua grande reputação [...] Devemos imitar e seguir os Antigos: assim no-lo ensina Horácio, no-lo dita a razão, e o confessa todo o mundo literário. Mas esta doutrina, este bom conselho, devemos abraçá-lo e segui-lo de modo que mais pareça que o rejeitamos, isto é, imitando e não traduzindo. Os poetas devem ser imitados nas fábulas, nas imagens, nos pensamentos, no estilo; mas quem imita dever fazer seu o que imita. [...] Se imito o estilo, não devo servir-me das palavras dos Antigos, mas achar na linguagem portuguesa termos equivalentes, enérgicos e majestosos, sem torcer as frases, nem adoptar barbarismos. (GARÇÃO, 2004, p. 216) Esse elogio da vida simples e poética no campo relaciona-se ao bucolismo, temática que valoriza a vida pastoril em oposição à vida urbana artificial e agitada. O ambiente bucólico – natureza bela e amena (locus amoenus) – representava o equilíbrio necessário à produção poética pautada em lemas latinos: BUCOLISMO Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre flores? (Bocage) (LOCUS AMOENUS) 8