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Reflexões Poéticas sobre o Sofrimento

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Que quem vive como eu, vê sempre as flores
Tintas da negra cor do mal que sente.
Para mim não há prado florescente,
Tudo murcham meus ais, meus dissabores,
Nem me tornam cantigas dos Pastores
Jamais serena a pensativa frente.
Se triste vou às danças, triste venho;
E quando a noite estende húmido manto,
A segurar o sono em vão me empenho.
Não toco a flauta, versos já não canto;
Cercada de pesar, mais bem não tenho
Que um triste desafogo em terno pranto
A voz do eu-lírico revela como o seu sofrimento transforma a paisagem segundo sua 
subjetividade: Febo (o sol) pode iluminar o Oriente, porém, seu olhar triste e sofrido somente 
enxerga flores negras e prados murchos. Ou seja, a natureza reflete o estado interior do eu-
lírico.
Ou aspecto dessa face, são as angústias e incertezas do amor:
Eu cantarei um dia da tristeza
Por uns termos tão temos e saudosos,
Que deixem aos alegres invejosos
De chorarem o mal que lhes não pesa.
Abrandarei das penhas a dureza,
Exalando suspiros tão queixosos,
Que jamais os rochedos cavernosos
Os repitam da mesma natureza.
Serras, penhascos, troncos, arvoredos,
Ave, fonte, montanha, flor, corrente,
Comigo hão-de chorar de amor enredos.
Mas ah! que adoro uma alma que não sente!
Guarda, Amor, os teus pérfidos segredos,
Que eu derramo os meus ais inutilmente.
FÓRUM
Nesse fórum, todos devem ler os poemas completos da Marquesa de Alorna e de 
Bocage disponíveis na coletânea do tópico 5 e escolher alguns para comentar as 
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