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Bocage: Poeta Revolucionário

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modelo precursor para os românticos; segundo Alexandre Herculano, o talento de Bocage 
transportou a poesia dos salões para a praça pública.   
ELMANO SADINO
unindo o anagrama de seu primeiro nome à homenagem ao rio Sado, de seu torrão 
natal
Essa popularização se deu pela simplicidade, capacidade 
criativa e tratamento singular dado aos temas em voga nos círculos 
literários coetâneos, e, principalmente pela utilização de temas 
alheios ao Arcadismo que destoavam dos preceitos do estilo, mas 
atendiam aos anseios de um período de grandes transformações 
culturais e estéticas.
Por esse espírito de inovação, Carlos Felipe Moisés (2001, p.78) esclarece que “A obra 
de Bocage se destaca flagrantemente da generalizada mediocridade da poesia 
setecentista”. Segundo o crítico, Bocage foi “visceralmente contemporâneo de seu 
tempo” (idem, ibidem, p.81), que expressou mais profundamente a revolta da emoção em 
oposição à busca de equilíbrio racionalista.
E conclui relacionando as características do poeta à época: 
“A estética arcáde pode ser compreendida como esforço 
nostálgico de preservar o modelo antigo, na tentativa de fechar os 
olhos para uma realidade histórica já distante do velho sonho de 
ordem e harmonia, universalismo e inalterabilidade” (MOISÉS, 2001, 
p.72).
Destarte, podemos considerar que o desejo de ordem e harmonia do período pode ser 
entrevisto no “fingimento bucólico” de retorno a um mundo natural cada vez mais distante 
em um contexto moderno e urbanizado. Assim, a consciência crítica, buliçosa e 
desenganada do poeta transfigura o locus amoenus em locus horrendus, a dúvida e 
incerteza do eu-lírico sobre o poder da Razão relaciona-se à utilização da ironia e da auto-
ironia. 
Por sua vez, Daniel Pires (2018) na Exposição biobibliográfica comemorativa dos 230 
e dos 190 anos do nascimento e da morte de Bocage, de 1995, discorre sobre as 
dualidades presente na obra do poeta para finalizar com a relação entre estas e o período: 
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