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Que variedade inclui esta medida, Este intervalo da Existência à morte! Travam-se gosto e dor; sossego e lida... É lei da Natureza, é lei da Sorte Que seja o Mal e o Bem matiz da vida. Poema 03 3. Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! Igual causa nos fez, perdendo o Tejo, Arrostar coo sacrílego gigante. Como tu, junto ao Ganges sussurante, Da penúria cruel no horror me vejo. Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante. Ludíbrio, como tu, da Sorte dura Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura. Modelo meu tu és, mas . . . oh, tristeza! . . . Se te imito nos transes da Ventura, Não te imito nos dons da Natureza. Poema 04 4. A frouxidão no amor é uma ofensa, Ofensa que se eleva a grau supremo; Paixão requer paixão, fervor e extremo; Com extremo e fervor se recompensa. Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença! Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo; Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo; Em sombras a razão se me condensa. Tu só tens gratidão, só tens brandura, E antes que um coração pouco amoroso Quisera ver-te uma alma ingrata e dura. Talvez me enfadaria aspecto iroso, 26