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Romantismo: Revolução e Arte

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Literatura Portuguesa II 
Aula 02: Romantismo 
Tópico 01: A revolução romântica na Europa e em Portugal: diversidade
A. Antecedentes, origens e público
VERSÃO TEXTUAL 
Os antecedentes históricos e culturais do Romantismo fazem parte de um 
complexo processo que relaciona a evolução da Ciência e da Filosofia, o progresso 
econômico e social propiciado pela Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e 
desenvolvida pela Europa ao longo dos séculos XVIII e XIX, a ascensão da 
burguesia e do desenvolvimento do modo de produção capitalista, juntamente com 
a propagação dos ideais de liberdade e igualdade, advindas da Revolução Francesa, 
que acabaram não se concretizando plenamente.
O Iluminismo, a partir da virada da segunda metade de Setecentos, passa a ser 
contestado por alguns intelectuais, especialmente ingleses e alemães que exprimem sua 
revolta contra uma ordem rigidamente estabelecida e passam a valorizar o imperfeito e o 
descontínuo, visto que o mundo ideal previsto pelo racionalismo e pelos ideais 
revolucionários de igualdade e fraternidade, na verdade, mostrava-se uma realidade injusta e 
cruel. Instaura-se, pois, uma crise no pensamento iluminista e na crença no racionalismo. O 
clima de descontentamento, dúvida e insatisfação alia-se à frustração e ao desejo de 
liberdade tanto no campo social e econômico contra as estruturas dominantes, quanto no 
campo pessoal em que o sujeito descobre-se massacrado pelas estruturas sociais vigentes.
Esses fatores possibilitam uma conjuntura favorável ao reconhecimento do homem 
enquanto indivíduo, que passa a valorizar o seu “eu” interior oprimido pela estrutura 
societária injusta e a buscar uma alternativa a essa organização social decadente. Em 
concomitância com esse descontentamento, o irracionalismo, a sensibilidade e o 
subjetivismo emergem como novas formas de se interpretar o homem e o mundo. 
No campo artístico, a busca de novos recursos estéticos, a criação de novas formas 
artísticas ao lado do restabelecimento de formas antigas, a renovação do lirismo e do teatro 
compõem um quadro de inauguração de uma nova concepção de “gosto estético” junto a 
um público também diferente, tendo em vista que paulatinamente a burguesia estende seus 
gostos, valores e costumes por todos os setores da atividade social e cultural. Um exemplo 
pode ser visto em relação ao privilégio antes dado à nobreza que perde seu lugar nas 
produções artísticas. O burguês deixa de ser a figura caricata e ridicularizada na perspectiva 
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