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Surge et ambula! Tu, que dormes, espírito sereno, Posto à sombra dos cedros seculares, Como um levita à sombra dos altares, Longe da luta e do fragor terreno, Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, Afugentou as larvas tumulares... Para surgir do seio desses mares, Um mundo novo espera só um aceno... Escuta! é a grande voz das multidões! São teus irmãos, que se erguem! São canções... Mas de guerra... e são vozes de rebate! Ergue-te, pois, soldado do Futuro, E dos raios de luz do sonho puro, Sonhador, faze espada de combate. 3. Por fim, para exemplificar a face poética, foram elencados dois poemas a seguir, o primeiro cuja temática é o amor e o outro relacionado à visão pessimista da vida: Amor Vivo Amar! mas d'um amor que tenha vida... Não sejam sempre tímidos harpejos, Não sejam só delirios e desejos D'uma douda cabeça escandecida... Amor que vive e brilhe! luz fundida Que penetre o meu ser — e não só beijos Dados no ar — delírios e desejos — Mas amor... dos amores que têm vida... Sim, vivo e quente! e já a luz do dia Não virá dissipa-lo nos meus braços Como névoa da vaga fantasia... Nem murchará do sol à chama erguida... Pois que podem os astros dos espaços Contra débeis amores... se têm vida? No soneto acima, o título enuncia o tipo de amor almejado pelo eu-lírico: vivo, cheio de verdade e distante dos delírios românticos ("Não sejam sempre tímidos harpejos/ Não sejam só delírios e desejos"), mas essa verdade tem um sentido de transcendência, ligada 91