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Amor e Natureza em Gonzaga

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Todos amam: só Marília 
desta Lei da Natureza 
queria ter isenção?
Se os peixes, Marília, geram 
nos bravos mares, e rios, 
tudo efeitos de Amor são. 
Amam os brutos ímpios, 
a serpente venenosa, 
a onça, o tigre, o leão.
Todos amam: só Marília 
desta Lei da Natureza 
queria ter isenção? 
As grandes Deusas do Céu 
sentem a seta tirana 
da amorosa inclinação. 
Diana, com ser Diana, 
não se abrasa, não suspira 
pelo amor de Endimião?
Todos amam: só Marília 
desta Lei da Natureza 
queria ter isenção?
Desiste, Marília bela, 
de uma queixa sustentada 
só na altiva opinião. 
Esta chama é inspirada 
pelo Céu; pois nela assenta 
A nossa conservação.
Todos amam: só Marília 
desta Lei da Natureza 
não deve ter isenção.
(GONZAGA, 1957, pp 48-50)
No poema acima, o poeta não declara diretamente seus sentimentos 
amorosos: ele transfere ao pastor Dirceu seus sentimentos pela pastora 
Marília, tentando convencê-la racionalmente a corresponder a seu amor, 
como algo inserido numa Ordem Natural que não admite desobediência, e 
que se torna responsável pela vida e pela procriação. A necessidade do amor 
é atestado por ilustrações míticas, envolvendo as grandes “Deusas do Céu”, 
com especial destaque para o amor de Diana por Endimião.
Nos fragmentos abaixo, apresentamos mais alguns temas desenvolvidos 
por Tomás Gonzaga, e que atestam sua inserção inequívoca na estética 
árcade:
CONDENAÇÃO DA GUERRA
O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os Impérios: move a guerra,
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