Buscar

Sousândrade: Poeta Maranhense

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TÓPICO 03: UM POETA EXCÊNTRICO
Fonte [1]
Joaquim de Sousa Andrade, ou Sousândrade, estranho apelido escolhido 
por ele para si, é um poeta maranhense, que viveu entre 1833 e 1902.
Sua obra foi sistematicamente recusada pela crítica e pelo público até 
meados do século XX, quando Fausto Cunha publicou um ensaio sobre ele 
na obra organizada por Afrânio Coutinho, A literatura no Brasil, de 1956.
Em 1964, Augusto e Haroldo de Campos escreveram a Re/Visão de 
Sousândrade, e em 2009 a Global Editora publicou o livro Melhores poemas 
de Sousândrade com estudo introdutório de Adriano Espínola.
APRESENTAÇÃO DO LIVRO SOBRE SOUSÂNDRADE
Na apresentação do livro sobre Sousândrade da Coleção Nossos 
Clássicos da Editora Agir, Augusto e Haroldo de Campos citam uma frase 
atribuída ao poeta: “Ouvi dizer já por duas vezes que ‘o Guesa errante (O 
Guesa errante é um poema épico em treze Cantos, alguns dos quais ficaram 
inacabados.) será lido cinquenta anos depois"’; entristeci — decepção de 
quem escreve cinquenta anos antes” (CAMPOS, 1966, p. 8). 
A frase de Sousândrade espelha bem a situação de sua poesia, que foge 
completamente ao código poético de sua época, daí a incompreensão do 
público e da crítica. Outro motivo de sua marginalização através dos 
tempos é a alegada obscuridade de sua poesia, causada pela profusão de 
referências históricas e mitológicas, que na maior parte das vezes carecem 
de uma contextualização. Segundo os irmãos Campos, a rejeição da poesia 
de Sousândrade “Vincula-se a um preconceito de matiz retórico-discursivo 
contra a poesia de expressão elíptica e sintética” (CAMPOS, 1966, pp. 8-9).
Além do Guesa errante, de 1866, o poeta publicou os livros de poemas 
Harpas selvagens (1857) e Novo Éden (1889). Augusto e Haroldo assim 
sintetizam o estilo de Sousândrade:
A linguagem sousandradina é sincrética por excelência, abrindo-se 
num verdadeiro feixe de dicções. Uma das grandes linhas que nela se 
podem discernir é o barroquismo, expressão que aqui usamos como 
designadora de características estilísticas tomadas em abstrato, para além 
da quadra histórica do Barroco (séculos XVI e XVII). Na obra de 
Sousândrade, a tipologia barroquista se manifesta nos cultismos léxicos e 
sintáticos (palavras raras e arcaizantes, neologismos, hibridismos; 
hipérbatos, elipses violentas, elisões e alusões, etc.); no arrojado processo 
metafórico; na recarga de figuras de retórica; no requinte da tessitura 
sonora, que incorpora os entrechoques onomatopaicos e a dissonância; 
enfim, na opção por um fraseado de torneio original, que se lança à 
constante importação de recursos sintáticos e morfológicos de extração 
estrangeira, reelaborados criativamente pelo poeta. Até o pathos
sousandradino oferece certas analogias com o claro-escuro do espírito 
barroco, pluralista e conflitante. (CAMPOS, 1966, pp. 10-11) 
LITERATURA BRASILEIRA I
AULA 05: O ROMANTISMO – SEGUNDA PARTE
48
	impresso_parcial.pdf
	03.pdf

Mais conteúdos dessa disciplina