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Bruna Cardoso de Carvalho 
Bruna Rodrigues Avila Silva 
Isabelle Silva Coelho 
Isadora Camillo Vieira 
 
 
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS 
CORRELACIONADA AO FEMINICÍDIO 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado à Disciplina 
Orientação Metodológica para Trabalho de 
Conclusão de Curso, visando à elaboração 
de artigo científico, requisito imprescindível 
à obtenção do grau de Bacharel em Direito 
pelo Centro Universitário Universo Goiânia. 
 
Orientadora: Professora Ma. Margareth 
Estrela Umbelino 
 
 
 
 
 
 
Goiânia 2023 
 
LEI MARIA DA PENHA E A INEFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS 
CORRELACIONADA AO FEMINICÍDIO 
 
 Bruna Cardoso de Carvalho¹ 
Bruna Rodrigues Avila Silva² 
Isabelle Silva Coelho³ 
Isadora Camillo Vieira 
Orientadora: Professora Mª. Margareth Estrela Umbelino 
 
RESUMO 
Esta monografia tem como objeto de estudo a Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006, 
popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, a qual tem por objetivo penalizar 
com mais rigor a violência doméstica praticada contra a mulher. Iremos verificar as 
causas e consequências que a problemática desse tipo de violência vem provocando 
nas suas vítimas. Os pontos relevantes serão apresentados conjuntamente com os 
avanços trazidos pela nova Lei. O que se pretende com o presente trabalho, em 
sentido amplo, é demonstrar que a violência doméstica contra a mulher ocorre 
diariamente e que é um problema social que precisa ser sanado, pois causa danos 
irreparáveis em muitas mulheres pelo mundo todo, gerando problemas de saúde para 
o resto da vida. A Lei Maria da Penha deixa bem claro em seu Art. 1º a razão de sua 
existência, pois veio para inibir, ao mesmo tempo, em que cria mecanismos para coibir 
e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do parágrafo 
8º do artigo 226 da Constituição Federal. Buscamos verificar a criação e atuação dos 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar, no tocante a efetiva aplicação da Lei, 
referente às medidas assistenciais e a proteção oferecida à mulher para o 
enfrentamento da violência doméstica e familiar, tendo sempre em vista a dignidade 
da pessoa humana, um dos fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito. 
Palavras – chave: Violência Doméstica. Lei Maria da Penha. Violência contra a 
Mulher. Medidas Protetivas. 
 
INTRODUÇÃO 
A violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause 
morte, dano, sofrimento físico, sexual, psicológico, material ou moral à mulher, tanto 
na esfera pública como na esfera privada. Essa violência que acontece todos os dias 
e que tem resultados traumáticos também para os filhos, não escolhe idade ou 
condição social. 
O problema da violência doméstica é universal e além dos aspectos políticos, culturais 
e jurídicos, um problema de saúde pública, haja vista a crescente constatação de que 
a violência doméstica está associada a traumas físicos e mentais, o que leva muitas 
mulheres a procurar constantemente serviços de saúde. 
Desta forma, no decorrer deste trabalho monográfico, procura-se responder aos 
questionamentos, tais como: por que o descumprimento das medidas protetivas está 
em crescente, gerando, assim, um alto índice de feminicídio, visto que possuímos uma 
legislação vigente no nosso ordenamento jurídico? A penalidade em vigor está 
adequada ao tipo de transtornos e grandiosidade da causalidade? Os órgãos 
fiscalizadores têm efetividade no cumprimento das políticas majoradas? 
O tema proposto tem grande relevância no âmbito jurídico quanto nas relações 
psicossociais. Ressalta-se duas, em especial, para justificar a presente pesquisa: 
sendo uma de cunho pessoal e outra de cunho teórico. Observando - se que o maior 
índice de descumprimento da medida protetiva, encontrasse entre o gênero feminino, 
resultando em uma maior taxa de feminicídio. Em uma visão de natureza teórica, a 
temática abordada tem fundamentação prevista em lei, como também forte presença 
nos círculos midiáticos. Constata - se durante toda a pesquisa, que o gênero 
culturalmente tem bastante relevância na sociedade, quanto ao tocante na agressão, 
independente da Lei vigente punir tais ações. 
É sabido que tal fenômeno se fez presente em todos os momentos da nossa história 
e que somente após o advento da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da 
Penha, o Estado brasileiro veio criar mecanismos para coibir este tipo de violência, 
tornando mais rigorosas as punições para os agressores. 
 
HISTÓRICO DA LEI MARIA DA PENHA 
A Lei Maria da Penha foi criada visando a proteção das mulheres em decorrência das 
lutas e reivindicações, no ano de 1985, já na fase de redemocratização do Brasil, o 
presidente José Sarney fundou o CNDM - Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. 
Essa lei recebeu este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, uma 
mulher brasileira que foi vítima de violência doméstica e se tornou um símbolo na luta 
pelos direitos das mulheres. 
O histórico da Lei Maria da Penha remonta aos anos 1980, quando Maria da Penha 
sofreu duas tentativas de homicídio por parte de seu marido. Ela ficou paraplégica em 
decorrência das agressões e enfrentou diversas dificuldades para buscar justiça. Após 
um longo processo, seu agressor foi condenado, mas a impunidade em casos de 
violência doméstica ainda era uma realidade no Brasil. 
Diante dessa situação, Maria da Penha e organizações de defesa dos direitos das 
mulheres começaram a lutar por uma legislação mais rigorosa e efetiva para combater 
a violência doméstica. Foram necessários vários anos de mobilização e pressão social 
para que a Lei Maria da Penha fosse criada. 
A lei foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 
2006 e entrou em vigor no dia 22 de setembro do mesmo ano. Ela trouxe mudanças 
significativas na proteção às mulheres em situação de violência doméstica, 
estabelecendo medidas de prevenção, assistência e punição aos agressores. 
Dentre as principais disposições da Lei Maria da Penha, destacam-se: a criação de 
juizados especializados de violência doméstica e familiar contra a mulher, a 
possibilidade de concessão de medidas protetivas de urgência, a tipificação de 
diferentes formas de violência doméstica, a proibição de aplicação de penas 
pecuniárias aos agressores, entre outras. 
A Lei Maria da Penha representou um avanço significativo na proteção dos direitos 
das mulheres e no combate à violência doméstica no Brasil. Desde a sua 
implementação, houve um aumento na denúncia de casos e na responsabilização dos 
agressores. Além disso, a lei inspirou a criação de outras políticas públicas e iniciativas 
voltadas para o enfrentamento da violência contra as mulheres. 
 
TIPOS DE VIOLÊNCIA 
A violência doméstica é um problema sério e generalizado que ocorre em todo o 
mundo, afetando pessoas de todas as idades, gêneros, classes sociais e origens 
culturais. Refere-se a qualquer forma de abuso físico, sexual, emocional ou 
econômico que ocorre entre membros de uma família ou parceiros íntimos. A violência 
doméstica pode ocorrer em diferentes contextos, como casamentos, relacionamentos 
de namoro, uniões consensuais, entre outros. O agressor geralmente busca exercer 
controle e poder sobre a vítima, causando-lhe danos físicos, psicológicos e sociais 
significativos. As vítimas de violência doméstica muitas vezes enfrentam dificuldades 
em buscar ajuda e sair dessa situação devido a vários fatores, como medo, vergonha, 
dependência financeira, isolamento social e manipulação 3 psicológica por parte do 
agressor. Além disso, há uma tendência de minimizar ou negar a gravidade do 
problema, o que torna ainda mais difícil romper o ciclo de violência. Existem várias 
formas de violência doméstica: 
 Violência física: envolve agressões físicas, como espancamentos, socos, 
empurrões, queimaduras e qualquer forma de lesãofísica deliberada. 
 Violência sexual: inclui estupro, coerção sexual, assédio sexual e qualquer 
outra forma de exploração sexual forçada. 
 Violência emocional ou psicológica: refere-se a comportamentos destinados a 
minar a autoestima, controle coercitivo, manipulação emocional, ameaças, 
intimidação, humilhação constante e isolamento social 
 Violência econômica: envolve o controle ou a restrição do acesso da vítima aos 
recursos financeiros, como dinheiro, emprego e bens materiais, a fim de mantê-
la dependente e sob controle do agressor. 
 Violência verbal: abrange insultos, xingamentos, humilhações, ameaças 
verbais e qualquer forma de comunicação verbal que cause sofrimento 
emocional. 
A violência doméstica tem sérias consequências para as vítimas, afetando sua saúde 
física e mental, relacionamentos, capacidade de trabalho e qualidade de vida. Pode 
levar a depressão, transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo ao suicídio. 
É importante combater a violência doméstica por meio de várias abordagens, incluindo 
a conscientização pública, a educação sobre relacionamentos saudáveis, a 
implementação de leis e políticas de proteção às vítimas, o fornecimento de abrigos e 
serviços de apoio, e o encorajamento para que as vítimas denunciem e busquem 
ajuda. 
 
FEMINICÍDIO 
O termo feminicídio foi cunhado para destacar que o assassinato de mulheres muitas 
vezes ocorre como resultado de uma sociedade que tolera e perpetua a desigualdade 
de gênero. Ele engloba casos em que a vítima é morta por seu parceiro ou ex-parceiro 
íntimo, bem como casos de assassinato motivados por ódio ou misoginia. 
A luta contra o feminicídio envolve a implementação de leis mais rigorosas, a criação 
de políticas públicas de prevenção e proteção, a promoção da conscientização e 
educação sobre igualdade de gênero, além da mudança de atitudes e 
comportamentos sociais que perpetuam a violência contra as mulheres. 
É fundamental combater o feminicídio em todas as suas formas, garantindo a proteção 
das mulheres, promovendo a igualdade de gênero e construindo uma sociedade mais 
justa e segura para todos. 
A Lei n.º 13.104/2015 torna o feminicídio um homicídio qualificado e o coloca na lista 
de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos. É considerado 
feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo 
ou discriminação à condição de mulher da vítima. 
 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo 
feminino quando o crime envolve: 
I - Violência doméstica e familiar; 
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até 
a metade se o crime for praticado: 
I - Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao 
parto; 
II - Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 
(sessenta) anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” 
(NR) 
Art. 2º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 , passa 
a vigorar com a seguinte alteração: 
 
PERFIL DOS AGRESSORES 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72vi
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72a
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A77
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm
Os agressores de violência doméstica podem ter perfis variados e não se limitam a 
um único tipo de pessoa. No entanto, existem certos padrões e características comuns 
observados em muitos agressores. Aqui estão alguns perfis frequentemente 
identificados: 
 Controlador e dominador: Esses agressores têm uma necessidade extrema de 
controle sobre suas vítimas. Eles usam diversos métodos para exercer controle 
sobre suas vidas, incluindo manipulação emocional, restrição financeira, 
isolamento social e vigilância constante. 
 Agressores com problemas de raiva: Alguns agressores têm dificuldade em 
controlar sua raiva e expressam essa raiva através de comportamento violento. 
Eles podem ter explosões de raiva desproporcionais e reações violentas a 
situações cotidianas. 
 Personalidade narcisista: Os agressores narcisistas têm um senso inflado de 
importância própria e acreditam que têm o direito de controlar e abusar de seus 
parceiros ou familiares. Eles se sentem justificados em seu comportamento 
abusivo e não têm empatia pelas vítimas. 
 Histórico de violência familiar: Aqueles que cresceram em um ambiente familiar 
violento têm maior probabilidade de se tornarem agressores. Eles podem ter 
sido expostos à violência doméstica durante a infância e aprenderam padrões 
abusivos de comportamento. 
As formas típicas de violência doméstica contra a mulher trazidas no art. 7º da Lei 
11.340/06 são as seguintes: 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, entre outras: 
I – a violência física, entendida como qualquer conduta que 
ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta 
que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima 
ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou 
que vise degradar ou controlar suas ações comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, 
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro 
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e a 
autodeterminação; 
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que 
a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação 
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação 
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de 
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar 
qualquer método contraceptivo ou que o force ao matrimônio, 
a gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, 
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o 
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV – a 
violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de 
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, 
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os 
destinados a satisfazer suas necessidades; Violência Moral - 
a violência moral, entendida como qualquer conduta configure 
calunia, difamação e injúria. 
 
Muitos pesquisadores acreditam que o álcool funciona como um fator desencadeador 
da prática da violência, sendo considerado um elemento situacional, aumentando em 
muito a probabilidade de violência, ao reduzir as inibições, anuviar o julgamento e 
coibir a capacidade de pessoa de interpretar os sinais. 
Stela Valeria Soares de Farias Cavalcante, em seus estudos sobre violência 
doméstica conclui que: 
 
Embora o álcool, as drogas ilegais e o ciúme sejam apontados 
como principais fatores que desencadeiam a violência 
doméstica, a raiz do problema está na maneira como a 
sociedade valoriza o papel masculino nas relações de gênero. 
Isso se reflete na forma de educar meninos e meninas. 
Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a 
agressividade, a força física, a ação, a dominação e a 
satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são 
valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, 
dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com 
os outros. 
 
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE ATENDIMENTO À MULHER 
A Lei Maria da Penha estabeleceu a disponibilidade de atendimento especializado 
para mulheres como uma das medidas integradas de prevenção. Portanto, existem 
instituições & grupos dedicados exclusivamente às mulheres e especializados em 
violência doméstica e familial. No estado de Goiás há as DelegaciasEspecializadas 
no Atendimento À Mulher (DEAMS). A Secretaria de Segurança Pública e 
Administração Penitenciária da Polícia Civil instituiu a Portaria nº 476/2017 que define 
as atribuições da DEAM. Além disso, dispõe ainda que nas cidades em que não 
houver Delegacias Especializadas, a atribuição para apuração dos crimes que 
envolvam violência doméstica e familiar contra mulher será das Delegacias Municipais 
e Distritais, as quais deverão dar especial atenção e celeridade às medidas 
determinadas pela lei Maria da Penha, visando dar maior aplicabilidade, promovendo 
o atendimento qualificado às mulheres vítimas de violência, criou no dia 05 de janeiro 
de 2016 através do Decreto nº 8.524 a Patrulha Maria da Penha – PMP. 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
Além de criar mecanismos para prevenir, coibir a violência doméstica a Lei n° 
11.340/06, pode dispor sobre a criação dos juizados de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, idealiza medidas protetivas de urgência destinadas à proteção das 
vítimas em situação de violência doméstica e familiar (SOUZA, 2009) e outras que são 
destinadas à obrigação do agressor. A determinação de medidas protetivas fica 
subordinada aos requisitos constantes da lei nº 11.340/06, bem como aos requisitos 
das medidas cautelares em geral e a um determinado prazo de duração, mas podendo 
sofrer dilação, no caso de ser verificada a necessidade de sua prorrogação 
(PACHECO, 2015). Nesse sentido, a lei dispõe duas formas distintas de medidas 
protetivas de urgência, a primeira, prevista na seção II, determina medidas que 
obrigam o agressor a proibição de determinadas ações em relação à vítima. A 
segunda forma de prevenção de urgência é aquela direcionada à vítima e, caso tiver, 
aos seus dependentes, com o desígnio de protegê-los e ampará-los. 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM 
OAGRESSOR 
Esta, previsto no artigo 22 da Lei Maria da Penha onde estabelece medidas 
destinadas para quem pratica a violência doméstica e familiar contra a mulher, de 
modo que quando constatado a prática do crime, o Estado deve buscar prevenir 
qualquer nova ação violenta ou intimidadora pelo agressor, razão pela qual a lei Maria 
da Penha prevê a determinação das medidas protetivas que obrigam o agressor a se 
manter afastado da ofendida, podendo ser determinado pela autoridade a proibição 
de contato até mesmo de seus filhos e testemunhas, sendo que atualmente, tal 
restrição deve ser mantida, inclusive, pelas redes sociais. Importante ressaltar que 
uma das medidas protetivas de suma importância para a adequada proteção da 
mulher e de seus filhos é a previsão de cumprimento de obrigação alimentar pelo 
agressor, haja vista que em uma grande parcela das relações domésticas e familiares, 
a mulher é economicamente dependente de seu agressor. Como resultado, pode-se 
concluir que as regras da Lei Maria da Penha exigem que o agressor tenha como 
objetivo destruir a integridade física e psicológica da mulher e de seus familiares, 
especialmente os filhos. Isso permite que a instrução criminal seja preservada e que 
o agressor não possa usar meios econômicos ou ameaças para voltar agredir a mulher 
e seus filhos para constrangê-la ou qualquer testemunha. 
 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, 
de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as 
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com 
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10.826, 
de 22 de dezembro de 2003; 
II - Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com 
a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das 
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes 
e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por 
qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a 
integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou 
suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - 
prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a 
aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre 
que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, 
devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. 
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o 
agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do 
art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz 
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as 
medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a 
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do 
agressor responsável pelo cumprimento da determinação 
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou 
de desobediência, conforme o caso. 
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de 
urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio 
da força policial. 
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que 
couber, o disposto no caput e nos 
§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 
(Código de Processo Civil). 
 
 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA 
As medidas protetivas de urgência concedidas à ofendida estão elencadas nos artigos 
23 e 24 da lei, os quais preveem que poderá o juiz determinar a recondução da 
ofendida ao lar após o afastamento do agressor; o encaminhamento da ofendida e 
seus filhos para abrigos seguros; a determinação imediata da separação de corpos; a 
restituição de bens indevidamente subtraídos da vítima pelo agressor; a proibição 
temporária de que sejam vendidos, comprados ou alugados bens comuns do casal e 
suspensão de Mandatos conferidos pela vítima ao agressor. O direcionamento da 
vítima e de seus dependentes a programas oficiais ou comunitários de proteção ou 
atendimento, como já foi apresentado, criando medidas de natureza cível que poderão 
ser requeridas pela vítima no ato do registro de ocorrência junto a autoridade policial, 
bem como definido pelo magistrado, de ofício ou a pedido da Defensoria Pública e 
Ministério Público. Conforme se extrai da lição de Marcelo de Lessa Bastos: 
 
“Embora a ofendida seja a legitimada em casos de cautelares 
penais vinculadas ao crime de ação penal de iniciativa privada 
ou cautelares extrapenais, não possui a capacidade 
postulatória de pedir diretamente ao juiz. Assim, o artigo 19 da 
Lei busca esclarecer que, as medidas protetivas de urgência, 
quando advindas de cautelares de natureza penal por infração 
penal de iniciativa pública serão concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público e, por outo lado, quando 
advindas de ação penal de iniciativa privada ou cautelar 
extrapenal ou mesmo administrativa, poderão ser concedidas 
pelo requerimento da ofendida, desde que assistida de 
advogado ou defensor”. 
 
Nessa circunstância, em alegação da necessidade de representação judicial, cabe a 
Defensoria Pública dar orientação e prestar assistência jurídica a mulher, do começo 
até o fim do processo judicial. No entanto, um dos maiores desafios existentes no meio 
jurídico no que tange à violência doméstica e família é, com certeza, a sensibilização 
das autoridades judiciais e policiais para o tema, primordialmente a formação e o 
aprimoramento especializado daqueles que acolherão as vítimas dessa violência 
complexa, silenciosa, que transcende seus efeitos por um período indeterminado, 
para além da pessoa da vítima, que em sua grande maioria atingi crianças e 
adolescentes que se tornam alvos dessa mesma violência no futuro, tornando assim, 
um ciclo repetitivo. 
 
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIASobre o pedido da Assistência Judiciária, a Constituição Federal dispõe em seu artigo 
5º, inciso LXXIV, que caberá ao Estado, prestar assistência judiaria de forma integral 
e gratuita a todos que comprovarem ser hipossuficientes, ou seja, que não possuem 
condições nem recursos”. As mulheres vítimas de violência doméstica possuem, além 
da assistência judiciária prevista no artigo 5º, inciso LXXIV, da CF-88, um amparo 
legal na Lei 11.340/06, em seus artigos27 e 28, que assim dispõe: 
 
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a 
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá 
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no 
art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência 
doméstica familiar o acesso aos serviços de Defensoria 
Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da 
lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento 
específico e humanizado. 
 
Por estar em uma situação de fragilidade e vulnerável, sem condições na maioria das 
vezes de arcar com as custas de um processo judicial, as mulheres têm total garantia 
da assistência judiciária em sua proteção. Diferente não é o entendimento do STJ 
sobre o tema (BRASIL, 2018, p. 13), “Ao inserir tais dispositivos na citada lei, o 
legislador objetivou tornar a mulher, vítima de violência, mais consciente sobre seus 
direitos, bem como das consequências de suas decisões, evitando que ceda à 
pressão do seu agressor”. Para garantir uma efetivação maior Lei 11.340, é preciso 
facilitar o acesso à justiça da mulher vítima de violência doméstica, e nada mais justo 
do que garantindo a elas uma assistência judiciária. Destaca-se que, no estado de 
hipossuficiência, não tendo condições e recursos para arcar com as custas e 
despesas processuais bem como, os honorários advocatícios, esta será isenta, 
conforme disposto no (Art. 98, CPC/15), conforme dispõe na doutrina. Deste modo, a 
Lei n. 11.340/2006 tem como objetivo garantir à mulher vítima de violência um amparo 
judicial de que ela necessita, garantindo a não violação de seus direitos e socialmente 
protegida. 
 
AS FALHAS NA APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA 
Embora a Lei Maria da Penha represente um avanço na proteção das mulheres contra 
a violência doméstica, ainda existem desafios e falhas na sua aplicação. Alguns dos 
principais problemas enfrentados incluem: 
 Subnotificação: muitos casos de violência doméstica ainda não são 
denunciados, seja por medo, dependência emocional, falta de informação ou 
outros fatores. Isso resulta em uma subnotificação significativa dos casos, o 
que dificulta a efetividade da lei. 
 Lentidão e morosidade processual: O sistema judicial enfrenta dificuldades em 
lidar com a grande demanda de casos de violência doméstica. Os processos 
podem ser demorados e burocráticos, o que pode desencorajar as vítimas a 
continuarem buscando justiça. 
 Falta de estrutura e recursos adequados: Muitas vezes, faltam recursos 
suficientes para garantir uma implementação efetiva da Lei Maria da Penha. 
Isso inclui a falta de delegacias especializadas, juizados e equipes 
multidisciplinares de apoio às vítimas. 
 Falta de capacitação e sensibilização dos profissionais: É essencial que os 
profissionais que atuam na área de segurança e justiça estejam capacitados e 
sensibilizados para lidar com os casos de violência doméstica de forma 
adequada. Isso inclui policiais, promotores, juízes e defensores públicos. 
 Descumprimento das medidas protetivas: Infelizmente, em alguns casos, as 
medidas protetivas determinadas pelo judiciário são descumpridas pelos 
agressores. A falta de fiscalização e acompanhamento efetivos contribui para 
a impunidade e a sensação de insegurança das vítimas. 
Para enfrentar essas falhas, é necessário um esforço conjunto de autoridades 
governamentais, sociedade civil e instituições para promover a conscientização, 
garantir a capacitação adequada dos profissionais envolvidos, melhorar a estrutura e 
os recursos disponíveis e fortalecer a implementação efetiva da Lei Maria da Penha. 
O combate à violência doméstica requer uma abordagem abrangente e contínua para 
garantir a proteção das mulheres em situação de vulnerabilidade. 
 
O DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS 
Se uma pessoa descumprir uma medida protetiva, que é uma determinação judicial 
para garantir a segurança da vítima de violência doméstica, podem ocorrer várias 
consequências legais. É importante ressaltar que as penalidades podem variar de 
acordo com a legislação específica de cada país ou região. No contexto brasileiro, 
algumas das possíveis consequências são: 
 Prisão preventiva: O descumprimento da medida protetiva pode resultar na 
decretação da prisão preventiva do agressor. Isso significa que ele poderá ser 
preso enquanto aguarda o julgamento. 
 Agravamento da pena: Se o agressor já estiver sendo processado 
criminalmente por violência doméstica e descumprir a medida protetiva, isso 
pode agravar a pena que ele poderá receber ao final do processo. 
 Multas e outras sanções: Além da prisão, o descumprimento da medida 
protetiva também pode levar à aplicação de multas e outras sanções 
pecuniárias. 
 Revisão da medida protetiva: Caso o agressor descumpra repetidamente a 
medida protetiva, o juiz responsável pelo caso poderá revisar a decisão e 
determinar medidas ainda mais restritivas para garantir a segurança da vítima. 
 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas 
protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1o A configuração do crime independe da competência civil 
ou criminal do juiz que deferiu as medidas. 
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade 
judicial poderá conceder fiança. 
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras 
sanções cabíveis.” 
 
É fundamental que a vítima de violência doméstica e qualquer pessoa que saiba do 
descumprimento da medida protetiva denuncie imediatamente às autoridades 
competentes. A polícia e o sistema judiciário são responsáveis por tomar as medidas 
legais adequadas para lidar com o agressor e garantir a proteção da vítima. 
 
OS ORGÃOS FISCALIZADORES: 
ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL 
A autoridade policial frente a um delito de natureza doméstica necessita adotar três 
procedimentos básicos: 
 a) lavrar o boletim de ocorrência; 
b) tomar a termo a representação da vítima (peça inicial do inquérito); 
c) tomar a termo o pedido de medidas protetivas formulado pela vítima. 
Realizadas as diligências deverá a autoridade policial remeter, no prazo de 48 
(quarenta e oito) horas, expediente ao Juiz com o pedido de medidas protetivas 
requeridas pela ofendida, a fim de que as medidas emergenciais sejam efetivadas 
pelo Juiz competente, entretanto, esta medida não obsta a instauração do competente 
inquérito policial, que deverá seguir seu rito normal, ou seja, o delegado terá o prazo 
conclusivo de 30 dias se o indiciado estiver solto e 10 dias nos casos de indiciado 
preso. A autoridade policial ao elaborar o pedido de medidas protetivas de urgência 
da ofendida deverá mencionar pelo menos os seguintes requisitos: 
a) nome completo e qualificação da requerente e do agressor; 
b) nome e idade dos dependentes (se houver); 
c) descrição sumária dos fatos, especialmente para fins de tipificação penal e 
enquadramento da hipótese fática concreta nas modalidades de violência 
relacionadas nos artigos 5º e 7º da Lei 11.340/06; 
d) relação das medidas pretendidas pela vítima dentre as previstas nos artigos 22 a 
24 da Lei. 
Com a vigência da Lei 11.340/06, todo o procedimento policial em relação à violência 
doméstica foi alterado. Hoje, a vítima comparecendo à delegacia para pedir socorro 
deverá receber proteção policial; quando necessário, ser encaminhada para receber 
atendimento médico, será acompanhada pararecolher seus pertences e ainda deverá 
receber transporte para abrigo seguro, quando houver risco de morte. São essas as 
providências a serem tomadas de imediato, conforme reza o artigo 11: 
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras 
providências: I - garantir proteção policial, quando necessário, 
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder 
Judiciário; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de 
saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para 
a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, 
quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar 
a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do 
local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à 
ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis. 
 
DO PROCEDIMENTO JUDICIAL 
De acordo com o Art. 19 da lei, as medidas protetivas de urgência poderão ser 
requeridas pela ofendida ou pelo Ministério Público, podendo o Juiz, atendendo a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas 
ou rever as já deferidas: 
 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser 
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou 
a pedido da ofendida. 
 § 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser 
concedidas de imediato, independentemente de audiência das 
partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este 
ser prontamente comunicado. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas 
isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a 
qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os 
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a 
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de 
urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender 
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de 
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
 
Encerrada a fase do procedimento policial, cabe a autoridade policial encaminhar as 
peças necessárias ao Juizado de Violência Doméstica, onde já houver sido instalado, 
ou ao fórum para a distribuição a uma das Varas Criminais, no prazo de 48 horas, 
mesmo que a maior parte das providências a serem tomadas versem sobre o direito 
de família, como: ação de alimentos, separação de corpos, direito de visitas, etc. 
Recebidos os expedientes da delegacia, serão autuados com a designação: “medida 
protetiva de urgência”, ou outra nomenclatura que permita ao juiz identificá-lo mais 
facilmente como um procedimento que envolva violência doméstica e familiar, pois 
essa designação servirá tanto para quantificar sua incidência, saber a dimensão da 
violência doméstica ocorrida no Estado, bem como ainda para chamar a atenção e 
lembrar que se trata de procedimento com direito de preferência, conforme previsto 
no parágrafo único do art. 33 da Lei. 
 
DA ASSISTENCIA JURIDICA 
Os artigos 27 e 28 da Lei 11.340/06 determinam que em todas as fases do 
procedimento será a ofendida acompanhada de advogado, caso não o tenha, deverá 
o juiz nomear defensor público oficiante na Vara Criminal competente ou no Juizado 
para acompanhá-la: 
 
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a 
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá 
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no 
art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência 
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria 
Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da 
lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento 
específico e humanizado. 
 
DA COMPETENCIA DAS VARAS CRIMINAIS 
O artigo 33, da Lei 11.340/06 é o mais atacado, quando o assunto constitucionalidade é posto 
em questão. Alega-se que uma lei federal não poderia invadir a esfera de competência dos 
tribunais de Justiça estaduais, atribuindo competência cíveis e criminais a uma vara criminal, 
enquanto não fossem instituídos os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher. O legislador infraconstitucional, de fato, abordou matéria de organização Judiciária, 
cuja competência é exclusiva dos tribunais de justiça. 
De acordo com o artigo 96 da Constituição Federal de 1988: 
 
Art. 96. Compete privativamente: 
I – Aos Tribunais: 
a) eleger seus órgãos diretivos com a observância das normas 
de processo e das garantias processuais das partes, dispondo 
sobre a competência e o funcionamento dos respectivos 
órgãos jurisdicionais e administrativos; 
 
O artigo 33 da Lei 11.340/06, ao determinar que as varas criminais acumularão, até 
que sejam criados os Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, 
competências cíveis e criminais, apreciou matéria de competência exclusiva dos 
Tribunais, rompendo com as regras que garantem independência dos poderes, razão 
pela qual se supõe que o artigo 33 da Lei Maria da Penha contenha vícios de 
inconstitucionalidade. 
 
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais 
acumularão as competências cível e criminal para conhecer e 
julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica 
e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título 
IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas 
varas criminais, para o processo e o julgamento das causas 
referidas no caput. 
 
MEDIDAS QUE FAVORECEM A OFENDIDA (Arts. 23 e 24): 
 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de 
outras medidas: 
I - Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa 
oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - Determinar a recondução da ofendida e a de seus 
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do 
agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo 
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - Determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade 
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o 
juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, 
entre outras: 
I - Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo 
agressor à ofendida; 
II - Proibição temporária para a celebração de atos e contratos 
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo 
expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao 
agressor; 
IV - Prestação de caução provisória, mediante depósito 
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática 
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo 
único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. 
 
 
REFERENCIAS 
 
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 SEGURANÇA PÚBLICA - 
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AAncia%20contra%20as%20mulheres.

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