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LIVRO HISTORIA DA SAUDE

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PROFESSORA
Me. Aline Ávila Brustolin
História da 
Saúde Pública 
no Brasil
ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
EXPEDIENTE
Coordenador(a) de Conteúdo 
Sandra de Cássia Franchini
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Alan da Silva Francisco
Design Educacional
Ivana Cunha Martins
Curadoria
Ana Carolina Caputi Goncalves de 
Azevedo, Emerson Viera e Eloá Gama
Revisão Textual
Meyre Aparecida Barbosa da Silva
Ilustração
Geison Odlevati Ferreira
Fotos
Shutterstock
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. BRUSTOLIN, Aline Ávila.
História da Saúde Pública no Brasil. Aline Ávila Brustolin. 
Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 
192 p.
ISBN 978-85-459-2312-1 
“Graduação - EaD”. 
1. História 2. Saúde Pública 3. Brasil. 4. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 614 
FICHA CATALOGRÁFICA
02511327
Aline Ávila Brustolin
Olá, contarei um pouco da minha história profissional 
para você. Eu nasci em Astorga, uma cidade no interior 
do Paraná, próxima a Maringá, onde fica a sede da Uni-
Cesumar. Foi em Astorga que tive a minha formação es-
colar e onde despertou o meu interesse pela educação. 
Eu sempre gostei muito de estudar, e, ainda no Ensino 
Fundamental, tive meu primeiro aluno. Um colega de clas-
se que tinha dificuldades em algumas disciplinas, e sua 
mãe pediu que eu o ajudasse uma vez por semana. Foi 
meu primeiro emprego.
 Nessa época, eu já sabia que queria ser uma profis-
sional da área da saúde e que gostava muito de ensinar. 
Foi quando visitei a feira de profissões da UniCesumar e 
conheci o curso de Biomedicina, um curso novo, até en-
tão pouco falado, mas que me encantou. Fiz o vestibular 
para Biomedicina sem saber ao certo o que esperar. Os 
anos passaram e aqui estou eu, sou biomédica, mestre e, 
atualmente, doutoranda em Ciências da Saúde pela Uni-
versidade Estadual de Maringá (UEM).
Durante o Mestrado e Doutorado, tive a oportunidade 
de estagiar e lecionar em diferentes áreas da saúde, como 
a imunologia, parasitologia, epidemiologia e saúde públi-
ca. A saúde pública e o contato com pessoas, além do am-
biente laboratorial ao qual o biomédico está acostumado, 
me fascinam. Foram essas experiências que me deram 
a certeza de que eu queria ensinar e cuidar de pessoas. 
Foi assim que descobri a área da saúde estética e bem-
-estar e o quanto é importante para saúde física e psicológi-
ca das pessoas, e que cuidar do próximo me faz ainda mais 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12287
realizada do que apenas analisar suas amostras biológicas 
em laboratório. A partir disso, encarei uma nova pós-gra-
duação, aqui na UniCesumar e me tornei Biomédica Esteta.
 Hoje, sou biomédica com habilitação em estética, pes-
quisadora, professora e apaixonada por ensinar. Acredito 
que estou conseguindo realizar o sonho de adolescente 
de usar o famoso “jaleco branco” e transmitir os conhe-
cimentos que adquiri ao longo desses anos. Fico muito 
feliz de poder fazer parte desta instituição e de estar aqui 
como professora, compartilhando um pouco de tudo que 
aprendi como biomédica e as minhas vivências na saúde 
pública com você. Espero que este material possa auxiliar 
e contribuir na sua formação, aluno(a), e na compreensão 
do que é o Sistema Único de Saúde (SUS) e a sua impor-
tância para todos nós brasileiros.
http://lattes.cnpq.br/0556825524082011
Você cursará a disciplina História da Saúde Pública no Brasil. Logo, provavelmente, já 
teve algum contato com este tema em outras disciplinas e, também, já experienciou 
em sua vida algumas situações do cotidiano da saúde pública no Brasil, entre elas, 
enfrentar grandes filas à espera de atendimento, assistir nos noticiários ao cenário 
atual de saúde em nosso país, assim como os pontos positivos, pois você já deve ter 
ouvido que o sistema público de saúde brasileiro, o Sistema Único de Saúde (SUS), bate 
recordes de vacinação e é exemplo para outros países. Porém você deve se questio-
nar: como esse sistema de saúde cheio de falhas e com tantos usuários insatisfeitos é 
elogiado pelo mundo e serve como modelo internacional para outros países? Como o 
SUS surgiu? E o que é o SUS, afinal? 
Esta disciplina responderá estas e outras tantas perguntas sobre a saúde pública 
do Brasil. Sem dúvidas, ainda há muitos desafios para os gestores de saúde, e temos 
muito a aprender sobre a organização de um sistema público, por isso, a proposta desta 
disciplina é apresentar a você, futuro(a) gestor(a) de saúde, a história e a importância 
dos sistemas de saúde, principalmente, do SUS.
A disciplina História da Saúde Pública no Brasil, inicialmente, apresentará a você os con-
ceitos de saúde e doença, como eles se modificaram ao longo da história e influenciaram 
na necessidade de se organizarem os atendimentos em saúde. Você perceberá que os fatos 
históricos e políticos, a economia e a cultura, desde a colonização do Brasil até os dias de hoje, 
influenciam na formação do que conhecemos, atualmente, como sistema de saúde público.
Caro(a) aluno (a), outra pergunta que você deve estar se fazendo é: “eu sou usuário 
do SUS?” Anote em um papel todos os motivos que lhe fazem ser, ou não, um usuário 
do SUS e o guarde, pois, durante a leitura deste livro, você terá a sua resposta.
Você perceberá que, enquanto população brasileira, todos nós somos usuários do 
SUS, mesmo sem saber ou sem utilizar os espaços do SUS diretamente, como as Unida-
des Básicas de Saúde (UBS) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA). E, além disso, 
que todos podem ser pessoas atuantes no SUS, reivindicando seus direitos e deveres. 
Ao longo deste livro, você refletirá sobre a construção do SUS ao longo dos anos, como 
resultados das lutas pelos nossos direitos de saúde que, hoje, são constitucionais, porém, 
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
anteriormente à Constituição Federal de 1988, promulgada com a redemocratização do 
Brasil, não eram considerados direitos sociais, muito menos dever do Estado. 
Durante a pandemia causada pelo coronavírus, entre os anos de 2020 e 2022, o 
papel dos gestores de saúde tornou-se mais evidente para a população com a figura 
dos ministros da saúde, que emitiam comunicados diários, nos mais diversos meios 
de comunicação, sobre a situação do sistema de saúde brasileiro e as medidas para o 
enfrentamento da pandemia.
Em vista disso, caro(a) aluno(a), como futuro(a) gestor(a) de saúde, eu desafio você a 
experenciar um pouco desta profissão que se faz tão importante na vida dos brasileiros. 
Voltando ao exemplo da pandemia da covid-19, pense, como gestor(a) de saúde da 
UBS do seu bairro, quais medidas você acredita que poderiam ter sido tomadas para 
minimizar o número de doentes e as suas sequelas? Essas medidas eram possíveis de 
serem implantadas, levando em consideração as outras áreas além da saúde, como 
a economia e a política? Agora, extrapole este pensamento em nível nacional, como 
ministro(a) da saúde, como você teria agido?
Na prática, esta disciplina tem o propósito de auxiliar você no entendimento das 
bases organizacionais do sistema público de saúde brasileiro, assim como da saúde 
suplementar (atendimento privado), para que, assim, enquanto futuro(a) gestor(a) de 
saúde, nas mais diversas esferas de governo, você tenha mais clareza e discernimento 
ao tomar decisões e criar estratégias frente às inúmeras lacunas da saúde em nosso país.
O conhecimento sobre a história e a organização do SUS, os direitos e os deveres 
dos usuários, como veremos nesta disciplina, é fundamental, não só para os profissio-
nais da área da saúde, mas para todo cidadão que habita o território brasileiro.
IMERSÃO
RECURSOS DE
Ao longo do livro, vocêserá convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
3 4
5
O PROCESSO 
SAÚDE-DOENÇA 
E A NECESSIDADE 
DE UM SISTEMA 
DE SAÚDE
11
HISTÓRIA DA 
SAÚDE NO BRASIL 
ANTES DO SUS
43
75
OS PRIMÓRDIOS 
DO SUS
115
O SUS – 
ORGANIZAÇÃO, 
PRINCÍPIOS E 
FINANCIAMENTO
153
O SUS NA PRÁTICA
1O Processo 
Saúde-Doença e a 
Necessidade de um 
Sistema de Saúde
Me. Aline Ávila Brustolin
Na Unidade 1, você conhecerá os conceitos básico de saúde e doença, 
abrangendo as mudanças que estes termos sofreram ao longo da 
história e suas implicações no processo saúde-doença. Em seguida, 
teremos a oportunidade de compreender a história natural das doen-
ças e a sua influência no desenvolvimento da saúde pública no Brasil. 
Além disso, discutiremos sobre as medidas de prevenção de doenças 
e agravos, e, por fim, você compreenderá a necessidade da criação de 
um sistema de saúde.
UNIDADE 1
12
Você se recorda da última vez que você ou alguma 
pessoa próxima ficou doente e precisou de um atendi-
mento urgente de saúde? Eu me lembro bem. Era mais 
um dia normal de trabalho e estudos, com os minutos 
cronometrados para conseguir realizar todas as me-
tas do dia. Acordei cedo, preparei um café da manhã 
caprichado e fiz minha atividade física do dia. Eu me 
arrumei rapidamente e fui caminhando para o traba-
lho. Enquanto caminhava, me senti mal e, de repente, 
tudo ficou preto. Foi um susto quando acordei. 
Eu não entendia o que estava acontecendo, via 
apenas vultos e sentia várias pessoas ao meu redor. 
Algumas dessas pessoas, que mais tarde fiquei sa-
bendo que eram enfermeiros do SAMU (Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência) tentaram conver-
sar comigo, saber o que eu estava sentindo e entender 
o que havia ocorrido. Eu não compreendia por que 
estava desmaiada na rua. Eu era uma pessoa saudá-
vel - ou pelo menos me considerava saudável, já que 
sempre me alimentei bem, pratiquei atividade física 
regular, fazia exames de check-up anualmente e não 
estava sentindo nada até poucos segundos antes. Isso 
era o que eu imaginava ser saudável.
É comum olharmos pessoas que realizam ativi-
dade física e pensarmos: “nossa, como essa pessoa é 
saudável”! Mas será que basta fazer atividade física e 
se alimentar bem para ter saúde? Você já parou para 
pensar que o peso na balança nem sempre signifi-
ca saúde, e que cada indivíduo possui um sistema 
biológico único e, portanto, pode ter necessidades 
diferentes? Pensando sobre isso, o que é ser saudável? 
E o que é saúde para você? O que você acredita que 
seja essencial para ter uma vida saudável?
Antigamente, acreditava-se que para ter saúde bas-
tava não estar doente. Hoje, sabemos que ter saúde vai 
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muito além. Uma alimentação saudável associada à atividade física regular ajuda a 
manter a saúde física, mas, para ser saudável, é preciso um equilíbrio entre três pilares 
principais da saúde: o bem-estar físico, a saúde mental e a saúde social. A nossa saúde 
mental e a forma como nos relacionamos com as pessoas e o ambiente ao nosso redor 
interferem, diretamente, na saúde física e na nossa saúde como um todo.
Para uma boa saúde mental, precisamos compreender melhor nossas emoções e 
vivências, e, quando necessário, procurar auxílio profissional adequado. Manter boas 
amizades, um bom relacionamento com familiares, com as pessoas que trabalhamos 
e com quem convivemos nos proporciona uma boa saúde social. Podemos observar 
que os três pilares principais da saúde estão interligados e um depende, diretamente, do 
outro; não conseguimos ter saúde física e social se a saúde mental não estiver em dia.
Como você considera a sua saúde? Os seus três pilares da saúde estão em equilí-
brio? Convido você, caro(a) aluno(a), a fazer uma análise sobre a sua saúde. Qual foi 
a última vez que você tentou se alimentar melhor ou realizou um exercício físico? 
Como está o seu relacionamento com as pessoas do ambiente de trabalho, estudos, 
família, amigos e colegas? Qual foi a última vez que você saiu para se distrair com 
os amigos, ou fez uma ligação para um colega para bater um papo? 
Agora, proponho a você uma experiência. Faça um check list com as atividades 
que você realiza hoje e que impactam sua saúde física, mental e social. Em seguida, 
com base nos conhecimentos que você aprendeu sobre saúde até aqui, faça outra 
lista com o que você acredita que poderia fazer para melhorar a sua saúde. 
Quando terminar este exercício, faça uma análise comparativa entre as duas 
listas. Esta experiência ajudará você a compreender e a identificar os pontos que 
podem ser melhorados para ter mais saúde. Comparando as duas listas, você per-
ceberá que não é preciso realizar mudanças extraordinárias para ser mais saudável. 
Iniciamos esta unidade com o meu relato, de um dia com os minutos cronometra-
dos. Apesar de me preocupar com a realização de exercícios físicos e alimentação 
saudável, eu não me preocupava com o descanso que meu corpo e a minha mente 
precisavam para conseguir realizar tantas atividades. Com a rotina movimentada de 
trabalho, estudos, cuidados com a casa, entre tantas tarefas, nós nos esquecemos de 
atitudes simples que podemos tomar para melhorar nossa qualidade de vida, como 
fazer uma alimentação sentados à mesa, na companhia dos familiares ou amigos, 
reservar alguns minutos do dia para passear com o animal de estimação, ou brincar 
com o filho e até reservar alguns poucos minutos para nós mesmos, para ler um 
livro, ver um filme ou qualquer outra atividade de que gostamos. 
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UNIDADE 1
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Estamos condicionados a deixar nossa saúde de lado para dar lugar ao trabalho, 
mas será que a falta de saúde não interfere, diretamente, em nosso rendimento no 
trabalho? Convido você, aluno(a), a registrar suas reflexões no Diário de Bordo.
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Durante os anos de 2020 e 2021, com a pandemia provocada pelo coronavírus, 
doença até então conhecida como covid-19, muitas pessoas enfrentaram o iso-
lamento social devido à adoção de medidas sanitárias para conter o vírus - fato 
que afetou sua qualidade de vida. De um dia para o outro, as pessoas foram 
obrigadas a se adaptar ao cenários de pandemia e, por isso, realizaram quase 
todas as atividades de forma remota dentro dos seus lares, sem convívio social. 
Ninguém estava preparado, não era possível frequentar os parques e academias 
para realizar atividade física, não era possível passar as datas especiais com as pes-
soas que amamos. Os lares ficaram pequenos para tantas funções, e as incertezas 
trouxeram medo, angústiase ansiedade. Sem dúvidas o bem-estar físico, mental 
e social foram abalados, e a saúde virou um assunto muito comentado, seja nas 
rodas de conversa seja nas manchetes de notícias. 
Atualmente, fala-se muito sobre ser saudável e sobre valorizar a saúde como um 
todo, e você como futuro profissional da saúde precisa saber mais sobre os conceitos 
de saúde e doença, esses que foram se modificando ao longo dos tempos juntamente 
com a evolução histórica, o avanço das sociedades e dos estudos sobre o tema. 
Inicialmente, o termo saúde foi descrito como ausência de doença, ou au-
sência de dor. No entanto descrever esses termos de forma dicotômica é muito 
simples e insuficiente para expressar o que ocorre no organismo, visto a comple-
xidade da vida humana, e que apresentamos diferentes níveis de estado de saúde, 
para além de saudáveis ou doentes.
Outras relações com o termo saúde foram criadas no decorrer dos anos, como 
as divisões entre pessoas fisicamente ativas e sedentárias e entre gordos e magros. 
Na Grécia Antiga, a magreza excessiva era vista como doença; consideravam belas 
as mulheres gordas e dotadas de curvas. Com o advento das doenças crônicas 
e dos padrões de beleza, as pessoas gordas passaram a ser vistas como doentes, 
enquanto que as pessoas magras e malhadas passaram a se encaixar em um pa-
drão de beleza imaginário. Na atualidade, é grande a busca pela desmistificação 
da relação de saúde com peso medido na balança (SANT’ANNA, 2001). 
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UNIDADE 1
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Descrição da Imagem: a figura apresenta 
a foto de uma estátua de mármore branco 
de uma mulher nua. A mulher encontra-se 
de perfil, agachada, com o rosto levemente 
virado para a frente, com a perna e braço 
direitos cobrindo as partes íntimas.
Figura 1 - Representação da beleza da mulher 
na Grécia Antiga
Muitos autores demonstram, em suas obras, a mudança do pensamento ao longo dos 
anos na relação peso e saúde, e Denise Sant’anna é um destes autores, em sua obra “Cor-
pos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea”, ela traz este trecho:
 “ Foram inúmeras as sociedades que acolheram com alegria a presença dos gor-
dos e desconfiaram da magreza, como se esta expressasse um déficit intolerá-
vel para o mundo. Magreza lembrava a doença e o peso do corpo não parecia 
pesar. Entretanto, no decorrer dos séculos, os gordos precisavam fazer esforço 
para emagrecer, que lhes pareceu bem mais pesado do que seu próprio peso. 
Ou então foram chamados a dotar sua gordura de alguma utilidade pública 
(SANT’ANNA, 2001, p. 20).
Tal pensamento nos faz refletir até que ponto o peso medido na balança e as dobras visí-
veis em nossos corpos podem ser considerados parâmetros de saúde ou doença. 
Fonte: o autor.
EXPLORANDO IDEIAS
17
Por muito tempo, desde a Antiguidade e, principalmente, na Idade Média, a com-
preensão do estado de doença baseava-se na filosofia da religião. A doença era 
vista como castigo ao desobedecer aos mandamentos divinos e quase sempre se 
manifestava de forma visível e contagiosa, como a Lepra. O leproso apresentava 
deformidades pelo corpo e, devido à elevada transmissão, o acometido era isolado 
do convívio social, enviado para o leprosário e considerado morto (BACKES et 
al., 2009). Hoje, sabemos que a Lepra, mais conhecida como Hanseníase, é uma 
doença infecciosa e crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou 
bacilo de Hansen, que é transmissível, mas possui tratamento e cura.
Descrição da Imagem: a figura apresenta a imagem das palmas das mãos de um indivíduo negro com 
hanseníase. É possível observar que apresentam muitas feridas descamativas que alteram a coloração 
das mãos, com manchas esbranquiçadas de aparência dolorosa, e perda das digitais.
Figura 2 - Sequelas da Hanseníase
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UNIDADE 1
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Os escritos atribuídos a Hipócrates, antes de Cristo, trazem uma concepção diferen-
te sobre a doença e a organização do corpo humano, com uma visão mais racional 
da medicina. Hipócrates dizia que a visão de doença com fundo religioso, como 
castigo, refletia a ignorância dos indivíduos e que a doença possuía uma causa natu-
ral, já que para ele o homem era uma estrutura organizada e que a doença seria um 
desequilíbrio dessas estruturas. Portanto, a saúde era baseada no equilíbrio entre 
essas estruturas, que foram pressupostos por ele como os quatro fluidos principais 
do corpo, chamados de humores: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Além 
dos fatores intrínsecos relacionados ao corpo humano, Hipócrates discutia que o 
ambiente poderia causar o desequilíbrio no indivíduo, e assim a doença. 
Com uma visão à frente do seu tempo, Hipócrates já mencionava que o pro-
cesso de saúde-doença poderia estar relacionado ao equilíbrio entre homem e 
ambiente, o que só foi aceito e compreendido séculos mais tarde.
Descrição da Imagem: a figura apresenta a foto de uma estátua do busto de Hipócrates. Um senhor na 
faixa dos 70 anos, careca, com barba por fazer e semblante sério.
Figura 3 - Hipócrates, o pai da medicina
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Baseado na teoria dos humores de Hipócrates, Galeno (129-199), médico grego, 
ressaltou a importância dos quatro fluidos no estado de saúde do indivíduo, po-
rém com uma visão diferente. Galeno acreditava que o estado de saúde ou doença 
dependiam apenas da constituição e organização do corpo humano e dos hábi-
tos de vida do indivíduo, sem a influência externa do ambiente. Na antiguidade 
clássica, ele estabeleceu a teoria das latitudes da saúde, que se divide em: saúde, 
estado neutro e má-saúde; que podiam ocorrer isoladamente ou em combinações 
(eram possíveis nove combinações de estados de saúde) (BACKES et al., 2009). 
Assim como Galeno, culturas orientais, ainda hoje, têm uma visão endóge-
na da concepção de saúde, ou seja, acreditam que forças vitais habitam nosso 
corpo, e que quando estão em equilíbrio trazem o estado de saúde, quando 
em desequilíbrio, a doença.
No século XVIII, com o avanço dos estudos anatômicos e da Era Moderna, a 
teoria dos quatro humores de Hipócrates foi substituída pela concepção do termo 
“órgãos”. Neste momento, passou-se a compreender que o corpo é constituído 
de órgãos e assim a saúde foi considerada por François Xavier Bichat como um 
“silêncio dos órgãos” decorrente do equilíbrio entre os diversos sistemas do corpo 
humano, ou seja, da ausência de doença.
Desde a antiguidade, entendia-se que a doença era resultado da interação do 
indivíduo com o ambiente, já que para estar doente era necessário ser atingido. 
Nos tempos das guerras o termo “atingido” era interpretado como ser flechado 
ou golpeado. Paracelsus, em meados de 1500, já afirmava que as doenças eram 
causadas por agentes externos ao organismo. Mais adiante, no século XIX, Louis 
Pasteur, cientista francês, revelou para o mundo a existência dos microrganismos 
e que eles causavam doenças. 
A obra O Tratado da Doença Sagrada, que pertence à Coleção Hipocrática, demonstra a 
mudança de pensamento trazida por Hipócrates sobre a causa das doenças. As doenças 
até então eram consideradas castigos divinos, mas para ele, as doenças eram causadas 
por algo que ainda precisava ser descoberto, e não aceitar isso era ignorância do homem. 
Esse pensamento fica claro neste trecho: “A doença chamada sagrada não é, em minha 
opinião, mais divina ou mais sagrada que qualquer outra doença; tem uma causa natural 
e sua origem supostamente divina reflete a ignorância humana” (SCLIAR, 2007).
Fonte: o autor.
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
UNIDADE 1
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 Portanto, um novo pensamento é implementado, de que as doenças passam 
a não ser causadas apenas pelo desequilíbrio interno, mas também por agentes 
externos. A partir desse momento, Pasteur, traz a possibilidade de identificar 
os microrganismos, até então desconhecidos, utilizando microscópios, e a ideia 
de produzir soros e vacinas permitindo que as doenças possam ser prevenidas 
e até mesmo curadas. Nesse momento, também foi criada a microbiologia, e a 
concepção de que para cada doença háum agente etiológico e que este poderia 
ser combatido com uso de substâncias químicas e vacinas (BACKES et al., 2009).
A palavra microbiologia vem do grego, mikos= pequeno; bios= vida e logos= ciência, ou 
ciência da vida pequena. É a ciência que estuda organismos microscópicos (invisíveis a 
olho nu), suas características, morfologia, funções, e principalmente sua relação com o 
corpo humano e o meio ambiente. Os principais microrganismos estudados por essa ciên-
cia são bactérias, fungos, vírus e parasitos.
Fonte: Pelczar, Chan e Krieg (1997).
EXPLORANDO IDEIAS
21
O século XIX ainda foi marcado pela expansão da Revolução Industrial na Europa, os 
operários passam a exigir seus direitos e a se importar com os riscos envolvidos em seu 
ambiente de trabalho, e os proprietários das fábricas preocupavam-se com a ausência 
e a perda de funcionários, devido às condições precárias de atendimento de saúde.
 A luta pelos direitos e as descobertas do século XIX trouxeram um novo rumo 
para os estudos médicos. Começava a emergir os estudos estatísticos e com eles a ne-
cessidade de se conhecer melhor as doenças endêmicas e epidêmicas, com o intuito de 
prevenir, tratar e curar. Assim surge a epidemiologia. John Snow realizava um estudo 
sobre os casos de cólera em Londres, visando controlar a doença, e, para isso, passou 
a fazer uma “contabilidade” dos casos. Neste momento, além das alterações nos sinais 
vitais que caracterizavam o desequilíbrio e o estado de doença a nível individual, a 
doença passava a ser expressa em números no âmbito coletivo (SCLIAR, 2007).
Até o século XX as causas das doenças eram correlacionadas, separadamente, 
com o agente etiológico, o hospedeiro ou o meio ambiente. Até que passam a 
ver o homem como um ser biopsicossocial, já que passam a entender a multi-
causalidade das patologias e consideram os fatores psíquicos como causadores 
de doenças. Passam a entender, também, a saúde não como uma experiência 
individual, mas como uma experiência multifatorial que envolve o coletivo, pois 
quando um indivíduo adoece toda a família é afetada.
UNICESUMAR
UNIDADE 1
22
As epidemias acontecem quando há muitos casos de determinada doença em diferentes 
regiões. Podem ocorrer em nível municipal, estadual e nacional. Por exemplo, quando há 
surto de casos de dengue em vários bairros de uma cidade, várias cidades de um estado 
ou diferentes regiões do Brasil. As doenças endêmicas são as doenças típicas, que ocor-
rem com frequência, em determinado local. Como exemplo, a malária, que é uma doença 
endêmica (típica) da região norte do país.
É considerado pandemia quando uma epidemia se espalha por diferentes regiões do pla-
neta de forma descontrolada. Caracteriza o pior cenário de disseminação de uma doença. 
Os principais exemplos são as pandemias de gripe A (gripe suína), que ocorreu em 2009, e 
a pandemia causada pelo coronavírus (Covid-19), que iniciou em 2019 e teve repercussões 
mesmo durante o momento da escrita do presente livro, em 2022.
Fonte: adaptado de Gordis (2009).
EXPLORANDO IDEIAS
23
Mesmo com o avanço da medicina e dos estudos sobre saúde-doença, ainda não 
havia um conceito definido sobre saúde. Após a Segunda Guerra Mundial, perío-
do marcado pela desestabilização política, social e econômica por todo o mundo, 
foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), órgãos internacionais que visam a um consenso entre as nações 
para resolução de problemas de impacto mundial. 
No dia 7 de abril de 1948 (Dia Mundial da Saúde), a OMS exigiu o reconhe-
cimento do direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção 
da saúde: “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e 
não apenas a ausência de enfermidade”. O estado de saúde, portanto, é um fenô-
meno resultante de um equilíbrio dinâmico do indivíduo com o meio ambiente, 
entre outros fatores individuais e coletivos. Entre os fatores individuais estão os 
genéticos, biológicos, psíquicos e o estilo de vida; os fatores coletivos envolvem 
os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais da sociedade ao qual o in-
divíduo está inserido (ROBALO, 2009). Outro fator importante para a definição 
do conceito de saúde é a oportunidade de acesso aos serviços de saúde.
Na segunda metade do século XX, na Conferência Internacional de Assis-
tência Primária à Saúde, em Alma-Ata (1977), a OMS e a Fundação das Nações 
Unidas para a Infância (UNICEF) enfatizaram as desigualdades em saúde entre 
os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mostrando que era possível oferecer 
saúde de qualidade, e responsabilizou os governos pela providência de saúde de 
qualidade e acessível a todos, enfatizando a importância da população no planeja-
mento dos cuidados de saúde. Este evento foi o marco do surgimento dos serviços 
que prestam cuidados na Atenção Primária à Saúde (APS), que visa à prevenção.
 “ Saúde – estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não 
simplesmente à ausência de doença ou enfermidade – é um direito 
fundamental, e que a consecução do mais alto nível de saúde é a 
mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação 
de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1978, p. 1 ).
Em 1986, na VII Conferência Nacional de Saúde, no Brasil, foram discutidos os di-
reitos de saúde dos cidadãos, uma reformulação do Sistema Nacional de Saúde, que 
mais adiante viria a ser a organização de saúde que temos hoje, e o financiamento 
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setorial dos serviços de saúde. Em 1988, o direito à saúde foi incorporado na Cons-
tituição Federal do Brasil com ampliação do conceito de saúde na Lei Orgânica de 
Saúde 8.080 (BRASIL, 1990, on-line), na qual foi criado o Sistema Único de Saúde 
(SUS), e na Lei 12.864 de 24 de setembro de 2013 (BRASIL, 2013, on-line). Contudo 
com a ampliação do conceito de saúde, outras dimensões da vida são incluídas, o 
que leva à definição de que a alimentação, moradia, transporte, trabalho, renda, 
lazer, meio ambiente, educação e o acesso aos bens e serviços essenciais são impor-
tantes determinantes para avaliar a qualidade de vida e saúde de uma população.
Muitas críticas foram feitas à definição de saúde concebida pela OMS, já que para 
muitos o conceito reflete uma idealização da saúde, que seria inatingível pelos servi-
ços de saúde. Além disso, o conceito permitiria que o Estado intervisse na vida dos 
cidadãos com o pretexto de promover saúde. Por este motivo, o Artigo 196 da Cons-
tituição Federal de 1988, evita discutir o conceito de saúde, apenas garante o direito à 
saúde como dever do Estado a todos os que habitam as terras brasileiras: “É direito de 
todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem 
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços, para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988, on-line).
Neste momento, no final do século XX, observaram-se avanços da engenha-
ria genética e da biologia molecular, que viriam para revolucionar a prevenção, 
o diagnóstico e o tratamento das doenças. Assim, surgiram novos modelos para 
explicar e compreender o processo saúde-doença.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: A história da humanidade contada pelos vírus
Autor: Stefan Cunha Ujvari
Editora: Editora Contexto
Ano: 2008
Sinopse: os passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o 
início da utilização de vestimentas, a convivência com diversos animais, o 
encontro com outros seres humanos: tudo isso pode ser desvendado, agora, 
com o estudo microscópico de vírus, bactérias e parasitas que cruzaram - e 
cruzam - o nosso caminho. Por meio do DNA dos microrganismos, podemos 
saber quando e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas 
condicionaram a existência humana, dizimando populações, promovendo 
êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos. 
25
Até aqui, aluno(a),você compreendeu melhor os conceitos de saúde. Mas o que é 
doença? O termo doença foi definido na Portaria nº 204 de 17 de fevereiro de 2016 
(BRASIL, 2016, on-line) como “enfermidade ou estado clínico, independente de 
origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano significativo para 
os seres humanos”, e o agravo em saúde foi definido como “qualquer dano à inte-
gridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias nocivas, tais 
como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões 
decorrentes de violências interpessoais” (BRASIL, 2016, on-line; BUSATO, 2016).
Como foi visto, os estados de saúde e doença envolvem múltiplas e com-
plexas interações, entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente, conhecida 
como tríade ecológica, que podemos observar na Figura 4. A tríade apresenta a 
multicausalidade do processo saúde-doença. O agente, ou fatores etiológicos, são 
os causadores da doença, como exemplo os microrganismos. O hospedeiro é o 
organismo que pode ficar doente, podendo ser o homem ou o animal. O ambien-
te é o espaço físico ou lugar onde pode ocorrer a interação entre o hospedeiro e 
o agente e uma possível infecção. A doença seria resultante do desequilíbrio na 
tríade ecológica, e os três elementos apresentam igual importância neste processo.
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Nesse sentido, a História Natural das Doenças é um modelo inovador, proposto por 
Leavell e Clark, em 1965, que nos ajuda a compreender o processo saúde-doença, já 
que estuda estas interações do indivíduo com os demais elementos da tríade ecoló-
gica e como eles geram danos à saúde. Este modelo descreve a evolução do processo 
de adoecimento do homem até a sua cura ou morte, enfatizando as causas das 
patologias e, principalmente, aponta medidas de prevenção e controle de doenças.
 Para melhor compreensão, a História Natural das Doenças pode ser divi-
dida em dois períodos: o pré-patogênico e o patogênico. A Figura 5 apresenta 
o modelo da História Natural das Doenças associada aos níveis das medidas 
preventivas cabíveis para cada período.
Ambiente
Agente Hospedeiro
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma em forma de triângulo. Em cada uma das três 
pontas do triângulo, há um círculo com as escritas: ambiente, agente e hospedeiro, que são interligados 
por setas de ponta dupla.
Figura 4 - A tríade ecológica: modelo da explicação multicausal do processo saúde-doença
Fonte: adaptada de Leavell e Clarck (1976).
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ANTES DA
 DOENÇA
Interação do:
 AGENTE / HOSPEDEIRO
AMBIENTE
Estímulo
PERÍODO
 PRÉ-PATOGÊNICO
Promoção
 à saúde
Proteção
 especí�ca
PREVENÇÃO
 PRIMÁRIA
Diagnóstico
 precoce e
 tratamento imediato
Limitação
 do dano
PERÍODO PATOGÊNICO
Reabilitação
PREVENÇÃO
 TERCIÁRIA
PREVENÇÃO
 SECUNDÁRIA
NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Período de latência
Mudança tissular
Interação - Estímulo Hospedeiro Reação do hospedeiro
Sinais e
 sintomas
Defeito ou dano
Óbito
Estado
 Crônico
HORIZONTE
 CLÍNICO
CURSO DA DOENÇA NO HOMEM
Descrição da Imagem: a figura ilustra um organograma, em tons de vermelho, que demonstra, da esquerda 
para a direita, as fases do modelo da História Natural das Doenças e, logo abaixo, os níveis de medidas pre-
ventivas cabíveis para cada período. Há uma linha vertical que divide a figura em período pré-patogênico, à 
esquerda, e período patogênico, à direita. No período pré-patogênico, escrito “Antes da Doença”, há a repre-
sentação da interação entre agente e hospedeiro no ambiente, que se dá pelo desenho de uma balança, que 
representa o ambiente, em um dos pratos da balança o desenho de microrganismos e, no outro, do homem. 
Logo abaixo, está escrito “prevenção primária”, que se subdivide em “promoção à saúde’’ e “proteção específi-
ca”. À direita da linha, há o período patogênico, “Curso da Doença no Homem”, representado por uma escada 
azul ascendente com as etapas deste curso. No primeiro degrau da escada, está a figura representativa de 
um homem, e as palavras “período de latência”, seguido por “mudança tissular”, “sinais e sintomas”, “defeito 
ou dano” e, no último degrau, o “óbito” ou “estado crônico”. Logo abaixo da representação da escada, está 
escrito “prevenção secundária”, que se estende até o degrau da escada descrito como “defeito ou dano”. A 
prevenção secundária se subdivide em “diagnóstico precoce” e “tratamento imediato”, que se estende até o 
degrau de sinais e sintomas; e “limitação de danos” que se estende até “defeito ou dano”. Mais à direita, no 
final da figura, abaixo do último degrau da escada, representado pelo “óbito” ou “estado crônico”, está escrito 
“prevenção terciária” constituída pela “reabilitação”.
Figura 5 - História Natural das Doenças / Fonte: Organização Pan-americana da Saúde (2010).
O período pré-patogênico, ou pré-patológico, consiste na fase anterior à doença, 
na qual o homem ainda não manifesta sintomas, porém há a exposição ao agente 
patológico e interação entre eles. Além da exposição ao agente, o homem pode ser 
exposto a fatores de risco ou proteção que estão, diretamente, relacionados aos há-
bitos e condições de vida, e às características pessoais, como sexo, idade, etnia, opção 
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sexual, entre outros (FONSECA; CORBO, 2007). Este período pode, ou não, evoluir 
para a fase patológica, o que depende dos fatores de risco e proteção envolvidos e 
das medidas preventivas tomadas no período de exposição à doença. 
É interessante lembrar, caro(a) aluno(a), que a doença possui um aspecto 
social, além do biológico, que existem hábitos e acontecimentos da vida de cada 
indivíduo que influenciam na ocorrência, ou não, da doença. Por exemplo, pes-
soas que praticam atividade física regular e possuem uma alimentação balancea-
da têm menos chance de desenvolver um problema de saúde (fator protetor), e 
as pessoas que têm o hábito de fumar têm maior probabilidade de desenvolver 
câncer de pulmão (fator de risco) (PEREIRA, 2002). 
Por isso, como gestores e profissionais da área da saúde, é preciso que você 
saiba identificar os fatores de risco e proteção envolvidos com cada um dos três 
elementos da tríade, para conseguir visualizar o ponto de desequilíbrio entre eles 
e, assim, intervir no que for necessário para evitar novos casos e minimizar os 
danos nos casos já existentes. Chamamos estas ações de prevenção.
Entre os fatores relacionados ao hospedeiro, estão:
A anatomia e a fisiologia – apesar de termos anatomia e funcionamento geral 
do corpo semelhantes, cada indivíduo é único e possui suas particularidades.
Os aspectos imunológicos - incluindo as vacinas e as imunizações naturais ao 
longo da vida. 
Estilo de vida - estilo de vida saudável, sedentário, melancólico etc.
Preferências sexuais e o hábito sexual - ter mais de um parceiro sexual e utilizar, 
ou não, preservativos.
História patológica pregressa - doenças anteriores do indivíduo e familiares.
Idade - cada período da vida traz consigo seus desgastes e suas vivências, que 
facilitam o aparecimento de determinadas doenças.
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Sexo - algumas doenças, devido às bases genéticas, são mais relacionadas às 
mulheres ou aos homens.
As bases genéticas e a etnia - sabe-se que muitas doenças apresentam forte 
fator genético associado, e que cada etnia apresenta características genéticas 
diferentes.
As bases genéticas determinam maior ou menor susceptibilidade às doenças em 
um indivíduo, assim como interferem, diretamente, nas alterações anatômicas 
e fisiológicas de cada um, sendo assim, um fator muito importante. Quanto ao 
agente, ele pode ser biológico como os microrganismos; pode ser químico, como 
medicamentos, produtos de limpeza, metais pesados (mercúrio), uso de bebidas 
alcoólicas, exposição a agrotóxicos; e físicos, como o trauma, a radiação e o calor; 
ou agentes nutricionais caracterizados pela carência ou excesso de nutrientes que 
provem a subnutrição ou obesidade (GORDIS, 2009).
O ambiente pode ser subdividido em ambiente físico,biológico e social, por-
tanto, podem ser intrínsecos ou extrínsecos ao homem. No ambiente biológico, 
há os seres vivos que podem ser vetores, agentes ou reservatórios de doenças. O 
ambiente físico tem o aspecto das águas, solo, ar, temperatura, constituição de 
flora e fauna, ocorrência de chuvas, poluição, acidentes naturais e uso excessivo 
de agrotóxicos que podem influenciar na multiplicação de vetores e facilitar o 
aparecimento de doenças. O ambiente social, por sua vez, envolve os aspectos 
econômicos, políticos e sociais aos quais o homem está inserido, que podem 
ser exemplificados pelos fatores renda, escolaridade, condições de transporte, 
emprego, moradia, acesso aos serviços de saúde, entre outros que quando quan-
tificados enfatizam as desigualdades sociais (BUSATO, 2016).
Sabe-se que, infelizmente, as pessoas menos privilegiadas, financeiramente, são 
marginalizadas e possuem menos acesso à moradia e à alimentação de qualidade, 
saneamento básico, cultura, emprego, educação e menos acesso aos serviços de saúde. 
Nosso desafio é fazer o serviço público de saúde ser de fácil acesso para todos, em todo 
o mundo, independentemente da sua condição financeira, raça, cor ou opção sexual. 
Sendo assim, a saúde é resultado do equilíbrio entre os fatores que acabamos de dis-
cutir, e a doença é resultado do desequilíbrio entre estes fatores. Na ausência de interven-
ção na fase pré-patogênica, a maioria das doenças evoluem para o período patogênico.
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O segundo período, o patogênico, é a fase em que o indivíduo foi infectado, e a 
doença já se desenvolveu. Os sinais e os sintomas da doença começam a se manifestar, 
e o corpo passa a sofrer com as perturbações causadas pelo agente. Nesse período a 
doença pode evoluir para cura ou, não havendo tratamento ou tratamento inadequa-
do, pode progredir para a cronicidade, sequelas permanentes, invalidez e até a morte.
O conhecimento do mecanismo de ação e evolução do ciclo natural das 
doenças permite que os profissionais da saúde adotem medidas adequadas para 
prevenção, diagnóstico e tratamento, na tentativa de evitar que o processo pato-
lógico ocorra, e, quando isso não for possível, detectá-lo o mais rápido possível e 
minimizar os danos que podem ser causados ao organismo.
O período patológico é dividido em três fases: pré-clínica, clínica e residual. Estu-
daremos um pouco sobre cada uma dessas fases. A fase pré-clínica antecede as mani-
festações clínicas, ou seja, antecede os sintomas decorrentes do processo patológico. 
Considerando o horizonte clínico da doença, representado na Figura 6, a fase pré-clí-
nica representa a “base do iceberg”, a fase de infecção inaparente, que são os casos não 
discerníveis clinicamente (casos subclínicos) e, portanto, de diagnóstico mais difícil.
 É nesta fase que se fazem importantes as ferramentas de rastreio e triagem 
(screening), como exames laboratoriais, utilizados para identificar os indivíduos 
suspeitos de estarem doentes, ou com o risco de adoecer.
A fase seguinte, fase clínica, representa a “ponta do iceberg”, a porção visível, carac-
terizada pelas manifestações clínicas aparentes, o que facilita o diagnóstico e, conse-
quentemente, a escolha de intervenções adequadas. É a fase que manifesta a doença 
em si, e, por ser aparente, o caso é facilmente notificado e utilizado como dado para 
as abordagens epidemiológicas e de prevenção. É na fase clínica que podemos ter 
diversos desfechos, desde cura, cronicidade do caso, sequelas, invalidez e óbito.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: Contágio
Ano: 2011
Sinopse: o filme retrata uma epidemia por um vírus letal, transmis-
sível pelo ar, que se espalhou, rapidamente, por toda a população e 
mata em poucos dias. Em meio ao cenário de caos, políticos e comunidade 
científica se articulam para definir estratégias de controle da doença, en-
quanto a sociedade luta para sobreviver ao momento de pânico.
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 Na fase pré-clínica, as intervenções são preventivas e protetivas, evitam que 
a doença se manifeste e progrida; e, na fase clínica, as intervenções são curativas, 
protegem o indivíduo acometido, evitando sequelas ou o óbito.
Manifestações clínicas moderadas
Proporção de 
casos clinicamente
 discerníveis
Proporção de
 casos não
 discerníveis
 clinicamente
Óbitos Casos graves Linha do horizonte clínico
Infecção inaparente
Descrição da Imagem: a figura ilustra um iceberg dividido em pico e base por uma linha horizontal, des-
crita como “Linha do horizonte clínico”. No lado esquerdo da figura, acima da linha horizontal, há uma seta 
vertical apontando para cima e indica que o pico é uma “Proporção de casos clinicamente discerníveis”. 
Para baixo da linha horizontal, há uma seta vertical apontando para baixo e indica que a base é uma “Pro-
porção de casos clinicamente não discerníveis”. O pico está subdividido em três porções descritas como: 
“óbitos” (uma fatia azul escuro do gelo, à esquerda), “manifestações clínicas moderadas” (uma grande fatia 
azul celeste do gelo, no centro) e “casos graves” (uma fatia azul-claro do gelo, à direita). A base é repre-
sentada como uma grande porção do iceberg, única e em azul-claro, descrita como “infecção inaparente”.
Figura 6 - Horizonte clínico da doença: o iceberg / Fonte: Waldman e Rosa (1998).
Imagine que você sofreu um infarto agudo do miocárdio, causado pela obstrução 
do fluxo sanguíneo, devido ao acúmulo de placas de gordura nas artérias (ate-
rosclerose), e precisou realizar uma cirurgia de urgência, utilizar medicamentos 
e mudar os hábitos alimentares. Estas intervenções foram realizadas após a per-
cepção da doença instalada, ou seja, na fase clínica. Medidas preventivas, como 
exames de rotina, poderiam ter evitado o infarto e o procedimento cirúrgico 
se ele tivesse sido identificado na fase pré-clínica, na qual você ainda não tinha 
sintomas aparentes, mas já apresentava taxas de colesterol em níveis elevados e 
acúmulo de pequenas placas de gordura nas artérias.
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A fase residual do período patológico consiste no momento em que o processo 
patológico não evoluiu para o óbito, mas também não houve cura. É a fase em que 
há a progressão e a instalação da cronicidade, que é considerada uma estabilização 
da doença, conquistada, muitas vezes, pelo uso de medicações e pela mudança dos 
hábitos de vida. Apesar da estabilização da doença, muitas vezes, há o aparecimento 
de sequelas, o que leva a necessidade de intervenções que reabilitem o indivíduo e 
recuperem o estado de saúde não só físico, mas a saúde mental e social.
Após estudarmos os conceitos básicos da teoria do proces-
so saúde-doença e da história natural das doenças, fica a 
curiosidade de conhecer como esses conceitos podem ser 
aplicados na prática, no cotidiano de um gestor de saúde. 
São conceitos muito importantes para a elaboração de me-
didas de prevenção de doenças e agravos. Para saber mais 
sobre a contribuição destes conceitos para a organização 
do sistema de saúde, é só dar o play.
Você estudou até aqui conceitos muito importantes sobre a evolução dos termos saúde 
e doença, e como ocorre o processo de adoecimento no homem. Foi possível com-
preender a história natural das doenças e esta relação complexa do homem, agentes 
patológicos e o ambiente. Você aprendeu a identificar os fatores de risco e os fatores de 
proteção e o quão este conhecimento adquirido é importante na tomada de decisão 
para saber onde e quando intervir nos processos patológicos e evitar agravos em saúde. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12280
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Agora, caro(a) aluno(a), você estudará as medidas de prevenção de doenças e 
agravos, na saúde individual e coletiva. A prevenção é caracterizada pela “ação an-
tecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável 
o progresso posterior da doença” (VIANNA, 2011, p. 80), ou seja, a prevenção é 
toda a ação ou medida que visa evitar as doenças ou suas sequelas. 
As medidas preventivas devem ser prioridadeda saúde pública, já que evitam 
o adoecimento da população e, consequentemente, diminuem os gastos públicos 
com tratamentos, assim, os recursos podem ser direcionados para as ações pre-
ventivas e outras necessidades da população. 
Por exemplo, um agente comunitário de saúde (ACS) percebe que, na sua área de 
atuação, na Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual trabalha, estão aparecendo novos 
casos de dengue. Sabendo que é uma doença que pode ser epidêmica na sua cidade, o 
ACS convoca uma reunião com o gestor e a equipe multidisciplinar da sua UBS para 
discutirem as ações preventivas que devem ser tomadas, como: campanhas para o 
recolhimento de lixo e entulho, eliminação de focos de água parada, controle de veto-
res com o fumacê, identificação e acompanhamento de casos suspeitos, entre outros.
As ações preventivas podem ser de dois tipos: ações preventivas antecipa-
das - que visam evitar o aparecimento de doenças, ou ações preventivas corre-
tivas - que têm como objetivo evitar a cronicidade ou as sequelas das doenças. 
Ainda podem ser periódicas, que são aplicadas em casos de endemias e epi-
demias, como vimos no exemplo da dengue apresentado e nas campanhas de 
imunização da população (vacina da gripe). 
Também são utilizadas as medidas específicas, como o tratamento para in-
fecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), no qual o sistema 
público de saúde brasileiro é referência. Também há as medidas inespecíficas, 
como a adição de cloro no abastecimento público de água e o saneamento básico, 
que controlam o aparecimento de doenças infecciosas e parasitárias e melhoram 
a qualidade de vida geral da população.
A prevenção é classificada em: primária, secundária e terciária. Consegui-
mos observar, na Figura 5, que a prevenção primária é caracterizada pelas me-
didas preventivas antecipadas, que atuam no período pré-patogênico, antes do 
aparecimento da doença. Nesta primeira fase, temos dois níveis de prevenção, a 
promoção da saúde e a proteção específica. A promoção à saúde visa conquistar 
uma saúde ótima, evitando agravos de saúde e melhorando a qualidade de vida 
da comunidade em geral, visando ao coletivo. 
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As principais ferramentas de promoção à saúde são as ações educativas, a 
garantia de alimentação de qualidade, o saneamento básico, entre outros. A pro-
teção específica visa criar barreiras entre o homem e os agentes patológicos do 
ambiente, ou seja, combater esses agentes. O principal exemplo de proteção es-
pecífica, na prevenção primária, são as campanhas de vacinação.
A prevenção secundária atua, diretamente, no período patogênico, seja na fase 
clínica seja subclínica da doença, prevenindo a evolução do processo patológico e, 
quando possível, promovendo a cura. Também é dividida em dois níveis. O primei-
ro nível visa realizar diagnóstico e tratamento precoces, impedindo que a doença 
avance, podendo ser utilizadas ferramentas, como os inquéritos epidemiológicos, 
exames periódicos individuais e, até mesmo, o isolamento do indivíduo para evitar 
a propagação de doenças, como vimos no exemplo dos pacientes com hanseníase. 
Enquanto o segundo nível propõe limitar o dano ao indivíduo quando a doença já 
está estabelecida, para isso, utiliza-se terapias medicamentosas, mudanças de hábi-
tos de vida, e, quando necessário, pode-se utilizar até mesmo intervenções cirúrgi-
cas, sempre visando minimizar os danos causados pela doença (PEREIRA, 2002).
Vale ressaltar que, na prevenção secundária, devemos avaliar a gravidade e os 
riscos que a doença oferece ao acometido, de forma individual. Se houver possibili-
dade de diagnóstico e tratamento precoces, é preciso pensar o quão onerosos serão os 
procedimentos e quais benefícios o paciente poderá ter, equilibrando em uma balança 
os prós e os contras, visando ao bem-estar e à qualidade de vida em primeiro lugar.
Quando a doença já está estabelecida e provocou sequelas no indivíduo, podem ser 
adotadas as medidas de prevenção terciária, que têm foco na fase residual do processo 
de adoecimento. Consiste na reabilitação do indivíduo, recuperando a capacidade fun-
cional que foi reduzida com a doença. Um exemplo muito comum são as fisioterapias 
após quebrar uma mão ou uma perna. Englobamos, ainda, a adaptação do indivíduo 
quando ele perde alguma capacidade funcional, como ocorre na perda de um membro 
em um acidente automobilístico, por exemplo. Nessa terceira fase de prevenção, para 
reabilitar e adaptar o indivíduo, deve ser oferecido, sempre que necessário, o acompa-
nhamento com terapia ocupacional e uma nova oportunidade de emprego.
Um novo conceito que muitos autores não consideram é a prevenção qua-
ternária. Não está relacionada ao processo patológico, mas ao risco do excesso 
de intervenção e aos tratamentos desnecessários. Portanto, consiste em ações 
preventivas para evitar os procedimentos desnecessários e diminuir os efeitos 
adversos dos medicamentos (GORDIS, 2009).
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A abordagem ideal para prevenção de doenças e seus agravos é a união das ações 
primárias, secundárias, terciárias e quaternárias. Pense que, quando atuamos, cole-
tivamente, em uma população, antes do aparecimento de uma doença, um número, 
significativamente, menor de indivíduos precisará dos cuidados secundários, e, quan-
do utilizamos as medidas secundárias de forma adequada e no momento certo, um 
número ainda menor de pessoas precisará da reabilitação como ação terciária.
Como profissionais da saúde, você e eu precisamos atuar de forma multidiscipli-
nar para conseguirmos identificar o momento exato de atuar com o coletivo e com o 
individual, e antes da doença, trabalhamos com seres humanos dotados de vivências, 
valores e sentimentos, que em um momento da vida necessitam do nosso atendimen-
to para superar o período de enfermidade. Por isso, é preciso construir estratégias para 
atuar com a saúde na atenção básica de forma mais humana e solidária.
As medidas preventivas são de responsabilidade não só dos profissionais da 
saúde que atuam na linha de frente em contato com os pacientes, mas também 
dos gestores que direcionam os recursos para as áreas que a população mais pre-
cisa e, principalmente, a sociedade, que deve atuar como protagonista, mostrando 
suas queixas e exigindo seus direitos e deveres como cidadãos.
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Você aprendeu sobre as medidas preventivas e a importância delas para os cui-
dados em saúde, viu, ainda, como as ações coletivas e individuais de prevenção 
são necessárias, e os momentos adequados de intervenção pelos profissionais de 
saúde para se evitar os agravos em saúde e melhorar a qualidade de vida da popu-
lação. Agora, fica mais fácil compreender a necessidade de organizar os serviços 
de saúde, e é por isso que foram criados os sistemas de saúde. Mas o que é um 
sistema de saúde? A palavra sistema significa conjunto de elementos organizados, 
sendo assim, o sistema de saúde é um conjunto de serviços que, unidos, possibili-
tam o acesso à saúde. É preciso a união da regulamentação com o financiamento, 
seja em nível federal, estadual seja municipal, com a infraestrutura, a gestão e os 
diversos serviços e ações prestados à população.
Os sistemas de saúde podem ser públicos ou privados. Entre eles, o modelo 
universalista é caracterizado pelo acesso universal aos serviços de saúde, pres-
tados por servidores públicos e financiado pelos recursos dos impostos, ou seja, 
financiamento público. Este é o modelo utilizado pela Inglaterra, desde 1948, o 
Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, ou National Health Service (NHS), 
com foco na saúde preventiva e curativa, equivalente ao sistema público de saúde 
brasileiro, o SUS, como veremos mais adiante neste livro. 
Já nos Estados Unidos, por exemplo, é utilizado o modelo de seguros privados, 
que você deve conhecer como planos de saúde, que são organizações fragmen-
tadas e descentralizadas, com pouca intervenção do Estado, em que o indivíduo 
paga uma mensalidade para ter serviços de saúdequando necessário, podendo, 
ainda, pagar taxas, exames e medicações com custos elevados.
A saúde pública é constituída de formas de agenciamento político governa-
mentais para as necessidades sociais de saúde, coordenando programas, serviços 
e instituições para um ideal de bem-estar da população, utilizando as medidas 
preventivas que reduzem os agravos à saúde e proporcionam condições para a 
manutenção e a sustentação da vida humana. Portanto, a saúde pública deve ser 
multidisciplinar, abranger vários segmentos da vida humana, assim como pre-
conizado pela OMS quando definiu o conceito de doença, visando promover a 
saúde física, mental e social dos indivíduos. A gestão, a regulamentação e o finan-
ciamento da saúde pública são realizados em nível mundial pela OMS, em nível 
nacional no Brasil, pelo Ministério da Saúde, a seguir pelas Secretarias Estaduais 
de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde (BARROS; PIOLA; ROA, 2016).
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Ao avaliar a situação epidemiológica do nosso país, é possível observar quatro 
principais grupos de doenças que incapacitam os brasileiros. O primeiro grupo 
reflete o impacto que as doenças infecciosas, parasitárias e a desnutrição ainda 
têm em nosso país e que, infelizmente, acomete muitas pessoas, principalmente 
crianças em desenvolvimento (BRASIL, 2015). Estas doenças poderiam ter sido 
facilmente evitadas com ações preventivas primárias.
Outro grupo traz as doenças maternas e perinatais, que compreendem os 
problemas na saúde reprodutiva durante a gravidez, que incapacitam as mulheres 
no pós-parto e que também podem ser transmitidas aos bebês. Alguns exemplos 
são a toxoplasmose e as doenças sexualmente transmissíveis, que ultrapassam a 
barreira transplacentária, afetando a mãe e o feto, além da hipertensão e da dia-
betes gestacionais. Todas estas enfermidades tendem à cronificação e sequelas 
futuras, e poderiam ser evitadas se todas as gestantes tivessem acesso ao pré-natal 
e soubessem da importância deste acompanhamento (prevenção primária) e do 
tratamento quando necessário (prevenção secundária) (BRASIL, 2015). 
O crescente aumento da violência, dos acidentes automobilísticos, somado 
às catástrofes naturais, são classificados como causas externas, e são outros im-
portantes fatores da incapacitação dos brasileiros. No entanto a principal causa 
de incapacidade no Brasil, assim como em outros países, são as doenças crônicas 
(BRASIL, 2015). Com o aumento da expectativa de vida e a mudança dos hábitos 
de vida, as doenças crônicas passam a prevalecer sobre as demais. Os principais 
fatores são o tabagismo, sobrepeso, inatividade física, alimentação inadequada, 
uso excessivo de álcool e drogas, além do uso de medicamentos sem orientação 
médica, o aumento do estresse e das doenças mentais.
É de suma importância compreender este panorama geral sobre a situação 
epidemiológica do país, do estado, da regional de saúde, da cidade e do bairro, 
para que você, como futuro gestor de saúde, nos diferentes níveis de organização, 
possa identificar as necessidades da sua população alvo e mobilizar os recursos e 
os esforços necessários para controlar as situações adversas em saúde e proporcio-
nar qualidade de vida para os indivíduos. Também é com esse panorama sobre a 
situação de saúde que os recursos financeiros são, proporcionalmente, distribuí-
dos conforme a necessidade de cada região, seguindo o princípio da equidade.
Como grande parte da população acometida por doenças crônicas e por se-
quelas desses processos patológicos, faz-se necessário investir a maior parte dos 
recursos na prevenção terciária. No mundo ideal, a maior parte dos recursos em 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
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saúde seriam investidos em ações coletivas de prevenção primária. É nosso papel, 
meu e seu, caro(a) aluno(a), como gestores e profissionais da área da saúde, enxer-
garmos as adversidades na gestão da saúde, refletirmos, e procurarmos formas de 
conseguir mudar esta realidade. Para que a mudança ocorra, é preciso começar!
No seu sentido literal a palavra equidade significa julgamento justo, e a palavra igualdade 
significa ausência de desigualdade. Enquanto que o princípio da igualdade visa tratar a 
todos da mesma forma, o princípio da equidade social trata as pessoas de formas diferen-
tes, considerando as suas necessidades.
Fonte: a autora.
EXPLORANDO IDEIAS
IGUALDADE EQUIDADEVS
O sistema público de saúde brasileiro, o SUS, foi regulamentado e criado na Cons-
tituição Federal (BRASIL, 1988, on-line) que diz: “É direito de todos e dever do 
estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços, para sua promoção, proteção e recuperação”. Apesar das dificuldades que 
ainda enfrentamos na insuficiência de recursos financeiros e nas filas pelos serviços 
especializados, é elogiado, mundialmente, e serve como modelo para outros países. 
Agora, caro(a) aluno(a), reveja os conceitos que foram discutidos nesta unidade, 
e esteja atento, pois eles fazem parte do cotidiano dos gestores de saúde. Como gestor 
de saúde, é preciso ter o conhecimento sobre a regulamentação do sistema de saúde 
e sua evolução ao longo dos anos, além disso, é preciso ter a consciência sobre a im-
portância da saúde pública em nosso país e saber identificar os problemas de saúde 
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da sua comunidade para que consiga buscar soluções e, assim, possa tomar decisões 
preventivas e curativas que impactem, positivamente, na saúde dos indivíduos. 
Pense no bairro ou na cidade em que você mora, quais são as necessidades 
de saúde dessa região? Quais intervenções você, como gestor de saúde, poderia 
realizar para melhorar a qualidade de vida destas pessoas? Anote estas respostas 
em um papel para que você possa consultá-las e refletir conforme for adquirindo 
conhecimento ao longo desta unidade. Lembre-se, sempre, de que você trabalhará 
com a saúde e a doença, mas, acima de tudo, com pessoas.
Chegamos ao final desta unidade, aluno(a), com a expectativa de ter despertado 
em você a curiosidade de conhecer ainda mais sobre o processo saúde-doença e a 
abordagem teórica da saúde pública do Brasil, que será de grande importância para 
a sua vida profissional. Nas próximas unidades, você aprofundará seus conhecimen-
tos sobre o surgimento da saúde pública no Brasil, desde o descobrimento até os 
dias de hoje; a criação do SUS, sua regulamentação e estruturação. Veremos, ainda, 
como o SUS está presente em nossos dias, mesmo que não percebamos. 
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1. De acordo com Scliar (2007), a saúde não representa a mesma coisa para todas as 
pessoas. O significado do conceito de saúde dependerá da época, do lugar, da classe 
social. Dependerá, ainda, de valores individuais, de concepções científicas, religiosas e 
filosóficas. Considerando os conceitos de saúde e doença, analise as afirmativas abaixo:
I - Entende-se a saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, 
e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.
II - O estado de doença está relacionado apenas com fatores intrínsecos dos indiví-
duos, como o desequilíbrio interno dos órgãos.
III - As causas das doenças estão correlacionadas com o agente etiológico, o hospe-
deiro e o meio ambiente.
IV - O estado de saúde resulta, exclusivamente, do equilíbrio e das relações entre o 
indivíduo e o meio ambiente.
É correto o que se afirma em:
a) I, III e IV.
b) I e II.
c) I e III.
d) III e IV.
e) I e IV.
2. A História Natural das Doenças (HND), proposta por Leavell e Clark, em 1965, é um 
modelo inovador que ajudou a compreender e a caracterizar as doenças bem como 
determinar suas causas e auxiliar no pensamento crítico para a tomada de decisões 
que interfiram no curso das doenças, que evitem, ou interrompam o processo pato-
lógico e minimizem as sequelas. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) quanto à HND:
( ) A HND é dividida em dois períodos: pré-patogênico e patológico.
( ) O período pré-patológicoé caracterizado pela doença instalada, porém sem manifestar 
sintomas.
( ) O período patológico é aquele em que o indivíduo já desenvolveu a doença e seus sintomas, 
podendo evoluir para cura, cronicidade, sequelas permanentes, invalidez e até a morte.
( ) A HND compreende um conjunto de interações entre a relação do agente, o hospe-
deiro e o meio ambiente, afetando o processo de desenvolvimento da doença.
( ) Promoção da saúde, proteção, diagnóstico precoce, limitação do dano e reabilitação 
são formas de intervenção nas diferentes etapas da HND.
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Assinale a sequência correta.
a) F, V, V, V, F.
b) F, F, V, V, V.
c) V, V, V, V, V.
d) V, F, V, V, V.
e) V, V, F, V, V.
3. A tríade ecológica, ou tríade epidemiológica, é um dos modelos que explica o pro-
cesso saúde-doença. Sobre ela, assinale a alternativa correta.
a) A tríade ecológica, estudada pela história natural das doenças, compreende o 
hospedeiro, o meio ambiente e a doença.
b) A tríade ecológica foi um dos primeiros modelos de estudo que considerou o 
ambiente como parte determinante do processo saúde-doença, e sua relação 
com o hospedeiro e a doença.
c) O meio ambiente é uma das peças principais da tríade ecológica e apresenta 
influência sobre o hospedeiro, mas não sobre o agente.
d) A tríade ecológica nos ajuda a compreender a unicausalidade do processo saú-
de-doença.
e) A tríade ecológica é muito utilizada para estudar o processo saúde-doença, sendo 
constituída pelo agente, o hospedeiro e o ambiente, que representa os fatores 
etiológicos envolvidos em alguma situação de agravo à saúde.
4. Para Vianna (2011, p. 80), a prevenção é a “ação antecipada, baseada no conhe-
cimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da 
doença”, ou seja, a prevenção de doenças e os agravos à saúde são caracterizados 
por ações que evitam o início da doença, ou impedem que ela progrida minimizando 
as sequelas. Existem três tipos de medidas de prevenção, sobre elas, considere as 
afirmativas a seguir:
I - A prevenção primária é caracterizada por medidas preventivas de promoção à 
saúde e proteção específica, atuam no período patogênico e previnem o apa-
recimento de doenças. Os principais exemplos da prevenção primária são as 
campanhas de vacinação e as ações de educação em saúde.
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II - Ações preventivas que atuam diretamente no período patogênico caracterizam a 
prevenção secundária. As ações visam prevenir a evolução do processo patológico 
e, se possível, a cura. Alguns exemplos são o diagnóstico precoce e o tratamento 
específico para a doença.
III - A prevenção terciária inclui as medidas que visam à reabilitação do indivíduo, 
após o estabelecimento da doença, como a fisioterapia, em casos de acidentes.
IV - As medidas preventivas secundárias e terciárias atuam no período patogênico, 
com a doença estabelecida, enquanto que a prevenção primária atua no período 
pré-patogênico, evitando que a doença ocorra.
É correto o que se afirma em:
a) II e III.
b) I, II e IV.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.
e) I e III. 
5. A pandemia da covid-19 teve início no Brasil, ainda no primeiro trimestre de 2020. Ela 
nos trouxe muito medo e incertezas, principalmente sobre o funcionamento dessa 
doença, e o que ela poderia nos causar. Para o enfrentamento da pandemia causada 
pelo coronavírus, foram adotadas algumas medidas de prevenção, entre elas:
I - Obrigatoriedade do uso de máscara.
II - Isolamento social.
III - Campanha de vacinação.
IV - Fisioterapia respiratória.
V - Testes diagnósticos.
As medidas de prevenção apresentadas são, respectivamente, de prevenção: 
a) Primária, primária, primária, terciária e secundária.
b) Primária, primária, primária, secundária e primária.
c) Primária, secundária, primária, secundária e terciária.
d) Secundária, secundária, primária, terciária e secundária.
e) Secundária, secundária, secundária, terciária e secundária.
2História da Saúde 
no Brasil Antes do 
SUS
Me. Aline Ávila Brustolin
Nesta unidade, você fará uma viagem pela história do Brasil e aprenderá 
como os atendimentos em saúde evoluíram ao longo dos anos. Eu e você 
visitaremos vários marcos históricos importantes e você conhecerá quais 
eram os modelos de atenção em saúde existentes em cada época. Além 
disso, discutiremos como a economia, a cultura e os pensamentos de 
cada momento histórico influenciaram no processo de organização dos 
atendimentos em saúde. Começaremos a primeira etapa dessa viagem 
pelo descobrimento do Brasil, passando pelo Período Colonial, Primeiro 
Reinado e a Primeira República. Viajaremos por mais de 300 anos na his-
tória do Brasil, mas essa viagem não acabará por aqui, ela continuará na 
próxima unidade. Fique atento, pois você estudará os principais motivos 
que levaram à criação do sistema de saúde que temos hoje. 
UNIDADE 2
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Em nosso cotidiano, é comum recorrermos aos ser-
viços de saúde quando não nos sentimos bem, ou até 
mesmo às farmácias para comprarmos medicamen-
tos que aliviam nossas dores e cansaço. Você já ima-
ginou passar mal ou se machucar a ponto de precisar 
de um atendimento médico e ele não existir? 
Imagine que você foi andar de bicicleta, no final 
de semana, com os amigos e, no decorrer do passeio, 
você caiu e se machucou. Você sente muita dor na per-
na e não consegue se mover. O que você faria? Prova-
velmente, pegaria o seu celular e ligaria para algum 
familiar ou amigo buscar você de carro e levar para 
o atendimento médico mais próximo; ou, até mesmo, 
ligaria para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel 
de Urgência). Na UPA (Unidade de Pronto Atendi-
mento) ou no hospital, você faria exames de raio X 
para verificar o que houve com a sua perna, se hou-
ve fratura, e, possivelmente, faria exames de imagem 
complementares para verificar se não tem mais ne-
nhum ferimento, pois também bateu a cabeça. Ficaria 
internado em observação, por precaução, com soro e 
medicações para dor aplicados na veia, e só seria libe-
rado quando estivesse recuperado ou houvesse a certe-
za de que está tudo certo para você retornar para casa.
Agora, imagine como seria se não houvesse telefo-
nes e automóveis para que alguém fosse lhe socorrer 
para levar até o atendimento médico. Imagine mais 
além, se não existissem médicos, hospitais e aparelhos 
de diagnóstico por imagem para confirmarem se você 
quebrou a sua perna, ou se aconteceu algo ao bater a 
cabeça. E se não houvesse os tratamentos e os pro-
cedimentos disponíveis hoje para aliviar a sua dor e 
recuperar a sua perna para as suas funções normais 
da forma mais rápida possível? Você já parou para 
pensar como eram os tratamentos antes de se ter uma 
45
organização dos atendimentos em saúde e como as enfermidades eram resolvidas 
quando não havia as Unidades Básicas de Saúde (UBS), UPA, hospitais e farmácias? 
Antes de haver uma organização dos atendimentos de saúde, sejam eles públicos 
sejam privados, os indivíduos que adoeciam recorriam às pessoas com mais experiência 
e conhecimento popular sobre o uso das plantas medicinais, como os boticários, os 
curandeiros e os pajés. Quando as mulheres grávidas entravam em trabalho de parto, 
por exemplo, não havia a quem recorrer; as mulheres mais velhas e, por isso, mais expe-
rientes, tornavam-se parteiras e auxiliavam as mães de primeira viagem nesse momento. 
Como é de se imaginar, não havia um local para recorrer aos atendimentos 
de saúde, muito menos às tecnologias de diagnóstico e medicamentos que temos 
hoje. Sendo assim, as pessoas que adoeciam eram acolhidas e recebiam um tra-
tamento empírico com plantas e produtos naturais, com o objetivo de aliviar o 
sofrimento até que houvesse a cura, ou até mesmo a morte. 
Agora, eu desafio você a realizar uma pesquisa. Pergunte aos seus familiares 
ou conhecidos mais experientes, seus avós ou bisavós, como era o atendimento de 
saúde na época em que eles eram jovens. O que eles faziam ou a quem recorriam ao 
sentir um mal-estar prolongado ou quando se machucavam, por exemplo.Existia 
hospital? Existia UBS nos bairros da cidade? Havia onde comprar medicamentos ou 
realizar exames? Pergunte até mesmo aos seus pais e tios. Pegue uma caneta e anote 
estas informações no Diário de Bordo. Uma segunda opção, caso não tenha para 
quem perguntar, é buscar essas informações na internet, e, em seguida, pesquise 
os atendimentos de saúde aos quais você pode recorrer hoje, caso se machuque. 
Compare a assistência em saúde a que você tem acesso hoje com as formas de 
atendimento em saúde de antigamente. Provavelmente, eles relataram que antiga-
mente não havia um local específico ao qual pudessem recorrer em caso de doença, 
portanto, não existiam UBS, UPA e as unidades de atendimento que conhecemos. 
E quando existiam hospitais, estes eram muito precários ou muito distantes. Você 
pode ter escutado, ainda, relatos de que não existiam vacinas e que era muito co-
mum as pessoas morrerem de doenças que são erradicadas no Brasil, como a varíola 
e a poliomielite e que, muitas vezes, as pessoas morriam sem nem saber a causa. 
Hoje, a maior parte da população tem acesso a um telefone, e sabemos que, 
se adoecermos, nos machucarmos ou na ocorrência de qualquer acidente, basta 
discar o número 192 que seremos, imediatamente, encaminhados para os aten-
dentes do SAMU, ou o 193 para os bombeiros. Além disso, temos todo o suporte 
em saúde disponível no sistema público de saúde, o SUS (Sistema Único de Saú-
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UNIDADE 2
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de). Podemos realizar desde consultas médicas e exames, até mesmo cirurgias 
e tratamentos complexos, todos pagos pelo sistema público de saúde. Inclusive, 
muitos tratamentos são fornecidos, exclusivamente, pelo SUS, como o tratamento 
para portadores do vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), e cerca de 
90% dos transplantes de órgãos são realizados e financiados pelo SUS.
Esta rápida comparação ajuda-nos a refletir sobre a evolução dos atendimen-
tos em saúde ao longo dos anos e a compreender como os marcos históricos e 
o avanço das sociedades têm grande impacto nesse processo. Por isso, reflita, 
caro(a) aluno(a), sobre a importância dos sistemas de saúde, e principalmente do 
sistema público de saúde para o bem-estar e qualidade de vida de uma população.
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É possível observar, ao longo da história, que as sociedades desenvolveram diversas for-
mas de enfrentar as doenças e lidar com os enfermos; já que o indivíduo que fica doen-
te não adoece sozinho, mas adoece a todo um grupo de pessoas da sua convivência, 
tornando a doença uma experiência de caráter social e o tratamento uma necessidade. 
As doenças, seus tratamentos e, portanto, a evolução dos atendimentos em saúde tem 
ligação direta com o momento histórico vivido, considerando tempo e espaço. É preci-
so destacar vários aspectos importantes de cada período histórico, nos âmbitos sociais, 
culturais e econômicos, por exemplo: quais eram as doenças endêmicas, as atividades 
econômicas e políticas de saúde de cada época, para, assim, compreendermos quais eram 
os pensamentos sobre a atenção em saúde de cada período de desenvolvimento histórico 
e como esses pensamentos evoluíram ao longo dos tempos (FINKELMAN, 2002).
Neste contexto, caro(a) aluno(a), você iniciará uma viagem pela história para que 
compreenda como eram realizados os cuidados em saúde desde a colonização do 
Brasil até os primórdios da organização em saúde que temos hoje. A partir de agora, 
você e eu visitaremos vários lugares e marcos históricos para que você tenha a opor-
tunidade de aprender como ocorreram as conquistas em saúde ao longo dos anos.
UNIDADE 2
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A primeira parada desta viagem será no ano de 1500, mais 
precisamente em 22 de abril de 1500, data oficial da chega-
da dos portugueses ao Brasil. As embarcações comandadas 
por Pedro Álvares Cabral avistaram um paraíso, pois havia 
muitas árvores, águas cristalinas, alimentos em abundância e 
um clima ameno, o que, aos olhos dos que chegavam, era um 
ambiente que emanava saúde, muito diferente do continente 
europeu que passava por um período de muitas mortes de-
correntes de enfermidades que se espalhavam rapidamente 
(BERTOLLI FILHO, 1996).
Antes da chegada dos navios europeus, o território brasilei-
ro era ocupado apenas por indígenas, que tinham suas próprias 
enfermidades, mas nunca havia entrado em contato com povos 
diferentes. Até então, quando enfermos, os índios se tratavam 
com recursos provenientes da terra, como chás e compressas 
de plantas e ervas, com ajuda dos curandeiros e pajés.
Neste momento, aluno(a), quem governa Portugal é Ma-
nuel I, o Venturoso (1469-1521), que estimulou as grandes 
navegações que levaram à descoberta do território brasileiro. 
Este processo de expansão marítima europeia levou à circu-
lação de mercadorias e maior contato entre os povos, propor-
cionando também o trânsito de doenças entre os territórios. 
As embarcações saiam do continente europeu para a 
descoberta de novas terras sem previsão de retorno, por isso, 
levavam muitos alimentos secos, carnes salgadas, vinho e bis-
coitos. A maior parte desses alimentos estragava durante a 
viagem, e não era suficiente para toda a tripulação. Muitas 
vezes, passavam por imprevistos, como a entrada de água no 
convés, facilitando o aparecimento de mofo nos alimentos e 
no ambiente. As acomodações também não eram adequadas, 
sempre estavam acima da capacidade de ocupantes, eram es-
curas, sem entrada de ar, não havia local adequado para rea-
lizar as necessidades fisiológicas nem para o descanso. Tudo 
isso favorecia a disseminação de ratos e baratas. 
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Na obra Uma Breve História do Brasil, de Mary Del Priore e Renato Venâncio, há vários 
trechos de relatos da vida a bordo nas embarcações utilizadas nas grandes navegações, 
 “ Nas pessoas e na comida, proliferavam todos os tipos de parasitas: pio-
lhos, pulgas e percevejos. Confinados em cubículos, passageiros satisfa-
ziam as necessidades fisiológicas, vomitavam ou escarravam próximos 
de quem comia. Por isso mesmo, costumava-se embarcar alguns litros 
de água-de-flor, destinada a disfarçar os odores nauseantes, além de 
ervas aromáticas, queimadas com a mesma finalidade. Em meio ao 
constante mau cheiro e associado ao balanço natural, o enjoamento era 
constante. A má higiene a bordo costumava contaminar os alimentos 
e a água embarcada. Os fluxos de ventre, para os quais não havia cura, 
ceifavam rapidamente indivíduos já desidratados e desnutridos. [...] A 
fome crônica e a debilidade física colaboravam para a morte de uma 
parcela importante dos marinheiros (PRIORE; VENÂNCIO, 2010).
Descrição da Imagem: a figura mostra uma foto tirada de um barco ancorado no espaço cultural da Marinha 
do Brasil, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Brasil. Trata-se de um barco de madeira escura, com um 
detalhe de pintura de losangos brancos e vermelhos na parte superior do casco. Possui três mastros, sendo 
que o mastro central é mais alto e possui um pequeno observatório em madeira. As velas não estão içadas. 
Figura 1- Réplica do barco utilizado por Pedro Álvares Cabral no descobrimento do Brasil
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Além disso, eram raros os tripulantes que não apresentavam sangramento e feri-
das nas gengivas devido ao escorbuto, e, com isso, surgiam infecções e feridas pela 
boca, até mesmo a perda de dentes. Os soldados chegavam a situações extremas 
de exaustão e falta de alimento, 
 “ Nas calmarias, quando a nau poderia ficar horas ou dias sem 
se mover, sob o calor tórrido dos trópicos, os marinheiros fa-
mintos ingeriam de tudo: sola de sapatos, couro dos baús, pa-
péis, biscoitos repletos de larvas de insetos, ratos, animais 
mortos e mesmo carne humana. Muitos matavam a sede 
com a própria urina. Outros preferiam o suicídio a morrer 
de sede (PRIORE; VENÂNCIO, 2010).
Dessa forma, com a chegada dos europeus, os povos indígenas entraram em 
contato não somente com pessoas e objetos desconhecidos, mas também com 
doenças que, até então, não conheciam.
Escorbuto é uma doença provocada

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