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Pobreza no Brasil causas, dados, consequencias - Brasil Escola

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HOME > GEOGRAFIA > GEOGRAFIA ECONÔMICA > POBREZA
NO BRASIL
Pobreza no Brasil
A pobreza no Brasil é derivada da má
distribuição de renda e suas origens
remontam ao período colonial. Atualmente o
Nordeste concentra os maiores índices de
pobreza do país.
A falta de acesso a serviços básicos, como
saneamento, é um dos fatores definidores de
pobreza.
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A pobreza no Brasil tem origem
estrutural, derivada de um processo de
colonização pautado pela sociedade
escravagista. Os programas de
transferência de renda foram essenciais
para a redução do contingente de pobreza
no Brasil, embora a conjuntura econômica
nacional e internacional possam ser
responsáveis pela ampliação da
população pobre no país. O
aprofundamento das desigualdades
sociais e da má distribuição de renda,
sobretudo após a crise de 2014, tem cada
vez mais ampliado o número de indivíduos
vivendo abaixo da linha de pobreza, que
corresponde a R$ 154 ao mês.
Em se tratando de domicílios, a pobreza
brasileira é essencialmente urbana.
Analisando o território nacional como um
todo, a população com menor renda do
país se concentra na região Nordeste. As
consequências da pobreza incluem o
aumento do preconceito para com a
população marginalizada, a fome e o
crescimento dos índices de violência.
Leia também: Os 10 países mais pobres
do mundo
Tópicos deste artigo
1 - O que é pobreza?
2 - Causas da pobreza
3 - Índice de pobreza no Brasil
4 - Linha da pobreza no Brasil
5 - Extrema pobreza no Brasil
6 - Estados e cidades mais pobres do
Brasil
7 - Consequências da pobreza no
Brasil
O que é pobreza?
A pobreza é definida como a falta de
acesso a serviços essenciais
(saneamento básico, saúde, educação,
energia elétrica, entre outros), bens de
consumo, sobretudo alimentos, e bens
materiais necessários para a manutenção
da vida em condições básicas. A restrição
ao acesso, por sua vez, está ligada à
renda individual ou familiar (de um
domicílio). No entanto, a definição de
pobreza é amplamente discutida no meio
acadêmico e pode adquirir diversos
aspectos e características a partir de
diferentes organismos internacionais,
instituições ou autores consultados.
O Banco Mundial se utiliza de um conjunto
de valores monetários para a identificação
de indivíduos que vivem em condição de
pobreza ou de extrema pobreza. Esses
valores são expressos em dólar e
reajustados de tempos em tempos de
acordo com a conjuntura econômica
internacional e o poder de compra
registrado nos países mais pobres do
mundo.
O indicador é conhecido como linha de
pobreza. Atualmente é considerado
extremamente pobre o indivíduo que
vive com menos de US$ 1,90 ao dia ou
R$ 10,80. A instituição delimita ainda
outros dois valores abaixo dos quais se
pode considerar um indivíduo como
estando em situação de pobreza, sendo
eles US$ 3,20 (R$ 18,19) ao dia e US$
5,50 (R$ 31,26) ao dia.
A Organização das Nações Unidas (ONU)
emprega parâmetros semelhantes aos do
Banco Mundial, como o valor da linha de
pobreza, para a definição dessa condição.
Entretanto, faz um adendo de que não
somente a renda per capita diária e o
acesso a serviços básicos são
determinantes da pobreza, mas também a
fome, a malnutrição, a discriminação e
exclusão social. Dizendo de outro modo, a
forma como o indivíduo está inserido na
sociedade é condicionante da pobreza.
Ainda, pode-se definir a pobreza como
sendo absoluta ou relativa. A pobreza
absoluta é definida pela escassez de
recursos e calculada a partir de
parâmetros objetivos, como a linha de
pobreza. A pobreza relativa, em
contrapartida, está relacionada ao
comparativo entre indivíduos, famílias ou
grupos (o que inclui países), diretamente
atrelada à forma como se dá a distribuição
de renda na sociedade.
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Causas da pobreza
A pobreza pode ter diversas causas, a
depender do grupo social ou do país
analisado, sendo elas de origem
estrutural ou conjuntural. Em se tratando
do Brasil, a causa primária da pobreza é
estrutural e se amplia por meio da má
distribuição de renda.
A história do Brasil é marcada pelo
processo colonial, cuja sociedade era
composta por classes extremamente
desiguais, sendo baseada no trabalho
escravo. Uma pequena parcela da
população podia ser considerada rica,
sendo a sociedade brasileira do período
composta majoritariamente por pessoas
pobres e miseráveis.
A abolição da escravidão aprofundou as
desigualdades sociais no país recém-
formado, deixando os libertos à própria
sorte, sem qualquer tipo de amparo
estatal. Junto disso, temos que o Brasil
sempre foi um país dependente do
exterior e iniciou o seu processo de
modernização tardiamente, seguindo o
padrão dos países subdesenvolvidos.
Durante esse processo, uma parcela
significante da população não estava
incluída, e a desigualdade social e de
renda se agravaram com o tempo.
O crescimento das favelas é uma das
consequências do aumento da pobreza urbana no
Brasil.
A urbanização é também um dos
causadores da pobreza no Brasil.
Derivado em parte do êxodo rural, o
crescimento da população urbana
brasileira acontece em conjunto com a
industrialização e o processo de
modernização do campo, que ganhou
força nas décadas de 1970 e 1980. Parte
dos migrantes, devido à baixa qualificação
profissional, acaba por trabalhar em
subempregos ou ampliar a massa de
desempregados. Alguns deles podem
ainda recorrer à habitação na periferia das
cidades, onde os custos são menores,
embora a oferta de serviços urbanos
essenciais também pode ser reduzida.
Conforme o geógrafo Milton Santos, a
modernização dos centros urbanos pode
ocasionar também o maior
empobrecimento de sua população, o que
aumenta o número de pessoas
marginalizadas.
A conjuntura econômica nacional e
global também podem ampliar o
contingente de pessoas vivendo abaixo
da linha da pobreza. Exemplos são as
crises econômicas da década de 1980 no
Brasil e a crise global de 2008. Outros
fatores conjunturais, como os associados
à saúde pública, podem elevar a pobreza
de um país, como a pandemia de covid-
19, que teve início em março de 2020.
Devido à necessidade de isolamento
social, recomendada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), muitas pessoas
se viram desempregadas ou com seus
salários reduzidos. Mesmo com
programas de auxílio financeiro em
diversos países, inclusive no Brasil, a
projeção do Banco Mundial é de que cerca
de 100 milhões de pessoas sejam
colocadas em situação de extrema
pobreza no mundo até o final de 2020.
Veja também: Regionalização
socioeconômica do espaço mundial
Índice de pobreza no Brasil
Os índices de pobreza registrados no
Brasil caíram significativamente desde
pelo menos a década de 1970. As
principais fontes para a obtenção de
dados são os censos demográficos anuais
e a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), ambos realizados pelo
IBGE.
Em um período de 30 anos (de 1970 aos
anos 2000), o índice de pobreza no
Brasil caiu de 68,3% para 24,7% da
população. A queda mais forte, entretanto,
aconteceu a partir dos anos 2000, mais
especificamente a partir de 2003. Entre os
motivos estão os programas de inclusão
social e transferência de renda que
tiveram início no final da década de 1990 e
foram unificados a partir de 2003 com a
criação do Bolsa Família.
O índice que era de 24,6% no ano de
2003 caiu para 8,8% 10 anos mais tarde.
Em decorrência da crise econômica global
que teve início em 2008, atingindo o Brasil
alguns anos mais tarde, os dados da Pnad
reunidos pelo Atlas Brasil mostram que a
porcentagem de população pobre voltou a
aumentar, chegando a 11,65% em 2017.
A população vivendo com menos de US$
5,50 ao dia no ano de 2018, de acordo
com o IBGE, era de pouco mais de um
quarto da população total do Brasil, ou
52,5 milhões. Esse valor subiu em 2019
por conta da ampliação da desigualdade
social e queda da renda dos 40% mais
pobres.
A pandemia do coronavírus trouxe
preocupação com relação ao
aprofundamento das desigualdades e da
má distribuição de renda no país. Uma
estimativa do Banco Mundial colocou o
Brasil entre os países cujapopulação mais
será atingida pelos efeitos econômicos da
covid-19, e há estudos que contabilizam
até 14 milhões de brasileiros passando a
viver em condição de pobreza.
Linha da pobreza no Brasil
A linha de pobreza adotada para a
identificação da população em situação
de pobreza e extrema pobreza no Brasil é
aquela utilizada pelo Banco Mundial. Em
valores atuais, considera-se pobre no
Brasil aquele indivíduo que vive com
menos de R$ 457 ao mês. A extrema
pobreza, por sua vez, está situada abaixo
do valor de R$ 154 mensais.
Extrema pobreza no Brasil
A pobreza extrema atingia uma parcela
de 12,48% da população brasileira no
início dos anos 2000, de acordo com o
censo do IBGE. Esse valor caiu para
6,62% na última edição do censo,
realizada em 2010. Alguns anos mais
tarde, as conjunturas econômicas externa
e interna do Brasil transformaram o
quadro da extrema pobreza no país.
Em 2018 houve o registro do maior
número de brasileiros vivendo abaixo da
linha da pobreza em um período de 7
anos, com 13,5 milhões de pessoas ou
6,5% da população brasileira. Esse
número aumentou no ano seguinte, e o
país contabilizou 6,7% de sua população
vivendo com menos de US$ 1,90 ao dia, o
que equivale a 13,8 milhões de pessoas. O
cenário em 2020 se altera com a
pandemia da covid-19, havendo a
necessidade de uma medida urgente de
transferência de renda para socorrer a
população mais vulnerável, que foi
traduzida no Auxílio Emergencial.
Com valores entre R$ 600 e R$ 1.200
(mães solteiras), o programa temporário
foi responsável pela queda nos números
da extrema pobreza no país. A queda foi
de quase 2 milhões de pessoas: de 8,8
milhões vivendo na extrema pobreza em
maio de 2020, o valor foi para 6,9 milhões
no mês seguinte. Apesar disso, uma
parcela da população chamada de
“invisíveis” ficou sem receber a ajuda
financeira. Eles são assim chamados por
não estarem cadastrados nas bases do
governo federal nos programas de
transferência, como o Cadastro Único.
Ademais, a redução dos valores do auxílio
pela metade nos próximos meses e a
promulgação de um novo programa de
transferência de renda a partir de 2021
podem, novamente, modificar a situação
daqueles mais vulneráveis.
Estados e cidades mais
pobres do Brasil
Os estados mais pobres do Brasil se
concentram nas regiões Norte e Nordeste
do país, de acordo com as informações do
Atlas do Desenvolvimento Humano do
Brasil, que reúne dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD). O Maranhão é o estado que
concentra a maior porcentagem de
pessoas vivendo na pobreza, totalizando
29,25%, ao passo que a população
extremamente pobre é de 15,62%. Em
segundo lugar, está o Acre com 27,11% de
população pobre, seguido do Alagoas,
com 25,25%.
Em contrapartida, o estado com a menor
concentração de pobreza é Santa
Catarina, na região Sul, com menos de
3% da sua população vivendo com menos
do mínimo necessário para a subsistência.
Logo na sequência aparecem os estados
de São Paulo e do Rio Grande do Sul, com
taxas de, respectivamente, 4,90% e
4,95%.
A tabela abaixo traz a lista dos 10
municípios brasileiros com menor renda
média mensal per capita, de acordo com
os dados do ranking do Atlas Brasil.
  Município Posição geral no Brasil
1º Cacimbas (PB) 220º
2º Roteiro (AL) 220º
3º Olho D’Água Grande (AL) 219º
4º Mataraca (PB) 218º
5º Joaquim Nabuco (PB) 217º
6º Olivença (AL) 216º
7º Brejo de Areia (MA) 216º
8º Paulo Ramos (MA) 216º
9º Juripiranga (PB) 216º
10º Poção (PE) 216º
Os municípios mais pobres do Brasil estão
localizados na região Nordeste do país.
Acesse também: Quais são os efeitos da
modernização do campo?
Consequências da pobreza no
Brasil
A pobreza pode trazer consequências
tanto para os indivíduos e famílias que a
vivenciam quanto para o espaço em
diversas escalas. São consequências
desse grave problema social:
fome;
maior incidência de doenças devido
tanto à falta de saneamento básico
quanto ao acesso restrito a
medicamentos;
crescimento do número de pessoas
sem-teto ou morando em abrigos;
aumento da discriminação para com
as pessoas nessas condições;
aumento da violência;
crescimento do número de moradias
em áreas de risco;
maiores taxas de desemprego;
baixa da expectativa de vida.
 
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia
Escrito por : Paloma Guitarrara
Licenciada e bacharel em Geografia
pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) e mestre em
Geografia na área de Análise Ambiental
e Dinâmica Territorial também pela
UNICAMP. Atuo como professora de
Geografia e Atualidades e redatora de
textos didáticos.
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GUITARRARA, Paloma. "Pobreza no Brasil";
Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/pobreza-
no-brasil.htm. Acesso em 06 de setembro de
2023.
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06/09/2023 11:05
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