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Transferências Fundo a Fundo na Segurança Pública

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REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA | Rio de Janeiro 57(3): e2022-0388, 2023
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ISSN: 1982-3134
Artigo
Transferências fundo a fundo: coordenação e cooperação 
federativa na segurança pública do Brasil
Alisson Nava Nunes ¹
Diana Vaz de Lima ¹
¹ Universidade de Brasília / Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências, Departamento de Ciências 
Contábeis e Atuariais, Brasília / DF – Brasil
O objetivo deste artigo é analisar a realização de transferências fundo a fundo e avaliar se ela tem contribuído 
para a coordenação e cooperação federativa de políticas voltadas à segurança pública no Brasil. Para tanto, o 
trabalho foi dividido em três etapas: (i) levantamento dos valores do Fundo Nacional de Segurança Pública 
(FNSP), destinados aos estados e ao Distrito Federal, no período de 2000 a 2022, antes e depois da adoção das 
transferências fundo a fundo; (ii) realização de entrevistas semiestruturadas para levantar as percepções dos gestores 
responsáveis pela elaboração e coordenação do processo de descentralização e pelo acompanhamento da execução 
dos recursos descentralizados; e (iii) análise dos mecanismos de coordenação/cooperação previstos nos planos 
de aplicação elaborados pelos estados no período supracitado. Os achados da pesquisa confirmam resultados de 
estudos anteriores sobre o poder de indução das transferências fundo a fundo na cooperação e coordenação 
de políticas nacionais, também para a área de segurança pública. Verificou-se que a ampliação de recursos e a 
obrigatoriedade de seu compartilhamento com os estados favoreceram o alinhamento das políticas estaduais às 
diretrizes estabelecidas pela União, mas que ainda é incipiente a interação entre os órgãos, organizações e membros 
da sociedade em relação ao tema.
Palavras-chave: federalismo; coordenação; cooperação; transferências fundo a fundo; Sistema Único de Segurança 
Pública (SUSP).
Transferencias fondo a fondo: coordinación y cooperación federativa en seguridad pública en Brasil
El objetivo de este artículo es analizar si las transferencias de fondo a fondo han contribuido a la coordinación 
y cooperación federal de las políticas dirigidas a la seguridad pública en Brasil. Para ello, el trabajo se dividió en 
tres etapas: (i) Relevamiento de los montos del Fondo Nacional de Seguridad Pública asignados a los estados y 
al Distrito Federal en el período 2000-2022, antes y después de la adopción de las transferencias fondo a fondo; 
(ii) Realización de entrevistas semiestructuradas para conocer la percepción de los gerentes responsables de 
preparar y coordinar el proceso de descentralización y monitorear la ejecución de los recursos descentralizados; 
y (iii) Análisis de los mecanismos de coordinación/cooperación previstos en los planes de aplicación elaborados 
por los estados en el período. Los hallazgos de la investigación confirman los resultados de estudios previos sobre 
el poder de inducción de las transferencias fondo a fondo en la cooperación y coordinación de políticas nacionales 
también para el área de seguridad pública. Se verificó que la ampliación de los recursos y la obligatoriedad de 
compartirlos con los estados favorecieron el alineamiento de las políticas estatales con las directrices establecidas 
por el Gobierno federal, pero que la interacción entre organismos, organizaciones y miembros de la sociedad 
sobre el tema es aún incipiente.
Palabras clave: federalismo; coordinación; cooperación; transferencias fondo a fondo; SUSP.
DOI: https://doi.org/10.1590/0034-761220220388
Artigo recebido em 13 dez. 2022 e aceito em 18 abr. 2023.
Editora-chefe:
Alketa Peci (Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro / RJ – Brasil) 
Editor adjunto:
Sandro Cabral (Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo / SP – Brasil) 
Pareceristas:
Joana da Costa Martins Monteiro (Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro / RJ – Brasil) 
Renato Sérgio de Lima (Fundação Getulio Vargas, São Paulo / SP – Brasil) 
Relatório de revisão por pares: o relatório de revisão por pares está disponível neste link.
https://orcid.org/0000-0002-0488-1744
https://orcid.org/0000-0002-8663-2441
https://orcid.org/0000-0001-8768-4852
https://orcid.org/0000-0002-0935-699X
https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/88614/83349
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RAP | Transferências fundo a fundo: coordenação e cooperação federativa na segurança pública do Brasil
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Fund-to-fund transfers: federative coordination and cooperation in public security in Brazil
This article aims to analyze whether fund-to-fund transfers have contributed to federal coordination and 
cooperation of policies aimed at public security in Brazil. To this end, the work was divided into three 
stages: (i) Survey of National Public Security Fund amounts allocated to the states and the Federal District 
in the period from 2000 to 2022, before and after the adoption of fund-to-fund transfers; (ii) Conducting 
semi-structured interviews to raise the perceptions of managers responsible for preparing and coordinating 
the decentralization process and monitoring the execution of decentralized resources; and (iii) Analysis of the 
Coordination/Cooperation mechanisms foreseen in the Application Plans prepared by the states in the period. 
The research findings confirm the results of previous studies on the induction power of fund-to-fund transfers 
in the cooperation and coordination of national policies for public security. It was verified that the expansion 
of resources and the obligatoriness of their sharing with the states favored the alignment of state policies with 
the guidelines established by the Union but that the interaction between bodies, organizations, and members 
of society on the subject is still incipient.
Keywords: federalism; coordination; cooperation; fund-to-fund transfers; SUSP.
1. INTRODUÇÃO
Desde a sua origem, o modelo federativo de organização do Estado tem buscado mecanismos para 
fazer com que seus membros possam participar de forma coordenada das políticas nacionais (Abrucio, 
2005; Abrucio, Franzese, & Sano, 2013; C. M. Carvalho & Afonso, 2018; Machado & Palotti, 2015). 
Em ambientes permeados por realidades diversas, nos quais autoridades centrais coexistem com 
autoridades locais, a necessidade de cooperação e coordenação nas relações federativas cresce em 
importância (C. M. Carvalho & Afonso, 2018; Ribeiro, Moreira, Ouverney, Pinto, & C. M. F. P. Silva, 
2018; Segatto & Abrucio, 2016).
Sendo o federalismo cooperativo um sistema que busca pactuar acordos entre os entes por meio 
de arranjos de corte territorial (Grin & Abrucio, 2018), a implementação de políticas com amplitude 
nacional pressupõe a integração de ações nos diversos níveis de governo (V. A. Carvalho & M. R. F. 
Silva, 2011). Nesse contexto, destaca-se a importância da construção de acordos em que seja observada 
a autonomia dos entes federados, a fim de se promoverem as condições nas quais seja possível a 
cooperação, sem imposição de prioridades pelo governo central (Grin & Abrucio, 2018; Menicucci 
& Marques, 2016).
No Brasil, verificou-se a preferência por um arranjo de cooperação federativa estruturado, 
preferencialmente, por meio de políticas públicas (Grin & Abrucio, 2018). Conforme Lotta (2014), 
um sistema nacional de políticas costuma gerar maior convergência federativa. Entre os diferentes 
tipos de apoio, a modalidade de transferência fundo a fundo tem revelado um poder estruturante 
diferenciado sobre a agenda dos governos (Grin & Abrucio, 2018; Machado, 2011; Machado & Palotti, 
2015; Simão & Orelhano, 2015). 
Exemplos de estratégias nacionais voltadas às políticas de saúde, assistência social e educação, 
mostram que o governo federal tem conseguido instituir regras e padrões para os comportamentos 
dos demais entes federados nacionais (Abrucio, 2002; Araújo, Freitas, & Lins, 2020; Arretche, 1999; 
Franzese, 2010; Madeira & A. B. Rodrigues, 2015). Embora existam estudossobre as transferências 
de recursos na modalidade fundo a fundo para outras políticas, o tema é relativamente recente sob 
o prisma da segurança pública e ainda são escassos os diagnósticos específicos sobre seus impactos. 
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O que se observa na área de segurança pública é que, a partir da década de 1990, o governo federal 
tem buscado reorganizar as relações intergovernamentais com a criação de programas de segurança 
pública, sem conseguir, no entanto, promover o efetivo alinhamento das políticas entre unidades 
federativas (Soares, 2007; Spaniol, Moraes, & C. R. G. Rodrigues, 2020). Na prática, as medidas 
implementadas pouco contribuíram para compatibilizar o funcionamento das forças policiais com 
as exigências do estado democrático de direito (Costa & Grossi, 2007; Madeira & A. B. Rodrigues, 
2015; Spaniol et al., 2020). 
Como medida de enfrentamento a esse problema, seguindo as estratégias adotadas em outras 
políticas sociais, a Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018 modernizou o Fundo Nacional de 
Segurança Pública (FNSP) e estabeleceu a obrigatoriedade de transferência para os estados de, no 
mínimo, 50% de seus recursos, via modalidade fundo a fundo (Faria, 2020). Como contrapartida ao 
recebimento dos recursos, exigiu-se, dentre outros requisitos, o alinhamento das políticas estaduais 
à política nacional de segurança pública, de forma coordenada, com objetivos, metas e indicadores 
definidos (Faria, 2020). 
A expectativa é de que a utilização da modalidade de transferência financeira fundo a fundo seja 
um mecanismo indutor de coordenação e cooperação federativa também para a área de segurança 
pública, na medida em que os estados, para recebê-la, devem cumprir as orientações prescritas pela 
política nacional de segurança pública. Assim, este estudo tem como objetivo geral analisar a realização 
de transferências fundo a fundo e avaliar se ela tem contribuído para a coordenação e cooperação 
federativa de políticas voltadas à segurança pública no Brasil.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Federalismo: surgimento e principais características
Ao se discutir políticas públicas, é imprescindível tratar da forma como o Estado organiza-se política e 
administrativamente (Franzese & Abrucio, 2009). O estado federal surge em 1787, com a constituição 
americana, quando as colônias abdicam de sua soberania individual para a criação de uma nova 
esfera de governo: a União (Gadelha, 2018). Apesar de constituintes de uma mesma organização 
político-territorial, os estados federados mantêm parte de sua autonomia e estabelecem relações de 
interdependência com o governo federal, levando a legitimidade das decisões a ser compartilhada 
por mais de um nível de governo (Abrucio & Franzese, 2007; Segatto & Abrucio, 2016). Para Elazar 
(1987), a possibilidade de atuação simultânea, em uma estrutura institucional não centralizada, com 
difusão de poderes entre os diferentes centros, é uma das características que definem o federalismo 
(Franzese & Abrucio, 2009). 
2.2 Teoria do federalismo como pacto e teoria do federalismo cooperativo
Conforme Elazar (1987), a ideia de federalismo como um pacto é baseada no reconhecimento mútuo, 
na tolerância e no respeito entre as partes, sem que precise haver, para tanto, a presença de centros 
de poder superiores ou inferiores, mas apenas arenas de decisão política com maior ou menor 
dimensão (Franzese, 2010). Para o autor, o objetivo do pacto não é apenas assegurar a integridade dos 
componentes, mas estabelecer um conjunto de regras que garantam autonomia e gestão compartilhada. 
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Conforme Franzese (2010), as relações intergovernamentais estão em fluxo constante, renovando 
parcerias entre os diferentes centros de poder, sem perder seu status de unidade independente. Embora 
exista algum grau de verticalidade e assimetria nas federações, seu funcionamento envolve, em certa 
medida, relações contratualizadas e negociadas entre os níveis de governo (Abrucio, Franzese, & 
Sano, 2013).
Representada pela estrutura de uma matriz, a teoria do federalismo como pacto fornece elementos 
para compreender a não centralização no exercício efetivo do governo (Franzese, 2010). Dessa forma, 
evidencia não apenas a existência de arenas com abrangências diferenciadas, mas, também, a premissa 
de que deve haver interação entre essas diferentes células para que o sistema funcione (Franzese, 2010).
A evolução conceitual do federalismo cooperativo mostrou que a cooperação entre entes 
federados não significava a descentralização de tarefas e responsabilidades entre estes, mas, sim, a 
não centralização, afirmada por meio de amplos poderes legislativos e fiscais, partilhados por entes 
que realizam a manutenção do maior controle possível sobre os programas e políticas em nível local 
(Gondar, 2011). Em um processo não necessariamente harmônico, cada ente federativo utiliza seus 
recursos em busca dos melhores resultados para si. 
A multiplicidade de centros decisórios aumenta a complexidade das políticas públicas que 
dependem da convergência de escolhas governamentais em direção à realização de objetivos nacionais 
(Soares & Machado, 2018). Assim, a coordenação federativa torna-se requisito para o desenvolvimento 
das políticas públicas, devido à interdependência entre as ações desenvolvidas por entes pertencentes 
aos diferentes níveis de governo (Abrucio, 2005). Nesse sentido, o conceito de cooperação está 
relacionado a parcerias e arranjos integrados nos planos territorial e das políticas públicas (Abrucio, 
Franzese & Sano, 2013), enquanto a coordenação pode ser definida como o processo de criação ou 
utilização de regras de decisão pelos quais diferentes atores ocupam-se, coletivamente, de um mesmo 
campo (Lotta, 2014). 
2.3 Federalismo e segurança pública no Brasil
Conforme Soares e Machado (2018), o federalismo brasileiro passou por fases que se alternaram 
entre democracia e autoritarismo, implicando maior ou menor nível de descentralização e diferentes 
níveis de autonomia entre seus entes. Diante desse contexto, a Constituição Federal de 1988 ressalta 
a importância da União conferindo-lhe um papel de coordenação e cooperação com os entes, para a 
realização dos projetos de fortalecimento político, social e material (Gondar, 2011; Machado & Palotti, 
2015; Segatto & Abrucio, 2016).
Registre-se que, na área de segurança pública, o federalismo descentralizado implantado no Brasil 
a partir da Proclamação da República implicou a criação de um sistema policial altamente competitivo 
(Costa & Grossi, 2007). Nos momentos de maior autonomia estadual, não se verificaram esforços 
significativos de cooperação intergovernamental na área; como resultado, as políticas de segurança 
pública no Brasil têm sido, em regra, pensadas e implementadas de forma fragmentada e pouco 
planejadas (Ballesteros, 2014; Costa & Grossi, 2007).
A Constituição Federal de 1988 resgatou o conceito inserido na Constituição Federal de 1937 
e definiu as instituições responsáveis por prover a segurança pública (Lima & Mingardi, 2016). 
Contudo, as reformas constitucionais dos anos 1980 trouxeram poucos avanços para a gestão dessa 
área (Madeira & A. B. Rodrigues, 2015). A manutenção das estruturas organizacionais das polícias 
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e a falta de regulamentação e organização das atividades produziram um ambiente descoordenado 
entre os diferentes níveis de governo (Instituto de Economia Pesquisa Econômica Aplicada [IPEA] 
& FórumBrasileiro de Segurança Pública [FBS], 2019).
No Brasil, em regra, as políticas de segurança pública têm sido apenas paliativas em situações 
de crise. A literatura mostra que as estratégias nacionais para a segurança pública, criadas com a 
redemocratização, não foram capazes de alterar a política de intervenções pontuais, sem alinhamento 
estratégico e sem objetivos e metas definidos (V. A. Carvalho & M. R. F. Silva, 2011; Faria, 2020). 
Nos últimos 30 anos, vários planos e programas nacionais de segurança pública foram apresentados; 
todos eles procuraram implantar políticas de segurança pública que combinassem as três esferas 
de atuação governamentais, visando prevenir a violência e reduzir as incidências criminais, porém, 
acabaram vigorando apenas durante um ciclo político, sendo abandonadas nas gestões seguintes 
(Spaniol et al., 2020).
Justamente para romper esses ciclos de descontinuidade, em 2018 foi criado o Plano Nacional 
de Segurança Pública e Defesa Social (PNSP), o primeiro, após o período de redemocratização, a ter 
sua duração estipulada – dez anos –, prevendo avaliações anuais a partir do segundo ano de vigência 
(Spaniol, et al., 2020). Com propostas de curto e médio prazos, o plano ressalta a necessidade de 
atuação coordenada e integrada dos órgãos de segurança pública, com o necessário envolvimento 
do governo federal (Spaniol, et al., 2020).
Também em 2018, a Lei nº 13.675, de 12 de dezembro de 2018, instituiu o Sistema Único de 
Segurança Pública (SUSP) e propôs que a União fosse a instância responsável pela política nacional 
de segurança pública, bem como pela articulação, coordenação e pelo acompanhamento das ações 
necessárias a sua implementação (Soares, 2022). 
2.4 Transferências de recursos como estratégia de indução à coordenação e cooperação federativa
A divisão de autoridade entre níveis de governo não permite imposição, mas requer indução à base de 
condições vinculadas, ainda que os interesses do governo federal e dos demais entes possam distinguir-se 
(Grin & Abrucio, 2017; Machado & Palotti, 2015). O sucesso de uma estratégia de indução exige 
que o governo central conte com recursos financeiros, políticos e administrativos para a adesão dos 
demais níveis de governo (Arretche, 1999; V. A. Carvalho & M. R. F. Silva, 2011).
Evidências endossam a proposição de que são as políticas e os programas sociais formulados 
pelo governo central e implementados pelos entes federados locais, sob a sua regulação (Arretche, 
2009), que organizam e dão consistência às ações governamentais (Machado & Palloti, 2015). 
Condicionar e garantir a efetividade das transferências e a adesão dos governos locais à agenda do 
governo federal revelaram-se uma estratégia de forte poder de indução sobre as escolhas dos primeiros 
(Lotta & Favaretto, 2016; Soares & Machado, 2018). Nesse contexto, as transferências financeiras 
condicionadas apresentam-se como um instrumento estratégico de indução, na medida em que 
favorecem o alinhamento das prioridades dos entes federados locais àquelas eleitas pelo governo 
federal (Machado & Palloti, 2015). Tais transferências assumem as mais variadas formas (Gomes, 
2009), sendo as transferências fundo a fundo o principal mecanismo utilizado (Cunha, Lins, & Soares, 
2020; Machado & Palloti, 2015).
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3. METODOLOGIA
Para analisar a realização de transferências fundo a fundo e avaliar se ela tem contribuído para 
a coordenação e cooperação federativa de políticas voltadas à segurança pública no Brasil, este 
trabalho foi dividido em três etapas: (i) levantamento dos valores do FNSP destinados aos estados 
e ao Distrito Federal no período de 2000 a 2022, antes e depois da adoção das transferências 
fundo a fundo; (ii) realização de entrevistas semiestruturadas para levantar as percepções dos 
gestores responsáveis pela elaboração e coordenação do processo de descentralização e pelo 
acompanhamento da execução dos recursos descentralizados; e (iii) análise dos mecanismos 
de coordenação e/ou cooperação previstos nos planos de aplicação elaborados pelos estados no 
período citado acima.
Conforme resumido no Quadro 1, para a realização das entrevistas foram selecionados gestores 
da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENASP/
MJSP), que tivessem, pela natureza do cargo ocupado, participação direta e poder de decisão nas 
atividades de planejamento, operacionalização e monitoramento da política de descentralização 
de recursos do FNSP. Para análise, foi utilizada metodologia elaborada por Machado (2014) 
em sua pesquisa acerca dos padrões de indução de políticas sociais por meio de transferências 
intergovernamentais condicionadas1.
QUADRO 1 QUALIFICAÇÃO DE ENTREVISTADOS
Entrevistado Formação Outras Informações
E1
Graduado em Administração – Mestre em 
Gestão de Políticas Públicas.
Possui carreira na área de segurança pública com 
mais de 25 anos. Atua há mais de 10 anos com gestão 
de projetos. 
E2
Graduado em Direito – Especialista em Direito 
Público e Direito Penal.
Atua há mais de 15 anos na área de segurança pública. 
Atua há mais de 20 anos com análise de convênios e 
transferência de recursos. 
E3
Graduado em Direito – Especialista em Gestão 
Estratégica do Setor Público.
Possui carreira na área de segurança pública com 
mais de 25 anos. Atua há mais de 20 anos em gestão 
orçamentária e financeira.
Fonte: Elaborado pelos autores.
1 Modelo adaptado à finalidade desta pesquisa.
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4. RESULTADOS
4.1 Execução do fundo nacional de segurança pública
Até o exercício de 2018, o FNSP não contava com uma fonte própria de recursos. Com a publicação da 
Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018, que atribuiu ao FNSP participação no percentual de 
arrecadação das loterias federais, houve incremento no montante dos recursos a ele repassado (Figura 1).
FIGURA 1 RECURSOS DESTINADOS AO FNSP NO PERÍODO 2000 A 20222
Fonte: Elaborada pelos autores com base em Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP).
O acesso aos recursos do FNSP exigia dos estados e do Distrito Federal a elaboração de planos 
estaduais de segurança pública. No entanto, conforme Soares (2022), o baixo volume de recursos e 
a falta de critérios de distribuição que garantissem a realização de repasses contínuos geraram uma 
pequena produção de planos, confirmando a falta de atratividade do modelo proposto. Ao analisar 
o histórico de descentralizações evidencia-se que, antes das transferências fundo a fundo não havia 
uma regularidade de descentralização dos recursos. Primeiramente, em nível nacional, nem todos os 
estados eram contemplados anualmente com os recursos. Em segundo lugar, não havia garantia de 
que um estado que recebesse recursos em determinado ano viesse a ser contemplado novamente no 
exercício seguinte. Essa realidade dificultava a realização de um planejamento contínuo pelos estados 
e diminuía o poder indutor do governo federal (Soares, 2022).
A partir de 2018, com o acréscimo dos recursos do FNSP e com a destinação obrigatória de 50% 
dos recursos (provenientes das loterias federais) aos estados e ao Distrito Federal, sem a necessidade 
de formalização de convênios ou contratos de repasse, as transferências fundo a fundo tornaram-se 
um atrativo para que os estados elaborassem seus planos de aplicação e planos estaduais de segurança 
pública (Soares, 2022).
2 Dotação Atualizada (LOA) – Unidade Orçamentária 30911 – Fundo Nacional de Segurança Pública. Valores referentes a emendas 
orçamentárias não foram considerados (Localizador de gastos 0001 – Nacional).
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FIGURA 2 EVOLUÇÃO DA DESCENTRALIZAÇÃO DE RECURSOS DO FNSP NO PERÍODO DE 2015 A 2022
Fonte: Elaborada pelos autores.
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Continua
Como se pode observar na Figura 2, a partir de 2019 o padrão de descentralizações e empenhos 
de recursos do FNSP pelos estados foi alterado. Isso permitiu que todos passassem a ser contemplados 
com os recursos do FNSP. Ao analisar os mapas a partir de 2019, além de um aporte mais substancial 
de recursos, observam-se outros dois fatos: a distribuição nacional dos recursos e a continuidade dos 
repasses. Essas informações indicam que, a partir das transferências fundo a fundo, os estados passaram 
a ter uma previsibilidade de recebimento de recursos, o que lhes proporciona a capacidade de realizar 
planejamentos em longo prazo. Tal resultado ratifica o estudo de Soares (2022), mostrando como a 
previsibilidade de recebimento dos recursos aumenta a atratividade desse modelo de transferências 
e, consequentemente, o poder indutor da política, na medida em que favorece o alinhamento das 
prioridades dos entes federados locais àquelas eleitas pelo governo federal (Machado & Palloti, 2015). 
4.2 Aderência dos planos estaduais ao PNSP
Com a finalidade de verificar outros efeitos das transferências fundo a fundo sobre o processo de 
coordenação e cooperação federativa em segurança pública, foi utilizada pesquisa realizada por Soares 
(2022), na qual o autor buscou mensurar a aderência dos planos estaduais ao PNSP. Para atingir seu 
objetivo, o estudo de Soares (2022) analisou 33 categorias, conforme demonstrado na Tabela 1.
TABELA 1 CRITÉRIOS DE ANÁLISE
Critérios de Análise Quantidade Aderência
Formalização do Plano Estadual de Segurança Pública (PESP) por meio de lei ou decreto. 14 70%
Vigência do PESP. 16 80%
Descrição do método utilizado para elaboração do PESP. 10 50%
Elaboração do PESP com base em evidências (diagnósticos e pesquisas). 15 75%
Alinhamento do PESP com o planejamento estratégico e com o orçamento do ente federativo. 4 20%
Participação das instituições de segurança pública do Estado na elaboração do PESP. 18 90%
Participação do conselho estadual de segurança pública na elaboração do PESP. 8 40%
Definição das competências dos atores envolvidos na execução e no monitoramento do PESP. 11 55%
Participação de outras áreas do governo na elaboração do PESP. 8 40%
Participação da sociedade civil organizada e/ou conselhos comunitários na elaboração do PESP. 7 35%
Estabelecimento de indicadores para monitoramento do PESP. 15 75%
Estabelecimento de metas para monitoramento do PESP. 11 55%
Estabelecimento de instrumentos e metodologia de monitoramento e avaliação do PESP. 8 40%
Disponibilização do PNSP no site da Secretaria Estadual de Segurança Pública. 11 55%
Interconexão entre o PESP e outras políticas e planos estaduais. 10 50%
Indicação dos municípios que serão alvo de intervenção direta. 7 35%
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Critérios de Análise Quantidade Aderência
Atuação integrada dos órgãos de segurança pública. 16 80%
Inclusão de ações integradas com outras áreas, como educação, saúde, lazer e cultura. 3 15%
Previsão de fontes de financiamento para implementação do PESP. 6 30%
Estrutura de governança do PESP. 14 70%
Mecanismos de gestão de riscos. 3 15%
Priorização das ações. 16 80%
Redução de homicídios. 20 100%
Redução da violência contra a mulher. 13 65%
Aprimoramento da governança e gestão. 13 65%
Valorização dos profissionais de segurança pública. 20 100%
Aumento do controle de divisas, fronteiras, portos e aeroportos. 14 70%
Ampliação do controle de armas de fogo e munições. 15 75%
Enfrentamento ao crime organizado. 13 65%
Aprimoramento dos mecanismos de controle e prestação de contas da atividade policial. 3 15%
Aprimoramento da gestão do sistema prisional. 11 55%
Prevenção e repressão aos crimes violentos patrimoniais. 15 75%
Fortalecimento da atuação dos municípios nas ações de prevenção ao crime e à violência. 4 20%
Média 11,27 56,35%
Fonte: Soares (2022).
O estudo de Soares (2022) utilizou como base 20 planos estaduais de segurança pública. A 
aderência foi medida de acordo com a presença das categorias na elaboração dos planos estaduais. 
Como se pode observar na Tabela 1, Soares (2022) verificou que houve apenas 56,35% de aderência 
dos planos estaduais ao PNSP.
Soares (2022) classificou o índice de aderência constatado em sua pesquisa como “aderência não 
satisfatória”. Todavia observa-se na pesquisa outra informação relevante para o presente estudo: nos 
planos analisados pelo autor, apenas duas categorias apresentaram 100% de aderência ao PNSP – 
valorização dos profissionais de segurança pública e redução de homicídios. Estas duas categorias 
guardam relação direta com os eixos que foram priorizados como diretrizes para a elaboração dos 
planos de aplicação e que são requisitos para o recebimento dos recursos do FNSP pelos estados.3
Outro achado importante sobre a contribuição das transferências fundo a fundo para a coordenação 
e cooperação federativa em segurança pública, constatado por Soares (2022), tem relação com a edição 
da Portaria nº 631, de 6 de julho de 2019 do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que 
3 Inicialmente a Portaria nº 790, de 24 de outubro de 2019 e a Portaria nº 793, de 24 de outubro de 2019 foram as responsáveis por 
regulamentar os Eixos de Valorização dos Profissionais de Segurança Pública e Enfrentamento à Criminalidade Violenta. Sobre 
regulamentação dos Eixos, atualmente está vigente a Portaria MJSP nº 483, de 9 de novembro de 2021, que alterou a nomenclatura de 
Eixo de Enfrentamento a Criminalidade Violenta para Eixo de Fortalecimento das Instituições de Segurança Pública e Defesa Social.
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estabeleceu os critérios para definir o percentual de recursos do FNSP a ser disponibilizado para 
cada estado. Foram considerados aspectos geográficos, populacionais, socioeconômicos, índices 
de criminalidade e violência, proteção de fronteiras, fortalecimento da Rede Integrada de Banco de 
Perfis Genéticos (RIBPG) e a criação de unidades especializadas das polícias civis específicas para o 
combate à corrupção.
Como exemplo, até o exercício de 2019, ano de criação dos critérios de rateio, apenas o estado do 
Maranhão possuía unidades especializadas da polícia civil para o combate à corrupção. No exercício 
de 2019, 15 estados criaram 23 unidades especializadas; e no exercício de 2020, 11 estados criaram 
20 unidades especializadas – o que representa 100% dos estados com unidades especializadas de 
combate à corrupção (Soares, 2022).
4.3 Entrevistas
As entrevistas realizadas com os gestores da SENASP/MJSP foram analisadas e enquadradas, de 
acordo com suas características, como contrato de execução (prevalência pelo governo federal) ou 
gestão compartilhada (cooperação entre União e estados), conforme metodologia elaborada por 
Machado (2014).
Os marcadores selecionados foram agrupados em três categorias gerais: (i) poder de agenda, 
(ii) controle sobre o comportamento estadual e (iii) interação organizacional (Tabela 2).
Conforme se pode observar na Tabela 2, os marcadores foram pontuados de acordo com os 
seguintes parâmetros:
1) A pontuação de cada categoria foi considerada como soma das pontuações de todos os marcadores 
correspondentes; arbitrou-se que a primeira poderiavariar entre zero (0) e um (1) ponto, sendo este 
valor máximo dividido, igualmente, pelo total de marcadores vinculados (na primeira categoria, 
cada um dos marcadores poderia pontuar até 0,33; na segunda, até 0,16 e na terceira até 0,20);
2) Foi fixado, arbitrariamente, que zero (0) corresponderia à variação de um marcador no tipo ideal de 
contrato para execução e que a pontuação máxima possível (0,33 ou 0,16 ou 0,20) corresponderia 
à variação de tipo ideal de gestão compartilhada;
3) Somadas as pontuações dos marcadores em cada atributo, chegaríamos à pontuação de um índice 
final referente a cada incentivo, definindo sua posição entre os dois tipos ideais, obtida pela média 
aritmética entre os valores dos três atributos. Assim, quanto mais próximo de zero (0), mais próximo 
do contrato de execução. Quanto mais próximo de um (1), mais próximo da gestão compartilhada.
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TABELA 2 CATEGORIAS E MARCADORES
Categorias Marcadores
Contrato de 
execução
Gestão 
Compartilhada
Poder de agenda
Concepção e Desenho da Política 0,00 0,33
Participação Estadual 0,00 0,33
Definição de Metas 0,00 0,33
Total 0,00 1,00
Controle de 
comportamento 
estadual
Planejamento dos Recursos 0,00 0,16
Utilização dos Recursos 0,00 0,16
Definição de Ações 0,00 0,16
Padronização de Bens e Serviços 0,00 0,16
Monitoramento e Avaliação dos Resultados 0,00 0,16
Controle, Auditoria e Sanções 0,00 0,16
Total 0,00 1,00
Interação 
Organizacional
Coordenação Horizontal 0,00 0,20
Coordenação Vertical 0,00 0,20
Planejamento 0,00 0,20
Indução 0,00 0,20
Capacidade Operacional 0,00 0,20
Total 0,00 1,00
Total 0,00 3,00
Fonte: Elaborada pelos autores.
4.3.1 Poder de agenda
Questionados sobre o processo de elaboração da política de transferências fundo a fundo, os entrevistados 
foram unânimes em mencionar que a criação ocorreu com esforços da União, sem a participação de 
estados e municípios. Na fala dos entrevistados, não se percebe que tenha havido qualquer iniciativa 
por parte da União para contemplar opiniões dos demais entes, seja no desenho e na elaboração da 
política ou na fase inicial de implantação. Sob esse aspecto, verifica-se uma tendência centralizadora 
do governo central, que estabeleceu uma política com amplitude nacional sem contribuições locais.
Acerca da cooperação entre a União e os estados na formulação e implantação da política, os 
gestores afirmaram que o planejamento inicial teve uma atuação mais centralizada na União, a qual 
definiu, em lei, um dos eixos que deveriam ser priorizados com o aporte de recursos do FNSP. No 
entanto, tem-se oportunizado ambientes de discussão com os estados a fim de se aprimorar a política 
vigente, corroborando a tendência mais cooperativa e menos centralizadora pela União nas tomadas 
de decisão.
Sobre a participação dos estados no estabelecimento de metas a serem atingidas por ocasião 
do recebimento de recursos do FNSP, o entrevistado 1 esclarece que, embora a União estabeleça 
os eixos a serem contemplados pela política, estes definem apenas uma linha de atuação, à qual os 
estados devem se ajustar para apresentar seus planos de aplicação. A definição de metas fica a cargo 
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dos estados. Percebe-se a atuação da União como coordenadora ao definir, por meio dos eixos, as 
prioridades para a segurança pública nacional, ao mesmo tempo que se observa o viés cooperativo 
na operacionalização da política, uma vez que dá aos estados liberdade de definir sua estratégia de 
atuação por meio dos planos de aplicação.
Em relação a concepção e desenho da política, verificou-se um forte viés centralizador pela União, 
mesmo que tenham sido apontadas evidências da participação dos estados no aprimoramento da 
política. Em linhas gerais, tal tarefa caracterizou-se como unilateral por parte do governo federal. Já 
em relação às metas, percebe-se que as definições ficaram a cargo dos estados, segundo as diretrizes 
pautadas pela União, caracterizando a gestão compartilhada. Portanto, o poder de agenda possui uma 
inclinação para o contrato de gestão, com o índice de 0,33, conforme Quadro 2.
QUADRO 2 POLÍTICA DE TRANSFERÊNCIA FUNDO A FUNDO – CATEGORIA PODER DE AGENDA
Categoria – Poder de Agenda
Marcador Contrato de Execução Gestão Compartilhada
Concepção e 
Desenho da Política
Política concebida unilateralmente 
pela União ou pelo estado (0,00).
X
Política concebida e desenhada mediante 
negociações entre esferas de governo, ou 
entre órgãos estaduais (0,33).
Participação 
estadual
Escolha dos eixos de forma unilateral 
pela União (0,00).
X
Participação dos estados nas escolhas dos 
eixos (0,33).
Definição de Metas
Metas e resultados fixados pela União 
(0,00).
X
Metas e resultados a serem alcançados 
pactuados com governos estaduais (0,33).
Total 0,33
Fonte: Elaborado pelos autores.
4.3.2 Controle de comportamento estadual
Sobre a definição e controle dos fluxos financeiros, os entrevistados esclareceram que o volume total de 
recursos do FNSP decorre de previsão legal, a qual estabeleceu como fonte de recursos a participação 
no total dos valores arrecadados com as loterias, bem como a definição em portaria ministerial dos 
percentuais relativos à previsão dos recursos disponibilizados aos estados. No entanto, o entrevistado 3 
menciona a participação dos estados no processo de aprimoramento da política no momento de 
rediscussão dos critérios de rateio. Conforme o entrevistado, anualmente são revistos os indicadores 
com a finalidade de aperfeiçoamento da política. A União vale-se da contribuição dos estados para 
adequar os percentuais de repasse à realidade e ao desempenho da segurança pública de cada um 
deles. Dessa forma, ao viabilizar a participação dos estados no aprimoramento da política, verifica-se 
um caráter mais cooperativo entre União e estados.
Questionados quanto a exigência de alinhamento dos planos de aplicação aos eixos definidos pela 
União limitar a autonomia estadual na elaboração de suas ações de segurança pública, os entrevistados 
esclareceram que os eixos são apenas uma diretriz e que cada estado, de acordo com o seu diagnóstico, 
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tem o poder de decidir sua atuação. Os eixos informam como a União vai priorizar a segurança pública, 
mas conferem autonomia para que o ente escolha quais ações encaixam-se melhor em sua realidade.
Sobre monitoramento, avaliação e controle, segundo os entrevistados, a União verifica a aderência 
dos planos estaduais aos eixos estabelecidos. Esse procedimento materializa a indução pela União da 
participação dos estados de forma coordenada, com os objetivos estabelecidos pela política nacional. 
O controle fica por conta tanto de verificações em nível estadual, com destaque para a participação 
dos conselhos estaduais de segurança pública, conforme apontado pelo entrevistado 2, como da 
produção de relatórios de monitoramento, apresentados semestral e anualmente pelos estados. No 
curso do exercício financeiro podem ser tomadas medidas corretivas tanto pelos estados quanto pela 
União, até mesmo com o bloqueio de créditos.
O monitoramento e a avaliação dos resultados também são feitos de forma cooperada, com a 
apresentação de relatórios pelos estados e avaliação pela União. Sob o aspecto de controle e auditoria por 
meio da aplicação de restrições, em caso de desvios de finalidade observou-se uma atuação maior da União. 
Realizadas as análises, verificou-se uma aproximação maior com a gestão compartilhadacomparativamente 
ao atributo controle de comportamento estatal, com o índice de 0,66, conforme Quadro 3.
QUADRO 3 TRANSFERÊNCIA FUNDO A FUNDO – CONTROLE DE COMPORTAMENTO ESTADUAL
Categoria – Controle de Comportamento Estadual
Marcador Contrato de Execução Gestão Compartilhada
Planejamento 
dos recursos
Definição e controle realizados pela 
União (0,00).
X
Flexibilidade na prescrição do uso de recursos 
transferidos para o incentivo (0,166).
Utilização dos 
recursos
Prescrição rígida quanto ao uso dos 
recursos transferidos (0,00).
X
Flexibilidade na prescrição do uso de recursos 
transferidos para o incentivo (0,166).
Definição de 
ações
Padronização nacional de ações (0,00). X
Autonomia para definição de ações no plano 
local (0,166).
Padronização de 
bens e serviços
Padronização nacional para bens e 
serviços a serem ofertados à população 
(0,00).
X
Flexibilidade para “customização” de bens e 
serviços no plano local (0,166).
Monitoramento 
e avaliação de 
resultados
Monitoramento e avaliação 
exclusivamente pela União (0,00).
X
Mesmo que o monitoramento seja diretamente 
feito pela União, dados são compartilhados e 
discutidos entre as esferas de governo (0,166).
Controle, 
auditoria e 
sanções
Sistema de auditoria e controle exclusivo 
da União (0,00).
X
Auditoria e controle sobre governos estaduais 
(aplicação dos recursos) com participação de 
representação de governos estaduais (0,166).
Total 0,66
Fonte: Elaborado pelos autores.
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4.3.3 Interação organizacional
Sobre a cooperação em nível estadual, não se verifica a obrigatoriedade de que todas as instituições 
de segurança pública estaduais participem de forma conjunta da elaboração dos planos de aplicação; 
embora perceba-se essa interação em determinados estados, não se pode afirmar que exista uma 
cultura de cooperação entre as instituições difundida em nível nacional.
Sobre o desenvolvimento de políticas públicas, o entrevistado 1 observa que estão sendo 
desenhados programas que funcionam como diretrizes para que os estados operacionalizem as 
ações de forma coordenada e sistêmica por meio da execução dos recursos do fundo nacional. Para o 
entrevistado 2, a União tem aprimorado a coleta de dados sobre a segurança pública dos estados, a fim 
de que as diretrizes nacionais possam alinhar-se ao encontro das demandas locais. O entrevistado 3 
cita o exemplo do eixo valorização dos profissionais de segurança pública, para explicar que a 
transferências de recursos do fundo é uma importante vertente no planejamento, mas a maturidade 
e o aperfeiçoamento da política conjugam uma série de elementos e fatores:
[...] (o fundo a fundo) fortalece e dá condições ao aprimoramento da política, mas ele precisa ser 
complementado a partir de diagnósticos, a partir de uma rede, a partir de outros elementos de 
monitoramento que façam com que o recurso seja permanentemente repriorizado.
Observa-se, nas falas dos entrevistados, que a modalidade de transferência fundo a fundo possui 
a capacidade de alterar comportamentos e dinâmicas de planejamento, com a finalidade de contribuir 
para a coordenação e aprimoramento das políticas de segurança pública.
O entrevistado 1 afirma que houve um aumento na interação entre a SENASP e órgãos de segurança 
pública estaduais para o desenvolvimento de políticas públicas, após o início das transferências fundo 
a fundo:
Hoje a gente tem uma rede colaborativa. Cada estado tem um ou vários pontos focais, e hoje 
funciona muito bem. A gente tem uma interação grande. Realizamos periodicamente eventos. 
Por meio dessa rede a gente apoia quando o estado tem dificuldade, tem alguma dúvida, a gente 
apoia de forma remota ou às vezes de forma presencial.
O entrevistado 2 menciona que a sistemática possibilitou o aumento de diálogo entre as instituições 
proporcionando uma maior integração.
Questionado sobre a contribuição do método de descentralização dos recursos do FNSP para 
a integração e cooperação das unidades da federação, o entrevistado 1 responde afirmativamente, 
argumentando que tanto entre a SENASP e os órgãos estaduais, como entre os estados, formou-se uma 
rede colaborativa de troca de informações e boas práticas. Já o entrevistado 2 relata que se trata de 
um processo de amadurecimento, mas que se percebe uma integração entre as forças para utilização 
do recurso. O entrevistado 3 relembra que, historicamente, os recursos para a segurança pública no 
plano estadual acabam sendo bastante absorvidos pelas despesas de custeio e de pessoal. Para ele, 
a partir do momento em que se estabeleceu uma política nacional, os recursos transferidos fundo a 
fundo propiciaram a oportunidade da realização de investimentos de forma mais estruturante.
Sobre a necessidade de interação entre União e os estados, indagou-se se o governo federal depende 
da capacidade operacional dos estados para implementar a política nacional de segurança pública. 
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Todos os entrevistados ressaltaram a importância de tal interação e afirmaram que a efetivação da 
política só é possível com a capacidade operacional dos estados. As respostas reforçam os apontamentos 
de Agranoff (1990 como citado por Franzese, 2010), que afirma que, embora a União detenha o poder 
para regulamentar e utilize as transferências de recursos vinculadas à implementação de programas 
federais, os governos locais possuem, nesse jogo federativo, o poder de implementação, diante do 
qual o governo central não detém capacidade de total controle.
Na opinião dos gestores, as transferências fundo a fundo contribuem para uma maior coordenação 
e cooperação federativa em segurança pública. Portanto, conforme análise realizada (Quadro 4), o 
atributo interação organizacional é caracterizado por uma gestão compartilhada, com o índice de 1,00.
QUADRO 4 TRANSFERÊNCIA FUNDO A FUNDO – INTERAÇÃO ORGANIZACIONAL
Categoria – Interação Organizacional
Marcador Contrato de Execução Gestão Compartilhada
Coordenação 
Horizontal
Elaborado unilateralmente pela Secretaria 
de Segurança Pública. (0,00).
X
Participação dos órgãos de segurança 
pública na elaboração dos planos (0,20).
Planejamento
Metodologia de Planejamento inalterada 
(0,00).
X
Ajuste de metodologia de planejamento 
em razão das transferências fundo a fundo 
(0,20).
Coordenação 
Vertical
Manutenção da interação entre os órgãos 
(0,00).
X
Aumento na interação entre os órgãos 
(0,20).
Indução Não houve alteração (0,00). X Maior coordenação e cooperação (0,20).
Capacidade 
Operacional
Governo federal possui capacidade 
operacional para implantar a política 
(0,00).
X
Governo federal depende da capacidade 
operacional dos estados (0,20).
Total 1,00
Fonte: Elaborado pelos autores.
O somatório dos índices de cada categoria individualizada totalizou 2 pontos de um total de 3 
pontos possíveis. A média final das categorias resultou no índice de 0,66, caracterizando a política 
de transferências fundo a fundo como uma política de gestão compartilhada.
4.4 Etapa 3 – análise dos planos de aplicação
Plano de aplicação é o instrumento por meio do qual o estado apresenta seu planejamento para a 
utilização dos recursos do FNSP. Nele constam o diagnóstico da segurança pública local, a proposta 
de ações a serem realizadas pelo estado, os objetivos, os indicadores e as metas.
Como estratégia de coordenação, a Portaria MJSP nº 480, de 9 de novembro de 2021 estabeleceu 
que cada projeto, atividade ou ação, indicados no plano de aplicação, deve estar alinhado com as ações, 
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estratégias e metas do PNSP. Também devem ser compatíveis com o plano estadual ou distrital de 
segurança pública e defesa social e com o programa ou eixo de financiamento disponibilizado pelo 
MJSP. O alinhamento é verificado pelas equipes do MJSP, cuja aprovação é condição essencial para 
que o estado receba os recursos do FNSP.
Neste estudo foram utilizados os planos de aplicação vinculados ao Eixo de Redução da 
Criminalidade Violenta4, referentes ao exercício de 2019. Os 27 planos de aplicação foram analisados 
com o intuito de identificar elementos que confirmassem a autonomia dos estados na realização do 
seu planejamento, embora seguissem as diretrizes estabelecidas pelo governo federal.
Ressaltando a flexibilidade na utilização dos recursos, todos os estados apresentaram planos de 
aquisição de acordo com suas necessidades locais. Destaque-se que, das 27 unidades federativas, 20 
priorizaram aquisições voltadas a inovações tecnológicas. Entre as justificativas, observam-se a ênfase 
no aprimoramento da comunicação e compartilhamento de informações entre as instituições. A 
realização de obras e intervenções prediais, em sua maioria, estavam relacionadas ao aperfeiçoamento 
de centros de comando e controle. Dez unidades federativas priorizaram, em seu planejamento, ações de 
capacitação que variaram entre pós-graduações, especializações em tecnologia, gestão e capacitações 
operacionais. Já as tradicionais aquisições de viaturas, equipamentos de proteção individual (EPIs) e 
armamento foram identificadas no planejamento de 15 estados.
A diversidade de aquisições, metas e indicadores apresentados nos planos corrobora o resultado 
obtido nas entrevistas com os gestores, o de que a política de descentralização fundo a fundo apresenta 
um viés mais cooperativo do que impositivo por parte do governo federal. A observância da autonomia 
dos entes federados dialoga com a literatura que afirma que o pacto federativo não se constitui pela 
imposição das prioridades definidas pelo governo central e sim por mecanismos de indução que 
sejam benéficos em nível local (Grin & Abrucio, 2018). A liberdade que os estados e o Distrito Federal 
tiveram ao apresentar indicadores e metas está alinhada com este entendimento.
No mesmo sentido, os resultados e impactos esperados guardam correspondência com as diretrizes 
estabelecidas pelo governo federal. Investimentos na melhoria da capacidade tecnológica, ampliação 
de rede de comunicação, compartilhamento de informações, qualidade das ações operacionais e de 
gestão reforçam a coordenação exercida pelo governo central. Assim, a análise dos planos de aplicação 
confirma a presença tanto de elementos de coordenação, como de cooperação em sua dinâmica.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve por objetivo verificar a contribuição das transferências fundo a fundo para a 
coordenação e cooperação federativa de políticas voltadas à segurança pública no Brasil.
Com base nos dados analisados, pode-se inferir que a ampliação de recursos do FNSP, a 
elaboração de planos estaduais e os planos de aplicação pelos estados, bem como a previsibilidade de 
transferências, são elementos que podem contribuir para uma maior cooperação federativa voltada 
à segurança pública nacional.
A análise dos planos de aplicação também corroborou o resultado obtido nas entrevistas com os 
gestores: o de que a política de descentralização fundo a fundo apresenta um viés mais cooperativo 
4 A Portaria MJSP nº 483, de 9 de novembro de 2021 alterou a nomenclatura do Eixo para: Fortalecimento das Instituições de Segurança 
Pública e Defesa Social.
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do que de imposição pelo governo federal. A observância da autonomia dos entes federados dialoga 
com a literatura que afirma que o pacto federativo não se constitui pela imposição das prioridades 
definidas pelo governo central e sim por mecanismos de indução que sejam benéficos em nível local 
(Grin & Abrucio, 2018).
Como resultado, a pesquisa confirmou o que outros estudos já haviam verificado sobre o poder 
de indução das transferências fundo a fundo na cooperação e coordenação de políticas nacionais. A 
ampliação de recursos e a obrigatoriedade de seu compartilhamento com os estados têm favorecido o 
alinhamento das políticas estaduais às diretrizes estabelecidas pela União. A distribuição dos recursos 
de forma regular e baseada em critérios, o alinhamento dos planos estaduais e dos planos de aplicação 
às diretrizes nacionais e a percepção dos gestores confirmam a força indutora desse mecanismo de 
transferência.
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Alisson Nava Nunes
 https://orcid.org/000-0003-2106-353X
Mestre pela Universidade de Brasília (UnB). E-mail: alisson.nava@gmail.com
Diana Vaz de Lima
 https://orcid.org/0000-0002-4477-445X
Doutora pela Universidade de Brasília (UnB); Pós-Doutora pela Universidade de São Paulo (USP); Professora 
Associada do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB); Coordenadora 
do Mestrado em Administração Pública – MPA da Universidade de Brasília (UnB). E-mail: diana_lima@unb.br
CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
Alisson Nava Nunes: Administração de projeto (Igual); Validação (Igual); Visualização (Igual); Escrita - 
rascunho original (Liderança); Escrita - revisão e edição (Igual).
Diana Vaz de Lima: Administração de projeto (Igual); Supervisão (Liderança); Validação (Igual); Visualização 
(Igual); Escrita - rascunho original (Suporte); Escrita - revisão e edição (Igual).
 
http://orcid.org/0000-0002-4477-445X
	_Hlk135688390
	_Hlk79143131
	4.3._Perfil_da_população/amostra
	_bookmark26
	_bookmark27
	4.4_Caracterização_dos_instrumentos_de_p
	_Hlk135689755

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