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Regulamentação e Direitos Humanos na Educação

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Unidade II – Regulamentação e Diretrizes 
dos Direitos Humanos na Educação
Educação em 
Direitos Humanos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
VITTORIO LO BIANCO
O AUTOR
Vittorio Lo Bianco
Olá. Meu nome é Vittorio Lo Bianco. Sou formado em Relações 
Internacionais, com Mestrado em Políticas Públicas, Estratégia e 
Desenvolvimento e Doutorado em Educação, com experiência técnico-
profissional na área de educação de mais de 10 anos. Sou servidor do 
Estado do Rio de Janeiro. Trabalho com educação na Secretaria de Ciência 
e Tecnologia. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha 
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. 
Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Regulamentação dos Direitos Humanos na Legislação 
Brasileira .........................................................................................................10
Recepção dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos na Legislação 
Brasileira.................................................................................................................................................10
Histórico da efetivação dos direitos humanos na legislação brasileira .. 12
Perspectivas Legais e os Desafios da Educação em Direitos 
Humanos ..........................................................................................................15
Marcos legais da educação em direitos humanos ................................................. 15
Os desafios da educação em Direitos Humanos .....................................................18
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos: 
Dimensões e Princípio .............................................................................. 20
Conhecendo as diretrizes ........................................................................................................ 20
Análise das diretrizes ....................................................................................................................23
Direitos Humanos nas Matrizes Curriculares e Projetos 
Pedagógicos do Ensino Básico do Superior .................................... 26
Os direitos humanos no ambiente educacional .......................................................26
A educação em direitos humanos na educação básica ...................................28
A educação para os direitos humanos no ensino superior ............................. 30
7
REGULAMENTAÇÃO E DIRETRIZES DOS DIREITOS 
HUMANOS NA EDUCAÇÃO
UNIDADE
02
Educação em Direitos Humanos
8
INTRODUÇÃO
Ao término desta unidade você será capaz de conhecer a 
regulamentação dos direitos humanos na legislação brasileira, analisar 
as perspectivas legais e os desafios da educação em direitos humanos, 
identificar as diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos em 
suas dimensões e princípios e analisar os direitos humanos nas matrizes 
curriculares e projetos pedagógicos do ensino básico ao superior. Isto 
será fundamental para o exercício de sua profissão. 
A compreensão e o conhecimento acerca dos aspectos legais 
que envolvem os direitos humanos em nosso país habilitará o aluno a 
reconhecer os mecanismos pelos quais se pode exigir a efetivação e 
a garantia de direitos. Veremos em detalhes alguns dos documentos 
internacionais e nacionais que compõem os marcos legais da educação 
em direitos humanos, como o Plano Nacional em Direitos Humanos. 
Analisaremos as Diretrizes Nacionais para a educação em direitos 
humanos estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação em 2012, 
assim como os princípios, dimensões e objetivos da educação em direitos 
humanos a partir dos documentos oficiais e as práticas pedagógicas nos 
processos de ensino-aprendizagem. 
Por fim, discutiremos sobre como abordar a educação em direitos 
humanos no ensino básico e no ensino superior, considerando as diretrizes 
nacionais e os documentos nacionais e internacionais que analisamos 
previamente.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste 
universo!
Educação em Direitos Humanos
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar a regulamentação dos direitos humanos na legislação 
brasileira;
2. Analisar as perspectivas legais e os desafios da educação em 
direitos humanos;
3. Identificar as diretrizes nacionais para educação em direitos 
humanos: dimensões e princípios;
4. Analisar os Direitos humanos nas matrizes curriculares e projetos 
pedagógicos do ensino básico ao superior. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Educação em Direitos Humanos
10
Regulamentação dos Direitos Humanos 
na Legislação Brasileira 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer 
a regulamentação dos direitos humanos na legislação 
brasileira. Isto será fundamental para o exercício de sua 
profissão. A compreensão e o conhecimento acerca dos 
aspectos legais que envolvem os direitos humanos em 
nosso país habilitará o aluno a reconhecer os mecanismos 
pelos quais se pode exigir a efetivação e a garantia de 
direitos, assim como identificar o que vimos na Unidade 1 a 
respeito da recepção dos tratados internacionais em nossa 
legislação. Como vimos, a educação em direitos humanos 
está diretamente ligada à discussão sobre direitos. 
Portanto, é necessário conhecer como funciona o tema em 
nosso ordenamento jurídico para um processo de ensino-
aprendizagem mais efetivo. 
Recepção dos Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos na Legislação Brasileira
Como vimos na Unidade 1, no que tange aos direitos humanos 
há inúmeros tratados internacionais que efetivam e garantem direitos 
em âmbito mundial, em especial relacionados ao Sistema ONU e em 
âmbito regional, como na Organização dos Estados Americanos. Desde 
o surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, a discussão 
sobre o Direito Internacional tem ganhado mais relevo. Hoje, inclusive, a 
jurisprudência internacional e aqueles que formulam e refletem sobre a 
garantia de direitos defendem que o direito internacional se sobrepõe ao 
direito interno. 
Educação em Direitos Humanos
11
DEFINIÇÃO:
Jurisprudência internacional é o conjunto de decisões dos 
tribunais internacionais a respeito de determinado tema, o 
que consolida a compreensão sobre decisões jurídicas em 
relação à situação em análise. 
A Constituição Brasileira de 1988 dispõe em seuartigo 5º, parágrafo 
2º que os direitos previstos na Constituição não são excludentes com 
outros que sejam incorporados por meio da assinatura de tratados por 
parte do Brasil. A Emenda Constitucional nº 45 de dezembro de 2004 
incluiu o 3º parágrafo ao artigo 5º prevendo que, no caso de tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos, caso sejam aprovados, 
em cada Casa do Congresso nacional, por 3/5 dos parlamentares, em 
dois turnos, serão equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, serão 
incorporados à Constituição. 
Em julgamento de 2008, o Supremo Tribunal Federal passou a 
compreender que os tratados que versam sobre os direitos humanos que 
podem ser considerados como normais supralegais, ou seja, estão acima 
das leis ordinárias, mas abaixo da Constituição (ressaltado o que vimos 
antes de incorporação à Constituição por meio do procedimento descrito 
no parágrafo anterior). 
SAIBA MAIS:
“O Supremo Tribunal Federal (STF) é a mais alta instância 
do Poder Judiciário do Brasil e acumula competências 
típicas de Suprema Corte (tribunal de última instância) e 
Tribunal Constitucional (que julga questões de constitu-
cionalidade independentemente de litígios concretos). 
Sua função institucional fundamental é a de servir como 
guardião da Constituição Federal de 1988, apreciando 
casos que envolvam lesão ou ameaça a esta última”. Pa-
ra saber mais sobre o STF acesse o site, disponível em: 
https://bit.ly/2p8SjxL
Educação em Direitos Humanos
https://bit.ly/2p8SjxL
12
Figura 1: Plenário do Supremo Tribunal Federal
Fonte: Wikimedia
Histórico da efetivação dos direitos 
humanos na legislação brasileira
Como vimos, foi a partir da Constituição Federal de 1988 que o Brasil 
passou a incorporar na legislação nacional os avanços com relação ao 
sistema internacional de proteção aos direitos humanos. Nesse contexto, 
o país passou a ratificar e a incorporar a legislação sobre o tema. 
Como coloca Flavia Piovesan, 
O marco inicial do processo de incorporação de tratados 
internacionais de direitos humanos pelo Direito Brasileiro foi a 
ratificação, em 1989, da Convenção contra a tortura e outros 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. A partir 
desta ratificação, inúmeros outros instrumentos internacionais 
importantes de proteção dos direitos humanos foram 
também incorporados pelo Direito Brasileiro, sob a égide da 
Constituição Federal de 1988.
Educação em Direitos Humanos
13
Assim, a partir da Carta de 1988 foram ratificados pelo 
Brasil: a) a Convenção Interamericana para prevenir e punir 
a tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Convenção sobre os 
Direitos da Criança, em 24 de setembro de 1990; c) o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro 
de 1992; d) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, em 24 de janeiro de 1992; e) a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; 
f) a Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar 
a violência contra a Mulher, em 27 de novembro de 1995. 
(PIOVESAN, 1996, on-line) 
Figura 2: Organização dos Estados Americanos (OEA)
Fonte: Wikicommons
O processo de incorporação dos tratados internacionais que versam 
sobre os direitos humanos a partir da Constituição de 1988 seguiram a 
lógica de recomposição da imagem do país após o período autoritário 
anterior, diante das acusações de violações aos direitos humanos, além 
de enquadrar o país nos avanços internacionais sobre o tema. Era também 
o início do contexto de globalização.
Educação em Direitos Humanos
14
EXEMPLO: Cabe destacarmos a convenção internacional sobre 
os direitos das pessoas com deficiência e o seu protocolo facultativo 
de 2007. A convenção é um exemplo de incorporação de um tratado 
internacional de direitos humanos ao ordenamento jurídico brasileiro com 
status de emenda constitucional. Após a incorporação do tratado, uma 
série de medidas oficiais tem sido tomada em prol do reconhecimento e 
da garantia dos direitos das pessoas com deficiência. 
RESUMINDO:
No que tange aos direitos humanos, há inúmeros tratados 
internacionais que efetivam e garantem direitos em âmbito 
mundial, em especial relacionados ao Sistema ONU e 
em âmbito regional, como na Organização dos Estados 
Americanos. A Emenda Constitucional nº 45 de dezembro 
de 2004 incluiu o 3º parágrafo ao artigo 5º prevendo que 
no caso de tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos, caso sejam aprovados em cada casa do 
Congresso Nacional, por 3/5 dos parlamentares e em dois 
turnos, serão equivalentes às emendas constitucionais, 
ou seja, serão incorporados à Constituição. O processo 
de incorporação dos tratados internacionais que versam 
sobre os direitos humanos a partir da Constituição de 1988 
seguiram a lógica de recomposição da imagem do país 
após o período autoritário anterior, diante das acusações de 
violações aos direitos humanos, além de enquadrar o país 
nos avanços internacionais sobre o tema.
Educação em Direitos Humanos
15
Perspectivas Legais e os Desafios da 
Educação em Direitos Humanos
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de analisar as 
perspectivas legais e os desafios da educação em direitos 
humanos. Veremos em detalhes alguns dos documentos 
internacionais e nacionais que compõem os marcos legais 
da educação em direitos humanos, como o Plano Nacional 
em Direitos Humanos. Em seguida, discutiremos alguns 
dos desafios que a área ainda apresenta. 
Marcos legais da educação em direitos 
humanos
Como vimos na unidade 1, em termos de marco legal, a educação 
em direitos humanos está diretamente relacionada a dois documentos: 
O Programa Mundial para a educação em direitos humanos, da ONU e o 
Plano Nacional em Direitos Humanos, do governo brasileiro em parceria 
com organizações da sociedade civil. 
Com relação ao Programa Mundial da ONU, sua redação final foi 
produto da “Década das Nações Unidas para a Educação em matéria 
de direitos humanos” (1995-2004). O Programa prevê algumas etapas 
para a sua implementação, divididas em quatro anos por etapa, com 
foco em diferentes níveis da educação formal e formação de servidores 
e profissionais: ensino básico e ensino médio, superior e formação de 
servidores, além dos profissionais de mídia e comunicação (etapa atual).
A “Década das Nações Unidas para a educação em matéria 
de direitos humanos” basear-se-á nas disposições dos instrumentos 
internacionais de direitos humanos, particularmente nas disposições que 
abordam a educação em matéria de direitos humanos, incluindo o artigo 
26.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, o artigo 13.º do 
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o 
Educação em Direitos Humanos
16
artigo 29.º da Convenção sobre os Direitos da Criança, o artigo 10.º da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Mulheres, o artigo 7.º da Convenção Internacional sobre a 
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, os parágrafos 
33 e 34 da Declaração de Viena e os parágrafos 78 a 82 do seu Programa 
de Ação. 
Em conformidade com estas disposições e para os efeitos da 
década, a educação em matéria de direitos humanos será definida como 
os esforços de formação, divulgação e informação destinados a construir 
uma cultura universal de direitos humanos através da transmissão de 
conhecimentos e competências e da modelação de atitudes, com vista a:
1. Reforçar o respeito pelos direitos humanos e liberdades funda-
mentais e desenvolver plenamente a personalidade humana e o 
sentido da sua dignidade.
2. Promover a compreensão, a tolerância, a igualdade entre os sexos 
e a amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos 
raciais, nacionais, étnicos, religiosos e linguísticos.
3. Possibilitar a participação efetiva de todas as pessoas numa 
sociedade livre.
4. Promover as atividades das Nações Unidas em prolda manutenção 
da paz. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre A Década das Nações Unidas em 
Matéria de Direitos Humanos, acesse: https://bit.ly/2Yvy49K. 
Com relação ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos 
(PNEDH), como já vimos, é importante lembrar que esse está dividido em 
cinco eixos principais: educação não formal, educação dos profissionais 
do sistema de justiça e os do sistema de segurança, educação e mídia, 
educação básica e educação superior. O Conselho Nacional de Educação 
aprovou, em 2012, o documento conhecido como Diretrizes Nacionais 
Educação em Direitos Humanos
https://bit.ly/2Yvy49K
17
para a Educação em Direitos Humanos, que versa sobre os parâmetros 
oficiais para a área. Dentre as questões levantadas no documento, estão 
algumas reflexões sobre o que podemos compreender como o escopo 
de uma formação em educação em direitos humanos:
A educação em Direitos Humanos tem por escopo principal 
uma formação ética, crítica e política. A primeira se refere à 
formação de atitudes orientadas por valores humanizadores, 
como a dignidade da pessoa, a liberdade, a igualdade, a 
justiça, a paz, a reciprocidade entre povos e culturas, servindo 
de parâmetro ético-político para a reflexão dos modos de ser 
e agir individual, coletivo e institucional. 
A formação crítica diz respeito ao exercício de juízos reflexivos 
sobre as relações entre os contextos sociais, culturais, 
econômicos e políticos, promovendo práticas institucionais 
coerentes com os Direitos Humanos. 
A formação política deve estar pautada numa perspectiva 
emancipatória e transformadora dos sujeitos de direitos. 
Sob esta perspectiva promover-se-á o empoderamento 
de grupos e indivíduos, situados à margem de processos 
decisórios e de construção de direitos, favorecendo a sua 
organização e participação na sociedade civil. Vale lembrar 
que estes aspectos tornam-se possíveis por meio do diálogo 
e aproximações entre sujeitos biopsicossociais, históricos e 
culturais diferentes, bem como destes em suas relações com 
o Estado. 
Uma formação ética, critica e política (in)forma os sentidos da 
EDH na sua aspiração de ser parte fundamental da formação 
de sujeitos e grupos de direitos, requisito básico para a 
construção de uma sociedade que articule dialeticamente 
igualdade e diferença. (BRASIL, 2012) 
Educação em Direitos Humanos
18
Os desafios da educação em Direitos 
Humanos
Como previsto nos planos de educação em direitos humanos, tanto 
em âmbito internacional quanto nacional, um dos principais desafios da 
educação em direitos humanos diz respeito à integração entre os esforços 
empreendidos em âmbito da educação formal e também da educação 
não formal. O esforço dos espaços formais de educação, como as escolas, 
as universidades e institutos de educação, deve ser acompanhado pelo 
trabalho das organizações da sociedade civil, como movimentos sociais, 
ONGs e empresas. Em ambos os casos, é importante que a educação 
em direitos humanos transcenda o currículo formal das instituições, se 
colocando de forma transversal. 
Como vimos na unidade 1, um dos enfoques para a educação 
em direitos humanos é a educação para a cidadania, ou seja, para uma 
formação que possibilite a inserção plena dos seres humanos no convívio 
social, considerando todas as dimensões (cultural, social, afetiva, entre 
outras) dentro de um compromisso ético. Para isso, pressupõe um 
processo de ensino-aprendizagem participativo, com o aluno no centro, 
como sujeito ativo e pleno, tomando-se em conta as diferentes vivências 
e realidades. 
Para que todo o processo se estabeleça de forma plena, a formação 
dos professores para trabalhar com o tema da educação em direitos 
humanos é fundamental. Em primeiro lugar, a formação deve considerar 
que o tema direitos humanos não constitui uma disciplina e um tópico 
em si. Ele atravessa o processo de ensino-aprendizagem como tema 
transversal. Para isso, os professores devem ser capazes de compreender 
o que são os direitos humanos, seu histórico, sua inserção internacional 
e nacional. Deve ser considerada a formação para trabalhar o processo 
de ensino-aprendizagem com metodologias ativas, dentro dos cursos 
de licenciatura e de pós-graduação. Por fim, sobre a formação, devemos 
lembrar a importância da formação continuada dos professores.
Educação em Direitos Humanos
19
Figura 3: Alunos do ensino básico
Fonte: Pixabay
RESUMINDO:
Em termos de marco legal, a educação em direitos humanos 
está diretamente relacionada a dois documentos que já 
vimos na unidade 1: O Programa Mundial para a Educação 
em Direitos Humanos da ONU e o Plano Nacional em 
Direitos Humanos, do governo brasileiro em parceria com 
organizações da sociedade civil. Com relação ao Programa 
Mundial da ONU, sua redação final foi produto da “Década 
das Nações Unidas para a Educação em matéria de direitos 
humanos” (1995-2004). Com relação ao Plano Nacional de 
Educação em Direitos Humanos, como vimos, é importante 
lembrar que este está dividido em cinco eixos principais: 
Educação não formal, educação dos profissionais do 
sistema de justiça, do sistema de segurança, educação e 
mídia, educação básica e educação superior. Como previsto 
nos planos de educação em direitos humanos tanto em 
âmbito internacional quanto nacional, um dos principais 
desafios da educação em direitos humanos diz respeito à 
integração entre os esforços empreendidos no âmbito da 
educação formal e também da educação não formal.
Educação em Direitos Humanos
20
Diretrizes Nacionais para a Educação em 
Direitos Humanos: Dimensões e Princípio
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo identificaremos as diretrizes nacionais para 
a educação em direitos humanos em suas dimensões e 
princípios. Para isso, analisaremos as diretrizes nacionais 
para a educação em direitos humanos estabelecidas pelo 
Conselho Nacional de Educação em 2012. Analisaremos os 
princípios, dimensões e objetivos da educação em direitos 
humanos a partir dos documentos oficiais e das práticas 
pedagógicas nos processos de ensino-aprendizagem.
Conhecendo as diretrizes
Em 2012, o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as 
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Logo em seu 
início, o documento estabelece que as diretrizes seguem o disposto em 
documentos aprovados internacional e nacionalmente, conforme vimos 
nos capítulos anteriores:
Considerando o que dispõe a Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos de 1948, a Declaração das Nações Unidas so-
bre a educação e formação em Direitos Humanos (Resolução 
A/66/137/2011), a Constituição Federal de 1988; a Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996); o 
Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH 
2005/2014), Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-
3/Decreto nº 7.037/2009); o Plano Nacional de Educação em 
Direitos Humanos (PNEDH/2006), as diretrizes nacionais ema-
nadas pelo Conselho Nacional de Educação, bem como ou-
tros documentos nacionais e internacionais que visem asse-
gurar o direito a educação a todos/as [...]. (BRASIL, 2012) 
Educação em Direitos Humanos
21
Assim, vemos que as diretrizes estão alinhadas diretamente a 
documentos que analisamos anteriormente em nosso curso, como 
o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos e o Programa 
Nacional de Educação em Direitos Humanos. Além disso, considera o 
que dispõem os tratados internacionais sobre os direitos e garantias a 
respeito dos direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948. 
Nos artigos do documento, o Conselho Nacional de Educação 
(CNE) estabeleceu as diretrizes a serem seguidas pelos sistemas de 
ensino e suas instituições no que se refere à educação em direitos 
humanos. O documento, em seu artigo 2º, compreende educação em 
direitos humanos como o “uso de concepções e práticas educativas 
fundamentadas nos direitos humanos e em seus processos de promoção,proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos, de 
direitos e de responsabilidades individuais e coletivas”. No mesmo 
artigo, o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu que todos 
os envolvidos no processo educacional devem adotar os princípios da 
educação em direitos humanos.
Como fundamentos da educação em direitos humanos, o Conselho 
Nacional de Educação (CNE) estabelece, no art. 3º do documento, o 
seguinte: 
1. Dignidade humana;
2. Igualdade de direitos;
3. Reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades;
4. Laicidade do Estado;
5. Democracia na educação;
6. Transversalidade, vivência e globalidade e
7. Sustentabilidade socioambiental.
Como objetivo central da educação em direitos humanos, o 
documento apresenta em seu artigo 5º que: 
Educação em Direitos Humanos
22
A Educação em Direitos Humanos tem como objetivo central 
a formação para a vida e para a convivência, no exercício 
cotidiano dos Direitos Humanos como forma de vida e de 
organização social, política, econômica e cultural nos níveis 
regionais, nacionais e planetário.
§ 1º Este objetivo deverá orientar os sistemas de ensino 
e suas instituições no que se refere ao planejamento e 
ao desenvolvimento de ações de Educação em Direitos 
Humanos adequadas às necessidades, às características 
biopsicossociais e culturais dos diferentes sujeitos e seus 
contextos.
§ 2º Os Conselhos de Educação definirão estratégias de 
acompanhamento das ações de Educação em Direitos 
Humanos. (BRASIL, 2012) 
Por fim, a respeito das dimensões às quais a educação em direitos 
humanos se articula, o documento estabelece em seu artigo 4º que: 
A educação em direitos humanos como processo sistemático 
e multidimensional, orientador da formação integral dos 
sujeitos de direitos, articula-se às seguintes dimensões:
I - apreensão de conhecimentos historicamente construídos 
sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos 
internacional, nacional e local;
II - afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que 
expressem a cultura dos direitos humanos em todos os 
espaços da sociedade;
III - formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer 
presente em níveis cognitivo, social, cultural e político;
IV - desenvolvimento de processos metodológicos 
participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens 
e materiais didáticos contextualizados e o 
V - fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem 
ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e 
Educação em Direitos Humanos
23
da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das 
diferentes formas de violação de direitos. (BRASIL, 2012) 
Figura 4: Ministério da Educação
Fonte: Wikicommons
Análise das diretrizes
No processo de redação das diretrizes nacionais para o ensino em 
direitos humanos foram realizadas reuniões do Conselho Nacional de 
Educação (CNE), de comissões, mas também encontros com especialistas 
no tema, a fim de envolver a sociedade civil organizada na elaboração. As 
diretrizes levaram em conta uma compreensão da educação em direitos 
humanos a partir de determinados fundamentos, princípios e objetivos. 
Com relação aos fundamentos, o documento parte do pressuposto 
que a universalização da educação básica e a democratização do acesso 
ao ensino superior na última década trouxeram desafios específicos. A 
maior inclusão traz diretamente o desafio de lidar com a diversidade dos 
alunos. Assim, faz-se necessária a elaboração de estratégias para lidar com 
a realidade de uma nova organização escolar que demanda metodologias 
de ensino-aprendizagem diferenciadas, além de uma instituição em si 
voltada para a superação de desigualdades. Para isso, são considerados 
uma série de valores e práticas que embasam a atuação na área. 
Educação em Direitos Humanos
24
A necessidade de uma educação crítica, ética e com compreensão 
política está diretamente relacionada a isso. Ética na compreensão sobre 
uma inserção dos indivíduos em uma sociedade mais humanizada, com 
princípios de dignidade, igualdade e justiça, por exemplo. Crítica por 
estimular a reflexão sobre a realidade em seu entorno, pensando a partir 
dos direitos humanos. Compreensão política por habilitar a participação 
plena dos indivíduos politicamente na sociedade. 
No que se refere aos princípios, a educação em direitos humanos, 
com finalidade de promover a educação para a mudança e a transformação 
social, fundamenta-se nos seguintes princípios:
· Dignidade humana: Relacionada a uma concepção de 
existência humana fundada em direitos;
· Igualdade de direitos: O respeito à dignidade humana, 
devendo existir em qualquer tempo e lugar, diz respeito à 
necessária condição de igualdade na orientação das relações 
entre os seres humanos;
· Reconhecimento e valorização das diferenças e das 
diversidades: Esse princípio se refere ao enfrentamento dos 
preconceitos e das discriminações, garantindo que diferenças 
não sejam transformadas em desigualdades;
· Laicidade do Estado: Esse princípio se constitui em pré-
condição para a liberdade de crença garantida pela Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e pela Constituição 
Federal Brasileira de 1988;
· Democracia na educação: Direitos Humanos e democracia 
alicerçam-se sobre a mesma base - liberdade, igualdade e 
solidariedade - expressando-se no reconhecimento e na 
promoção dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos, 
culturais e ambientais;
· Transversalidade, vivência e globalidade: Os Direitos 
Humanos se caracterizam pelo seu caráter transversal e, por 
isso, devem ser trabalhados a partir do diálogo interdisciplinar;
Educação em Direitos Humanos
25
· Sustentabilidade socioambiental: A EDH deve estimular o 
respeito ao espaço público como bem coletivo e de utilização 
democrática de todos/as. (BRASIL, 2012)
Por fim, com relação aos objetivos, o documento define que 
O objetivo da Educação em Direitos Humanos é que a pessoa 
e/ou grupo social se reconheça como sujeito de direitos, 
assim como seja capaz de exercê-los e promovê-los ao 
mesmo tempo em que reconheça e respeite os direitos do 
outro. (BRASIL, 2012)
Sendo assim, a educação em direitos humanos deve buscar 
estabelecer a ética nas relações interpessoais em uma formação para a 
vida e para a convivência em sociedade, tendo os direitos humanos como 
guia para a organização social, política, cultural e econômica. 
RESUMINDO:
Em 2012 o Conselho Nacional de Educação (CNE) 
estabeleceu as “Diretrizes Nacionais para a Educação 
em Direitos Humanos”. Logo em seu início, o documento 
estabelece que as diretrizes seguem o disposto em 
documentos aprovados internacional e nacionalmente, 
conforme vimos nos capítulos anteriores. Vemos que as 
diretrizes estão alinhadas diretamente à documentos 
que analisamos anteriormente em nosso curso, como o 
Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos e o 
Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos. Nos 
artigos do documento, o Conselho Nacional de Educação 
(CNE) estabeleceu as diretrizes a serem seguidas pelos 
sistemas de ensino e suas instituições no que se refere 
à educação em direitos humanos. As diretrizes levaram 
em conta uma compreensão da educação em direitos 
humanos a partir de determinados fundamentos, princípios 
e objetivos. 
Educação em Direitos Humanos
26
Direitos Humanos nas Matrizes Curriculares 
e Projetos Pedagógicos do Ensino Básico do 
Superior
INTRODUÇÃO:
Neste capítulo iremos analisar os direitos humanos nas 
matrizes curriculares e projetos pedagógicos do ensino 
básico ao superior. Para isso, refletiremos inicialmente 
sobre a abordagem da temática dos direitos humanos 
nos espaços conhecidos como ambiente educacional. 
Em seguida, discutiremos como abordar a educação em 
direitos humanos no ensino básico e no ensino superior, 
considerando as diretrizes nacionais e os documentos 
nacionais e internacionais que analisamospreviamente.
Os direitos humanos no ambiente educacional
Quando tratamos do processo de ensino-aprendizagem é importante 
levarmos em consideração que estamos tratando de um processo que se 
estabelece em lugares e tempos diferentes, em contextos de diversidade 
de vivências, seja na própria escola, seja na família ou na sociedade em 
geral. Essa diversidade de experiências e vivências é propícia para a 
educação em direitos humanos, por viabilizar contextos com experiências 
diversificadas sobre o mundo. Para isso, é necessário que o contexto de 
ensino-aprendizagem se dê para além do meio físico da instituição de 
ensino e envolva as demais interações de alunos e professores com o 
mundo e a sociedade. 
Um ambiente educacional capaz de promover os direitos humanos 
deve levar em consideração o respeito às diferenças, garantindo um 
processo de ensino-aprendizagem inclusivo, com práticas democráticas, 
sem preconceitos, discriminações e qualquer tipo de violência. Conforme 
vimos na unidade anterior, a educação para os direitos humanos se pauta 
em princípios que garantem práticas que respeitam a dignidade humana. 
Esse respeito se dá na interação entre o que é pessoal e o que é coletivo 
Educação em Direitos Humanos
27
de forma a respeitar subjetividades e vivências entre os humanos, o meio 
ambiente e as questões sociais no entorno das instituições de ensino.
Figura 5: Aluna da rede pública de ensino
Fonte: Pixabay
Portanto, as instituições de ensino devem favorecer diferentes 
visões de mundo no ambiente escolar e, para além dele, garantir o contato 
das diferenças com o ambiente educacional, levando em consideração os 
extramuros da instituição. Assim, espera-se que alunos com capacidade 
de reflexão crítica compreendam como pleitear e garantir direitos dentro 
da concepção dos direitos humanos. 
As diretrizes para a educação em direitos humanos estabelecem 
em seus artigos 6º e 7º que: 
Art. 6º A educação em Direitos Humanos, de modo transversal, 
deverá ser considerada na construção dos Projetos Políticos 
Pedagógicos (PPP); dos Regimentos Escolares, dos Planos 
de Desenvolvimento Institucionais (PDI); dos Programas 
Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições de Ensino 
Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo 
de ensino, pesquisa e extensão; de gestão; bem como dos 
diferentes processos de avaliação.
Educação em Direitos Humanos
28
Art. 7º A inserção dos conhecimentos concernentes a 
educação em direitos humanos na organização dos currículos 
da Educação Básica e da Educação Superior poderá ocorrer 
das seguintes formas:
I - pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos 
Direitos Humanos e tratados interdisciplinarmente;
II - como um conteúdo específico de uma das disciplinas já 
existentes no currículo escolar;
III - de maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e 
disciplinaridade.
Parágrafo único. Outras formas de inserção da educação em 
Direitos Humanos poderão ainda ser admitidas na organização 
curricular das instituições educativas desde que observadas 
as especificidades dos níveis e modalidades da Educação 
Nacional. (BRASIL, 2012)
Veremos nos próximos capítulos como se dá a educação em 
direitos humanos na educação básica e no ensino superior. 
A educação em direitos humanos na 
educação básica 
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos prevê em 
seus princípios para a educação básica as seguintes propostas: 
 • A educação em direitos humanos além de ser um dos eixos 
fundamentais da educação básica, deve orientar a formação inicial 
e continuada dos profissionais da educação, a elaboração do 
projeto político pedagógico, os materiais didático-pedagógicos, o 
modelo de gestão e a avaliação das aprendizagens.
 • A prática escolar deve ser orientada para a educação em direitos 
humanos, assegurando o seu caráter transversal e a relação 
dialógica entre os diversos atores sociais.
Educação em Direitos Humanos
29
 • Os estudantes devem ser estimulados para que sejam protagonis-
tas da construção de sua educação, com o incentivo, por exem-
plo, do fortalecimento de sua organização estudantil em grêmios 
escolares e em outros espaços de participação coletiva.
 • Participação da comunidade educativa na construção e efetivação 
das ações da educação em direitos humanos.
Além disso, o plano chama a atenção para a centralidade de haver 
um Projeto Político Pedagógico (PPP) conectado aos princípios, objetivos 
e fundamentos da Educação em direitos humanos, perpassando as ações 
do currículo de forma transversal e trazendo os temas gerais dos direitos 
humanos para a realidade dos alunos. Desse modo, são incorporadas 
as vivências e conhecimentos, ampliando a participação e a busca de 
direitos e deveres em sociedade. Para isso, o Plano clama pelo respeito 
às diferentes fases de desenvolvimento do ser humano, ressaltando o 
respeito à individualidade de cada um. 
Na educação básica, o trabalho a respeito da educação em direitos 
humanos tem o espaço propício para ser desenvolvido, uma vez que diz 
respeito à formação humana desde a infância. No processo de socialização 
das crianças, as interações de ensino-aprendizagem já podem, desde o 
início, levar em conta os princípios, fundamentos e objetivos da educação 
em direitos humanos. Isso também se aplica a outras modalidades de 
ensino, como na educação de jovens e adultos, a educação indígena, 
quilombola, no campo e outras dimensões, considerando também 
pessoas que não tiveram oportunidade de acesso à educação na idade 
adequada. É especialmente importante o exercício da educação para 
os direitos humanos enquanto formação para a cidadania nesta etapa, 
possibilitando desde o princípio do processo formal de educação a 
concepção de direitos e deveres.
O Plano Nacional de Educação em direitos humanos compreende 
a escola como: 
Um espaço social privilegiado onde se definem a ação 
institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos 
humanos. [...] local de estruturação de concepções de mundo 
Educação em Direitos Humanos
30
e de consciência social, de circulação e de consolidação de 
valores, de promoção da diversidade cultural, da formação 
para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de 
desenvolvimento de práticas pedagógicas. (BRASIL, 2018, p. 23)
Nesse sentido, uma escola de fato capaz de democratizar as 
relações sociais deve ter o objetivo de formação de indivíduos capazes de 
serem atores sociais plenos. Para isso, é parte integrante da educação em 
direitos humanos nessa etapa a compreensão de conteúdos que levem 
à reflexão sobre a evolução histórica, a construção, as contradições, 
as conquistas e os reveses com relação aos direitos em sociedade, 
favorecendo uma visão ética de mundo, integrada ao meio ambiente de 
forma sustentável.
A educação para os direitos humanos no 
ensino superior
Nas diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos, que 
começamos a analisar no início desta unidade, alguns artigos são voltados 
para a pesquisa e formação de professores, além do ensino superior em 
si. São eles:
Art. 8º A educação em Direitos Humanos deverá orientar a 
formação inicial e continuada de todos/as os/as profissionais 
da educação, sendo componente curricular obrigatório nos 
cursos destinados a esses profissionais.
Art. 9º A educação em Direitos Humanos deverá estar 
presente na formação inicial e continuada de todos/as os/as 
profissionais das diferentes áreas do conhecimento.
Art. 10. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa 
deverão fomentar e divulgar estudos e experiências bem 
sucedidas realizados na área dos Direitos Humanos e da 
educação em Direitos Humanos.
Art. 11. Os sistemas de ensino deverão criar políticas de 
produção de materiais didáticos e paradidáticos, tendo como 
Educação em Direitos Humanos
31
princípios orientadores os Direitos Humanos e por extensão, a 
educação emDireitos Humanos.
Art. 12. As instituições de ensino superior estimularão ações de 
extensão voltadas para a promoção de direitos humanos, em 
diálogo com os segmentos sociais em situação de exclusão 
social e violação de direitos, assim como os movimentos 
sociais e a gestão pública. (BRASIL, 2018)
Todos os documentos nacionais e internacionais que já analisamos 
nesse curso enfatizam a responsabilidade das instituições de ensino 
superior (IES) com relação à educação em direitos humanos. Além da 
obrigação direta da formação, inclusive de professores, as IES geram 
pesquisas e conhecimentos que impactam diretamente a garantia de 
direitos e a reflexão sobre os direitos humanos em si. 
Figura 6: Campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Fonte: Wikicommons
As Instituições de Ensino Superior (IES) possuem responsabilidade 
fundamental na busca pela construção de uma sociedade mais justa, 
princípio fundamental dos direitos humanos. Para isso, a educação em 
direitos humanos deve ser considerada de forma transversal nas IES, 
Educação em Direitos Humanos
32
englobando as diferentes vertentes da universidade, como a pesquisa, a 
gestão, a extensão e o ensino. Diretamente no ensino, os direitos humanos 
podem ser incluídos como disciplinas do currículo regular ou ainda, como 
atividades extras. 
A pesquisa pode pautar o avanço do conhecimento que gere 
desenvolvimento sustentável e ainda ser objeto em si de reflexão e análise. Para 
além disso, é necessário o incentivo a esta reflexão específica sobre os direitos 
humanos por meio de financiamento e estruturação de grupos e núcleos de 
estudos, assim como a organização de núcleos de memória sobre a instituição 
e o avanço do conhecimento na área. Na extensão, a aproximação das IES com 
a sociedade em geral deve ser pautada pelos princípios dos direitos humanos, 
especialmente lidando com setores mais vulneráveis da sociedade. Cabe, 
ainda, às Instituições de Ensino Superior (IES) apoiar as demais instituições da 
sociedade na promoção dos direitos humanos. 
RESUMINDO:
Um ambiente educacional capaz de promover os direitos 
humanos deve levar em consideração o respeito às diferenças, 
garantindo um processo de ensino-aprendizagem inclusivo, 
com práticas democráticas, sem preconceitos, discriminações 
e qualquer tipo de violência. O Plano Nacional de Educação 
em Direitos Humanos chama a atenção para a centralidade 
de se ter um Projeto Político Pedagógico conectado aos 
princípios, objetivos e fundamentos da educação em direitos 
humanos, perpassando as ações do currículo de forma 
transversal, trazendo os temas gerais dos direitos humanos 
para a realidade dos alunos e, assim, incorporando vivências e 
conhecimentos, ampliando a participação e a busca de direitos 
e deveres em sociedade. Todos os documentos nacionais 
e internacionais que já analisamos nesse curso enfatizam a 
responsabilidade das Instituições de Ensino Superior (IES) com 
relação à educação em direitos humanos. Além da obrigação 
direta da formação, inclusive de professores, as Instituições de 
Ensino Superior (IES) geram pesquisas e conhecimentos que 
impactam diretamente na garantia de direitos e na reflexão 
sobre os direitos humanos em si. 
Educação em Direitos Humanos
33
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parecer sobre as Diretrizes Nacionais para a Educação 
em Direitos Humanos. Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 
30/5/2012, Seção 1, 2012. 
BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 
Ministério dos Direitos Humanos. Brasília, 2018. Disponível em: https://
www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-
humanos/DIAGRMAOPNEDH.pdf. Acesso em: 7 abr. 2021.
DIREITOS HUMANOS. – 4. ed. – Brasília: Senado Federal, Coordenação 
de Edições Técnicas, 2013. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/
bdsf/bitstream/handle/id/508144/000992124.pdf?sequence=1. Acesso 
em: 10 maio 2019. 
PIOVESAN, F. A constituição de 1988 e os tratados internacionais 
de proteção dos direitos humanos. Centro de Estudos da Procuradoria 
Geral do Estado de São Paulo, 1996. Disponível em:http://www.pge.
sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista3/rev6.htm. Acesso em: 
10 maio 2019. 
TRINDADE, A. A. C.  Dilemas e desafios da Proteção Internacional 
dos Direitos Humanos no limiar do século XXI.  Revista Brasileira de 
Política Internacional, vol. 40, n. 1, Brasília: Primeira Instância, jan./
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Educação em Direitos Humanos
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	Regulamentação dos Direitos Humanos na Legislação Brasileira 
	Recepção dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos na Legislação Brasileira
	Histórico da efetivação dos direitos humanos na legislação brasileira
	Perspectivas Legais e os Desafios da Educação em Direitos Humanos
	Marcos legais da educação em direitos humanos
	Os desafios da educação em Direitos Humanos
	Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos: Dimensões e Princípio
	Conhecendo as diretrizes
	Análise das diretrizes
	Direitos Humanos nas Matrizes Curriculares e Projetos Pedagógicos do Ensino Básico do Superior
	Os direitos humanos no ambiente educacional
	A educação em direitos humanos na educação básica 
	A educação para os direitos humanos no ensino superior