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64 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Inteligência artificial: aliada ou inimiga Jennifer Amanda Sobral da Silva1 Carlos Henrique Passos Mairink2 Como citar Resumo: o presente trabalho apresenta conteúdo quanto ao uso da Inteligência Artificial no âmbito jurídico. Nele podemos identificar aspectos positivos e negativos do uso dessa tecnologia no Direito, tanto no ramo advocatício quanto também no judiciário; em que sua utilização já começa a ser cada vez mais intensificada. Também verificamos como os grandes escritórios estão se adequando a esta tecnologia, em que o trabalho repetitivo já está sendo reconduzido as I.A. Desta forma, podendo comparar a eficiência do trabalho jurídico antes e depois do surgimento desta inovação. Se esta inteligência artificial pode influenciar o mercado advocatício, se deve ser implantada tão fortemente nos setores jurídicos, e que bens ou males isso traria para a advocacia futura. Parte-se da ideia de que a tecnologia bem utilizada traz consequência benéficas quanto ao seu uso em diversas áreas, pois a inteligência artificial pode gerar facilidade e agilidade em altas demandas. Sendo assim, sua utilização no meio jurídico pode oferecer eficiência na realização de todas as tarefas a que for capacitada. Palavras-chave: inteligência artificial; Direito; tecnologia. Intelligenza artificiale: alleata o nemica Sommario: questo documento presenta contenuti riguardanti l'uso dell'intelligenza artificiale in campo legale. In esso possiamo identificare gli aspetti positivi e negativi dell'uso di questa tecnologia nella legge, sia in campo legale che giudiziario; in cui il suo uso sta iniziando a intensificarsi. Analizziamo anche come i grandi uffici si stanno adattando a questa tecnologia, dove l' IA sta già svolgendo lavori ripetitivi. Pertanto, saremo in grado di confrontare l'efficienza del lavoro legale prima e dopo l'emergere di questa innovazione. Se questa intelligenza artificiale può influenzare il mercato legale, se dovrebbe essere impiegata così fortemente nei settori legali, e 1 Aluna 9º período Direito – FAMIG. Contato: jenniferamanda97@icloud.com 2 Doutorando pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre pela Faculdade de Direito Milton Campos. Especialista pelo Centro Universitário Newton Paiva. Advogado e Professor da Faculdade Minas Gerais – Famig. passosmairink@gmail.com passosmairink@gmail.com SILVA, J. A. S.; MAIRINK, C. H. P. Inteligência artificial: aliada ou inimiga. LIBERTAS: Rev. Ciênci. Soc. Apl., Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p. 64-85, ago./dez. 2019. Comentado [IV1]: O texto apresenta uma análise detalhada sobre a aplicação da inteligência artificial no campo jurídico, adotando uma abordagem objetiva e imparcial. Por meio de exemplos e dados concretos, explora os benefícios da IA na otimização do tempo e na qualidade do trabalho dos profissionais do direito, destacando como grandes escritórios estão incorporando essas ferramentas para lidar com a sobrecarga de processos. Além disso, discute as vantagens, desvantagens e riscos associados à utilização da IA, concluindo que os benefícios superam as preocupações, especialmente quando os profissionais se capacitam para essa nova realidade. O texto enfatiza que a inteligência artificial é uma aliada para os advogados, facilitando a realização de tarefas repetitivas e permitindo que eles se concentrem em atividades de maior valor agregado, como o contato com o cliente. Por fim, ressalta que a implementação da IA no direito não apenas agiliza os processos, mas também melhora a eficiência e qualidade do serviço prestado. Comentado [IV2]: O texto analisa o uso da Inteligência Artificial no campo jurídico, destacando seus aspectos positivos e negativos, especialmente no trabalho advocatício e judiciário. Questiona-se sobre o impacto dessa tecnologia no mercado da advocacia e se sua implementação intensiva é necessária. O ponto de vista adotado parece ser neutro, buscando equilibrar os benefícios da eficiência com os desafios sociais e profissionais. Em suma, o texto oferece uma reflexão ponderada sobre a IA no direito, enfatizando a importância de considerar todas as implicações dessa mudança tecnológica. mailto:jenniferamanda97@icloud.com mailto:passosmairink@gmail.com mailto:passosmairink@gmail.com 65 Inteligência artificial: aliada ou inimiga quali beni o mali porterebbe a una futura difesa. L'idea è che la tecnologia ben utilizzata abbia conseguenze benefiche per il suo utilizzo in diverse aree, poiché l'intelligenza artificiale può generare facilità e agilità nelle elevate esigenze. Pertanto, il suo utilizzo nell'ambiente legale può generare efficienza nell'esecuzione di tutte le attività per le quali è qualificato. Keywords: intelligenza artificiale; Legge; tecnologia. 1 INTRODUÇÃO Reconhecidamente, ou não, estamos na era da tecnologia e isso implica que, em algum momento do nosso cotidiano, cada simples tarefa será possibilitada ao uso de ferramentas inteligentes que facilitarão a sua realização de forma rápida e eficiente. Como veremos no desenvolvimento do trabalho, já estamos cada vez mais imersos e dependentes da tecnologia; e não poderia ser diferente para o Direito, uma das ciências mais antigas do homem, que este também viesse sofrendo modificações e adequações para essa nova realidade: A imersão no uso da inteligência artificial. A Inteligência artificial, resumidamente, é a possibilidade de uma máquina, através de algoritmos, possuir capacidade cognitiva semelhantes ao de um ser humano; com isso pode realizar atividades que antes apenas o homem era capaz. Aplicado ao direito, pode desempenhar todo o trabalho repetitivo e maçante de forma ininterrupta, economizando tempo. Como toda revolução industrial que aconteceu até hoje na história da humanidade trouxe não apenas benefícios, como também algumas consequências negativas em alguns aspectos; o questionamento que fica, voltado à área jurídica, é: quais seriam os impactos com o uso da inteligência artificial para o ramo do direito? A área do direito no Brasil vem apresentando certa resistência para a implementação da tecnologia de inteligência artificial, em que negam a utilização dela no meio jurídico, com escopo nas revoluções industriais anteriores; o receio de que as mesmas consequências negativas que ocorreram, possam novamente se repetir. Nesse contexto, a proposta desse trabalho é apresentar o conceito, uma visão mais esclarecedora sobre como funciona, como poderá beneficiar o profissional do direito e, desta forma, identificar se seu uso pode gerar consequências ruins. Comentado [IV3]: O texto apresenta uma discussão pertinente sobre o papel da inteligência artificial no Direito, abordando tanto seus potenciais benefícios quanto as preocupações associadas à sua implementação. Ao explorar esses aspectos, o texto oferece uma visão abrangente do tema e estabelece uma base sólida para uma análise mais aprofundada sobre o assunto. A estrutura de pesquisa parece ser sólida e bem pensada, proporcionando uma base firme para a investigação sobre o uso da inteligência artificial no campo jurídico. Comentado [IV4]: Introdução à Era da Tecnologia: O texto começa reconhecendo que vivemos na era da tecnologia, onde tarefas cotidianas podem ser facilitadas por ferramentas inteligentes. Isso estabelece o contexto para a discussão sobre o papel da inteligência artificial no Direito. Comentado [IV5]: Definição de Inteligência Artificial: O texto oferece uma definição breve e clara de inteligência artificial como a capacidade de máquinas executarem tarefas cognitivas semelhantes às humanas, utilizando algoritmos. Esse entendimento básico é fundamental para compreender os argumentos subsequentes. Comentado [IV6]: Benefícios da IA no Direito: Destaca-se que a inteligência artificial pode automatizar tarefas repetitivase tediosas no campo jurídico, economizando tempo e recursos para os profissionais do Direito. Isso sugere que a IA pode melhorar a eficiência e a produtividade no setor. Comentado [IV7]: Análise dos Impactos: O texto aborda o debate em torno dos impactos da IA no Direito. Apesar dos benefícios potenciais, menciona-se a resistência de alguns no setor jurídico em adotar a tecnologia, baseada em preocupações sobre as consequências negativas que podem surgir, semelhantes às revoluções industriais anteriores. Comentado [IV8]: Proposta do Trabalho: Finalmente, o texto propõe uma abordagem mais esclarecedora para entender como a IA funciona, como pode beneficiar os profissionais do Direito e se seu uso pode gerar consequências negativas. 66 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Com isso tem-se como objetivos neste identificar os aspectos positivos e negativos do uso da inteligência artificial. Analisar como os grandes escritórios se dequaram a esta tecnologia. Comparar a eficiência do trabalho jurídico antes e depois do surgimento desta inovação. Verificar como o uso da inteligência artificial pode influenciar o mercado advocatício. Para o seu desenvolvimento, foi utilizado a metodologia de pesquisa explicativa, pois pretende relacionar o ramo da ciência da inteligência artificial à prática no meio do judiciário; explicando seu funcionamento e seu uso na área. Para isso foi utilizado a análise de documentos em sites, revistas, matérias, artigos e livros. O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos em que no primeiro é apresentado sobre o que se trata a inteligência artificial em si: seu conceito e breve histórico. No segundo capítulo, começamos a entender mai quanto a sua utilização em aspectos gerais no mercado, e, desta forma, analisamos pontos positivos e negativos apresentados para o seu uso. Com o terceiro capítulo aprofundamos no ponto do nosso tema, sendo a aplicação dessa inteligência voltada ao direito, e vemos como já está sendo utilizada no nosso judiciário. O quarto capitulo traz a imersão mais centralizada quanto a utilização dessa ferramenta diretamente na advocacia, apresentando dados máquina versus homem, e se existe um risco para o profissional. O quinto capítulo apresenta uma breve relação quanto ao uso da I.A em outros países, o que já existe dessa evolução no exterior e quais são as intenções futuras para sua utilização. Concluindo se esta tecnologia deve ser implantada tão fortemente nos setores jurídicos. 2 A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL O homem desde muito tempo sempre busca encontrar formas de replicar a capacidade humana de raciocinar. Tentando entender como a nossa capacidade cerebral funciona e desvendar uma maneira em que poderíamos torná-la mecanizada. Em algum tempo estaremos vivendo em uma quarta revolução industrial, termo esse já apontado por Klaus Schwab em seu livro intitulado de A quarta revolução Comentado [IV9]: Objetivos da Pesquisa: •Identificar os aspectos positivos e negativos do uso da inteligência artificial no direito. •Analisar como os grandes escritórios se adaptaram a essa tecnologia. •Comparar a eficiência do trabalho jurídico antes e depois da introdução da IA. •Verificar como o uso da inteligência artificial pode influenciar o mercado advocatício. Esses objetivos são claros e diretos, fornecendo uma estrutura sólida para a pesquisa. Comentado [IV10]: Metodologia de Pesquisa: •Foi utilizada a metodologia explicativa, que busca relacionar a ciência da inteligência artificial com sua aplicação no meio jurídico, explicando seu funcionamento e uso. •A análise de documentos em sites, revistas, matérias, artigos e livros foi adotada como método de pesquisa. Essa abordagem metodológica é apropriada para o objetivo da pesquisa, pois permite uma análise aprofundada e fundamentada sobre o uso da IA no direito. Comentado [IV11]: Estrutura do Trabalho: •O trabalho é dividido em cinco capítulos bem definidos. •O primeiro capítulo introduz o conceito de inteligência artificial e seu histórico. •O segundo capítulo explora a utilização geral da IA no mercado, analisando seus pontos positivos e negativos. •O terceiro capítulo foca na aplicação da inteligência artificial no direito e sua utilização no judiciário. •O quarto capítulo se aprofunda na utilização da IA na advocacia, comparando dados de desempenho entre máquinas e humanos e discutindo possíveis riscos para os profissionais. •O quinto capítulo examina a adoção da IA em outros países e suas implicações futuras. Essa estrutura sequencial é eficaz para abordar diferentes aspectos do uso da inteligência artificial no direito, permitindo uma análise abrangente e organizada do tema. Comentado [IV12]: Este texto apresenta uma análise sobre a inteligência artificial (IA) e sua relação com a quarta revolução industrial, delineando sua definição, origem histórica e implicações para a sociedade atual. Abrange os aspectos fundamentais da relação entre inteligência artificial e a quarta revolução industrial, fornecendo uma visão geral sobre o assunto. O texto fornece uma base sólida para uma discussão mais aprofundada sobre os desafios e oportunidades apresentados pela IA na sociedade contemporânea. 67 Inteligência artificial: aliada ou inimiga industrial (2016)3, nele o autor afirma que muitos acreditam que essa imersão tecnológica, em que estamos hoje, ainda é um aspecto da terceira revolução industrial, que é imersão na era computacional; mas também nos apresenta o porquê tem a convicção de que estamos diante de uma quarta: (1) velocidade em que sua evolução ocorre, sendo de maneira exponencial; (2) amplitude e profundidade, pois a mudança acontece em diferentes áreas: econômicas, negociais, sociais e individuais; e (3) impacto sistémico, em que vem transformando sistemas entre países e dentro de cada um deles, como também em empresas, industrias e toda a sociedade4. O termo revolução significa uma mudança abrupta e radical, em que gera transformação notória nos pilares sociais e sistemas econômicos. A Inteligência artificial, também conhecida como IA, é um ramo da ciência que visa, por meios tecnológicos, ser capaz de simular a inteligência humana; podendo resolver problemas, criar soluções e até mesmo tomar decisões no lugar do ser humano, como um auxílio que facilitaria em diversas áreas do cotidiano. O termo inteligência artificial foi falado por John McCarthy em 1956, em uma conferência sobre tecnologia no Dartmouth College, EUA. Mas, de acordo com Jacques Fux (2019, online), mestre em computação pela UFMG, o assunto já era anteriormente discutido por Alan Turing em 1950, considerado pai da computação. Definir a inteligência artificial pode levar algum trabalho, pois existem quatro ramos desta ciência, apesentadas por Russel e Norvig (2013, p.25)5, que são usadas como caminho para estudo, em que acreditam que a Inteligência artificial são: (1) sistemas que pensam como seres humanos, (2) sistemas que atuam como seres humanos, (3) sistemas pensam de forma racional e (4) sistemas que atuam racionalmente; mas 3 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial/Klaus Schwab; tradução Daniel Moreira Miranda. - São Paulo: Edipro, 2016. 4 Ibid. p. 8. 5 RUSSELL, Stuart.; NORVIG, Peter. Inteligência artificial. Tradução Regina Célia Simille.3º edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 1194 Comentado [IV13]: Contexto da Quarta Revolução Industrial: O texto começa situando a discussão no contexto da quarta revolução industrial, destacando as características que a distinguem das anteriores, como a velocidade exponencial de evolução, a amplitude das mudanças e seu impacto sistêmico. Comentado [IV14]: Definição e História da Inteligência Artificial: É fornecida uma definição clara de inteligência artificial, explicando seu propósito de simular a inteligência humana por meio de meios tecnológicos.O texto também aborda a origem histórica da IA, desde John McCarthy até Alan Turing, e introduz os quatro ramos da ciência da inteligência artificial propostos por Russel e Norvig. 68 Inteligência artificial: aliada ou inimiga que resumidamente são sistemas que podem pensar, raciocinar e até mesmo se comportar. Quanto ao sistemas que atuam como seres humanos, somos apresentados ao teste de Turing de 19506 (1996, apud GUNKEL, 2012, p.2, 3 e 4, tradução nossa). Esse teste consistia na pesquisa para saber se, em algum momento, a máquina poderia exibir comportamento inteligente igual ou equivalente ao humano, podendo se passar por tal, assim enganando seus interlocutores. Em síntese, no primeiro momento apresenta a questão de que se um interrogador seria capaz de descobrir o gênero de duas pessoas, identificadas apenas como (A) e (B), realizando somente perguntas em que estes responderiam por meio datilografado; não podendo escutar a voz, ver a pessoa, ou tentar identificar traços nas letras, caso as respostas fossem escritas. Depois, Turing apresenta a seguinte questão: “Máquinas podem pensar como seres humanos?”, de outra forma, se uma das partes (A) ou (B) fossem substituídos por uma máquina, conseguiria esse sistema ser tão preciso ao ponto de conseguir enganar o interrogador? Turing acreditava que essa resposta poderia ser respondida de forma positiva em cerca de 50 anos, e meio século depois, Fux (2019) aponta que estamos tão imersos nesses sistemas que fazem parte do nosso dia-a-dia, com atuações tão reais, que já são capazes de nos enganar; como é o caso de assistentes de celular, de bancos, sites e etc. Hoje, quase 70 anos depois, já contamos com um estudo mais sólido do que se trata a inteligência artificial. Conhecida também como “I.A” ou “A.I”, esta tecnologia é a capacidade de um dispositivo computacional de replicar algumas habilidades cognitivas, habilidades essas que antes apenas o ser humano era capaz. 6 GUNKEL, David J. Communication and Artificial Intelligence: Opportunities and Challenges for the 21st Century. 2012. Communication +1: Vol. 1. Disponível em: https://scholarworks.umass.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1007&context=cpo> Acesso em: 19 Out. 2019 Comentado [IV15]: Teste de Turing: O texto menciona o famoso Teste de Turing, que questiona se uma máquina pode exibir comportamento inteligente equivalente ao humano a ponto de enganar um interrogador. Essa discussão ressalta a busca por máquinas que possam pensar e agir como seres humanos. Comentado [IV16]: Avanços e Impacto Atual da Inteligência Artificial: O texto destaca os avanços significativos na inteligência artificial ao longo dos anos e como ela se tornou parte integrante da vida cotidiana, com exemplos como assistentes de celular, sistemas bancários online e outros. Comentado [IV17]: Funcionamento da Inteligência Artificial: É explicado como a IA é capaz de replicar habilidades cognitivas humanas, graças ao desenvolvimento de algoritmos e ao uso de várias disciplinas, como computação e matemática. 69 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Com o conjunto de várias ciências, entre elas, principalmente, a computação e a matemática, foi possível colocar em uma máquina a capacidade de raciocinar. Isso foi capaz graças ao desenvolvimento de diversos algoritmos implantados, que tornam possível que a máquina, alimentada com conhecimento, possa desenvolver e processar dados, desempenhando assim funcionalidades cognitivas humanas. 3 USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A aplicação da Inteligência artificial pode ser feita em diversas áreas, o que auxilia na produção e a otimização do tempo gasto na realização do trabalho a ser desempenhado. Essas ferramentas inovadoras servem para organizar informações e atividades repetitivas ou que demonstrem determinando padrão (seja pelo uso de IA ou não), e precisam de desenvolvimento contínuo (COELHO, 2019, online)7. Por se tratar de um meio de facilitação do cotidiano, a inteligência artificial traz diversas vantagens quanto ao seu uso. Sendo uma inovação tecnológica, que são modernizações apresentadas para solucionar algum tipo de problema, e para o caso da inteligência artificial o maior deles: tempo. Hoje em dia 24 horas não são mais suficientes para que se resolvam os desafios diários que enfrentamos desde o acordar ao adormecer. E como seres dotados de necessidades básicas, como: ir ao banheiro, se alimentar e ter descansos contínuos; é necessário sempre parar o trabalho e continuar diversas vezes, as pausas interjornadas e intrajornadas, o que acaba, por vezes, ocasionando atrasos. Contudo, diferentemente de um ser humano, uma máquina não precisa parar. Esta é uma vantagem clara: o trabalho não precisa ser interrompido em nenhum momento. De certa forma, o uso da inteligência artificial como meio de substituição do ser humano no desenvolvimento de tarefas possíveis, gira tudo em torno da forma em como podemos economizar o tempo. 7 COELHO, Alexandre Zavaglia. A ciência de dados e a inteligência artificial no Direito em 2018 - Parte I. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia-dados- inteligencia-artificial-direito> Acesso em: 10 set. 2019. Comentado [IV18]: O texto aborda diversos aspectos relacionados à aplicação da inteligência artificial (IA) em várias áreas, destacando tanto seus benefícios quanto seus desafios e riscos. O texto aborda de forma abrangente e crítica os aspectos positivos e negativos da aplicação da inteligência artificial em diversas áreas, oferecendo uma visão equilibrada sobre o tema. Ao discutir vantagens, desafios e riscos, o texto fornece insights valiosos para uma reflexão mais ampla sobre o papel da IA na sociedade atual. Comentado [IV19]: Vantagens da Inteligência Artificial: •Economia de tempo: A IA auxilia na realização de tarefas de forma mais rápida e eficiente, sem a necessidade de pausas como seres humanos. •Precisão e eficácia: Os algoritmos da IA permitem a execução de tarefas com alta precisão e acerto, reduzindo a possibilidade de retrabalho. •Redução do cansaço e desânimo: No ambiente corporativo, a IA ajuda a evitar o desgaste causado por atividades repetitivas, promovendo um ambiente de trabalho menos monótono. •Melhoria na gestão e comunicação: A IA facilita a organização de informações e promove uma comunicação mais rápida e eficaz dentro das empresas. http://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia-dados- 70 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Como dito no capítulo anterior, a máquina é alimentada com informações necessárias para desempenhar o trabalho a ser feito, devido a seus algoritmos ela é capaz de realizar as tarefas com precisão e acertos, o que evita o retrabalho que poderia acontecer caso um ser humano o realizasse. De acordo com Marques (2017)8 a IA está bem ativa nos meios corporativos, tendo em vista seu auxílio em atividades repetitivas, que poderiam ocasionar, caso realizados apenas or funcionários, cansaço e desânimo; e com a máquina esse processo pode se tornar menos maçante. Também no meio da gestão, esses programas promovem uma conexão entre as informações da empresa, facilitando a comunicação mais rápida, o que torna a possibilidade de decisões mais assertivas. Tende-se a linha de pensamento que ao utilizar máquinas como meio de facilitação, em que poderá substituir o ser humano em algumas tarefas, pode isto gerar a perda de empregos, contudo de acordo com o livro Inteligência Artificial de Russel e Norvig (2013 p.1188): [...] Alguém poderia argumentar que milhares de trabalhadores foram demitidos por esses programas de IA, mas, de fato, se não houvesse os programas de IA esses trabalhos não existiriam porque o trabalho humano adicionaria um custo inaceitável às transações. Até agora, a automação por meio da tecnologia de IA crioumais empregos do que eliminou, e criou empregos mais interessantes e com remuneração mais elevada. Desta forma, não se pode esperar que a modernização trazida à nós possa acarretar na perda de empregos, pelo contrário, deve o profissional se adaptar a essa nova tendência, podendo, assim, obter um melhor retorno financeiro. Ademais, por se tratar de uma tecnologia recente e pouco explorada, existem alguns pontos negativos. Dentre esses pontos negativos, entramos em uma discussão 8 MARQUES, José Roberto. Inteligência artificial: vantagens e desvantagens quanto ao seu uso. Ibccoaching, 6 de dez. 2017. Disponível em: < https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial-vantagens-desvantagens- quanto-seu-uso/> Acesso em: 10 set. 2019 Comentado [IV20]: Impacto na Empregabilidade: •Contrariando a preocupação com a perda de empregos devido à automação, o texto cita que a automação por meio da IA tem criado mais empregos do que eliminado, muitos deles mais interessantes e com remuneração mais elevada. •Argumenta-se que a automação por IA tem o potencial de eliminar trabalhos com custo inaceitável às transações, mas também impulsiona a criação de empregos mais eficientes e produtivos. http://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial-vantagens-desvantagens- 71 Inteligência artificial: aliada ou inimiga quanto ao seu uso, também segundo Marques (2017)9, no âmbito de questionamentos sociais, éticos e morais. A máquina é alimentada e trabalha de acordo com o conhecimento implantado, o perigo não está nesse conhecimento e sim na possibilidade de que ele não vai mudar, ou evoluir juntamente com o meio social em que foi criado. Se ele não se adapta de acordo com a época em que a sociedade está vivendo, poderia gerar um caos de proporções inimagináveis. Como exemplo sobre como funcionaria esse conhecimento implantado, Russel e Norvig (2013, p.1194)10 expõem que se, no século XVII, houvesse tecnologia para criar uma inteligência artificial, que fosse dotada com a moral e éticas construídas à época; hoje essa máquina estaria lutando para reestabelecer a escravidão e abolir a conquista feminista ao direito do voto. Contudo, se nessa inteligência artificial criada hoje, fosse implantada a função de evoluir sua utilidade, não há como assegurar que em algum momento não poderá raciocinar de forma que: ... os seres humanos pensam que é moral matar insetos irritantes, em parte porque o cérebro dos insetos são tão primitivos. Mas o cérebro humano é primitivo em comparação com os meus poderes, por isso deve ser moral matar os seres humanos. (RUSSEL e NORVIG, 2013, p. 1194) 11 Como relatado por Kaufman (2016), hoje o ser humano criou algo que nem ele mesmo consegue ter um controle preciso; sendo que especialistas no assunto, não conseguem saber exatamente como essas máquinas funcionam ou como elas poderiam agir no futuro, o que não possibilita prever riscos e como isso poderia afetar a humanidade nas próximas gerações. 9 MARQUES, José Roberto. Inteligência artificial: vantagens e desvantagens quanto ao seu uso. Ibccoaching, 6 de dez. 2017. Disponível em: < https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial-vantagens-desvantagens- quanto-seu-uso/> Acesso em: 10 set. 2019 10 RUSSELL, Stuart.; NORVIG, Peter. Inteligência artificial. Tradução Regina Célia Simille.3º edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 1194 11 RUSSELL, Stuart.; NORVIG, Peter. Inteligência artificial. Tradução Regina Célia Simille.3º edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 1194 Comentado [IV21]: Desafios e Riscos da Inteligência Artificial: •O texto levanta preocupações éticas, sociais e morais relacionadas ao uso da IA, incluindo questões sobre o controle do conhecimento implantado nas máquinas. •Há a preocupação de que a IA possa evoluir de maneira imprevisível, gerando consequências negativas para a humanidade, como perda de identidade, isolamento social e problemas físicos e mentais. •A União Europeia implementou um guia ético em 2019 para regulamentar o uso da IA, visando proteger a dignidade humana e garantir direitos fundamentais. Comentado [IV22]: Considerações Finais: •O texto conclui destacando a importância de utilizar a IA de forma consciente e responsável, visando aproveitar seus benefícios sem se tornar dependente dela. •Destaca-se a necessidade de orientações éticas e regulamentações adequadas para garantir que a IA seja usada de maneira segura e respeitosa aos direitos humanos. http://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial-vantagens-desvantagens- 72 Inteligência artificial: aliada ou inimiga No livro Inteligência Artificial (2013, p. 1189)12 os autores relatam, também, como possível risco, que podemos enfrentar com o uso dessa tecnologia, a possibilidade das pessoas perderem suas identidades, tornarem alienados, psíquicos ou autômatos; proposta também levantada por Marques (2017)13, quando diz que uso contínuo da Inteligência Artificial gera isolamento social e consequentemente, problemas físicos e mentais. Diante disto, a União Europeia, afim de proteger a dignidade humana, implementou, em 2019, um guia ético com regras quanto a utilização da inteligência artificial, de acordo com a revista portuguesa Publico14, são eles: (a) Garantia da supervisão e controle humano (b) robustez e segurança (c) privacidade e controle de dados; responsabilização; (d) transparência; (e) diversidade; (f) não-discriminação; (g) justiça; e (h) promoção do bem-estar ambiental e social. Esse guia ético visa estabelecer orientações para proporcionar uma Inteligência artificial de segurança. Devendo respeitar direitos fundamentais inerentes ao ser humano, como o respeito à dignidade humana, liberdade do indivíduo, respeito à democracia, justiça e Estado de Direitos e a igualdade e direito dos cidadãos. Pelo apresentado, notamos que a inteligência artificial apresenta vantagens, desvantagens e até mesmo riscos quanto ao seu uso. Desta maneira, precisamos utilizá-la em cada área de forma a nos auxiliar e não para nos tornarmos dependentes dessas máquinas. 4 APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO JUDICIÁRIO O direito, desde que o mundo é mundo, sempre esteve presente em nossa história. Isto posto que o homem, como definido por Aristóteles em sua obra Política15, é um 12 Ibid. p. 1189 13 MARQUES, José Roberto. Inteligência artificial: vantagens e desvantagens quanto ao seu uso. 2017. Disponível em: < https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial- vantagens-desvantagens-quanto-seu-uso/> Acesso em: 10 set. 2019 14 PEQUENINO, Karla. Comissão Europeia lança guia ético para a inteligência artificial. 2019. Disponível em: < https://www.publico.pt/2019/04/09/tecnologia/noticia/comissao-europeia- lanca-guia-etico-inteligencia-artificial-1868540/> Acesso em: 10 set. 2019 15 ARISTÓTELES. Política. São Paulo, SP: Martin Claret, 2007 Comentado [IV23]: O texto apresenta uma visão abrangente da aplicação da inteligência artificial (IA) no campo do direito, destacando várias áreas em que a IA está sendo utilizada e seus impactos. O texto oferece uma visão abrangente da aplicação da inteligência artificial no campo do direito, destacando tanto os benefícios quanto os desafios dessa tendência e apontando para uma transformação significativa na prática jurídica. http://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/inteligencia-artificial- http://www.publico.pt/2019/04/09/tecnologia/noticia/comissao-europeia- 73 Inteligência artificial: aliada ou inimiga animal social e político, em que para alcançar sua perfeição como ser humano precisa conviver em sociedade e com o Estado. Mesmo que muito antes que Aristóteles pudesse conceituar desta forma, isso no período pré-histórico, antes da escrita ser inventada, o direito já estava em nosso meioquando o homem, ao começar a se organizar socialmente com outros, se viu diante da obrigação de estabelecer princípios para que pudessem ajudar a cooperar em coletividade. Com isso, a noção de justiça surgiu da carência de normas capazes de fixar não tão somente limites para o uso da força, como também para restabelecer o equilíbrio nas relações pessoais (REIS, 20--?, p.4)16. Ou seja, o homem precisava de regras para limitar-se e reger o convívio com outros homens; mesmo que não escrito. Esse direito era passado de pessoa para pessoa, de geração em geração, através da fala (REIS, 20--?, p.5)17. Por fim, com o passar da evolução humana e tecnológica, essas regras já não eram mais passadas apenas pelo costume, de boca em boca. Com o advento da escrita, em suas mais diversas formas, regiões e épocas, o direito pôde ser registrado; com a criação de códigos, como um dos exemplos mais conhecidos da atualidade: o Código de Hamurabi18. Desta forma, podemos notar que o direito foi se adaptando e evoluindo à medida em que o homem foi se desenvolvendo cognitivamente. Hoje estamos diante de mais uma evolução do poder da cognição; em que o ser humano foi capaz de implantar em uma máquina traços da racionalidade que antes apenas este possuía. Sendo o direito uma ciência que muda, acompanhando a sociedade em sua época, na atualidade, a era da tecnologia, é preciso também se adaptar e aplicar este novo conhecimento. 16 REIS, Luís Fernando Scherma. O direito surgiu antes da escrita. 20--?, p.4. Disponível em: <http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=7e44f6169f0ae75b> Acesso em: 29 out. 2019. 17 Ibid, p.5 18 Um dos mais bem preservados conjunto de leis escritas na mesopotâmia. Comentado [IV24]: História e Evolução do Direito: •O texto contextualiza a evolução do direito desde os primórdios da civilização humana, desde os tempos pré-históricos até a era moderna, destacando como as regras e normas foram se adaptando e evoluindo ao longo do tempo. http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=7e44f6169f0ae75b http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=7e44f6169f0ae75b 74 Inteligência artificial: aliada ou inimiga A aplicação da Inteligência artificial ao direito já é algo que está acontecendo em diversas áreas desse segmento. De acordo com dados trazidos pelo professor e advogado, Nataniel Lud, no primeiro seminário sobre Inteligência Artificial e Processo pela OAB/MG19, o panorama do judiciário em 2018 foi de 78.7 milhões de processos em tramitação; sendo que 11.1 milhões, cerca de 18% do total, estão suspensos, sobrestados ou em arquivo provisório. Na Justiça estadual, cerca de 80% (mais de 62 milhões de processos) estão pendentes de julgamento. Foi exposto, também neste seminário, sobre a utilização da inteligência artificial chamada de Elis, que foi criada para o Tribunal de Justiça de Pernambuco; a qual tem agilizado e muito nos trabalhos repetitivos e na triagem dos os processos. Elis foi capaz de analisar, em 3 (três) dias, 5.267 processos, classificando-os de maneira precisa quanto a competência, divergências cadastrais, erros no cadastro de dívida ativa e casos de prescrição. Nesta análise, identificou que cerca de 84% dos processos estavam aptos a continuar tramitando; 12% estavam prescritos; 3% continham algum tipo de erro no cadastro de dívida ativa; 0,5% foram distribuídos erroneamente; e 0,5% continham dados divergentes. O jornal G120 apresentou que no Recife existe cerca de 447 mil processos de Execução Fiscal acumulados; com Elis, em 15 dias, foi possível dar andamento em 70 mil processos, o que agilizou em demasia o tramite das demandas. Ela também conseguirá acesso ao Banco Central e, caso o devedor tenha bens e contas em bancos, poderá proceder o bloqueio, retirando essa tarefa repetitiva do magistrado. 19 SEMINÁRIO INTELIGENCIA ARTIFICIAL E PROCESSO, 1., 2019, Belo Horizonte. Seminário [...]. Belo Horizonte: OAB MG, 2019. 20 CASTRO, Beatriz. Justiça de Pernambuco usa inteligência artificial para acelerar processos. G1 Pernambuco, 04 mai 2019. Disponível em < https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/05/04/justica-de-pernambuco-usa- inteligencia-artificial-para-acelerar-processos.ghtml> Acesso em: 20 out. 2019 75 Inteligência artificial: aliada ou inimiga O próprio Supremo, o STF, em 2018 começou a utilização um sistema de inteligência artificial que, segundo informado pelos responsáveis21, será capaz de ler todos os recursos extraordinários que sobem para o Tribunal e identificar quais estão vinculados a determinados temas de repercussão geral. Esse sistema de inteligência artificial, batizado de VICTOR22, é um robô em fase inicial que foi alimentado com todas as decisões já proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, para, assim, auxiliar de forma prática e eficaz os servidores. Como resultado inicial desse auxílio, pretende-se que o trâmite processual possa ocorrer de maneira mais célere; pois, o que antes feito por mãos humanas demorava cerca de 44 minutos, com este sistema será feito em 5 segundos. De acordo com o site do próprio Supremo Tribunal Federal, em relação aos objetivos esperados com esse robô: VICTOR não se limitará ao seu objetivo inicial. Como toda tecnologia, seu crescimento pode se tornar exponencial e já foram colocadas em discussão diversas ideias para a ampliação de suas habilidades. O objetivo inicial é aumentar a velocidade de tramitação dos processos por meio da utilização da tecnologia para auxiliar o trabalho do Supremo Tribunal. A máquina não decide, não julga, isso é atividade humana. Está sendo treinado para atuar em camadas de organização dos processos para aumentar a eficiência e velocidade de avaliação judicial. (STF, 2018) Pretende o STF que, em algum tempo, o robô VICTOR já esteja em todos os outros tribunais do país, fazendo o juízo de admissibilidade23, para assim reduzir em cerca de 2 anos ou mais do tempo desta fase. 21 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inteligência artificial vai agilizar a tramitação de processos no STF. 30 maio 2018. Disponível em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=380038> Acesso em: 29 set. 2019. 22 O nome do projeto, VICTOR, é homenagem a Victor Nunes Leal, ministro do STF de 1960 a 1969, principal responsável pela sistematização da jurisprudência do STF em Súmula, o que facilitou a aplicação dos precedentes judiciais aos recursos, basicamente o que será feito por VICTOR. (STF, 2018) 23 O primeiro obstáculo para que um recurso chegue ao STF. Comentado [IV25]: Aplicação da Inteligência Artificial no Judiciário: •São apresentados exemplos concretos de como a IA está sendo aplicada no judiciário brasileiro, como o uso da IA no Tribunal de Justiça de Pernambuco (com a inteligência artificial chamada Elis) e no Supremo Tribunal Federal (com o sistema VICTOR). •O texto destaca os benefícios desses sistemas na agilização dos processos judiciais, na identificação de temas de repercussão geral e na melhoria da eficiência do judiciário como um todo. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=380038 76 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Já como auxílio ao advogado, a OAB, em parceria com a Legal Labs, inovou em 2018 apresentando uma ferramenta de buscas, OABJuris, em que o advogado poderá encontrar jurisprudências mais adequadas ao caso de forma mais rápida e eficaz. Esse sistema, como inteligência artificial, aprende e cresce a cada nova interação, pois, de acordo com o desenvolvedor, suas as redes neurais foram desenvolvidas para compreender a semântica dos textos jurídicos, não apenas palavras-chaves. A aplicação diretamente nos escritórios também é cada vez maior, principalmente nos massificados; em que a demanda de serviços jurídicos chega a proporções absurdas, os quais somente advogados podem não ser mais suficientespara manter os resultados de qualidade. Uma das funcionalidades com a utilização de inteligência artificial nos escritórios, de acordo com Zavaglia (2018)24, seria a automação dos documentos, em que haveria a possibilidade de classificar as cláusulas e criar uma árvore de problemas. Podendo auxiliar nos melhores argumentos a serem utilizados, quais cláusulas são mais usadas em determinadas demandas, quais ocasionaram discussões judiciais. Alguns desses Robôs, voltados ao trabalho advocatício podem registrar petições, realizar pesquisas, criar documentos e, em um grau mais elevado de cognição, até mesmo prever resultados com base em dados de outras sentenças já proferidas inseridas previamente no sistema. Exemplo disso é o robô criado pela Startup Tikal Tech, que pode acelerar na criação de ações em casos frequentes. Segundo matéria feita no Jornal Folha de São Paulo em 201825, o robô é capaz de interagir com o advogado e, a partir disso, criar petição inicial e fazer cálculos. No site o desenvolvedor, o sistema promete a função de 24 COELHO, Alexandre Zavaglia. A ciência de dados e a inteligência artificial no Direito em 2018 - Parte II. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia- dados-inteligencia-artificial-direito-ii> Acesso em: 12 set. 2019. 25 OLIVEIRA, Filipe. Robôs advogados analisam processos, fazem petições e aceleram contratos. Folha de São Paulo. 2018. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/11/robos-advogados-analisam-processos- fazem-peticoes-e-aceleram-contratos.shtml> Acesso em: 12 set. 2019. Comentado [IV26]: Auxílio aos Advogados: •Além do impacto no judiciário, o texto também aborda como a IA está sendo utilizada para auxiliar advogados em suas atividades cotidianas. •São mencionadas ferramentas como o OABJuris, desenvolvido pela OAB em parceria com a Legal Labs, que permite aos advogados encontrar jurisprudências de forma rápida e eficiente. •Também são discutidas funcionalidades de automação de documentos e criação de petições por meio de IA, que podem acelerar o trabalho dos advogados e aumentar a eficiência dos escritórios de advocacia. http://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia- 77 Inteligência artificial: aliada ou inimiga cadastrar processos nos sistemas, organizar e fazer download de documentos e a criação de contratos e petições. E esta nem é apenas a única startup que vem investindo pesado em meios de automação pela inteligência artificial. Várias empresas deste segmento estão vendo que o futuro está nesta tecnologia, e estão criando robôs cada vez mais capazes de se assemelhar a produção do advogado. Por fim, é possível verificar que a inteligência artificial está sendo implantada em diversas áreas do âmbito jurídico. Desde o início da relação contratual – na confecção destes contratos, até um possível recurso nos Tribunais Superiores. 5 USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA ADVOCACIA Como a inteligência artificial é um meio útil para execução de tarefas repetitivas, cansativas e burocráticas, isso importa aos profissionais no âmbito jurídico mais tempo e disposição para se entregar na atuação de outras tarefas. Junto com essa tecnologia os advogados poderão tornar seus serviços mais rápidos, eficientes e modernos. É inegável que a utilização de meios que possam facilitar o dia-a-dia no âmbito jurídico já está cada vez mais presente, como foi demonstrado no capítulo anterior; isso devido à grande demanda que nosso judiciário recebe diariamente e que, muitas das vezes, não conseguem realizar dentro de seus próprios prazos estabelecidos. Contudo, fica o questionamento se a utilização da I.A de forma tão intrínseca traria algum perigo para o profissional do direito, o advogado. Em matéria publicada no site CONJUR26 no ano de 2018, o autor27 disponibiliza informações quanto a um estudo realizado por uma startup de tecnologia jurídica, LawGeex. Este estudo consistia em uma "batalha" envolvendo 20 advogados versus 26 COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. O uso da inteligência artificial no meio jurídico. 2019. Editora Justiça e Cidadania. Disponível em: <https://www.editorajc.com.br/o-uso-da- inteligencia-artificial-no-meio-juridico/> Acesso em: 08 Out. 2019 27 Marcus Vinicius Furtado Coêlho Comentado [IV27]: Tendências Futuras: •O texto ressalta o crescente investimento de empresas em tecnologias de IA para automação e melhoria dos serviços jurídicos, indicando uma tendência de aumento do uso da IA no futuro. Comentado [IV28]: O texto apresenta uma análise ponderada sobre o impacto da inteligência artificial (IA) na profissão de advogado, considerando tanto os benefícios quanto os possíveis desafios que essa tecnologia traz para o campo jurídico. O texto argumenta que, embora a IA possa trazer mudanças significativas para a profissão de advogado, ela não deve ser vista como uma ameaça à sua existência, mas sim como uma ferramenta que pode melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços jurídicos, desde que utilizada de forma complementar e ética. Comentado [IV29]: Aumento da Eficiência e Produtividade: •Destaca-se a capacidade da IA de executar tarefas repetitivas e burocráticas de forma rápida e precisa, liberando os advogados para se concentrarem em atividades mais complexas que exigem habilidades cognitivas específicas. http://www.editorajc.com.br/o-uso-da- 78 Inteligência artificial: aliada ou inimiga uma máquina dotada de inteligência artificial, criada pela empresa; para analisar os riscos contidos em cinco contratos de confidencialidade. Em primeiro momento, verificaram quanto a porcentagem de precisão dessa análise. Apenas um desses 20 advogados conseguiu empatar com a máquina, alcançando 94% de acerto. A média de todos juntos contra a máquina foi de 84%. Após, quanto ao tempo para realização da tarefa, a máquina ganhou em disparado. Pois, com apenas 26 segundos, conseguiu realizar o trabalho incumbido dos cinco contratos. Em contrapartida, o advogado mais rápido demorou 51 minutos para a execução total. O mais lento, 156 minutos. Outro acontecimento nesse seguimento, foi um incrível caso que colocou 100 advogados reais em disputa com um sistema nomeado de CaseCrunch Alpha, criado por estudantes de Direito na universidade de Cambridge. A batalha consistia em dar a esses advogados informações básicas sobre casos de venda incorreta de seguro de proteção de pagamento, e estes deveriam prever se o provedor financeiro de justiça permitiria uma reclamação. O resultado não foi tão diferente quanto ao caso anterior, pois a inteligência artificial teve uma taxa de 86,6% de precisão, enquanto os advogados ficaram na média de 66,3% de acerto; essas informações foram apresentadas pelo professor e advogado Daniel Evangelista também no seminário sobre inteligência artificial proporcionado pela Ordem dos Advogados de Minas Gerais28. Desta forma, fica muito claro que existe uma alternativa que pode entregar o mesmo trabalho, com precisão igual ou até mais elevada, podendo ser 100 vezes mais rápido do que uma ou vinte mentes humanas. Conhecendo esses casos, pode-se logo imaginar que a profissão de advogado corre o risco de ser extinta ou mesmo reduzida drasticamente. Contudo, de acordo com o Professor Rodrigo Padilha29 com a Inteligência Artificial, a tendência é exatamente 28 SEMINÁRIO INTELIGENCIA ARTIFICIAL E PROCESSO, 1., 2019, Belo Horizonte. Seminário [...]. Belo Horizonte: OAB MG, 2019. 29 PADILHA, Rodrigo. Qual é o real impacto da inteligência artificial na advocacia? 2019. Disponível em: < https://www.mundodomarketing.com.br/artigos/rodrigo- Comentado [IV30]: Desafios para a Profissão de Advogado: •São apresentados estudos que demonstram a capacidade da IA de superar advogados em tarefas específicas, como análise de contratos e previsão de decisões judiciais. •Isso levantapreocupações sobre o futuro da profissão de advogado e se a IA poderia substituir ou reduzir drasticamente a demanda por serviços jurídicos tradicionais. http://www.mundodomarketing.com.br/artigos/rodrigo- 79 Inteligência artificial: aliada ou inimiga ao contrário; pois ela servirá de modo a maximizar a produtividade do advogado, em que ele poderá, assim, focar em outras tarefas que envolve capacidades cognitivas das quais apenas nós, humanos, somos capazes de fazer: análise crítica, criatividade e competências sociais. Algumas tarefas advocatícias, quando analisadas de forma aberta, é possível notar que são completamente viáveis de serem feitas por sistemas inteligentes, como por exemplo, de acordo com artigo publicado no site da Editora Justiça e Cidadania em fevereiro de 201930: (1) eficiência no processo de pesquisa; (2) análise de documentos e classificação de dados; (3) sistematização da revisão de artigos doutrinários, jurisprudência e precedentes; (4) minimização de erros nos processos de produção de relatórios e documentos. Muito além de pesquisas, elaboração de documentos, registro de dados, entre outras coisas das quais a máquina poderá servir como substituto ao advogado, o profissional também desempenha atividades de extrema importância; pois, de acordo com o autor do artigo anteriormente mencionado, Coêlho (2019)31, o advogado, como agente de defesa, deve explicar de forma compreensível ao cliente sobre a situação jurídica à qual se encontra. Devendo dar especificidade a cada caso em suas particularidades, com argumentos e teses, resolver com magistrados, acompanhar o cliente em audiência e confeccionar pareceres, coisas que não podem ser totalmente servidas por máquinas. Com isso, espera-se que sobre para o advogado mais tempo para dedicar-se à tarefas realmente cognitivas, de maior valor, como teses jurídicas e relacionamento interpessoal. padilha/38268/qual-e-o-real-impacto-da-inteligencia-artificial-na-advocacia.html/> Acesso em: 10 set. 2019 30 COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. O uso da inteligência artificial no meio jurídico. 2019. Disponível em: <https://www.editorajc.com.br/o-uso-da-inteligencia-artificial-no-meio- juridico/> Acesso em: 08 Out. 2019 31 COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. O uso da inteligência artificial no meio jurídico. 2019. Editora Justiça e Cidadania. Disponível em: <https://www.editorajc.com.br/o-uso-da- inteligencia-artificial-no-meio-juridico/> Acesso em: 08 Out. 2019 Comentado [IV31]: Complementaridade da IA e do Advogado: •Apesar dos avanços da IA, argumenta-se que os advogados ainda desempenham papéis essenciais que não podem ser substituídos por máquinas, como a interpretação de nuances legais, a argumentação persuasiva e o relacionamento com os clientes e magistrados. •A IA pode servir como uma ferramenta complementar aos advogados, aumentando sua eficiência e permitindo que se concentrem em aspectos mais estratégicos e criativos de sua prática profissional. http://www.editorajc.com.br/o-uso-da-inteligencia-artificial-no-meio- http://www.editorajc.com.br/o-uso-da- 80 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Também porque, não há como dizer que o advogado poderá ser substituído por uma máquina, pois, segundo Zavaglia (2018)32, a utilização da IA depende da metodologia de pesquisa, de lógica e tecnologia jurídicas; não vai funcionar sem pessoas da área, que tenham experiência em problemas jurídicos para repassar essas informações ao robô. Desta maneira, a máquina sempre precisará ser alimentada com novas informações, o que exige que o conhecimento seja obtido por meio de mentes humanas. 6 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO MUNDO O Brasil não é pioneiro nessa inovação tecnológica, ainda somos um bebê, se comparado a outros países que já possuem larga experiência com a utilização da inteligência artificial. A IBM33, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, criou um computador com inteligência cognitiva, nomeado de Watson34.Com Watson, ocorrerá o aumento da produtividade, pois processa milhões de dados enquanto o profissional pode se dedicar a tarefas de alto valor. Monitora continuamente as condições dos seus sistemas para mitigar os problemas antes que eles atrapalhem o trabalho, entre outras tarefas que a I.A são capazes de realizar. Por meio dessa plataforma Watson, dentro da Universidade de Toronto, foi desenvolvido o primeiro robô-advogado do mundo, que foi chamado de Ross. Ross tem a mesma capacidade que sua “base”; sendo capaz de processar, em apenas um segundo, 500 gigabytes, o que equivale a um milhão de livros. Nos Estados Unidos muitos escritórios já utilizam essa ferramenta como auxílio em pesquisas, pois fornece resultados relevantes e juridicamente embasados relacionados ao termo buscado. 32 COELHO, Alexandre Zavaglia. A ciência de dados e a inteligência artificial no Direito em 2018 - Parte I. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia- dados-inteligencia-artificial-direito> Acesso em: 10 set. 2019. 33 IBM está presente no Brasil há 92 anos e 100 anos no mundo todo. A empresa é líder em soluções completas de TI. 34 Curiosamente, o nome Watson faz referência ao auxiliar do fictício detetive Sherlock Holmes. Comentado [IV32]: Necessidade de Conhecimento Jurídico Humano: •Destaca-se que a IA depende do conhecimento e da experiência humana para funcionar efetivamente no campo jurídico. •A alimentação contínua de informações e a orientação por parte de profissionais jurídicos são essenciais para o desenvolvimento e aprimoramento dos sistemas de IA aplicados ao direito. Comentado [IV33]: O texto destaca que o Brasil ainda está dando seus primeiros passos na adoção da inteligência artificial (IA) no campo jurídico, em comparação com outros países que já têm experiência consolidada nesse aspecto. Esses exemplos demonstram como a inteligência artificial está transformando o campo jurídico globalmente, aumentando a eficiência, melhorando a precisão e permitindo uma tomada de decisão mais informada. Embora o Brasil ainda tenha um caminho a percorrer nesse sentido, é evidente que a IA está se tornando uma parte integral da prática jurídica em todo o mundo. Comentado [IV34]: Watson da IBM: O Watson é um sistema de inteligência cognitiva desenvolvido pela IBM, capaz de processar grandes volumes de dados e fornecer insights úteis para profissionais, permitindo que se concentrem em tarefas de maior valor agregado. http://www.conjur.com.br/2019-jan-01/zavaglia-ciencia- 81 Inteligência artificial: aliada ou inimiga Um dos primeiros escritórios a utilizar essa inteligência artificial Ross, foi a Baker & Hostetler – dos maiores escritórios do país americano. A função do Ross, de acordo com Melo (2016) é servir de fonte inesgotável de informações para os advogados. Mas esta não é a única inteligência artificial criada no exterior com o objetivo de auxiliar os advogados em demandas jurídicas; a Luminance que combina tecnologia de reconhecimento de padrões com aprendizado de máquina supervisionada e não supervisionada para ler e entender a linguagem humana. Fundada por matemáticos da Universidade de Cambridge, a Luminance desenvolveu o LITE (Legal Inference Transformation Engine). É usada por escritórios de advocacia e equipes internas em mais de 43 países ao redor do mundo para melhorar processos como: due diligence, negociação de contratos, revisões de conformidade regulatória, análise de portfólio de propriedades e descoberta eletrônica. (Luminance, 2019, tradução nossa)35 Também em Londres, em 2016, um calouro da universidade de Stanford, ao ter seu carro multado e passar por todo o processo burocrático e demorado para contestar essa multa, teve a ideia de criar uma plataforma de inteligência artificial que seria capaz de auxiliar no recurso da multa. Esse robô funciona em formade chat. O usuário multado responde à uma série de perguntas feitas pela plataforma e, depois de analisar suas respostas, o robô decidirá se você se qualifica para uma apelação; se sim, ele gerará uma carta de apelação que poderá ser levada ao tribunal (MACDONALD e LIBERATORE, 2016, tradução nossa)36. Até 2016, esse ChatBot Advogado, já havia ganho mais de 160.000 causas, como mostra matéria feita pelo jornal britânico Dailymail UK37. Hoje conta com 35 Founded by mathematicians from the University of Cambridge, Luminance has developed the Legal Inference Transformation Engine (LITE)... Luminance is used by law firms and in-house teams in over 43 countries around the world to improve processes such as due diligence, contract negotiation, regulatory compliance reviews, property portfolio analysis and eDiscovery. (Luminance, 2019) 36 After it analyses your answers, the robot will then decide if you qualify for an appeal, if yes, it will generate an appeal letter that can be brought to the court.( MACDONALD, 2016) 37 MACDONALD, Cheyenne; LIBERATORE, Stacy. The Robot that could get you off a parking ticket: DoNotPay system created by a student has won 160,000 disputes in London and New York. DailyMail UK. 2006. Disponível em: https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article- Comentado [IV35]: Ross: Desenvolvido a partir da plataforma Watson, Ross é considerado o primeiro robô- advogado do mundo. Ele possui uma capacidade impressionante de processamento de dados e pode realizar análises jurídicas em uma fração do tempo que um humano levaria. Comentado [IV36]: Luminance: Esta tecnologia combina reconhecimento de padrões e aprendizado de máquina para ler e compreender documentos legais. É utilizada por escritórios de advocacia em vários países para melhorar processos como due diligence, revisão de contratos e análise de conformidade regulatória. Comentado [IV37]: DoNotPay: Um chatbot criado para auxiliar na contestação de multas de trânsito e em questões judiciais menores. O aplicativo já ajudou a resolver milhares de casos e continua a expandir sua funcionalidade para outras áreas do direito. http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article- 82 Inteligência artificial: aliada ou inimiga aplicativo disponível para celulares; com mais funções, além da apelação contra multas, mas também o auxílio a qualquer pessoa no processo dos tribunais de pequenas causas. Em abril de 2019, uma matéria foi publicada na revista Época Negócios38, sobre a iniciativa da Estónia quanto a utilização da inteligência artificial de forma mais profunda; esta está desenvolvendo robôs capazes de analisar conflitos litigiosos simples – menos de 7 mil euros, para assim substituir juízes na tomada de decisões. Com essa modernização, espera-se que o país possa diminuir consideravelmente o número de processos. Esse robô ainda está em projeto inicial, e sofrerá ajustes a partir do retorno de advogados e juízes, com a atualização dos algoritmos. Mas, basicamente, funcionará de forma que as partes litigantes enviarão os documentos necessários a demanda em questão e, a partir disso, analisará e tomará a decisão – que poderá ser revista por um juiz humano. De acordo com uma pesquisa feita pela CBRE UK (2018, tradução nossa)39, cerca de 43% dos escritórios jurídicos de Londres já fazem uso da inteligência artificial, outros 41% pretendem em breve a implantação. Sendo assim, fica claro que essa revolução tecnológica já está agindo de forma profunda nos setores jurídicos do mercado internacional. Como dito acima, apenas uma, das diversas plataformas, atua em cerca de 43 países, em montantes de escritórios jurídicos. Ou seja, com este dado vemos que pelo menos 43 países já estão cada vez mais imersos na utilização da inteligência artificial. 3664413/The-Robot-parking-ticket-DoNotPay-created-student-won-160-000-disputes-London- New-York.html> Acesso em: 10/10/2019 38 ESTONIA quer substituir os juízes por robôs. Época Negócios online. 4 de Abril de 2019. Disponível em: < https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/04/estonia-quer- substituir-os-juizes-por-robos.html > Acesso em: 10/10/2019 39 LONDON law firms embrace artificial intelligence. CBRE. Londres, 24 de abril de 2018. Disponível em: <https://news.cbre.co.uk/london-law-firms-embrace-artificial-intelligence/> Acesso em: 10/10/2019 Comentado [IV38]: Iniciativas da Estônia: O país está desenvolvendo robôs capazes de analisar conflitos jurídicos simples, visando substituir juízes em algumas decisões. Isso tem o potencial de agilizar o sistema judicial e reduzir o volume de processos. Comentado [IV39]: Adoção internacional da IA no setor jurídico: Diversos países ao redor do mundo estão incorporando a inteligência artificial em suas práticas jurídicas, com escritórios em Londres sendo um exemplo, onde aproximadamente 43% já fazem uso da tecnologia. 83 Inteligência artificial: aliada ou inimiga 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento deste trabalho possibilitou uma visão mais aprofundada sobre como está sendo aplicada a inteligência artificial no meio jurídico. E vimos que, nesta área, vem trazendo benefícios na otimização do tempo e na qualidade do trabalho. Fomos apresentados quanto a vantagens, desvantagens e até os riscos causados pela utilização da inteligência artificial. Contudo, como demonstrado posteriormente no capitulo quanto a aplicação voltada ao direito: as vantagens se mostram maiores; sendo que as desvantagens e riscos podem ser mitigados com a capacitação do profissional do direito, que precisa se qualificar para se encaixar nessa nova realidade. Os grandes escritórios estão cada vez mais imersos nessas ferramentas, isso porquê com a quantidade de processos que existem, ocorre a necessidade de retirar do advogado o trabalho repetitivo, para que possa possibilitar que este foque em tarefas de maior valor, com mais contato com o cliente; o que traz maior eficiência e qualidade no serviço prestado. A inteligência artificial veio como uma aliada, e não uma inimiga para que os profissionais do direito brasileiro continuem apresentando tanta resistência em sua implementação. Como vimos, diversos países já estão mais à frente na utilização dessa ferramenta, confiando, inclusive, a tomada de decisões de caráter simples aos robôs; ou seja, se chegam conferir essa tarefa decisória à uma máquina, significa que a utilização anterior obteve êxito em seu objetivo inicial – sendo esta a possibilidade de retirar a sobrecarga de trabalho maçante e repetitivo do profissional e colocar na I.A. Neste sentido, podemos ver que a utilização dessa ferramenta de inteligência artificial no âmbito do direito veio para trazer uma agilização dos processos tanto para os advogados, quanto para o judiciário que está cada vez mais sobrecarregado. Então fica claro que a consequência é benéfica, pois facilita, e muito, a realização do trabalho dos agentes do direito. Comentado [IV40]: O texto destaca que o desenvolvimento do trabalho proporcionou uma visão mais ampla sobre a aplicação da inteligência artificial no meio jurídico, evidenciando seus benefícios na otimização do tempo e na melhoria da qualidade do trabalho. Apesar de terem sido discutidas vantagens, desvantagens e riscos da utilização da IA, ao longo do texto fica evidente que as vantagens superam as desvantagens, especialmente quando os profissionais do direito se capacitam para se adaptar a essa nova realidade. Os grandes escritórios jurídicos estão cada vez mais adotando ferramentas de IA para lidar com a enorme quantidade de processos, permitindo que os advogados se concentrem em tarefas de maior valor agregado, como o contato com o cliente. Isso não só aumenta a eficiência do serviço prestado, mas também melhora sua qualidade. A inteligência artificial é vista como uma aliada e não como uma ameaça para os profissionaisdo direito. Embora haja resistência em sua implementação no Brasil, outros países já estão à frente nesse aspecto, confiando até mesmo a tomada de decisões simples aos robôs. Isso sugere que a utilização anterior obteve sucesso em seu objetivo inicial de aliviar os profissionais do trabalho maçante e repetitivo, transferindo-o para a IA. Portanto, a utilização da inteligência artificial no campo do direito é vista como uma maneira de agilizar os processos tanto para os advogados quanto para o judiciário, que enfrenta uma crescente sobrecarga de trabalho. A consequência geral é benéfica, pois facilita significativamente a realização das atividades dos agentes do direito. 84 Inteligência artificial: aliada ou inimiga REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Política. São Paulo, SP: Martin Claret, 2007. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inteligência artificial vai agilizar a tramitação de processos no STF. 30 mai. 2018. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=380038> Acesso em: 29 set. 2019. CASTRO, Beatriz. Justiça de Pernambuco usa inteligência artificial para acelerar processos. G1 Pernambuco, 04 mai 2019. Disponível em < https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/05/04/justica-de- pernambuco-usa-inteligencia-artificial-para-acelerar-processos.ghtml> Acesso em: 20 out. 2019 COELHO, Alexandre Zavaglia. A ciência de dados e a inteligência artificial no Direito em 2018: parte I. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jan- 01/zavaglia-ciencia-dados-inteligencia-artificial-direito> Acesso em: 10 set. 2019. COELHO, Alexandre Zavaglia. A ciência de dados e a inteligência artificial no Direito em 2018: parte II. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jan- 01/zavaglia-ciencia-dados-inteligencia-artificial-direito-ii> Acesso em: 12 set. 2019. COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. O uso da inteligência artificial no meio jurídico. 2019. 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