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LOCAÇÃO DE COISAS 1. CONCEITO O contrato de locação de coisas é um acordo jurídico em que uma das partes (locador) visa proporcionar à outra parte (locatário), por tempo determinado ou indeterminado, o uso e gozo de uma coisa não fungível (Infungível) e restituível, mediante certa retribuição. - Artigo 565, CC Não se trata, portanto, de transferência de propriedade, e sim d o uso do bem por um certo tempo. Além disso, a locação de coisas, conforme estabelecido pelo artigo 565 do Código Civil, configura-se como um contrato bilateral, oneroso e consensual, comutativo, de forma livre, de trato sucessivo e de cessão temporária. Cada um desses elementos é crucial para compreender a essência dessa relação jurídica. 2. TERMINOLOGIAS • Locador – pessoa jurídica de direito, considerado o sujeito ativo da relação contratual que concede o uso e gozo da coisa por tempo determinado, mediante contraprestação pecuniária; • Locatário – pessoa jurídica de direito, considerado sujeito passivo da relação jurídica, responsável pela obrigação pecuniária contratual, obrigando-se a cumprir as demais cláusulas contratuais; • Aluguel – é cotidianamente empregada tanto no sentido do próprio contrato de locação quanto para representar um de seus elementos essenciais peculiares, a saber, o valor da retribuição ou preço. • Fiador – responsável por assumir as obrigações financeiras (aluguel, taxas, multas e correção monetária) do inquilino, caso este não consiga cumpri-las. • Rescisão – cancelamento ou anulação do contrato de locação, por exemplo. 3. HISTORICIDADE DO CONTRATO DE LOCAÇÃO As relações contratuais surgiram com a necessidade de retirar o ser humano do seu estado natural e colocá-lo em sociedade, através de pactos estabelecidos em comum acordo, com o objetivo de alcançar um determinado fim. A locação de coisas remonta aos primórdios do Direito Romano, onde já se reconhecia a importância desse contrato. Ao longo dos séculos, o instituto evoluiu, adaptando-se às mudanças sociais e econômicas. No Brasil, a locação de coisas foi inicialmente regulada pelo Código Civil de 1916, e posteriormente pela Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91), que trouxe importantes alterações para regular as locações urbanas e rurais no país. Os principais dispositivos legais que regem a locação de coisas no Brasil são encontrados no Código Civil e na Lei do Inquilinato. O Código Civil (Lei nº 10.406/02) estabelece as disposições gerais sobre contratos, enquanto a Lei do Inquilinato disciplina de forma mais específica as locações urbanas e rurais, abordando questões como prazo, rescisão, garantias, entre outros aspectos relevantes. O Código Civil de 2002 trouxe um novo entendimento quanto a modalidade de contrato, dando características autônomas para os contratos de prestação de serviços de trabalho e os contratos de empreitada, passando a ser este também, o entendimento majoritário. O Código Civil de 1916, trazia uma visão contrária, já que considerava que o contrato de Locação era uma espécie de contrato multifacetário, subdividido em três modalidades com finalidades distintas e que não apresentavam identidade própria. • Antes (Código Civil de 1916): A locação era um "gênero" geral que abrangia três "espécies": 1. Locação de Coisas (bens) – o locatário usa um bem do locador por tempo determinado e paga aluguel. 2. Locação de Serviços (trabalho) – o locatário contrata o trabalho do locador por tempo determinado e paga um valor. 3. Empreitada (obra) – o locatário contrata o locador para realizar uma obra por um preço fixo. • Atualmente (Código Civil de 2002): A locação é um gênero com modalidades autônomas: 1. Locação de Coisas: como antes (artigo 565 do CC). 2. Prestação de Serviços: o locador presta serviços ao locatário por tempo determinado e recebe um valor. 3. Empreitada: o locador realiza uma obra para o locatário por um preço fixo. • Mudanças: 1. As modalidades de locação (serviços e empreitada) agora possuem "identidade própria" e não são apenas subtipos da locação de coisas. 2. Essa mudança reflete a evolução das relações contratuais e a necessidade de maior clareza e precisão na tipificação dos contratos. 4. PRINCÍPIOS BASILARES Diversos princípios norteiam o contrato de locação de coisas. A autonomia da vontade permite que as partes negociem livremente as condições do contrato, desde que observados os princípios da boa-fé objetiva, que impõe a conduta honesta e leal das partes, e da função social do contrato, que busca garantir que a locação atenda aos interesses da coletividade. Além disso, o princípio da igualdade das partes assegura que ambas tenham poder de barganha equilibrado na relação contratual. 5. CARACTERISTICAS 5.1 Quanto à formação: • Consensual: Não requer formalidades especiais para sua formação, sendo suficiente o acordo de vontades entre as partes. 5.2 Quanto à natureza das obrigações: • Bilateral: O contrato gera obrigações para ambas as partes envolvidas, o locador e o locatário. • Comutativo: as prestações de ambas as partes já são pré-definidas no ato de sua formação, sendo certas e não aleatórias, garantindo maior segurança jurídica ao negócio jurídico firmado entre as partes. 5.3 Quanto ao objeto: • Oneroso: Envolve uma troca econômica, onde o locatário paga um valor (aluguel) em troca do direito de usar a coisa cedida pelo locado. 5.4 Quanto à cessão temporária: • Cessão Temporária de Uso e Gozo de coisa não fungível: Implica na transferência do direito de uso de uma coisa específica, que não pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade. 5.5 Quanto ao tempo: • Tempo determinado ou indeterminado: Pode ser estabelecido por um período determinado, com data de início e fim definidas, ou por tempo indeterminado, sem especificação de prazo de término. 5.6 Quanto à tipicidade: • Atípicos: não dependem de forma prescrita em lei. 5.7 Quanto à forma: • Não solene: é de forma livre, somente sendo exigida forma especial em casos especiais, como à proteção ao locatário, onde o contrato deverá estar registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (para os móveis) ou no Cartório de Registro de Imóveis (para os imóveis); 5.8 Quanto à retribuição: • Pagamento de aluguel: O locatário se compromete a pagar um valor (aluguel) ao locador pelo uso da coisa locada, podendo ser definido livremente pelas partes ou conforme critérios legais. 5.9 Quanto ao modo de fixação: • A preço fixo absoluto – não admite alteração na remuneração relativo – admite variação do valor pactuado • Por medida – o preço será conforme o fracionamento da obra; • Por valor reajustável – o preço varia conforme os índices oficiais; • Por preço máximo – o limite de valor não pode ser ultrapassado; • Preço de custo – empreiteiro recebe valor gasto mais o lucro. 6. ELEMENTOS DA LOCAÇÃO A observância quanto aos elementos ou requisitos essenciais, que concede ao instrumento a existência, a validade e a eficácia, são preponderantes na formação de qualquer negócio jurídico, evitando a anulação ou nulidade do contrato. Os elementos como a capacidade das partes; o consentimento livre e não viciado; o objeto lícito, certo e determinado; a previsão legal e o motivo pelo qual levou as partes a manifestar o interesse por esse negócio jurídico, ou seja, a causa, devem fazer parte da formação do negócio jurídico em geral. O contrato de locação de coisa, especificamente, deve ainda observar o elemento preço, dando identidade ao tipo de negócio jurídico firmado,já que a onerosidade é a essência do contrato de locação. a. Elementos Essenciais: i. Objeto: Coisa móvel ou imóvel não fungível, ou seja, com características especificas que não pode ser substituído por outro. ii. Preço: Elemento essencial que sustenta a sua existência. É fator determinante para a sua formação, caso contrário, estaríamos tratando de um contrato de comodato. iii. Consentimento: É o exercício da liberdade de contratar e deve ser recíproco, ou seja, deve haver acordo de vontades. iv. Partes Contratantes: As partes envolvidas no contrato de locação são o locador, que é o proprietário ou possuidor do bem, e o locatário, que é aquele que recebe o bem em locação. O locador tem o direito de receber o pagamento do aluguel e de conservar o bem, enquanto o locatário tem o direito de usar o bem conforme o acordado e de devolvê-lo no estado em que recebeu, além de pagar o aluguel. v. Causa do Contrato: A causa do contrato de locação refere-se ao motivo que leva as partes a celebrarem o acordo. Essa causa deve ser lícita, moral e socialmente aceitável, ou seja, não pode violar normas legais, princípios éticos ou valores sociais. A causa do contrato é essencial para garantir sua validade e eficácia, protegendo as partes de eventual nulidade ou anulabilidade. vi. Prazo da Locação: O prazo da locação pode ser determinado, quando há data específica para o término do contrato; indeterminado, quando não há prazo definido; ou vitalício, quando vinculado à vida de uma das partes. O prazo determinado proporciona maior previsibilidade e segurança para ambas as partes, enquanto o indeterminado permite maior flexibilidade, porém pode ser mais instável. Além dos requisitos de existência e de validade dos negócios jurídicos, aplicáveis a todas as figuras contratuais, há aqueles que são específicos para o contrato de locação de coisas: Tempo, coisa e retribuição. b. Tempo: i. O contrato de locação é essencialmente temporário, ainda que no contrato não tenha sido especificado, não pode ser vitalícia; ii. ENTÃO, contrato de locação perpétuo é contradição em termos; iii. A locação deve ter prazo DETERMINADO ou INDETERMINADO; iv. ARTIGO 573 – “A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso.”. v. SE O LOCATÁRIO NÃO DEVOLVE O BEM NO PRAZO DETERMINADO passa a ser considerada posse injusta e de má-fé, aplicando-se as regras dos artigos 1.216 a 1.220, do CC (possuidor de má-fé); vi. Se não houver (notificação) manifestação da parte do LOCADOR entendese prorrogada a locação; vii. NO CASO DE LOCAÇÃO IMOBILIÁRIA, artigo 6º, Lei 8.245/91, esta é regra específica, pelo menos para a extinção unilateral por iniciativa do locatário; viii. O LOCATÁRIO deve sempre pagar pelo tempo que a coisa estiver em seu poder, se exaurir o prazo na hipótese de extinção unilateral pelo LOCADOR (art. 575, CC); ix. O pagamento referido é denominado de ALUGUEL-PENA; x. NA LEI NÃO HÁ QUALQUER PERÍODO DE VIGÊNCIA DO CONTRATO SENDO SEMPRE DEFINIDA PELOS CONTRATANTES; c. Coisa: i. O objeto do contrato de locação pode ser coisa móvel ou imóvel; ii. O REǪUISITO INDISPENSÁVEL É DE ǪUE SEJA BEM INFUNGÍVEL, pois não é possível imaginar-se locação de bens que possam ser trocados por outros da mesma espécie, por ser próprio da locação o retorno do bem ao locador; iii. TAMBÉM NÃO PODE SER BENS CONSUMÍVEIS, porque importa na destruição imediata da sua substância; iv. PODE A LOCAÇÃO SER POR ǪUEM NÃO É PROPRIETÁRIO? Sim, pode, pelo simples motivo de que o contrato de locação não é translativo de propriedade e, consequentemente, de posse indireta, mas, sim, fonte de obrigações pessoais; v. Então pode haver sublocação; d. Retribuição: i. Retribuição pela disposição da coisa locada; ii. Locação é contrato essencialmente oneroso, e a retribuição é chamada de PREÇO, ALUGUEL ou RENDA é estabelecida diretamente pelas partes, no exercício da autonomia da vontade; iii. BENS DA UNIÃO: artigo 95, Decreto Lei n. 9.760, de 1946, por meio de CONCORRÊNCIA pública e pelo maior preço oferecido, na base mínima do valor locativo fixado. iv. A fixação do valor não é totalmente livre; v. ARTIGO 19, da Lei do Inquilinato, 8.245/91 – Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. 7. DIREITOS E DEVERES DAS PARTES As obrigações devem ser observadas a fim de evitarem a resolução do contrato e o direito a perdas e danos por parte da parte lesada na relação. Neste tipo de negócio jurídico, ambos possuem obrigações, havendo descumprimento por uma das partes, há então a resolução contratual. 8. OBRIGAÇÕES E DIREITOS DO LOCADOR Consistem em obrigações essenciais do locador: i. a entrega, ao locatário, da coisa objeto da locação, com suas pertenças, em estado que assegure o seu uso e gozo de acordo com a finalidade a que se destina; e ii. a garantia do uso pacífico da coisa pelo tempo de duração do contrato (CC, art. 566). A coisa deverá ser entregue em “estado de servir”, isto é, apta a atender à finalidade da locação. Em consequência, o locador responderá pelos vícios ou defeitos anteriores à locação que comprometam a destinação específica a ser dada ao bem (CC, art. 568). A lei não efetua a distinção entre vícios ocultos e aparentes, determinando a responsabilidade do locador por vícios ou defeitos em geral. Dentre tais vícios, incluem-se: • Vícios Redibitórios: Em relação aos vícios e defeitos presentes na coisa alugada, anteriores à locação, aplicação a teoria dos vícios redibitórios, cabendo ao locador a restituição do valor mais perdas e danos, caso ele conhecesse o vício antes da locação, ou somente a restituição do valor e as despesas do contrato, sendo o vício desconhecido por parte do locador. O locador responderá, autorizando-se ao locatário enjeitar a coisa defeituosa, de modo a resolver o contrato de locação, ou exigir o abatimento do preço do aluguel (CC, Art. 441 a 446). • Evicção: Perda do bem, objeto da locação, em razão de decisão judicial que atribui a sua propriedade a terceiro (CC, arts. 447 a 457). Se a evicção for total, acarretará a resolução do contrato de locação por falta de objeto. Neste caso, o locatário terá direito à indenização, nos termos do art. 450 do Código Civil. 9. OBRIGAÇÕES E DIREITOS DO LOCATÁRIO Cabe ao locatário, como dever essencial, dar à coisa a destinação pactuada, e, na hipótese de omissão contratual, empregar o bem em finalidade compatível com os usos convencionados ou presumidos, segundo a sua natureza e as circunstâncias. • Dever essencial: Conservar o bem como se fosse de sua propriedade: Caso contrário, responderá por perdas e danos em face do locador • Deterioração da coisa: Se o locatário danificar a coisa, mesmo que seja por exercício abusivo, e não por descumprimento de norma contratual, o locador poderá resolver o contrato e exigir perdas e danos. • Obrigação de pagar o aluguel: Cabe, ainda, ao locatário, efetuar o pagamento do aluguel como contraprestação pelo uso e gozo da coisa no tempo, local e modo avençados. • Dever de comunicar turbações de terceiros: O locatário, como já referido, tem a obrigação de comunicar ao locador as turbações de terceiros fundadas em direito, a fim de que o locador possa se desincumbir de sua obrigação de proteger a posse do bem, garantindo, a um só tempo, o uso pacífico do bem pelo locatário e a defesa de sua posse indireta. • Dever de devolução no mesmo estado: Caso o locatário viole esse dever de devolução da coisa, a sua posse,até então justa, converter-se-á em precária, autorizando a propositura, pelo locador, de ação de reintegração de posse. • Dever de observar o prazo contratual: Não podendo devolver o bem antes do prazo, sob pena de pagar a multa prevista no contrato. • Multa exagerada ou desproporcional: A norma tem por escopo assegurar que a penalidade não se revele exagerada ou desproporcional tendo em conta o prazo remanescente após a extinção antecipada do contrato e, em contrapartida, o aproveitamento econômico já granjeado pelo locador até o momento da extinção contratual. • Critérios para redução da penalidade: Tendo o locatário cumprido parcialmente o contrato de locação, o intérprete deverá examinar todas as prestações adimplidas pelo locatário, de modo que, caso a penalidade se mostre exagerada diante do prazo contratual que ainda resta, caberá a redução da cláusula penal. • Resilição unilateral: Caberá ao locatário direito de retenção do bem imóvel até que o locador indenize os prejuízos decorrentes da não observância do prazo contratual ajustado. • Aluguel-pena: Uma vez vencido o prazo contratual, o locatário tem o dever de restituir a coisa após a notificação remetida pelo locador. Caso o locatário descumpra sua obrigação de restituição, incorrerá em mora, sujeitando-se a • pagamento de aluguel a ser arbitrado pelo locador pelo período em que permanecer com a coisa. Perpetuatio obligationis: O locatário responderá, ainda, por todos os danos que a coisa venha a sofrer enquanto estiver em mora de restituir o bem, ainda que decorrente de fortuito ou força maior. • Benfeitorias necessárias e úteis: Por se destinarem a conservar o bem ou evitar que se deteriore, são sempre realizadas no interesse do locador, razão pela qual o seu ressarcimento pelo locador será devido, ainda que não tenham sido por ele expressamente autorizadas. • Benfeitorias voluptuárias: O locatário a princípio não terá direito de ser indenizado e, por isso mesmo, não caberá o direito de retenção sobre o bem. À semelhança do que ocorre com as benfeitorias úteis, as voluptuárias são realizadas no interesse do locatário, para seu deleite e comodidade, o que pode não ser do interesse do locador. • Direito de retenção: O direito de retenção apenas poderá ser exercido pelo locatário que esteja em dia com as suas obrigações contratuais. 10. MODALIDADES DE LOCAÇÃO • Imóvel urbano ou rural: critério da finalidade econômica: Diferenciam-se, assim, os imóveis urbanos e os rústicos ou rurais pelo critério da atividade econômica desenvolvida no bem; Urbano, o imóvel destinado à habitação do locatário, ou à sua atividade comercial, industrial ou de prestação de serviço, no perímetro da cidade. Rural, está destinado a pecuária, exploração da terra, regidos pelo estatuto das flores. • Locação para temporada: Aquela destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos que decorrem tão somente de • determinado tempo, e contratada por prazo não superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Locação Comercial: A locação de imóveis comerciais possui prazos mais flexíveis, podendo ser ajustada de acordo com as necessidades das partes. É comum incluir cláusulas específicas no contrato para regulamentar a atividade comercial, como permissão para reformas ou adaptações no imóvel e autorização para sublocação. No entanto, as partes devem observar as disposições da Lei do Inquilinato e do Código Civil quanto aos direitos e deveres do locador e locatário. • Locação Residencial: A Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91) estabelece diversas regras específicas para a locação residencial. O prazo mínimo para locação residencial é de 30 meses, com exceção de contratos vinculados a programas de habitação social. A caução, limitada a três vezes o valor do aluguel, é admitida como garantia pelo locador. Os reajustes de aluguel podem ser feitos anualmente, com base em índices previamente estipulados. A rescisão do contrato pode ocorrer por mútuo acordo das partes, término do prazo, falta de pagamento ou outras causas previstas em lei. Além disso, o locatário tem direito de preferência para compra do imóvel, caso o locador decida vendê-lo durante a vigência do contrato. • Locação não residencial: Abandona o conceito de locação comercial ou industrial, adotando, ao revés, no âmbito da regulamentação genérica da locação não residencial, o conceito de locação empresarial, destinada a tutelar, com o benefício da ação renovatória. Toda a atividade empresarial lucrativa, denominado atualmente como estabelecimento. • Locação de Bens Móveis: A locação de bens móveis, como veículos, máquinas e equipamentos, é regida pelas disposições do Código Civil. Nesse tipo de locação, é fundamental definir claramente as responsabilidades das partes quanto à manutenção, reparos e eventual seguro do bem. A • transferência de riscos e responsabilidades deve ser estipulada de forma precisa no contrato, visando evitar litígios futuros. 11. ASPECTOS ACESSÓRIOS E GARANTIAS • Benfeitorias – As benfeitorias podem ser necessárias, úteis ou voluptuosas, sendo que cada tipo possui regras específicas quanto à sua realização, custeio e indenização. As necessárias são aquelas indispensáveis para a conservação do bem, devendo ser realizadas pelo locador, que tem direito a indenização. As úteis trazem melhorias ao imóvel, sendo custeadas pelo locatário, que pode ter direito a indenização ao término do contrato. Já as voluptuosas são melhorias de caráter estético, realizadas às custas do locatário, sem direito a indenização. • Fiança e Seguro – A fiança e o seguro são mecanismos comuns de garantia do contrato de locação. A fiança é uma garantia pessoal, na qual um terceiro se compromete a pagar as obrigações do locatário em caso de inadimplência. Já o seguro fiança locatícia é uma modalidade de seguro específica para contratos de locação, onde uma seguradora se responsabiliza pelo pagamento do aluguel em caso de falta de pagamento pelo locatário. • Penhoras e Hipotecas – A locação de bens gravados com penhoras ou hipotecas pode sofrer restrições, visto que essas garantias recaem sobre o bem locado. O locatário tem o direito de ser comunicado sobre a existência dessas restrições antes da celebração do contrato, garantindo assim sua ciência e consentimento. 12. RESOLUÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO O término do prazo do contrato ou o ato de restituir ao locador a coisa alugada, são formas de extinção do contrato de locação. Portanto, é possível haver resilição bilateral ou unilateral do contrato. O contrato de locação de coisas não tem caráter personalíssimo, pois admite-se cessão e sublocação e a morte de um dos contratantes não extingue o contrato – Art. 577, CC • Deterioração da Coisa – Art. 567, CC: Se a coisa alugada se deteriorar sem culpa do locatário durante a locação, este pode pedir uma redução proporcional do aluguel ou rescindir o contrato. • Uso Diverso ou Abuso – Se o locatário usar a coisa de maneira diferente do acordado ou danificá-la por abuso, o locador pode rescindir o contrato e exigir perdas e danos. • Locação por Tempo Determinado – Art. 573, CC: A locação por tempo determinado cessa automaticamente após o prazo estipulado, sem necessidade de notificação, chamado pelo doutrinador de denúncia vazia, não havendo necessidade de fundamentação para ocorrer. Se o locatário continuar na posse da coisa após o término do prazo, presume-se que a locação foi prorrogada pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado – Art. 574, CC. Caso o locatário permanecer com a coisa alugada e não a devolvê-lamesmo a pedido do locador após o término do prazo contratual, fica caracterizada a posse injusta e de má-fé da coisa – Art. 575, CC, cabendo ao locatário o pagamento de aluguel arbitrado pelo locador enquanto a coisa permanecer em seu poder, respondendo por qualquer dano à coisa, mesmo em caso fortuito. Trata-se de meio coercitivo, denominado aluguel-pena, devido a retenção indevida da coisa. • Direito de Retenção – Art. 578, CC: O locatário tem o direito de retenção da coisa alugada caso tenha realizado benfeitorias necessárias, salvo disposição contraria. No caso de benfeitorias uteis, somente havendo autorização expressa por parte do locador. 13. RESCISÃO DO CONTRATO • Causas de Rescisão Contratual: O contrato de locação pode ser rescindido por diversas causas previstas em lei, como término do prazo, falta de pagamento, descumprimento das cláusulas contratuais, entre outras. • Procedimento para Rescisão: O procedimento para rescisão do contrato de locação varia de acordo com a causa e as disposições contratuais. Geralmente, exige-se uma notificação prévia à parte contrária, respeitando-se os prazos legais e as formalidades estipuladas. • Efeitos da Rescisão: A rescisão do contrato de locação gera diversos efeitos, como a devolução do bem locado pelo locatário, o pagamento de eventuais débitos pendentes, a restituição das garantias prestadas e, em alguns casos, o pagamento de indenizações por danos causados. 14. ASPECTOS PROCESSUAIS • Ações Específicas em Locação – As ações judiciais cabíveis em casos de locação de coisas incluem ação de despejo, para retomada do imóvel pelo locador; ação de cobrança de aluguel, para exigir o pagamento de débitos; e ação renovatória de locação, para assegurar ao locatário o direito de permanecer no imóvel comercial após o término do contrato. • Competência e Legitimidade – As demandas relacionadas à locação de coisas devem ser propostas no juízo competente, conforme as regras de competência territorial estabelecidas em lei. As partes legítimas para propor ou contestar as ações são aquelas diretamente envolvidas no contrato de locação. 15. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO Ǫuanto à extinção do vínculo contratual, a Lei n.º 8.245/91 estabelece, nas locações a prazo determinado, a regra geral de que só se poderá extinguir o vínculo ao final do período pactuado. A Lei de locações (Lei 8.245 de 1991) segue também as regras gerais contidas no código civil no que se refere às hipóteses para o término da relação contratual. Tal extinção pode se dar de algumas formas, como por meio da rescisão contratual, da resolução contratual ou da resilição contratual. Normalmente, o contrato de locação se extingue pelos motivos a seguir: 1- Pela Resolução: é a extinção do vínculo contratual por fato não imputável ao devedor, ou seja, por causa do descumprimento das obrigações; 2- Pela Resilição: é a extinção do contrato por vontade das partes, seja bilateral (distrato) ou unilateral (denúncia). 3- Pela Rescisão: é a extinção que decorre da ruptura do contrato. Regulado pela Lei do Inquilinato (Lei 8.245 de 1991), o contrato de locação de imóvel também pode se extinguir pela perda do objeto, em outras palavras, o contrato se extingue antes do cumprimento, pelo desinteresse do novo proprietário, que não deseja a manutenção do contrato ou porque o bem se perdeu para o contrato. Não é comum se ver essa modalidade de extinção nos contratos de locação, mesmo porque as partes envolvidas no negócio jurídico desconhecem seus direitos, entendendo que o contrato deve ser cumprido até o final. A primeira forma de extinção do contrato de locação pela perda do objeto está prevista no Art. 7º da aludida lei, que prevê a denúncia com prazo de 30 dias, do contrato nos casos de extinção do usufruto e do fideicomisso se a propriedade não estiver consolidada em seu poder, ou se o nu-proprietário, ou o fideicomissário não tiverem autorizado de forma escrita. Art. 7º- Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, a locação celebrada pelo usufrutuário ou fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de trinta dias para desocupação, salvo se tiver havido aquiescência escrita do nu-proprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos do usufrutuário ou do fiduciário. Usufruto é instituto em que o proprietário doa um bem imóvel com reserva de direitos, ou seja, reservando para si o direito de usar e gozar até o fim de sua vida, ou até quando desejar, deixando de ser o proprietário e se tornando usufrutuário. Quando o nu- proprietário tiver integralizado todos seus poderes, se tornará proprietário de pleno direito, momento em que poderá denunciar o contrato se não tiver interesse na locação. • Usufruto: o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutuário (pessoa para quem foi constituído o usufruto) a capacidade de usar as utilidades e os frutos (rendas) do bem, ainda que não seja o proprietário. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos (rendas). • Nu-proprietário: é responsável pela propriedade sem gozo, ou seja, ele tem somente a perspectiva de ser o dono do bem, podendo ele usufruir do bem apenas por meio da morte do usufrutuário ou sua renúncia ao usufruto, bem como pela expiração do período proposto. • Fiduciário: é o termo designado a definir o profissional que cuida do dinheiro em casos de herança e testamento. Ele é, afinal, a pessoa responsável pela transmissão dessa herança no momento em que essa ação for necessária dada a confirmação do falecimento do proprietário original. Importante frisar que, de acordo com o parágrafo único do artigo 7º, a denúncia deve ser exercida no prazo de 90 dias, contados da extinção do fideicomisso ou da averbação da extinção do usufruto, caso contrário se entenderá a aceitação e manutenção do contrato de locação, não podendo arguir a perda do objeto do contrato, após esse período. Pode também perder o objeto do contrato, se o imóvel for alienado na vigência do contrato de locação, notificando no mesmo prazo de noventa dias, salvo se o contrato tiver cláusula de vigência e estiver devidamente averbado na matrícula do imóvel, como podemos verificar no Art. 8 da Lei em análise. Art. 8º - Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. Por todo o exposto, pode-se concluir que todas as partes presentes no contrato de Locação possuem respaldo legal quanto a extinção dele, caso se enquadrem nas alternativas anteriormente citadas. 16. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na sociedade moderna, os pactos ou contratos, tornaram-se muito comuns na vida cotidiana, mitigando conflitos sociais, estabelecendo o senso justiça e concedendo as partes, direitos e obrigações. O contrato de locação de coisas é uma formalidade onde a pessoa que possui o direito de propriedade do bem, transfere a outrem, o direito de posse mediante o pagamento de um valor previamente acordado entre as partes, devendo este ser restituído ao término do contrato. Cotidianamente, realizamos diversos contratos, tácitos ou não, devendo sempre observar as formalidades e os princípios legais que estabelecem estas relações, garantindo com isso, maior segurança jurídica no convívio social.