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O Homem
que Calculava
Malba Tahan
O HOMEM QUE CALCULAVA-MANUAL DO PROFESSOR.indd 1 12/07/2018 08:46:40
Elaboração do manual:
Daniele Mendes
Doutora em Literatura Comparada e
professora de Estudos Literários
Título O Homem que Calculava
Páginas 304
Autor Malba Tahan
Idioma Língua Portuguesa
Categoria 2
Tema(s) Outros temas: Matemática
Gênero Literário Romance
Interdisciplinaridade Com as áreas de Matemática, Educação 
Física, História, Música e Geografia
Romance: texto narrativo, de caráter imaginativo, constituído pe-
los elementos estruturadores: espaço, tempo, enredo, personagens 
e narrador. Sua característica principal é a de recriar a realidade, 
interpretando-a; no entanto, essa recriação precisa respeitar a veros-
similhança (coerência) interna da obra.
O HOMEM QUE CALCULAVA-MANUAL DO PROFESSOR.indd 2O HOMEM QUE CALCULAVA-MANUAL DO PROFESSOR.indd 2 17/07/2018 14:01:0117/07/2018 14:01:01
Conversa com o professor
Estimado professor, 
O Homem que Calculava é um romance voltado para jovens lei-
tores em torno do tema da matemática. O livro narra a história de 
Beremiz Samir, o Homem que Calculava, camponês persa que se 
revela um prodígio no campo da matemática. A história começa com 
seu encontro fortuito com o narrador, Hank Tade-Maiá. Prossegue 
apresentando as peripécias e os desafios impostos a Beremiz quando 
este decide seguir com o narrador para Bagdá.
A história foi escrita por Malba Tahan, pseudônimo do professor 
de matemática Júlio César de Mello e Souza. Aficionado pelas histó-
rias orientais, o professor Júlio resolveu utilizá-las em sua busca por 
meios lúdicos de ensinar matemática. Assim, escreveu uma série de 
obras sobre o tema, entre as quais se destaca O Homem que Calculava.
Com uma linguagem acessível aos alunos, o livro consegue 
seduzir com suas histórias e seus desafios matemáticos, mostrando 
como a matemática faz parte da nossa vida e ressaltando como o 
pensamento lógico pode ser divertido. Rompe, portanto, com uma 
visão taciturna dessa área do saber ao instigar os leitores a desvendar 
enigmas e saborear histórias de outras culturas. 
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Quem escreveu a história
Júlio César de Mello e Souza nasceu em 1985, filho de um funcio-
nário público e de uma professora, pais de mais oito filhos. Quando 
menino, estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e no Colégio 
Pedro II. 
Apesar de ter sido mau aluno na matéria, formou-se como pro-
fessor de matemática e engenheiro, lecionando com expertise a 
disciplina. Leitor apaixonado na infância, Júlio transformou-se em 
um escritor incansável, com mais de 110 livros publicados, nas áreas 
de matemática e ficção. Em sua vasta obra, apropriou-se e recontou, 
a seu modo, histórias em torno do universo cultural árabe.
A ideia de criar Malba Tahan veio como solução para a dificuldade 
em publicar seus livros. Percebeu que era mais fácil ser editado no 
Brasil caso se apresentasse como um autor estrangeiro. Assim, surgiu 
a ideia de escrever sob o pseudônimo de Malba Tahan. 
Júlio inventou toda a história de vida de Malba Tahan, pois queria 
que as pessoas acreditassem em sua autenticidade. Para tanto, estudou 
e pesquisou durante anos sobre a língua e a cultura árabes. Criou 
Malba Tahan como um escritor nascido em 6 de maio de 1885, em 
Muzalit, na Península Arábica, próximo à cidade de Meca, sagrada 
para os muçulmanos.
Malba Tahan teria estudado na Turquia e no Egito, e sido prefeito 
de uma cidade. Ao receber uma herança generosa, decidiu viajar pelo 
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mundo, visitando inclusive o Brasil. Porém, em 1921, já de volta à 
Arábia, teria sido morto ao se engajar na luta pela liberdade da região. 
Júlio também passa a dizer que as obras de Malba Tahan foram 
escritas em árabe, sendo necessário traduzi-las para a língua portu-
guesa, tarefa que atribui a outro pseudônimo criado por ele, Breno 
Alencar Bianco.
Durante muito tempo, acreditou-se que Malba Tahan fosse uma 
pessoa real. Na verdade, havia até uma imagem dele publicada em 
seu primeiro livro, Contos de Malba Tahan, que o retrata como um 
senhor vestido à moda árabe, de turbante e barba longa.
A identidade da persona ficcional foi descoberta por uma poeta, 
através de um tradutor. Quando a verdade veio à tona, Júlio pleiteou 
a Getúlio Vargas o direito de acrescentar à sua identidade o nome 
Malba Tahan, o que foi aceito pelo então presidente. Criador e cria-
tura fundiram-se em uma identidade: a de escritor apaixonado por 
encantar o público com suas histórias fantásticas.
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Mergulho no livro
O Homem que Calculava foi lançado originalmente em 1938, quando 
Júlio César de Mello e Souza já havia publicado algumas obras. 
Tornou-se um grande sucesso.
Trata-se de um romance de ficção ambientado no mundo árabe, 
voltado para um público leitor jovem. A obra explora o tema da ma-
temática, dentro do contexto da cultura árabe, seus saberes e herança 
literária. Podemos falar que é um romance cujo eixo temático, a 
matemática, é abordada em uma perspectiva étnica, a partir de suas 
configurações na cultura árabe.
Os árabes tiveram um papel relevante no desenvolvimento da 
Ciência e da Matemática. Na Idade Média, diante do monopólio e 
do controle cultural e educacional impingidos pela Igreja Católica, o 
legado cultural e científico da Antiguidade greco-romana foi alijado 
do cenário europeu. Filósofos e pensadores árabes, como Avicena e 
Averróis, resguardaram a tradição do pensamento filosófico antigo, 
possibilitando o seu alcance para a posterioridade. 
Muitos dos avanços alcançados pela tecnologia nos mundos medieval 
e moderno devem-se aos árabes, às suas invenções e aos seus conheci-
mentos matemáticos, como a divulgação dos algarismos, a compreensão 
e valoração das posições ocupadas por estes, e a própria álgebra, conceito 
criado pelo matemático árabe Maomé ibn Musa al-Khwarizmi, autor 
do livro Al-jabr wa’l muqabala, sobre equações elementares. 
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O Homem que Calculava dialoga tanto com este universo mate-
mático árabe quanto com outros aspectos desta civilização, como a 
religiosidade e as formas específicas de narração de histórias dessa 
cultura. A fé muçulmana ocupa papel relevante na dedicatória pre-
sente na obra e em sua narrativa. 
Em relação a esse ponto, é válido apontar duas questões recor-
rentes na obra de Malba Tahan. A primeira diz respeito à marcação 
da forte religiosidade de Malba Tahan, explicitada nas dedicatórias 
dos livros, que sempre atribuem louvores e agradecimentos a Alá, 
o Deus muçulmano — que vem a ser o mesmo do judaísmo e do 
cristianismo, embora concebido a partir de óticas distintas. A segun-
da refere-se justamente à presença dessa pluralidade de concepções 
sobre o sagrado e à crença em uma convivência tolerante e pacífica 
entre pessoas de visões religiosas diferentes. No século XX, a obra 
de Malba Tahan já pregava essa relação de respeito, que é ainda tão 
necessária reforçar em nossos dias. 
As duas questões estão presentes em várias de suas obras, como, 
por exemplo, Mil histórias sem fim, na qual personagens de origens mu-
çulmana, cristã e judaica convivem de modo harmônico e empático. 
Especificamente em O Homem que Calculava, tal temática é destacada 
no próprio desenrolar do enredo, quando o protagonista se casa com 
uma jovem de origem cristã, convertendo-se ao cristianismo. 
Em relação às formas específicas de narração concernentes à cul-
tura árabe, vale destacar a forte influência da literatura e do folclore 
árabes neste livro, especialmente os contos de As mil e uma noites. 
Há até mesmo citações literais advindas de As mil e uma noites, bem 
como de Tagore, famoso poeta árabe. 
A estrutura dosdiálogos, que remete à de As mil e uma noites, mos-
tra o resgate de uma construção específica que referencia a tradição 
oral árabe, conhecida como mise-en-abyme, isto é, uma narrativa de 
histórias em cadeia, que ocorre quando a obra apresenta uma se-
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quência de histórias interligadas pela voz narrativa, cada qual com 
o seu arco dramático. Tais narrativas se integram à história central 
no enredo. 
Em As mil e uma noites, por exemplo, as narrativas são alinhavadas 
pela narradora Scherazade, como recurso para conquistar o sultão; 
em O Homem que Calculava, a conexão é feita pelo narrador, que 
conta a sua viagem com o protagonista rumo a Bagdá, costurando 
os vários episódios que se sucedem, de modo a compor a unidade 
do livro. Entretanto, essas histórias não alcançam um fim, mas em 
seu clímax se abrem para as posteriores. Podemos mesmo afirmar 
que os limites entre as histórias episódicas são propositalmente or-
ganizados de maneira a dispor os contos em cadeia, como é típico 
da tradição literária oriental.
Outros elementos típicos dessa tradição, recuperados pela escrita 
literária de Malba Tahan, são a predileção pelos diálogos, o emprego 
de orações curtas, os paralelismos, a inserção de provérbios e conse-
lhos, e os jogos de desafio lógico. Ponto também fundamental de ser 
lembrado é a influência do livro fundamental da religião muçulmana, 
o Alcorão, nas frases proferidas pelos personagens, no sistema moral 
e de valores, na dedicatória da obra e na própria construção da per-
sona de Malba Tahan como um homem islâmico, nascido próximo 
a Meca, lugar sagrado para os muçulmanos. 
A dedicatória estabelece uma relação cíclica com o epílogo do 
romance. A obra é dedicada a uma série de filósofos e matemáticos, 
como Descartes, Pascal e Newton, que não professavam a fé cris-
tã. Em acordo com o costume islâmico, Malba Tahan clama a Alá 
para que este se compadeça dos infiéis. Como explicado pelo outro 
pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, Breno Bianco, no 
apêndice da obra, esse é um apelo islâmico fundamentado na ideia 
de misericórdia de seu Deus, que poderia vir a poupar os homens 
sábios de sua infidelidade. 
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À dedicatória de Tahan, que clama pela misericórdia ao infiel, 
e ao apêndice de Bianco, que reconhece o sentido e o valor da fé 
alheia, soma-se o epílogo da narrativa, com a conversão de Beremiz 
por conta de seu casamento com a cristã Telassim. Beremiz somen-
te concorda em se converter se fosse batizado “por um bispo que 
soubesse a Geometria de Euclides”. Assim, cria-se uma teia entre a 
religião e a matemática, de modo a sublinhar as relações entre a fé e 
a lógica. Do mesmo modo, insere-se na narrativa ficcional reflexões 
sobre a alteridade, ao apresentar vivências e elementos culturais das 
religiões muçulmana e cristã. 
Tanto nesta como em outras obras, Malba Tahan reforça a sua fé 
muçulmana e apresenta-se sob o epíteto de “crente de Alá e de seu 
santo profeta Maomé”, demonstrando sua gratidão a Alá e a consciên-
cia da grandiosidade de seu Deus. Também é importante lembrar 
que a palavra “corão” significa recitar, o que reforça a recuperação, 
na obra, de marcas da tradição oral árabe. 
O livro é composto de 34 capítulos, nos quais são narradas as 
aventuras e peripécias vividas pelo narrador, Hank Tade-Maiá, e 
pelo protagonista, Beremiz Samir, o Homem que Calculava. Além 
dos capítulos com as narrativas, há uma introdução e um apêndice, 
no qual a dedicatória é explicada e são feitas considerações sobre a 
civilização árabe e a matemática, notas sobre a vida de matemáticos 
importantes, a explicação dos problemas propostos no livro, um 
glossário e um índice de autores e personagens históricos.
Introdução e apêndices são assinados por Breno Alencar Bianco, 
que se apresenta como “tradutor” da obra. Nas palavras dele, a obra 
tem duplo objetivo: “educativo e cultural”. De fato, Malba Tahan 
consegue com grande habilidade criar um texto culturalmente rico, 
literariamente bem construído, instigante e prazeroso, em torno do 
universo da matemática. O cenário medieval árabe seduz com seu 
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exotismo e desafia o jovem leitor com uma série de enigmas, deci-
frados pelo personagem do Homem que Calculava. 
O livro possui um narrador homodiegético, isto é, ele narra em 
primeira pessoa uma história que não protagoniza. A abertura da nar-
rativa dá-se no momento em que Hank Tade-Maiá, um homem de 
Bagdá, encontra na cidade de Samarra, por acaso, Beremiz Samir, um 
jovem camponês persa que recebera uma folga de seu patrão, como 
recompensa por tê-lo enriquecido com seu dom para os cálculos. 
Impressionado com as habilidades do jovem, o narrador convence-o 
a seguir viagem com ele até Bagdá, onde poderia colocar, a serviço 
do governo, o seu dom para o cálculo. 
O fato de Beremiz ser um jovem com um dom para a matemá-
tica é importante. Ele destaca a presença do pensamento lógico e 
matemático no cotidiano e o aponta como algo que efetivamente 
faz parte de nossas vidas. Beremiz resolve os problemas pela sua 
capacidade intuitiva de dedução, fora de quaisquer instruções pe-
dagógicas formais. O autor consegue com isso uma estratégia para 
retirar a matemática de um domínio erudito. 
Ao mesmo tempo, ao inserir no apêndice os comentários para a 
resolução dos problemas solucionados por Beremiz, o autor conduz 
o jovem leitor ao aprimoramento e à sistematização das propostas 
matemáticas inseridas na obra, através dos desafios impostos ao pro-
tagonista, como a partilha de heranças, a contagem de camelos e a 
descoberta da cor dos olhos de escravas, tendo como pistas respostas 
que poderiam ser verdadeiras ou falsas. Tais desafios se entrelaçam, 
na obra, a lendas e histórias, como a que aborda o surgimento do 
jogo de xadrez, por exemplo.
Hank Tade-Maiá e Beremiz ficam amigos e, ao chegar a Bagdá, 
tornam-se, respectivamente, escriba e secretário do grão-vizir. Be-
remiz também aceita trabalhar como professor de matemática para 
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a filha do xeque Iezid, Tessalim. O convite foi feito por conta de 
uma previsão astrológica segundo a qual a moça padeceria de gran-
de sofrimento caso não estudasse matemática. Tessalim torna-se a 
“aluna invisível” de Beremiz, assim chamada porque não podia ser 
vista pelo seu professor. Por Telassim, Beremiz enfrentará seu últi-
mo grande desafio — o da cor dos olhos das escravas — e rejeitará 
promessas de riqueza, preferindo uma vida simples e feliz, que será 
o seu maior tesouro. 
A fama do Homem que Calculava chega até o califa, que o testa, 
sendo o teste final uma audiência com sete sábios. Ele vence a prova 
e pede a mão de Telassim em casamento, o que lhe é concedido. A 
narrativa alinha-se, assim, a um motivo clássico presente nos con-
tos populares: a do herói que vence uma tarefa difícil e tem como 
recompensa a mão da amada. 
A narrativa encerra-se com o final feliz do Homem que Calculava, 
que se muda para Constantinopla com a esposa, seguido pelo nar-
rador. Entretanto, ao contrário de boa parte dos contos populares, a 
felicidade não vem da opulência ou da conquista do poder pelo herói, 
mas de sua compreensão sobre os benefícios de uma vida sensata e 
temente a Deus, ao lado da mulher amada. 
Monteiro Lobato, ao falar sobre O Homem que Calculava, pon-
tuou sua crença na longevidade da obra, que alcançaria as gerações 
futuras. A previsão de Lobato foi certeira. Ainda que passado na 
Idade Média oriental, o livro aponta para elementos de extrema 
relevância para a educação de nossos alunos no contexto da pós-
-modernidade: a pluralidade cultural, o respeito à alteridade e o 
conhecimento e reconhecimento da ideia de cultura de um ponto de 
vista antropológico, no qual se recuse a noção de superioridade,de 
modo a recuperar elementos da riqueza cultural de povos orientais, 
estimulando a convivência pacífica de grupos culturais e étnicos 
distintos. Assim, a leitura da obra é de extrema importância como 
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instrumento para desconstruir preconceitos, estereótipos, discursos 
de ódio e de intolerância às diferenças religiosas, culturais e étnicas. 
Ao trazer à tona esclarecimentos capazes de desconstruir a visão do 
diferente como bárbaro, leva o jovem a reconhecer a civilização em 
contextos diferentes dos ocidentais. 
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Pré-leitura
A leitura da obra O Homem que Calculava, de Malba Tahan, pseu-
dônimo de Júlio César de Mello e Souza, dialoga com contextos 
culturais, religiosos e sociais plurais. Pela via da ficção, as histórias do 
livro são elementos potentes para instigar o aluno à reflexão sobre o 
respeito à alteridade e à valorização de tradições artísticas milenares. 
Aos professores, com o fito de estabelecer pesquisa prévia às 
aulas, recomendamos a leitura dos artigos “Do pseudônimo ao 
orientalismo: um ‘caminho das pedras’ representativo no labirinto 
das narrativas de Malba Tahan”, de Bosco e Resende, e de “Malba 
Tahan, muito além do pseudônimo”, de Salles e Pereira Neto. Tam-
bém sugerimos a leitura do livro O Islã, de Karen Armstrong, uma 
vez que o pensamento e a tradição islâmica se destacam na obra em 
questão. 
Para a preparação do aluno, neste momento de pré-leitura, suge-
rimos as seguintes atividades: 
•  Exiba o vídeo Pequenas histórias do mundo: a cultura e herança 
árabes. Converse sobre ele com a turma e sobre como a civili-
zação árabe contribuiu para a Ciência e a Matemática como as 
conhecemos no mundo atual. 
•  Converse sobre como a cultura árabe também influenciou 
a Língua Portuguesa. Leve exemplos de palavras da Língua 
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Portuguesa de origem árabe. Peça aos alunos que façam uma 
pesquisa e exiba os resultados no mural da classe. 
•  Fale sobre o envolvimento de Malba Tahan com a cultura árabe 
e a religião muçulmana. Exiba o vídeo Malba Tahan, produzido 
pelo Canal Futura, à turma.
•  Leve à sala o Livro das mil e uma noites, do folclore árabe, e Mil 
histórias sem fim, de Malba Tahan. Fale sobre a história, escolha 
algumas das narrativas e as conte para a turma. Deixe os livros 
circularem entre os alunos. Depois, escolha uma história de 
cada livro e a distribua para a turma. Faça uma leitura coletiva 
e a discuta com os alunos, comparando-as.
•  Explique à turma o que é uma narrativa em cadeia (mise-en-
-abyme), como a que aparece em o Livro das mil e uma noites e O 
Homem que Calculava.
•  Confeccionem um livro (digitado e impresso, ou artesanal) 
com narrativas em cadeia produzidas pela turma.
•  Escolha um dos desafios matemáticos presentes na obra O Ho-
mem que Calculava e o apresente à turma. Compare as respostas 
da turma e deixe que eles descubram o resultado durante o 
processo de leitura. 
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Pós-leitura
Após a leitura, sugerimos a reunião da turma para um debate sobre 
a obra. Explore as principais questões da narrativa: a sua estrutura, 
em comparação ao Livro das mil e uma noites, por exemplo; o modo 
como as personagens são construídas; a figuração do tempo e do 
espaço; a representação da cultura árabe, de seus costumes, da re-
ligião islâmica, das palavras e expressões em árabe que aparecem 
na narrativa. Depois, como forma de dar continuidade às reflexões 
estabelecidas no momento da pré-leitura e da leitura, gostaríamos 
de sugerir as seguintes atividades:
•  Peça à turma para falar sobre os sentimentos despertados pela 
leitura e comente as escolhas das personagens sobre as suas 
vidas. Pergunte sobre as identificações e diferenças que senti-
ram em relação às vivências deles. 
•  Pergunte sobre como a leitura impactou a visão deles sobre o 
mundo árabe. 
•  Exiba o vídeo O Islã na periferia de São Paulo. Converse com 
os alunos sobre como o vídeo mostra a religião muçulmana. 
Discuta a questão da intolerância religiosa e do preconceito. 
•  Organize com os alunos um mural que exiba as principais 
contribuições da civilização árabe nas áreas de Literatura, 
Arquitetura, Ciências e Matemática. Ou, se for possível, con-
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feccione um livro coletivo artesanal em torno do tema e o 
disponibilize na biblioteca da escola. 
•  Leve os alunos à biblioteca da escola para que pesquisem sobre 
outros livros de Malba Tahan. 
•  Organize um clube de leitura em torno da obra de Malba 
Tahan. Na bibliografia deste manual, sugerimos outros livros 
do autor que podem ser lidos e debatidos pelos estudantes.
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Interdisciplinaridade
Interdisciplinaridade é um conceito de meados da década de 1960, 
surgido na França, a fim de atender a reivindicações de ordem social, 
política e econômica que não encontravam respostas em uma única 
área de saber ou disciplina. No Brasil, a interdisciplinaridade apare-
ce nas últimas Leis de Diretrizes e Bases (LDB) e nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs). 
A leitura de O Homem que Calculava é um instrumento potente para 
o trabalho interdisciplinar, uma vez que a ideia em si do conhecimen-
to como uma trama de saberes múltiplos que se entrelaçam está no 
próprio cerne da obra. Assim, abre-se ao trabalho interdisciplinar não 
apenas com a área de Matemática, obviamente, mas também com as 
de Educação Física, História, Música e Geografia. Tal parceria pode 
ser feita ainda no momento de pré-leitura, através do mapeamento 
dos contextos históricos e geográficos relacionados à narrativa. Além 
disso, sugerimos o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar 
a partir das seguintes atividades: 
•  Pesquisa sobre a civilização e a cultura árabe.
•  Sarau em torno do tema, com apresentações de poemas, esque-
tes, danças, músicas e uma gincana de desafios matemáticos. 
•  Mostra de filmes sobre o mundo árabe, com debate sobre os 
filmes exibidos. Se houver em sua cidade alguma instituição 
ligada à cultura árabe, convidá-la a participar dos debates. 
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Para saber mais...
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ARMSTRONG, Karen. O Islã. São Paulo: Objetiva, 2002.
BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 2007.
LIVRO das mil e uma noites. São Paulo: Globo, 2005. (3 v.)
MALBA TAHAN. Lendas do oásis. Rio de Janeiro: Record, 2000. 
_______ . Lendas do céu e da terra. Rio de Janeiro: Record, 2001.
_______ . Maktub! Rio de Janeiro: Record, 2006. 
_______ . O livro de Aladim. Rio de Janeiro: Record, 2008.
_______ . Mil histórias sem fim. v. 2. Rio de Janeiro: Record, 2011.
_______ . Lendas do deserto. Rio de Janeiro: Record, 2013.
_______ . Matemática divertida e curiosa. Rio de Janeiro: Record, 2017.
_______ . O homem que calculava. Rio de Janeiro: Record, 2018.
_______ . Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record, 2018.
MALBA Tahan. Canal Futura. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=og2R0W-0d. Acesso em 23 abr. 2018.
O ISLÃ na periferia de São Paulo. GloboNews Especial. Disponível 
em: <https://globosatplay.globo.com/globonews/v/6107798/>. 
Acesso em: 23 abr. 2018.
PEQUENAS histórias do mundo —a cultura e herança árabes. 
Documentário Grandes Civilizações —TV Escola. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=Y2JMPBRU7wE>. 
Acesso em: 5 jun.2018. 
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