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1 1 CAPÍTULO 4: ONDAS DE SOM E LUZ Objetivos No final desse capítulo o aluno deverá ser capaz de: Identificar que o som e a luz se propagam na forma de ondas Identificar que as ondas transportam energia Identificar os tipos de ondas e suas características Identificar a natureza do som e da luz Identificar a natureza das cores Identificar o espectro eletromagnético e suas características. INTRODUÇÃO Esse capítulo é dedicado ao estudo das ondas, em particular ondas de som e luz. Como a luz faz parte do espectro eletromagnético que por sua vez é frequentemente citado no estudo das ciências, na biologia esse espectro aparece nas discussões sobre fotossíntese, a fisiologia do olho, fontes mutagênicas, entre outros. Em ambos os casos, estamos interessados no movimento de ondas como um mecanismo de transmissão de energia sonora e luminosa. Ondas sonoras são ondas mecânicas que se propagam tanto nos gases e líquidos quanto nos sólidos e são transmitidos como ondas longitudinais. Na medicina essas ondas podem ser usadas para explorar e visualizar tecidos moles de um feto em formação (ultrassonografia). Através dos trabalhos de Christian Huygens (1629-1695) e Thomas Young (1773- 1829), foi mostrado que o comportamento da luz em refletir, refratar, interferir e difratar também podem ser explicados assumindo que a luz é transmitida por meio de ondas. Essa teoria alcançou seu clímax através do trabalho de James Clerk Maxwell (1831-1879) que identificou a luz como uma onda eletromagnética, formado de diferentes comprimentos de ondas viajando a mesma velocidade no vácuo ou no ar. Esse entendimento expandiu nossa habilidade de observar e se comunicar com o mundo ao redor e muito além. A teoria ondulatória da luz explica satisfatoriamente o processo em transito da luz, mas não é capaz de explicar como a luz é emitida e absorvida pela matéria. Coube a Max Planck (1858-1947), Albert Einstein (1879-1955) e Neils Bohr (1885-1962) em seus trabalhos, estabelecerem que na emissão e absorção, a luz age como se fossem partículas, cada uma como um pacote de energia chamada fóton. 4.1. MOVIMENTO DE ONDAS A energia é frequentemente transferida de um lugar para o outro por meio de ondas. Uma forma bastante familiar de observar esse processo é vista ao se atirar uma pedra em um lago. Ondas se espalham rapidamente do ponto de contato avançando em todas as direções para as bordas. Se em vez da pedra você tira e coloca seu dedo regularmente numa cuba de água, ondulações circulares concêntricas, uniformemente espaçadas se formarão. Essas ondulações sucessivas se movem para fora do centro do distúrbio, crescendo mais e mais. Quando cada ondulação passa sob pedaços de rolha de cortiça flutuando em uma cuba d’água isto faz com que elas subam e desçam. Com as sucessivas ondulações, cada pedaço de cortiça vibra com 2 2 um movimento regular para cima e para baixo. Essas ondulações sucessivas em intervalos regulares são chamadas ondas periódicas. Uma única ondulação ou distúrbio é chamado de pulso. Ondas transferem energia Como as ondas transferem energia? Quando ondas sucessivas passam sobre a água em um ponto particular, alternadamente a água sobe e desce, mas permanece aproximadamente no mesmo lugar. Somente a energia que faz a massa de água subir e descer segue adiante com as ondas. Essa energia é suprida pelo agente que perturbou a água e produziu as ondas. Ondas na água ilustram situações comuns para todas as ondas. As ondas representam a maneira pela qual a energia é transmitida através de um meio quando esse meio é perturbado. Sempre que ondas periódicas passam através de um meio, elas provocam a vibração das partículas desse meio. Tipos de ondas Transversais ― Ondas transversais são aquelas que provocam a vibração transversal ou de um ângulo reto das partículas em relação a direção de propagação ou movimento das ondas. Você pode ver que a energia está movendo a mola, embora cada pedaço da mola esteja somente vibrando, isto é, vibrando em ângulos retos. Ondas de luz são exemplos de ondas transversais. Para ver uma onda transversal como ilustrado na Fig. 4-1, estique uma mola comprida e fina ao longo de uma mesa lisa. Peça alguém para segurar a outra extremidade ou a mantenha Fig. 4-1. Uma mola ao ser agitada na direção perpendicular ao seu comprimento produz um pulso perpendicular na direção do movimento da onda. 3 3 fixa, e, em seguida, dê uma rápida agitada de um ângulo reto em relação a direção da mola. O que acontece? Quando você agita a mola na direção perpendicular ao seu comprimento, à medida que a energia passa através da mola, cada pedaço da mola vibra em ângulos retos em relação ao movimento das ondas. Longitudinais ― Ondas longitudinais são aquelas que provocam a vibração paralela das partículas em relação a direção de propagação ou movimento das ondas. Se você olhar de perto, perceberá que a energia está passando pela mola, embora cada pedaço da mola esteja apenas vibrando longitudinalmente. O som é transmitido através do ar por ondas longitudinais. Para ver uma onda longitudinal como ilustrado na Fig. 5-2, estique uma mola comprida e fina ao longo de uma mesa lisa. Peça alguém para segurar a outra extremidade ou a mantenha fixa, e, em seguida, dê uma rápida mexida para trás e para frente ao longo do comprimento da mola. O que acontece? Quando você agita a mola ao longo do seu comprimento, à medida que a energia passa através da mola, cada pedaço da mola vibra na mesma direção ou longitudinalmente. Componentes de uma onda Você pode se programar para observar a formação de ondas de água transversais calmamente sentado em frente a uma praia ou na beira de um lago. Neste último caso, basta arremessar uma pedra de modo que ela mergulhe na água, ou ainda, pode observar em sua casa com uma cuba d’água. Fig. 4-2. Uma mola ao ser agitada na direção paralela ao seu comprimento produz um pulso longitudinal na direção do movimento da onda. 4 4 Uma sequência de ondas consiste de cristas e vales seguindo sucessivamente, uma após outra, como mostra a Fig. 4-3. A parte mais alta são chamadas cristas e as mais baixas são chamadas vales. A distância entre duas cristas sucessivas ou dois vales sucessivos é chamado comprimento de onda. A altura da crista de uma onda acima ou abaixo da superfície representada pela linha pontilhada é chamada de amplitude da onda. A amplitude de uma onda de água determina a altura que a água será elevada sobre a superfície da água por onde ela se move. Quanto maior a amplitude das ondas de água, maior a energia que ela transmite para a água sobre a superfície que ela se move. Frequência, comprimento de onda e velocidade O número de ondas por segundo que partem do ponto onde as ondas se formam ou são produzidas é chamado de frequência ( f ) das ondas. Isto equivale dizer que a frequência é o número de repetições por segundo das ondas. Como resultado, ondas de uma dada frequência faz com que as partículas de água passem a vibrar na mesma frequência. As ondas de água movem-se para frente em uma velocidade que pode ser medida anotando o tempo levado para uma crista viajar uma distância definida, dividindo-se essa distância pelo tempo. Se v é a velocidade de uma série de ondas, f sua frequência, e o comprimento de onda é λ (lê-se lambda), temos que: Comprimento de onda Comprimento de onda Amplitude Amplitude Fig. 4-3. Componentes de uma onda. 5 5 Ou simbolicamente: Unidade de frequência ( f ) no SI:( ) ciclos hertz Hz segundo Exemplo 4-1. Uma onda tem frequência de 2 hertz (2 ciclos por segundo) e um comprimento de onda de 10 cm. Qual é a velocidade da onda? Solução: Em cada segundo, duas ondas são produzidas, com 10 cm de comprimento cada uma. Portanto, a relação entre comprimento de onda e frequência fornece 10 2 20v Isto mostra que a onda viaja adiante 20 cm em cada segundo. Ou seja, a velocidade da onda é 20 cm/s. Velocidade = frequência comprimento de onda v f 10 cm 10 cm em 1 segundo: Fig. 4-4. Comprimento de onda de uma onda transversal. 6 6 Reflexão de ondas Quando uma serie de ondas produzidas em um tanque de água atinge um obstáculo, as ondas retornam ou são refletidas. Depois da reflexão as frentes de ondas permanecem circulares e aumentam seus raios. Quando a parede refletora é muito grande comparada ao comprimento de onda das ondas de água que chegam nela, as ondas obedecem uma simples lei de reflexão. As ondas são refletidas depois que elas se chocam com a parede ou barreira, movendo-se na direção mostrada na Fig.4-5. As ondas que chegam a barreira são chamadas ondas incidentes. As que retornam são chamadas ondas refletidas. 1. Atividade Experimental ― Reflexão de ondas Adquira uma assadeira ou forma de bolo de metal, retangular com medida em torno de 30 cm 20 cm ou maior, um conta gotas ou frasco de plástico com bico redutor, para gotejar água. Fonte de ondas Frentes de ondas incidentes Frentes de ondas refletidas Fig. 4-5. Ondas circulares refletidas nas paredes do recipiente. 7 7 Procedimento: 1. Coloque água na forma até a metade ou um pouco mais, e também no frasco; 2. Deixe a água estabilizar na forma e suspenda o frasco sobre a forma de uns 15 cm de altura; 3. Deixe cair algumas gotas de água sobre a forma em torno de 5 cm ou mais do meio de um dos lados mais longos da forma e, observe a formação de frentes de ondas esféricas na superfície da água a partir desse ponto; 4. Observe também que ao se chocar com as laterais da forma as frentes de ondas são refletidas na superfície da água; 5. Teste outras situações, como diminuir a quantidade de água na forma, aumentar ou diminuir a altura das gotas e observe o resultado. Refração de ondas Quando as ondas de água passam de uma região profunda para uma rasa ou vice-versa ocorre mudança de velocidade. A velocidade da onda de água é maior quanto maior a profundidade da água. Uma mudança de velocidade da onda normalmente provoca uma mudança ríspida de direção. A rápida mudança na direção da onda é chamada de refração. A Fig. 4-6 ilustra uma forma de metal com água onde ondas retas paralelas propagando-se para a direita até encontrar uma placa de vidro colocada no fundo da forma tornando a região com água mais rasa sobre a placa. Isto provoca uma refração das ondas de água. Interferência de ondas Considere um recipiente com água onde estejam presentes dois conjuntos de ondas. Se uma crista do primeiro conjunto de ondas chega em um dado ponto ao mesmo tempo que uma crista do segundo conjunto de ondas, as ondas se encontrarão formando uma nova crista no mesmo ponto como uma superposição de ambas, isto é, a amplitude da nova crista é igual a soma das amplitudes das duas cristas superpostas, como ilustrado na Fig. 4-7. Fig. 4-6. Refração de ondas de água. 8 8 Se os vales de ambos os conjuntos de ondas chegam num dado ponto ao mesmo tempo, eles novamente se encontrarão formando um novo vale no mesmo ponto como uma superposição de ambos, isto é, a amplitude do novo vale é igual a soma das amplitudes dos dois vales superpostos. Nos dois casos é dito que as duas ondas estão em fase. Tais ondas são ditas interferir construtivamente umas com as outras. Se por outro lado, uma crista do primeiro conjunto de ondas chega em um dado ponto ao mesmo tempo que um vale do segundo conjunto de ondas, as ondas se cancelarão por completo ou em parte dos efeitos de cada um, como ilustra a Fig. 4-8. A amplitude resultante das duas ondas será igual a diferença entre suas amplitudes individuais e na direção da maior delas. Caso sejam iguais elas se cancelarão por completo. Neste caso as ondas são ditas estar em oposição de fase, e de interferir destrutivamente. a + b a b Fig. 4-7. Interferência construtiva: duas cristas superpostas, formam uma crista igual a sua soma. 9 9 Difração de ondas O segundo caso a ser considerado diz respeito a difração, que representa a habilidade das ondas viajarem em torno dos cantos e obstáculos em seus caminhos. Esse fenômeno é chamado de difração. Novamente usa-se a água como referência na propagação das frentes de ondas e seu encontro com obstáculos e fendas a fim de produzir os efeitos da difração. Quando uma frente de onda avança na direção de um obstáculo formado por duas barreiras cuja largura é grande comparada com o comprimento de onda dessas ondas, as ondas passam através da abertura seguindo em frente numa propagação retilínea, sem sofrer praticamente alteração, como pode ser visto na Fig. 4-9. Fig. 4-8. Interferência destrutiva: superposição de uma crista e um vale de duas ondas forma uma crista ou um vale igual a sua diferença. b a b − a 10 10 Quando se estreita o espaço entre as barreiras de modo que o comprimento de onda da frente de onda seja do mesmo tamanho ou menor que a largura entre as barreiras, as ondas são rigidamente difratadas em torno das extremidades da abertura, como ilustrado na Fig. 4-10. Portanto, a difração é mais óbvia quando a largura do vão é menor que o comprimento de onda das ondas. Fig. 4-9. Efeitos de difração são pequenos quando ondas passam através de abertura muito maior que seus comprimentos de onda. Fig. 4-10. Efeitos de difração são intensos quando ondas passam através de abertura muito menor que seus comprimentos de onda. 11 11 Polarização Seja uma corda esticada e fixa em uma de suas extremidades, ao sofrer um movimento de torção na extremidade livre, esta realiza um movimento circular uniforme (MCU) em torno de seu eixo. Tem-se assim uma onda que vibra em planos diferentes, isto é, uma onda não- polarizada, onde as partículas da corda vibram em todas as direções perpendiculares à direção de propagação da onda. Se a mesma corda agora é posta a oscilar na direção perpendicular, as partículas da corda vibrarão perpendicularmente à direção de propagação da onda. Esse tipo de onda denomina-se onda polarizada. Direção de propagação da onda Fig. 4-9. Onda não polarizada. Direção de vibração das partículas da corda. Direção de propagação da onda Fig. 4-9. Onda polarizada. Direção de vibração das partículas da corda. 12 12 Ondas estacionárias Se uma onda é gerada a partir de uma extremidade livre (como em uma corda, por exemplo) e se propaga até a extremidade fixa, como uma parede, onde é refletida e retorna com sentido de deslocamento contrário, as perturbações se superpõem, originando o fenômeno de ondas estacionárias. Portanto, ondas estacionárias são o resultado da superposição de duas ondas de mesma frequência, mesma amplitude, mesmocomprimento de onda, mesma direção e sentidos opostos, como ilustrado na Fig. 4.13. Fig. 4-13. A figura de cima mostra uma onda incidente com uma extremidade fixa presa à parede. A figura de baixo mostra a mesma onda refletida na parede viajando em sentido oposto. ventre nó nó ventre λ/2 λ/2 13 13 4.2 NATUREZA DO SOM O som é classificado como um tipo de onda mecânica que se propaga através de um meio material. Portanto, o som não se propaga no vácuo. Como uma onda, o som se propaga no ar e transmite energia para os corpos em torno do meio por onde passa. Por exemplo, quando uma onda sonora é gerada por um alto-falante dentro de uma sala, ela provoca a vibração das partículas das substancias dentro do ambiente. Do mesmo modo que corpos vibrando na superfície da água produz ondas de água, corpos vibrando no ar produzem ondas sonoras. Essas ondas irradiam em todas as direções a partir da fonte vibratória. Quando as cordas de um violão são dedilhadas elas vibram e produzem ondas sonoras. Já o som da voz humana é produzido pela vibração das cordas vocais. Formação das Ondas Sonoras Para compreender como se formam as ondas sonoras devemos observar novamente como ocorre a vibração de uma mola. Colocando uma mola na horizontal sobre uma superfície lisa com uma extremidade fixa na parede e a outra extremidade presa a um corpo de massa ‘m’ inicialmente em repouso. Esticando a massa e largando em seguida, a mola é comprimida, quando volta a se mover para a direita, comprime o ar diretamente em frente. Esta leve pressão é passada para o ar um pouco adiante, que por sua vez, passa adiante e adiante, comprimindo a massa de ar ao redor, a Fig. 4-11 representa uma ilustração desse procedimento. Ao completar o movimento para a direita a mola começa a retornar para a esquerda. A pressão no ar é removida, provocando sua expansão, que por sua vez remove a pressão adiante, e assim expande a massa do ar adiante. O movimento da mola para frente e para traz produz a compressão e expansão sucessiva do ar. Uma compressão seguida de uma expansão forma uma onda completa. O número de ondas produzidas por segundo é igual a frequência de vibração da mola, de modo que a massa de ar por onde a onda passa contrai e expande na mesma frequência regular da mola vibrando. Em comparação com as componentes de uma onda, as cristas representam as contrações do ar e os vales representam as expansões. Um comprimento de onda é representado por uma distância ocupada por duas cristas ou dois vales sucessivos. O número de cristas e vales produzidos por segundo é a frequência das ondas. A amplitude ou altura da crista representa a amplitude de vibração das partículas de ar sobre as quais as ondas estão passando. A amplitude das ondas sonoras, determinam a intensidade do som. Quanto mais alto a amplitude, mais alto o som. O comprimento de onda do som é a distância entre duas compressões sucessivas (ou rarefações). 14 14 Quando a velocidade e frequência das ondas de som são conhecidas, seu comprimento de onda pode ser determinado da relação obtida anteriormente para ondas de água, portanto Exemplo 4-2. Vamos calcular o comprimento de onda do som na parte final mais baixa da região audível cuja frequência é 20 hertz. Considerando que a velocidade do som é de 340 metros por segundo. Solução: Sabendo que v = λ f , temos que 340 m/s = 20 Hz λ λ=340 20 = 17 metros Reflexão de ondas sonoras e ecos Quando ondas sonoras encontram em sua trajetória superfícies planas e rígidas, elas são refletidas. Os sons produzidos no interior de uma sala por exemplo são refletidos muitas vezes quando ressoam nas paredes, teto, piso e demais objetos em seu interior. Essas múltiplas reflexões são comumente observadas em ambientes vazios, como salas, e é chamado de reverberação. Outro fenômeno associado a reflexão das ondas sonoras é o eco. Contudo, o eco só pode ser percebido pelo ouvido humano quando uma onda sonora refletida retorna no intervalo Fig. 4-13. Representação de ondas sonoras. Compressão Expansão Amplitude Amplitude Velocidade = frequência comprimento de onda (m/s) (Hz) (m) 15 15 mínimo de um décimo de segundo ou 0,1 s após o som original ter sido ouvido. Para produzir um eco, a superfície refletora deve estar a uma distância mínima de 17 metros ou mais do observador. Portanto, um som indo e voltando dessa superfície deve viajar pelo menos 2 17 = 34 metros. Visto que a velocidade do som no ar é de 340 m/s, em um décimo de segundo ou 0,1 s, o som irá percorrer 34 metros. O eco pode ser usado para diversos fins, tais como medir a profundidade dos oceanos ou de outros corpos d’água profundos, localizar submarinos, além de peixes e outros objetos no fundo dos oceanos. Difração de ondas de som A maior parte dos sons viajam livremente em torno dos cantos e obstáculos. Quando um carro se aproxima de uma esquina de rua, fora do alcance visual, é possível mesmo assim, ouvir sua buzina. Isto é devido ao fenômeno da difração das ondas de som. Como vimos para ondas de água, a difração para as ondas sonoras depende da razão de seu comprimento de onda e do tamanho da abertura por onde elas passam ou em torno do obstáculo em torno do qual elas passam. Quando o comprimento das ondas de som é maior ou em torno do mesmo tamanho da abertura ou do obstáculo, as ondas são fortemente difratadas e curvam-se ao redor das extremidades. Portanto, sons de baixa frequência como buzinas de carro que tem grande comprimento de onda são ouvidos muito bem em torno de obstáculos e esquinas de ruas e avenidas. Ressonância Quando uma pessoa se encontra sentada em um balanço em movimento, ela possui uma certa frequência natural de vibração. Se alguém empurra o balanço para ir mais alto, ela certamente empurrará cada vez que o balanço retorna. Isto é, a frequência do empurrão será a mesma que a frequência natural do balanço. Então o balanço vibrará com uma grande amplitude. Este é um exemplo de ressonância. A ressonância ocorre quando: As ondas de som produzidas por qualquer corpo vibrando estabelece vibrações nos objetos por onde passam. Na maioria dos objetos, essas vibrações induzidas são pequenas. Contudo, se um objeto tem uma frequência natural de vibração igual à do corpo que produz ondas sonoras, esse objeto será colocado em forte vibração. É dito então estar em ressonância com o corpo de vibração original. Frequência aplicada = Frequência natural do empurrão do balanço 16 16 Interferência de ondas de som Quando duas fontes de ondas sonoras são geradas em pontos distintos, por exemplo duas buzinas tocadas ao mesmo instante em locais diferentes, o som chegará em pontos comuns do espaço como um som forte, em outros como um som fraco ou ausência de som. Audição humana A Fig. 4-14, ilustra a natureza do ouvido humano. As ondas sonoras originadas no meio externo, são captadas pelo ouvido externo (orelha) e conduzidas ao tímpano pelo canal auditivo. O tímpano é uma membrana elástica que se põe a vibrar pela compressão e rarefação das ondas sonoras. Essas vibrações são passadas para a janela oval pelos três ossos (chamado martelo, bigorna e estribo) que agem como uma alavanca. Isto significa que eles amplificam a força das vibrações. A janela oval tem uma área menor do que o tímpano, então, isto aumenta a pressão na janela oval e no líquido na cóclea. As vibrações do líquido na cóclea afetam milhares de nervos que enviammensagens para o cérebro. Isto permite que você reconheça o som. A faixa de frequência que o ser humano normalmente consegue ouvir varia entre 20 hertz e 20000 hertz. Som forte interferência construtiva Som fraco interferência destrutiva Fig. 4-14. O ouvido humano. 17 17 4.3. NATUREZA DA LUZ A luz é uma forma de energia que pode ser detectado pelos olhos humanos e demais animais. Para que um corpo possa ser visto é preciso que ele reflita ou emita luz. Um corpo visível pode ser luminoso ou iluminado. Um corpo luminoso também chamado de uma fonte primária é aquele que produz e emite sua própria luz (por exemplo, o Sol e demais estrelas, lâmpadas e aparelhos como TVs, a chama de uma vela, etc.). Um corpo iluminado também chamado de uma fonte secundária é aquele que pode ser visto somente quando a luz proveniente de uma fonte de luz incide e é refletida pela superfície do corpo. Essa luz é captada pelos olhos do observador e então o corpo pode ser visto (por exemplo, a lua, e demais objetos vistos nessa sala). As fontes de luz também podem ser classificadas como puntiforme e extensa. A puntiforme é aquela cujas dimensões são desprezíveis em relação à distância do observador, nesse caso a fonte se apresenta como um ponto luminoso. Por exemplo, o Sol é considerado um ponto luminoso para um observador na Terra. A extensa é toda fonte cujas dimensões não são desprezíveis em relação a distância envolvida que a separa de um observador. Por exemplo, uma lâmpada de uma luminária colocada a menos de 1 metro do observador pode ser considerada uma fonte extensa. Raios de luz O conceito de raio de luz é estritamente teórico, pois eles não podem ser individualizados na pratica. Um conjunto de raios de luz forma o que é denominado feixe de luz, classificado como: paralelo, divergente ou convergente. A luz viaja em linha reta. Feixe de luz estreito papel Caixa de raio Fenda estreita Lâmpada elétrica Fig. 4-15. Fonte de luz visível dentro de uma caixa opaca com uma fenda estreita. Ao atravessar a fenda um feixe de luz estreito brilha através da folha de papel. 18 18 Ondas de luz A luz é uma onda dotada de movimento, tal como ondas de água vistas em um lago ou em um tanque de ondas. Essas ondas possuem as mesmas características que as vistas anteriormente, como frequência, comprimento de onda e velocidade. A luz se propaga no espaço, tanto no meio material quanto no vácuo, como é o caso da região entre o Sol e a Terra, que devido à baixa densidade de matéria é praticamente descrita como vácuo, com a luz viajando em alta velocidade – em torno de um milhão de vezes mais rápida que o som. A distância média entre a Terra e o Sol é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, percorridos em apenas 8 minutos, o que confere uma velocidade de aproximadamente 300 milhões de metros por segundo ou 300 mil quilômetros por segundo. O caminho da luz Sempre que a luz passa pela extremidade de um objeto ela sofre difração. Contudo, quando um feixe de luz passa através de uma grande abertura e incide sobre uma tela posta atrás da abertura, os efeitos da difração são praticamente desprezíveis, e a luz é observada viajando em linha reta. Da mesma forma que se observa o caminho em linha reta da luz quando uma fonte de luz pontual projeta a sombra de um objeto relativamente grande numa tela. Neste caso os efeitos da difração da luz em torno das extremidades do objeto são desprezíveis comparado com o tamanho da sombra e do brilho da região ao redor. Os efeitos da difração somente são percebidos quando a luz passa através de aberturas muito pequenas ou em torno de objetos muito pequenos. Nestes casos, a flexão da luz em torno das extremidades das aberturas ou dos pequenos objetos produz um efeito significativo no padrão de áreas claras e escuras formada pela luz quando esta é projetada em uma tela. Deste modo foi descrito duas situações distintas, uma que torna evidente o movimento em linha reta da luz e outro que exibe os efeitos da difração ao redor das extremidades de corpos ou pequenas aberturas. O primeiro corresponde a teoria de partículas de luz proposta pelo físico inglês Isaque Newton, e outro ao modelo da teoria da onda de luz proposta pelo físico alemão Christian Huygens. Interferência de luz O cientista inglês Thomas Young, mostrou que dois conjuntos de ondas de luz também podem interferir para produzir áreas alternadas de claridade e escuridão. Isto acontecerá quando dois conjuntos de ondas de luz tendo o mesmo comprimento de onda são superpostos. Nos locais onde as cristas e vales de um conjunto de ondas sempre coincide com as cristas e vales do outro conjunto de ondas, as ondas combinam para produzir uma área especialmente clara. Naqueles locais onde as cristas de um conjunto de ondas sempre caem sobre os vales dos outros, as ondas se neutralizam de modo que o local será escuro. 19 19 Teoria de newton das partículas de luz Segundo Newton, a luz consiste de minúsculas partículas de matéria que são ejetadas de um corpo luminoso. Enquanto nenhuma força age sobre o corpo, as partículas obedecem a lei de inércia pelo movimento em linha reta com velocidade constante. Isto explica porque a luz é naturalmente observada viajando em linha reta. Teoria das ondas De acordo com a teoria ondulatória as ondas consistem de uma série de ondas que irradiam de uma fonte de luz. O comportamento da luz sendo similar ao de ondas de água como visto na seção 4.1, onde os raios das frentes de ondas viajam em linha reta enquanto eles passam através de aberturas ou obstáculos bem maiores que os comprimentos de onda das ondas de água. Ao passar por aberturas ou obstáculos menores que seus comprimentos de onda, as ondas de água difratam. O comportamento da luz é similar aos das ondas de água. Visto que a difração da luz é observada somente quando esta passa através de fendas muito estreitas e não largas. Isto explicaria o por que dos raios de luz realizarem um caminho praticamente em linha reta ao passar por fendas largas, concluindo que a luz deve ter um comprimento de onda muito pequeno. Polarização Embora o fenômeno da interferência confirme a natureza ondulatória da luz, esta não evidencia se as ondas de luz são de natureza transversal ou longitudinal. Contudo, o fenômeno da polarização tornou possível identificar a natureza transversal da onda de luz. Quando um feixe de luz formado de ondas se propaga, a onda vibra em todas as direções perpendiculares a direção de propagação do feixe, como ilustrado na Fig. 4-11. Se agora, o mesmo feixe de luz passa através de um polarizador, é possível remover todas as vibrações do feixe, exceto aqueles paralelos a um certo eixo do polarizador e, portanto, o feixe emergente contém vibrações somente naquela direção e por isso é chamado de uma onda plano polarizada. Na Fig. 4-12 está ilustrado uma onda plano polarizada, isto é, o feixe de luz vibra numa única direção, que por sua vez é perpendicular a direção de propagação do feixe. Reflexão da luz Quando um feixe de luz paralelo se propaga e alcança uma superfície plana e polida, tal como a de um espelho, o feixe de luz retorna após sofrer reflexão. No diagrama da Fig. 4-16 está ilustrado as regras da reflexão. 20 20 Os dois raios e a normal estão todos no mesmo plano (o plano da folha de papel). De acordo com as leis da reflexão obtemos: Refração da luz Quando um raio de luz incidindo obliquamente em um meio sofre uma rápida mudança de direção ao passar para outromeio, esse fenômeno é conhecido como refração. Há dois tipos de refração. O primeiro ocorre quando um raio de luz passa de um meio menos denso para outro mais denso, como o raio que passa do ar para o vidro. O segundo ocorre quando o raio passa de um meio mais denso para outro menos denso, como o raio que passa do vidro para o ar, como ilustrado na Fig. 4-17. Uma vara parcialmente mergulhada na água parece quebrada. Isto pode ser observado colocando um lápis com metade de seu corpo mergulhado em um copo d’água com uma inclinação em torno de 45º em relação a superfície da água. Ângulo de incidência = Ângulo de reflexão Fig. 4-16. Reflexão da luz Ângulo de incidência Ângulo de reflexão normal Raio incidente Raio refletido Espelho plano 21 21 Índice de refração A velocidade da luz no ar é de 300.000 km/s, contudo, quando a luz passa de um meio para outro como do ar para a água ou para o vidro a luz viaja mais lentamente. Esta é a razão porque a luz é refratada. Um número chamado índice de refração de uma substancia é a razão das duas velocidades: Fig. 4-17. Refração de um raio incidente do ar para o vidro e novamente para o ar. N Raio incidente Raio emergente Bloco de vidro N Raios de luz viajando do ar para o vidro são desviados ou refratados na direção da normal. Raios de luz viajando do vidro para o ar são desviados se afastando da normal. Índice de refração velocidade da luz no ar velocidade da luz na substância 22 22 4.4. ESPELHOS, LENTES E INSTRUMENTOS ÓPTICOS Espelhos Os tipos mais comuns de espelhos são os planos e os curvos. Os espelhos planos mais comuns são formados por uma placa de vidro, tendo uma de suas faces coberta com prata ou prateada, onde ocorre a reflexão dos raios de luz. Já os espelhos curvos podem ser côncavos ou convexos. Neste caso, a superfície refletora compõe uma pequena porção de uma esfera oca. Imagens de espelhos planos Quando você olha para um espelho plano, você pode ver uma figura ou imagem de si mesmo. Onde você imagina estar sua imagem – no espelho ou atrás do espelho? Espelhos e lentes formam dois tipos de imagens, virtual e real. Uma imagem virtual é aquela vista em um espelho plano. A imagem parece estar localizada atrás do espelho, ela não pode ser colocada na tela, mas apenas ser vista olhando dentro do espelho. Uma imagem real é aquela que pode ser colocada na tela, como a imagem vista numa tela de cinema, como de imagens em movimento, e pode ser vista olhando-se na tela. De modo geral, imagens virtuais podem ser vistas somente olhando-se dentro do espelho enquanto que imagens reais são normalmente vistas nas telas onde são projetadas. 2. Procedimento Experimental − Imagem de um Espelho Plano Disponha de um espelho plano comum (pode ser de dimensões 2020 ou em torno dessa medida), fita adesiva dupla face, uma régua comum de 30 cm e um objeto simples como uma moeda. Neste experimento o aluno verá a formação da imagem de um objeto real produzida por espelho plano. Entenderá por que esta imagem é dita virtual e direita, e como a imagem se comporta com o deslocamento do objeto na frente do espelho. Por fim entenderá que a imagem é simétrica. Coloque seu espelho plano sobre uma mesa encostada na parede. Com a fita dupla face fixe o espelho na parede e apoiado sobre a mesa de modo que forme um ângulo de 90º em relação a mesa. Aproxime a régua do espelho de modo que sua origem encoste no espelho e a extremidade dos 30 cm fique mais afastado. Você verá a imagem da régua no espelho. A seguir proceda da seguinte forma: a) Posicione um pequeno objeto sobre a régua (uma caixa de fósforo por exemplo) na posição de 20 cm e observe a imagem. b) Passe o objeto para a posição 10 cm, depois 5 cm. Repita o movimento do objeto em sentido oposto. c) O que acontece com a imagem quando você aproxima do espelho? E quando você afasta? d) Finalmente olhe de frente para o espelho e segure sua orelha direita. 23 23 A imagem de objetos formada em um espelho plano se dá pelo prolongamento dos raios de luz refletidos atrás do espelho formando assim uma imagem denominada virtual. O tamanho do objeto e da imagem é igual e o deslocamento da imagem é proporcional ao do objeto, se você aproxima o objeto do espelho a imagem também se aproxima, se você afasta ela também se afasta. A imagem é direita por estar na mesma direção e não de cabeça para baixo, também é simétrica, ou seja, o lado direito do objeto representa o esquerdo da imagem e vice-versa. Espelhos curvos Dois tipos de espelhos curvos: Quando a parte refletora é a parte interna do espelho este é chamado de côncavo. Quando a parte refletora é a parte externa do espelho este é chamado de convexo. Tal representação pode ser encontrada em uma colher, como a ilustrada na Fig. 4-18. Espelhos côncavos Quando raios paralelos chegando de fora incidem em um espelho côncavo, refletem se aproximando entre si, convergindo para um ponto chamado foco principal (assinalado por F, ilustrado no diagrama da Fig. 4-19). Isto quer dizer que os raios estão convergindo. Um espelho côncavo é um espelho convergente. Raios de luz paralelos são refletidos através do foco principal de um espelho côncavo. Fig. 4-18. Em uma colher estão identificadas as partes côncava e convexa encontradas no espelho curvo. côncavo convexo 24 24 Um espelho côncavo pode formar tanto imagens reais quanto virtuais. Imagens virtuais são sempre direita e maior. Imagens reais são sempre invertidas. O tipo de imagem formada depende da distância que o objeto está do espelho. Quando o objeto está mais afastado do espelho do que a distância focal, o espelho faz uma imagem real. Quando o objeto está mais próximo do que a distância focal, o espelho faz uma imagem virtual. Espelhos convexos Quando raios paralelos chegando de fora incidem em um espelho convexo, são refletidos afastando-se de modo que parecem vir do foco principal (F) de um espelho convexo, como ilustra a Fig. 4-20. f F Espelho côncavo Raios de luz paralelos comprimento focal Fig. 4-19. Os raios refletidos no espelho côncavo são convergentes. Fig. 4-20. Os raios refletidos no espelho convexo são divergentes. Espelho convexo Raios de luz paralelos comprimento focal f F 25 25 Aplicações de espelhos côncavos e convexos Espelhos côncavos são usados para coletar energia da luz. Eles também são usados para coletar outras formas de ondas tais como som, sinais de TV, radar e radiação de calor. Mas também pode de forma contraria emitindo ondas, como acontece com os faróis dos automóveis e projetores de filmes. Grandes telescópios astronômicos são telescópios refletores onde a parte ótica principal é um grande espelho côncavo. Espelhos côncavos são usados para barbear ou para se maquiar pois ao ser usado bem próximo a imagem é ampliada. Esta imagem é direita e virtual e maior. Espelhos convexos somente produzem imagens virtuais independentemente da posição do objeto, ou seja, atrás da superfície refletora. Espelhos convexos são muito úteis se você deseja ampliar o campo de visão e, por isso são comuns em shopping, garagens de estacionamentos e em espelhos de carros (retrovisores), entre outros. Lentes Lentes são sistemas ópticos fundamentais em dispositivos como óculos, lupas, câmeras, entre outros. Uma lente é naturalmente um pedaço de vidro ououtra substância transparente cujos lados opostos são superfícies esféricas polidas. Dois tipos de lentes: A Fig. 4-21, ilustra diferentes tipos de lentes. Uma lente que é mais espessa no centro do que na extremidade é chamada uma lente convexa. Uma lente que é mais fina em seu centro é chamada uma lente côncava. Fig. 4-21. Tipos de lentes côncavas e convexas. Lentes convexas Lentes côncavas 26 26 Lentes convexas Uma lente convexa é uma lente convergente. Como o próprio nome diz, uma lente convergente faz os raios de luz convergirem após passarem pela lente. Quando os raios de luz paralelos ao eixo principal de uma lente convergente passam através da lente, os raios são refratados pela lente de modo que eles se encontram em um ponto, chamado foco principal da lente convergente, como mostra a Fig. 4-22. A distância do foco ao centro da lente é chamada de distância focal. Em geral, quanto mais espessa for uma lente convergente, menor será sua distância focal e mais rápido os raios de luz convergirão. Lentes côncavas Uma lente côncava é uma lente divergente. Como o próprio nome diz, uma lente divergente faz os raios de luz divergirem após passarem pela lente. Quando os raios de luz paralelos ao eixo principal de uma lente divergente passam através da lente, os raios são refratados pela lente de modo que eles não se encontram. Contudo, se esses raios divergentes são estendidos de volta através da lente sua extensão se encontra em um ponto. Este é o foco principal da lente e sua distância da lente é chamada distância focal. Este é um foco virtual porque os raios de luz emergindo da lente parece vir deste ponto, mas na verdade nunca passa de fato através dele. A Fig. 4-23 mostra como esses raios de luz divergem ao passar pela lente. Fig. 4-22. Lente convexa (convergente). Lente convexa Raios de luz paralelos f F 27 27 Instrumentos ópticos São exemplos típicos de aplicação de lentes. São instrumentos que formam imagens reais, tais como: câmera e olho humano. Como também instrumentos que formam imagens virtuais, tais como: microscópios e telescópios. Segue como exemplos a ilustração da câmera e do olho humano. Câmera Uma câmera consiste de uma caixa a prova de luz tendo uma lente convexa (convergente) em uma extremidade e um filme sensível a luz na outra extremidade. Na câmera simples, a lente é fixada na posição com respeito ao filme. A imagem do filme é pequena, e invertida. É uma imagem real porque os raios de luz na realidade passam através da lente. A Fig. 4-24 ilustra de forma simplificada uma câmera. Lente côncava Distância focal Fig. 4- 23. Lente côncava (divergente). Raios de luz paralelos f F Filme Obturador Diafragma Lente Fig. 4-24. Uma câmera simples F O I 28 28 Olho humano O olho consiste de um globo ocular opaco que é preenchido com um líquido claro. É certamente a melhor forma de aplicação de lente para estudo. Analisando a Fig. 4-25, que ilustra o aparelho ocular, apresenta as diferentes partes do olho: A luz entra em seu olho através de uma janela transparente circular localizada na parte frontal do globo ocular chamada córnea. Atrás da córnea está a íris, que é um diafragma tendo um buraco em seu meio que muda de tamanho para variar a quantidade de luz que entra através da pupila, passa através da lente e é focado na retina. A retina é sensível a luz e envia mensagens a seu cérebro por meio do nervo óptico. Note que a imagem em sua retina é invertida. Embora a imagem seja invertida, seu cérebro aprendeu a interpretá-la corretamente. Os olhos se adaptam automaticamente para tornar nítido imagens de objetos distantes ou próximos, de acordo com a necessidade. Esse processo chamado acomodação é realizado pelo musculo ciliar, que tem a habilidade de mudar a distância focal da lente dos olhos pela mudança de sua espessura. Para objetos próximos, a lente dos olhos torna-se mais gorda de modo a diminuir sua distância focal. Para objetos distantes, a lente dos olhos torna-se mais fina de modo que sua distância focal aumenta. Para um olho normal mudanças na distância focal da lente é possível para a imagem de um objeto ser focado sobre a retina se o objeto está perto ou longe. Lente Retina Córnea Íris Pupila Ligamentos Músculo ciliar Líquido Nervo óptico Fig. 4-25. Ilustração do globo ocular. 29 29 Defeitos de visão As pessoas com visão normal podem focar claramente em objetos muito distantes, no infinito. Quer dizer, seu ponto distante está no infinito. Da mesma forma, pessoas com visão normal podem focar claramente em objetos próximos. O ponto mais próximo na qual eles podem ver um objeto claramente é chamado ponto próximo. O ponto próximo para adultos é frequentemente em torno de 25 cm do olho. Qualquer variação na posição dos pontos próximo ou distante, que definem o intervalo de acomodação da visão, constitui um defeito visual. Os defeitos mais comuns são: miopia, hipermetropia, astigmatismo, estrabismo e presbiopia. a) Miopia Na miopia, a pessoa não consegue ver nitidamente objetos afastados, em função de um alongamento horizontal do globo ocular, precisando, portanto, aproximar o objeto para enxerga-lo bem. O ponto distante localiza-se a uma distância finita, devido a convergência muito grande do cristalino. A miopia pode ser corrigida com o uso de lentes côncavas ou divergentes. b) Hipermetropia Na hipermetropia, a pessoa não consegue ver nitidamente objetos próximos, em função de um alongamento vertical do globo ocular, de modo que a imagem é formada atrás da retina. Por sua vez, a pessoa consegue enxergar bem objetos distantes. A hipermetropia pode ser corrigida com o uso de lentes convexas ou convergentes. c) Astigmatismo No astigmatismo, a pessoa apresenta uma imperfeição nas superfícies que formam o globo ocular apresentando diferentes raios de curvatura, provocando uma falta de simetria de revolução em torno do eixo ótico. O astigmatismo pode ser corrigido com o uso de lentes cilíndricas que compensam as diferenças dos raios de curvatura. d) Estrabismo No estrabismo, a pessoa apresenta um desvio no eixo ótico do globo ocular. O estrabismo pode ser corrigido com o uso de lentes prismáticas. e) Presbiopia Na presbiopia, a pessoa ao envelhecer perde um pouco da elasticidade dos músculos ciliares, provocando um enrijecimento do cristalino (lente dos olhos), em virtude da capacidade de acomodação visual, e consequentemente a dificuldade de ver nitidamente objetos próximos. A presbiopia pode ser corrigida com o uso de lentes convergentes. 30 30 4.5 CORES E O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Por definição, um espectro é um arranjo dos componentes de um feixe de energia radiante, quando este feixe é submetido a dispersão, de modo que as ondas componentes são dispostas por meio de comprimentos de onda, como no caso de um feixe de luz solar que é refratado e dispersado por um prisma. Um espectro de luz visível é somente uma pequena parte de um espectro muito maior contendo muitos outros comprimentos de onda que não se pode ver com os olhos. As cores que se vê em um espectro luminoso, são cores com diferentes comprimentos de onda, tal como as ondas na água do mar diferem das ondulações em um lago. Todas as cores de luz viajam na mesma velocidade no vácuo. Porém, quando entram em uma substancia transparente como o vidro, a velocidade diminuidiferentemente para cada cor, refratando assim de modo diferente para cada cor em diferentes ângulos. Cores Quando se permite que um feixe de luz branca incida sobre uma face de um prisma, é possível ver um espectro colorido emergindo da outra face. Quantas cores diferentes você pode observar? Parece que a luz branca é simplesmente uma mistura de várias cores que pode ser dividida pelo prisma. Pode-se dizer assim, que a luz branca proveniente do sol, ou mesmo de uma lâmpada fluorescente, por exemplo, é dispersada por um prisma para formar um espectro visível. A Fig. 4-26 a seguir, ilustra um espectro colorido após atravessar um prisma. Essas cores que formam o espectro de luz visível têm diferentes frequências e, portanto, diferentes comprimentos de onda, como ilustrado na A Fig. 4-27. Assim a cor menos desviada pelo prisma ou com menor ângulo de desvio é o vermelho enquanto que a mais desviada ou maior ângulo de desvio é o violeta. As cores, em ordem, são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Essas cores correspondem às cores do arco-íris e são causadas pela refração e dispersão da luz branca dentro do espectro. Fonte de luz Luz branca prisma tela Fig. 4-26. Decomposição da luz branca. 31 31 Espectro eletromagnético (EM) A energia emitida pela vibração de cargas elétricas produz ondas eletromagnéticas. Nossos olhos são sensíveis somente a uma pequena porção desse espectro. O Sol, lâmpadas incandescentes normais, e a maioria das lâmpadas fluorescentes produzem luz aproximadamente branca misturando todas as frequências (cores). Se uma fonte de luz produz todas as frequências visíveis (como o Sol), o espectro é chamado um espectro de emissão contínuo (veja figura 4-26). Se a fonte produz somente certas frequências (como um gás a baixa pressão, uma lâmpada de néon por exemplo), o espectro resultante é chamado de espectro de emissão de linha luminosa. Se uma substância transparente (como vidro colorido) absorve ou remove certas frequências de luz branca, o espectro produzido é chamado de espectro de absorção. Radiação solar Como observado, o Sol é uma fonte de energia que dirige a “máquina’ do clima em nosso planeta. Por esta razão, a natureza da energia solar é considerada mais detalhadamente. Da experiência diária sabe-se que o Sol emite luz e calor assim como os raios que dão o bronzeado. Embora estas formas de energia constituam a maior porção da energia total que é irradiada do Sol, elas são somente uma parte de uma grande variedade ou série de energia chamada radiação eletromagnética. Esta série (ou também espectro de energia eletromagnética) está ilustrada na Fig. 4-28. Toda radiação como os raios X, ondas de rádio, ondas de calor, etc., é capaz de transmitir energia através do vácuo no espaço fora da Terra a uma velocidade de aproximadamente trezentos mil quilômetros por segundo (300.000 km/s), e somente a uma velocidade um pouco menor através do ar. Fig. 4-27. No ar, o comprimento de onda da luz varia de 400 nanômetros (400 nm), que vemos como violeta, a 700 nanômetros (700 nm), que vemos como vermelho. 400 nm 700 nm violeta vermelho 32 32 Tipos de ondas eletromagnéticas: Radiação gama ou raios-gama Os raios gama tem um comprimento de onda muito curto e, portanto, muito penetrante. São produzidos por substancias radioativas perigosas para as pessoas a menos que usadas muito cuidadosamente. Raios X Os raios X são radiações da mesma natureza da radiação gama, com características idênticas, diferindo apenas da origem, isto é, os raios X não tem origem no núcleo do átomo. Os raios X são emitidos, quando elétrons acelerados por elevados campos elétricos são lançados contra átomos e desacelerados bruscamente, isto é, sofrem frenagem, perdendo energia. Os raios X têm comprimentos de onda entre 10 nanômetros (10 x 10−9 metros) e 10 picômetros (10 x 10−12 metros) e frequência na faixa de 30 petahertz (1015 hertz) e 30 exahertz (1018 hertz). Raios ultravioleta Raios ultravioleta (UV) ou “luz” Ultravioleta é um tipo de radiação eletromagnética. A radiação ultravioleta fica entre a luz visível e os raios X no espectro eletromagnético. A luz Comprimento de onda (m) 10 6 10 5 10 4 10 3 10 2 10 1 1 10 −1 10 −2 10 −3 10 −4 10 −5 10 −6 10 −7 10 −8 10 −9 10 −10 10 −11 10 −12 Ondas de rádio longa R ád io A M f ai x a d e ra d io d if u sã o O n d as c u rt as d e rá d io T el ev is ão r ád io F M Micro-ondas Infravermelho U lt ra v io le ta Raios X Raios Gama 0,7 0,6 0,5 0,4 visível V er m el h o L ar an ja A m ar el o V er d e A zu l V io le ta Fig. 4-28. Espectro eletromagnético. 33 33 “UV” possui comprimentos de onda entre cerca de 380 e 10 nanômetros. A radiação ultravioleta oscila a taxas entre 800 terahertz (1012 hertz) e 30.000 terahertz. Em termos de impacto no meio ambiente e na saúde humana (e escolhendo óculos escuros!), pode ser útil subdividir o espectro UV de uma maneira diferente, em UV-A (ou UV de Onda Longa com comprimento de onda de 380 a 315 nm ), UV-B (Onda Média a 315 a 280 nm) e UV-C (o "germicida" ou UV de Onda Curta que varia de 280 a 10 nm). A atmosfera da Terra impede que a maior parte da radiação UV do espaço atinja o solo. O UV-C é totalmente filtrado pelo ozônio estratosférico a cerca de 35 km de altitude. A maioria dos UV-A atinge a superfície, mas a UV-A causa pouco dano genético aos tecidos. A UV-B é amplamente responsável por queimaduras solares e câncer de pele, embora seja principalmente absorvida pelo ozônio antes de atingir a superfície. Os níveis de radiação UV- B na superfície são especialmente sensíveis aos níveis de ozônio na estratosfera. A radiação ultravioleta pode provocar queimaduras e é utilizada, por exemplo, para esterilizar material de vidro usado em medicina e pesquisa biológica. Luz visível A luz visível é apenas um dos muitos tipos de radiação EM e ocupa uma faixa muito pequena do amplo espectro eletromagnético. Nossos olhos percebem diferentes comprimentos de ondas de luz como as tonalidades de cores vistas no arco-íris. Esses comprimentos de onda variam entre 4000 Å a 7000 Å (1 Å = 10−10 metros), sendo o azul e o anil os responsáveis pelas ondas mais curtas, isto é, cerca de 400 nm (400 10−9 m), enquanto que o vermelho apresenta o mais longo comprimento de onda, na faixa de 700 nm (700 10−9 m). Quanto mais curta forem as ondas maior será sua frequência de vibração e maior a energia transportada, portanto, o vermelho tem uma frequência da ordem de 430 terahertz (430 1012 hertz), enquanto que o azul vibra na faixa de 750 terahertz (750 1012 hertz). Infravermelho A Radiação Infravermelho (IV) (ou raio infravermelho) possui comprimento de onda maior do que o vermelho e por isso é denominado um tipo de luz “mais vermelho do que o vermelho” ou “além do vermelho”, que não pode ser visto mas pode ser sentido como calor. A luz IV tem um comprimento de onda na faixa de 1 milímetro e 750 nano metros e sua frequência oscila entre 300 giga-hertz (GHz ou 109 hertz) e 400 tera-hertz ( THz ou 1012 hertz). Ao colocar sua mão acima do queimador de um fogão, mesmo após a chama ter sido desligada e ainda não ter resfriado, você sentirá a radiação infravermelho como calor. Embora a atmosfera da Terra seja opaca em grande parte a radiação infravermelho do espectro, os gases que contribuem para o efeito “estufa”, como o vapor de água, odióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, absorvem a radiação infravermelho, aprisionando o calor extra que é refletido na superfície terrestre e retorna para o espaço como raios infravermelhos na baixa atmosfera da Terra. 34 34 Ondas de rádio Ondas de rádio tem um comprimento de onda muito maior do que a luz visível. Ondas de rádio é extensivamente usado para comunicações. As ondas de rádio possuem comprimentos de onda tão curtos quanto alguns milímetros e tão longos quanto centenas de quilômetros. A luz visível têm comprimentos de onda cerca de 5.000 vezes menor que as ondas de rádio de menor comprimento de onda. Micro-ondas As micro-ondas são consideradas um tipo de ondas de rádio, porém, com um comprimento de onda mais curto. As micro-ondas que usamos em um forno de micro-ondas em residências, em comunicação via satélites e para detectar ecos de objetos por radar, são ondas de rádio de comprimento de onda curto, com comprimentos de onda da ordem de centenas de milímetros.