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Livro Didático Digital Avaliação Nutricional Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria HELENA MAIA ALMEIDA TATIANE MELO DE OLIVEIRA AUTORIA Helena Maia de Almeida Olá! Sou formada em Nutrição pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), especialista em Nutrição Clínica, sob a forma de residência multiprofissional (Uneb), com uma experiência técnico-profissional na área de Nutrição Clínica há mais de 7 anos. Durante a residência tive a oportunidades de conhecer o serviço de nutrição de vários hospitais na capital baiana, prestando assistência nutricional aos pacientes internados e em nível ambulatorial. Além da experiência clínica e hospitalar, fui docente das disciplinas: Avaliação Nutricional, Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia, Terapia Nutricional Enteral e Parenteral e Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica. Durante o período como docente, me tornei mediadora do Ambulatório de Nutrição da universidade. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Tatiane Melo de Oliveira Olá! Sou formada em Nutrição pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especialista em Nutrição Clínica sob a forma de residência e mestre em alimentos, nutrição e saúde pela mesma universidade. Atualmente, estou cursando doutorado em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tenho experiência técnico-profissional na área de Nutrição Ambulatorial, Hospitalar — em todos os níveis de complexidade —, Atendimento Domiciliar de idosos, Home Care de Pacientes Crônicos e como palestrante e professora de graduação e pós-graduação nas áreas de Avaliação Nutricional, Terapia Nutricional, Assistência Nutricional a Pacientes Críticos (UTI), Nutrição do Adulto e do Idoso, tudo isso ao longo de 7 anos após minha formação. Atuei como nutricionista assistencial em hospitais particulares e públicos de médio a grande porte, e como professora/palestrante em universidades públicas e diversas faculdades particulares. Sou apaixonada pelo que faço, adoro transmitir minha experiência de vida e compartilhar conhecimento com aqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Avaliação Antropométrica ....................................................................... 12 Peso ........................................................................................................................................................... 13 Estatura/Comprimento ............................................................................................................... 15 Índice de Massa Corpórea (IMC) .......................................................................................... 19 Circunferências ................................................................................................................................. 19 Dobras Cutâneas .............................................................................................................................22 Perímetros ............................................................................................................................................23 Indicadores de Crescimento: Avaliação e Interpretação de Curvas ..............................................................................................................27 As Curvas de Crescimento .....................................................................................................28 Curvas de Crescimento Peso para Idade (P/I) .......................................29 Curvas de Crescimento Peso para Estatura (P/E) ...............................29 Curvas de Crescimento Índice de Massa Corporal para Idade (IMC/I) ...................................................................................................................................29 Curvas de Crescimento Estatura para Idade (E/I) .............................. 30 Interpretação das Curvas de Crescimento .................................................................. 30 Exames Laboratoriais ...............................................................................39 Perfil Lipídico ..................................................................................................................................... 40 Níveis Glicêmicos ............................................................................................................................42 Exames Laboratoriais para Identificação de Anemia Ferropriva ..................42 Proteínas ................................................................................................................................................44 Outros Indicadores Nutricionais ...........................................................46 Inquéritos Alimentares .................................................................................................................47 Recordatório de 24 horas .......................................................................................47 Registro Alimentar ...................................................................................................... 49 Questionário de Consumo Alimentar ........................................................... 49 Exame Físico ....................................................................................................................................... 51 Desnutrição Grave .......................................................................................................52 Obesidade .........................................................................................................................53 Hipovitaminose A .........................................................................................................54 Anemia Ferropriva .......................................................................................................55 9 UNIDADE 02 Avaliação Nutricional 10 INTRODUÇÃO Você sabia que o Brasil deixou de ser um país com população infantil desnutrida e passou a ser um país com prevalência de crianças e adolescentes acima do peso? Além disso, a avaliação nutricional foi uma das principais responsáveis pela análise e interpretação dessa mudança. Saber realizar a avaliação nutricional e fazer a análise dos dados obtidos é de extremaimportância para acompanhar o desenvolvimento e as condições de saúde, como também determinar o diagnóstico nutricional e planejar/executar estratégias para melhorar ou manter o estado nutricional adequado, seja no atendimento individualizado ou no atendimento de populações. Com essas informações você já pode perceber que a avaliação nutricional nas fases iniciais da vida, infância e adolescência, ajuda a elaborar ações para a prevenção e a promoção de saúde dessa população. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Avaliação Nutricional 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar os principais indicadores antropométricos para crianças e adolescentes. 2. Listar os indicadores de crescimento e desenvolvimento. 3. Verificar e interpretar as curvas de crescimento e desenvolvimento. 4. Analisar os indicadores clínicos, bioquímicos, avaliação do consumo, parâmetros de composição corporal e determinar estado nutricional. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Avaliação Nutricional 12 Avaliação Antropométrica OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de utilizar os métodos antropométricos padronizados para a infância e adolescência. Conhecer os métodos para a coleta dos dados antropométricos é importante para minimizar os erros na coleta e favorecer a análise correta do estado nutricional do indivíduo ou de uma população. Imagine que legal ter dados objetivos, coletados por você, obtidos da avaliação antropométrica realizada pelos protocolos padronizados pelo Ministério da Saúde! E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!. É importante para o nutricionista conhecer e dominar as técnicas de avaliação antropométrica infantil a fim de minimizar os erros e tornar a sua avaliação nutricional mais segura e com menos possibilidades de erros na sua interpretação. Durante uma avaliação nutricional muitos dados coletados são subjetivos, um bom exemplo são as anamneses nutricionais, instrumentos muito válidos para a construção do diagnóstico nutricional, que são mais sensíveis à percepção do profissional e da interpretação do entrevistado. Apesar de o termo “antropometria” parecer complicado os procedimentos realizados são simples, porém precisam ser executados com precisão e necessitam de equipamentos adequados e devidamente calibrados. É considerado um método de fácil e rápida coleta. São procedimentos não invasivos e de baixo custo, o que facilita a sua aplicação nos diversos serviços de saúde, inclusive nos serviços públicos de saúde. Avaliação Nutricional 13 ACESSE: O Ministério da Saúde tem um instrumento elaborado para padronizar a coleta dos dados antropométricos em serviços de saúde. Para acessar, clique aqui. A seguir serão descritos os principais parâmetros de avaliação antropométrica, incluindo circunferências, dobras cutâneas, peso, IMC, estatura, entre outros. Peso É uma das medidas mais utilizadas na avaliação nutricional: é uma medida simples, não invasiva e tem alta sensibilidade em agravos nutricionais agudos ou crônicos. Tem como limitação englobar todos os componentes corporais, isso quer dizer que não permite avaliar as diferentes composições corporais, massa magra, tecido adiposo, água e osso. Para aferir o peso de crianças de 0 a 24 meses é necessário utilizar uma balança pediátrica mecânica ou balança pediátrica eletrônica. Vale lembrar que a criança deve estar despida. No caso de crianças maiores de 24 meses, utilizar a balança de plataforma mecânica ou eletrônica. Figura 1 ‒ Criança medindo peso Fonte: Freepik. Avaliação Nutricional https://bit.ly/2PHhfan 14 Quando falamos em peso devemos conhecer a classificação do recém-nascido (RN) conforme o peso de nascimento e acompanhar o seu ganho regularmente, a fim de identificar alguma alteração no estado nutricional da criança e realizar possíveis intervenções. Veja o Quadro 1 com a classificação do RN segundo o peso de nascimento. Quadro 1 ‒ Classificação do RN conforme peso de nascimento Classificação Peso ao nascer (g) Extremo baixo peso < 1000 Muito baixo peso > 1.000 e ≤ 2.499 Baixo peso < 2.500 Peso insuficiente ≥ 2.500 e ≤ 2.999 Peso adequado ≥ 3.000 e ≤ 3.999 Macrossomia > 4.000 Fonte: Adaptada de Tavares e Rego (2007). O aumento ponderal médio do peso durante o 1° ano de vida varia entre os trimestres, podendo ser definido da seguinte maneira: • Crianças no 1° trimestre ganham de 25 a 30 g/dia, o que resulta em ganho total do trimestre em 2.100 g, o equivalente a 700 g por mês. • Crianças no 2° trimestre ganham 20 g/dia, o que resulta em ganho total do trimestre em 1.800 g, o equivalente a 600 g por mês. • Crianças no 3° trimestre ganham 15 g/dia, o que resulta em ganho total do trimestre em 1.500 g, o equivalente a 500 g por mês. • Crianças no 4° trimestre ganham 10 g/dia, o que resulta em ganho total do trimestre em 1.200 g, o equivalente a 300 g por mês. Avaliação Nutricional 15 VOCÊ SABIA? O peso de uma criança que nasceu a termo, dentro do número de semanas esperado para o parto, com peso adequado e condições apropriadas para o seu crescimento e desenvolvimento dobra com 5 meses de vida, triplica com 1 ano e quadriplica com 2 anos? Fantástico, não é? Estatura/Comprimento Assim como o peso, essa medida reflete alterações nutricionais recentes e pregressas, porém leva mais tempo para recuperar essa alteração, o que torna um parâmetro que reflete melhor alterações que ocorreram há mais tempo. Para crianças menores de 2 anos utiliza-se o termo “comprimento” e, para as demais faixas etárias, o termo “estatura”. No momento de aferir o comprimento de crianças menores de 2 anos deve-se utilizar o antropômetro e posicionar a criança deitada, com a cabeça sem adereços, apoiada firmemente na parte fixa do equipamento, deixando-a reta para apoiar os pés na parte móvel do antropômetro. Para as demais faixas etárias utilizar o antropômetro vertical e executar o mesmo procedimento realizado em adultos. Figura 2 ‒ Medindo comprimento e estatura Fonte: Freepik. Avaliação Nutricional 16 VOCÊ SABIA? O comprimento é a medida que vai da sola dos pés descalços ao topo da cabeça. É um termo utilizado para crianças menores de 2 anos; já o termo “estatura” é a medida do indivíduo na posição de pé, encostado em uma parede ou antropômetro vertical. Existe diferença entre a medida aferida em pé e a aferida deitada, e essa diferença gira em torno de 0,5 cm, nada que venha a trazer grandes mudanças na avaliação antropométrica. Em crianças e adolescentes com idade entre 2 e 12 anos que não possam ser medidas no antropométrico por limitações físicas, é possível fazer a estatura estimada. Essa estimativa pode ser realizada com a medida do comprimento superior do braço (CSB), comprimento tibial (CT) ou comprimento do joelho (CJ). DEFINIÇÃO: CSB é a distância do acrômio até a cabeça do rádio medida com o membro superior fletido a 90°. CT é a medida da borda superomedial da tíbia até a borda do maléolo medial inferior. Avaliação Nutricional 17 Figura 3 ‒ Comprimento da tíbia Fonte: Wikimedia Commons. CJ é o comprimento do joelho ao tornozelo. Figura 4 ‒ CJ Fonte: Freepik. Avaliação Nutricional 18 Para calcular a estimativa de estatura é necessário encontrar os valores de CSB, CT ou CJ, aplicando as medidas nas fórmulas definidas por Stevenson (1995). Quadro 2 ‒ Fórmulas definidas por Stevenson Medidas do segmento Estatura estimada (cm) CSB E = (4,35 X CSB) + 21,8 CT E = (3,26 X CT) + 30,8 CJ E = ( 2,69 X CJ) + 24,2 Fonte: Adaptada de Stevenson (1995). Como acontece com o ganho de peso, existem referências para acompanhar a velocidade do crescimento de crianças e adolescentes. Emse tratando de crianças recém-nascidas, o seu crescimento é de 3,5 cm/ mês até o terceiro mês de vida; do quarto ao sexto mês 2,0 cm/mês; do sétimo ao nono mês 1,5 cm/mês; e do décimo até o primeiro ano de vida 1,2 cm/mês. Quando nos referimos à fase pré-púbere, o crescimento gira em torno de 5 a 7 cm/ano. Na fase puberal existe diferença na velocidade de crescimento entre meninas e meninos. Enquanto as meninas iniciam o seu crescimento mais cedo, os meninos apresentam o estirão de crescimento na puberdade, e a velocidade de crescimento é de 1 a 1,5 cm/ano. VOCÊ SABIA? Ao completar 1 ano de vida a criança deve apresentar o dobro da estatura do seu nascimento? Isso mesmo, se uma criança nascer com 50 cm, em 1 ano ela apresentará 100 cm. Devemos levar em consideração que a velocidade de crescimento é influenciada por fatores intrínsecos e extrínsecos. Um dos fatores intrínsecos que se relaciona com o crescimento da criança e do adolescente é a carga genética, isso quer dizer que a altura do indivíduo tem muita relação com a altura dos seus pais. Vale lembrar que não é apenas esse fator que irá determinar a altura final. Para calcular a estatura-alvo, podemos utilizar as seguintes fórmulas: Avaliação Nutricional 19 FÓRMULA: Paciente do sexo feminino = (estatura do pai – 13) + estatura da mãe . Paciente do sexo masculino= (estatura do pai + 13) + estatura da mãe 2 2 Índice de Massa Corpórea (IMC) Consiste na relação entre o peso, expresso quilogramas; e a estatura, expressa em metros, elevada ao quadrado. O seu resultado reflete o excesso de peso entre as populações, incluindo as crianças e os adolescentes. Uma das diferenças entre a avaliação do IMC em adultos e idosos da avaliação realizada nessas fases da vida é a inclusão da idade para a classificação do estado nutricional. Outra diferença na sua análise é a existência de curvas de crescimento definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que permitem a avaliação do estado nutricional. FÓRMULA: IMC = Peso (kg) / Estatura (m)². Circunferências São medidas fáceis e não necessitam de equipamentos de alto custo. Assim como o peso. não diferenciam a composição corporal. Entre as circunferências mais utilizadas destacam-se a circunferência do braço (CB) e a circunferência abdominal (CA). A circunferência do braço (CB) é muito utilizada na prática clínica. No entanto, a circunferência é um conjunto da massa corporal daquela região, isso quer dizer que inclui massa muscular, osso e tecido adiposo. É muito eficaz para acompanhamento e evolução do estado nutricional individual quando é inviável realizar outras medidas. Para medir a CB é necessário usar uma fita métrica inelástica, que será passada em volta do ponto médio encontrado entre a medida do acrômio e a cabeça do rádio medida com o braço em ângulo de 90°. Avaliação Nutricional 20 EXPLICANDO MELHOR: Veja como a CB se torna imprescindível na avaliação nutricional. Exemplo: criança internada para realizar tomografia computadorizada devido a quadro de cefaleia intensa. Após realizar exame foi diagnosticado um tumor cerebral muito extenso com indicação cirúrgica. Se pesarmos essa criança na balança estaremos pesando também o tumor dela e, após cirurgia para retirada do tumor, não teremos um valor real de comparação para acompanhamento durante internação e tratamento, porém se usarmos a CB também como padrão na avaliação, teremos o seu diâmetro tanto antes quanto após a cirurgia. Então, se o peso aferido antes da cirurgia foi 30 kg e, após cirurgia foi 26 kg; e CB antes da cirurgia 15 cm e, após cirurgia, 15 cm, significa dizer que a criança não perdeu peso, a redução do peso está relacionada à retirada do tumor. Já se após a cirurgia encontrássemos peso de 26 kg e CB 13 cm, esse achado sugere que a redução do peso não se refere apenas à retirada do tumor, mas também a redução de peso. A circunferência muscular do braço (CMB) é um parâmetro baseado em duas medidas: a CB e a dobra cutânea tricipital (DCT), permitindo verificar a reserva de tecido muscular. Como referência para a avaliação da CMB é utilizada a tabela de referência de Frinsancho (1990). FÓRMULA: CMB (cm) = CB (cm) – (0,314 x DCT). A CMB, além de calcular a quantidade de músculo, inclui a área referente à reserva óssea do braço, a fim de fazer a correção desse valor. Quando encontramos o valor apenas muscular dessa área, devemos utilizar a seguinte fórmula: FÓRMULA: AMB (cm²) = CB (cm) – (0,314 x DCT)² / 4 x 3,14. Avaliação Nutricional 21 • Circunferência abdominal: apesar de ser uma medida pouco empregada como indicador de risco para doenças cardiovasculares em crianças, passou a ser parte obrigatória do exame semiológico, devido à grande prevalência e incidência da obesidade nessa fase da vida. Essa medida é obtida por meio do ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. Para crianças a partir de 5 anos e adolescentes, considera-se risco cardiovascular quando os valores se encontram acima do percentil 95. Além desse parâmetro, podemos usar a relação entre circunferência abdominal e altura, e identificamos alteração no resultado quando o valor encontrado for superior a 0,5. Figura 5 ‒ Imagem ilustrando a medida da circunferência abdominal Fonte: Freepik. • Circunferência do pescoço: essa medida tem sido utilizada para diagnóstico da síndrome metabólica, risco de doenças cardiovasculares e resistência insulínica tanto em adultos como em adolescentes a partir de 10 anos. Comparando com a circunferência abdominal, tem vantagem de não sofrer alteração durante os horários de aferição dessa medida. Para ficar mais: ao medirmos a circunferência abdominal de uma criança antes da Avaliação Nutricional 22 refeição teremos um valor como resultado, porém se realizarmos a medida após uma grande refeição esse valor poderá apresentar outro resultado. Esse fato não acontece quando medimos a circunferência do pescoço. Dobras Cutâneas A avaliação do percentual de gordura por meio das dobras cutâneas é baseada na hipótese que metade da gordura corporal se encontra no tecido adiposo da região subcutânea, o que reflete diretamente na massa gorda total do corpo. Pode ser uma alternativa na estimativa de estatura ou peso de crianças e adolescente que estão impossibilitados de realizar tais medidas, podendo ser utilizada no acompanhamento de pacientes com doenças como o câncer, que tem característica de catabolismo rápido, sendo importante avaliar e monitorar os compartimentos corporais e relacionar a perda de peso com o que de fato foi perdido, se foi perda de tecido adiposo ou muscular. Apesar de ser uma técnica não invasiva, precisa ser realizada por avaliador bem treinado, além de utilizar equipamento específico para aferir as dobras, o plicômetro, que deve estar calibrado. Para crianças e adolescentes utiliza-se como referência as dobras cutâneas bicipital (DCB), a dobra cutânea tricipital (DCT), a dobra cutânea subescapular (DCSE) e a dobra cutânea suprailíaca (DCSI). Para avaliar os valores encontrados, verificar as tabelas de referência de Frisancho (1990). Avaliação Nutricional 23 Figura 6 ‒ Imagem ilustrando como medir DCSI Fonte: Freepik. Perímetros • Perímetro cefálico: é o perímetro mais usado para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, sendo um indicador usado para acompanhar o crescimento do encéfalo até o terceiro ano de vida, isso significa que se o perímetro cefálico da criança for classificado como reduzido ou aumentado pela recomendação para idade e sexo, essa alteração está associada a um prognóstico neurológico. VOCÊ SABIA? O perímetro cefálico é um parâmetro usado para diagnosticar bebês com microcefalia secundária ao Zika vírus. Inclusive, os valores adotados para a classificação sofreram alterações no ano de 2006, reduzindo a faixa de normalidade que era entre 34 e 35 cm para31,9 e 31,5 cm, parâmetro que já é utilizado pela OMS. Avaliação Nutricional 24 Para medir o perímetro cefálico, recomenda-se: I. Que a fita seja posicionada sobre a proeminência occipital e sobre o arco das orelhas. II. Que a cabeça da criança seja fixada. III. Que a fita deve ser colocada firmemente ao redor do osso frontal sobre o sulco supraorbital, passando-a ao redor da cabeça, no mesmo nível de cada lado, e colocando-a sobre a proeminência occipital máxima. Figura 7 ‒ Imagem ilustrando como medir perímetro cefálico Fonte: Freepik. NOTA: Além do perímetro cefálico é importante avaliar o fechamento da fontanela. Se referindo à fontanela anterior (bregmática), ela se fecha entre os 9 e 18 meses; já se tratando da fontanela posterior (lambdoide), a criança pode nascer com ela já fechada ou ocorrer o seu fechamento aos 2 meses de vida. Caso o fechamento ultrapasse esses períodos, esse achado pode estar associado a um quadro de desnutrição. Avaliação Nutricional 25 • Perímetro torácico: até os 2 anos é um parâmetro usado para avaliar a reserva de tecidos adiposo e muscular. Para realizar a medida é necessária uma fita inelástica. Durante a infância a medida é aferida passando a fita pelos mamilos com o tórax em inspiração; já na adolescência, a medida é realizada passando a fita pelo apêndice xifoide. Pode ser utilizado para avaliar desnutrição em crianças por meio da relação do perímetro torácico e do perímetro cefálico. Até os 6 meses essa relação é igual a 1. As duas medidas são bem próximas e, muitas vezes, o perímetro torácico é até 2 cm menor que o perímetro cefálico. Com idade superior a 6 meses e inferior a 5 anos essa relação é maior que 1. Caso esteja inferior é um indicativo de desnutrição. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Avaliação nutricional da criança e do adolescente. Para acessar, clique aqui. Avaliação Nutricional https://bit.ly/2Q5fovd 26 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido neste módulo os principais parâmetros antropométricos utilizados para determinar e/ou acompanhar as medidas de crianças e adolescentes, os equipamentos que deverão ser utilizados para coletar essas medidas, algumas formas de realizar as medidas, termos que são utilizados apenas nessa faixa etária, assim como já ficou ciente que existem tabelas específicas para acompanhar essa população e as curvas de crescimento. Sei que você já está ansioso para desvendar as curvas, mas calma, isso será abordado no próximo módulo. Ainda sobre o que você aprendeu, você conheceu os valores de referência determinados para a classificação de peso de uma criança recém-nascida e alguns fatores que influenciam no crescimento e no desenvolvimento da criança. De posse das informações contidas neste módulo você é capaz de determinar qual é o melhor parâmetro a ser coletado e avaliado segundo a faixa etária desse público. Pronto! Cientes dos principais parâmetros preconizados pela OMS, vamos dar início aos instrumentos utilizados para avaliar as curvas de crescimento. Avaliação Nutricional 27 Indicadores de Crescimento: Avaliação e Interpretação de Curvas OBJETIVO: Ao término deste Capítulo você será capaz de avaliar e interpretar as curvas de crescimento de crianças e adolescentes preconizadas pela OMS. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. Imagine que legal poder realizar a análise dos dados obtidos da avaliação antropométrica e estar capacitado para classificar o indivíduo segundo os parâmetros utilizados em diversos países! E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! De forma resumida, o crescimento está relacionado ao aumento da altura do indivíduo. No entanto, se formos buscar um conceito mais amplo para o seu significado, entenderemos que o crescimento é iniciado muito antes do nosso nascimento, no início da vida intrauterina, e não acaba após alcançarmos a nossa estatura na vida adulta, o crescimento termina no final da vida. Adotado pela OMS como parâmetro de avaliação nutricional, é considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança, pois é sensível a alterações ambientais, a exemplo da qualidade e da quantidade de alimentos ofertados, higiene e cuidados com a saúde, a ocorrência de doenças, acesso ao saneamento básico, entre outros. Esses exemplos citados anteriormente são fatores extrínsecos que afetam o crescimento linear (altura) da criança. Vale salientar que o crescimento pode sofrer alterações intrínsecas também, a exemplo de doenças como hipotireoidismo, síndrome de Down e fatores genéticos. Avaliação Nutricional 28 EXPLICANDO MELHOR: O nosso crescimento acontece até o último dia das nossas vidas. O termo “crescimento” está relacionado tanto ao nosso crescimento linear (altura) como também com a síntese e regeneração de alguns tecidos. Para você entender melhor, um adolescente, mesmo que já tenha alcançado a sua altura máxima, passa por transformações hormonais, estruturais, de maturação sexual (exemplo: aumento das mamas em meninas e aumento dos testículos em meninos). As Curvas de Crescimento As curvas de crescimento são ferramentas usadas para registrar, monitorar e acompanhar o crescimento e desenvolvimento durante a infância e adolescência. As referências das curvas foram elaboradas com base no estudo de referência sobre o crescimento multicêntrico da OMS. São consideradas referenciais antropométricas utilizadas para avaliar medidas aferidas no exame físico, incluindo peso, comprimento e estatura, circunferência do braço, perímetro cefálico e torácico, dobras cutâneas, entre outros parâmetros. Essas curvas apresentam valores de comparação diferentes entre os sexos e a faixa etária. No Quadro 3 estão descritos os índices antropométricos usados pelo Ministério da Saúde por faixa etária para realizar a avaliação e a classificação de crianças e adolescentes. Avaliação Nutricional 29 Quadro 3 ‒ Índice antropométricos para realizar avaliação de crianças e adolescentes Faixa etária Crianças de 0 a 5 anos incompletos Crianças de 0 a 5 anos incompletos Adolescentes (10 a 19 anos) ÍNDICE ANTROPOMÉTRICO Peso para idade Peso para idade - Peso para estatura - - IMC para idade IMC para idade IMC para idade Estatura para idade Estatura para idade Estatura para idade Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2009). Curvas de Crescimento Peso para Idade (P/I) Esse parâmetro de avaliação permite verificar a relação entre o peso e a idade da criança. Avalia desde crianças com meses de vida até os 9 anos e 11 meses. É um bom método para acompanhar o ganho de peso da criança, porém apresenta a desvantagem de não diferenciar se a criança apresenta comprometimento nutricional atual ou pregresso. Curvas de Crescimento Peso para Estatura (P/E) Esse índice expressa a relação entre os dados antropométricos de massa corporal (peso) e estatura. É importante falar que a análise do resultado obtido dessa relação não inclui a faixa etária. É usada tanto para verificar emagrecimento como ganho excessivo de peso. Curvas de Crescimento Índice de Massa Corporal para Idade (IMC/I) Para esse parâmetro é avaliado o peso dividido pela estatura ao quadrado, relacionado com a idade das crianças e adolescentes. É um bom índice para avaliar excesso de peso, tendo a grande vantagem de poder ser acompanhado durante as outras fases da vida. Avaliação Nutricional 30 Curvas de Crescimento Estatura para Idade (E/I) É considerado o melhor índice para apontar desordens nutricionais pregressas, além de ser sensível para aferir a qualidade de vida de uma população. Analisa o crescimento linear da criança, e tem parâmetrosdesde a primeira infância até adolescência. Interpretação das Curvas de Crescimento Para fazermos a interpretação das curvas de crescimento é importante você saber como elas foram elaboradas. As curvas de crescimento representam os dados obtidos por meio de índices, ou seja, da combinação de dois dados antropométricos (exemplo: peso e estatura) ou a combinação de um dado antropométrico com um dado demográfico (exemplo: peso e idade). A classificação desses índices é feita através de percentis ou em escore-z. São valores de referência que foram elaborados em uma população considerada saudável, com boas condições sociais, econômicas, ambientais e culturais, que permitisse o crescimento e o desenvolvimento esperado da criança. Podemos realizar a classificação dos dados antropométricos por percentil ou por escore. Quando utilizamos o percentil para classificação, significa dizer que o percentil ao qual o índice se encontra representa a posição que aquele valor tem na distribuição ordenada dos valores considerados como normais. EXPLICANDO MELHOR: Se ao analisarmos a curva de crescimento referente ao peso para idade (P/I) e classificarmos a criança no percentil 93, isso significa que apenas 7% das crianças com a mesma idade e sexo apresentam peso maior que o dela. Mais um exemplo: se ao medirmos o comprimento de um bebê e na classificação de percentil ele se encontrar no percentil 5, significa que 95% dos bebês que se encontram na mesma faixa etária e têm mesmo sexo, têm comprimento maior que o dele. Avaliação Nutricional 31 Quando utilizamos o parâmetro escore-z avaliamos a distância do valor encontrado do índice avaliado (exemplo: P/I) em relação à mediana desse índice. Existe uma fórmula para encontrar o valor de escore-z que corresponde à diferença padronizada entre o valor aferido e a mediana dessa medida. FÓRMULA: Escore-z = (valor observado) – (valor da mediana de referência) / desvio padrão da população de referência. EXPLICANDO MELHOR: Ao realizar a medida de estatura de uma menina com idade de 3 anos, encontrou-se 115 cm, sendo a mediana de estatura para idade 106 cm e o desvio padrão 3 cm. Para encontrar o escore-z dessa criança basta aplicar a fórmula que se encontra logo acima: valor observado (115 cm) – valor da mediana (106 cm) / desvio padrão (3 cm) = 3. Então, podemos concluir que ela se encontra no escore-z = 3. Vamos praticar um pouco mais! Caso a medida de estatura dessa mesma menina tivesse sido 100 cm em vez de 115 cm, em qual escore ela se encontraria? Aplicando a fórmula: valor observado (100 cm) – valor da mediana (106 cm) / desvio padrão (3 cm) = -2. Então, podemos concluir que ela se encontraria no escore-z = -2. Entendendo o que são os índices e como eles foram elaborados você deve estar se perguntando como é possível utilizar e/ou interpretar esses valores encontrados para realizar o diagnóstico antropométrico. Então vamos lá! Para elaborar um diagnóstico antropométrico precisamos fazer a comparação entre o valor encontrado na avaliação e os valores de referência, que são os pontos de corte. Para padronizar a avaliação do crescimento de crianças e adolescentes no Brasil, o Ministério da Saúde adotou como referência as curvas de crescimento da OMS, sendo utilizada a referência de 2006 (WHO, 2006) para as crianças menores de 5 anos, e a referência de 2007 (WHO, 2007) para crianças acima de 5 anos e adolescentes. Avaliação Nutricional 32 VOCÊ SABIA? O Ministério da Saúde, a fim de monitorar o crescimento e o desenvolvimento das crianças, utiliza a Caderneta de saúde da criança (BRASIL, 2013a; BRASIL, 2017). Esta é distribuída gratuitamente aos pais de toda criança nascida em maternidade pública ou privada do Brasil. Além das curvas de crescimento, a caderneta traz informações sobre o direito das crianças e o direito dos pais, informações sobre os cuidados nos primeiros dias da criança, orientações sobre amamentação e alimentação nos primeiros anos de vida, estímulos de desenvolvimento afetivos entre os pais e a criança, além de outros cuidados com a saúde, como saúde bucal e calendário de vacinação. ACESSE: Veja a Caderneta de saúde da criança: meninas. Para acessar, clique aqui. Veja, também, a caderneta destinada aos meninos. Para acessar, clique aqui. A seguir, são apresentados os pontos de corte para a avaliação do estado antropométrico de crianças e adolescentes segundo cada índice. É importante saber interpretar as curvas de crescimento para realizar a classificação antropométrica por meio dos pontos de corte preconizados pela OMS. Avaliação Nutricional https://bit.ly/38X1xj2 https://bit.ly/34DVWLj 33 Quadro 4 ‒ Pontos de corte peso para idade (0 a 10 anos) Valores críticos Diagnóstico nutricional < percentil 0,1 < Escore - 3 Muito baixo peso para idade. ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ Escore -3 e < Escore -2 Baixo peso para idade. ≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ Escore -2 e ≤ Escore +2 Peso adequado para idade. > percentil 97 >Escore +2 Peso elevado para idade. Fonte: Adaptada Brasil (2011). Apesar de existirem parâmetros que indicam peso elevado, o índice peso para idade não é o mais utilizado para acompanhar excesso de peso infantil. A recomendação para a avaliação desse índice é peso para estatura para crianças menores de 5 anos ou IMC para idade para crianças maiores de 5 anos e adolescentes. Quadro 5 ‒ Pontos de corte estatura para idade (0 a 10 anos) Valores críticos Diagnóstico nutricional < percentil 0,1 < Escore - 3 Muito baixa estatura para idade. ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ Escore -3 e < Escore -2 Baixa estatura para idade. ≥ percentil 3 ≥ Escore -2 Estatura adequada para idade. Fonte: Brasil (2011). Avaliação Nutricional 34 Quadro 6 ‒ Pontos de corte peso para estatura (0 a 5 anos) Valores críticos Diagnóstico nutricional < percentil 0,1 < Escore - 3 Magreza acentuada. ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ Escore -3 e < Escore -2 Magreza. ≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ Escore -2 e ≤ Escore +1 Eutrofia. > percentil 85 e ≤ percentil 97 > Escore +1 ≤ Escore +2 Risco de sobrepeso. > percentil 97 e ≤ percentil 99,9 > Escore +2 ≤ Escore +3 Sobrepeso. > percentil 99,9 > Escore +3 Obesidade. Fonte: Adaptada de Brasil (2011). Quadro 7 ‒ Pontos de corte IMC para idade (< 5 anos) Valores críticos Diagnóstico nutricional < percentil 0,1 < Escore - 3 Magreza acentuada. ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ Escore -3 e < Escore -2 Magreza. ≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ Escore -2 e ≤ Escore +1 Eutrofia. > percentil 85 e ≤ percentil 97 > Escore +1 ≤ Escore +2 Risco de sobrepeso. > percentil 97 e ≤ percentil 99,9 > Escore +2 ≤ Escore +3 Sobrepeso. > percentil 99,9 > Escore +3 Obesidade. Fonte: Adaptada de Brasil (2011). Avaliação Nutricional 35 Quadro 8 ‒ Pontos de corte IMC para idade (5 a 10 anos) Valores críticos Diagnóstico nutricional < percentil 0,1 < Escore - 3 Magreza acentuada. ≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ Escore -3 e < Escore -2 Magreza. ≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ Escore -2 e ≤ Escore +1 Eutrofia. > percentil 85 e ≤ percentil 97 > Escore +1 ≤ Escore +2 Risco de sobrepeso. > percentil 97 e ≤ percentil 99,9 > Escore +2 ≤ Escore +3 Sobrepeso. > percentil 99,9 > Escore +3 Obesidade. Fonte: Adaptada de Brasil (2011). IMPORTANTE: Ao fazer a avaliação antropométrica de crianças é necessário elaborar a padronização da idade, pois as curvas foram desenvolvidas para serem avaliadas em meses e precisamos saber com precisão sua idade em dias ou meses de vida. Para fazer a aproximação de idades não exatas devemos seguir as seguintes regras: 1. Fração de idade até 15 dias: devemos utilizar a idade do último mês completado. 2. Fração de idade igual ou maior a 16 dias: devemos utilizar a idade do último mês somado a 1. Avaliação Nutricional 36 EXEMPLO: Camila, data de nascimento 5/7/2018 e Felipe, datade nascimento 7/11/2017 compareceram a uma consulta com a nutricionista para acompanhamento de seu crescimento no dia 22/1/2019. Qual idade deve ser considerada para avaliar os gráficos de crescimento infantil da Caderneta de saúde da criança para fazer o diagnóstico nutricional? Camila: 6 meses e 17 dias = 7 meses. Felipe: 2 anos, 2 meses e 15 dias = 2 anos e 2 meses. Pronto, você agora já conhece os índices usados pela OMS para avaliar o crescimento da população infantil e adolescente, pontos de corte e as curvas de crescimento usadas internacionalmente. Com base no que foi mostrado ao longo desses tópicos, vamos praticar alguns exemplos de avaliação antropométrica. EXEMPLO: Luísa, nascida no dia 2/3/2013, compareceu à consulta de acompanhamento no dia 3/4/2019. Classifique a avaliação antropométrica segundo às curvas de crescimento adequadas para à sua faixa etária. Esse passo a passo vai lhe auxiliar na antropometria e diagnóstico nutricional da criança: 1. Calcular a idade em anos completos e meses. Caso seja necessário, deve realizar o cálculo de aproximação de idade feito no item anterior. 2. Realizar avaliação antropométrica conforme recomendação para idade, usando as técnicas e os equipamentos adequados. 3. Anotar os dados encontrados e marcar nos gráficos de crescimento o ponto de inserção que a criança se encontra. 4. Fazer análise dos itens encontrados e realizar diagnóstico nutricional. Resposta: Avaliação Nutricional 37 1. Luísa tem 6 anos, 1 mês e 1 dia de vida. Realizando a regra de aproximação, Luísa tem 4 anos e 1 mês. 2. Na avaliação antropométrica temos peso = 16 kg e estatura = 95 cm, IMC = 17.7 kg/m². Como base na recomendação do Ministério da Saúde para a idade de Luísa devemos fazer análise dos gráficos: P/I, E/I e IMC/I. 3. Analisando o gráfico P/I Luísa encontra-se > -2 escore e < -1 escore; no gráfico E/I Luísa encontra-se > -3 escore e < -2; já no gráfico P/E, IMC/I encontra-se > 0 escore e < +1. Munidos desses achados devemos ir nos quadros que descrevem os pontos de corte: quadros 4, 5 e 8, que são os cortes referentes a E/I, P/I e IMC/I. 4. Segundo os pontos de corte no Quadro 4, Luísa é classificada como peso adequado para idade; no Quadro 5, Luísa é classificada como baixa estatura para idade; e no Quadro 8, Luísa é classificada como eutrofia. Que fácil, então posso dizer que Luíza é eutrófica? Na verdade, Luísa se encontra eutrófica nessa fase da vida, mas fazendo a análise crítica das curvas podemos notar que essa criança tem baixa estatura para idade, o que nos traz um reflexo sobre o crescimento linear insatisfatório evidenciando que essa menina sofreu um quadro de má nutrição anteriormente. Vale verificar se há registros anteriores na curva de crescimento e investigar quais fatores estão associados a essa baixa estatura. Avaliação Nutricional 38 RESUMINDO: E então? Aprendeu tudo sobre as curvas de crescimento? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu que as curvas de crescimento da OMS são ferramentas utilizadas mundialmente para acompanhar as crianças e os adolescentes. Ainda, aprendeu que essas curvas têm dois tipos de parâmetros para avaliação, os valores expressos em percentis e os valores expressos em escore. Depois de estudar as curvas, você deve ter entendido que é importante termos valores reais ou próximos da realidade (caso sejam medidas estimadas), pois é a partir das medidas encontradas que fazemos a análise das curvas de crescimento e podemos classificar a criança e o adolescente conforme escore ou percentil. Avaliação Nutricional 39 Exames Laboratoriais OBJETIVO: Ao concluir a leitura e estudo deste Capítulo, você vai ser capaz de identificar quais são os principais exames laboratoriais utilizados na prática clínica da avaliação pediátrica e do adolescente, além de interpretar os seus resultados. Imagine só que fantástico você ser capaz de verificar alterações nos exames de sangue, colesterol, glicemia e utilizar esses resultados para auxílio de suas condutas dietoterápicas, que podem ajudar na melhora dos padrões laboratoriais. E então? Não é interessante e importante desenvolver estas competências? Vamos lá.. Os exames laboratoriais são ferramentas de auxílio na elaboração do diagnóstico nutricional, além de fornecerem informações objetivas relacionadas ao estado nutricional e dados sobre o estado geral da criança e do adolescente. É de extrema importância tanto para diagnosticar doenças como para acompanhar a evolução de tratamentos. Por meio da avaliação laboratorial é possível confirmar deficiências nutricionais e até mesmo descobrir carências que ainda não são observadas no exame físico ou que não apresentem sintomas. Com a análise dos resultados laboratoriais, o nutricionista ainda pode verificar a eficácia de condutas nutricionais adotadas para melhoria ou cura de algumas doenças, a exemplo do perfil lipídico em crianças dislipidêmicas. Para interpretar os resultados dos exames laboratoriais é preciso considerar a condição clínica, o estado nutricional, a hidratação e os processos inflamatórios. Avaliação Nutricional 40 VOCÊ SABIA? Que o nutricionista tem regulação para solicitação dos exames laboratoriais? Compreendendo que os exames laboratoriais são complementares para o acompanhamento do estado nutricional, a Lei Federal n°. 8.234, de 17 de setembro de 1991, art. 4°, inciso VIII, regulamenta essa prática. Que legal, não é? No entanto, mesmo com essa regulamentação alguns planos e seguros de assistência à saúde recusam as solicitações feitas por nutricionistas. É preciso verificar antes de qualquer atendimento quais os planos e locais que aceitam a guia de solicitação de exames carimbada por um nutricionista a fim de evitar constrangimentos. Veja os exames mais solicitados para avaliar o estado nutricional. Perfil Lipídico A expressão “perfil lipídico” se refere aos triglicérides, colesterol total e suas frações. É o parâmetro laboratorial que avalia dislipidemias, porém o seu diagnóstico só pode ser fechado após repetição de exame, coletado no mesmo laboratório, seguindo de jejum de, pelo menos, 12 horas. A preocupação com esses parâmetros está na relação direta das dislipidemias e o surgimento das doenças cardiovasculares. Acredita- se que o perfil lipídico da criança tende a se manter na sua vida adulta. Mesmo ciente dos riscos de uma dislipidemia na infância, não existe consenso para determinar dislipidemia nesse período. Em diversos países utiliza-se a referência do National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI), parâmetro também usado no Brasil, associado aos valores recomendados pela V Diretriz brasileira de dislipidemia e prevenção da aterosclerose, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013). Avaliação Nutricional 41 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Para acessar, clique aqui. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013), a determinação do perfil lipídico deve ser realizada quando: avós, pais, irmãos e primos de primeiro grau apresentam dislipidemia, principalmente grave ou manifestação de aterosclerose prematura; há clínica de dislipidemia; tenham outros fatores de risco; há acometimento por outras doenças, como hipotireoidismo, síndrome nefrótica, imunodeficiência etc.; há utilização de contraceptivos, imunossupressores, corticoides, antirretrovirais e outras drogas que possam induzir a elevação do colesterol. Os valores de referência para crianças e adolescente estão descritos no Quadro 9. Quadro 9 ‒ Valores de referência do perfil lipídico (de 2 a 19 anos) Variáveis lipídicas Valores (mg/dL) Desejáveis Limítrofes Elevados CT < 150 150 – 169 ≥ 170 LDL-c < 100 100 – 129 ≥ 130 HDL-c ≥ 45 - - TG < 100 100 – 129 ≥ 130 Fonte: Adaptada de SociedadeBrasileira de Cardiologia (2017). Avaliação Nutricional https://bit.ly/398U6FI 42 Níveis Glicêmicos A avaliação laboratorial dos níveis glicêmicos é um dos parâmetros mais úteis e acessíveis na rotina de atendimento nutricional em ambulatório. Devido à elevada taxa de sobrepeso/obesidade que vem acometendo crianças e adolescentes é comum verificarmos, durante atendimento nutricional, sinais e sintomas sugestivos de alterações de parâmetros relacionados à resistência insulínica, à hiperglicemia e até mesmo ao diabetes mellitus (DM). No Quadro 10, estão descritos os valores de referência para os níveis glicêmicos. Quadro 10 ‒ Critérios de laboratoriais para diagnóstico do DM Glicemia de jejum (mg/ dL) Glicose 2 horas após sobrecarga com 75 g de glicose (mg/dL) Hemoglobina glicosilada (%) Normal < 100 < 140 < 5,7 Pré-diabetes ≥ 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 ≥ 5,7 e < 6,5 Diabetes ≥ 126 ≥ 200 ≥ 6,5 Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (2017). Exames Laboratoriais para Identificação de Anemia Ferropriva A anemia ferropriva apresenta alta prevalência no Brasil mesmo havendo medidas profiláticas e educativas. Como a infância é uma das fases da vida com maior susceptibilidade de desenvolver anemia ferropriva, é de extrema importância avaliar parâmetros que os evidenciam para diagnóstico e tratamento adequados, a fim de minimizar as alterações resultantes dessa doença no crescimento e desenvolvimento dessa população. Avaliação Nutricional 43 Antes de ocorrer as manifestações clínicas da anemia ferropriva o indivíduo pode já estar apresentando alterações laboratoriais que são assintomáticas, a exemplo da depleção e a deficiência de ferro. • Depleção de ferro: é a diminuição dos depósitos de ferro no fígado, baço e medula óssea. Para avaliar a depleção são utilizados os valores de ferritina sérica. Como indicativo de depleção temos: Crianças menores de 5 anos: valores inferiores a 12 µg/L. Crianças e adolescente de 5 a 12 anos: valores inferiores a 15 µg/L. • Deficiência de ferro: é a diminuição do ferro sérico (ferro circulante no nosso sangue), aumento da transferrina e diminuição da saturação de transferrina. É considerada deficiência quando o ferro sérico se encontra menor que 30mg/dl. NOTA: A transferrina é a proteína responsável por se ligar ao ferro e realizar o seu transporte pelo corpo. Se há aumento dessa proteína, entende-se que existe pouco ferro se ligando à transferrina e pouco ferro sendo distribuído pelo corpo. Já a saturação de transferrina corresponde ao percentual de transferrina que está ocupada pelo ferro. A anemia ferropriva ocorre após depleção e deficiência de ferro, estando relacionada a alterações no hemograma: diminuição da hemoglobina e hematócritos e alterações hematimétricas. Quadro 11 ‒ Pontos de corte para diagnóstico de anemia 6 – 60 meses > 5 anos e < 11 anos Hemoglobina (mg/ dL) < 11 < 11,5 Hematócrito (%) < 33 < 34 Fonte: Adaptado de OMS (2017). Avaliação Nutricional 44 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Confira a seguinte fonte de consulta. Para acessar, clique aqui. Proteínas Algumas proteínas séricas podem ser utilizadas na avaliação da condição nutricional. Antes de você conhecer os valores de referência de algumas proteínas séricas é importante saber que estas sofrem alterações em algumas condições clínicas e que conhecer o tempo de meia-vida de cada uma delas será essencial para você fazer a melhor interpretação possível dessas proteínas. Veja a descrição das condições clínicas que causam alterações dos resultados, tempo de meia-vida e valores de referência. • Albumina: é uma proteína sintetizada pelo fígado. Encontra-se reduzida na fase aguda no processo inflamatório, em disfunções renais e hepáticas e enteropatias perdedora de proteína, sendo alterada pela hidratação. Meia-vida: 18 a 20 dias. Valores normais: 1 a 3 meses: 3 a 4,2 g/dL. 3 a 12 meses: 2,7 a 5 g/dL. 1 ano: 3,2 a 5 g/dL. • Pré-albumina: tem papel fundamental no transporte dos hormônios tireoidianos. Encontra-se reduzida nas doenças hepáticas, fibrose cística, hipertireoidismo, infecções e traumas. Meia-vida: 2 a 3 dias. Valor de referência: 20 a 50 mg/dL. • Transferrina: também é uma proteína hepática. É responsável por se ligar ao ferro, mas também se liga a outros micronutrientes, Avaliação Nutricional https://bit.ly/2ZeBuiP 45 como zinco, cobre, vanádio e cromo. É alterada pela hidratação, sofre redução no processo inflamatório agudo e disfunção hepática, no entanto, encontra-se elevada na deficiência de ferro. Meia-vida: 8 a 9 dias. Valor de referência: 180 a 260 mg/dL. • Proteína transportadora de retinol: como o próprio nome já diz, é uma proteína responsável pelo transporte de retinol (vitamina A). Encontra-se reduzida nas doenças hepáticas, deficiência de zinco e vitamina A; e elevada nas doenças renais. Também é uma proteína de fase aguda, sofrendo redução nos processos inflamatórios. Meia-vida: 12 horas. Valor de referência: 30 a 40 ug/dL. RESUMINDO: E então? Aprendeu tudo sobre os exames laboratoriais? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu que os achados laboratoriais podem evidenciar situações clínicas e nutricionais que ainda não podem ser percebidas na semiologia nutricional, além de serem utilizadas para concluir o diagnóstico nutricional baseado em sinais e sintomas clínicos. Os exames laboratoriais abordados incluíram o perfil lipídico com descrição dos parâmetros utilizados e valores de referência; perfil glicêmico, sendo descrito os parâmetros utilizados pela Sociedade Brasileira de Diabetes e as classificações que incluem glicemia de jejum alterada, pré-diabetes e diagnóstico de diabetes; além dos exames solicitados para avaliar depleção de ferro, deficiência de ferro e anemia ferropriva. Além disso, viu quais são as proteínas séricas mais utilizadas para avaliar estado nutricional, o tempo de meia- vida de cada uma dessas proteínas e as possíveis situações clínicas que causam alterações dos resultados laboratoriais dessas proteínas. Avaliação Nutricional 46 Outros Indicadores Nutricionais OBJETIVO: Conhecer outros indicadores nutricionais possibilitará a você, futuro nutricionista, a identificar o padrão de consumo alimentar dessa população, além de avaliar e associar os sinais e sintomas encontrados a possíveis deficiências ou excesso de alguns macros e micronutrientes. Imagine só você poder avaliar o padrão de consumo alimentar e fazer intervenções caso seja necessário, a fim de melhorar o padrão alimentar do indivíduo ou da população, além de ser capaz de identificar alterações no exame físico que evidenciam distúrbios nutricionais? E então? Não é interessante e importante desenvolver estas competências? Vamos lá. Avante! A avaliação do consumo alimentar é de extrema importância para completar o diagnóstico nutricional da criança e do adolescente. Conhecendo os inquéritos alimentares você poderá identificar a ingestão qualitativa e/ou quantitativa do indivíduo ou de uma população. Esses parâmetros auxiliarão você, futuro nutricionista, na prescrição dietética, na estratégia nutricional que deverá ser adotada em uma população, direcionam as atividades de educação alimentar, além de serem utilizados para identificar indivíduos ou grupos em risco nutricional, o que chamamos de “vigilância alimentar”. Apesar da utilidade dos inquéritos alimentares, temos que estar cientes que nenhuma das ferramentas é capaz de apresentar os dados coletado sem erros. De modo a minimizar os erros desses instrumentos é necessário ter um avaliador treinado, bem como conhecer bem as vantagens e desvantagens dos inquéritos alimentares, o que possibilitará a escolha do método mais adequado para cada situação. Além os inquéritos, nesse módulo serão abordados os achados doexame físico, conhecido também como “semiologia nutricional”, o que lhe auxiliará na conclusão do estado nutricional, além de confirmar queixas da anamnese, resultados evidenciados pela antropometria e análise dos exames laboratoriais. Avaliação Nutricional 47 Inquéritos Alimentares Em se tratando de crianças e adolescentes é importante saber que as informações coletadas na anamnese alimentar nem sempre serão fornecidas por eles. Os dados coletados de crianças menores de 7 anos, em sua maior partem são fornecidos pelos pais ou responsáveis. Após essa idade as informações podem ser fornecidas pelas próprias crianças e adolescentes. Caso os dados coletados estiverem incompletos ou incompreensíveis pode-se solicitar aos pais ou responsáveis informações complementares. Para a escolha do inquérito alimentar que melhor se aplica à situação do paciente é necessário conhecer algumas vantagens e desvantagens desses métodos. NOTA: Em relação à temporalidade, os inquéritos são divididos em prospectivos e retrospectivos. Os métodos prospectivos coletam informações recentes que refletem a dieta atual. Como exemplo para caracterizar esses métodos temos o recordatório de 24 horas, o registro alimentar diário, a pesagem direta e o orçamento familiar. Os métodos retrospectivos refletem tanto o consumo alimentar de um passado imediato quanto o consumo alimentar de um passado a longo prazo. Exemplificando esses métodos temos a frequência alimentar, a história dietética e os recordatório periódicos de 24 horas. Recordatório de 24 horas É um dos inquéritos mais utilizados na prática clínica consiste em coletar os dados referentes à alimentação no dia anterior, das últimas 24 horas. Nessa coleta é necessário que o entrevistador colete todos os alimentos, incluindo as bebidas consumidas nesse período. Avaliação Nutricional 48 As medidas, geralmente, são mencionadas pelo entrevistado em medidas caseiras (exemplo: 1 xícara de chá equivale a 250 ml). Cabe ao entrevistador encontrar a forma mais clara de comunicação a fim de coletar os dados de forma mais detalhada possível, tendo o cuidado de não fazer indução nas respostas. Entre os pontos positivos temos: baixo custo, fácil e rápida aplicação, podendo ser usado em várias faixas etárias, incluindo crianças e adolescentes. Além disso, os dados podem ser coletados em pacientes analfabetos, já que o questionário é preenchido pelo entrevistador; não influencia na ingestão habitual do indivíduo, pois se trata de relatos do dia anterior; os dados coletados podem ser usados para estimar ingestão de calorias e nutrientes (o nutricionista pode utilizar um software específico para fazer esses cálculos). Caso esse método seja realizado várias vezes em períodos diferentes ele fornecerá uma estimativa da ingestão habitual do entrevistado. Parece ser uma ferramenta perfeita, não é? Mas, tenha calma! Todos os métodos têm limitações e com o recordatório de 24 horas não é diferente. Entre as limitações no uso desse questionário destacam-se: o entrevistador deverá ser treinado para evitar induções e coletar o máximo de informações possíveis; além disso, mesmo que o entrevistador esteja preparado o recordatório depende da memória do entrevistado; e a coleta de dados não reflete diferenças entre os dias da semana, então, o dia anterior à consulta pode ter sido um dia atípico. Fique atento às consultas nas segundas-feiras, pois o dia anterior foi um domingo, dia que geralmente as pessoas exageram na alimentação; bem como às terças-feiras, pois segunda-feira, geralmente, é considerado o dia da dieta. Ainda sobre as limitações do recordatório de 24 horas, muitas pessoas têm dificuldade de estimar o tamanho das porções e omitem as bebidas e os lanches que realizam entre as grandes refeições (café da manhã, almoço e jantar). Avaliação Nutricional 49 Registro Alimentar Nesse método de inquérito alimentar é necessário o registro com o máximo de detalhes (inclui tipo de preparação, ingredientes, marca do produto, porção em medidas caseira e registro do horário das refeições) de todos os alimentos e bebidas que foram consumidos em um intervalo de tempo determinado. A recomendação é realizar o registro alimentar no período de 3 a 7 dias, realizando as anotações em dias alternados. Além dessa forma de registro, existe a variação desse método, que é o registro alimentar por pesagem, isso significa que todos os alimentos e bebidas devem ser pesados, incluindo a sobra deles. Essa variação exige a utilização de uma balança calibrada. Apesar de mais precisa, é pouco utilizada na prática clínica porque requer a aquisição de um equipamento, a balança, bem como treinamento. Entre os pontos positivos destacam-se: não depende da memória do entrevistado, isso minimiza possíveis omissões sobre o que consumiu anteriormente; e possibilita uma maior precisão quantitativa dos alimentos, isso facilita a realização dos cálculos de calorias e nutrientes de forma mais precisa, como as informações ficam anotadas é mais fácil identificar as preparações, tipos de alimentos e os intervalos entre as refeições. Bem legal esse instrumento, mas vamos conhecer as suas limitações? Sendo um registro que requer anotações é impossível utilizar esse inquérito alimentar com indivíduos analfabetos. Além disso, para preencher as planilhas é necessário tempo disponível, já que ela envolve várias informações. Outro ponto limitante para o registro alimentar é que após a consulta e as orientações, as anotações podem sofrer modificações e não registrar o consumo habitual anterior à consulta. Questionário de Consumo Alimentar Esse inquérito alimentar estima o consumo habitual de alimentos ou se determinado grupo alimentar foi ingerido durante um período estabelecido, que pode ser dia, semana ou mês. É elaborado com dois Avaliação Nutricional 50 componentes: uma lista de alimentos e um espaço para preencher com a frequência de consumo do alimento ou grupo alimentar. Tem entre as vantagens ser uma ferramenta simples e de fácil aplicação, o que não exige muito treinamento do entrevistador, podendo ser autoaplicável, de forma a gerar resultados padronizados, o que possibilita a utilização de suas pesquisas epidemiológicas. Falando de algumas limitações, assim como o recordatório de 24 horas, o questionário de consumo alimentar depende da memória do entrevistado. Caso esse questionário seja aplicado pelo próprio paciente, é necessário que este seja alfabetizado. Os questionários devem ter itens limitados para serem interrogados a fim de evitar cansaço e indução nas respostas , Apesar de não haver padronização no questionário de frequência do consumo alimentar para crianças, essa ferramenta pode ser utilizada para avaliar o consumo de alguns grupos alimentares, de forma a relacioná- los com o surgimento de algumas doenças, um bom exemplo é aplicar o questionário em uma população que apresenta sobrepeso e obesidade com perguntas direcionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas, gorduras saturadas, entre outras informações que possam justificar o desenvolvimento da doença em questão. Com relação aos outros inquéritos alimentares, na literatura existem algumas recomendações específicas relacionadas à cada faixa etária. Com lactentes em aleitamento exclusivo, basta avaliar o número de mamadas, as trocas de fraldas por diurese e por dejeções, monitorar cor e quantidade destas, bem como se o ganho de peso está satisfatório para a sua idade. Quando o lactente está em alimentação complementar e/ou aleitamento misto, o que deverá ser contabilizado como calorias e nutrientes são os alimentos ofertados além do leite materno; nesse caso não contabilizamos o que foi consumido por meio do leite materno. Caso o lactente esteja utilizando fórmula láctea ou leite de outra espécie é importante saber da diluição,da oferta de água, do modo de armazenamento e se há adição de farináceos ou outros preparados. O método que deverá ser utilizado é o recordatório de 24 horas ou dia alimentar habitual. Avaliação Nutricional 51 Em se tratando de pré-escolares deve-se realizar o recordatório de 24 horas ou dia alimentar habitual associado ao registro alimentar de, pelo menos, 3 dias. Nesse registro alimentar é possível avaliar variações no consumo alimentar que são comuns nessa faixa etária. Avaliar dias da semana e dias do final de semana trará dados mais reais da alimentação dessa criança, já que é muito comum o apetite variar muito nessa etapa da vida. Crianças em fase escolar, maiores de 7 anos, já podem responder alguns inquéritos, e é recomendado utilizar o dia alimentar habitual. Durante a aplicação desse inquérito é possível observar, além do consumo alimentar, o estilo de vida da criança. Cabe ao nutricionista, no momento de aplicar o inquérito alimentar, optar entre o recordatório de 24 horas ou a ingestão habitual, vai depender de como será a abordagem com a criança. Por meio da utilização dos inquéritos alimentares podemos observar, além do consumo alimentar da criança e do adolescente, o grau de autonomia que ele tem para se alimentar, como as refeições são feitas, se há refeições que são realizadas em família, se há utilização de algum equipamento multimídia (exemplo: televisão, computador, celular, tablet) e observar o comportamento dos pais e/ou responsáveis durante as refeições. Exame Físico O exame físico é realizado de forma geral e específica. Já que é uma avaliação geral, inclui os achados clínicos e antropométricos; e o específico requer uma avaliação mais minuciosa, que inclui o registro da avaliação de todas as partes do corpo, que se inicia no cabelo e termina na região plantar. Vale destacar que na adolescência é necessário avaliar a maturação sexual, que inclui desenvolvimento das mamas, pelos pubianos e genitália. Essa avaliação pode ser realizada com o auxílio da escala de Tanner, que é baseada na avaliação do adolescente sobre o seu corpo. Avaliação Nutricional 52 É importante começar o registro com a impressão do estado geral, e isso inclui a percepção do indivíduo sobre a sua condição, além da percepção do entrevistador. Em crianças e adolescente são observadas alterações no exame físico que estão relacionadas a distúrbios nutricionais. Para tanto, devemos estar mais atentos a essas condições clínicas e aos seus sinais e sintomas a fim de promover recuperação ou melhora do estado nutricional de forma rápida e eficaz, de forma a minimizar os danos no seu crescimento e desenvolvimento. Desnutrição Grave É uma doença que pode ser identificada na avaliação antropométrica e laboratorial. No entanto, com o exame físico podemos avaliar características específicas entre as duas condições. Quadro 12 ‒ Características entre os tipos de desnutrição grave Marasmo Kwashiorkor Lactentes < 12 meses Lactentes > 2 anos Emagrecimento acentuado. Atrofia muscular e subcutânea, o que resulta em membros delgados. Pele flácida, nádegas atróficas. Fáceis senil devido ao desaparecimento da bola de Bichat. Abdomên pode ser globoso, sem hepatomegalia. Cabelos finos e escassos. Hipoatividade, irritabilidade. Emagrecimento pode estar mascarado com edema e anasarca. Edema em membros inferiores. Alterações na pele: manchas hipocrômicas e hipercrômicas. Face de Lua. Abdômen globoso: ascite e hepatomegalia. Cabelos avermelhados, quebradiços e opacos. Apatia. Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria (2009). Avaliação Nutricional 53 Obesidade A obesidade é uma doença crônica que resulta do acúmulo excessivo de gordura corporal, resultado de fatores que englobam fatores endócrinos, psicológicos e externos (alimentação, estilo de vida, prática de atividade física, etc.). Em adultos, basta utilizar o IMC para sua classificação, porém em crianças e adolescentes o IMC sofre alterações devido ao crescimento e desenvolvimento acelerado dessas fases de vida, o que torna necessário avaliar o IMC em relação à sua idade. Além do IMC, é importante verificar a circunferência abdominal, pois ela está relacionada à obesidade central e ao risco de doenças cardiovasculares. Atentar para a hepatomegalia, sinal sugestivo relacionado à esteatoepatite não alcóolica. Observar manchas na pele, principalmente na região do pescoço, axilas, região inframamária e superfícies flexoras dos membros: essas manchas são sinais clássico de Acanthosis nigricans. Verificar a presença de pelos com crescimento de padrão masculino em pacientes do sexo feminino, a exemplo de pelos no rosto e nas costas: esses sinais estão relacionados ao hirsutismo. Tanto a Acanthosis nigricans como o hirsutismo estão relacionados à resistência insulínica. NOTA: A Acanthosis nigricans é uma condição dermatológica caracterizada por espessamento, hiperpigmentação e acentuação das linhas da pele, gerando aspecto grosseiro e aveludado no local afetado. É comum crianças e adolescentes com obesidade apresentarem edema e dor nas articulações, desvios na coluna vertebral e alterações de marcha. Avaliação Nutricional 54 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura das Diretrizes brasileiras de obesidade. Para acessar, clique aqui. Hipovitaminose A A hipovitaminose A é um problema de saúde pública no Brasil que acomete, principalmente, crianças na fase pré-escolar. As causas que justificam esses dados são baseadas na falta de amamentação ou desmame precoce (antes dos 6 meses) e alimentação infantil desequilibrada com baixa ingestão de gorduras. A vitamina A é lipossolúvel, sendo necessários lipídios para a sua absorção, além da baixa ingestão desse micronutriente. A sua deficiência afeta as estruturas epiteliais de diversos órgãos, destacando alterações nos olhos e na visão. Por ser uma vitamina antioxidante, é comum a redução das respostas imunológicas. Ao exame físico devemos estar atentos, principalmente, às alterações de crescimento, maior predisposição a infecções, alterações cutâneas e alterações oculares. Nas alterações cutâneas podemos encontrar pele seca com aspecto escamoso, conhecida como xerose; e pele áspera e acúmulo de células descamadas, o que chamamos de hiperceratose folicular. Já as alterações oculares são divididas em seis estágios, que ocorrem de forma progressiva. • A primeira alteração é a nictalopia, conhecida como cegueira noturna. É caracterizada como redução da acuidade visual em ambientes pouco iluminados. Esse sintoma é de difícil percepção por crianças menores de 7 anos, o que dificulta o seu tratamento nas crianças dessa faixa etária. • A segunda alteração é a xerose conjuntival, caracterizada pela perda de brilho e umidade da conjuntiva; os reflexos luminosos se tornam difusos e de baixa intensidade. Avaliação Nutricional https://bit.ly/2MgLC5w https://bit.ly/2MgLC5w 55 • A terceira alteração são as manchas de Bitot, placas com coloração acinzentada de aparência espumosa que, geralmente, acometem a região nasal da conjuntiva ocular. • A quarta alteração corresponde à xerose corneal, momento em que a córnea se encontra seca e sem brilho, apresentando aspecto granular. • A quinta alteração é a ulceração de córnea, resultado da xerose corneal, que gera a destruição do epitélio e estroma corneal, podendo haver perfuração. • O último estágio é a queratomalácia, que é o resultado progressivo da ulceração da córnea, gerando destruição do globo ocular e, consequentemente, cegueira irreversível. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura da matéria a seguir. Para acessar, clique aqui. Anemia Ferropriva É uma doença com alta prevalência na nossa população, antes de surgir a doença ocorrem estágios anteriores, que podem ser assintomáticos, assimcomo a deficiência de ferro e a depleção de ferro, o que dificulta a sua investigação no exame físico. Alguns sinais e sintomas são comuns em indivíduos anêmicos como: apatia, astenia e mucosas e pele hipocrômica. Verificar a ocorrência de processos infecciosos de repetição, visto que esse sintoma pode estar associado a um comprometimento do sistema imune. Ainda devemos estar atentos ao padrão de crescimento peso/estatura e ao desenvolvimento neuropsicomotor. A anemia ferropriva pode resultar em comprometimento do desenvolvimento motor e da coordenação. Além disso, devem ser analisados os sinais de fadiga, insegurança e grau de atenção durante a avaliação nutricional. Avaliação Nutricional https://bit.ly/36V0Epl 56 RESUMINDO: E então? Estamos finalizando mais um módulo e, nesse último Capítulo você conheceu os inquéritos alimentares e a semiologia aplicada à nutrição de crianças e adolescentes. Entre os inquéritos aprendidos você pôde conhecer quais os inquéritos são utilizados por faixa etária, sua classificação quanto à temporalidade e seus pontos positivos e limitantes. Essas competências lhe auxiliarão na escolha do melhor método a ser aplicado. Além dos inquéritos, você aprendeu sobre os principais sinais e sintomas associados às doenças e condições clínicas que mais se relacionam com o estado nutricional. Antes de concluirmos esse Capítulo sobre avaliação nutricional, é importante lembrar que você aprendeu os principais parâmetros antropométricos utilizados em crianças e adolescentes, as curvas de crescimento da OMS, a avaliação laboratorial, a semiologia nutricional e os inquéritos alimentares. Para concluir o diagnóstico nutricional é imprescindível analisar as diversas ferramentas utilizadas na avaliação nutricional, além de associar os achados clínicos à condição socioeconômica, cultural e regional do indivíduo. Agora, é só praticar bastante tudo que vimos até aqui e se tornar um expert em avaliação nutricional. Avaliação Nutricional 57 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Federal n°. 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1991. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança: menina. 8. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança: menino. 11. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: norma técnica do sistema de vigilância alimentar e nutricional – Sisvan. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas gerais do programa nacional de suplementação de vitamina A. Brasília: Ministério da Saúde, 2013b. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa nacional de suplementação de ferro: manual de condutas gerais. Brasília: Ministério da Saúde, 2013c. CURVAS de crescimento: orientações para profissionais de saúde. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, 2019. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff. fiocruz.br/atencao-crianca/curvas-de-crescimento-orientacoes-para- profissionais-de-saude. Acesso em: 21 dez. 2021. DEFICIÊNCIA de vitamina A. Biblioteca Virtual em Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/deficiencia-de-vitamina-a-2. Acesso em: 21 dez. 2021. Avaliação Nutricional 58 FISBERG, M.; LYRA, I.; WEFFORT, V. Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. FRISANCHO, A. R. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutritional status. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1990. GRÁFICOS de crescimento. Sociedade Brasileira de Pediatria, c2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/departamentos- cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento. Acesso em: 21 dez. 2021. PALHARES, H. M. da C. et al. Associação entre Acantose Nigricans e outros fatores de risco cardiometabólicos em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 301-308, 2018. ROVER, M. R. M. et al. Perfil lipídico de pacientes pediátricos. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 48, n. 1, 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 190, n. 2, 2017. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Rio de Janeiro: Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 9, 2013. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes 2017-2018. São Paulo: Clannad, 2017. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Avaliação nutricional da criança e do adolescente: manual de orientação. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009. TAVARES, E. C.; REGO, M. A. S. Prematuridade e retardo de crescimento. Tratado de Pediatria, v. 18, p. 1325-1323, 2007. Avaliação Nutricional _Hlk91089210 Avaliação Antropométrica Peso Estatura/Comprimento Índice de Massa Corpórea (IMC) Circunferências Dobras Cutâneas Perímetros Indicadores de Crescimento: Avaliação e Interpretação de Curvas As Curvas de Crescimento Curvas de Crescimento Peso para Idade (P/I) Curvas de Crescimento Peso para Estatura (P/E) Curvas de Crescimento Índice de Massa Corporal para Idade (IMC/I) Curvas de Crescimento Estatura para Idade (E/I) Interpretação das Curvas de Crescimento Exames Laboratoriais Perfil Lipídico Níveis Glicêmicos Exames Laboratoriais para Identificação de Anemia Ferropriva Proteínas Outros Indicadores Nutricionais Inquéritos Alimentares Recordatório de 24 horas Registro Alimentar Questionário de Consumo Alimentar Exame Físico Desnutrição Grave Obesidade Hipovitaminose A Anemia Ferropriva