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A partir dessa distinção (privado/público), seriam exemplos de gêneros primários e gêneros secundários: GÊNEROS PRIMÁRIOS Bakhtin (2003, p.284) ressalta que há uma escassez de nomenclatura para o gênero oral. Gêneros Primários Conversas sobre temas do dia-a-dia entre amigos, entre familiares; as piadas; os causos populares, o bilhete informal, etc. Gêneros Secundários As notícias jornalísticas, as petições judiciais, as resenhas científicas, os memorandos, as conferências, etc. Como se observa, os gêneros primários se pautariam em atividades de linguagem realizadas em um âmbito mais familiar e, por assim ser, seguiriam padrões menos rígidos. Por outro lado, os gêneros secundários se moldariam a uma matriz cujos parâmetros são mais fixos e, portanto, menos negociáveis. Um determinado gênero primário pode se inscrever na esfera secundária e assim se revestir de características de outro contexto comunicativo em detrimento das características advindas do contexto através do qual o gênero em questão surgira. Nesse sentido, Bakhtin (2003, p.276) adverte que com exceção dos gêneros de natureza retórica, os demais gêneros secundários: se valem de diferentes formas de introdução, na construção do enunciado, dos gêneros de discurso primários e relações entre eles (note-se que aqui eles sofrem transformações de diferentes graus, uma vez que não há uma alternância real de sujeitos do discurso). Ainda sobre o processo formativo do gênero, Bakhtin (1993, p. 263) "acrescenta que os gêneros secundários incorporam e reelaboram diversos gêneros primários (simples), que se formaram nas condições da comunicação discursiva imediata". De acordo com esse posicionamento, os gêneros secundários se fundam em esferas sociais menos familiares as quais invocam dimensões composicional, estilística e semântico-objetal mais elaboradas. Essas dimensões, não obstante terem a priori configurado o quadro dos gêneros primários e, por conseguinte, possuírem propriedades concernentes à comunicação verbal mais espontânea, aperfeiçoam- se, transmutam-se, alargam-se a fim de se adequarem às demandas comunicativas mais complexas. Swales (1992, p.3) destaca a abordagem histórica atribuída aos gêneros na concepção de Bakhtin, tendo em vista que se deveria pensar no termo "metamorfose" ao analisar a evolução dos gêneros primários em secundários. Schneuwly (1994, p. 157), para diferenciar, gênero primário e secundário leva em consideração "a ação, seja ela linguística ou não" sendo que, no gênero primário, "a regulação se dá na e pela própria ação de linguagem" e, no gênero secundário, "por meio de outros mecanismos a definir". De acordo com essa distinção, clique nas abas abaixo: 19