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Processos de Descarga da Excitação: Freud propõe que, em vez de pensar em dois sistemas físicos separados dentro do aparelho psíquico, devemos entender que existem dois processos ou modos de descarga da excitação psíquica. Metáforas e Representações: As metáforas de "reprimir" e "penetrar" são questionadas, pois podem sugerir erroneamente que pensamentos se movem fisicamente dentro da mente. Freud prefere uma representação dinâmica onde o que se move não são os pensamentos em si, mas a energia investida neles. Investimento de Energia: Ele sugere que, em vez de pensar em termos de locais psíquicos, devemos pensar em termos de investimentos de energia que podem ser colocados ou retirados de certas ordens de pensamento. Estruturas Psíquicas e Inervação: Freud substitui uma visão topológica (onde os pensamentos ocupam lugares específicos) por uma visão dinâmica (onde o que se move é a inervação ou energia psíquica que anima esses pensamentos). Legitimidade da Concepção Figurativa dos Dois Sistemas: Apesar dessas considerações, Freud considera ainda útil usar a concepção figurativa dos dois sistemas para descrever as operações psíquicas, desde que lembramos que estas representações são mais abstratas e não devem ser confundidas com estruturas orgânicas do sistema nervoso. Analogias Telescópicas: Ele compara a percepção interna dos processos psíquicos a uma imagem produzida por um telescópio. As formações psíquicas são como imagens virtuais criadas pelas lentes, enquanto as lentes em si representam os sistemas não psíquicos subjacentes que nunca são diretamente acessíveis à percepção consciente. Censura e Refração: A censura entre os dois sistemas é comparada à refração da luz, sugerindo uma mudança de meio que altera a forma como os pensamentos são percebidos quando se movem entre sistemas inconscientes e conscientes. Psicologia Médica versus Filosófica: Freud destaca a divergência entre a psicologia médica, que reconhece processos psíquicos inconscientes, e a psicologia filosófica tradicional, que equipara o psíquico ao consciente. Ele argumenta que uma compreensão adequada dos estados psíquicos, especialmente anormais, exige o reconhecimento do inconsciente. Observação e Inferência dos Processos Inconscientes: Freud explica que os processos inconscientes só podem ser conhecidos através de seus efeitos na consciência. A observação clínica e a análise de sonhos são métodos para inferir esses processos subjacentes. O Inconsciente como a Base da Vida Psíquica: Freud, citando Lipps, afirma que o inconsciente deve ser visto como a base de toda a vida psíquica. O inconsciente contém todas as fases preliminares do consciente e pode operar independentemente da consciência, mantendo ainda seu valor como atividade psíquica plena. Reavaliação do Papel do Sonho e do Pensamento Diurno: Ao integrar o inconsciente na compreensão da vida psíquica, Freud elimina muitos dos problemas anteriores sobre a interpretação dos sonhos. Ele sugere que muitas das atividades atribuídas ao sonho são, na verdade, operações do pensamento inconsciente que ocorrem também durante o dia. Contribuições Criativas e o Inconsciente: Freud menciona relatos de indivíduos altamente criativos, como Goethe e Helmholtz, para ilustrar que muitas das ideias essenciais e inovadoras surgem espontaneamente do inconsciente, praticamente completas, antes de serem reconhecidas pela consciência. Em resumo, Freud reformula a compreensão do funcionamento psíquico ao enfatizar o papel dinâmico do investimento de energia e a importância fundamental do inconsciente na vida psíquica, oferecendo uma visão mais complexa e integrada do aparelho psíquico. Sonhos e Mudança Histórica: Freud menciona que os sonhos foram tradicionalmente vistos como influências misteriosas que poderiam inspirar grandes feitos históricos. Contudo, ele propõe que os sonhos sejam entendidos como manifestações de impulsos reprimidos que se libertam à noite. Respeito Antigo pelos Sonhos: O respeito dos antigos pelos sonhos é atribuído à sua intuição sobre a natureza indomável do inconsciente humano. Eles viam os sonhos como manifestações de forças psíquicas profundas, o que Freud considera uma percepção correta. Inconsciente Freudiano versus Filosófico: Freud distingue seu conceito de inconsciente dos entendimentos filosóficos tradicionais. Enquanto os filósofos viam o inconsciente meramente como o oposto do consciente, Freud argumenta que existem processos psíquicos complexos que operam independentemente da consciência. Ele introduz a ideia de dois sistemas inconscientes: o Ics (incapaz de se tornar consciente) e o Pcs (que pode alcançar a consciência sob certas condições). Função da Consciência: A consciência é apresentada como um órgão sensorial que percebe qualidades psíquicas e regula os investimentos de atenção e energia psíquica. Freud sugere que a consciência não armazena memórias, funcionando mais como um sistema de percepção que guia o comportamento e as respostas emocionais. Regulação Psíquica: Freud explica que o princípio do desprazer regula automaticamente os processos psíquicos, mas a consciência dessas qualidades pode introduzir uma regulação mais sofisticada, ajudando a integrar experiências que inicialmente provocam desprazer. Fenômenos Psiconeuróticos: Freud discute como a censura impede certos pensamentos de alcançarem a consciência, um processo que é central para entender os fenômenos psiconeuróticos. Ele exemplifica isso com casos clínicos, mostrando como fantasias reprimidas emergem disfarçadas em sintomas ou queixas físicas. Valor Terapêutico do Estudo dos Sonhos: Freud destaca o valor do estudo dos sonhos para a psicoterapia, especialmente no tratamento de psiconeuroses. Ele acredita que os sonhos revelam desejos inconscientes e impulsos reprimidos, oferecendo insights valiosos sobre o funcionamento do aparelho psíquico. Ética e Realidade Psíquica dos Sonhos: Freud discute a complexidade ética dos desejos inconscientes revelados nos sonhos, argumentando que a realidade psíquica dos sonhos é uma forma de existência especial que não deve ser confundida com a realidade material. Importância dos Atos e Opiniões Conscientes: Para avaliar o caráter de uma pessoa, Freud sugere focar nos atos e opiniões expressos conscientemente, pois muitos impulsos inconscientes são regulados antes de se manifestarem em ações reais. Sonhos e Conhecimento do Passado: Freud conclui que os sonhos são valiosos para entender o passado, pois representam desejos indestrutíveis que modelam o futuro à imagem do passado. Esses pontos ressaltam a importância do estudo dos sonhos na compreensão do funcionamento psíquico e na terapia das neuroses, enfatizando a profundidade e a complexidade dos processos inconscientes na formação dos sonhos.