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equipamento, taxas de produção, recursos humanos disponíveis, políticas da empresa e confi ança de fornecimento (HAYES, 2008). Nas palavras de Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 344): “A capacidade de uma operação representa o máximo nível de atividade de valor adicionado em determinado período de tempo que o processo pode realizar sob condições normais de operação”. A capacidade pode ser considerada um volume a ser atingido e, quanto mais próximos os valores reais obtidos estiverem desse volume, melhores serão os resultados da empresa. O planejamento da capacidade, portanto, é um atividade complexa e abrangente. Gerir a capacidade faz parte da estratégia da empresa, uma vez que alterações de capacidade implicam em grande impacto de custos (compra de maquinário, abertura de parque fabril), que devem ser incorridos com bastante antecedência, envolvendo um profundo planejamento financeiro. A gestão da capacidade também acontece em nível operacional e tático, primeiro pelo acompanhamento diário dos resultados produtivos obtidos e pos- teriormente pela a comparação com o que foi planejado, gerando ações de ajuste. O Quadro 1 apresenta um resumo das decisões a serem tomadas acerca da capa- cidade em diferentes níveis de planejamento e diferentes horizontes de tempo. Fonte: Adaptado de Corrêa e Corrêa (2019). Horizonte Principais perguntas Nível decisório Decisões típicas Meses/anos Qual é o nível global de capacidade neste horizonte? Quais decisões devemos adotar para estes níveis globais? Estratégico/ direção Abertura de novas unidades fabris, expansão, aquisição de novas máquinas ou tecnologia. Semanas/ meses Que tipo de produção utilizar? Uso de funcionários próprios ou terceirizados em flutuações? Tático/média gerência Montagem de turnos de trabalho, tercei- rização da capaci- dade, aquisição de recursos. Horas/dias/ semanas Quais recursos alocar para cada tarefa? Como acomodar flutua- ções de demanda? Operacional Alocação de horas extras, alocação de pessoal entre setores. Quadro 1. Níveis diferentes de decisões sobre capacidade produtiva Planejamento e controle da capacidade2 A capacidade possui duas relações opostas. Por um lado, o excesso de capacidade pode representar custos extras que não serão aceitos pelos consumidores; por outro, a falta de capacidade pode afetar diretamente o nível de serviço oferecido pela empresa aos seus clientes, seja quanto aos prazos de entrega, que podem ser maiores que o previsto, seja pela sua confiabilidade. Além disso, uma capacidade reduzida pode levar a empresa a aumentar o seu nível de estoque, o que também acaba afetando os custos finais (CORRÊA, 2019) Diferentes empresas possuem diferentes medidas para sua capacidade, sejam elas empresas industriais ou de serviços. Vejamos alguns exemplos no Quadro 2. Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni (2005). Empresa Insumos Medida da capacidade/ volume de produção Fábrica de refrigerantes Horas/máquinas disponíveis Número de unidades/ano Hotel Leitos disponíveis Número de hóspedes/dia Cinema Número de assentos Número de espectadores/semana Fábrica de cimento Volume do forno Toneladas/dia Empresa de transportes Número de poltronas Número de passageiros/ano Usina hidroelétrica Tamanho das turbinas Potência gerada (kW) Loja Área da loja Vendas/mês Escola Número de alunos Número de formados/ano Quadro 2. Medidas de capacidade em empresas industriais e de serviços Podemos perceber pelo Quadro 2 que, enquanto em uma fábrica de re- frigerantes a capacidade significa o número de unidades produzidas em um ano, na escola ela é medida pela quantidade de alunos formados em um ano. Portanto, é importante entender que a capacidade será diferente de empresa para empresa. 3Planejamento e controle da capacidade