Prévia do material em texto
PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv DIREITO EMPRESARIAL | AULA 01 O QUE É O DIREITO EMPRESARIAL? lmpinheiro@udf.edu.br Conceitos “É o ramo do Direito Privado que tem por objeto a regulação da atividade destinada à circulação e criação da riqueza mobiliária, seus instrumentos e a qualificação dos sujeitos dessa relação” (Vera Helena de Melo Franco) “É o regime jurídico especial destinado à regulação das atividades econômicas e dos seus agentes produtivos” (André Luiz Santa Cruz Ramos) princípios lmpinheiro@udf.edu.br Liberdade de iniciativa: inerente ao modo de produção capitalista, põe freio ao anseio de intervenção do Estado na Economia, embora também coíba determinadas práticas empresariais incompatíveis com a liberdade de iniciativa (ex. Dumping); Livre concorrência: está de tal modo ligado ao princípio da liberdade de iniciativa que nem sempre se distinguem. Porém, neste caso, a liberdade de concorrência garante o fornecimento ao mercado de produtos ou serviços com qualidade crescente e preços decrescentes. Implica, portanto, a premiação (com lucro) do das decisões empresarialmente “acertadas”, penalizando as equivocadas (prejuízo ou falência); princípios lmpinheiro@udf.edu.br Função social da empresa: a empresa cumpre função social ao gerar empregos e tributos, produzir riqueza, contribuir par ao desenvolvimento econômico e tecnológico, social e cultural da sociedade em que atua de forma socioeconômica e ambientalmente responsável, desde que com estrita obediência às leis a que se submete; Preservação da empresa: em torno do funcionamento regular e desenvolvimento de cada empresa, não gravitam apenas os interesses individuais dos empresários e empreendedores, mas também os metaindividuais de trabalhadores, consumidores e demais interessados, sendo estes considerados protegidos na aplicação de qualquer norma de direito empresarial. Fontes lmpinheiro@udf.edu.br Constituição Federal: natureza fundante do ordenamento jurídico patreo, tem papel protagonista na relação das fontes jurídicas, inclusive de Direito Empresarial; Código Civil: principal fonte do Direito Empresarial Brasileiro. É do Código Civil a primeira camada de regras específicas de Direito Empresarial como um regramento específico das relações empresariais, seus agentes e instrumentos; Código Comercial Brasileiro (CCom) de 1850: derrogado (revogação parcial) pelo atual Código Civil. Contudo, resta em vigor o capítulo II daquele código oitocentista que trata do comercio marítimo. Quanto aos capítulos I e III, “parte geral” e “das quebras”. Fontes lmpinheiro@udf.edu.br Legislação extravagante: o Código Civil optou por versar apenas sobre matéria nuclear, essencial de Direito Empresarial, deixando questões específicas sob a tutela de leis esparsas, conforme podemos observar no direito falimentar (Lei nº 11.101/05), no direito societário (Lei 6404/76, que regula as sociedades por ações), no direito cambiário (Lei Uniforme de Genebra), direito de Propriedade Industrial (Lei nº 9279/96), dentre outros. Costumes: raiz consuetudinária. Contudo, práticas contumazes devem só devem ser entendidas como usos ou costumes quando apresentarem os seguintes requisitos: a) uniformidade; b) constância; c) boa-fé; d) não seja contrária à Lei; e, e) seja observada por certo período de tempo. Relações com os demais ramos do Direito lmpinheiro@udf.edu.br Direito Constitucional: Direito Civil: Direito Administrativo: Direito Tributário: Direito do Consumidor: Direito Penal: Direito do Trabalho: Direito Econômico: Autonomia do direito empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (…) Ramo do Dirieto com institutos jurídicos próprios, nada obstante as suas normas gerais estejam inseridas no Código Civil. O Direito Comercial e as Corporações de Ofício lmpinheiro@udf.edu.br intensificação da migração campo-cidade o direito comum de base romanística não suportava mais a pressão pela criação de institutos jurídicos específicos para regular o exercício do comércio por comerciantes; criação de uma classe social burguesa e urbana, os empreendedores/comerciantes; e, o mundo europeu foi fortemente abalado com doutrina calvinista, que em muito atendia as expectativas dessa nova classe, superando diversos dogmas do Direito Canônico. Corporações de Ofício a partir do século XII (resultado de reuniões voluntárias de comerciantes que buscavam formas mais eficientes de tutelarem seus interesses, dentre as quais mecanismos jurídicos para resolução de conflitos surgido nas relações entre os inscritos) Tribunais Consulares: desenvolveram diversos institutos, antes só baseados em usos e costumes. Rito processual sumário e fundado na boa-fé e no princípio da igualdade. Coexistência de duas jurisdições de âmbito comercial distintas: a civil (das comunas) e a mercantil (dos Tribunais Consulares das Corporações de Ofício). Período subjetivo, uma vez que a matéria do Direito Comercial é determinada a partir de um sujeito: o membro da corporação; Advento do Estado moderno, 1648 – Paz de Westfália; Superação da tendência aos usos e costumes aplicados por tribunais classistas como fonte principal de direito comercial pela aplicação de Leis estatais, das quais são exemplos as Ordenações Francesas para o Direito Marítimo (1673) e para os institutos de Direito Terrestre (1681). lmpinheiro@udf.edu.br Codificação Napoleônica e a Teoria dos Atos de Comércio lmpinheiro@udf.edu.br Em 1791, a Lei “Le Chapelier”, instituída na França, ceifou de vez as corporações de ofício e toda a jurisdição comercialista foi absorvida pelo Estado. A partir de 1808, advento do Código de Comércio Francês; “atos de comércio”, que esforçou-se para delimitar o campo de abrangência do Direito Comercial, conforme já destacado, a partir de aspectos objetivos. Tribunais de Comércio, no âmbito do Estado, cuja jurisdição abrigava todas as controvérsias que abrangesse a presença de um ato de comércio. Período objetivo, uma vez que a matéria do Direito Comercial é determinada a partir de um objeto: a prática de ações denominadas atos de comércio. O que vem a ser um ato de comércio? lmpinheiro@udf.edu.br Artículo L110-1 La Ley considerará actos de comercio: 1° Toda compra de bienes muebles para la reventa, bien en su estado original, bien tras haberlos modificado y adaptado por medio de un trabajo realizado sobre ellos; 2° Toda compra de bienes inmuebles para revenderlos, a menos que el comprador haya actuado con la intención de edificar uno o varios edificios y venderlos en conjunto o por locales; 3° Toda operación de intermediación para la compra, la suscripción o la venta de inmuebles, de fondos de comercio, de acciones o partes de acciones o participaciones de sociedades inmobiliarias; 4° Toda empresa de alquilerde bienes muebles; 5° Toda empresa de manufacturas, de comisión, de transporte por tierra o por agua; 6° Toda empresa de suministros, de representaciones, oficinas de negocios, establecimientos de venta por subasta, de espectáculos públicos; 7° Toda operación cambiaria, bancaria, de corretaje; 8° Todas las operaciones de establecimientos bancarios públicos; 9° Todas las obligaciones entre tratantes, comerciantes y banqueros; 10° Toda negociación sobre letras de cambio. Artículo L110-2 La ley considerará igualmente actos de comercio: 1° Toda empresa de construcción, de compraventa y de reventa de embarcaciones para la navegación interior y exterior; 2° Todas las expediciones marítimas; 3° Toda compra o venta de aparejos, accesorios y avituallamiento para una embarcación; 4° Todo contrato de transporte marítimo y fletamento de una nave, suscripción o concesión de un préstamo a la gruesa; 5° Todo tipo de pólizasde seguros y otros contratos relativos al comercio marítimo; 6° Todo acuerdo y convenio en cuanto a la contratación y a la retribución de las tripulaciones; 7° Todo contrato de enrolamiento para el servicio de los buques mercantes. lmpinheiro@udf.edu.br O Código Civil Italiano e a Teoria da Empresa lmpinheiro@udf.edu.br Unificação das normas obrigacionais: cíveis, comerciais e trabalhistas; Controle intenso do estado sobre atividade produtiva Empresa como centro do Direito Comercial Período empresarialistas: empresa no centro direito empresarial como uma organização jurídica permanente, instituição jurídica, em torno da qual girarão os negócios jurídicos do atual direito comercial, já agora concebido como disciplina das empresas não só de intermediação, mas também, e principalmente, de produção. O Código Comercial Brasileiro de 1850 lmpinheiro@udf.edu.br Forte inspiração na Teoria Francesa Proteção ao “comerciante regular”, vide aqueles registrados nos Tribunais Consulares pré-revolucionários, hoje em dia substituída pelo sistema da Lei de Registro Públicos de Empresas Mercantis (lei nº 8934/94). Regulamento 737/1850 “Art. 19. Considera-se mercancia: § 1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma especie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso. § 2º As operações de cambio, banco e corretagem. § 3° As emprezas de fabricas; de com missões ; de depositos ; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espectaculos publicos. (Vide Decreto nº 1.102, de 1903) § 4.° Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao cornmercio maritimo. § 5. ° A armação e expediç1to de navios”. O Código Civil Brasileiro de 2002 e Unificação do Direito Privado lmpinheiro@udf.edu.br Lei nº 10.406, que institui o Código Civil Brasileiro, fez a transição já esperada de modelo jurídico-comercial, revogando as partes I e III do CCom, ou seja, abandonando a Teoria Francesa dos Atos de Comércio, e alinhando o ordenamento jurídico pátrio à Teoria da Empresa; Unificação do Direito Privado, juntando num mesmo códex institutos de Direito Civil (comum) e de Direito Empresarial (especial); Superada a figura do comerciante e conceituado o que vem a ser empresário; Empresário como sendo aquele que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”. A EMPRESA E O EMPRESÁRIO PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 02 CONCEITO DE EMPRESÁRIO “Considera-se empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e a circulação de bens ou de serviços”. (art 996, CC) Elementos qualitativos e distintivos do empresário, conforme conceito do art. 966, CC: Exercício de uma atividade; Profissionalismo no exercício da atividade (elemento subjetivo); Natureza Econômica da Atividade; Organização da atividade; Finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços (elemento objetivo). lmpinheiro@udf.edu.br A) Exercício de uma atividade EMPRESA = ATIVIDADE A empresa é uma atividade e que para que uma ação empreendedora qualifique-se em atividade necessário é o seu repetir, sugerindo um elemento de habitualidade na sua prestação, ou seja, não-eventualidade. A Teoria da Empresa, portanto, compreende ser a empresa uma atividade qualificada por diversos elementos de ordem objetiva e exercida pelo empresário de forma profissional. lmpinheiro@udf.edu.br Conforme destacado pelo Professor Fábio Ulhôa Coelho, “ A empresa é uma atividade: a de produção ou circulação de bens ou de serviços. (...) Somente se emprega de modo técnico o conceito de empresa quando for sinônimo de “empreendimento”. Se alguém reputa muito arriscada a empresa, está certa a forma de se expressar: o empreendimento em questão enfrenta consideráveis riscos de insucesso, na avaliação desta pessoa”. A) Exercício de uma atividade lmpinheiro@udf.edu.br A) Exercício de uma atividade A é muito arriscada; Essa tem enormes chances de sucesso; Estou me retirando dessa ; Precisamos pintar a ; Precisamos melhor administrar a nossa para obtermos maior margem de lucro; lmpinheiro@udf.edu.br B) Profissionalismo (elemento subjetivo) O Profissionalismo é um elemento que está diretamente vinculado ao sujeito da atividade empresarial, ou seja, ao empresário, que por sua vez é quem exerce a empresa com caráter profissional. O elemento “profissionalismo” será constituído por ordem de três considerações: Habitualidade Pessoalidade Monopólio de informações lmpinheiro@udf.edu.br B) Profissionalismo (elemento subjetivo) Habitualidade: não se considera profissional quem exerce a empresa de forma eventual. Assim, um aperto financeiro que leva alguém a vender mercadorias na internet para pagar as contas, de forma suplementar, e esporádica, não faz com que tal pessoa seja considerada empresaria. Posto que, a habitualidade é um desdobramento do entendimento de atividade, exigindo um repetir-se, uma série de atos que são realizados constantemente, ou seja, não episodicamente; lmpinheiro@udf.edu.br B) Profissionalismo (elemento subjetivo) Pessoalidade: exercer a atividade em nome próprio, ou seja, do próprio empresário (seja ele individual ou sociedade empresária). Destaque-se que, sendo a mão-de-obra um dos fatores de produção organizados pelo empresário, deve-se considerar que estes falam em nome do empresário. lmpinheiro@udf.edu.br B) Profissionalismo (elemento subjetivo) Monopólio de informações: para o Professor Fábio Ulhôa Coelho, este é o elemento mais importante do conceito de profissionalismo do empresário. Posto que é este por meio do monopólio de informações que o empresário presta as informações sobre os bens ou serviços ao mercado e que, portanto, costumam ser de seu inteiro conhecimento, uma vez que a mão-de-obra geralmente não tem acesso a todos os elementos de tomada de decisão. lmpinheiro@udf.edu.br c) Natureza Econômica da Atividade Atividade “econômica” = intuito lucrativo (perseguir o lucro) O conceito de lucro é essencialmente econômico e contábil: “o resultado positivo da diferença entre as receitas e as despesas geradas por um empreendimento”. O intuito lucrativo, não diz respeito exclusivamente ao resultado positivo da diferença entre as receitas e as despesas de empreendimento. Mas à perseguição deste, à perseguição do lucro. lmpinheiro@udf.edu.br c) Natureza Econômica da Atividade Entidades sem fins lucrativos são empresasárias? Por que? lmpinheiro@udf.edu.br d) Organização da atividade A “organização” é elemento central no conceito de empresa. Não diz respeito a um critério subjetivo do agente (empresário), mas a um critério objetivo da atividade exercida pelo empresário. Para André Luiz Santa Cruz Ramos, a organização “significa, como bem destaca a doutrina, que empresário é aquele que articula os fatores de produção”, sendo eles: Capital Mão-de-obra Tecnologia Insumos lmpinheiro@udf.edu.br d) Organização da atividade Capital: valor mobiliário empregado no exercício da empresa; Mão-de-obra: elemento de trabalho utilizado na atividade empresarial; Tecnologia: elementos estes que não necessariamente estão vinculados às questões de informática, mas necessariamente ao “know how”, aos processos e como fazer, ou seja, que o empresário se valha de conhecimentos e meios de como oferecer bens ou serviços no mercado; Insumos: elementos necessário para a circulação ou produção de bens ou de serviços, ou seja, matéria prima ou conhecimento adequado. lmpinheiro@udf.edu.br e) Finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços Em contraposição à antiga teoria dos atos de comércio, a teoria da empresa deixa claro, por meio da expressão “produção ou circuulação de bens ou de serviços”, que nenhuma atividade econômica está excluída. Produçãoe Circulação; Bens e serviços. Somente será caracterizada como empresa a atividade de produção ou de circulação de bens ou de serviços destinados ao mercado, jamais quando destinado ao consumo próprio (vide caso das cooperativas). lmpinheiro@udf.edu.br As pessoas e a condição empresária Podem ser empresário tanto pessoas físicas, como as pessoas jurídicas de direito privado que não tenham limitações quanto à finalidade lucrativa, como é o caso das associações, fundações, organizações religiosas e partidos políticos. Nesse sentido, das espécies de pessoas jurídicas de direito privado que podem ser qualificadas como empresárias, estão as Sociedade e a EIRELI. Isto posto, temos como espécies de empresário: Empresário Individual (Pessoa Física); Sociedades (Pessoa Jurídica). lmpinheiro@udf.edu.br O Não-Empresário (situação excepcional de alguns agentes econômicos) Parágrafo único do art. 966, CC: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. Autônomos ou profissionais liberais – a depender da reunião da categoria em Conselhos de Classe, como a OAB (Advogados) e o CFM (Médicos), em princípio, não são empresários, salvo se o objeto da sua atividade constituir elemento de empresa. lmpinheiro@udf.edu.br O Não-Empresário (situação excepcional de alguns agentes econômicos) Citem algumas profissões de natureza... Intelectual: Científica: Literária ou artística: Citem algumas espécies de profissionais: Autônomos: Liberais: lmpinheiro@udf.edu.br O Não-Empresário (situação excepcional de alguns agentes econômicos) Vera Helena de Mello Franco, “quando o prestador de serviços profissionais se ‘impessoaliza”, e os serviços, até então pessoalmente prestados, passam a ser oferecidos pela organização empresarial, perante a qual se torna um pero organizador, será ele considerado empresário”. Enunciado nº 194 do Conselho da Justiça Federal: “os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal”. Atividade ““meio”” x atividade ““fim””? lmpinheiro@udf.edu.br O EXERCÍCIO E O REGISTRO DA EMPRESA PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 03 Do registro da empresa Art. 967, CC: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”. Enunciado 198 - A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário. Enunciado 199 - A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não de sua caracterização. lmpinheiro@udf.edu.br Do registro da empresa O dever de prévio registro incide tanto para o empresário individual (pessoa físicas), quanto para as sociedades (pessoas jurídicas). A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento, o qual deverá conter informações como: nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; firma, capital, objeto e sede da empresa (vide art 968). lmpinheiro@udf.edu.br Do registro da empresa A o empresário que instituir Sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis (Juntas Comerciais), neste deverá também inscrevê-la. Filial – sociedade empresarial que atua sob a direção de outra (matriz), embora mantenha personalidade jurídica e patrimônio próprios, bem como sua autonomia diante da lei e do público; Sucursal – Ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, responsável por novos negócios deste e a ele subordinado; Agência – Empresa especializada na prestação de serviços que atua especificamente como intermediária. lmpinheiro@udf.edu.br Do registro da empresa ATENÇÃO!! Súmula 363 do STF. A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato. lmpinheiro@udf.edu.br DO Exercente de atividade rural A obrigatoriedade do registro prévio do empresário é relativizada em se tratando de exercente de atividade rural. “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro”. Mesmo que a sua atividade preencha os requisitos do art. 966 não será considerado empresário, caso este não esteja registrado na Junta Comercial. Por outro lado, caso opte, será considerado empresário para todos os efeitos legais. lmpinheiro@udf.edu.br DO Sistema Nacional de Registro e Empresas Mercantis (Sinrem) Criado pela Lei 8934/94, que Dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, estabelece em seu art. 3o que são órgãos componente do SINREM: - Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, órgão central do Sinrem, com as seguintes funções: a) supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, na área técnica; e b) supletiva, na área administrativa; - Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro. lmpinheiro@udf.edu.br DO Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem) As juntas comerciais são administrativamente vinculadas à cada estados e ao DF, porém, tecnicamente subordinadas à administração pública federal por meio do DNRC. lmpinheiro@udf.edu.br DOS Atos de registro Matrícula: é o ato de registro referido à inscrição de alguns profissionais específicos, conhecidos como auxiliares do comércio, por exemplo: leiloeiros, tradutores públicos, intérpretes, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. Arquivamento: é o ato de registro referido aos atos constitutivos da sociedade empresária e do empresário individual (vide, constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades empresárias e cooperativas). Autenticação: é o ato de registro referido aos instrumentos de escrituração contábil do empresário (livros empresariais) e dos auxiliares do comércio. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: impedimentos Código Civil de 2002 não trouxe nenhum dispositivo normativo que arrole os casos de impedimento legal do exercício da empresa (estão espalhados por todo o ordenamento jurídico-normativo brasileiro). art. 117, X da Lei 8.112/90, servidores públicos federais. art. 36, I, da LC 35/79, Magistratura; art. 44, III, da Lei 8625/93, Ministério Público; art. 29 da Lei 6880/80, Militares. Empresários falidos enquanto não reabilitados; Corretores, Leiloeiros; Despachantes aduaneiros; os cônsules. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: impedimentos ATENÇÃO!! A proibição é para o exercício da empresa, não sendo vedado, à priori, que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias. Nesses casos, a empresa seria exercida pela pessoa jurídica constituída, e não pelos seus sócios. Conclui-se, portanto, que o impedimento é dirigido ao empresário individual (que não poderá se registrar na Junta Comercial como empresário), e não aos sócios de sociedades empresárias. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: impedimentos Impedimentos em razão da natureza da atividade empreendida: Art. 176, §1o, CF – Atividade empresarial de pesquisa e lavra de recursos minerais (dependente de prévia autorização); Art. 222, CF – empresa jornalísticae de radiodifusão sonora e de sons e imagens (somente para brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, ou se pessoas jurídicas constituídas pelas leis brasileiras e residentes no Brasil) lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: impedimentos ATENÇÃO!! No que toca a responsabilidade do exercício da empresa pelo impedido, destaca-se o que consta do art. 973, CC: “A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas”. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: incapacidade Outra vedação ao exercício da empresa diz respeito à capacidade jurídica do sujeito, ou seja, só pode exercer a empresa que está no pleno gozo de sua capacidade civil, vide art. 972, CC: Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: incapacidade Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. Cabe o exercício excepcional da empresa por incapaz quando: perder a capacidade, exercendo a partir de então por meio de representante ou assistido; ou, a atividade empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz adquire a titularidade por sucessão causa mortis. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: incapacidade ATENÇÃO!! O incapaz jamais será autorizado a iniciar a atividade empresarial, somente lhe será permitido continuá-la. E, nesses casos, haverá necessário e prévio exame judicial. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: incapacidade Os bens do incapaz ao tempo da sucessão não se comunicam com os da empresa, conforme o §2o do art. 974, CC. Art. 974, § 2º, CC: Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. Caberá ao juízo relacionar os bens que o incapaz já possuía antes da continuação da empresa, os quais não se sujeitarão ao resultado empresarial. Tais bens indicados não poderão ser executados em decorrência de obrigações assumidas no exercício da empresa. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: incapacidade ATENÇÃO!! Não se confunde continuidade da empresa por incapaz com exercício empresarial por emancipado (menor capaz). Este último responde por todos os atos empresariais, sem qualquer distinção patrimonial, quando inscrito como empresário individual. No caso do representante ou assistente do incapaz foi impedido de exercer a empresa, por disposição de lei, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes (art. 975). lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: EMPRESÁRIO CASADO Art. 977, CC: Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. É dispensada a outorga conjugal (uxória) para alienação de bens imóveis, bem como a para instituição de ônus real, desde que incluídos no ativo do empresário individual casado. Maior agilidade e liberdade no exercício da empresa pelo empresário individual. Vale para ativo circulante e para ativo permanente (se utilizado ou não no exercício da empresa). lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: EMPRESÁRIO CASADO Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Embora tais bens façam parte da comunhão, sendo passíveis inclusive de partilha ao final da união, ainda assim se subordinarão ao regime especial mais benéfico ao empresário. Recomenda-se, portanto, para fins de se evitar litígios, a elaboração de instrumento público em que se vincular dado bem ao exercício empresarial. lmpinheiro@udf.edu.br Exercício da empresa: EMPRESÁRIO CASADO ATENÇÃO!!! Os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade, além de registrados no Registro Civil, deverão ser arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis (Juntas Comerciais). Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. lmpinheiro@udf.edu.br O MEI E O NOME EMPRESARIAL PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 04 Empresários individuais, também chamados de empresa unipessoal, empresa individual, ou mesmo de firma individual, são aquelas pessoas físicas (naturais) que exercem profissionalmente a atividade empresarial, ainda que exerça simultaneamente outras atividade profissionais. Registro do empresário individual, requer-se: - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade O Empresário Individual: a firma individual lmpinheiro@udf.edu.br O Empresário Individual: a firma individual Firma, espécie de “rótulo” pelo qual o empresário atuará, será o seu nome empresarial, formado pelo seu nome civil (no todo ou em parte, inclusive com abreviaturas) somado à designação mais precisa da sua atividade empresarial (vide. Art. 1.156, CC). lmpinheiro@udf.edu.br O Empresário Individual: a firma individual O registro do empresário individual requer a indicação de um patrimônio. Tais bens, ainda que empregados exclusivamente na atividade econômica, não se separarão dos demais bens de propriedade da pessoa física, mesmo que utilizado somente para fins particulares. A confusão patrimonial impera. A empresa, nesse caso, é uma parte do patrimônio da pessoa física qualificada como empresário individual. lmpinheiro@udf.edu.br O Microempreendedor Individual - MEI Introduzido pela Lei complementar n. 123/2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; O Microempreendedor Individual (MEI) é um empresário individual qualificado como micro empresário e que aproveita de vantagens tributárias e previdenciárias. Considera-se MEI (Art. 18-A, §1º da Lei Complementar n. 123/2006): Empresário Individual ou o empreendedor rural; Receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais); Optante pelo Simples Nacional. lmpinheiro@udf.edu.br Nome Empresarial Segundo o art. 1o da Instrução Normativa DREI nº 15, de 5 de dezembro de 2013, in verbis: Art. 1º Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário individual, empresa individual de responsabilidade Ltda – Eireli, as sociedades empresárias, as cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes. É um elemento de identificação da pessoa e exerce dupla finalidade, sendo uma objetiva (renome, reputação, fama, etc.) e outra subjetiva (individualizar o sujeito de direitos). Distingue-se de outros elementos de identificação do sujeito que exerce a empresa como a marca, o nome fantasia, os sinais de propaganda, etc. lmpinheiro@udf.edu.br Espécies de nome empresarial “Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa” (art. 1.155 do Código Civil). Da leitura do destacado dispositivo, identificamos duas espécies de nome empresarial: a firma; e, a denominação. lmpinheiro@udf.edu.br A) A Firma A firma, que pode ser individual ou social, é uma espécie de nome empresarial formada pelo nome civildo empresário individual, no caso de firma individual, ou se de um ou mais sócios, no caso das firma sociais. O núcleo do nome empresarial constituído como firma será sempre um nome civil, por exemplo: L. Pinheiro ou Leonardo Pinheiro. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Poderá ainda o empresário (individual ou social) complementar o seu nome empresarial com a designação mais precisa do seu gênero de atividade Ex. L. Pinheiro Exportação e Importação ou Leonardo Pinheiro Importação e Exportação (vide art. 1.156, CC) Art. 1.156, CC: O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br “firma é o nome utilizado pelo empresário individual, pela sociedade em que houver sócio de responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, pela sociedade limitada e pela empresa individual de responsabilidade Ltda – Eireli” (art. 2o da Instrução Normativa DREI nº 15/2013. A firma, seja individual ou social, além de identificar o empresário em seus atos também exerce a função de assinatura do mesmo. Assim o empresário individual em suas relações empresariais ou o administrador de sociedade empresária deve assinar a sua firma empresarial e não o seu nome civil. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br b) Denominação Já a denominação, conforme nos indica o art. 3o da Instrução Normativa DREI nº 15/2013, é, in verbis: Art. 3º Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e cooperativa e, em caráter opcional, pela sociedade limitada, em comandita por ações e pela empresa individual de responsabilidade Ltda – Eireli. A depender do tipo societário utilizado pela sociedade empresária – limitada, anônima, comandita, etc. – o nome empresarial variará. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br As sociedades anônimas e as cooperativas sempre formarão o seu nome empresarial por denominação, tendo como nuclear a expressão designativa do objeto social (ou seja, ramo em que atuam). Sociedades anônimas: expressão designativa do objeto social + as palavras “companhia” ou “Sociedade Anônima” por extenso ou abreviadamente, por exemplo: Capital Química S/A ou Companhia Capital Química). Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Cooperativas: expressão designativa do objeto social + expressão “cooperativa”. Sociedades limitadas: podem optar por utilizar tanto a firma como a denominação em seu nome empresarial + expressão "limitada" ou a sua abreviatura. “Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas ao final pela palavra "limitada" ou a sua abreviatura” (art. 1.158, CC). Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Sociedades em comanditas por ações: podem adotar firma ou denominação, somando ao final a expressão “comandita por ações”. Sociedades simples: embora o código no art. 997, II, estabeleça que o contrato social deva indicar a sua denominação, é equivocado concluir que não cabe a utilização de firma (vide Enunciado 231 do CJF: o art. 997, II não exclui a possibilidade de sociedade simples utilizar firma ou razão social”). Sociedades em conta de participação: não podem utilizar nem firma nem denominação, eis que são uma espécie de sociedade não personificada. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br ATENÇÃO!! A denominação, diferentemente da firma, não serve como assinatura do empresário, mas tão e somente como elemento de identificação do mesmo. Assim, se a sociedade empresaria utiliza o nome empresarial em formato de denominação, o seu administrador, nas relações empresariais em que represente a sociedade, deve assinar o seu nome civil sobre a denominação social. Espécies de nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Princípios formadores do nome empresarial O art. 34 da Lai 8.934/94, reproduzido também na Instrução Normativa DREI nº 15/2013, estabelece que, in verbis: Art. 4º O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará, quando assim exigir a lei, o tipo jurídico da empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli ou da sociedade. Assim, os princípios norteadores do nome empresarial são: a veracidade e a novidade. lmpinheiro@udf.edu.br Princípios formadores do nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Princípio da veracidade: o nome empresarial não pode conter nenhuma informação falsa. Exemplo: Art. 1.158, §3o. A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. Princípio da novidade: proibição de se registrar nome empresarial idêntico ou muito parecido com outro já registrado. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga (art. 1.163, CC). Cabe à Junta comercial onde o se fará o arquivamento de tais atos realizar a consulta de eventuais colidências entre o nome a ser registrado e outro já registrado. Proteção ao nome empresarial: Ocorre que a proteção ao nome empresarial já registrado é restrita ao território do estado da junta comercial, ou seja, à sua jurisdição. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. Princípios formadores do nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Alienação de nome empresarial: em regra não é permitido. Porém, poderá o adquirente do estabelecimento empresarial (contrato de trespasse) continuar utilizando o nome do alienante, desde de que precedido do seu e com a qualificação de “sucessor”. Ou seja, por meio do contrato de trespasse (tema que iniciaremos na próxima aula). Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor Princípios formadores do nome empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Referências bibliográficas COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1 : direito de empresa. 20a ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2016. MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial . 13a ed. – São Paulo : Atlas, 2019. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado - 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Direito Comercial: teoria geral. Volume 1. 4a. Ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo : Revista dos Tribunais, 2014. lmpinheiro@udf.edu.br ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 05 Estabelecimento empresarial Para Fábio Ulhôa Coelho:, “estabelecimento empresarial é o conjunto de bens que o empresário reúne para exploração de sua atividade econômica. Compreende os bens indispensáveis ou úteis ao desenvolvimento da empresa, como as mercadorias em estoque, máquinas, veículos, marcas e outros sinais tecnológicos distintivos, tecnologia, etc”. Patrimônio = Bens + Direitos lmpinheiro@udf.edu.br É elemento indissociável da empresa, não há como se dar início à exploração de qualquer atividade empresarial sem a organização de um estabelecimento. Estabelecimento empresarial é um conjunto de bens (parte ou todo do patrimônio). Não se confunde com a sociedade empresária (pessoa jurídica, sujeito de direito), nem coma empresa (atividade), nem tampouco com o local onde se exerce a atividade (ponto). Estabelecimento empresarial lmpinheiro@udf.edu.br exercício Descreva brevemente o estabelecimento empresarial de: Farmácia Serviços de tecnologia da informação Companhia Aérea lmpinheiro@udf.edu.br Estabelecimento empresarial: elementos O estabelecimento empresarial é formado por bens materiais e imateriais. Elementos materiais: as mercadorias em estoque, os mobiliários, utensílios, veículos, máquinas e demais bens corpóreos que o empresário utiliza no exercício da empresa. Elementos imateriais: os bens industriais (patentes, marcas, desenhos industriais, nome empresarial e título do estabelecimento) e o ponto (local onde se explora a atividade). lmpinheiro@udf.edu.br Aviamento, fundo de comércio ou fundo de empresa Ao organizar o estabelecimento empresarial, o empresário agregará aos bens reunidos um sobrevalor, ou seja, um valor superior à simples soma de cada um dos bens em separado condizente com a forma em que se organiza tais elementos. Temos no aviamento justamente a forma como organizam tais recursos, gerando esse sobre valor (ou fundo de empresa ou fundo de comércio). lmpinheiro@udf.edu.br Para A. L. S. C. Ramos, “Aviamento é a expressão que significa, em síntese, a aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa. (...) trata-se enfim de uma qualidade do estabelecimento, que vai influir sobremaneira na sua valoração”. Classificação do aviamento objetivo – quando derivado de condições objetivas, como o ponto comercial subjetivo – quando derivado de capacidade do sujeito em empreender a articulação dos fatores de produção. Aviamento, fundo de comércio ou fundo de empresa lmpinheiro@udf.edu.br Clientela e freguesia Segundo André Luiz Santa Cruz Ramos: Clientela é o conjunto de pessoas que mantém com o empresário relações jurídicas constantes. É a manifestação externa do aviamento e sua proteção jurídica é determinada pelo direito concorrencial. Freguesia é um critério geográfico, sem vínculo de lealdade, representado pelo transeunte, passageiro, que somente adquire produtos por razões pessoais como a localização, a vizinhança, a comodidade ou pelo simples fato de ter passado em frente ao ponto de negócio, sem qualquer maior vinculação ao empresário. lmpinheiro@udf.edu.br Estabelecimento virtual Distingue-se do estabelecimento físico, pois nesse o acesso ao estabelecimento é feito pelo deslocamento no espaço até o ponto comercial onde se encontra instalada o estabelecimento empresarial. Segundo Fábio Ulhoa Coelho: “a imaterialidade ínsita ao estabelecimento virtual não se refere aso bens componentes (que são materiais ou não, como em qualquer estabelecimento), mas a acessibilidade”. O estabelecimento virtual também pode ter aviamento, ou seja, um sobrevalor agregado ao complexo de bens que o compõe, dada a forma em que tais são organizados. lmpinheiro@udf.edu.br TRESPASSE, SUCCESSÃO EMPRESARIAL E PROTEÇÃO AO PONTO PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 06 Contrato de trespasse: conceito O estabelecimento empresarial é um plexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados no exercício da empresa, é valorável e passível de ser objeto de vínculo obrigacional. O instrumento jurídico adequado para alienação desse conjunto de bens, portanto, é conhecido como “contrato de trespasse”. lmpinheiro@udf.edu.br Art. 1.143 do Código Civil: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza”. O código prevê que o estabelecimento pode ser negociado como universalidade de bens que de fato é. Cada um dos bens estabelecimento empresarial pode receber um tratamento negocial isolado, individual, mas este conjunto de bens pode ser considerado como um todo. Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Contrato de trespasse: conceito lmpinheiro@udf.edu.br Atenção!! Enunciado 233 da III Jornada de Direito Civil A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial. Contrato de trespasse: conceito lmpinheiro@udf.edu.br O contrato de trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada nem com a alienação de controle acionário de sociedade anônima. No contrato de trespasse, o estabelecimento empresarial deixa o patrimônio de um empresário (alienante), passando ao de outro empresário (adquirente), e fazendo com que o estabelecimento mude de titular. Na cessão de quotas ou na alienação de controle de sociedade anônima, o estabelecimento empresarial não muda de titular, continuando com o mesmo empresário (sociedade ou EIRELI), eis que o que tem como objeto de compra e venda não é o estabelecimento empresarial, mas a participação societária. Contrato de trespasse: conceito lmpinheiro@udf.edu.br Da eficácia do contrato de trespasse perante terceiros A alienação, ao arrendamento ou ao usufruto sobre o estabelecimento empresarial envolvido devem guardar ampla divulgação de sua consecução como elemento essencial para perfeição do contrato de trespasse. Art. 1.144, CC: “O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial”. lmpinheiro@udf.edu.br Da eficácia do contrato de trespasse perante terceiros Requisitos para o aperfeiçoamento do ato perante terceiros: a averbação à margem da inscrição do empresário (individual, sociedade empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI) do contrato de trespasse perante a Junta Comercial; e, a publicação na imprensa oficial para que produza efeitos perante terceiros. Atenção!! Ausente quaisquer das duas providências em prol da publicidade do ato, terceiros não poderão ser atingidos pelos efeitos originários do contrato de trespasse. Nesse caso, a eficácia somente permaneceria plena perante as partes contratantes e não em relação a terceiros. lmpinheiro@udf.edu.br Art. 1.145, CC: “Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação”. O patrimônio do devedor é garantia de possível execução por inadimplência por parte dos credores Da eficácia do contrato de trespasse perante terceiros lmpinheiro@udf.edu.br O alienante do estabelecimento empresarial haverá de ter outros bens suficientes para suportar as suas obrigações. Caso contrário, a eficácia do contrato ficará condicionada: ao pagamento antecipado de todos os seus credores ao tempo da negociação; ou, ao consentimento de todos os seus credores de modo expresso ou tácito. Da eficácia do contrato de trespasse perante terceiros lmpinheiro@udf.edu.br Considerar-se-á tácito o consentimento de credor que, uma vez notificado pelo alienante do contrato de trespasse, portanto pelo devedor, não se manifestar no prazo de até 30 (trinta) dias, contado a partir da notificação específica. No caso de algum credor se opor à alienação do estabelecimento empresarial, deverá o alienante pagar o valor devido ao credor oponente . A alienação irregular de estabelecimento empresarial (inobservância do art. 1.145) é ato de falência, conforme prescreve o art. 94, III, c da Lei 11.101/2005). Da eficácia do contrato de trespasse perante terceiros lmpinheiro@udf.edu.brA Sucessão empresarial Art. 1.146, CC: “O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento”. lmpinheiro@udf.edu.br O adquirente fica responsável pelas dívidas escrituradas, ou seja, contraídas antes da conclusão do contrato de trespasse. O alienante, pelo prazo de 1 (um) ano, também fica solidariamente responsável por essas dívidas. A contagem do prazo de um ano acontece de duas formas: se VENCIDA a dívida, conta-se o prazo a partir da publicação do contrato de trespasse; se VINCENDA a dívida, conta-se o prazo a partir do vencimento da respectiva dívida. A Sucessão empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Atenção!! Obrigações trabalhistas: mudanças na propriedade do estabelecimento empresarial não afetam os contratos de trabalho (art. 448 da CLT). O empregado terá duas opções, no caso de eventual demanda jurídica em desfavor do empregador: demandar o antigo proprietário do estabelecimento empresarial ou o atual. A Sucessão empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Atenção!! Obrigações tributárias: art. 133, do CTN, traz duas situações, sendo elas: Se o alienante deixa de explorar qualquer atividade econômica, o adquirente responde integralmente; - Se o alienante continua a exploração de atividade economica (mesmo diferente da explorada no estabelecimento vendido), nos seis meses seguintes à alienação, a contar da data da alienação, o adquirente responde subsidiariamente com o alienante. A Sucessão empresarial lmpinheiro@udf.edu.br Atenção!! A Lei 11.101/05, art. 141, II, como forma de tornar mais atraente a compra de estabelecimentos empresariais de empresário (individual, sociedade empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI) em situação de falência, estabelece que na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. A Sucessão empresarial lmpinheiro@udf.edu.br A Cláusula de não-concorrência Desdobramento direto do princípio da boa-fé contratual A cláusula de não concorrência (cláusula de não-restabelecimento) impede a quem vende um estabelecimento empresarial de explorar o mesmo gênero de atividade, por 5 (cinco) anos, fazendo assim concorrência a quem comprou o mencionado estabelecimento. Art. 1.147 do CC que “não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência”. lmpinheiro@udf.edu.br Quem vende um estabelecimento empresarial, salvo disposição expressa em contrato, resta impossibilitado de fazer concorrência ao adquirente por um prazo de 5 (cinco) anos a partir da transferência, com a finalidade de se evitar o desvio da clientela. Quem compra um estabelecimento empresarial tem a expectativa de aproveitar economicamente da clientela a ele vinculada. A doutrina discute sobre qual o limite geográfico da cláusula de não-restabelecimento. Não há uma resposta definitiva, mas entende-se que cada caso concreto demandará uma resposta específica do julgador, o qual terá como fio condutor da decisão a proteção à livre concorrência. Atenção! A cláusula de não-restabelecimento, embora seja regra, permite exceções, desde que expressamente autorizada no contrato, onde se poderá convencionar tempo, espaço, gênero de atuação, etc. A Cláusula de não-concorrência lmpinheiro@udf.edu.br A proteção ao ponto de negócio O “ponto do negócio”, ou simplesmente “ponto”, é o local onde o empresário se estabelece, portanto, onde o empresário reúne o conjunto de bens materiais e imateriais para o exercício da atividade empresarial (o estabelecimento empresarial). É um dos mais relevantes bens do estabelecimento empresarial, no caso, de natureza essencialmente imaterial. Proteção jurídica especial, principalmente quando o mesmo é alugado, traduzindo-se no direito à renovação compulsória do contrato de aluguel, se preenchidos determinados requisitos. lmpinheiro@udf.edu.br É razoável pensar que o empresário, ao se estabelecer em um ponto de negócio, invista tempo e demais recursos para conquistar a respeitabilidade de seus clientes e assim formar um clientela. “Direito de inerência ao ponto”, ou seja, o direito de permanecer no ponto mesmo contra a vontade do locador em renovar o contrato de aluguel. Lei n. 8.245/91, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. A proteção ao ponto de negócio lmpinheiro@udf.edu.br Dos requisitos da locação empresarial Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. lmpinheiro@udf.edu.br Dos requisitos da locação empresarial Atenção!! Os requisitos para renovação compulsória do contrato de aluguel são cumulativos, assim, caso um deles não esteja presente, o contrato não será empresarial. Atente-se para o fato de que o contrato de aluguel empresarial deve ser por prazo determinado, ou seja, aqueles por tempo indeterminado não são considerados empresariais, ainda que os demais requisitos estejam reunidos. lmpinheiro@udf.edu.br Da exceção de retomada do imóvel alugado Direito à inerência ao ponto (lei ordinária) x Direito de propriedade do locado (art. 5o, XXII da CF/88). São cinco as hipóteses em que o locador poderá retomar o ponto de negócio ao não renovar o contrato de aluguel, conforme nos revela o teor dos art. 52 e 72 da referida lei do inquilinato. lmpinheiro@udf.edu.br Primeira hipótese: art. 72, II da Lei n. 8.245/91, quando a proposta do locatário não atender o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar. Ressalte-se que nesse caso o locador deverá apresentar, em contraproposta, as condições de locação que repute compatíveis com o valor locativo real e atual do imóvel. Segunda hipótese: art. 72, III da Lei n. 8.245/91, proposta de terceiro para a locação em condições melhores às apresentadas pelo atual locatário. Neste caso, o locador deverá juntar prova documental da proposta do terceiro, subscrita por este e por duas testemunhas, com clara indicação do ramo a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário. Nessa hipótese, o locatário poderá, em réplica, aceitar tais condições para obter a renovação pretendida. Da exceção de retomada do imóvel alugado lmpinheiro@udf.edu.br Terceira Hipótese: art. 52, I da Lei n. 8.245/91, por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação, ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade. Quarta hipótese: art. 52, II da Lei n. 8.245/91, quando o imóvel vier a ser utilizado pelo próprio locador ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. Da exceção de retomada do imóvel alugado lmpinheiro@udf.edu.br Quinta hipótese: art. 52, §1o da Lei n. 8.245/91, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences. Ou seja, quando o contrato tratar doscasos de “aluguel-gerência”, portanto, dos contratos de aluguel em que também são envolvidos os demais elementos do estabelecimento empresarial, com instalações e bens necessários ao exercício empresa. Da exceção de retomada do imóvel alugado lmpinheiro@udf.edu.br TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES E A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PROFESSOR LEONARDO PINHEIRO lmpinheiro@udf.edu.br leonardo.pinheiro.adv AULA 07 Teoria Geral das Sociedades Empresa = atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Empresário = sujeito (pessoa física ou jurídica) que exerce profissionalmente a empresa Razoável imaginar que os empresários individuais exerçam atividades econômicas mais simples e de menor porte, embora o mesmo não esteja impedido de exercer atividades mais complexas e arriscadas. lmpinheiro@udf.edu.br Teoria Geral das Sociedades Maior complexidade (maiores investimentos de e/ou diferentes capacitações), e maior risco do negócio, é razoável imaginar que um único indivíduo passa a ter maiores dificuldades para desempenhar eficientemente o exercício da empresa. Dessa forma, o desenvolvimento da empresa “pressupõe, então, a aglutinação de esforços de diversos agentes, interessados nos lucros que elas prometem propiciar. Essa articulação pode assumir variadas formas jurídicas, dentre as quais a de uma sociedade” (F.U.Coelho) lmpinheiro@udf.edu.br Duas ou mais pessoa tenham interesse em desenvolver conjuntamente uma atividade empresarial, algumas opções lhes serão conferidas pelo direito: ajustar oralmente uma parceria episódica para desenvolverem tais fins; firmar um contrato básico escrito para atuarem em conjunto, mas ainda em nome próprio; ou, constituir um sociedade. Teoria Geral das Sociedades lmpinheiro@udf.edu.br Se a sociedade (espécie de pessoa jurídica) exerce a empresa, portanto, é ela a empresaria (agente econômico organizador da empresa). Isso mesmo, nesse caso, a empresaria será a pessoa jurídica (sociedade) e não os seus sócios!! Sócios serão aqueles que se reúnem em sociedade com vistas a aproveitar o resultado econômico da mesma. Conforme observa COELHO, classificam-se em: sócios investidores (aqueles que apenas investem capital); e, sócios empreendedores (aqueles que, além de investirem capital, contribuem na administração da empresa) Teoria Geral das Sociedades lmpinheiro@udf.edu.br Atenção!!! A sociedade é uma pessoa (jurídica) diferente da pessoa dos seus sócios. Conforme observa COELHO, classificam-se em: sócios investidores (aqueles que apenas investem capital); e, sócios empreendedores (aqueles que, além de investirem capital, contribuem na administração da empresa) Teoria Geral das Sociedades lmpinheiro@udf.edu.br da personalidade jurídica das sociedades Art. 44 do Código Civil, São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações; IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Desdobramentos jurídicos da personalização da sociedade, a doutrina mais autorizada nos apontam três exemplos: a titularidade obrigacional, a titularidade processual, e, a titularidade patrimonial. lmpinheiro@udf.edu.br Titularidade obrigacional: os vínculos jurídicos-obrigacionais, próprios da atividade econômica, ligam terceiros à sociedade empresaria como credora ou devedora, e não aos seus sócios. Titularidade processual: é a personalidade jurídica da sociedade quem determina a legitimidade processual para demandar ou para ser demandada em juízo. Titularidade patrimonial: separação do patrimônio das sociedades em relação ao dos seus respectivos sócios. Os bens do estabelecimento empresarial da sociedade, bem como os demais componentes do seu patrimônio que eventualmente não componham o estabelecimento, são de propriedade da sociedade, e não dos seus sócios. da personalidade jurídica das sociedades lmpinheiro@udf.edu.br Início da personalidade jurídica: com o registro (artigo 45 e 985, CC) Encerramento da personalidade jurídica: procedimento dissolutório (judicial ou extrajudicial), composto de três fases: a dissolução da sociedade, passando para a liquidação da mesma (resolução das pendencias obrigacionais) e, por derradeiro, a partilha (distribuição do patrimônio remanescente. Limite da personalização da sociedade: desconsideração da personalidade jurídica e responsabilização direita dos sócios (ao direito tributário, ao direito trabalhista, à legislação previdenciária, ao direito consumerista, ao direito concorrencial e ao direito ambiental). Tendência de restringir o âmbito de aplicação do princípio da autonomia patrimonial às relações de âmbito estritamente empresarial. da personalidade jurídica das sociedades lmpinheiro@udf.edu.br Das espécies de sociedade Art. 981 do Código Civil que “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Para se constituir uma sociedade necessário é a reunião de duas ou mais pessoas, reciprocamente obrigadas a contribuir uma com a outra, por meio de bens ou de serviços para o exercício de atividade econômica (perseguição do lucro), tendo como finalidade partilhar os resultados dessa atividade entre si. lmpinheiro@udf.edu.br Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. São duas as espécies de sociedades reconhecidas pelo direito brasileiro, sendo elas: a sociedade simples e a sociedade empresária. Sendo as regras da primeira (simples) subsidiária para boa parte dos tipos societários, desde que esta estejam registrados. Das espécies de sociedade lmpinheiro@udf.edu.br Da classificação das sociedades empresarias Sociedades de Pessoas ou de Capital: Na verdade as sociedades todas as sociedades são de pessoas e de capital, uma vez que não existe sociedade sem qualquer um desses dois elementos. Portanto, o que aqui se discute é prevalência de um sobre o outro. Assim, as sociedades de pessoas são aquelas em que os elementos subjetivos de cada um dos sócios importam mais para formação da sociedade que a mera contribuição material que cada um haverá de dar (ex. Sociedade m nome coletivo e em comandita simples). Já as sociedade de capital, são o inverso, portanto, a contribuição material é mais importante que o vinculo subjetivo entre os sócios (ex. Sociedade por ações e em comandita por ações). lmpinheiro@udf.edu.br Da classificação das sociedades empresarias Sociedades Contratuais ou Institucionais: As sociedades contratuais são aquelas constituídas por um contrato entre os sócios, ou seja o vínculo jurídico que liga um sócio a outro é contratual, o que significa que incide entre na relação entre os sócios no que for cabível os princípios do direito dos contratos. Por sua vez, as sociedades institucionais, embora sejam revestidas de manifestação de vontade dos sócios, não tem natureza contratual, o que impactará em questões como a sucessão societária, por exemplo. lmpinheiro@udf.edu.br Da nacionalidade das sociedades art. 1.126 do Código Civil, é nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Portanto, dois são os critérios de nacionalidade da sociedade: organização conforme a lei brasileira; e, ter no país a sua sede administrativa. Obs. Nesse caso será constituída um pessoa jurídica específica, subordina a leis brasileiras, ainda que formada somente que por sócios estrangeiros. Atenção! É irrelevante para o direito brasileiro a nacionalidade dos sócios, nem a origem do capital investido na sua constituição. lmpinheiro@udf.edu.br Da nacionalidade das sociedades Uma vez não cumprido qualquer desses dois requisitos de nacionalidadede sociedade no Brasil, então a sociedade será estrangeira. Para tanto, dependerá de autorização do governo federal, mais especificamente de decreto autorizativo do Presidente da República para funcionar. Art. 1.126, Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo, cassar a autorização concedida a sociedade nacional ou estrangeira que infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto. Nos casos de pedido de autorização para funcionamento de empresa estrangeira, este não se configurará constituição de uma nova pessoa jurídica, senão apenas será o pedido para autorização para que uma pessoa jurídica estrangeira já constituída em funcionar em território brasileiro. lmpinheiro@udf.edu.br Da desconsideração da personalidade jurídica O princípio da autonomia patrimonial, embora seja considerado o pilar essencial do direito societário, não é uma norma jurídica absoluta. Desconsideração da personalidade jurídica, também conhecida como disregard doctrine, é uma das formas de limitação do princípio da autonomia patrimonial, conforme destacado. Teoria Maior: abuso da personalidade jurídica (desvio de finalidade e/ou confusão patrimonial); Teoria Menor: mero e simples prejuízo ao credor, independentemente de abuso da personalidade jurídica preconizado pela Teoria Maior Tal teoria teria aplicação excepcional e seria restrita aos credores não-negociais (empregados, consumidores, etc.), por entenderem que estes não deveriam ser submetidos ao risco empresarial. lmpinheiro@udf.edu.br A Desconsideração da personalidade jurídica no direito brasileiro Art. 50 do Código Civil, recentemente alterado pela Lei n. 13.874, de 2019, vide a seguir: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. lmpinheiro@udf.edu.br Desconsideração inversa Bastante aplicada no direito de família, a desconsideração inversa consiste em aplicar os fundamentos da desconsideração da personalidade jurídica para autorizar que a pessoa jurídica responda por obrigações pessoais de seus sócios. lmpinheiro@udf.edu.br image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png image9.png image10.jpg image11.jpg image12.png image13.png image14.png image15.png image16.png image17.png