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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA Curso de Tecnologia em Saúde – Modalidade: Projetos, Manutenção e Operação de Aparelhos Médico-Hospitalares Patrícia Satie Kiyonaga MANUTENÇÃO PREVENTIVA DO ELETROCARDIÓGRAFO PORTÁTIL MODELO ECG-12S, MARCA ECAFIX SOROCABA 1° Semestre de 2011 ii Patrícia Satie Kiyonaga MANUTENÇÃO PREVENTIVA DO ELETROCARDIÓGRAFO PORTÁTIL MODELO ECG-12S, MARCA ECAFIX Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Saúde da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba como parte dos requisitos para obtenção do Título de Tecnólogo em Saúde. Professor Sergio Moraes Orientador da Fatec-So Oséias Anhaia Orientador do local de Estágio 1°semestre de 2011 iii DEDICATÓRIA A Deus por tudo que me proporciona na vida. À minha mãe e ao meu pai, os quais amo muito, por tudo que me deram até hoje. Ao meu namorado Peterson, pela compreensão, carinho, apoio e companheirismo. E aos meus amigos, por toda ajuda prestada. iv AGRADECIMENTOS Ao Professor Sergio Moraes pela orientação dada e por disponibilizar parte do seu tempo para me ouvir e ajudar na realização deste trabalho. Ao Sr. Oséias Anhaia pela oportunidade dada e toda sua vontade de querer ajudar as pessoas e fazer sempre o seu melhor. Me ajudou muito no aprendizado e lições de vida. Ao meu colega da SEMHIP, Alexandre, por toda paciência em me ensinar tudo que sabe e me orientar sobre o que poderia ser melhor. Aos meus amigos de faculdade, companheiros de jornada, Michelle, Cinthia, Arian, Tainá e Lissa, sempre juntos em todos os semestres, um apoiando ao outro até o final. A Camila também pelo companheirismo e ajuda. A Juliana, que me “abandonou”, mas sempre continuou me apoiando. A todos os docentes da FATEC pelo esforço em querer sempre passar tudo o que sabem, ensinar e nos preparar para a vida no mercado de trabalho. Obrigada a todos que sempre deram conselhos e que me ensinaram muito. A todos que de forma direta ou indireta colaboraram para a realização deste trabalho. v “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?” Fernando Pessoa vi RESUMO Este trabalho tem como finalidade apresentar um roteiro de manutenção preventiva de eletrocardiógrafo, mais especificamente o ECG-12S da Ecafix, que também pode ser utilizado como base em outros eletrocardiógrafos. Esta manutenção é simples, feita apenas com verificações periódicas, troca de peças e acessórios, testes e calibrações que muitos dos itens podem ser feitos pelo próprio profissional e que evitam muitas falhas que podem ocorrer a qualquer momento. Com este roteiro diminuirá não só os custos como também aumentará a vida útil do equipamento, se for seguida corretamente e se o usuário tomar os devidos cuidados abordados. Uma manutenção corretiva feita no cabo também poderá ser feita seguindo cada etapa do fluxograma apresentado. Palavras chave: eletrocardiógrafo, manutenção preventiva, manutenção corretiva, eletrocardiograma vii ABSTRACT This paper aims to present a guide for maintenance preventive electrocardiograph, specifically the Ecafix ECG-12S which can also be used as the basis of other electrocardiographs. This maintenance is simple, made with only periodic checks, exchange of parts and accessories, testing and calibrations that many items can be done by the professional and avoid too many failures that can occur at any time. With this script not only reduce costs but also increase the life equipment, if followed correctly and that the user take the appropriate care addressed. A corrective maintenance performed on the cable can also be done following each stage of flow diagram. Key words: electrocardiograph, preventive maintenance, corrective maintenance, electrocardiogram viii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Anatomia do coração Figura 2 – Sistema especializado de excitação e condução do coração Figura 3 – Célula polarizada Figura 4 – Estímulo elétrico e processo de despolarização celular Figura 5 – Repolarização celular Figura 6 – Significado da forma de onda mostrada no eletrocardiógrafo Figura 7 – Formação da onda P Figura 8 – Formação da onda R Figura 9 – Formação do complexo QRS Figura 10 – Formação da onda T Figura 11 – Ciclo completo do ECG Figura 12 – Esquema representativo do ECG na ativação elétrica cardíaca e sua correspondência em seus diversos segmentos Figura 13 – Eletrocardiógrafo Portátil ECG-12S Ecafix Figura 14 – Fluxograma de manutenção corretiva no cabo do paciente Figura 15 – Conector do cabo do paciente com suas respectivas derivações (continuidade) Figura 16 – Cabo do paciente demonstrando cada parte descrita no fluxograma Figura 17 – Teste do cabo do paciente no equipamento com o simulador de sinais. Figura 18 – Formas de ondas das derivações I, II e III (sem interferências) Figura 19 – Formas de ondas das derivações aVR, aVL e aVF (sem interferências) Figura 20 – Formas de ondas das derivações V1, V2 e V3 (sem interferências) Figura 21 – Formas de ondas das derivações V4, V5 e V (sem interferências) Figura 22 – Dados para anotação do nome do paciente, data, idade e sexo; e dados do aparelho ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Sugestão de intervalos entre MP’s Tabela 2 – Roteiro de manutenção preventiva para eletrocardiógrafo Tabela 3 – Manutenção preventiva (limpeza) x ABREVIAÇÕES E SIGLAS AS (NAS) – Nódulo ou nó sinoatrial AV (NAV) – Nódulo ou nó atrioventricular CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear ECG – Eletrocardiograma JNS – Stengel-Multservice MP – Manutenção Preventiva PA – Potencial de Ação SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SEMHIP – Serviços Especializados em Manutenção Hospitalar, Industrial e Projetos SEMIP – Serviços Especializados em Manutenção Industrial e Projetos xi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12 1.1. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................................. 12 1.2. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 13 1.3. OBJETIVO .................................................................................................................... 13 2. REVISÃO LITERÁRIA .................................................................................................... 13 2.1. CORAÇÃO .................................................................................................................... 13 2.1.1. PROPRIEDADES DAS FIBRAS CARDÍACAS .................................................. 17 2.1.2. MECANISMO DE FORMAÇÃO E CONDUÇÃO DO IMPULSO ELÉTRICO NO CORAÇÃO ............................................................................................................... 18 2.2. ELETROCARDIOGRAMA (ECG) .............................................................................. 22 2.2.1. INTERPRETAÇÃO DO ECG ............................................................................... 23 2.3. MANUTENÇÃO PREVENTIVA .................................................................................27 3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 29 3.1. ESCOLHA DO EQUIPAMENTO ................................................................................ 29 3.2. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO ............................................................................ 30 3.3. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM ROTEIRO DE MP ................. 32 4. RESULTADOS ................................................................................................................... 34 5. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 42 6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 43 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 43 12 1. INTRODUÇÃO 1.1. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO Em julho de 1996, o Sr. Oséias Anhaia, ex-funcionário da empresa EBL e consórcio JNS (Stengel-Multservice), foi convidado para criar uma empresa e atuar no segmento de automação e manutenção industriais quando as empresas perderam o contrato existente com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP e ganharam uma licitação para realizar a manutenção do Complexo Hospitalar Carmino Carriccio no Tatuapé. No subsolo deste Complexo Hospitalar estava instalado um painel inoperante montado pela engenharia Plan que tinha a seguinte função: gerar dados como hora de chamada e atendimento da enfermeira de paciente de cada leito, o médico responsável e os horários de visita, controlava as caldeiras, consumo de vapor pelas autoclaves, controlava o Fan-Coil (condicionadores de ar), dois grupos de geradores de energia da Mac Geral, as duas subestações unitárias, as temperaturas de todos os ambientes como câmara fria, centro cirúrgico, berçário, maternidade, raio-x, pediatria, câmaras frias da cozinha, entre outros. Como este painel estava inoperante, o Sr. Oséias, juntamente com o Sr. Samuel e Rogério, colocaram-no em operação em um prazo de 32 dias. Devido a este fato a equipe foi homenageada pela diretoria do hospital e convidada pelo diretor da empresa EBL a cria uma empresa que trabalhasse em conjunto com a engenharia clínica do hospital, perfazendo o check list de todos os equipamentos de instrumentação e elétrico, cuja engenharia clínica não estava habilitada. Foi então que surgiu a ideia de se constituir uma empresa com o nome de SEMIP (Serviço Especializado em Manutenção Industrial e Projeto). A equipe, acompanhando a engenharia clínica no segmento de manutenção de equipamentos médico e observando que a tecnologia industrial estava mais avançada com relação a estes equipamentos, resolveram fazer algumas inovações em alguns equipamentos para testes, como em incubadoras com controladores analógicos para controladores digitais microprocessados. Desde então, iniciou-se estudos e desenvolvimento na área médica sendo necessária a alteração da empresa denominada SEMIP para SEMHIP, acrescentando a área hospitalar. A empresa então passou a fazer atendimento para a empresa Engenharia Clínica, Hospital BHM, 13 Hospital Ana Neri, Santa Casa de São Roque e prefeituras como a de Mairinque, Alumínio, Itapevi, Jandira, entre outros. Aproximadamente seis meses após a alteração da empresa, o Sr. Samuel e o Sr. Rogério deixaram de fazer parte da equipe para fazerem parte da SABESP. Hoje a empresa conta com tecnólogos, engenheiros, suporte técnico no segmento de automação industrial, saneamento, área médica e projeto. O responsável da empresa, Sr. Oséias Anhaia trabalhou por 17 anos em uma empresa localizada em Votorantim na área de manutenção e montagem de instrumentação industrial, por 10 anos na SABESP e por dois anos na Petrobrás na bacia de Campos de Macaé (Plataforma Garoupa, Enchova, entre outros). 1.2. JUSTIFICATIVA O presente trabalho trata da importância da manutenção preventiva para equipamentos médico-hospitalares, prevenindo possíveis falhas de funcionamento que podem ocorrer a qualquer momento e diminuindo também os custos com manutenção corretiva. 1.3. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é elaborar um roteiro para manutenção preventiva do eletrocardiógrafo da Ecafix para melhoria nos serviços de manutenção, no intuito de aumentar o tempo de vida do equipamento e evitar danos futuros e quebras desnecessárias durante a sua operação diária. 2. REVISÃO LITERÁRIA 2.1 CORAÇÃO O Coração é formado por duas bombas musculares ocas de função pulsante, que impelem o sangue pelas artérias e veias. Possui a forma de um cone truncado, apresentando base, ápice e faces. Localiza-se por trás do esterno, ficando obliquamente entre os pulmões 14 sobre o diafragma, onde cerca de dois terços dele ficam do lado esquerdo do tórax (GUYTON, 1988). O coração apresenta quatro cavidades, como mostra a figura 1: duas superiores, denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores, denominadas ventrículos. O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através da válvula tricúspide. O átrio esquerdo, por sua vez, comunica-se com o ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide ou mitral. A função das válvulas cardíacas é garantir que o sangue siga uma única direção, sempre dos átrios para os ventrículos. Os átrios têm a função de receber o sangue venoso ou arterial dependendo do átrio, se direito ou esquerdo respectivamente. Os ventrículos têm a função de expulsar o sangue do coração para os pulmões (ventrículo direito) e do coração para o resto do corpo (ventrículo esquerdo). Para evitar o refluxo sanguíneo no lado direito do ventrículo para o átrio encontra- se a válvula tricúspide, e para evitar o refluxo sanguíneo do tronco pulmonar para o ventrículo direito encontra-se a válvula pulmonar. Da mesma forma que o lado direito, o refluxo sanguíneo do lado esquerdo é impedido graças à válvula mitral, localizada entre o átrio esquerdo e a válvula aórtica situada entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta. O músculo cardíaco contrai e relaxa ritmicamente (sístole – contração e diástole – relaxamento), bombeando sangue para os pulmões (pequena circulação) e depois para todo o corpo (grande circulação). (GUYTON, 1988) Os batimentos do coração ocorrem um atrás do outro em uma sequência rítmica. O ciclo cardíaco representa todos os eventos entre um batimento e outro. Cada ciclo começa pela geração espontânea de um potencial de ação no nodo sinusal. Este nodo está localizado na parede lateral superior do átrio direito, próximo à abertura da veia cava superior, e o potencial de ação propaga-se rapidamente através de ambos os átrios, e, daí, através do feixe AV (átrio ventricular), para os ventrículos. Entretanto, em função de um arranjo especial do sistema condutor dos átrios para os ventrículos, há um retardo de mais de 1/10 de segundo durante a passagem do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos. Isso permite aos átrios se contraírem antes dos ventrículos e, assim, bombear sangue para os ventrículos antes da potente contração ventricular. Assim, os átrios atuam como bombas de reforço para os ventrículos, e estes fornecem a principal fonte de força para movimentar o sangue através do sistema vascular (GUYTON; HALL,1998). 15 A circulação sanguínea pode ser dividida em dois grandes circuitos: um leva sangue aos pulmões, para oxigená-lo, e outro leva sangue oxigenado a todas as células do corpo. Por isso se diz que nossa circulação é dupla. O trajeto denominado circulação pulmonar ou pequena circulação é da seguinte forma: Já o trajeto denominado circulação pulmonar:O trajeto denominado circulação sistêmica ou grande circulação é da seguinte forma: O trajeto denominado circulação sistêmica: Coração (ventrículo esquerdo) Pulmões Coração (átrio esquerdo). Coração (ventrículo direito) Artéria pulmonar Pulmões Veias pulmonares Átrio esquerdo. Coração (ventrículo esquerdo) Sistemas corporais Coração (átrio direito) Ventrículo esquerdo Artéria aorta Sistemas corporais Veias cavas Átrio direito 16 Figura 1 - Anatomia do coração Fonte: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA (2011) O sangue normalmente flui continuamente das grandes veias para os átrios: aproximadamente 75% do sangue fluem diretamente dos átrios para os ventrículos antes mesmo que os átrios se contraiam. Então a contração atrial normalmente faz com que ocorra um enchimento adicional dos ventrículos, de cerca de 25%. Portanto, os átrios funcionam basicamente como bombas de reforço que aumentam a eficiência do bombeamento ventricular por até 25%. Ainda assim, o coração pode continuar a funcionar satisfatoriamente, sob condições normais em repouso, mesmo sem esses 25% de eficácia pois, de qualquer maneira, ele normalmente tem a capacidade de bombear de 300 a 400% mais sangue do que o necessário para o corpo. Portanto, quando os átrios deixam de funcionar, a diferença pode não ser percebida, a menos que a pessoa esteja se exercitando; nessas condições podem aparecer sinais agudos de insuficiência cardíaca, particularmente, falta de ar (GUYTON & HALL,1998). 17 Em condições normais, durante a diástole, o enchimento ventricular aumenta o volume de cada ventrículo em até 110 a 120 ml. Esse volume é conhecido como volume diastólico final. Em seguida, à medida que os ventrículos se esvaziam durante a sístole, esse volume decresce cerca de 70 ml, o que é denominado débito sistólico. O volume remanescente em cada ventrículo, cerca de 40 a 50 ml, é denominado volume sistólico final. A fração do volume diastólico final que é ejetada denomina-se fração de ejeção, em geral em torno de 60% (GUYTON & HALL,1998). Quando o coração se contrai vigorosamente, o volume sistólico final pode cair para um valor tão baixo quanto 10 a 20 ml. Por outro lado, quando grandes quantidades de sangue fluem, para os ventrículos durante a diástole, seus volumes diastólicos finais podem subir para 150 a 180 ml no coração normal. E, aumentando o volume diastólico final e diminuindo o volume sistólico final, simultaneamente, o débito sistólico pode algumas vezes ser aumentado até o dobro do seu valor normal (GUYTON & HALL,1998). 2.1.1. PROPRIEDADES DAS FIBRAS CARDÍACAS As propriedades das fibras cardíacas são a excitabilidade, contratilidade, ritmicidade e a condutibilidade, descritas a seguir: - Excitabilidade: é a propriedade de responder a um estímulo. (BRASIL, 2002) - Contratilidade: É a resposta da fibra a um estímulo, na forma de contração muscular. - Ritmicidade ou automatismo: a fibra cardíaca tem a propriedade de originar, dentro de si mesma, o impulso que determina sua contração. Nem todas as partes do coração têm o mesmo automatismo. (BRASIL, 2002) - Condutibilidade: os estímulos ativadores da musculatura cardíaca se originam numa região restrita. Graças à condutibilidade, o processo de ativação se propaga por toda a musculatura cardíaca. A condutibilidade é comum a todo tecido cardíaco, porém, encontra-se particularmente desenvolvida no feixe de His e seus ramos e na rede de Purkinje. (BRASIL, 2002) Devido a estas propriedades especiais da fibra cardíaca, o impulso elétrico consegue ser formado e através de um sistema de condução bem definido, propagar os sinais elétricos por todo o coração. Desta maneira, as células miocárdicas são excitadas para que ocorra contração e bombeamento efetivo pelo músculo cardíaco (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). 18 O modo como o impulso elétrico é gerado e o caminho que ele percorre, são aspectos importantes num ciclo cardíaco (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). Lei do tudo ou nada: A resposta do coração é máxima, qualquer que seja a intensidade do estímulo, desde que supraliminar (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). Período Refratário: Qualquer célula ou tecido excitável apresenta após um estímulo, uma fase em que não é suscetível a responder a um novo estímulo qualquer que seja a intensidade ou a natureza do estímulo. Este período é chamado de refratário (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). No músculo cardíaco podemos distinguir fases quanto a refratariedade: Período Refratário Absoluto: Nenhum estímulo, por mais intenso que seja, consegue produzir uma resposta. Vai da aplicação do estimulo até a fase de relaxamento. Nesta fase a excitabilidade do músculo é zero (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). Período Refratário Relativo: Nesta fase é possível provocar uma resposta, desde que a intensidade do estímulo seja muita elevada. Começa a partir da fase de relaxamento, nesta fase a excitabilidade aumenta gradativamente (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). Período de Excitabilidade Supernormal: Quando o músculo cardíaco está inteiramente relaxado, existe uma curta fase em que o músculo responde a estímulos menores que os normais (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). Fase Normal: Quando o músculo cardíaco tem a sua excitabilidade normal, isto é, responde ao estímulo mínimo habitual, espontâneo ou artificial (AKIKIBO, 2000 apud MIRANDA, 2006). 2.1.2. MECANISMO DE FORMAÇÃO E CONDUÇÃO DO IMPULSO ELÉTRICO NO CORAÇÃO O coração possui um sistema especializado para a geração de impulsos rítmicos que produzem a excitação que provoca a contração rítmica do músculo cardíaco e para a condução rápida desses impulsos através do coração. Quando esse sistema funciona normalmente, os átrios se contraem cerca de um sexto de segundo antes da contração ventricular, o que permite um enchimento adicional dos ventrículos antes que estes bombeiem o sangue através dos pulmões e da circulação periférica (GUYTON & HALL,1998). 19 Todo o controle do processo de contração e relaxamento das câmaras é feito eletricamente através de geração e propagação de pulsos elétricos através do tecido cardíaco. O músculo cardíaco eletricamente ativo, que forma os átrios e ventrículos, é chamado genericamente de miocárdio. O tecido que reveste internamente os ventrículos e átrios, formando ainda as válvulas, é chamado de endocárdio. O endocárdio, ao contrário do miocárdio, não responde aos estímulos elétricos (RANGEL, 2006). As células cardíacas têm a capacidade de gerar atividade elétrica através da despolarização ocasionada pelo movimento de íons através das membranas celulares. Alguns grupos de células possuem características que as possibilitam de comandar a geração e a propagação do impulso elétrico e compõem um tecido especializado de geração e condução elétrica. São eles: o nó sinoatrial, localizado na região póstero-superior do átrio direito, próximo à entrada da veia cava superior, as fibras intermodais, o nó atrioventricular, localizado próximo à valva tricúspide, o feixe atrioventricular com seus ramos direito e esquerdo e as fibras de Purkinje nos ventrículos, como pode ser visto na Figura 2. O impulso elétrico origina-se no nó sinoatrial, dirige-se ao nó atrioventricular, onde ocorre um retardo de condução e desce para os ventrículos através do feixe atrioventricular e fibras de Purkinje. 1. Nódulo ou nó sinoatrial (NAS): tem a função de auto-ritmicidade. O nó sinoatrial, também chamado de marca-passo primário, é formado por um grupamento de células (1 a 2mm de comprimento e 2mm de largura). É onde ocorre o primeiro potencial de ação (PA), ou seja, é onde tem início a atividade elétrica do coração (BRASIL, 2002). 2. Feixes atriais internodais. A condução através dos átrios ocorre através de três redes de fibras:a) feixe internodal anterior ou de Bachmann e seu ramo para o átrio esquerdo; b) feixe internodal médio ou de Wenckenbach; c) feixe internodal posterior ou de Thorel. Através destas três redes de fibras há a passagem do estímulo a partir do nódulo AS para o nódulo AV. 3. Nódulo ou nó atrioventricular (NAV): é o marca-passo secundário. Quando a despolarização chega ao NAV, suas fibras retardam a condução (velocidade 0,05 m/s) antes que ela continue pelo feixe de His e pela rede de Purkinje dos ventrículos, para não haver contração simultânea de átrios e ventrículos (BRASIL, 2002). 20 4. Feixe de His ou atrioventricular: a ativação elétrica iniciada no nó SA é transmitida (velocidade 1m/s) ao nó atrioventricular (AV) através dos ramos internodais do feixe de His. O feixe de His não consiste em uma pequena massa homogênea de tecido de condução, mas sim em feixes longitudinais múltiplos. 5. Fibras de Purkinje: as fibras de Purkinje apresentam velocidade de propagação alta (1m/s), permitindo a contração efetiva dos ventrículos. Mais de 50% da massa ventricular é estimulada em aproximadamente 10ms. Estas fibras compõem uma rede subendocárdica que percorre ambos os ventrículos até tronarem-se contínuas com as fibras musculares cardíacas. É a propagação do impulso através da rede de Purkinje, no miocárdio ventricular, que produz no ECG i complexo QRS (após ativação do septo interventricular da esquerda para a direita). Figura 2 - Sistema especializado de excitação e condução do coração. Fonte: CHRISTIANO (2011) A célula do miocárdio, em repouso, está polarizada (o coração “funciona” por impulsos elétricos), ou seja, possui um número maior de cargas positivas na parte externa e um número maior de cargas negativas na parte interna, como pode ser vista na Figura 3. 21 Figura 3 - Célula polarizada. Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2006) apud MIRANDA (2006) Quando a célula cardíaca recebe um estímulo elétrico, ela passa a sofrer um processo de despolarização que se propaga ao longo de todo seu comprimento, migrando as cargas negativas (íons de potássio) para fora e as cargas positivas (íons de sódio e cálcio) para dentro da célula. O estímulo elétrico de despolarização causa contração progressiva das células miocárdicas quando a onda de cargas positivas progride para o interior das células, como pode ser vista na Figura 4. Figura 4 - Estímulo elétrico e processo de despolarização celular. Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2006) apud MIRANDA (2006) O desaparecimento do estímulo elétrico faz com que a célula se repolarize voltando ao estado anterior à contração, com consequente inversão no sentido na troca dos íons, como pode ser vista na Figura 5 (RANGEL, 2006). Alguns medicamentos e doenças podem interferir neste processo alterando as concentrações de sódio e potássio no organismo. Outras alterações podem surgir em cardiopatias diagnosticadas com facilidade examinando-se o traçado do ECG (RANGEL, 2006). 22 Figura 5 - Repolarização celular . Fonte: Universidade Estadual de Londrina (2006) apud MIRANDA (2006) 2.2. ELETROCARDIOGRAMA (ECG) O ECG é a medição dos potenciais elétricos gerados pela despolarização e repolarização das células do coração, atividade que gera o impulso bioelétrico responsável pela contração cardíaca (INSTRAMED, 2006). Os impulsos elétricos do coração são detectáveis na superfície do corpo mediante a aplicação de eletrodos. O potencial de cada eletrodo é conectado a um amplificador diferencial onde o sinal amplificado é deflexionado para representar as formas de onda dos impulsos elétricos do coração (INSTRAMED, 2006). Para captar o sinal cardíaco são utilizados eletrodos que são encostados sobre a pele do paciente dispostos de maneira padrão e depende do tipo de exame que se deseja fazer. Pode-se combinar eletricamente estes eletrodos para se captar o sinal cardíaco de diferentes ângulos podendo-se assim avaliar todas as partes componentes do coração. Cada combinação de eletrodos é chamada de “derivação” e produz um registro eletrocardiográfico diferente e dependendo do tipo de patologia ocorrem maiores alterações em certas derivações que em outras, possibilitando que o médico determine o tipo de patologia ou a região do corpo afetada. O eletrocardiograma normal é representado por um gráfico, contendo segmentos e intervalos. 23 Onda P – corresponde à contração dos átrios, que empurram o sangue para os ventrículos Complexo QRS – corresponde à contração dos ventrículos, que empurram o sangue para os pulmões e o resto do corpo Segmento ST – corresponde ao tempo entre o fim da contração ventricular e o começo da onda T Onda T – corresponde ao período de repouso dos ventrículos Figura 6 – Significado da forma de onda mostrada no eletrocardiógrafo. <http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/imagens/ECG-grafico-explic.gif> A frequência fundamental do período QRS é aproximadamente 10Hz na superfície do corpo. As informações úteis para diagnósticos estão situadas entre 100Hz para adultos e 250 Hz para crianças (ELETROCARDIÓGRAFO, 2011). Já na onda T a frequência varia de 1 a 2 Hz, logo um sinal com filtro de banda de 1Hz a 30 Hz fica livre de interferências porém, é um valor inaceitável para diagnósticos (ELETROCARDIÓGRAFO, 2011). O sinal gerado pelo ECG precisa passar por filtros visando diminuir ou eliminar completamente interferências geradas pela respiração, musculatura, rede elétrica, entre outras (ELETROCARDIÓGRAFO, 2011). 2.2.1. INTERPRETAÇÃO DO ECG A onda P : Representa a atividade elétrica originada no nodo sinoatrial e sua subseqüente difusão através do átrio (INSTRAMED, 2006). A sua localização é importante, pois representa eletricamente a despolarização dos átrios, que é o início ao ciclo cardíaco. 24 Figura 7 - Formação da onda P. Fonte: The University of Texas at Austin (2006) apud MIRANDA (2006). O intervalo PR: É o período que vai do início da onda P até o começo do complexo QRS e representa o tempo que o impulso elétrico original leva para alcançar os ventrículos e iniciar a despolarização ventricular. Dura em média 0,18 s e compreende a faixa de 0,12 - 0,28s (INSTRAMED, 2006). Figura 8 - Formação da onda R. Fonte: The University of Texas at Austin (2006) apud MIRANDA (2006) O complexo QRS: Representa a despolarização do músculo ventricular. Reflete o tempo necessário para o impulso deslocar-se através do feixe de His e seus ramos para a completa ativação ventricular. Dura em média 0,08 s e compreende a faixa de 0,07 - 0,10s (INSTRAMED, 2006). 25 Figura 9 - Formação do complexo QRS. Fonte: The University of Texas at Austin (2006) apud MIRANDA (2006) O segmento ST: Representa o período entre a conclusão da despolarização e a repolarização do músculo ventricular. Dura em média 0,32 s (INSTRAMED, 2006). A onda T: Representa a fase de repolarização do músculo ventricular. Uma onda U seguindo a onda T é eventualmente verificada, com tempo de duração de até 0,24 s (INSTRAMED, 2006). Figura 10 - Formação da onda T. Fonte: The University of Texas at Austin (2006) apud MIRANDA (2006) O intervalo QT: É igual ao tempo de duração do complexo QRS mais o intervalo ST. Representa o tempo decorrido do início da despolarização do músculo ventricular até a completa repolarização do mesmo. O intervalo QT normalmente está na faixa de 0,26 s a 0,49s. Dura em média 0,40 s e compreende a faixa de 0,33 - 0,43 s (INSTRAMED, 2006). Figura 11 - Ciclo completo do ECG. Fonte: The University of Texas at Austin (2006) apud MIRANDA (2006) O segmento TP: Representa o tempo decorrido da completa repolarização do músculo ventricular até o início da despolarização do músculo atrial do próximociclo de ECG (INSTRAMED, 2006). 26 A amplitude do sinal elétrico do ECG detectado na superfície do corpo varia com a posição dos eletrodos e são valores situados na faixa de 10 microvolt a 5 milivolt (INSTRAMED, 2006). O período de um ciclo cardíaco é o tempo decorrido de um ponto qualquer do ciclo de ECG até o correspondente ponto do próximo ciclo; por exemplo, o intervalo RR é o tempo decorrido entre duas ondas R sucessivas. A partir da medição deste tempo é possível determinar os batimentos por minuto (bpm) (INSTRAMED, 2006). A detecção precisa do ciclo cardíaco é fundamental para que seja possível, em um primeiro momento, determinar o ritmo cardíaco do paciente. Diversas enfermidades arrítmicas dependem de parâmetros obtidos por intermédio da detecção do ciclo cardíaco para serem diagnosticadas e tratadas. Além das aplicações mais comuns na determinação dos ciclos cardíacos, o uso cada vez mais difundido de computadores pelos profissionais da saúde, traz uma enorme gama de possibilidades como, por exemplo, determinar em tempo real, a ocorrência de acidentes cardíacos em pacientes monitorados ou ainda auxiliar na automatização da análise de ECG’s de longa duração com o uso de equipamentos como holters, por exemplo (RANGEL, 2006). A onda U que aparece na figura abaixo, é raramente observável no traçado do ECG, a onda vem logo em seguida da onda T. É arredondada e de curta duração, baixa amplitude e de mesma polaridade da onda T que a precedeu. A onda U de duração e amplitude maior que a normal, é indício de hipopotassemia. Quando negativa, sugere diagnóstico de isquemia miocárdica [46]. A onda U não foi observada claramente em nenhuma das amostras de ECG normais ou patológicas (RANGEL, 2006). 27 Figura 12 – Esquema representativo do ECG na ativação elétrica cardíaca e sua correspondência em seus diversos segmentos [modificada de http://www.sjm.com/assets/popups/electsys.gif - 23/11/05]. apud RANGEL (2006) 2.3. MANUTENÇÃO PREVENTIVA Manutenção preventiva (MP) é uma manutenção planejada que previne a ocorrência de falhas. Está relacionado a programação da manutenção, elaborando periodicidades de cada manutenção, visando assim aproveitar ao máximo a vida útil de cada equipamento, diminuir custos e deixar sempre o mesmo em perfeito estado de funcionamento. Os programas mais constantes da manutenção preventiva são: reparos, lubrificação, ajustes, recondicionamentos de máquinas (BRASIL, 2002). Um dos problemas mais sérios enfrentados por grupos de manutenção de equipamentos hospitalares no Brasil é a falta de roteiro do próprio fabricante do equipamento para a 28 execução da manutenção preventiva, o que dificulta muito o trabalho do grupo de manutenção (BRASIL, 2002). Uma sugestão de intervalos entre manutenções preventivas para diversas categorias de equipamentos médicos é mostrada na tabela 1 abaixo. Muitos equipamentos podem ser incluídos em mais de uma categoria (BRASIL, 2002). Tabela 1 – Sugestão de intervalos entre MP’s Fonte: BRASIL (2002) Categoria do equipamento Intervalos e critérios gerais Equipamentos alimentados via rede elétrica Intervalo anual: a MP abrangente deve incluir a verificação visual, testes de segurança elétrica e de desempenho. A MP específica anual deve incluir a verificação da segurança elétrica. Equipamentos alimentados por bateria Mesmos procedimentos para a categoria de equipamentos alimentados via rede elétrica, com a inclusão de testes da capacidade ou tensão da bateria a cada MP abrangente ou específica. Algumas baterias necessitam de um ciclo de descarga - carga para melhorar o seu desempenho e aumentar a sua vida útil. Para minimizar as chamadas de emergência e possíveis desativações, deve-se considerar a possibilidade de trocar periodicamente as baterias, baseado na sua vida média. Equipamentos controlados ou alimentados por sistemas mecânicos, eletromecânicos, pneumáticos ou fluídos Intervalo trimestral ou semestral. Os roteiros de manutenção preventiva devem incluir verificação visual, testes de segurança elétrica e de desempenho, limpeza, lubrificação. A execução de uma MP abrangente ou específica vai depender da classe do equipamento. 29 Equipamentos de ressuscitação ou de manutenção da vida Intervalo trimestral ou semestral. Por causa da natureza crítica destes equipamentos e do mau uso a que estão sujeitos, eles requerem verificações mais frequentes. Esses equipamentos devem ser verificados pelo menos semestralmente. Equipamentos localizados em áreas de cuidados especiais Como na categoria anterior, esses equipamentos podem necessitar de verificações mais frequentes. Entretanto, a sua presença ou utilização dentro de uma área de cuidados especiais, não significa que haja uma obrigatoriedade de aumentar a frequência de manutenção preventiva. Equipamentos de monitoração crítica Intervalo semestral ou anual. Enquanto as falhas desses equipamentos podem ter consequências adversas, a experiência indica que a maioria das falhas de seus componentes ocorre aleatoriamente e a frequência de manutenção preventiva tem pouco ou nenhum efeito na sua ocorrência. Equipamentos que apresentam altos riscos aos usuários Intervalo quadrimestral ou semestral. Equipamentos com alto potencial de danos, tanto ao operador como ao paciente, requerem regularmente testes visuais e de desempenho para garantir a sua segurança. 3. METODOLOGIA 3.1. ESCOLHA DO EQUIPAMENTO É importante elaborar um levantamento inicial dos equipamentos que tenham um maior histórico de falhas e um maior custo com manutenção corretiva para que seja dada maior atenção a estes. Isto pode ser feito com a utilização dos seguintes critérios: 30 - Risco: equipamentos que apresentam alto risco à vida do paciente ou ao operador em caso de falha; - Importância estratégica: equipamentos cuja paralisação ocasiona receita cessante, equipamentos de reserva e, ou que possuem alto grau de utilização, cuja paralização impossibilita ou dificulta a realização de um ou mais serviços; - Recomendação: equipamentos sujeitos a algum tipo de norma de fiscalização por parte de órgãos governamentais (Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) para seu funcionamento; equipamentos sujeitos a recomendações dos seus fabricantes, ou seja, que possuem peças de vida útil pré-determinada, ou que devem sofrer procedimentos de rotina (BRASIL, 2002). A escolha foi de um equipamento que não fosse tão simples, mas com um histórico de falhas alto. Dentre alguns dos equipamentos vindos dos hospitais que são prestados os serviços da SEMHIP, foi escolhido o eletrocardiógrafo portátil modelo ECG-12S da Ecafix. Um dos problemas que mais é encontrado é no cabo do paciente, como por exemplo, fios arrebentados devido ao mau uso. 3.2. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO Eletrocardiógrafo Portátil ECG-12S – Ecafix Figura 13 – Eletrocardiógrafo Portátil ECG-12S Ecafix Fonte: Catálogo hospitalar <http://catalogohospitalar.com.br/eletrocardiografo-portatil-ecg-12-ecafix- ecafix.html> 31 Características Básicas: • Registro em 3 canais • 12 derivações simultâneas • Operação automática ou manual • Tecnologia digital de processamento de sinais • Impressora térmica de alta resolução • Papel 80mm x 30m • Impressão aprox. de 60 exames por rolo de papel • Entrada para bateria externa • Indicação no registro de: frequência cardíaca, ganho, velocidade, derivação e campo para preenchimento de dados do paciente no registro • Circuito com amplificador de entrada isolada (entrada flutuante) • Protegido contra descarga de desfibrilador e bisturi elétrico. • Ajuste de ganho em 3 níveis (N/2, N e 2N) • Seletor de velocidadepara 25 ou 50 mm/s • Bateria recarregável e entrada externa de 12V • Detecção de eletrodo solto, indicação visual (impressa no papel) • Indicação visual de falta de papel • Alimentação Rede elétrica: 110/220 VAC - (50/60Hz) • Fonte externa de 12VDC • Bateria interna de chumbo - ácido selada 12VDC / 1,3Ah • Fonte chaveada com seleção automática da tensão de entrada (110/220 VAC) • Freqüência de entrada: 50/60Hz • Com entradas para baterias externa (12VDC / 2A) • Carregador de bateria interna incorporado. • Consumo (110/220VAC) 20VA (máximo) • Amplificador de ECG 12 derivações com a sequência:I, II, III, aVR, aVL, aVF, V1, V2, V3, V4, V5 e V6 • Rejeição em modo comum: >90dB Faixa de medição: 0 a 250 BPM • Impedância de entrada entre dois eletrodos quaisquer: >20M • Com filtro selecionável de 35Hz (tremor muscular) 32 • Resposta em frequência: 0,05 a 100Hz (filtro 35Hz desativado) 0,5 a 35Hz (filtro 35Hz ativado) • Modos de registro: manual, automático (12 derivações simultâneas)(mudança de derivações a cada 4 segundos) • Resolução: 8 pontos por milímetros (vertical e horizontal) • Área efetiva de impressão: 72mm Papel 80mm • Gerais Dimensões Altura:85mm Largura:310mm Comprimento:250mm • Operação com bateria: 2h de uso normal • Peso: 2,4Kg (CIRURGICA PASSOS, 2011). 3.3. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM ROTEIRO DE MP Um roteiro de manutenção preventiva deve ser fácil de entender e composto basicamente por procedimentos de: - Inspeção geral: consiste na inspeção visual (verificação da integridade física da carcaça do equipamento e de seus componentes internos, como placas de circuito impresso, folgas, desgastes nas engrenagens e botões, amassados, ou ferrugens na pintura) e limpeza do equipamento; - Troca de peças e acessórios com a sua vida útil vencida: estão incluídas nos manuais do equipamento fornecidos pelos fabricantes; - Lubrificação geral: descrição dos tipos de lubrificantes necessários, periodicidade, locais de aplicação, equipamentos e ferramentas que devem ser utilizados e orientações para abertura do equipamento ou partes dele; - Aferição e posterior calibração do equipamento: como e onde deve ser feita a leitura e verificação de indicadores e níveis (corrente, tensão, potência, rotação, pressão, vazão, entre outros); - Testes de desempenho e de segurança (elétrica, radiológica, mecânica, biológica): explicação da execução dessa tarefa através da leitura e verificação de níveis de líquidos lubrificantes e indicadores em geral e observações de anomalias como calor, vazamentos ou odores (BRASIL, 2002). Para facilitar a aplicação dos roteiros de manutenção preventiva de equipamentos médicos, assim como reduzir o custo desse programa, os procedimentos podem ser divididos 33 em duas categorias: MP’s abrangentes e MP’s específicas. A categoria de MP abrangente é quando é feita a avaliação da segurança e desempenho dos equipamentos, ou seja, engloba todos os procedimentos de um roteiro. É comum a execução desses procedimentos anualmente. E na MP específica são verificados e trocados os itens que se degradam entre as inspeções abrangentes. Geralmente as inspeções são feitas para obedecer às normas de funcionamento ou às recomendações dos fabricantes dos equipamentos (BRASIL, 2002). - Levantamento inicial das falhas (danos) mais frequentes nos eletrocardiógrafos Problema nos cabos, fusível queimado - Procedimentos que deverão ser feitos de acordo com cada item Inspeção geral: verificação da integridade física da carcaça do equipamento, dos eletrodos e conector, do teclado, amassados, ferrugens limpeza do equipamento e seus cabos Troca de peças e acessórios com sua vida útil vencida: rolo de papel bateria Lubrificação geral: engrenagens do rolete de papel Aferição e posterior calibração do equipamento: verificação do cabo do paciente calibração Testes de desempenho e segurança: verificação das ondas formadas ruídos 4. RESULTADOS 34 De acordo com os procedimentos adotados, foi elaborado uma tabela com as periodicidades que cada procedimento deverá seguir para evitar possíveis falhas, ou seja, uma manutenção preventiva para o equipamento, mais especificamente o eletrocardiógrafo ECG- 12S da Ecafix, mas que poderá ser usado em outros equipamentos semelhantes. Tabela 2 – Roteiro de manutenção preventiva para eletrocardiógrafo Procedimentos Periodicidade Inspeção geral Integridade da carcaça Pelo menos uma vez ao mês Integridade dos eletrodos e conector Integridade do teclado Ferrugens Amassados Troca de peças e acessórios com vida útil vencida Rolo de papel Toda vez que acabar Bateria Quando der algum problema (p. ex.descarregar rápido) Lubrificação Geral Engrenagens do rolete de papel 3 em 3 meses Aferição e posterior calibração do equipamento Verificação do cabo do paciente 3 em 3 meses Calibração 2 em 2 meses Testes de desempenho e segurança Verificação das ondas formadas Uma vez ao mês Ruídos Uma vez ao mês Qualquer anormalidade aparecida, seja um ressecamento de borrachas e conexões ou trincamento de partes plásticas e conectores ou oxidação de partes metálicas, sempre deverá ter uma observação maior para que estas anormalidades não estejam afetando o funcionamento do equipamento ou o seu resultado. Quanto a limpeza e esterilização do equipamento, adota-se as seguintes periodicidades: Tabela 3 – Manutenção preventiva (limpeza) Procedimento Periodicidade Limpeza dos eletrodos A cada troca de paciente Lavagem dos eletrodos 1 vez por semana Limpeza dos cabos 1 vez por mês 35 Deverá ser tomado os seguintes cuidados, escritos no manual do usuário: - Não esterilizá-lo por autoclave ou qualquer outro procedimento de imersão em desinfetante; - Desligar o equipamento e desconectá-lo da tomada antes de realizar a limpeza; - A cada troca de paciente deve-se limpar os eletrodos com gaze ou algodão umedecido em álcool; - Lavar os eletrodos utilizando-se água e sabão neutro com uma escova; - Quando necessário, os cabos poderão ser limpos com água e sabão neutro, tomando-se sempre o cuidado de não molhar os conectores; - Não utilize produtos químicos como derivados da benzina (benzina, removedores), para limpar os acessórios; - Quando o equipamento não estiver sendo utilizado, mantenha-o coberto, evitando acúmulo de poeira em seu interior. Um método de esterilização recomendado para os eletrodos e o cabo de paciente é o óxido de etileno (ETO). Quanto aos cuidados com o manuseio: - Não deixe cair líquido sobre o equipamento ou penetrar no mesmo. Quando isso acontecer, desligue imediatamente o equipamento e entre em contato com a assistência técnica autorizada; - Sempre que for conectar ou soltar o cabo, faça força no conector, nunca puxe pelo próprio cabo evitando quebras; - Observar sempre a posição correta de encaixe do conector do cabo do paciente. O encaixe é feito exercendo-se leve pressão; - Nunca acionar manualmente os roletes que prendem o papel enquanto o equipamento estiver ligado; - Se o equipamento for ficar inativo por um período superior a 30 dias, retirar as pilhas ou baterias. A maioria dos problemas que são encontrados nos eletrocardiógrafos, é no cabo do paciente, devido ao mau uso, como por exemplo, puxar o eletrodo pelos fios, o que faz com que muitos fios se soltem dos pinos. Para detectar o problema no cabo e fazer a manutenção corretiva são executadas as seguintes etapas descritas no fluxograma abaixo: 36 Figura 14 – Fluxograma de manutenção corretiva no cabo do paciente A primeira etapa de verificação de continuidade nos eletrodos é feito da seguinte forma: - Com o multímetro, é verificado se há continuidade (ou medido a resistência) noseletrodos (todos). Colocando uma ponta do multímetro no pino do eletrodo sendo analisado e outro nas pontas do conector. (Repetir isso em todos) 37 - A continuidade ou resistência deverá dar na ponta do conector correspondente a letra demonstrada na figura abaixo, e não com o terra ou em dois lugares. E durante a medição, mexer e puxar um pouco o fio para ver se não dá mau contato. Figura 15 – Conector do cabo do paciente com suas respectivas derivações (continuidade) 38 Figura 16 – Cabo do paciente demonstrando cada parte descrita no fluxograma O teste do cabo do paciente no aparelho é feito conforme mostra a figura 16 abaixo, com um simulador de sinais, adotando quaisquer valores de velocidade, filtro e sensibilidade, que são ajustados no aparelho. 39 Figura 17 – Teste do cabo do paciente no equipamento com o simulador de sinais. Quanto à verificação das ondas de saída, deverão dar sem interferências, sem indicação de eletrodo solto. Conforme o exemplo nas figuras abaixo: Figura 18 – Formas de ondas das derivações I, II e III (sem interferências) 40 Figura 19 – Formas de ondas das derivações aVR, aVL e aVF (sem interferências) Figura 20 – Formas de ondas das derivações V1, V2 e V3(sem interferências) 41 Figura 21 – Formas de ondas das derivações V4, V5 e V (sem interferências) 42 ¨ Figura 22 – Dados para anotação do nome do paciente, data, idade e sexo; e dados do aparelho 5. DISCUSSÃO Assim como em toda manutenção preventiva, isto aumentará a vida útil do equipamento em si, se for respeitado conforme a periodicidade estipulada. E assim como a maioria dos profissionais que o manuseiam, não tem conhecimento sobre o manual do usuário do equipamento e não sabem de muitos cuidados que devem ser tomados, ou fazem de qualquer jeito por não ser o próprio dono. Este trabalho fala um pouco sobre como é feita a manutenção corretiva quando há problema no cabo do paciente, que é um dos problemas mais comuns, onde muitos profissionais não tomam os devidos cuidados que devem ser tomados e acabam estragando-o. Muitos dos cuidados são simples, como tirar o eletrodo puxando pela parte plástica, e não pelo fio. 43 Quanto à manutenção preventiva, foi feita uma tabela com periodicidades tanto para o equipamento quanto as questões de limpeza, que vem no manual. Com essa tabela, muitas das falhas que ocorrem, podem ser evitadas e juntamente com o uso correto não só do aparelho mas também do cabo e seus acessórios. Esta manutenção é simples, feita apenas com verificações periódicas, troca de peças e acessórios, testes e calibrações que muitos dos itens podem ser feitos pelo próprio profissional e que evitam muitas falhas que podem ocorrer a qualquer momento. 6. CONCLUSÃO O presente trabalho trata de uma manutenção preventiva para o eletrocardiógrafo ECG- 12S da Ecafix, mas também pode ser usado como base para outros eletrocardiógrafos, tanto na manutenção preventiva quanto na questão da limpeza, que é muito importante quando se trata de equipamentos médico-hospitalares. A manutenção preventiva é importante não só pela vida útil do equipamento mas também para diminuir custos dos hospitais. É importante também que os profissionais que trabalham operando estes equipamentos sejam treinados devidamente para que saibam o que estão fazendo com cada acessório ou que saibam tomar decisões na hora de qualquer falha do equipamento ou seus acessórios. Como são poucos os usuários que lêem o manual do equipamento, este trabalho também servirá como uma forma de aprendizado com relação a limpeza e manuseio. 7. REFERÊNCIAS AKIKIBO, R. Y. Apostila de Física Médica. Sorocaba: [sn], 2000. apud MIRANDA, Samara Muniz. Sistemas de Eletrocardiografia Dinâmica: Uma visão das ferramentas de software para análise e sua utilização. Jun 2006. 85 f. Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia em Saúde) – Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, Sorocaba, 2006. 44 BRASIL. Ministério da Saúde. Equipamentos Médico-Hospitalares e o Gerenciamento da Manutenção: capacitação a distância / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão de Investimentos em Saúde, Projeto REFORSUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/equipamentos_gerenciamento1.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2011. CHRISTIANO, Clarissa Martins. Eletrocardiograma. Instituto de Biologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. Disponível em: <omnis.if.ufrj.br/~luisghiv/ppt/clarissa%2520-%2520eletrocardiograma.ppt>. Acesso em: 20 abr. 2011. CIRURGICA PASSOS. Eletrocardiógrafo ECG12s 3 canais 12 derivações automático e manual – Ecafix. Disponível em: <http://www.cirurgicapassos.com.br/cpassos/product.asp?template_id=62&old_template_id =62&tu=b2c&pf_id=7628&dept_id=1184184&nome=Eletrocardiografo+ECG12s++3+cana is+12+derivacoes+automatico+e+manual++-+Ecafix&dept_name=Eletrocardiografo>. Acesso em: 05 maio 2011. ECAFIX. Eletrocardiógrafo ECG-6, manual. São Paulo, 1995. ELETROCARDIÓGRAFO. Disponível em <http://dc234.4shared.com/img/ul8B3kQP/preview.html>. Acesso em: 14 abr. 2011 GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 6 ed., 1988. 564 p. GUYTON, A. C.; HALL, H. E. Fisiologia Humana e Mecanismos das doenças. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara. 6 ed., 1998.639 p. INSTRAMED. Cardioversor HS02, manual do usuário. Porto Alegre, 2006. 45 RANGEL, Hélio Augusto de Lima. Metodologia para Localização de Ciclo Cardíaco a Partir do Sinal Eletrocardiorgáfico. Jul. 2006. 161 f. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006. Disponível em: < http://www.bdtd.ufu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=696>. Acesso em: 20 abr. 2011. THE UNIVERSITY OF TEXAS AT AUSTIN. Department of Biomedical Engineering. Disponível em: <http://www.bme.utexas.edu/ugrad> acesso em 20 fev. 2006. . apud MIRANDA, Samara Muniz. Sistemas de Eletrocardiografia Dinâmica: Uma visão das ferramentas de software para análise e sua utilização. Jun 2006. 85 f. Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia em Saúde) – Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, Sorocaba, 2006. UNIVERSIDADE Estadual de Londrina. Curso de Eletrocardiografia Básica – Eletrocardiograma Disponível em: <http:// www.ccs.uel.br/medicina/pbl/cardio/capitulo1.asp>. Acesso em: 05 maio.2006. apud MIRANDA, Samara Muniz. Sistemas de Eletrocardiografia Dinâmica: Uma visão das ferramentas de software para análise e sua utilização. Jun 2006. 85 f. Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia em Saúde) – Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, Sorocaba, 2006. VILELA, Ana Luisa Miranda. Anatomia & Fisiologia Humanas: Sistema Cardiovascular. Disponível em: <http://www.afh.bio.br/cardio/Cardio3.asp>. Acesso em: 29 mar. 2011. 46 ANEXO Modelo para check-list Eletrocardiógrafo Ecafix ECG – 12S Patrimônio n° __________________ Local __________________________ Executor _________________________ Data: ___/___/___ CHECK OK N OK OBSERVAÇÃO A C E S S Ó R IO S Cabo força Eletrodos Cabo do paciente Papel termosensível E Q U IP A M E N T O Teclado Chave liga/desl. Leds indicadores Bateria Fusível Engrenagens do rolete de papel Calibração L IM P E Z A Cabo e eletrodos Equipamento SIMULAÇÃO RESPONSÁVEL: