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DESENHO ARQUITETÔNICO Curso Técnico em Transações Imobiliárias 2 APRESENTAÇÃO DESENHO ARQUITETÔNICO Este material didático do Curso Técnico em Transações Imobiliárias, modalidade EaD foi elaborado especialmente por professores do Centro Paula Souza para as Escolas Técnicas Estaduais – ETECs. O material foi elaborado para servir de apoio aos estudos dos discentes para que estes atinjam as competências e as habilidades profissionais necessárias para a sua plena formação como Técnicos em Transações Imobiliárias. Esperamos que este livro possa contribuir para uma melhor formação e apefeiçoamento dos futuros Técnicos. GEEaD - Grupo de Estudo de Educação a Distância Centro de Educação Tecnológica Paula Souza São Paulo – SP, 2020 Expediente GEEaD – CETEC GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO EIXO TECNOLÓGICO DE GESTÃO E NEGÓCIO CURSO TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS Autora: Luciana Palermo dos Reis Revisão Gramatical: Juçara Maria Montenegro Simonsen Santos Editoração e Diagramação: Flávio Biazim AGENDA 2 DESENHO ARQUITETÔNICO 5 As principais categorias do desenho de arquitetura ou arquitetônico são: as plantas, os cortes ou se- ções e as elevações ou fachadas. LINHAS As linhas de um desenho normatizado devem ser regulares, legíveis (visíveis) e devem possuir con- traste umas com as outras. I . Espessura Linha grossa Linha média (metade da anterior) Linha fina (metade da anterior) II .Tipos de linhas A - Linhas auxiliares (finas: cota, ladrilhos, etc.) B - Linhas gerais (média) C - Linhas principais (grossa) D - Partes invisíveis E - Eixos de simetria F- Seções ou cortes G- Interrupções Pesos e categorias de linhas Normalmente, ocorre uma hierarquização das linhas, obtida por meio do diâmetro da pena (ou do grafite) utilizados para executá-la. Tradicionalmente, usam-se quatro pesos de pena: 1. Linhas complementares - Pena 0,1. Usada, basicamente, para registrar elementos complementares do desenho, como linhas de cota, setas, linhas indicativas, linhas de projeção, etc. Linha fina - Pena 0,2 (ou 0,3). Usada para representar os elementos em vista. Linha média - Pena 0.4 (ou 0,5). Usada para representar os elementos que se encontram imediatamente à frente da linha de corte. Linha grossa - Pena 0.6 (ou 0,7). Usada para representar elementos especiais, como as linhas indicativas de corte (eventualmente é usada para representar também elementos em corte, como a pena anterior). No Autocad, as espessuras das linhas também são definidas seguindo o mesmo padrão das penas. Um projeto arquitetônico completo é composto por: • PLANTA: é o desenho do objeto visto na sua projeção horizontal, cujo corte é feito acima do piso, a uma altura de 1,50 metros, tendo por objetivo mostrar, no desenho, todos os componentes do pavimento, como paredes, vãos de portas e janelas, equipamentos fixos e móveis (opcionais), de modo a dar numa escala ade- quada e devidamente cotada, uma perfeita compreensão das divisões, circulação, iluminação e ventilação ELEMENTOS DO DESENHO DESENHO ARQUITETÔNICO 6 do pavimento, na escala adequada, devidamente cotada, com as dimensões dos ambientes, sua desti- nação e área, além da indicação dos níveis dos pisos. Para representação gráfica de um projeto, cada tipo de linha vai representar um item a ser construído: • Representação das paredes (altas com traço grosso contínuo, e paredes baixas com traço médio contínuo com a altura correspondente); • Indicar as portas e janelas com suas medidas correspondentes (base x altura x peitoril) de acordo com a simbologia adotada. Note que no desenho abaixo a indicação de porta é P1 e de janela é J1. • Colocar todas as cotas (medidas) necessárias a cada pa- vimento, telhado, dependências a construir ou modificar e sofrer acréscimo. As cotas constantes dos projetos deverão ser escritas em caracteres claros e facilmente legíveis • Indicar os destinos e as áreas correspondentes de cada compartimento em m2; DESENHO ARQUITETÔNICO 7 • Com linha pontilhada, indicar o beiral (linha invisível); • Indicar por onde pas- sam os cortes longitu- dinal e transversal (Tra- cejado) e o sentido de observação, colocando letras ou números que correspondem aos cor- tes. • Representar todas as pe- ças sanitárias, tanque, pia de cozinha (obrigatório). Em marrom temos exemplos de peças sanitárias do banheiro e , em vermelho, pias e tanque. beiral • Representar piso cerâmico ou similar com quadrículas (linha fina); Linha Tracejada que indica o corte. Sentido da observação Fo nt e: A ce rv o pe ss oa l DESENHO ARQUITETÔNICO 8 • ELEVAÇÃO / FACHADA: é o desenho do objeto visto na sua projeção sobre um plano vertical. Sempre olhando para o imóvel que queremos descrever, temos: Fachada (ou vista frontal), Vista lateral esquerda, Vis- ta Lateral Direita, Vista Posterior (ou fundos) e Vista superior (ou cobertura). Num lote localizado no meio de quadra é obrigatória a representação de pelo menos uma fachada. No caso de lote de esquina é obrigatória a representação de pelo menos duas fachadas com a respectiva indicação dos materiais a serem utilizados. Obs.: as projeções ortogonais da Geometria Descritiva são usadas no desenho arquitetônico apenas mu- dando os termos técnicos. Para descrever os recuos de um imóvel, o mesmo princípio é utilizado. Veja a figura ao lado: A seguir, temos a disposição das quatro fa- chadas de uma construção, relacionando-as com a planta. Notar a aplicação da convenção para os traços nas fachadas. As partes mais próximas do observador são desenhadas com traço grosso. Devemos reduzir a espessura dos traços na medida em que eles estão mais distantes. • CORTES: São obtidos por planos verticais que interceptam paredes, janelas, portas e lajes, com a finalidade de fornecer esclarecimentos que facili- tam a execução da obra, pois teremos um desenho demonstrando as diferentes alturas de peitoris, ja- nelas, portas, vergas e das espessuras das lajes do piso, do forro, dos detalhes de cobertura e dos ali- cerces. As linhas indicando onde devem ser feitos os cortes são traçadas SEMPRE nas plantas do projeto. O corte vertical corta a edificação desde a sua funda- ção até a sua cobertura, como mostra a figura: Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico – Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 Fonte: Acervo pessoal Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico - Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 DESENHO ARQUITETÔNICO 9 Quase sempre uma única seção não é suficiente para demonstrar todos os detalhes do interior de um edifício, portanto são necessários, no mínimo, dois cortes. Por esse motivo, sempre que se apresenta um projeto, representamos duas seções: LONGITUDINAL e TRANSVERSAL. • PLANTA DE SITUAÇÃO: É a representação do lote dentro da quadra. a - É necessário indicar e numerar todos os lotes da quadra, ressaltando-se o lote em questão, assim como o seu número e o número da quadra; b - Colocar os nomes de todas as ruas que circundam a quadra; c - Indicar também o norte magnético. • COBERTURA: A planta de cobertura é uma vista superior da obra ne- cessitando assim a representação de todos os detalhes relativos à cober- ta, como: a - Tipo de telha; b - Inclinação correspondente ao tipo de telha, c - Se houver, indicar beiral, platibanda, rufos, marquises... d - Determinar as cotas parciais e totais da edificação. Deve-se sempre passar um dos cortes por um dos compartimentos ladrilhados, cujas paredes sejam revestidas por azulejos. Indicamos as seções nas plantas por traços grossos interrompidos por pontos e terminados por setas que indicam a situação do observador em relação ao plano da seção. Assina- lamos os cortes por letras maiúsculas. As paredes secionadas devem ser representadas tal como apa- recem nas plantas Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico- Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico - Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 VISTA EM CORTE PERSPECTIVADO DA RESIDÊNCIA (sem escala) Fo nt e: A ce rv o pe ss oa l Fo nt e: A ce rv o pe ss oa l DESENHO ARQUITETÔNICO 10 • FOLHAS: As folhas mais usadas para o desenho técnico são do tipo sulfite. Anteriormente à popu- larização do CAD, desenvolviam-se os desenhos em papel manteiga (desenhados à grafite) e eles eram arte-finalizados em papel vegetal (desenhados à nanquim). Tamanhos de folhas (mm) A4 210 x 297 A3 297 x 420 A2 420 x 594 A1 594 x 841 A0 841 x 1189 As folhas devem seguir os mesmos padrões do desenho técnico. No Brasil, a ABNT adota o padrão ISO: usa-se um módulo de 1 m² (um metro quadrado) cujas dimensões seguem uma proporção equivalente à raiz quadrada de 2 (841 x 1189 mm). Esta é a chamada folha A0 (a-zero). A partir desta, obtém-se múltiplos e submúltiplos (a folha A1 corresponde à metade da A0, assim como a A3 corres- ponde ao dobro daquela). A maioria dos escritórios utiliza predominantemente os formatos A1 e A0, devido à escala dos desenhos e à quan- tidade de informação. Os formatos menores em geral são destinados a desenhos ilustrativos, catálogos, etc. Apesar da normatização incentivar o uso das folhas padronizadas, é muito comum que os desenhistas considerem que o módulo básico seja a folha A4 ao invés da A0. Isto se deve ao fato de que qualquer folha obtida a partir desde módulo pode ser dobrada e encaixada em uma pasta neste tamanho, normalmente exigida pelos órgãos públicos de aprovação de projetos. • LEGENDAS: a legenda ou identificação, na gíria profissional chama-se Carimbo, cuja finalidade é uni- formizar as informações que devem acompanhar os desenhos. Os tamanhos e formatos dos carimbos obedecem à tabela dos formatos A. Recomenda-se que o carimbo seja usado junto à margem, no canto inferior direito. Esta colocação é necessária para que haja boa visibilidade quando os desenhos são ar- quivados. O carimbo deve possuir as seguintes informações principais, ficando, no entanto, a critério do escritório, o acréscimo ou a supressão de outros dados: a - Nome do escritório , Companhia etc. b - Título do projeto. c - Nome do arquiteto ou engenheiro. d - Nome do desenhista e data. e - Escalas. f - Número de folhas e número da folha. g - Assinatura do responsável técnico pelo projeto. e execução da obra. h - Nome e assinatura do cliente. i - Local para nomenclatura necessária ao arquivamento do desenho. j- Conteúdo da prancha. A4 A4 A3 A2 A1 A0 Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico - Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 DESENHO ARQUITETÔNICO 11 • ESCALAS NUMÉRICA: como é possível representar um prédio de 25 pavimentos, por exemplo, em uma folha de papel, mesmo que essa folha seja muito grande? Para que isso seja possível, todo desenho é feito em ESCALA, pois, uma construção não pode ser representada em desenho no seu tamanho real. No desenho de arquitetura geralmente só se usam escalas de redução, a não ser em detalhes, onde apare- ce, algumas vezes, a escala real. A escolha de uma escala deve ter em vista: 1. O tamanho do objeto a representar 2. As dimensões do papel 3. A clareza do desenho As escalas devem ser lidas 1:50 (um por cinquenta), 1:10 (um por dez), 1:25 (um por vinte e cinco), 10:1 (dez por um), etc. Traduzindo, quando falamos que a escala do desenho está 1:50, queremos dizer que o objeto representado no desenho está 50 (cinquenta) vezes menor que o seu tamanho real. Para solucionarmos problemas de escalas, as medidas devem estar na mesma unidade. Transforme-as, se necessário! Ex.: Um canteiro de 2 metros foi desenhado com 4 cm. Qual é a escala do desenho? Transforme metros em centímetros, temos então: 2 m = 200 cm Efetue a operação: 4 cm = 1 e 200 cm = x Aplicamos a regra de três: 4.x = 200 . 1 x = 200 x = 50 4 Resposta: A escala do desenho é de 1: 50. Vamos detalhar a representação gráfica utilizada nos desenhos arquitetônicos. Escala é a relação entre cada medida do desenho e a sua dimensão real no objeto. A escala é uma razão: Medida do desenho Medida real correspondente Mas o que é isso Tamanho real 1 : 50 Número de vezes em que o objeto foi reduzido DESENHO ARQUITETÔNICO 12 • SÍMBOLOS GRÁFICOS: o desenho arquitetônico, por ser feito em escala reduzida e por abranger áreas relativamente grandes, é obrigado a recorrer a símbolos gráficos. Assim utilizaremos as simbologias para representar as paredes, portas, janelas, louças sanitárias, telhas, concreto... I. PAREDES Normalmente, as paredes internas são repre- sentadas com espessura de 15 cm, mesmo que na realidade a parede tenha 14 cm ou até me- nos. Nas paredes externas o uso de paredes de 20 cm de espessura é o recomendado, mas não obrigatório. É, no entanto, obrigatório o uso de paredes de 20 cm de espessura quando esta se situa entre dois vizinhos (de apartamento, salas comerciais, etc). Convenciona-se para paredes altas (que vão do piso ao teto) traço grosso contínuo. Para pa- redes a meia altura, traço médio contínuo, indi- cando a altura correspondente. II. PORTAS Porta interna - Geralmente, a comunicação entre dois ambientes não há diferença de nível, ou seja, estão no mesmo plano, ou ainda, possuem a mesma cota. Porta externa - A comunicação entre os dois ambientes (externo e interno) possui cotas dife- rentes, ou seja, o piso externo é mais baixo. Nos banheiros, a água alcança a parte inferior da porta ou passa para o ambiente vizinho; os dois incon- venientes são evitados quando há uma diferença de cota nos pisos de 1 a 2 cm pelo menos. Por esta razão, portas de sanitários são desenhadas como as externas. III. JANELAS: o plano horizontal da planta corta as janelas com altura do peitoril até 1.50m , sen- do estas representadas conforme a figura abai- xo, sempre tendo como a primeira dimensão, a largura da janela pela sua altura e peitoril cor- respondente. Para janelas em que o plano hori- zontal não as corta, como por exemplo as janelas de banheiros, a representação é feita com linhas invisíveis. PAREDES Fonte: Apostila desenho de projetos de edificações – Desenho Técnico II – UFRGS – Junho/2007 Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico – Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 DESENHO ARQUITETÔNICO 13 Fonte: Apostila de Desenho Arquitetônico – Curso de Edificações - ETEC Dra Ruth Cardoso – Fev/2008 Fonte: Acervo Pessoal As Cotas representam sempre dimensões reais do objeto e não dependem, portanto, da escala em que o desenho está executado. São os números que correspondem às medidas. As cotas devem ser escritas na posição horizontal, de modo que sejam lidas com o desenho em posição normal, colocando-se o leitor do lado direito da prancha. Para localizar exatamente uma cota e indicar qual a parte ou elemento do objeto a que ela se refere é necessário recorrer a dois tipos de linhas que são: a) linhas de chamada (ou de extensão ou, ainda linha de referência) b) linhas de cota (ou de medida). As cotas também podem ser descritas no próprio ambiente, internamente. Em geral, é utilizada essa forma de grafia das cotas em projetos de planta destinadas à aprovação na prefeitura. Observe no exemplo abaixo, as portas e janelas estão cotadas com as linhas de chamada, já as medidas de cada ambiente, ou alvenaria do imóvel, estão com cotas internas. ESPECIFICAÇÕES DE MEDIDAS - COTAS Vejamos um exemplo que reúne todas as simbologias abordadas: DESENHO ARQUITETÔNICO 14 Fonte: Apostila desenho de projetos de edificações – Desenho Técnico II – UFRGS – Junho/2007 Com essas informações, você está apto a ler um desenho técnico de arquitetura. Agora é só praticar. DESENHO ARQUITETÔNICO