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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Crislaine Gruber ERGON-EP: aplicação da Ergonomia da Atividade na concepção de cursos da Educação Profissional Florianópolis 2019 Crislaine Gruber ERGON-EP: aplicação da Ergonomia da Atividade na concepção de cursos da Educação Profissional Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Doutora em Engenharia de Produção. Orientadora: Prof. Dr. Lizandra Garcia Lupi Vergara. Florianópolis 2019 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. Gruber, Crislaine ERGON-EP : aplicação da Ergonomia da Atividade na concepção de cursos da Educação Profissional / Crislaine Gruber ; orientadora, Lizandra Garcia Lupi Vergara, 2019. 166 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Florianópolis, 2019. Inclui referências. 1. Engenharia de Produção. 2. Educação profissional. 3. Ergonomia. 4. Análise da atividade de trabalho. 5. Concepção de cursos. I. Vergara, Lizandra Garcia Lupi. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção. III. Título. Crislaine Gruber ERGON-EP: aplicação da Ergonomia da Atividade na concepção de cursos da Educação Profissional O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Prof.a Leila Amaral Gontijo, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Elton Moura Nickel, Dr. Universidade do Estado de Santa Catarina Prof. Gustavo Henrique Moraes, Dr. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutora em Engenharia de Produção. ___________________________________ Prof. Enzo Morosini Frazzon, Dr. Coordenador do Programa ___________________________________ Prof.a Lizandra Garcia Lupi Vergara, Dra. Orientadora Florianópolis, 30 de setembro de 2019. Este trabalho é dedicado aos trabalhadores da educação profissional brasileira. AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família: meu pai, Vitor, e minha mãe, Salvelina, por estarem sempre ao meu lado e, além disso, me ensinarem desde muito pequena o valor do trabalho; minhas irmãs, Cristiane e Eduarda, pelo carinho. Cristiane, obrigada por me ensinar que devemos viver cada dia como se fosse o último; você, mesmo com toda a sua leveza, é uma fortaleza. Pai, mãe e Du, crescemos tanto este ano, e isso foi fundamental para que eu finalizasse este trabalho. Igor, não tenho palavras para agradecer suficientemente por todo o apoio que você me dá. Você, Fiji e Robbie alegram meus dias, vocês são a minha casa. Muito obrigada! Agradeço aos amigos e às amigas queridas que me acompanham com tanto carinho sempre. Olivier e Wollinger, nossa parceria me inspira tanto! Re e Adri, minhas lindas, sempre presentes. Mayara, super parceira nesta aventura tão intensa que é a pós-graduação. Anelise, obrigada pelo incentivo. Suzy, Diogo e Thomás, queridos amigos que tornaram a estadia em Montreal muito mais leve. Obrigada, Jihène, minha parceira de estudos em Montreal, pelo incentivo. Obrigada, Camila, Max e Anne, minha família em Montreal. E a todos os tantos amigos que tenho a sorte de ter ao meu lado, muito obrigada! Agradeço imensamente à minha orientadora, professora Lizandra, por todo o apoio e a confiança neste processo tão rico e desafiador que foi o doutorado. Agradeço também aos demais professores da área de Ergonomia do PPGEP, em especial à professora Leila, que me inspirou a trabalhar com a análise da atividade. Aproveito para agradecer às minhas queridas parceiras no PPGEP: Eve, Mônica, Aline, Laís. É tão importante esse “caminhar juntas”! Agradeço às professoras Céline Chatigny e Sylvie Ouellet que me receberam tão carinhosamente na UQAM para a realização do estágio de pesquisa e me orientaram com tanta generosidade. Obrigada também aos demais professores da UQAM, os quais me receberam de braços abertos em suas aulas. Agradeço ao Governo do Canadá, que, por meio do Programme des futurs leaders dans les Amériques (PFLA), possibilitou minha ida à Montréal para a realização desse estágio. Agradeço ao Instituto Federal de Santa Catarina, por incentivar minha formação. Agradeço muito aos professores da área de Tecnologias do Cerfead que apoiaram e tornaram possível minha ida à Montreal para realizar o estágio de pesquisa. E agradeço a todos os professores que participaram da pesquisa, tanto na etapa de entrevistas quanto na avaliação da proposta: vocês foram essenciais, muito obrigada! O compartilhamento de experiências que vivi durante o doutorado foi maravilhoso, e uma das melhores recordações que terei desse processo. O trabalho baseia-se na história pessoal, mas também lhe dá forma e, assim, revela motivações, desejos, valores; e um sentido de identidade própria. Uma vida de trabalho é rica em significado. (Mike Rose, 2007) RESUMO A Educação Profissional tem crescido significativamente no Brasil, além de despertar interesse em demais países devido ao seu impacto na implementação e no apoio das mudanças técnicas e organizacionais. Contudo, percebe-se uma distância entre os cursos de formação profissional e o mundo do trabalho. A Ergonomia, tendo como objetivo transformar o trabalho, preocupa- se com a efetividade da formação dos trabalhadores. Sua ferramenta essencial, a Análise da Atividade, pode ser utilizada na concepção de cursos da Educação Profissional, a fim de aproximar o conteúdo da formação e a atividade de trabalho. Nesse sentido, esta tese propõe uma abordagem metodológica para auxiliar os educadores na concepção de cursos técnicos alinhados ao trabalho real. Para cumprir este objetivo, primeiramente, foram entrevistados 15 professores com intuito de descrever o processo de concepção desses cursos, bem como a maneira com que eles integram as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. Buscou-se, também, por meio de uma análise documental, identificar as características das atividades de trabalho que estão presentes nesses projetos. A partir dessas análises e com base na literatura pertinente, foi elaborada a primeira versão da Abordagem Ergon-EP, a qual foi submetida para avaliação com 25 especialistas: 14 professores de cursos técnicos com experiência na concepção desses cursos e 11 gestores ou formadores de professores da educação profissional. A avaliação foi positiva, obtendo médias acima de 4 (em uma escala de 1 a 5) em 90% dos aspectos avaliados pelos dois grupos de especialistas. Os avaliadores consideram que a Ergon-EP favorece a integração das características das atividades de trabalho nos cursos técnicos, tornando-os mais alinhados ao mundo do trabalho. Além disso, a maioria concorda que a Abordagem é útil para a concepção de cursos técnicos de qualquer área e para outros tipos de cursos da educação profissional. A observação das situações de trabalho e a coleta de falas dos trabalhadores sobre sua atividade, técnicas consolidadas na Análise da Atividade, são, segundoos avaliadores, pertinentes para a concepção de cursos técnicos. A partir da avaliação realizada com os 25 especialistas, acredita-se que a Ergon-EP pode, como uma ferramenta ergonômica, modificar o olhar sobre o trabalho nas instituições de educação profissional, bem como nos locais de trabalho envolvidos no processo de concepção dos cursos técnicos. Palavras-chave: Formação para o trabalho. Formação técnica. Análise ergonômica do trabalho. Análise do trabalho. AET. Análise da atividade. ABSTRACT Vocational Education has grown significantly in Brazil, besides arousing interest in other countries due to its impact on the implementation and support of technical and organizational changes. However, there is a gap between vocational training courses and the world of work. Ergonomics, aiming to transform work, is concerned with the effectiveness of workers' training. Its essential tool, Activity Analysis, can be used in the design of Vocational Education courses in order to approximate the training content and work activity. In this sense, this thesis proposes a methodological approach to assist educators in the conception of technical courses aligned with the real work. To fulfill this goal, 15 teachers were first interviewed to describe the design process of these courses, as well as how they integrate the characteristics of work activities in the projects of technical courses. It was also sought, through a documentary analysis, to identify the characteristics of the work activities that are integrated in these projects. Based on these analyzes and on the literature, the first version of the Ergon-EP Approach was prepared and submitted for evaluation with 25 experts in Vocational Education. The evaluation was positive, obtaining averages above 4 (on a scale of 1 to 5) in 90% of the aspects evaluated by the experts. They consider that Ergon-EP facilitates the integration of the characteristics of work activities in technical courses, making them more aligned with the world of work. In addition, most of them agree that the Approach is useful for designing technical courses in any field and also it is useful to design other types of vocational education courses. The observation of work situations and the collection of workers' statements about their activity, techniques already consolidated in the Activity Analysis, are, according to the experts, relevant to the design of technical courses. From the evaluation of the 25 experts, it is believed that Ergon-EP can, as an ergonomic tool, change the view on work in vocational education institutions, as well as in the workplaces involved in the course design process. Keywords: Job training. Technical courses. Ergonomic work analysis. Work analysis. EWA. Activity analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo do conteúdo do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. ......................... 29 Figura 2 - Trama conceitual da noção de competência ............................................................ 34 Figura 3 - Esquema geral da abordagem da Análise do Trabalho ............................................ 40 Figura 4 - Etapas metodológicas da pesquisa ........................................................................... 47 Figura 5 - Escopo da Ergon-EP ................................................................................................ 50 Figura 6 - Visão geral da abordagem Ergon-EP apresentada aos avaliadores no questionário de avaliação ................................................................................................................................... 99 Figura 7 - Etapa 1 da Abordagem Ergon-EP: Formação da equipe ....................................... 100 Figura 8 - Etapa 2 da Abordagem Ergon-EP: Pré-análise ...................................................... 102 Figura 9 - Etapa 3 da Abordagem Ergon-EP: Análise da atividade ....................................... 105 Figura 10 - Mapa conceitual: relações entre os aspectos do curso técnico a serem identificados por meio da Ergon-EP ............................................................................................................ 108 Figura 11 - Trama conceitual da noção de competência ........................................................ 110 Figura 12 - Mapa conceitual: relações entre os aspectos do curso técnico a serem identificados por meio da Ergon-EP e a trama conceitual da noção de competência proposta por Jonnaert (2011) ..................................................................................................................................... 111 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Exemplo dos descritivos apresentados no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos .................................................................................................................................................. 28 Quadro 2 - Esquema para a construção da ação ergonômica do ponto de vista do trabalho .... 38 Quadro 3 - Descrição da experiência dos participantes na educação profissional ................... 92 Quadro 4 - Exemplo de crônica da atividade ......................................................................... 107 Quadro 5 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração ............................................. 130 Quadro 6 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração ............................................. 130 Quadro 7 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração ............................................. 131 Quadro 8 - Dados gerais do Curso Técnico em Agronegócio ................................................ 131 Quadro 9 - Dados gerais do Curso Técnico em Confeitaria ................................................... 132 Quadro 10 - Dados gerais do Curso Técnico em Cozinha ..................................................... 133 Quadro 11 - Dados gerais do Curso Técnico em Edificações ................................................ 134 Quadro 12 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletroeletrônica ......................................... 135 Quadro 13 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletrotécnica .............................................. 135 Quadro 14 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletrotécnica .............................................. 136 Quadro 15 - Dados gerais do Curso Técnico em Enfermagem .............................................. 137 Quadro 16 - Dados gerais do Curso Técnico em Enfermagem. ............................................. 138 Quadro 17 - Dados gerais do Curso Técnico em Eventos ...................................................... 138 Quadro 18 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Nacional e América do Sul ................................................................................................................................................ 139 Quadro 19 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Regional ........................ 139 Quadro 20 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Regional ........................ 140 Quadro 21 - Dados gerais do Curso Técnico em Informática para Internet ........................... 141 Quadro 22 - Dados gerais do Curso Técnico em Logística .................................................... 141 Quadro 23 - Dados gerais do Curso Técnico em Meteorologia ............................................. 142 Quadro 24 - Dados gerais do Curso Técnico em Panificação ................................................ 143 Quadro 25 - Dados gerais do Curso Técnico em Qualidade .................................................. 143 Quadro 26 - Dados gerais do Curso Técnico em Refrigeração e Climatização ..................... 144 Quadro 27 - Dados gerais do Curso Técnico em Restaurante e Bar ...................................... 145 Quadro 28 - Dados gerais do Curso Técnicoem Restaurante e Bar ...................................... 146 Quadro 29 - Dados gerais do Curso Técnico em Segurança do Trabalho .............................. 147 Quadro 30 - Dados gerais do Curso Técnico em Têxtil ......................................................... 147 Quadro 31 - Dados gerais do Curso Técnico em Tradução e Interpretação de Libras ........... 148 Quadro 32 - Dados gerais do Curso Técnico em Vendas ....................................................... 148 Quadro 33 - Dados gerais do Curso Técnico em Vestuário ................................................... 149 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dados gerais sobre os(as) professores(as) entrevistados(as) ................................... 55 Tabela 2 - Descrição das características pessoais da amostra (n=15) ...................................... 56 Tabela 3 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a importância da experiência extraescolar dos docentes ...................................................................................... 56 Tabela 4 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a influência dos arranjos produtivos locais na criação dos cursos técnicos ........................................................ 58 Tabela 5 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a participação informal dos trabalhadores no processo de concepção dos cursos técnicos subsequentes ....... 60 Tabela 6 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que destacam a especificidade dos cursos técnicos subsequentes em relação aos demais tipos de cursos e de oferta ............. 64 Tabela 7 - Perfil dos projetos de Cursos Técnicos Subsequentes do IFSC .............................. 81 Tabela 8 - Descrição das características pessoais da amostra de professores (n=14) .............. 85 Tabela 9 - Avaliação da Abordagem Ergon-EP pelos professores (média, moda e frequência) .................................................................................................................................................. 86 Tabela 10 - Avaliação da Ergon-EP por professores de cursos técnicos.................................. 88 Tabela 11 - Descrição das características pessoais da amostra de gestores e formadores de professores (n=11) .................................................................................................................... 92 Tabela 12 - Avaliação da Abordagem Ergon-EP pelos gestores e formadores de professores da Educação Profissional (média, moda e frequência) ................................................................. 94 Tabela 13 - Avaliação da Ergon-EP por gestores e formadores de professores da Educação Profissional ............................................................................................................................... 95 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CBO Classificação Brasileira de Ocupações CNCT Catálogo Nacional de Cursos Técnicos CNE Conselho Nacional de Educação LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ............................................ 15 1.2 PRESSUPOSTOS E OBJETIVOS DO TRABALHO ............................................... 18 1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 19 1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................. 19 1.3 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA .......................................................................... 19 1.3.1 Aderência à Engenharia de Produção .................................................................... 22 1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................... 22 1.5 INEDITISMO DO TRABALHO ............................................................................... 24 1.6 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ................................................................... 24 1.7 ESTRUTURA DA TESE ........................................................................................... 25 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 26 2.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL .......................................................... 26 2.2 CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS NO BRASIL .......................................... 27 2.3 ANÁLISE DA ATIVIDADE ..................................................................................... 35 2.4 ANÁLISE DA ATIVIDADE APLICADA À CONCEPÇÃO DE FORMAÇÕES PROFISSIONAIS ..................................................................................................................... 42 2.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O REFERENCIAL TEÓRICO ................................... 45 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 47 3.1 ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS ............ 47 3.2 ANÁLISE DOS PROJETOS DE CURSOS TÉCNICOS .......................................... 48 3.3 CONSTRUÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP................................................... 50 3.4 AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP ...................................................... 52 4 RESULTADOS: O PROCESSO DE CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS 55 4.1 A PARTICIPAÇÃO DE TRABALHADORES DA ÁREA NA CONCEPÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS .............................................................................................................. 59 4.2 AS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A PROFISSÃO .................................... 61 4.3 A DEFINIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS QUE ORIENTAM O PROJETO DO CURSO ............................................................................................................ 63 4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE CONCEPÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS SUBSEQUENTES ............................................................................................... 66 5 RESULTADOS: A ATIVIDADE DE TRABALHO NOS PROJETOS DE CURSOS TÉCNICOS ............................................................................................................ 70 5.1 EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES-TRABALHADORES..... 70 5.2 PERFIL DOS PROFESSORES DO CURSO ............................................................ 72 5.3 PRÁTICA PROFISSIONAL INTRÍNSECA AO CURRÍCULO .............................. 73 5.4 TURNO E DURAÇÃO DOS CURSOS .................................................................... 76 5.5 COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS ....................................................................... 78 5.6 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ............................................................ 79 5.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ATIVIDADES DE TRABALHO NOS CURSOS TÉCNICOS SUBSEQUENTES ............... 80 6 RESULTADOS: A ABORDAGEM ERGON-EP .................................................. 84 6.1 AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP ...................................................... 84 6.1.1 Avaliação por professores de cursos técnicos ........................................................ 84 6.1.2 Avaliação por gestores e formadores de professores da educação profissional . 91 6.2 A ABORDAGEM ERGON-EP.................................................................................. 98 6.2.1 Etapa 1: formação da equipe ................................................................................. 100 6.2.2 Etapa 2: pré-análise................................................................................................ 102 6.2.3 Etapa 3: análise da atividade .................................................................................105 6.3 Considerações sobre a abordagem Ergon-EP ........................................................... 112 7 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 113 7.1 Trabalhos futuros ...................................................................................................... 115 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 117 APÊNDICE A – Roteiro das entrevistas com os(as) professores(as) ................. 127 APÊNDICE B – Questões utilizadas para a avaliação da Ergon-EP pelos especialistas ............................................................................................................. 128 APÊNDICE C – Dados gerais dos projetos de cursos técnicos analisados ....... 130 APÊNDICE D – Apresentação da Ergon preparada para os avaliadores ........ 150 APÊNDICE E – Exemplo de Proposta de Análise da Atividade ....................... 156 ANEXO A – Formulário de Projeto Pedagógico de Curso Técnico .................. 159 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA A relação dos brasileiros com o trabalho é marcada por uma história de mais de 300 anos de escravidão. Essa herança ainda hoje é sentida nas relações de trabalho do país, principalmente na desvalorização do trabalho técnico e do trabalhador chamado (preconceituosamente) “manual”. É comum adjetivar dessa forma um trabalho ou um trabalhador em um país no qual por vários séculos grande parte do trabalho foi feito por pessoas escravizadas, que não eram mesmo consideradas como seres humanos. Olhar para o trabalho nesse contexto é um desafio, pois estão aí envolvidas questões muito profundas da história brasileira. Porém, ele é um assunto que merece destaque e que precisa de atenção. Uma das maneiras de “olhar” para a questão do trabalho é por meio da formação de trabalhadores. E, dentro deste mundo, tem-se a educação profissional. O interesse atual pela formação profissional decorre de seu papel fundamental na implementação e no apoio de muitas mudanças técnicas e organizacionais (DELGOULET et al., 2012). No Brasil, esse interesse pode ser percebido mediante o crescimento da educação profissional nos diversos níveis, representado também pela instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, em 2008. Essa Rede, constituída pelos Institutos Federais, Centros Federais de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; e Colégio Pedro II, somava, até 2002, 140 unidades, e alcançou, em 2016, 644 unidades, distribuídas em 568 municípios do país (MEC, 2016b). Segundo Moraes (2016), a Rede representa a principal aposta educacional do Estado brasileiro nas últimas décadas. Ela alcançou, em 2018, quase um milhão de matrículas, considerando todos os cursos oferecidos; apenas em cursos técnicos, foram mais de 500.000 (MEC/SETEC/DDR, 2019). Contudo, altas taxas de evasão e baixa frequência dos alunos são problemas que acompanham esta Rede desde os seus primeiros anos (MORAES, 2016). A evasão escolar na educação técnica é uma das razões mais significativas para as baixas qualificação e habilitação profissionais de jovens que tentam ingressar no mercado de trabalho (DORE; LÜSCHER, 2011). Ferreira e Zapelini (2004) acreditam que cursos de formação profissional com currículos 16 mais flexíveis e mais sintonizados com o mercado de trabalho podem ter menores índices de evasão e reprovação escolar. Os autores afirmam que, para acompanhar as inovações tecnológicas, é necessário – além de atualizar laboratórios, capacitar recursos humanos e adequar metodologias de ensino – atualizar os projetos de cursos. Barato (2002) afirma que as escolas têm um papel de capacitar para o trabalho; que alunos e sociedade em geral esperam que elas preparem trabalhadores para um trabalho mutante, flexível, inventivo e que exige aprendizagem contínua. Rocha, Amaral e Bruneliere (2013) também apontam a necessidade de uma aproximação entre as escolas brasileiras com o mercado de trabalho para ampliar os períodos de contato dos estudantes com sua área de formação. Para Moraes (2016), cursos que não tenham correspondência direta com o mundo do trabalho representam uma distorção do projeto nacional de Educação Profissional tecnológica. Mayen (2015, p. 204) afirma que “os programas de formação profissional são geralmente concebidos com base em conhecimento científico e tecnológico ou procedimentos e protocolos prescritos, negligenciando o que os ergonomistas chamam de ‘trabalho real’.” Em Ergonomia, a distinção entre trabalho prescrito e trabalho real é fundamental. E, para Delgoulet e Vidal-Gomel (2016), uma formação profissional concebida a partir do trabalho prescrito ou idealizado não oferece aos estudantes os meios para que eles consigam gerenciar os aspectos do trabalho real. Chatigny e Vézina (2008) entendem que a análise do métier é indispensável para definir os dispositivos de ensino deste. “A verdadeira especificidade da ergonomia (sobretudo a dita ‘de língua francesa’) surge com a introdução da distinção tarefa/atividade. O trabalho real ganha ali os seus títulos de nobreza (e o trabalho prescrito vê-se ali acusado, por vezes, de rusticidade tacanha).” (MONTMOLLIN; DARSES, 2011, p. 52). A atividade, ou o trabalho real, vai além do que é prescrito. Nela, são encontradas as estratégias que os trabalhadores utilizam para realizar o seu trabalho, ou sua obra (ergon) pessoal, como afirmam Guérin et al. (2001). Encontram-se, também, as ferramentas utilizadas, as matérias-primas (com seus defeitos inesperados, em quantidades não previstas, qualidade distinta do usual etc.); identificam-se as relações que o trabalhador estabelece para alcançar os resultados esperados (seja por ele, seja pela empresa) de seu trabalho, entre outros aspectos que são conhecidos apenas por meio de observação das situações de trabalho. A análise da atividade de trabalho é um instrumento de medida da distância entre trabalho prescrito e trabalho real, segundo Wisner (1987). Ouellet e Vézina (2015) constatam 17 que, para produzir formações representativas do trabalho real e fomentar o desenvolvimento de know-how por meio da formação, será sempre necessário descrever e compreender todos os componentes da atividade de trabalho. De acordo com Montmollin (1974), a análise da atividade determina o conteúdo e as técnicas pedagógicas a serem adotadas na formação. Para Santos e Fialho (1995, p. 134), os objetivos de aprendizagem podem ser fixados a partir da análise da tarefa e das atividades de trabalho “para que a formação adquirida pelo trabalhador seja diretamente utilizável numa determinada situação de trabalho.” Diversos estudos demonstraram que a análise da atividade pode ser utilizada, na formação profissional, para conceber cursos que tenham, nas palavras de Moraes (2016), correspondência direta com o mundo do trabalho (OUELLET, VÉZINA, 2015; WISNER, 2004; OUELLET, 2009; CHATIGNY, OUELLET, VÉZINA, 2018; FOURNIER, 2003). Contudo, não se encontrou uma referência que a adapte ao contexto da educação profissional brasileira e, mais especificamente, à concepção de cursos técnicos, principal tipo de curso ofertado pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, objeto de estudo desta tese. Sendo o trabalho o princípio educativo na educação profissional técnica (CNE/CEB, 2012b), ele deve representar a principal inspiração para a concepção de cursos, tornando-os mais alinhados à realidade do trabalho e significativos para os estudantes, futuros ou atuais trabalhadores. Para isso, o primeiro passo nesse processo deveria ser compreender a atividade de trabalho. Os documentos de referênciada educação profissional brasileira, apesar de orientarem as instituições nesse sentido, não propõem uma maneira de analisar a atividade de trabalho para compreendê-lo e, a partir dele, conceber os cursos. Nesse sentido, esta pesquisa pretende responder à seguinte pergunta: Durante a concepção dos cursos técnicos, a Análise da Atividade pode contribuir para a redução da distância entre a educação profissional e o trabalho real? Esta questão pode ser corroborada com: A análise das competências dos operadores (que incluem os conhecimentos, o saber- fazer, os metaconhecimentos etc., mobilizados relativamente a uma dada tarefa) é ligada à análise da atividade, na medida em que essas competências são identificadas e descritas a partir das atividades, e não assimiladas a pré-requisitos (descritos numa ficha de posto ou num referencial-profissão, por exemplo). Seria vão procurar 18 discernir essas competências antes de uma análise, interrogando os operadores fora da sua atividade e ainda menos interrogando a hierarquia (nessa altura estaríamos antes num caso de análise das ‘exigências da tarefa’) (MONTMOLLIN; DARSES, 2011, p. 60-61). É necessário continuar a comprovar sua eficácia [da análise da atividade] para que as más condições de trabalho não sejam mais consideradas inevitáveis, como um preço necessário a ser pago para assegurar o desenvolvimento do sistema de produção (GUÉRIN et al., 2001, p. 192). O primeiro objetivo da ergonomia (conforto e saúde) deve, portanto, ser entendido como a pesquisa de condições que não somente evitem a degradação da saúde, mas que também favoreçam a sua construção. [...] O objetivo do ergonomista é analisar os conhecimentos, melhorar as formações e definir as ajudas apropriadas. Trata-se de manter a dupla homem-sistema num equilíbrio não patológico (FALZON, 2004, p. 231). O próprio da ergonomia está no seu ponto de vista: o que a distingue de todos os outros estudos sobre o trabalho é que o trabalho não lhe é um domínio de aplicação, nem mesmo de investigação, mas o objeto mesmo de sua abordagem. Daí, tudo o que influencia significativamente o trabalho ser pertinente para compreender ao que e como o homem responde ‘operando’ (HUBAULT, 2004, p. 125). 1.2 PRESSUPOSTOS E OBJETIVOS DO TRABALHO Pretendendo propor uma solução para o problema de pesquisa definido, tem-se como pressuposto deste trabalho: A utilização sistemática da Análise da Atividade no processo de concepção de cursos técnicos permite incorporar neles as características das atividades de trabalho, contribuindo para a redução da distância entre a educação profissional e o trabalho real. Utiliza-se aqui a ideia encontrada em Montmollin e Darses (2011, p. 21) de as análises do trabalho terem, além dos objetivos clínicos, também um objetivo geral. Neste trabalho, propõe-se que a formação de trabalhadores seja construída com base na Análise da Atividade. Esta instrumentalizará a identificação das competências e de demais aspectos dos projetos de curso, a fim de incorporar a eles as características das atividades de trabalho dos técnicos. 19 1.2.1 Objetivo geral Propor uma abordagem metodológica para auxiliar os educadores no processo de concepção de cursos técnicos alinhados ao trabalho real, utilizando os preceitos da ergonomia da atividade. 1.2.2 Objetivos específicos • Descrever o processo de concepção dos cursos técnicos. • Descrever como os professores integram as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. • Verificar como os projetos de cursos técnicos apresentam as características da formação técnica a ser adquirida. • Definir os passos necessários para a integração das características das atividades de trabalho no processo de desenvolvimento dos projetos de cursos técnicos. • Avaliar a abordagem metodológica proposta. 1.3 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA Esta pesquisa surgiu do interesse em oferecer aos trabalhadores da Educação Profissional uma ferramenta que os auxilie em uma de suas atividades: a concepção de cursos. Essa atividade, apesar de eventual, tem influência significativa em todo o trabalho desses educadores, pois os projetos orientam suas ações cotidianas; eles constituem, juntamente com demais documentos institucionais e externos à instituição, a tarefa prescrita. Para frisar a importância da tarefa, recorre-se a Montmollin e Darses (2011, p. 71), segundo os quais “a análise da atividade não é um fim em si. É apenas um meio (indispensável) para conceber ou modificar a tarefa. É portanto esta, sem dúvida modificada mas sempre prescrita, que terá a última palavra.” A experiência da pesquisadora na educação profissional e, especificamente, na elaboração de projetos de cursos técnicos e no processo de Harmonização Curricular do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), despertou para a problemática abordada na tese. 20 Este processo, iniciado em 2015, promoveu um debate institucional acerca dos projetos de cursos técnicos. Teve a participação de servidores de todos os campi do IFSC, professores e técnico-administrativos, que refletiram sobre os cursos técnicos, trabalhando intensamente na elaboração dos projetos pedagógicos de curso (PPC). Percebeu-se, na Harmonização Curricular, que as equipes que constroem os PPCs carecem de ferramentas que as auxiliem tanto na definição das competências profissionais quanto nas demais decisões relativas aos cursos. Os professores muitas vezes estão afastados das profissões que eles ensinam na escola. (MORAES, 2016). Esse distanciamento pôde ser percebido durante o processo de elaboração dos projetos de cursos e se traduz em desafios significativos para os professores quando deparados com tarefas como a definição do perfil profissional de conclusão, das competências profissionais, do tipo de oferta, entre outras. Contudo, vê-se também uma dedicação intensa a essas tarefas e ao trabalho docente como um todo, assinalando a utilidade que pode ter uma ferramenta que auxilie na elaboração dos PPCs, trazendo os aspectos do trabalho. A pesquisa também é motivada pela importância do trabalho para a sociedade e para os indivíduos, importância que influencia a educação profissional, formação para o trabalho. Montmollin (1974, p. 81), apesar de tratar da formação na empresa, diz que uma formação bem- sucedida é aquela que tem objetivos no trabalho e que os atinja. Essa formação, segundo o autor, modifica o trabalho; “os homens mudam e passam a fazer outra coisa de outra maneira; as estruturas devem ser adaptadas; as hierarquias são questionadas.” Transformar o trabalho é a principal finalidade da ação ergonômica (GUÉRIN et al., 2001); logo, uma formação preocupada em modificar o trabalho estabelece relação direta com a Ergonomia e seus objetivos. O trabalho é entendido aqui como a unidade de três realidades: a atividade, as condições e o resultado da atividade, e que tem, ao mesmo tempo, uma dimensão pessoal e um caráter socioeconômico, conforme sugerido por Guérin et al. (2001). “O trabalho proporciona ao ser humano um meio para se envolver no ambiente em que vive, para imprimir sua marca no mundo.” (ROSE, 2007, p. 317). Sendo assim, a educação profissional, compreendida, segundo Wollinger (2016), como perspectiva de atividade profissional qualificada, rentável, emancipatória e possibilidade de mobilidade social, é um tema a ser explorado na pesquisa científica brasileira, pois representa uma tentativa de transformar o trabalho e a vida dos trabalhadores. O trabalho, para Ferreira (2004, p. 60), merece ser colocado no centro do debate científico. A autora afirma que “nunca 21 se trabalhou tanto no mundo – somos quase 3 bilhões de trabalhadores. E também nunca se sofreu tanto no trabalho, seja pelos seus excessos ou pela sua falta.” Esta pesquisa, inseridana área de Ergonomia do Programa de Pós-Graduação de Engenharia de Produção, ao oferecer uma maneira de aproximar a educação profissional e o setor produtivo, pode ser aplicada a contextos diversos, desde a formação inicial de trabalhadores até a educação superior – “a rigor totalmente educação profissional, pois todos os egressos desses cursos deverão ir ao mercado de trabalho” – pois sua preocupação é com a formação para o trabalho (WOLLINGER, 2016, p. 185). A proposição de uma abordagem metodológica para a integração das características das atividades de trabalho nos cursos técnicos justifica-se, também, pela necessidade de subsidiar os professores na execução desse trabalho. Falta aos professores da educação profissional contato com o trabalho real e com o setor produtivo. Para Moraes (2016), a dedicação exclusiva – regime de trabalho comum entre os professores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica – limita a atuação profissional fora da academia e cria dificuldades em todos os níveis educacionais, por estes carecerem de professores com prática profissional na área de suas docências. Experiência de trabalho prévia e ligação com a indústria são elementos-chaves que melhoram a qualidade do ensino na educação profissional (EUROPEAN COMISSION, 2012); contudo, reconectar o ensino à prática profissional real é uma questão desafiadora, segundo Boldrini e Cattaneo (2013). Uma abordagem metodológica que auxilie no alinhamento dos cursos técnicos ao trabalho pretende colaborar para que a educação profissional atue de maneira efetiva na melhoria das situações de trabalho, tanto do ponto de vista do aprendiz – atual ou futuro trabalhador – quanto das empresas. A atividade de trabalho tem consequências sobre os trabalhadores; elas podem ser negativas (alteração da saúde física, psíquica e social) ou positivas (aquisição de novos conjuntos de conhecimentos, enriquecimento da experiência, aumento na qualificação). (GUÉRIN et al., 2001). A educação profissional, ao conhecer o trabalho e conceber projetos baseados nele, tem o potencial de transformá-lo e de contribuir para que as consequências da atividade de trabalho sobre os trabalhadores sejam, o máximo possível, positivas. 22 1.3.1 Aderência à Engenharia de Produção Este trabalho tem aderência ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, pois trata da formação profissional, tema ligado à Ergonomia. Ele insere-se na corrente da Ergonomia como análise global das situações de trabalho, visando a melhorá-las, conforme conceituado por Montmollin e Darses (2011, p. 11). A melhoria global da situação de trabalho pode ser alcançada por meio de “uma melhor concepção do dispositivo técnico, mas também dos procedimentos de trabalho, pela transformação da organização e pelo desenvolvimento das competências dos trabalhadores”. A Ergonomia diz respeito “a todos aqueles que têm de conceber uma máquina ou uma instalação, que têm que organizar um trabalho, e também àqueles que têm que executá-lo, aprendê-lo ou ensiná-lo.” (ibidem, p. 8). De acordo com Wisner (1987), as recomendações resultantes de uma análise do trabalho dirigem-se normalmente à concepção do posto de trabalho e à formação do trabalhador que o utiliza. O desenvolvimento das competências dos trabalhadores é, portanto, uma preocupação da Ergonomia. De acordo com Weill-Fassina e Pastré (2007, p. 185), “o principal meio para auxiliar na construção das competências é a formação”. Para que ocorra de forma sistemática, a formação profissional deve ser fruto de um projeto elaborado a partir das características da atividade de trabalho. O escopo da pesquisa está relacionado a duas linhas de pesquisa do Programa: Gestão Ergonômica da Produção e Ergonomia na Saúde e Segurança no Trabalho. O desenvolvimento de competências profissionais envolve a busca pela compreensão da atividade humana de trabalho e aplicação destes conhecimentos à adequação das situações de trabalho. Além disso, o trabalhador, por meio da formação, pode adquirir competências relacionadas à sua segurança e saúde no trabalho, indispensáveis para que este realize sua atividade. 1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO A formação profissional abordada nesta tese é do tipo escolar, que visa ao aprendizado de uma profissão, e não aquela que ocorre na empresa. No Brasil, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é uma das referências em formação profissional do tipo escolar. Entre os seis objetivos das instituições que compõem esta Rede, o primeiro deles é 23 ministrar educação profissional técnica de nível médio. Do total de vagas ofertadas nessas instituições, no mínimo 50% devem ser destinadas aos cursos técnicos. Segundo Moraes (2016, p. 2), a educação profissional, e especialmente a oferta de cursos técnicos, é um “poderoso motor de desenvolvimento para a sociedade brasileira”. Nesse sentido, definiu-se limitar este trabalho ao estudo dos projetos de cursos técnicos, visto sua relevância na oferta da Rede Federal. Adverte-se, ainda, que esta Rede não é a única responsável pela oferta de cursos técnicos no país. Os Serviços Nacionais de Aprendizagem, criados a partir da década de 1940, desempenham papel relevante na oferta de educação profissional brasileira (CORDÃO; MORAES, 2017). Os cursos técnicos podem ser oferecidos de forma articulada ou subsequente ao ensino médio. A primeira pode ser: integrada, ofertada de modo a conduzir o estudante à habilitação profissional técnica ao mesmo tempo em que conclui o ensino médio, com matrícula única na mesma instituição de ensino; ou concomitante, quando o estudante faz o ensino médio e o curso técnico ao mesmo tempo, mas tem matrículas distintas para ambos, seja em unidades de ensino da mesma instituição ou em distintas instituições de ensino. A forma concomitante pode ser desenvolvida simultaneamente em distintas entidades, mas integrada no conteúdo, mediante convênio ou acordo de intercomplementaridade, para a execução de projeto pedagógico unificado. Os cursos técnicos subsequentes, por sua vez, são oferecidos a estudantes que tenham concluído o ensino médio. A diferença na forma de oferta impacta fortemente no projeto de curso e, consequentemente, na sua concepção. Sendo assim, é difícil realizar uma análise em conjunto de projetos de cursos técnicos oferecidos de formas distintas. O processo de concepção destes também é bastante influenciado pela forma de oferta; por exemplo, um curso técnico integrado ao ensino médio pressupõe a participação de professores das diversas disciplinas da educação básica (matemática, português, biologia, história etc.). Por outro lado, na concepção de um curso técnico subsequente a presença desses educadores dependerá de necessidades específicas relacionadas à profissão em questão. Isto posto, optou-se por delimitar o escopo da pesquisa aos cursos técnicos subsequentes. Entretanto, mesmo este trabalho tendo como delimitação o estudo dos cursos técnicos subsequentes, pretende-se que ele possa ser aplicado a outros tipos de oferta ou mesmo a outros tipos de cursos da educação profissional. 24 1.5 INEDITISMO DO TRABALHO Em uma revisão da literatura sobre o desenvolvimento de projetos de formação na educação profissional, foram encontradas pesquisas que tratam das competências profissionais, da formação interprofissional, da importância das atividades práticas e autênticas, do desenvolvimento de uma atitude colaborativa (GRUBER et al., 2019). Quando se relacionam o desenvolvimento de projetos de formação à ergonomia, as pesquisas encontradas abordam temas como usabilidade, acessibilidade, design centrado no usuário, customização (GRUBER, VERGARA, GONTIJO, no prelo). Não foram encontradas, em ambas as buscas, estudos que demonstrassem a aplicação da análise da atividade na concepção de cursosda educação profissional, considerando o contexto brasileiro. Na literatura científica de língua francesa, encontram-se pesquisas que tratam sobre a análise da atividade utilizada na concepção de formações profissionais. É o caso dos trabalhos de Ouellet e Vézina (2015), Ouellet (2009), Chatigny, Ouellet e Vézina (2018) e Fournier (2003). Apesar de servirem de inspiração para esta tese, estes trabalhos são voltados para o contexto da formação profissional realizada em serviço, nas empresas. Na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações não foram encontrados, em uma busca pelos termos “Ergonomia”, “Análise do Trabalho” ou “Análise Ergonômica do Trabalho” combinados com “Educação Profissional”, “Formação Profissional”, “Cursos Técnicos” ou “Formação Técnica”, trabalhos com o mesmo objetivo desta tese. No âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC, algumas pesquisas preocuparam-se com a aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho na formação profissional (BARCELOS, 1997, OROFINO, 2004, KRÜGER, 2002). Todavia, assim como os trabalhos em língua francesa supracitados, elas focaram no treinamento em serviço, enquanto esta tese tem como escopo a Educação Profissional. 1.6 DELINEAMENTO METODOLÓGICO Esta pesquisa é caracterizada como aplicada, uma vez que tem como objetivo resolver um problema identificado no âmbito da sociedade em que a pesquisadora vive (GIL, 2010). As consequências de pesquisas aplicadas são palpáveis, e o fundamento lógico define algo que se 25 quer ou se precisa fazer (BOOTH; COLOMB; WILLIAMS, 2005). Neste caso, o que se precisa fazer é integrar as características das atividades de trabalho nos cursos técnicos. Em relação à natureza dos dados, esta pesquisa classifica-se como qualitativa. Para alcançar os primeiros objetivos específicos, descrever o processo de concepção dos cursos técnicos e detalhar como os professores integram as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos, a técnica escolhida foi a entrevista semiestruturada. Para identificar características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos, optou-se pela pesquisa documental, a partir da busca e análise de projetos de cursos. A partir desses estudos e da revisão da literatura, principalmente aquela relativa à Análise da atividade, foi elaborada uma proposta de abordagem metodológica, a Ergon-EP, para ser utilizada pelos professores da Educação Profissional na concepção de cursos técnicos. Após a criação da Abordagem, sua avaliação foi realizada por especialistas, utilizando um formulário on-line. 1.7 ESTRUTURA DA TESE A tese está organizada em seis capítulos, sendo o primeiro deles esta introdução. O segundo capítulo apresenta o referencial teórico que sustenta a proposta, no qual se encontram quatro seções principais: educação profissional no Brasil, concepção de cursos técnicos no Brasil, análise da atividade e sua aplicação para a concepção de formações profissionais. No capítulo três estão detalhados os procedimentos metodológicos. Os capítulos quatro, cinco e seis apresentam os resultados da pesquisa: o diagnóstico sobre a concepção dos cursos técnicos, elaborado com base em entrevistas semiestruturadas realizadas junto a professores da educação profissional; a análise dos projetos de cursos técnicos atuais, destacando as características das atividades de trabalho presentes neles; e, no capítulo seis, é apresentada a Abordagem Ergon- EP, proposta desta tese. Nesse capítulo encontra-se a avaliação da Abordagem metodológica realizada por especialistas da educação, entre eles, professores, gestores e formadores de professores. Por fim, o capítulo sete traz as conclusões do trabalho. 26 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para auxiliar na compreensão do problema de pesquisa e orientar seu desenvolvimento, foram pesquisadas referências sobre a educação profissional no Brasil, a concepção de cursos técnicos no país, a análise da atividade e sua aplicação para a elaboração de formações profissionais. 2.1 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL No Brasil, a educação profissional é orientada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), por resoluções do CNE, bem como por documentos que apresentam as diferentes formações profissionais que podem ser oferecidas pelas instituições de ensino, os Catálogos Nacionais de Cursos. A LDB dedica um capítulo à educação profissional, a qual se integra aos diferentes níveis (básico e superior, segundo a mesma Lei) e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. Segundo esta Lei, os cursos da educação profissional podem ser: I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – de educação profissional técnica de nível médio; III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação. Além disso, ela define que a educação profissional “será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho”; também que “o conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.” (BRASIL, 1996, grifos nossos). A Constituição Federal “situa a Educação Profissional e Tecnológica na confluência de dois direitos fundamentais do cidadão: o direito à educação e o direito ao trabalho” (CNE/CEB, 2012a, p. 18). A educação profissional técnica, foco desta pesquisa, pode ser entendida como: Importante estratégia para que os cidadãos [...] tenham efetivo acesso às conquistas científicas e tecnológicas da sociedade contemporânea [...]. Ela tem sua centralidade no sujeito e suas relações sociais e com o meio ambiente, inserido num mundo do trabalho do qual se retiram os meios de vida e se realizam como pessoas e como cidadãos (CNE/CEB, 2012a, p. 38). 27 Vê-se neste conceito de educação profissional uma estreita relação com os preceitos da ergonomia. Segundo Guérin et al. (2001, p. 1, grifo nosso), a transformação do trabalho, finalidade primeira da Ergonomia, visa contribuir para a “concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos operadores, e nas quais estes possam exercer suas competências ao mesmo tempo num plano individual e coletivo e encontrar possibilidades de valorização de suas capacidades.” O planejamento curricular da educação profissional, segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE) (CNE/CEB, 2012a, p. 46): Fundamenta-se no compromisso ético da instituição educacional em relação à concretização do perfil de conclusão do curso, definido pela explicitação dos conhecimentos, saberes e competências profissionais requeridos pela natureza do trabalho. Para isso, o perfil deve ser definido a partir da análise dos atributos que compõem as diferentes profissões [...]. Essas propostas educativas devem atender às demandas dos sujeitos, da sociedade e do mundo do trabalho, além de levar em conta as condições e exigências locais e regionais, bem como a vocação e a capacidade de atendimento da instituição. Portanto, o trabalho deve ser a fonte primária de dados para o planejamento da educação profissional. Dito de outro modo: “o trabalho sugere uma educação que dele nasça.” (CORDÃO, 2017). É no trabalho que os criadores dos projetos de cursos da educação profissional devem buscar desde informações sobre o perfil dos estudantes e trabalhadores da área até a definição das competências profissionais. Wesselink et al. (2017) afirmam que a educação baseada em competências, como a educação profissional brasileira pretende ser, é uma inovação popular na educação profissional em tantos países, porque se espera que ela faça a educação mais autêntica e atrativa para os estudantes.2.2 CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS NO BRASIL As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Resolução nº 6 de 2012) definem como finalidade dos cursos técnicos: “proporcionar ao estudante conhecimentos, saberes e competências profissionais necessários ao exercício profissional e da cidadania, com base nos fundamentos científico-tecnológicos, sócio-históricos e culturais.” (CNE/CEB, 2012b, p. 2). 28 As Diretrizes explicitam alguns aspectos relacionados à vinculação dos cursos técnicos ao trabalho. Citam que a prática profissional possibilita ao educando enfrentar o desafio do desenvolvimento da aprendizagem permanente, e compreende diferentes situações de vivência, aprendizagem e trabalho, como experimentos e atividades específicas em laboratórios, oficinas, empresas pedagógicas, ateliês, e investigação sobre atividades profissionais, projetos de pesquisa e/ou intervenção, visitas técnicas, simulações, observações. “O estágio profissional supervisionado, quando necessário em função da natureza do itinerário formativo, ou exigido pela natureza da ocupação, pode ser incluído no plano de curso como obrigatório ou voluntário, sendo realizado em empresas e outras organizações públicas e privadas.” (CNE/CEB, 2012b, p. 7). Contudo, a carga horária do estágio deve ser adicionada à carga horária mínima estabelecida pelo Conselho Nacional de Educação ou prevista no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos para a duração do curso técnico (CNE/CEB, 2012b). Em relação às modalidades de oferta, as Diretrizes estabelecem a possibilidade de os cursos técnicos serem oferecidos, além da forma presencial, na modalidade a distância. Entretanto, no mínimo 20% da carga horária total do curso devem ocorrer presencialmente; no caso dos cursos na área da saúde, esse percentual aumenta para 50%. Os cursos presenciais também podem ter 20% de sua carga horária diária composta por atividades não presenciais (CNE/CEB, 2012b). Além da legislação, tem-se o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), que deve “subsidiar as instituições educacionais na elaboração dos perfis profissionais de conclusão, bem como na organização e no planejamento dos cursos técnicos de nível médio e correspondentes qualificações profissionais e especializações técnicas de nível médio” (CNE/CEB, 2012b, p. 6). As descrições fornecidas no CNCT foram elaboradas “em regime de colaboração com os sistemas de ensino, instituições de educação profissional e tecnológica, ministérios e órgãos relacionados ao exercício profissional”. (MEC, 2016a). Para ilustrar o conteúdo do Catálogo, o Quadro 1 apresenta exemplos de descrições de Cursos Técnicos extraídos dele, detalhando o perfil profissional de conclusão e os campos de atuação, e na Figura 1 está um exemplo do que se encontra no Catálogo para cada curso técnico. Quadro 1 - Exemplo dos descritivos apresentados no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos Curso Perfil profissional de conclusão Campo de atuação Enfermagem Realiza curativos, administração de medicamentos e vacinas, nebulizações, banho de leito, mensuração antropométrica Hospitais. Unidades de pronto atendimento. Unidades básicas de saúde. Clínicas. Home care. Centros de diagnóstico por imagem e 29 e verificação de sinais vitais. Auxilia a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação no processo saúde-doença. Prepara o paciente para os procedimentos de saúde. Presta assistência de enfermagem a pacientes clínicos e cirúrgicos e gravemente enfermos. Aplica as normas de biossegurança. análises clínicas. Consultórios. Ambulatórios. Atendimento pré-hospitalar. Instituições de longa permanência. Organizações militares. Eletromecânica Planeja, projeta, executa, inspeciona e instala máquinas e equipamentos eletromecânicos. Realiza usinagem e soldagem de peças. Interpreta esquemas de montagem e desenhos técnicos. Realiza montagem, manutenção e entrega técnica de máquinas e equipamentos eletromecânicos. Realiza medições, testes e calibrações de equipamentos eletromecânicos. Executa procedimentos de controle de qualidade e gestão. Indústrias com linhas de produção automatizadas, aeroespaciais, automobilística, metalomecânica e plástico. Indústrias de transformação e extrativa em geral. Empresas de manutenção e reparos. Empresas que atuam na instalação, manutenção, comercialização e utilização de equipamentos e sistemas eletromecânicos. Grupos de pesquisa que desenvolvam projetos na área de eletromecânica. Laboratórios de controle de qualidade, calibração e manutenção. Fonte: MEC (2016a). Figura 1 - Exemplo do conteúdo do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. Fonte: MEC (2016a). 30 Segundo o CNE (CNE/CEB, 2012b, p. 2), os Catálogos Nacionais de Cursos e a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)1 são “as bases para o planejamento de cursos e programas de Educação Profissional, conforme itinerários formativos, por parte das instituições de Educação Profissional e Tecnológica”. Nas Diretrizes, ainda é destacado o caso das profissões regulamentadas, para as quais “o perfil profissional de conclusão deve considerar e contemplar as atribuições funcionais previstas na legislação específica referente ao exercício profissional fiscalizado”. (CNE/CEB, 2012b, p. 5). As Diretrizes Curriculares para os cursos técnicos apresentam os seguintes critérios para o planejamento e a organização desses cursos: I - atendimento às demandas socioeconômico-ambientais dos cidadãos e do mundo do trabalho, em termos de compromisso ético para com os estudantes e a sociedade; II - conciliação das demandas identificadas com a vocação e a capacidade da instituição ou rede de ensino, em termos de reais condições de viabilização da proposta pedagógica; III - possibilidade de organização curricular segundo itinerários formativos, de acordo com os correspondentes eixos tecnológicos2, em função da estrutura sócio- ocupacional e tecnológica consonantes com políticas públicas indutoras e arranjos socioprodutivos e culturais locais; IV - identificação de perfil profissional de conclusão próprio para cada curso, que objetive garantir o pleno desenvolvimento de conhecimentos, saberes e competências profissionais e pessoais requeridas pela natureza do trabalho, segundo o respectivo eixo tecnológico, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica e em condições de responder, de forma original e criativa, aos constantes desafios da vida cidadã e profissional (CNE/CEB, 2012b, p. 5). Além disso, encontra-se nas Diretrizes o conteúdo mínimo obrigatório dos planos de cursos: identificação do curso; justificativa e objetivos; requisitos e formas de acesso; perfil profissional de conclusão; organização curricular; critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores; critérios e procedimentos de avaliação; biblioteca, 1 “A CBO é o documento normalizador do reconhecimento, da nomeação e da codificação dos títulos e conteúdos das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. É ao mesmo tempo uma classificação enumerativa e uma classificação descritiva” (MTE, 2019). São conteúdos da CBO, em relação à cada ocupação apresentada: descrição sumária, histórico de ocupações, característica de trabalho (incluindo “condições gerais de exercício” e “formação e experiência”), áreas de atividade, competências pessoais, recursos de trabalho. 2 Os cursos e programas de Educação Profissional Técnica de Nível Médio são organizados por eixos tecnológicos. São eles: Ambiente e Saúde; Controle e Processos Industriais; Desenvolvimento Educacional e Social; Gestão e Negócios; Informação e Comunicação; Infraestrutura; Militar; Produção Alimentícia; Produção Cultural e Design; Produção Industrial; Recursos Naturais; Segurança; Turismo, Hospitalidade e Lazer (MEC, 2016a). 31instalações e equipamentos; perfil do pessoal docente e técnico; certificados e diplomas a serem emitidos. Segundo este documento, a organização curricular deve explicitar: componentes curriculares de cada etapa, com a indicação da respectiva bibliografia básica e complementar; orientações metodológicas; prática profissional intrínseca ao currículo, desenvolvida nos ambientes de aprendizagem; estágio profissional supervisionado, em termos de prática profissional em situação real de trabalho, assumido como ato educativo da instituição educacional, quando previsto. As Diretrizes apresentam como passos para o planejamento da organização curricular dos cursos técnicos: I - adequação e coerência do curso com o projeto político-pedagógico e com o regimento da instituição de ensino; II - adequação à vocação regional e às tecnologias e aos avanços dos setores produtivos pertinentes; III - definição do perfil profissional de conclusão do curso, projetado na identificação do itinerário formativo planejado pela instituição educacional, com base nos itinerários de profissionalização claramente identificados no mundo do trabalho, indicando as efetivas possibilidades de contínuo e articulado aproveitamento de estudos; IV - identificação de conhecimentos, saberes e competências pessoais e profissionais definidoras do perfil profissional de conclusão proposto para o curso; V - organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares, projetos, núcleos temáticos ou outros critérios ou formas de organização, desde que compatíveis com os princípios da interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino e aprendizagem; VI - definição de critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem; VII - identificação das reais condições técnicas, tecnológicas, físicas, financeiras e de pessoal habilitado para implantar o curso proposto; VIII - elaboração do plano de curso a ser submetido à aprovação dos órgãos competentes do respectivo sistema de ensino; IX - inserção dos dados do plano de curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio, aprovado pelo respectivo sistema de ensino, no cadastro do Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), mantido pelo Ministério da Educação, para fins de validade nacional dos certificados e diplomas emitidos; X - avaliação da execução do respectivo plano de curso (CNE/CEB, 2012b, p. 7). No inciso IV deste artigo das Diretrizes é apresentada a necessidade de identificar as competências profissionais definidoras do perfil profissional de conclusão do curso. Como explicitado anteriormente, os documentos orientadores da educação profissional brasileira sugerem que ela seja baseada em competências. Segundo Barato (2002, p. 268), “a ideia de competência é uma ferramenta muito importante quando se quer considerar a relação ensino/trabalho.” O desenvolvimento das competências profissionais relaciona-se ao 32 desenvolvimento de técnicas, objetivo principal dos cursos técnicos. Para Vieira Pinto (2005 apud WOLLINGER, 2016, p. 29), “a técnica, qualquer que seja, é uma propriedade inerente e exclusiva do ser humano em sua ação sobre o mundo, exprimindo qualidade peculiar deste, como único ser capaz de consolidá-la em ações concretas, ferramentas, máquinas e sistemas.” O conceito de competências profissionais, conforme será apresentado a seguir, coloca o trabalhador como esse ser capaz de resolver os problemas colocados a ele no trabalho. No âmbito dos cursos superiores de tecnologia, o CNE define competência profissional como “a capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico.” (CNE/CP, 2002, p. 2). No Parecer que trata das Diretrizes Curriculares para os cursos técnicos, o CNE propõe que: As expressões ‘competência’ e ‘autonomia intelectual’, utilizadas de forma associada, devem ser entendidas como a capacidade de identificar problemas e desafios, visualizando possíveis soluções e tomando as decisões devidas, no tempo adequado, com base em seus conhecimentos científicos e tecnológicos e alicerçado em sua prática profissional e nos valores da cultura do trabalho (CNE/CEB, 2012a, p. 38). Em Mulder (2014, p. 3), a competência é definida como “a capacidade genérica, integrada e internalizada de entregar um desempenho efetivo sustentável (digno) (incluindo resolver problemas, inovar e gerar transformação) em um determinado domínio profissional, emprego, papel, contexto organizacional e tarefa.” Para Barato (2002, p. 238), competências são “saberes que compreendem um conhecimento capaz de produzir determinados desempenhos, assim como de assimilar e produzir informações pertinentes.” No âmbito da Ergonomia, Montmollin e Darses (2011, p. 100) afirmam que as competências “articulam, organizam e estruturam os saberes entre eles, com um objetivo de ação. [...] Subentendem a capacidade dos operadores para resolver os problemas que lhes são colocados cada dia durante as suas atividades de trabalho.” Elas “evoluem em função das situações, permitindo que os operadores adaptem as suas ações. Enriquecem-se durante a vida profissional, respondendo às transformações do ambiente de trabalho.” Para Weill-Fassina e Pastré (2007, p. 176), “as competências caracterizam a organização da atividade em contexto, a maneira em que ela é realizada”. Os autores destacam que a constatação fundadora da Ergonomia “em relação às distâncias entre ‘tarefa prescrita’ e ‘tarefa efetiva’ implica as competências profissionais.” Isto é, como sempre haverá uma diferença entre o trabalho 33 prescrito e o trabalho real, os trabalhadores acabam desenvolvendo competências para gerenciar esta distância e realizar sua atividade de trabalho. Para Tardif (2003), uma competência corresponde a um saber agir complexo que se apoia na mobilização e na utilização eficazes de uma gama de recursos. Segundo este autor, cada competência é essencialmente da ordem da ação, e sua implementação, em contexto de aprendizagem ou de trabalho, requer o uso criterioso dos recursos, considerando as características da situação. Kahn e Rey (2016) concluem, ao analisarem vários conceitos propostos na literatura sobre o assunto, que há um consenso sobre a ideia de que a competência apoia-se sobre recursos que o indivíduo deve possuir, mas que ela exige também a capacidade de mobilizar, entre esses recursos, aqueles que são pertinentes para lidar com situações singulares. Jonnaert (2011, p. 35) propõe uma trama conceitual da noção de competência (Figura 2) e define esse conceito a partir das seguintes constatações: Uma competência se desenvolve em situação e é o resultado do tratamento completo e socialmente aceito desta situação por uma pessoa ou um coletivo de pessoas em um contexto determinado. Este tratamento se estabelece sobre o campo de experiências vividas pelas pessoas em outras situações mais ou menos isomorfas àquela que está sendo tratada. Este tratamento se apoia sobre um conjunto de recursos, condicionantes e obstáculos e sobre ações; o sucesso deste tratamento é função da pessoa ou do coletivo de pessoas, de suas experiências de vida, de sua compreensão da situação, da própria situação e do contexto, dos recursos das próprias pessoas e daqueles disponíveis entre as circunstâncias da situação. A competência é o resultado deste processo temporal, complexo, dinâmico e dialético de tratamento; ela é específica à situação tratada com sucesso e pode ser adaptada a outras situações que são quase isomorfas à situação em questão e que pertencem à mesma família de situações. Nos conceitos supracitados, os termos capacidade edesempenho, associado por vezes aos adjetivos eficiente, eficaz e efetivo, são recorrentes. A palavra atividade, fulcral em Ergonomia, está nos conceitos de competência apresentados pelo CNE (2002; 2012a), por Montmollin e Darses (2011) e em Weill-Fassina e Pastré (2007). Nestas duas últimas referências, assim como em Mulder (2014), vê-se a competência profissional situada na “atividade em contexto”, “durante a atividade de trabalho”. Em Tardif (2003), Jonnaert (2011) e Kahn e Rey (2016) nota-se a competência em situação de trabalho, um conceito que pode ser bastante útil na concepção dos cursos técnicos. 34 Figura 2 - Trama conceitual da noção de competência Fonte: Jonnaert (2011). De forma geral, os conceitos colocam o trabalhador como uma pessoa capaz de resolver problemas que lhes são colocados – ou seja, problemas decorrentes das condições determinadas e dos resultados antecipados, inscritos no âmbito do trabalho prescrito – a fim de realizar sua atividade de trabalho, a qual, em conjunto com as condições reais e os resultados efetivos, representa o trabalho real (GUÉRIN et al., 2001). Além disso, verifica-se em Montmollin e Darses (2011) e em Weill-Fassina e Pastré que o desenvolvimento das competências profissionais ocorre no contexto do trabalho, ao longo da vida profissional. A formação profissional auxilia nesse processo, mas não o conclui. Nesse sentido, destaca-se que as competências que orientam a elaboração de um projeto de curso técnico são aquelas de entrada no mundo do trabalho, visto que seu desenvolvimento é progressivo e ocorre por meio da formação, da experiência pessoal e da experiência coletiva (MONTMOLLIN; DARSES, 2011). 35 2.3 ANÁLISE DA ATIVIDADE Neste trabalho, utiliza-se o termo “análise da atividade” para se referir à abordagem ergonômica de análise do trabalho, na qual se considera fundamental compreender o trabalho para transformá-lo – conforme o próprio título da obra de Guérin et al (2001), referência na ergonomia francesa, sugere. A análise da atividade, também conhecida como Análise Ergonômica do Trabalho (AET) ou apenas análise do trabalho, é, segundo Wisner (2004, p. 43), a “ferramenta essencial de orientação da intervenção ergonômica”. Optou-se por utilizar o termo “análise da atividade” aqui, pois ele traz em si o conceito essencial para esta abordagem: a atividade. Além disso, ele representa de maneira mais clara o tipo de análise do trabalho a que esta tese se refere: aquela que envolve, necessariamente, a observação de situações de trabalho para compreender o trabalho real. Para apresentar as contribuições das diversas obras referenciadas neste texto, no entanto, são utilizados os termos que cada um dos autores elege; por isso, os termos Análise do Trabalho, Análise Ergonômica do Trabalho e AET aparecem no decorrer do texto. Montmollin e Darses (2011, p. 52) afirmam que “analisar o trabalho é, numa primeira fase, fazer a distinção entre trabalho prescrito e trabalho real.” O trabalho prescrito, segundo os autores, “é aquilo que a hierarquia especifica formalmente, oralmente ou por escrito.” Por outro lado, o trabalho real é o que os trabalhadores realizam no cotidiano; e ele não corresponde ao trabalho prescrito. “A metodologia da análise do trabalho ergonômica, que é uma abordagem do trabalho real, aparece então como o instrumento de medida da distância entre trabalho prescrito e trabalho real.” (WISNER, 1987, p. 74). Guérin et al. (2001) destacam que a originalidade deste tipo de análise reside na articulação imediata – não subsequente, tampouco independente – das dimensões pessoais e socioeconômicas do trabalho, e na maneira como consegue isso. A análise da atividade revela na empresa aspectos do trabalho muitas vezes desconhecidos. Mostra a grande variedade das atividades dos operadores para manter a produção esperada: regulação de incidentes, escolha de informações pertinentes, antecipação e controle das ações, raciocínios apropriados a cada momento e em função de eventos diversos. Permite compreender como essa atividade, não aparente, está na origem dos gestos, esforços, posturas, deslocamentos e comunicações manifestas. Evidencia a maneira como ocorre a confrontação entre as características do trabalho e o funcionamento dos operadores, eles mesmos submetidos a 36 transformações permanentes ao longo do tempo. Explica de que modo essa confrontação incide nos operadores e na produção (GUÉRIN et al., 2001, p. 192). A característica principal da análise ergonômica do trabalho, de acordo com Wisner (2001), é introduzir o método científico no diagnóstico ergonômico. A AET “apresenta características próprias, ela é utilizada para responder a uma questão precisa e é orientada para a proposição de soluções operatórias.” (WISNER, 2004, p. 42). Para Ferreira (2015, p. 10), a AET é “um método de análise do trabalho baseado na observação da atividade tal qual está acontecendo no momento da análise e cujo objetivo maior é melhorar a situação de trabalho.” A autora destaca as seguintes características do método: • a situação de trabalho não é um laboratório: a AET é um “método de análise do trabalho feita em campo, ou seja, baseada no trabalho realizado pelos trabalhadores nas situações de trabalho”; • a melhoria das condições de trabalho como preocupação principal, diferentemente de outras abordagens que têm como objetivo principal aumentar a produtividade ou a qualidade dos produtos, mudar os comportamentos dos trabalhadores. Estes resultados podem ser esperados, depois que as condições de trabalho sejam modificadas. Segundo a autora, “a situação de trabalho não é uma situação experimental, e tudo o que nela acontece tem repercussões políticas importantes”; • a observação como técnica principal, feita sempre em função de uma problemática a conhecer ou de uma hipótese a testar; • a atividade como conceito central, “a ideia da diferença entre o trabalho real (ou a atividade, o trabalho vivo) e o trabalho prescrito (ou a tarefa, o trabalho morto)”; • o físico e o mental atuando conjunta e harmonicamente: “entender o homem na sua globalidade e integralidade”, considerando e relacionando entre si os vários aspectos da atividade dos trabalhadores. Ela é composta por cinco etapas: análise da demanda e proposta de contrato; análise do ambiente técnico, econômico e social; análise das atividades e da situação de trabalho e restituição dos resultados; recomendações ergonômicas; validação da intervenção e eficiência das recomendações (WISNER, 1994). Para Wisner (1994), o objetivo da análise da demanda é compreender bem a natureza e o objetivo do pedido. Nesta etapa, deve-se firmar um contrato entre o requerente e o ergonomista, que especifique a questão, os prazos de resposta, os meios 37 disponíveis e os critérios de sucesso. Os determinantes do trabalho, objetos de análise na segunda etapa, situam-se fora do alcance do ergonomista; por outro lado, a análise das atividades e da situação de trabalho é o essencial do seu trabalho. Para realizar esta etapa, o autor sugere a utilização das técnicas de observação dos comportamentos e de explicitação de seus determinantes. Essa observação engloba os gestos de ação, os de observação e os de comunicação dos trabalhadores. Quanto à restituição dos resultados, Wisner (1994, p. 98) afirma que “é indispensável validar o trabalho de análise através de discussões com os trabalhadores, a fim de satisfazer a duas exigências: restituir a informação a quem a forneceu [...]; corrigir e completar o trabalho do ergonomista.” Essa restituição deve ser feita aos operadores e aos executivos para que as recomendações sejam pertinentes e bem aplicadas (WISNER, 2004). As recomendações ergonômicas são uma etapa essencial; elas podem ser formuladas para diversos fins, entre eles o treinamento.Por fim, na etapa de validação frequentemente são expostos resultados muito diferentes dos previstos, pois, de acordo com Wisner (1994, p. 99), “os efeitos positivos e negativos às vezes só se mostram a longo prazo e se exprimem pela mudança de atitude dos planejadores e dos usuários diante das características do Homem.” Guérin et al. (2001) propõem a construção da ação ergonômica do ponto de vista do trabalho em três grandes etapas: instrução da demanda, formulação do diagnóstico e definição dos objetivos da ação. Em cada uma dessas etapas, é necessário: constituir o ponto de vista da atividade, identificar a diversidade dos pontos de vista sobre o trabalho e favorecer a confrontação dos pontos de vista (ver Quadro 2). A questão dos pontos de vista é essencial na análise da atividade. Segundo Guérin et al. (2001), há três tipos principais de pontos de vista que podem ser adotados e que correspondem a três diferentes leituras do funcionamento da empresa. São eles: o ponto de vista dos resultados, o das condições de produção e o da atividade de trabalho. A leitura feita do ponto de vista dos resultados da empresa é aquela dos diferentes departamentos – administrativo, financeiro etc., sendo a mais estruturada. O ponto de vista das condições de produção frequentemente depende do anterior e, se comparado a ele, é menos estruturado. Os departamentos técnicos, de manutenção e de organização, que têm esse ponto de vista, consideram o funcionamento da empresa a partir do emprego dos meios de produção. Por fim, 38 o ponto de vista da atividade de trabalho não é estruturado na empresa, é ainda muito dependente dos anteriores e bastante limitado, segundo os autores. Quadro 2 - Esquema para a construção da ação ergonômica do ponto de vista do trabalho Constituir o ponto de vista da atividade Identificar a diversidade dos pontos de vista sobre o trabalho Favorecer a confrontação dos pontos de vista A instrução da demanda A definição dos problemas levantados em relação à distância prescrito/real e as modalidades de sua gestão. A identificação dos pontos de articulação da atividade (convergências, divergências) com os outros domínios de funcionamento da empresa. A implantação das condições (éticas, sociais, institucionais etc.) de uma confrontação dos pontos de vista. Objeto da ação ergonômica Posicionamento da ação ergonômica Condições da ação ergonômica A formulação do diagnóstico O aporte de conhecimento sobre a atividade do trabalho. A leitura do funcionamento da empresa do ponto de vista da atividade. O debate sobre as representações da empresa a partir do trabalho (estatuto, projetos etc.). A definição dos objetivos da ação O enriquecimento do memorial descritivo das transformações (concepção, adaptação, formação, organização etc.). A consideração do trabalho como variável estratégica (processo de concepção, decisão, negociação etc.). A ampliação das margens de manobra e a negociação dos compromissos (redefinição dos objetivos etc.). Resultados da ação ergonômica Efeitos da ação ergonômica Fatores em jogo na ação ergonômica Fonte: adaptado de Guérin et al. (2001). Na empresa, esses pontos de vista se confrontam e disso resulta a evolução das situações de trabalho. A constituição das bases nas quais se negociam os compromissos depende da importância assumida pelas estruturas e pelos pontos de vista de cada um dos atores. O mínimo enfraquecimento ou ausência de um deles se traduz imediatamente num déficit de conhecimento da dimensão a ele correspondente nas situações de trabalho e em decisões prejudiciais ao conjunto da empresa (GUÉRIN et al., 2001, p. 36). Guérin et al. (2001) sugerem que na AET sejam coletadas e analisadas informações acerca de diferentes dimensões do funcionamento da empresa: econômica e comercial, social e demográfica (evolução das características da população de trabalhadores da empresa; análise 39 do trabalho e emprego; produtividade do trabalho e volume de emprego; condições de realização do trabalho, conteúdo do trabalho e gestão implícita do emprego; intensificação do trabalho, emprego e saúde; dados coletivos e saúde), as leis e regulamentações, o ambiente geográfico da empresa, a dimensão técnica, a produção e sua organização (inclui os dados qualitativos e sua significação; os critérios de qualidade da produção e sua evolução; os dados quantitativos sobre a produção; o alcance dos dados quantitativos). O analista deve consultar, ainda na análise da demanda, a direção da empresa e os representantes dos trabalhadores, a supervisão e os departamentos da empresa, além de visitar a empresa e a situação a que se refere a demanda. As descrições das informações coletadas durante a análise da atividade podem ser centradas na estrutura dos processos técnicos, nas ferramentas e nos meios de informação, nas relações entre as variáveis de um dispositivo, nos procedimentos, na dependência e nos limites temporais das ações e eventos ou no arranjo físico do dispositivo técnico. O ergonomista reorganiza essas informações para: dominar suficientemente os dados técnicos referentes à situação de trabalho; construir hipóteses e elaborar o pré-diagnóstico; constituir ferramentas de referência úteis para a descrição e a interpretação dos dados que serão produzidos pela análise da atividade; ter apoio para a demonstração e a comunicação com os diferentes interlocutores (GUÉRIN et al., 2001). Além do esquema apresentado no Quadro 2, Guérin et al. (2001, p. 85-86) fornecem um esquema geral de abordagem para a construção da Análise do Trabalho (Figura 3). Ela inicia com a análise da demanda e do contexto, a fim de identificar “o que de fato está em jogo por trás da demanda inicial” e, assim, reformular a demanda. O ergonomista elabora então uma proposta de ação, a discute com os responsáveis pela demanda e a transforma em um contrato. Para compreender o funcionamento da empresa e, a partir desta compreensão, formular as primeiras hipóteses e escolher a(s) situação(ões) de trabalho que deve(m) ser analisada(s) em detalhe, é necessário conversar com diferentes interlocutores, examinar documentos, explorar as características da empresa. Fundamentado em observações globais da atividade, o ergonomista procura compreender o processo técnico e as tarefas confiadas aos operadores, observar as estratégias adotadas por eles e colher seus comentários. Ao articular os constrangimentos da situação de trabalho, a atividade dos operadores e as consequências desta para a saúde e para a produção, o ergonomista formula hipóteses de nível 2, o pré-diagnóstico. 40 Este orienta, então, a definição de um plano de observação sistemática para verificar, enriquecer e demonstrar as hipóteses. Esse trabalho deve ser feito em interação com os operadores, tanto por meio de observações quanto de entrevistas. Figura 3 - Esquema geral da abordagem da Análise do Trabalho Fonte: adaptado de Guérin et al. (2001). Com base em todas essas etapas, o ergonomista pode, finalmente, elaborar os diagnósticos locais – “uma criação original que tenta dar conta da integração na atividade dos operadores dos constrangimentos da situação particular” (GUÉRIN et al., 2001, p. 177) – e global, “estimulando a empresa a não se contentar com soluções nos postos de trabalho que foram analisados, mas a tratar de problemas mais globais.” (ibidem, p. 87). A partir dos diagnósticos, serão sugeridas indicações de soluções, bem como o acompanhamento do processo de concepção ou de transformação, a fim de que ele leve em conta a atividade dos trabalhadores, pois: A ação ergonômica responde não somente à demanda imediata, mas deve também contribuir: para a estruturação de um ponto de vista sobre o trabalho que provoque questões deoutra natureza e faça emergir novos problemas; para tratar dos problemas Diagnóstico local, incidindo sobre a(s) situação(ões) analisada(s) em detalhe Diagnóstico global, incidindo sobre o funcionamento mais geral da empresa Observações globais da atividade Análise da demanda e do contexto, reformulação da demanda Exploração do funcionamento da empresa e de seus traços Hipóteses de nível 1: escolha das situações a analisar Análise do processo técnico e das tarefas Formulação do pré-diagnóstico Hipóteses de nível 2 Definição do plano de observação Observações sistemáticas Tratamento dos dados Validação Interação com os operadores, entrevistas e verbalizações 41 de maneira conjunta e negociada, contribuindo assim para fazer evoluir as relações sociais na empresa (GUÉRIN et al., 2001, p. 190). Vidal (2011) afirma que a AET combina técnicas de observação (anotação, fotografia e vídeo, esquemas) com métodos de quantificação (mensurações, estatísticas e escrutínios) e procedimentos interacionais (conversações, entrevistas abertas e fechadas e grupos de foco); busca combinar procedimentos de descrição (quadros, tabelas, gráficos e ambas), validação (restituição de resultados, autoconfrontações) e modelagem (plantas, perspectivas, maquetes e simulações); opera com variáveis quantitativas (quantidades, frequências, sequências) e qualitativas (contextos de ocorrências, singularidades, curiosidades anedóticas). Montmollin e Darses (2011, p. 71) ressaltam que “a análise da atividade não é um fim em si. É apenas um meio (indispensável) para conceber ou modificar a tarefa. É portanto esta, sem dúvida modificada mas sempre prescrita, que terá a última palavra.” Nesse sentido, e adentrando no tema da aplicação desta análise no contexto da formação profissional, pode-se dizer que o projeto de formação se situa no âmbito da tarefa, do prescrito; e, assim, a análise do trabalho real, da atividade, representa um meio para concebê-lo ou modificá-lo. Weill-Fassina e Pastré (2007) afirmam que a Análise do Trabalho pode ajudar na passagem das competências implícitas, tácitas, incorporadas para as competências explícitas, verbalizáveis, relatáveis. Essa análise, segundo Guérin et al. (2001, p. 48), permite identificar as competências mobilizadas pelos operadores: Essa identificação leva frequentemente à localização de competências não reconhecidas na empresa, suscetíveis de servir de base a uma evolução profissional, ou de orientar os investimentos técnicos. É também possível avaliar em que medida a situação de trabalho favorece uma evolução dessas competências ou, ao contrário, a limita. Enfim, em certos casos, a análise do trabalho evidencia uma inadaptação da formação oferecida aos operadores, permitindo então propor o conteúdo de uma formação complementar. A Análise do Trabalho é o ponto de partida para uma abordagem teórica e didática nascida na década de 1990, na França, a Didática Profissional, que tem o objetivo de formar as competências profissionais, criando uma aproximação entre a formação profissional e a atividade de trabalho (PASTRÉ; MAYEN; VERGNAUD, 2006). No campo da didática Profissional, Chatigny e Vézina (2008, p. 135) afirmam que: 42 A análise dos modos operatórios permite identificar as estratégias e sua variabilidade, as competências envolvidas, e leva à análise dos determinantes internos e externos da atividade. As entrevistas, complementares, permitem orientar as observações e em seguida validar e completar as análises por meio de verbalizações principalmente dos processos cognitivos e motores. Segundo Pastré (2002, p. 10), em didática profissional, esta análise tem duplo objetivo: “construir conteúdos de formação correspondentes à situação profissional de referência e utilizar as situações do trabalho como suportes para a formação das competências.” Os estudos em Didática Profissional têm contribuído, de acordo com Tourmen et al. (2017), para renovar a formação profissional nos países francófonos, incentivando os instrutores a concentrarem-se em situações e problemas do trabalho real e destacando o uso profícuo dos métodos de Análise do Trabalho antes e durante a formação profissional. Essa abordagem “pode colaborar no trabalho dos educadores que se preocupam com a formação dos trabalhadores” e “representa um caminho a ser descoberto pela Educação Profissional brasileira.” (GRUBER; ALLAIN; WOLLINGER, 2019, p. 123). Neste trabalho, a análise da atividade é assumida como uma possibilidade de integrar aos cursos técnicos, desde a concepção de seus projetos, as características das atividades de trabalho. A próxima seção apresenta exemplos de pesquisas que propuseram essa utilização da ferramenta em outros contextos de formação. 2.4 ANÁLISE DA ATIVIDADE APLICADA À CONCEPÇÃO DE FORMAÇÕES PROFISSIONAIS A análise da atividade vem sendo utilizada na formação profissional de adultos desde os anos 1950 (CHAMPY-REMOUSSENARD, 2005). Como já foi comentado neste trabalho, diversos autores vindos da ergonomia de linha francesa, entre eles Pierre Falzon, Maurice de Montmollin, Christine Vidal-Gomel, Catherine Delgoulet etc., relacionam esses dois campos de estudos partindo do pressuposto de que uma formação profissional concebida com base no trabalho real provavelmente preparará melhor o estudante ou o trabalhador para lidar com as situações com as quais ele se depara diariamente em sua atividade de trabalho. Fournier (2003), por exemplo, utilizou a abordagem da análise da atividade para propor uma formação inicial de caminhoneiros. O autor demonstrou que, durante uma jornada típica de trabalho, um caminhoneiro manifesta e constrói diferentes conhecimentos que 43 garantem a realização segura e eficaz do trabalho. Conduzir um caminhão exige do caminhoneiro um planejamento do seu trabalho, uma avaliação constante de seu estado psicológico e fisiológico e a participação na cultura da profissão, além da gestão de condicionantes do ambiente de trabalho. Chatigny, Ouellet e Vézina (2018) realizaram uma pesquisa-intervenção ergonômica com o objetivo de conceber uma formação profissional em contexto de trabalho para trabalhadores do setor frigorífico. Após identificar as determinantes das situações com risco de problemas musculoesqueléticos (TMS) em duas fábricas de abate de suínos e uma de corte de perus, surgiu a questão da formação. Foi identificada uma operação particularmente difícil de dominar: a afiação das facas. O estudo foi desenvolvido em uma fábrica de transformação de suínos. Constatou-se a insuficiência do dispositivo de formação: conselhos dos trabalhadores que acumulam formação e produção, colocadas em prática em condições de aprendizagem problemáticas. A empresa considerava que a operação de afiação das facas era simples e facilmente realizável entre os ciclos de corte. Contudo, as análises feitas pelas autoras mostraram que ao menos 11% do tempo de trabalho (podendo chegar a 22%) era destinado a essa operação. Por meio de enquetes, entrevistas individuais e observações de diversos postos de trabalho em diferentes contextos, as pesquisadoras identificaram os itinerários profissionais, os saberes e as estratégias de aprendizagem e de trabalho, bem como os impactos sobre a saúde. Foram identificados e analisados mais de 20 componentes da atividade de afiação, bem como as exigências nos planos cognitivo, sensório-motor e físico. As análises permitiram compreender, para cada etapa da afiação, os diversos modos operativos e determinantes externos e internos, e seus efeitos sobre o fio, os esforços e a qualidade do corte. Durante encontros de explicitação e análises coletivas, os trabalhadores experientes identificaram os princípios, as técnicas e as estratégias bem como as variações possíveis, entre as quais algumas a abolir. Segundo as pesquisadoras,foram necessárias idas e vindas constantes entre os objetos e os níveis de análise e de desenvolvimento. A abordagem implicou em um longo trabalho com os atores das empresas e do setor, bem como com diversos interventores externos. Com um andragogo, os ergonomistas e os trabalhadores experientes organizaram os saberes práticos e desenvolveram um plano de formação incluindo a produção de um manual do formador e de um vídeo relativo aos princípios de afiação a partir dos quais podem ser desenvolvidas diversas 44 estratégias, a adaptar conforme os contextos. Com os engenheiros em metalurgia, foi concebida uma faca que permite medir e visualizar os efeitos da amolação sobre as facas, a qual se tornou uma ferramenta didática para a formação de formadores e de aprendizes. Normalmente, a formação relativa à Saúde e à Segurança no Trabalho (SST) é tratada isoladamente, sem relação com o desenvolvimento das competências. O trabalho de Chatigny, Ouellet e Vézina (2018) procurou integrar a aprendizagem em SST às outras aprendizagens, favorecendo o desenvolvimento de condições e de conteúdos contribuindo para o desenvolvimento dos indivíduos e de saberes-fazeres eficientes. Além dessas abordagens, tem-se métodos que buscam conhecer o trabalho por meio de conversas com trabalhadores e representantes da profissão a fim de conceber formações, sem, contudo, ir até as situações de trabalho para observar os trabalhadores. Um exemplo é o Dacum (acrônimo da expressão Developing a Curriculum), método desenvolvido por pesquisadores canadenses e americanos, utilizado por empresas, universidades e governos para analisar profissões. A aplicação do Dacum é feita em um workshop de dois dias, liderado por um facilitador, com a participação de um comitê de 5 a 12 especialistas da profissão a ser analisada. Este workshop tem como objetivo identificar um perfil detalhado e gráfico das tarefas desenvolvidos pelos trabalhadores, uma lista de conhecimentos e habilidades, comportamentos, ferramentas, equipamentos, materiais, matérias-primas, e tendências e questões futuras da profissão (NORTON, 1997). No Québec, a concepção de formações profissionais em ambiente escolar é feita com base em uma Análise de Situações de Trabalho (AST), a qual é baseada no método Dacum e tem o formato de um atelier de três dias. Ela conta com a participação de representantes da profissão e tem como observador, entre outros, um especialista em SST. A coordenação desse atelier e o tratamento dos dados coletados são feitos por pessoas vinculadas ao Ministério da Educação da província. Essa abordagem permite identificar características das atividades de trabalho a partir do relato de trabalhadores. (MELS, 2002). Contudo, não se trata da mesma abordagem utilizada por Fournier (2003) e por Chatigny, Ouellet e Vézina (2018), uma vez que não contempla a observação dos trabalhadores em situação de trabalho. A análise da atividade realizada para conceber a educação profissional pode auxiliar, diretamente, os professores em suas aulas. Boccara e Delgoulet (2015) afirmam, por exemplo, que os vídeos gravados durante uma pesquisa-intervenção que envolveu a observação de 45 trabalhadores experientes em situações de trabalho foram incorporados à formação profissional de novos trabalhadores. 2.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico apresentado e discutido permitiu delinear o desenvolvimento desta pesquisa. Primeiramente, em relação à Educação Profissional brasileira e aos cursos técnicos pôde-se verificar qual a contribuição dos documentos de referência (Diretrizes Curriculares/Resolução CNE/CEB 6/2012, Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, Classificação Brasileira de Ocupações) para a concepção desses cursos. As Diretrizes Curriculares, por exemplo, apresentam tanto o conteúdo mínimo dos projetos de cursos técnicos, quanto os passos para o seu planejamento curricular, os quais vão orientar a Abordagem aqui proposta e podem orientar demais proposições voltadas para a concepção de cursos técnicos. Percebe-se também que a necessidade de valorizar o trabalho e a experiência profissional está definida nesses documentos. Eles expressam conceitos de competência a partir das quais os cursos técnicos devem ser concebidos. A partir desse aspecto, buscou-se na literatura das áreas de Ergonomia e da própria Educação Profissional demais conceitos de competência, o que permitiu identificar alguns destaques que auxiliam na construção desta proposta de pesquisa. Viu-se, por exemplo, a importância do desenvolvimento das competências profissionais para lidar com a distância entre a atividade (trabalho real) e a tarefa (trabalho prescrito). Além disso, constatou-se que os trabalhadores desenvolvem suas competências ao longo da vida, tanto por meio da formação profissional quanto da sua própria experiência de trabalho, o que indica a finalidade da Educação Profissional como sendo a preparação dos trabalhadores para ingressarem no mundo do trabalho, e não para o desenvolvimento pleno de suas competências. Por fim, outro destaque nos conceitos de competência apresentados é a importância das situações de trabalho como local privilegiado para o desenvolvimento das competências e, dessa forma, para a análise da atividade voltada à concepção da formação profissional. Neste ponto, percebe-se a principal diferença entre utilizar a abordagem ergonômica de análise do trabalho ou abordagens como o Dacum para conceber formações. Apesar de 46 chamar trabalhadores para falarem sobre o seu trabalho, no Dacum esses trabalhadores não estão imersos nas situações laborais enquanto relatam sua experiência. Ferreira (2015) e Guérin et al. (2001) destacam essa característica fundamental da análise da atividade: ela supõe a articulação imediata entre as diferentes dimensões do trabalho e a observação da atividade no momento em que ela acontece. Essa abordagem permite identificar competências implícitas, tácitas, incorporadas, muitas vezes não reconhecidas pelas empresas (WEILL-FASSINA, PASTRÉ, 2007; GUÉRIN et al., 2001). Além disso, a análise da atividade permite transformar o ponto de vista sobre o trabalho nas situações analisadas, revelando sua complexidade e a inteligência dos trabalhadores para lidarem constantemente com desafios ali postos, o que pode ser uma contribuição importante para a Educação Profissional brasileira. 47 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para alcançar os objetivos propostos, a pesquisa foi organizada nas seguintes etapas: análise do processo de concepção de cursos técnicos, análise dos projetos de cursos técnicos, construção e avaliação da abordagem metodológica proposta (Figura 4). Essas etapas estão detalhadas nas próximas seções do trabalho. Figura 4 - Etapas metodológicas da pesquisa Fonte: elaborada pela autora. 3.1 ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS A fim de alcançar os dois primeiros objetivos específicos da pesquisa (descrever o processo de concepção dos cursos técnicos e descrever como os professores integram as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos), foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os professores da educação profissional. Por se tratar de uma etapa de diagnóstico (assim como na etapa 2, como será apresentado a seguir), limitou-se a aplicação das entrevistas aos professores do IFSC, pois o processo de concepção pode variar de uma instituição para outra. No entanto, na etapa 4, de avaliação da Abordagem, serão incluídos profissionais de outras instituições, a fim de verificar também a aplicabilidade da proposta a outros contextos institucionais. 48 A realização das entrevistas foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética número 03600018.3.0000.0121.Os professores participantes têm regime de trabalho de 40 horas semanais, com dedicação exclusiva, ou seja, são impedidos de exercer outra atividade remunerada. Além disso, foram estabelecidos como critérios de inclusão: atuar na área técnica (e não nas áreas de formação geral, como português, matemática etc.) e ter atuado ao menos uma vez em um processo de concepção de um curso técnico subsequente. Foram contatados por e-mail 35 professores, dos quais 15 concordaram em participar da pesquisa. Como os locais de trabalho desses docentes encontram-se por todo o Estado de Santa Catarina, nove entrevistas foram realizadas a distância, utilizando ferramentas de webconferência. Todas as entrevistas foram gravadas em áudio para transcrição. O roteiro utilizado para a condução das entrevistas é apresentado no Apêndice A. Os 15 professores entrevistados relataram suas experiências na concepção de cursos técnicos. Esse processo é coletivo, feito por grupos de trabalho, dos quais participam, além dos professores, servidores do setor pedagógico da escola. Logo, os relatos, apesar de serem individuais, são de um trabalho coletivo; são a perspectiva de cada um desses professores entrevistados em relação a esse trabalho feito por um grupo. Além disso, os participantes atuam em 11 áreas técnicas distintas e advêm de 10 escolas, localizadas em oito cidades de Santa Catarina. Os dados coletados por meio das entrevistas semiestruturadas foram analisados de forma qualitativa, utilizando a técnica de análise de conteúdo, a qual é organizada em três polos cronológicos: 1) pré-análise: consiste na escolha dos documentos, formulação de hipóteses e objetivos e elaboração de indicadores que fundamentam a interpretação final, tendo por objetivo sistematizar e tornar operacionais as ideias iniciais, estabelecendo um programa preciso da análise. Nesta pesquisa, os documentos analisados foram as transcrições das entrevistas; 2) exploração do material; 3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 2011). 3.2 ANÁLISE DOS PROJETOS DE CURSOS TÉCNICOS A fim de identificar as características das atividades de trabalho presentes nos projetos de cursos técnicos, foram analisados os projetos de cursos técnicos subsequentes. Esta análise limitou-se aos projetos do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), devido à experiência da 49 pesquisadora neste contexto institucional e à facilidade de acesso aos projetos de cursos, disponíveis na internet. Além disso, como cada instituição tem autonomia na concepção, elaboração, execução, avaliação e revisão do seu projeto político-pedagógico (CNE/CEB, 2012b), os projetos de cursos podem variar de uma instituição para outra, o que influenciaria na análise proposta aqui. Contudo, como foi exposto na seção 3.1, na etapa de avaliação da Abordagem serão incluídos profissionais de outras instituições, a fim de verificar também a aplicabilidade da proposta a outras instituições de Educação Profissional. Dois critérios foram considerados para a seleção dos projetos: estar disponível na internet3 e ser um curso técnico presente no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), pois ele é uma referência inicial para a elaboração dos projetos. Portanto, projetos de cursos que não compõem o CNCT não têm essa referência para sua elaboração. Com base nesses critérios, chegou-se a uma relação de 29 projetos de 23 cursos distintos. O número de cursos é distinto do número de projetos porque cada campus pode elaborar seu projeto, gerando, assim, projetos diferentes para o mesmo curso. Buscou-se identificar nos projetos de cursos a presença de características das atividades de trabalho. Foram extraídos deles os seguintes dados: nome do curso, turno de oferta, duração do curso em semestres, carga horária total do curso, carga horária prática, carga horária teórica, presença de estágio curricular e de critérios de aproveitamento de experiências anteriores dos estudantes-trabalhadores, quantidade de unidades curriculares, perfil profissional, competências profissionais, relação entre as competências profissionais e as unidades curriculares, áreas de atuação do egresso, estrutura curricular. As informações sobre o corpo docente também foram verificadas e analisadas. Por fim, a menção ao tema da saúde e segurança do trabalho foi averiguada. No Apêndice C, são apresentados os quadros com alguns dos dados extraídos dos projetos de curso. 3 Os projetos de cursos do IFSC estão disponíveis nos endereços: http://cs.ifsc.edu.br/portal/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=34&Itemid=207 e https://sig.ifsc.edu.br/sigrh/public/colegiados/filtro_busca.jsf. http://cs.ifsc.edu.br/portal/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=34&Itemid=207 https://sig.ifsc.edu.br/sigrh/public/colegiados/filtro_busca.jsf 50 3.3 CONSTRUÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP O ponto de partida para a construção da Abordagem Ergon-EP foram as orientações para o planejamento de cursos técnicos, presentes nas Diretrizes Curriculares (CNE/CEB, 2012b), documento que orienta toda a oferta de cursos técnicos no Brasil. Nele, conforme demonstrado na seção 2.2 desta tese, são apresentados dez passos para o planejamento da organização curricular dos cursos técnicos. Dentre esses passos, foram selecionados aqueles que podem ser atendidos ou complementados por meio da Análise da Atividade, os quais passaram a constituir o escopo da Ergon-EP, conforme pode ser visto na Figura 5. Figura 5 - Escopo da Ergon-EP Fonte: elaborada pela autora. I - adequação ao projeto político-pedagógico e ao regimento da instituição. II - adequação à vocação regional e às tecnologias e avanços dos setores produtivos pertinentes. III - definição do perfil profissional de conclusão do curso, projetado na identificação do itinerário formativo planejado pela instituição educacional, com base nos itinerários de profissionalização claramente identificados no mundo do trabalho, indicando as efetivas possibilidades de contínuo e articulado aproveitamento de estudos. IV - identificação de conhecimentos, saberes e competências pessoais e profissionais definidoras do perfil profissional de conclusão proposto para o curso. V - organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares, projetos, núcleos temáticos ou outros critérios ou formas de organização, desde que compatíveis com os princípios da interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino e aprendizagem. VI - definição de critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem. VII - identificação das reais condições técnicas, tecnológicas, físicas, financeiras e de pessoal habilitado para implantar o curso proposto. VIII - elaboração do plano de curso a ser submetido à aprovação dos órgãos competentes do respectivo sistema de ensino. IX - inserção dos dados do plano de curso no cadastro nacional. X - avaliação da execução do plano de curso. Vocação regional Tecnologias e avanços nos setores produtivos pertinentes Perfil profissional Itinerários de profissionalização Competências profissionais P ri n ci p ai s en tr eg as 51 A partir desses passos e da necessidade que os professores têm de identificarem os aspectos neles listados para a elaboração dos projetos de cursos, buscou-se sugerir recomendações metodológicas que os auxiliem nessa tarefa. Foi utilizado como base o estudo sobre a análise da atividade e sua aplicação no processo de concepção de formações profissionais. Sendo assim, a Ergon-EP está organizada em três grandes etapas (formação da equipe, pré-análise e análise da atividade) inspiradas nas principais etapas da Análise da Atividade: análise da demanda, análise da tarefa e análise da atividade. Assim como naanálise da demanda, na etapa de formação da equipe da Ergon-EP os professores começarão a organizar o trabalho que será feito, e farão o primeiro contato com os trabalhadores, a fim de, primeiramente, selecionar aqueles que contribuirão de forma direta com a análise a ser realizada. A etapa de pré-análise é similar à análise na tarefa pois seu foco está nos aspectos do trabalho prescrito, dos documentos, do que se espera do técnico. Esta análise é fundamental para que se possa confrontar, na análise da atividade, o que está no campo do prescrito e o que representa o trabalho real, ou a atividade, objeto de estudo da última etapa tanto da Ergon-EP quanto da abordagem ergonômica de análise da atividade. Com base, então, nos fundamentos e nas técnicas utilizadas na análise ergonômica do trabalho de linha francesa, buscou-se identificar aquelas que seriam mais adequadas para a concepção de cursos técnicos, considerando o contexto da educação profissional brasileira, bem como as características do processo de concepção atual nas instituições educacionais. Além disso, os trabalhos que utilizaram a análise da atividade na criação de formações também serviram como referência para a construção da Ergon-EP, principalmente no que se refere a como esses trabalhos adaptaram a abordagem ergonômica para utilizá-la na concepção de formações profissionais. Para definir a estrutura da Abordagem, bem como seu detalhamento, levou-se em consideração que a análise da atividade será feita pelos próprios professores e pelos demais membros da equipe, como o trabalhador da área e o especialista em Saúde e Segurança do Trabalho. Não será, portanto, um ergonomista especialista em análise da atividade que conduzirá os trabalhos. Propôs-se uma adaptação da abordagem ergonômica, de modo a permitir seu uso por profissionais que não são da ergonomia, e que não costumam usar essa metodologia. A intenção aqui é também que a concepção do curso seja um momento de formação para os próprios professores, muitas vezes afastados do mundo do trabalho, como foi 52 explicitado anteriormente. A análise da atividade pode aproximar os docentes da realidade da profissão, e servir de subsídio inclusive para suas decisões didáticas, posteriores à elaboração do projeto de curso. 3.4 AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP A avaliação da abordagem foi feita por dois grupos distintos de profissionais: 1) professores de cursos técnicos e 2) formadores de professores ou gestores da educação profissional. Esses grupos foram escolhidos porque o primeiro representa os principais potenciais usuários da abordagem; os cursos técnicos são concebidos por professores desses cursos, em conjunto com demais profissionais das escolas. O segundo grupo foi selecionado, pois representa as pessoas que potencialmente disseminarão a abordagem, promovendo ou incentivando formações sobre ela junto aos professores. Foram convidados a participar da pesquisa aproximadamente 30 professores (Grupo 1) e 20 gestores ou formadores (Grupo 2). Destes, 14 do primeiro grupo e 11 do segundo concordaram em participar e realizaram a avaliação da Abordagem Ergon-EP. Os participantes anuíram em participar da pesquisa e declararam estar cientes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, elaborado com base nas orientações da Resolução 466/2012/CNS/MS. Uma apresentação de slides (Apêndice D) e um vídeo4 sobre a abordagem metodológica foram preparados e encaminhados aos dois grupos de avaliadores juntamente com um questionário específico para cada grupo, o qual foi elaborado com base nas orientações de Richey (2005) para avaliação de componentes e do uso de métodos de design instrucional. Além disso, a partir da apresentação de slides e do vídeo, os avaliadores tiveram acesso ao material de apoio para uso da Ergon-EP: 1) Exemplo de proposta de análise da atividade em empresa; 2) Orientações para a conversa com os trabalhadores; 3) Orientações para registrar as observações da atividade. Estes materiais estão apresentados no Capítulo 6. Como critérios de inclusão, os professores do grupo 1 deveriam atuar ou já ter atuado em cursos técnicos e ter participado ao menos uma vez de processo de elaboração ou de revisão 4 O vídeo foi disponibilizado na plataforma Youtube e pode ser acessado no link: https://youtu.be/g3yCE2egBZY. https://youtu.be/g3yCE2egBZY 53 de projetos pedagógicos desse tipo de curso. Na primeira parte do questionário, de identificação dos participantes, os professores preencheram: nome, data de nascimento, sexo, titulação (graduado(a), especialista, mestre(a) ou doutor(a)), se fizeram curso técnico (e, em caso de resposta afirmativa, se foi na área em que atuam como docentes), se têm experiência profissional extraescolar na área em que atuam como docentes (se sim, de quantos anos), tempo de atuação como professores na educação profissional, tempo de atuação na elaboração ou revisão de projetos de cursos técnicos, instituição e campus em que atuam. No grupo 2 foram incluídos profissionais que atuam ou já atuaram como gestores ou como formadores de professores da educação profissional. O questionário enviado a esse grupo tem uma primeira parte para identificação do participante, na qual se solicitam as seguintes informações: nome, data de nascimento, sexo, titulação (graduado(a), especialista, mestre(a) ou doutor(a)), atuação na educação profissional (formador(a) de professores, gestor(a) ou ambos), tempo de atuação na educação em profissional (em quantidade de anos), breve descrição da própria experiência na educação profissional, instituição e campus no qual atua. Na segunda parte dos formulários foi apresentada a Abordagem Ergon-EP e, finalmente, as questões para sua avaliação. Para facilitar o processo de avaliação, foi mostrada aos participantes uma imagem da visão geral da Abordagem. As questões foram elaboradas no formato de sentenças, para as quais os participantes atribuíram um valor em uma escala Likert de cinco pontos, na qual 1 equivale a “Discordo totalmente” e 5 equivale a “Concordo totalmente” (Apêndice B). Optou-se por utilizar uma escala de cinco pontos pois ela apresenta aproximadamente a mesma precisão que a de sete pontos, além de maior facilidade e velocidade de uso. Ainda, uma escala com número ímpar de pontos permite ao avaliador atribuir valor neutro usando o ponto central da escala, o que deixa o respondente mais à vontade para expressar sua opinião (DALMORO; VIEIRA, 2013). O uso da escala Likert normalmente é feito com base em uma série de afirmações relacionadas a um assunto, para as quais os respondentes emitem seu grau de concordância (SILVA JUNIOR; COSTA, 2014). Os dados coletados nesta etapa foram tratados utilizando a estatística descritiva, por meio do cálculo da frequência, da média e da moda das respostas às afirmações relativas à Abordagem. Para as questões abertas, buscou-se estabelecer relações entre as avaliações de ambos os grupos e entre os participantes do mesmo grupo. 54 Os próximos capítulos apresentam os resultados alcançados na pesquisa. O capítulo 4 relata o processo de concepção dos cursos técnicos, a partir da percepção dos professores, coletada por meio de entrevistas semiestruturadas. Em seguida, é detalhada a análise dos projetos de cursos técnicos, por meio da qual se pôde compreender como as características das atividades de trabalho estão inseridas nesses projetos. Os capítulos 6 e 7 abordam, respectivamente, a construção da Abordagem Ergon-EP e sua avaliação por especialistas na Educação Profissional brasileira. 55 4 RESULTADOS: O PROCESSO DE CONCEPÇÃO DE CURSOS TÉCNICOS A partir das experiências relatadas por 15 professores em entrevistas semiestruturadas, buscou-se descrever o processo de concepção dos cursos técnicos subsequentes, bem como de que maneira as características das atividadesde trabalho são integradas nos projetos de cursos. Na Tabela 1, os(as) 15 participantes são apresentados(as) e lhes é atribuída uma identificação que será utilizada neste trabalho. Vê-se, também, as 11 distintas áreas de atuação desses(as) profissionais, seu sexo, sua idade, a quantidade de anos de experiência profissional extraescolar e o ano de ingresso como professor(a) na educação profissional (não necessariamente na instituição em que atuam atualmente). Tabela 1 - Dados gerais sobre os(as) professores(as) entrevistados(as) Prof. Sexo Idade Anos de experiência profissional extraescolar Professor(a) na EP* desde o ano de Área de atuação P1 M 40 15 2007 Turismo P2 M 59 13 1996 Gestão P3 M 31 2 2011 Hospitalidade P4 M 40 2 2007 Vestuário P5 M 50 9 2003 Meteorologia P6 F 37 0 2009 Enfermagem P7 F 44 0 2006 Cozinha P8 F 36 2 2008 Gestão P9 M 45 6 1994 Agrimensura P10 F 31 13 2016 Gestão P11 F 44 11 2001 Panificação P12 M 52 30 1993 Telecomunicações P13 M 32 3 2013 Eletrotécnica P14 F 44 13 2005 Gestão P15 M 40 4 2003 Eletrotécnica Fonte: elaborada pela autora. *EP: educação profissional. A Tabela 2 apresenta as características pessoais dos participantes. Foram entrevistadas seis professoras (40%) e nove professores (60%). A média de idade desses profissionais é de 41,6 anos, com desvio padrão de 7,9, em um intervalo de 31 a 59 anos. Apenas P6 e P7 não possuem experiência profissional extraescolar; entre os demais, P12 possui 30 anos de experiência. Considerada toda a amostra, essa experiência é de, em média, 8,2 anos, com desvio padrão de 8,0. Segundo os(as) entrevistados(as), esse é um fator importante para a sua atuação nos cursos técnicos e no processo de concepção desses cursos (Tabela 3). 56 A maioria da amostra (93,3%) fez mestrado ou doutorado; 46,7% fizeram curso técnico, ou seja, têm experiência também como estudantes do tipo de curso em que atuam. Entre estes, 71,4% trabalham na mesma área em que são técnicos. Em relação à atuação como professores na educação profissional, tem-se na amostra desde participantes que ingressaram em 1993 e 1994, até uma professora que ingressou recentemente, em 2016. Tabela 2 - Descrição das características pessoais da amostra (n=15) Variáveis n (%) n (%) Sexo Fez curso técnico? Masculino Feminino 9 (60,0) 6 (40,0) Sim Não 7 (46,7) 8 (53,3) Idade Titulação 31-40 41-50 51-60 8 (53,3) 5 (33,3) 2 (13,3) Especialista Mestre(a) Doutor(a) 1 (6,7) 8 (53,3) 6 (40,0) Anos de experiência profissional extraescolar Ano em que ingressou como docente na educação profissional 0-4 5-9 10-14 15-19 25-30 7 (46,7) 2 (13,3) 4 (26,7) 1 (6,7) 1 (6,7) 1993-1997 1998-2002 2003-2007 2008-2012 2013-2017 3 (20,0) 1 (6,7) 6 (40,0) 3 (20,0) 2 (13,3) Fonte: elaborada pela autora. Tabela 3 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a importância da experiência extraescolar dos docentes Part. Extrato da entrevista P1 “Então a gente, quem conhece a atividade profissional, forma um aluno. Então são pessoas que, não é a formação exclusiva delas, né, mas elas sabem do que estão falando ‘pro’ aluno. Então isso dá uma segurança ‘pro’ aluno, e o professor não está falando apenas de algo teórico, né? Ele vivenciou isso na prática, a vida dele, o sustento dele, então ele consegue passar isso. Então a gente consegue trazer ‘pro’ aluno o que ele vai utilizar no mercado de trabalho”. P2 “No Instituto Federal, então a partir de 2010, eu procurei utilizar bastante aquela experiência profissional que eu tinha ‘pra’ levar ‘pra’ sala de aula. Acho que isso contribuiu bastante ‘pra’ exercer melhor a atividade de professor dos cursos técnicos do Instituto Federal”. P7 “A única que era mais teórico-prática, né, que não tinha tido estabelecimento, era eu, né? Todos os demais já tinham sido proprietários de algum tipo de estabelecimento. Então os próprios professores, além de terem a formação ‘pra’ isso, já tinham passado pela própria realidade do mercado”. P9 “Na época que nós ingressamos, eu e mais quatro professores, a gente tinha um grupo de professores [...] que não ‘tinham’ atuação no mercado, eles não tinham experiência, então existia algumas dificuldades de a gente fazer eles enxergarem a dinâmica que acontecia no mercado de trabalho real”. P12 “Então aí, se você não pega um grupo de professores que tem uma ligação com o mundo externo, que pode pelo menos trazer uma adaptação do que ‘tá’ acontecendo lá fora, mesmo com as habilidades que 57 foram determinadas ali no PPC*, ‘pra’ poder botar ‘pro’ aluno, é, fica aquela coisa de cumprir a ementa, né?” P13 “A gente sabe as empresas que tem aqui na região, e as empresas fora da região. O pessoal do corpo técnico já trabalhou na maioria delas. Então o pessoal conhece as pessoas que ‘tão’ lá dentro, e a gente sabe mais ou menos o perfil que eles esperam”. P15 “Nós já tínhamos um pessoal que trabalhava, que conhecia da área, e decidimos montar o curso de eletrônica”. Fonte: elaborada pela autora. *PPC: Projeto Pedagógico de Curso. A concepção dos cursos técnicos é feita, normalmente, por uma equipe de professores da área do curso. No entanto, observou-se que há casos em que a escola não conta ainda com esses professores, e a tarefa de conceber o curso é então solicitada a professores de outra área. Ou, ainda, situações nas quais a escola tem apenas um professor da área do curso, e este é o único responsável pela elaboração do projeto do curso. Dos 15 entrevistados, cinco citaram exemplos como este. Além dos professores da área técnica, foram citados também como participantes da concepção dos cursos a equipe pedagógica da instituição, bem como professores de outras áreas (muitas vezes, da chamada formação geral: português, matemática etc.), de acordo com a demanda de formação. Por vezes, o que desencadeia um processo de concepção ou de revisão de curso é uma demanda advinda de mudanças nas diretrizes ou leis da educação profissional. Segundo P14, a mudança da carga horária mínima do curso técnico em Administração, que passou de 800 para 1.000 horas, suscitou a necessidade de revisão do projeto. Quando um curso técnico é excluído ou tem sua denominação alterada no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, a escola inicia um processo de revisão do projeto de curso. Há casos, como os citados por P4 e P11, em que uma escola oferece um novo curso, em caráter experimental, e solicita que ele seja incluído no Catálogo. Contudo, por vezes, essa solicitação não é aceita e o curso precisa passar por um processo de revisão. Segundo P3, a extinção do curso técnico em Gastronomia do Catálogo motivou a concepção de dois outros cursos técnicos: Restaurante e bar e Cozinha. Motivada por essa demanda, a equipe de professores aproveitou para discutir formas de tornar o curso mais atrativo e significativo para os estudantes, no intuito de reduzir a evasão observada anteriormente. Solucionar problemas pedagógicos foi também o motivo para revisão do curso citado por P4, P12 e P13. 58 P8 cita que a necessidade de revisão do curso técnico em Administração integrado ao ensino médio desencadeia a revisão do subsequente, pois o perfil profissional em ambos deve ser o mesmo. Ela afirma que o curso já passou por algumas revisões a fim de torná-lo mais voltado para o perfil do profissional técnico, pois, inicialmente, ele parecia um minicurso superior. Segundo esta participante, por vezes, um projeto de curso é revisado quando a versão inicial foi feita por professores de outras áreas, conforme supracitado, e a escola admite professores da área do curso. P5 destaca que o curso técnico em Meteorologia é atualizado com frequência devido aos avanços tecnológicos da área. Essa questão é também colocada por P12,de Telecomunicações, que acredita ser necessário atualizar o projeto de curso com frequência para acompanhar a dinâmica da profissão. Ainda quanto aos avanços tecnológicos, P8 e P9, das áreas de Gestão e de Agrimensura, destacaram a importância de a escola ser uma propulsora desses avanços no mundo do trabalho, apresentando aos estudantes novas ferramentas, técnicas e novos processos, os quais ainda não são usados, mas que podem melhorar a atividade de trabalho dos profissionais. A maior parte dos entrevistados relatou que a criação de um curso técnico advém de demandas da comunidade na qual a escola está instalada. Na Tabela 4, vê-se que os arranjos produtivos locais foram citados por 80% dos participantes como importantes na concepção dos cursos técnicos. Tabela 4 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a influência dos arranjos produtivos locais na criação dos cursos técnicos Part. Extrato da entrevista P1 “A gente faz cursos mais adequados ‘pro’ arranjo produtivo local. A gente identifica quais são os cursos mais adequados com os indicadores externos, com a comunidade”. P2 “Então, a partir dessa demanda é que surgiu então a ideia de se fazer aquela pesquisa [...] de campo [...] ‘pra’ gente então identificar a opinião das pessoas, o que elas realmente esperavam do Instituto Federal. E lá também surgiram outras demandas, né, que poderiam ser ofertadas futuramente”. P3 “Um curso que a gente tenta manter um contato com o setor, tenta direcionar alunos, tenta falar da realidade mais local”. P7 “Ele nasce a partir de uma realidade mesmo do mercado, né? E a gente, daí, contratou uma empresa somente ‘pra’ fazer tabulação, é, aplicar e tabular os dados. Com essa pesquisa em mãos, a gente analisou os resultados e, a partir do que a sociedade apresentou como déficit [...], a gente concebeu o curso em cima dessa realidade”. P8 “O desafio já naquela época posto pelo diretor era que a gente construísse PPC do curso de administração, até ‘pra’ que a gente conseguisse atender os diversos arranjos produtivos locais”. 59 P9 “A gente olhou ‘pro’ nosso mercado, principalmente o regional, na região sul que onde é obviamente nossos alunos têm mais inserção, ‘pra’ verificar dessas atuações do mercado quais os nossos alunos egressos tinham mais contato”. P10 “A gente vai conversando, discutindo, trabalhando e verificando qual é a [...] necessidade da região [...], buscando a realidade do campus, da região, buscando atender o que, o que o nosso público precisa”. P11 “A gente olha uma demanda do entorno, ou que surge numa extensão, ou, enfim, da comunidade em si, ou de uma ideia de, de alguém que tem uma demanda que a gente próprio gera em termos de aluno egresso, né? É, eu acho que é ‘tá’ olhando ‘pro’ mercado fora e aquilo que a gente ‘tá’ em torno inserido e tendências enfim, né?” P12 “Tem uma comissão de divulgação do curso que senta com as empresas e traz essas informações do arranjo local, né, que tem de empresas que a gente atende, que essa é a vocação do Instituto, né? Oferecer profissão, profissionalização ‘pra’ quem vai justamente atuar perto, na região onde a instituição está”. P13 “A gente chega na lista de competências em função do mercado da região”. P14 “Outras informações que a gente teve também do próprio mercado de trabalho do nosso [...] arranjo produtivo local, né, que eles também tinham funcionários que queriam fazer o curso, essa capacitação, queriam fazer o curso técnico”. P15 “Fizemos uma pesquisa com profissionais da área, fizemos pesquisa com empresários, procuramos desenvolver o curso a partir da necessidade da região”. Fonte: elaborada pela autora. 4.1 A PARTICIPAÇÃO DE TRABALHADORES DA ÁREA NA CONCEPÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS Quanto à participação dos trabalhadores no processo de concepção dos cursos técnicos, 40% dos professores entrevistados afirmam que ela não ocorre. Por vezes, há contato com os trabalhadores, mas ele não acontece em função do processo de concepção dos cursos. É o caso, por exemplo, do curso técnico em enfermagem, no qual os professores e estudantes dedicam boa parte de sua carga horária nas atividades de estágio obrigatório, segundo P6. Além desta participante, P12 enfatiza a importância do estágio para que a escola mantenha um contato com o mundo da profissão: “os estagiários, que é o primeiro passo que eles fazem dentro do ambiente externo trabalhando e executando a profissão, eles trazem um feedback muito forte ‘pra’ nós”. P14 relata que o contato constante dos professores com os estudantes, que são em sua maioria trabalhadores, e com os egressos subsidia a revisão dos projetos de curso; contudo, esses estudantes não são convidados a participarem da construção do projeto de curso. A importância do contato com os egressos que atuam na área técnica, ou seja, trabalhadores, durante a concepção dos cursos foi citado também por P11: “Nossos alunos 60 egressos, eles são o feedback muito importante que nos ajudam muito desde sempre.”; P13: “A gente convida os egressos ‘pra’ virem aqui. [...] Nessa conversa, a gente consegue captar [...] o que que faltou ‘pra’ ele, que a gente pode melhorar no curso. E foi com base nisso que a gente, isso foi uma das bases que a gente usou pra reestruturar o curso.”; P15: “Temos pelo menos 3 ex-alunos nossos que ‘tão’ constantemente na escola voltando, fazendo palestras, apresentações, mostrando um pouquinho da profissão.” A experiência extraescolar dos próprios professores também foi citada nesta questão. P2, da área de Gestão, afirmou que tentou “conversar com os professores do campus que também tinham essa vivência com a área empresarial e alguns que já tinham atuado em empresas e que vivenciaram a questão da gestão”. P8 ressaltou a importância e a necessidade de envolver os trabalhadores na concepção dos cursos técnicos: “A gente não consultava ninguém, a gente fazia da nossa cabeça, e por isso que ficava umas minigraduações assim, porque era a nossa, a nossa opinião sobre o que que um técnico tinha que aprender. Nesse último, de logística, foi muito interessante esse, esse caminho de a gente ter ido conversar com os profissionais da área [...]. E aí a gente viu que tem muita coisa que a gente aborda [...] que não precisa focar. E outras coisas que a gente não focava no curso, que a gente tinha que começar a focar, né. Então, esse movimento de [consultar] é muito importante.” P12 também acredita na importância desse envolvimento dos trabalhadores, e afirma que este deveria ocorrer com mais intensidade. Além do fato de, em 40% dos casos relatados os trabalhadores não serem envolvidos no processo de concepção dos cursos técnicos, nos demais, essa participação não parece ocorrer de forma sistemática, conforme apresentado na Tabela 5. Tabela 5 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que mostram a participação informal dos trabalhadores no processo de concepção dos cursos técnicos subsequentes Part. Extrato da entrevista P1 “Se a gente for conversar com os guias de turismo aqui de Florianópolis, a gente vai conversar com os guias que estão associados, que ‘tão’ no núcleo, dentro da ABIH [...]. Então convidar eles e daí tem que ver se eles têm a disponibilidade e disposição de vir conversar com a gente”. P2 “Na época que nós construímos o PPC, o único professor da área de gestão do campus era eu. Então depois, quando o PPC estava quase concluído, nós tivemos mais um professor que tinha uma boa experiência profissional, e ele participou desse processo final”. P13 “São, indiretamente, [...] não são convidados a vir sentar aqui junto na mesa e debater a respeito. Mas a gente tem todos, todo ano aqui no IFSC ou todo semestre talvez, existe um encontro de semana tecnológica e etc., que a gente convida os egressos ‘pra’ virem aqui. [...] É mais informal,na conversa mesmo”. 61 P14 “Nós não abrimos uma, um questionário público, nós não fizemos uma, uma chamada pública, uma reunião, né? Nada disso. Foi mais o dia a dia com os próprios alunos e ex-alunos que a gente às vezes recebia, tinha o contato, né? A gente mandava por e-mail, alguma questão assim”. Fonte: elaborada pela autora. 4.2 AS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A PROFISSÃO Sendo o curso técnico uma formação para o trabalho, buscou-se conhecer quais são as fontes de informação sobre a profissão utilizadas pelos professores para conceber os cursos. Somente 23% das fontes citadas pelos participantes representam claramente um movimento de busca de informações externa à escola, ou seja, que exige a saída dos docentes dos muros da escola (consulta à comunidade, visitas a empresas, participação em eventos técnico-científicos). A consulta aos profissionais (egressos, estagiários, trabalhadores, entidades de classe) não representa necessariamente um movimento de “saída” da escola, visto que normalmente eles são convidados a virem até a escola para falar de sua experiência. 38,5% das fontes de informação mencionadas são documentais: Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, Classificação Brasileira de Ocupações, legislação profissional, dados socioeconômicos e publicações não acadêmicas (como artigos em revistas, citados por P14). As diretrizes institucionais e a legislação educacional também foram citadas pelos participantes como fontes de informação sobre a profissão, apesar de apresentarem questões gerais sobre os cursos técnicos, e não informações específicas sobre as profissões. A maioria dos participantes relatou consultar a comunidade a fim de obter informações sobre a profissão para serem utilizadas no processo de concepção de cursos (60%). Essa consulta ocorre de diferentes maneiras: audiências públicas (P1), conversa com profissionais da área (P1, P2, P4, P5, P8, P11, P12), pesquisa de mercado (P2, P7, P10). O contato com os egressos que estão atuando na área também é um contato com a comunidade, mas ele foi considerado separadamente por sua expressividade na amostra – 46,6% dos entrevistados citaram a importância dos egressos no processo de concepção dos cursos técnicos. Nesta mesma linha, tem-se, também, as visitas às empresas, citadas por 26,7% dos participantes da pesquisa. Ainda sobre a consulta à comunidade, entre os nove professores que a citaram, 66,7% utilizaram essa fonte de informação para definir o perfil profissional do egresso, ou seja, a partir da definição de qual curso será ofertado, consulta-se a comunidade para delimitar qual será a atuação desse técnico. P1 e P10, por outro lado, relatam que se define o curso a ser ofertado a 62 partir dessa consulta. Para P2 e P4, ela auxiliou na definição do tipo de oferta do curso técnico: no primeiro caso, subsequente, e no segundo, integrado à educação de jovens e adultos. Por fim, P11 relata que o constante aprimoramento do projeto de curso é feito com base em consulta à comunidade. A legislação profissional foi citada por 40% dos entrevistados como uma fonte de informação sobre a profissão utilizada na concepção dos cursos técnicos. No caso do curso técnico em Meteorologia, por exemplo, P5 comenta que a Organização Meteorológica Mundial orienta as instituições de ensino por meio de um pacote básico a ser considerado quando da concepção dos cursos. Na área de Enfermagem, P6 relata que a lei do exercício profissional, bem como as políticas públicas da área da saúde, são as principais fontes de informação sobre a profissão utilizadas para conceber os cursos. Os técnicos em Eletrotécnica também têm suas atribuições regulamentadas por lei, e, segundo P15, elas são consideradas no processo de concepção do curso. As entidades de classe foram citadas por seis participantes como fonte de informação sobre o trabalho para a concepção dos cursos nas áreas de Turismo, Gestão, Enfermagem, Agrimensura e Eletrotécnica. O contato direto com trabalhadores da área como uma forma de obter informações sobre a profissão foi citado por 40% dos participantes. Esse contato geralmente ocorre por meio de convite para que eles venham à escola falar sobre seu trabalho. No caso de P14, contudo, os próprios alunos foram os trabalhadores envolvidos no processo. A professora relata que quase todos os estudantes são trabalhadores, e que o feedback deles subsidiou o processo de revisão do projeto de curso. A experiência profissional extraescolar dos professores também é uma fonte de informação sobre a profissão utilizada na concepção dos cursos. O contato com os estagiários foi citado por P12 como uma forma de obter informações sobre a profissão. Além deste participante, outros comentaram sobre a importância do estágio como uma forma de o estudante ter um contato com o trabalho real. P3 afirma: “Uma coisa que não tem, [...] estágio. Eu acho que o estágio tira muito, nenhuma prática simulada é uma prática de realidade. Então, eu acho que o estágio é uma coisa que faz muita falta, o aluno realmente vai ver a realidade na realidade, não na simulação da realidade.” Já P6, da área da Enfermagem, destaca: “a teoria, ela traz o, a gente se baseia sempre no, vamos dizer assim, em diretrizes, né, que, que nos trazem as melhores formas, as melhores práticas, [...] a maneira ideal, que é o que a gente vê na teoria. E quando a gente vai lá ‘pras’ aulas práticas, o aluno tem o contato com a, com a realidade, vamos dizer assim. Essa realidade, ela vai mudando, né, bastante. [...] E o legal 63 é que ele [o estudante] vai ‘pra’ diferentes locais, né, ele vai circulando. Então, ele vai vendo que uma realidade de uma instituição é diferente da outra. E assim os processos de trabalho também são diferentes, os protocolos são diferentes.” 4.3 A DEFINIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS QUE ORIENTAM O PROJETO DO CURSO A formação para o trabalho supõe uma organização curricular baseada no trabalho. As Diretrizes Curriculares (CNE/CEB, 2012b) definem que o planejamento dos cursos técnicos deve partir da definição das competências profissionais, entre outros aspectos. Defini-las é, portanto, uma etapa fundamental do processo de concepção dos cursos técnicos. Nesse sentido, buscou-se compreender, por meio das entrevistas, como os professores definem as competências que se buscará desenvolver por meio da formação proposta. P13, da área de eletrotécnica, afirma que “a identificação é sempre em função do que tem no mercado, e não em função do que a gente espera de um eletrotécnico”. Outros quatro participantes também citaram o mercado de trabalho como uma fonte para definir as competências profissionais. Cinco professores (33,3%) utilizam sua própria experiência, docente e extraescolar, como apoio para essa definição. Tanto o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos quanto a Classificação Brasileira de Ocupações são referências utilizadas por alguns entrevistados nesta etapa do processo de concepção dos cursos. Em ambos os documentos são encontrados descritivos da profissão; na CBO são apresentadas também “competências pessoais”, condições de trabalho e sugestão de formação. A legislação profissional foi citada como uma referência na concepção dos cursos. P5 afirma que seu grupo não concebe os cursos técnicos baseados em competências profissionais, mas sim em conteúdos que são, posteriormente, organizados em disciplinas. Além deste, outros dois participantes, P8 e P10, citaram que as competências profissionais são definidas a partir das disciplinas, ou seja, o curso é concebido com base em disciplinas predeterminadas, e não em enunciados de competências profissionais. P8 citou que foi utilizada a estrutura curricular do curso de graduação para conceber o curso técnico no qual trabalha: “quando eu cheguei aqui, eu tinha a minha cabeça de bacharel, então não tinha experiênciana área técnica, não tinha feito um curso técnico, o curso que saiu foi quase uma minigraduação”. 64 Esse é um problema, pois os cursos técnicos têm características próprias que os distinguem dos demais tipos de cursos, assim como os cursos técnicos subsequentes diferem dos cursos técnicos articulados ao ensino médio5. Essa foi uma questão levantada por 40% dos participantes da pesquisa, conforme destacado na Tabela 6. Os cursos técnicos são considerados de nível médio, diferentemente dos cursos superiores de tecnologia ou dos demais cursos de nível superior; sua duração é menor, de 800 a 1.200 horas; e as opções de cursos técnicos no Brasil estão previstas no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. Tabela 6 - Extratos das entrevistas com os(as) professores(as) que destacam a especificidade dos cursos técnicos subsequentes em relação aos demais tipos de cursos e de oferta Part. Extrato da entrevista P1 “Um professor que está na sala de aula de um técnico não é o mesmo que ‘tá’ no qualificação. Algumas coisas são parecidas, evidentemente, mas, se não for assim, quase todos os níveis seriam iguais. Acho que isso é uma outra coisa que é bastante desafiante você se entender, até onde que você tem que ir, com que enfoque [...] em cada nível de ensino”. P5 “Agora, eu ‘tô’ em 2 níveis, né, no técnico e no, na pós-graduação. Que também é uma experiência boa, eu acho, porque são níveis distintos, mas, por exemplo, na área que eu atuo, [...] que é climatologia, ela, ela é inerente do técnico e ela é inerente da pós-graduação”. P7 “E, e a gente, é, consegue ter habilidades diferentes ‘pra’ alcançar o mesmo perfil profissional muito mais fácil num curso superior. Num curso técnico, ela é mais fechadinha, né? Porque, como a pessoa, ela precisa ser exímia do ponto de vista técnico, ela tem que ser exímia na habilidade técnica, senão ela não vai alcançar o perfil, né. [...] ‘Pra’ mim é isso, é o que faz muito a diferença entre um curso técnico e um curso superior, né. E assim que eu utilizo ‘pra’, ‘pra’ mensurar a aula, e mensurar a avaliação do aluno, né”. P8 “Muitos de, de nós, professores, que chegamos no Instituto Federal, a gente vem da realidade da graduação, então fazer esse trabalho também, né, é, é como se a gente começasse de novo assim, a entender o que que é o técnico, a entender o que que é um FIC, né? Que também é diferente, e a entender o que que é uma graduação. [...] Uma coisa é você dar aula ‘pro’, ‘pro’ integrado, então você tem uma dinâmica que você já sabe que eles não têm experiência de mercado. Outra coisa é quando você entra na turma da noite, que é subsequente, que você sabe que a maioria deles já têm experiência no mercado de trabalho, ‘tá’ trabalhando. Então as aulas são muito diferentes, embora as disciplinas, às vezes, são idênticas, né. É, elas, as aulas, são completamente diferentes por isso”. P11 “Eu atuo no Proeja, no curso técnico e nos superiores, porque a área de panificação e confeitaria, que é onde eu ‘tô’ inserida, trafega nessas três, nessas três esferas, né, nesse itinerário formativo. E os perfis de alunos são completamente distintos, né? Como é sabido, e o olhar daqueles que são trabalhadores, daqueles que são meramente entre aspas estudantes, né? Ou quando ele é trabalhador de outra área, muda completamente o perfil de atuação que o professor deve ter, independentemente do conhecimento que se quer transmitir, né?” 5 Conforme citado na seção 1.4, os cursos técnicos podem ser ofertados na forma articulada ao ensino médio (integrada, concomitante e concomitante na forma e integrada no conteúdo) ou subsequente ao ensino médio. 65 P14 “Nós tínhamos turmas de jovens de 14 anos, como nós tínhamos turmas, no período da noite, de pessoas adultas, trabalhadoras. Então, foi uma lógica totalmente diferente. Você tinha que se organizar ‘pra’ trabalhar, um pensar a aula diferente à tarde, e um pensar a aula diferente à noite, porque os públicos eram diferentes. [...] No curso técnico, que eu não tinha atuado, né, que era muito novo pra mim. É, então, como eu atuava em curso superior antes de entrar no IFSC, eu pensar o curso técnico foi difícil”. Fonte: elaborada pela autora. Os dados institucionais corroboram as falas de P8, P11 e P14 (Tabela 6) sobre a especificidade do público dos cursos técnicos subsequentes, quando comparados com os estudantes dos demais tipos de oferta de curso técnico. Em 2016, de todos os trabalhadores que ingressaram nos cursos técnicos do IFSC, 73,4% foram para a oferta subsequente ao ensino médio. Por outro lado, entre os ingressantes que têm como ocupação principal os estudos, apenas 15,9% procuraram pela oferta subsequente. Gráfico 1 – Comparativo entre a ocupação principal dos ingressantes nos cursos técnicos subsequentes e nos demais tipos de oferta de cursos técnicos do IFSC em 2016 Fonte: elaborado pela autora a partir de dados do IFSC (2017a). Quanto à validação das competências profissionais constantes no projeto de curso, os participantes relataram que não é previsto um momento como este durante o processo de concepção. Contudo, alguns professores relataram que os egressos desempenham também este papel junto às escolas; seus relatos são importantes para que a equipe de professores saiba que modificações são necessárias nos projetos de cursos. Além disso, a inserção profissional desses estudantes que concluíram o curso também indica que o curso está alinhado às necessidades do mundo de trabalho, conforme relatado por P15, por exemplo: “os profissionais ‘tão’ 84,1% 26,6% 26,4% 35,3% 13,6% 15,9% 73,4% 73,6% 64,7% 86,4% Estudante Trabalhador Desempregado No lar (sem remuneração) Aposentado Técnico (demais tipos de oferta) Técnico subsequente 66 conseguindo emprego também, ‘tão’ conseguindo entrar na área, ‘tão’ conseguindo trabalhar com bastante qualidade e competência. Acho que essa é a principal validação. Não vou dizer que foi formalmente validado, mas acho que o resultado valida também nosso, nosso trabalho.” 4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE CONCEPÇÃO DOS CURSOS TÉCNICOS SUBSEQUENTES A concepção dos cursos técnicos ocorre de diversas formas, de acordo com a equipe de professores envolvidos, mesmo eles pertencendo a uma mesma instituição (neste caso estudado, o IFSC). Assim como as Diretrizes Curriculares não foram citadas pelos 15 entrevistados, também não o foi o formulário institucional utilizado para registro do projeto de curso (Anexo A). O CNCT, por outro lado, foi citado por muitos participantes como uma referência para a concepção dos cursos. Este é um documento que traz informações mais específicas, relacionadas à profissão, e que parece ter mais significado e utilidade para os professores entrevistados. Entretanto, acredita-se que o CNCT não deve ser o único ponto de partida para a concepção dos cursos técnicos. Uma análise da atividade de trabalho pode complementar de forma significativa este referencial, incorporando aspectos relativos à evolução da profissão, aos modos de fazer e estratégias desenvolvidas e adotadas pelos trabalhadores, bem como às características da região na qual o curso será ofertado. Nesse sentido, considerando a orientação das Diretrizes Curriculares de adequar os cursos à vocação regional, o CNCT não pode, de fato, ser a única referência para a elaboração do projeto de curso e, consequentemente, para a definição das competências profissionais. Na maioria dos casos relatados nas entrevistas, a concepção dos cursos técnicos subsequentes é feita pelos professores das áreas técnicas. Contudo, por vezes, o processo é realizado por professores de outras áreas, ou por apenas um professor da área técnica com o auxílio desses outros. Conceber um curso técnico subsequente exige considerável conhecimento e familiaridade com a área técnica. Nesse sentido,um processo que não conte com o trabalho de profissionais da área provavelmente terá prejuízos se comparado com um outro realizado em sua maioria por professores da área específica. Isso não significa, porém, que a participação de outros profissionais, como aqueles do setor pedagógico da escola ou como os professores da chamada “formação geral”, não seja importante. Como ressaltado por alguns entrevistados, a formação técnica se beneficia da atuação desses profissionais. 67 Considerando que em um único curso técnico são contempladas diferentes áreas de atuação profissional, conforme pode ser visto inclusive no CNCT, talvez seja necessária a participação de profissionais advindos dessas diferentes áreas de atuação no processo de concepção dos cursos. Quando os professores da escola não satisfazem esse critério, a participação dos trabalhadores da área pode supri-lo. Contudo, diferentemente do que se esperava, esta etapa da pesquisa demonstrou que a maior parte dos professores entrevistados tem alguma experiência profissional no mercado de trabalho, além da experiência como docentes. Mesmo os entrevistados mais jovens, que entraram na carreira do magistério recentemente, tiveram alguma vivência como profissionais da área técnica antes de começarem a trabalhar no ensino. Entretanto, destaca-se que, a partir do momento em que esses professores começam a atuar na docência com um regime de trabalho de dedicação exclusiva, eles deixam de atuar profissionalmente fora da escola. Em muitas profissões, observa-se uma evolução significativa dos métodos, das técnicas, dos instrumentos em poucos anos. Portanto, ainda no caso dos professores que têm experiência profissional prévia, é fundamental que se promova a sua aproximação do trabalho real para que atuem nos cursos técnicos, tanto na concepção dos projetos de curso, quanto no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Outra característica inesperada da amostra, pode-se citar o fato de que 46,7% dos participantes fizeram um curso técnico, sendo que, entre estes, 71,4% ainda atuam na mesma área. Moraes (2016) afirma, contudo, que esse perfil tende a diminuir devido à maior valorização, durante o processo de ingresso dos professores na instituição, pela titulação acadêmica (mestrado e doutorado). Nesse sentido, as chances de haver professores de cursos técnicos que não têm experiência profissional extraescolar e não fizeram um curso técnico durante a sua formação profissional escolar podem crescer com o passar dos anos. Em relação ao que desencadeia um processo de concepção de curso, foram vários os motivos citados. Desde adequação à legislação e a novas diretrizes da educação profissional, até a necessidade de tornar o curso mais atrativo e diminuir índices de evasão. Pode-se observar, também, que os avanços na profissão são motivadores de processos de revisão de cursos. Aqui, considera-se que revisar um projeto de curso também é um processo de concepção. Muitos professores citam o contato com a comunidade na qual a escola está instalada como fundamental para a concepção dos cursos técnicos, para definir o curso a ser ofertado, o perfil profissional de conclusão, o tipo de oferta. Todavia, esse contato, assim como o contato 68 com os trabalhadores da área, não parece ser sistemático e previsto no processo de concepção dos cursos. Estudantes trabalhadores, que são maioria nos cursos técnicos subsequentes, bem como estagiários, promovem um contato constante dos professores com o mundo da profissão. Os egressos que estão atuando na área de formação também fazem esse papel, sendo referências tanto para professores quanto para estudantes. Os cursos técnicos subsequentes, segundo os entrevistados, trazem para a escola um perfil de estudantes muito diferente daquele dos cursos oferecidos de forma articulada ao ensino médio. Essa especificidade influencia no processo de ensino, bem como no processo de concepção dos cursos. O turno em que o curso será ofertado, por exemplo, pode variar de acordo com o perfil do público atendido. O perfil profissional, segundo P8, é o mesmo independentemente do tipo de oferta do curso técnico. De fato, o CNCT não define diferentes perfis de acordo com o tipo de oferta. As estratégias didáticas, contudo, serão diferentes para um público composto majoritariamente por adolescentes (caso dos cursos técnicos articulados ao ensino médio), conforme apontado por diversos participantes (Tabela 6). O contato diário com estudantes trabalhadores é uma maneira de os professores terem informações sobre a atividade de trabalho, ou seja, com o que se denomina, em ergonomia, trabalho real. A observação é a principal técnica da análise da atividade, porém não é a única maneira de identificar características das atividades de trabalho que podem ser integradas nos projetos de cursos. Além dos relatos dos estudantes-trabalhadores, dos estagiários, dos egressos e demais trabalhadores atuantes na área, os professores podem conhecer essas características por outros meios. Sua própria experiência profissional prévia é um deles; enquanto trabalhadores da área técnica, esses professores estavam inseridos nas situações de trabalho e nas comunidades de práticas6, e vivendo o trabalho real, aquele que está além do prescrito. Em alguns relatos durante as entrevistas, os professores demonstraram que reconhecem a distância que existe entre o trabalho que os estudantes veem na escola e o que ocorre na realidade. Nos cursos que preveem estágio, como na área de Enfermagem, essa também é uma oportunidade de os professores “saírem” da escola e estarem em contato direto com os 6 Barato (2015, p. 35), ao tratar do desenvolvimento de valores na educação profissional, usa o conceito de comunidades de práticas, trabalhado por Jean Lave e Etienne Wenger, no qual se sugere que “qualquer trabalho é uma prática social com consequências na elaboração compartilhada de saberes e na construção de um quadro de valores que caracteriza o ethos de grupos voltados para certa ocupação ou profissão.” 69 trabalhadores em situação de trabalho e, novamente, com as comunidades de práticas das quais seus estudantes farão parte. É o que ocorre também nas visitas às empresas, uma das fontes de informação sobre a profissão utilizadas pelos entrevistados para a concepção dos cursos. Esse “olhar” para o mundo externo à escola, para o mundo da profissão, também auxilia os professores a incorporarem nos projetos de curso os avanços tecnológicos do trabalho, e, além disso, os aspectos culturais, identitários, valorativos da profissão. Segundo Barato (2015, p. 26), inspirado na obra de Jean Lave e Etienne Wenger, “em comunidades de prática, o saber se constrói nas teias de relações próprias de uma corporação e isso envolve técnicas, valores e desenvolvimento de identidade.” A análise aqui apresentada permitiu evidenciar um retrato do processo atual de concepção dos cursos técnicos subsequentes e, também, a possibilidade de inserção da análise da atividade de trabalho neste processo. Acredita-se que a abordagem ergonômica pode auxiliar os professores na criação de cursos mais alinhados ao mundo do trabalho, oferecendo a esses profissionais orientações para esta atribuição complexa: conceber cursos técnicos. 70 5 RESULTADOS: A ATIVIDADE DE TRABALHO NOS PROJETOS DE CURSOS TÉCNICOS Por meio de uma análise dos projetos pedagógicos de cursos técnicos subsequentes do IFSC, buscou-se identificar que características das atividades de trabalho estão integradas nesses cursos. Os dados gerais coletados nesses projetos são apresentados na Tabela 7. 5.1 EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES-TRABALHADORES Considerando os anos de 2015 e 2016, vê-se que a maioria dos estudantes que ingressa nos cursos técnicos subsequentes do IFSC é de trabalhadores (Gráfico 2). Sendoassim, eles possuem experiências profissionais que podem ser reconhecidas pela instituição de ensino – e inclusive utilizadas no processo de concepção de novos cursos ou de revisão de projetos atuais. Segundo Weill-Fassina e Pastré (2007, p. 188), “reconhecer ou levar a reconhecer as competências profissionais é melhorar ou conceber boas condições para a sua aplicação, instrumentalizar sua formação e sua construção, permitir melhor geri-las no plano individual e coletivo, e auxiliar em sua capitalização.” As Diretrizes Curriculares definem como um dos conteúdos desses projetos os critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores. Contudo, institucionalmente não é solicitado aos professores que incluam este item nos projetos de cursos, conforme percebe-se no Formulário apresentado no Anexo A. Gráfico 2 - Ocupação principal dos ingressantes em Cursos Técnicos Subsequentes do IFSC em 2015 e 2016 Fonte: elaborado pela autora com base em IFSC (2016; 2017a). 67,6% 14,4% 15,1% 1,9% 1,1% 60,2% 21,8% 15,2% 1,3% 1,5% Trabalhador Desempregado Estudante No lar (sem remuneração) Aposentado 2015 2016 71 Acredita-se que definir os critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores pode ser uma oportunidade para o projeto de curso se aproximar do trabalho real. Se os estudantes-trabalhadores pudessem ter reconhecidos e aproveitados na formação os seus conhecimentos e as suas experiências, eles poderiam ter uma carga horária menor a cumprir no curso, facilitando, dessa forma, a conciliação entre trabalho e formação escolar. Além disso, receber o reconhecimento dessa experiência por parte da escola pode ser um fator motivador para a continuação de sua formação. Eventualmente, esses dois fatores resultariam em um índice maior de êxito escolar. Tanto as Diretrizes Curriculares quanto o Parecer 11/2012, ambos documentos do Conselho Nacional de Educação, reforçam a importância da avaliação, do reconhecimento e da certificação dos conhecimentos e das experiências dos trabalhadores pela escola, tendo como referência o perfil profissional do curso: A avaliação da aprendizagem utilizada para fins de validação e aproveitamento de saberes profissionais desenvolvidos em experiências de trabalho ou de estudos formais e não formais, deve ser propiciada pelos sistemas de ensino como uma forma de valorização da experiência extraescolar dos educandos, objetivando a continuidade de estudos segundo itinerários formativos coerentes com os históricos profissionais dos cidadãos (CNE/CEB, 2012b, p. 9). O currículo [...] deve considerar os saberes e as experiências incorporados pelo trabalhador, o qual tem o seu próprio saber sobre a tecnologia e seu processo de produção, contemplando as demandas atuais de trabalhadores que estão retornando à escola em busca da Educação Profissional e Tecnológica (CNE/CEB, 2012a, p. 28). Considerando um movimento nacional de reconhecimento e certificação de saberes profissionais, o IFSC regulamentou, em 2015, uma das maneiras de proceder ao reconhecimento de certificação dos saberes dos trabalhadores estudantes, o Certific (IFSC, 2015b). Ele é uma oferta educativa de natureza avaliativa, formativa e certificadora que possibilita aos trabalhadores que não tiveram acesso aos processos formais de aprendizagem o reconhecimento formal das competências adquiridas na sua trajetória de vida e de trabalho. A certificação pode ser de: qualificação profissional, técnica, tecnológica ou docente da Educação Profissional. O processo ocorre em duas etapas: avaliação e reconhecimento de saberes profissionais do trabalhador; e, quando necessária, complementação da formação (IFSC, 2015b). Entre os 29 projetos de Cursos Técnicos Subsequentes analisados, dois (6,9%) oferecem aos estudantes a possibilidade de reconhecimento e certificação de saberes 72 profissionais. Contudo, considerando o perfil dos estudantes desses cursos, esse processo poderia ser estendido aos demais cursos, permitindo, então, aos trabalhadores terem sua experiência valorizada e suas necessidades de formação contempladas, conforme posto pelas Diretrizes Curriculares e pelo Parecer 11/2012, respectivamente. 5.2 PERFIL DOS PROFESSORES DO CURSO Segundo o Conselho Nacional de Educação, é exigido dos professores da Educação Profissional: 1) saberes pedagógicos necessários para conduzir jovens e adultos nas trilhas da aprendizagem e da constituição de saberes e competências profissionais; 2) saberes disciplinares do campo específico de sua área de conhecimento, para poder fazer escolhas relevantes dos conteúdos que devem ser ensinados e aprendidos, para que os formandos tenham condições de responder, de forma original e criativa, aos desafios diários de sua vida profissional e pessoal, como cidadão trabalhador; e 3) saberes específicos do setor produtivo do respectivo eixo tecnológico ou da área profissional na qual atua (CNE/CEB, 2012a). Não se trata, portanto, de apenas garantir o domínio dos chamados conhecimentos disciplinares, os quais podem, muito bem, ser adquiridos em cursos de graduação, tanto no bacharelado quanto na tecnologia, ou até mesmo em cursos técnicos de nível médio, que podem ser considerados como pré-requisitos. Ao lado dos saberes pedagógicos, o conjunto dos conhecimentos da base científica e tecnológica da atividade profissional constitui outro dos três eixos estruturadores fundamentais da formação de docentes para a Educação Profissional, ao lado do cultivo dos saberes do trabalho, traduzidos em termos de vivência profissional e experiência de trabalho (CNE, CEB, 2012a, p. 55). Apesar de o Formulário institucional para apresentação dos projetos de cursos técnicos (Anexo A) solicitar apenas nome, área e regime de trabalho dos docentes que atuarão no curso, os projetos analisados apresentam outras informações, conforme Gráfico 3. Em nenhum projeto é citada a vivência profissional e experiência de trabalho dos professores, tampouco se eles possuem formação técnica na área em que atuam. Moraes (2016) ressalta que há, no IFSC, uma tendência de diminuição gradativa de professores egressos dos Cursos Técnicos de nível médio. Além disso, há maior valorização pela titulação acadêmica do que pela experiência profissional fora da docência. 73 Gráfico 3 - Informações sobre os professores apresentadas nos projetos dos Cursos Técnicos Subsequentes Fonte: elaborado pela autora. 5.3 PRÁTICA PROFISSIONAL INTRÍNSECA AO CURRÍCULO Apesar de a “prática profissional intrínseca ao currículo” ser um dos conteúdos mínimos dos projetos de Cursos Técnicos, segundo as Diretrizes Curriculares, e de o formulário institucional (Anexo A) indicar a necessidade de o curso ter carga horária prática, 44,8% dos projetos analisados não a apresenta de forma explícita nas descrições das unidades curriculares. Contudo, como será apresentado adiante, dois desses projetos preveem estágio curricular obrigatório, espaço privilegiado de prática profissional. A importância de prática é afirmada em Rose (2015, p. 86). Segundo o autor, em qualquer atividade complexa, se “aprende a fazer bem alguma coisa por meio da prática [...] com orientação e feedback de pessoas mais competentes.” No Gráfico 4, apresenta-se a organização da carga horária total dos cursos cujos projetos foram analisados. Em 10 deles, as quantidades de carga horária prática e teórica de cada unidade curricular não são definidas; para estes casos, não há colunas no gráfico (exemplo: cursos número um, quatro, 15 etc.). Entre os projetos que determinam a quantidade de carga horária prática, em apenas 17,2% ela é maior do que a teórica. De acordo com Barato (2002, p. 165), “é bastante provável que a insistência sobre a prioridade de teoria sobre a prática seja um modo de esvaziar a técnica designificado, justificando a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual.” Considerando que os 93% 79% 59% 52% 45% 17% 7% 7% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 74 projetos analisados aqui são de Cursos Técnicos, os quais deveriam ter como principal objetivo o desenvolvimento de técnicas, esse é um problema premente. Ainda segundo o autor, “ao esvaziar a técnica de seu status epistemológico, a divisão conhecimento/habilidades perpetua e justifica a separação entre concepção e execução.” (ibid., p. 191). Em ergonomia, quando se fala da complexidade do trabalho, entende-se que todo trabalho pressupõe o engajamento do trabalhador no diagnóstico das situações e na resolução de problemas; ele está, a todo o tempo, gerenciando os diversos aspectos de seu trabalho enquanto desenvolve sua atividade. Nesse sentido, ele concebe e realiza sua atividade de trabalho. Se a divisão entre teoria e prática, conhecimento e habilidades, trabalho manual e trabalho intelectual não é pertinente para caracterizar o trabalho, ela tampouco o é nos projetos de formação profissional, incluindo os Cursos Técnicos. Gráfico 4 - Organização da carga horária dos Cursos Técnicos Subsequentes analisados Fonte: elaborado pela autora. Ainda sobre essas divisões, Barato (2002, p. 145-146) chama a atenção para as limitações e as consequências do uso do par teoria/prática na Educação Profissional, refletindo sobre os seguintes pontos: Teoria passa a ser confundida com o modo mais habitual de compartilhar saberes: o discurso. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 O rg an iz aç ão d a ca rg a h o rá ri a to ta l Curso Carga horária prática Carga horária teórica 75 A prática é vista como categoria subalterna, desprovida de significado próprio. As decisões didáticas decorrentes desse modo de pensar acabam funcionando como modos de justificação da divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual – ou entre execução e concepção. A dinâmica do aprender é empobrecida à medida que o império da teoria sobre a prática justifica ausência de investimentos em ambientes favorecedores da aprendizagem de técnicas. Essas reflexões têm relação com a premissa desta pesquisa, a distância que existe entre os Cursos Técnicos e o trabalho. Se a intenção é incorporar à Educação Profissional o conceito de trabalho assumido aqui, que considera a complexidade e o valor de todo trabalho e a inteligência do trabalhador, a preocupação com os efeitos negativos do uso do par limitador teoria/prática é pertinente. Entretanto, considerando a situação atual, na qual é solicitado aos professores que explicitem no Projeto Pedagógico do Curso qual o percentual de carga horária teórica e prática de cada unidade curricular, essa é uma das maneiras de a prática profissional aparecer no currículo. É possível que cursos cujos projetos não definam essa divisão entre teoria e prática tenham a prática profissional intrínseca ao currículo, permeando todo o percurso de formação dos estudantes. Por outro lado, seria importante que essa prática profissional estivesse apresentada nos projetos de cursos, inclusive, se possível, sem fazer a divisão entre teoria e prática. Este é um desafio para os professores e demais trabalhadores da educação profissional: propor maneiras de conceber a formação sem estruturar os projetos pedagógicos com base na divisão entre teoria e prática, entre conhecimentos e habilidades, formação humana e formação técnica. O estágio, uma das maneiras de o estudante desenvolver a prática profissional durante a formação, mesmo quando obrigatório, deve ser adicionado à carga horária mínima do curso prevista no CNCT, conforme orientação das Diretrizes Curriculares. Em dois projetos analisados que possuem estágio curricular obrigatório, por exemplo, não é especificada uma carga horária prática nas descrições das demais unidades curriculares. Cerca de 20% dos cursos analisados exigem que os estudantes realizem estágio (Tabela 7). O baixo percentual de Cursos Técnicos Subsequentes com estágio obrigatório relaciona-se, provavelmente, com o perfil dos estudantes. É esperado que estudantes que trabalham tenham maior dificuldade em conciliar aulas, estágio e trabalho, o que reforça a importância do desenvolvimento da prática profissional nos ambientes de aprendizagem e do aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores. No caso desses cursos, o reconhecimento e a certificação das competências 76 profissionais dos estudantes, no caso de eles serem trabalhadores, parecem mais adequados do que o estágio curricular obrigatório. Para aqueles que não são ainda trabalhadores da área técnica, o estágio (neste caso, não obrigatório) pode ser uma boa opção, assim como outras formas de contato com o ambiente laboral, como visitas técnicas, projetos de extensão, empresas juniores etc. 5.4 TURNO E DURAÇÃO DOS CURSOS Aparentemente, o perfil dos estudantes dos Cursos Técnicos Subsequentes influencia também na definição do turno desses cursos. A maioria da oferta ocorre no turno noturno, conforme observado nos projetos analisados e nos dados institucionais (Gráfico 5). Gráfico 5 - Turno dos Cursos Técnicos Subsequentes analisados (esquerda) e percentual de matrículas nos Cursos Técnicos Subsequentes do IFSC por turno (direita) Fonte: elaborado pela autora a partir da análise dos projetos de cursos e a partir de dados institucionais (IFSC, 2017a). No Gráfico 6, vê-se que a duração dos Cursos Técnicos Subsequentes cujos projetos foram analisados varia de dois a quatro semestres (eixo horizontal). Os dois projetos com duração indefinida são ofertados no formato Certific, portanto a duração do curso dependerá das necessidades de certificação e de formação de cada trabalhador. As cargas horárias mínimas dos Cursos Técnicos estabelecidas no CNCT são 800, 1.000 ou 1.200 horas. A maioria dos cursos analisados com carga horária entre 800 e 820 horas (cor azul no gráfico) tem duração de matutino ou vespertino 10,3% matutino ou vespertino ou noturno 24,1% noturno 48,3% vespertino 10,3% vespertino ou noturno 6,9% integral 12,0% matutino 4,9% vespertino 17,6% noturno 65,6% 77 dois semestres. Contudo, apesar de terem praticamente a mesma carga horária total, três deles têm duração de 3 semestres. Quando observados os cursos de 1.000 a 1.120 horas, vê-se que eles têm duração de um a dois anos, o que pode ter um impacto tanto na sua atratividade quanto na permanência e no êxito dos estudantes, principalmente se forem trabalhadores. Uma das professoras entrevistadas na etapa anterior, a P14, da área da Gestão, citou que, na revisão do projeto de curso em Administração (o curso de 1.000 horas e dois semestres apresentado no Gráfico 6), passou-se de três para dois semestres, a fim de torná-lo mais atrativo para o público do subsequente. Por outro lado, P2, da mesma área, mas de outra escola, afirmou que a equipe de professores optou por oferecer aulas de segunda-feira a quinta-feira, das 19:00 às 22:15, pois entendeu que seria melhor para os estudantes organizarem suas agendas e frequentarem as aulas. Com esta organização, o curso de 1.000 horas tem uma duração de quatro semestres, conforme visto no Gráfico 6. Portanto, a escolha pela quantidade de semestres que o curso terá é também influenciada pelo perfil dos estudantes. Gráfico 6 - Duração dos Cursos Técnicos Subsequentes analisados Fonte: elaborado pela autora. Um dos cursos analisados tem 1.600 horas (representado pela cor roxa no Gráfico 6), um excedente de 400 horas em relação à carga horária mínima. Além dele, outros seis projetos, totalizando, portanto, 24,1% da amostra, excedem o mínimo de carga horária estabelecida pelo CNCT, conforme podeser visto na Tabela 7. Considerando que a maioria dos estudantes dos Cursos Técnicos Subsequentes tem como ocupação principal o trabalho, cursos mais enxutos 0 2 4 6 8 10 12 2 3 4 Indefinida Q u a n ti d a d e d e cu rs o s Quantidade de semestres 1.600h 1.200h - 1.280h 1.000h - 1.120h 800h - 820h Carga horária total dos cursos 78 provavelmente serão mais adequados a eles. Entre os cursos que têm excedente de carga horária em relação ao disposto no CNCT, 57,1% não explicitam carga horária prática nos projetos, e nos demais ela é menor do que a carga horária teórica. Entre os cursos analisados, aqueles que têm duração de dois semestres são compostos por 16 unidades curriculares, em média. Isso significa que o estudante cursará cerca de oito unidades curriculares diferentes a cada semestre. Os cursos de três semestres, por sua vez, têm uma média de 19 unidades curriculares, sendo aproximadamente seis por semestre, assim como os de quatro semestres, que têm, em média, 24 unidades curriculares. Considerada toda a amostra, os Cursos Técnicos Subsequentes do IFSC têm, em média, 19 unidades curriculares, sendo sete por semestre. Neste cenário, cresce a importância da interdisciplinaridade, um dos princípios da educação profissional segundo as Diretrizes Curriculares (CNE/CEB, 2012b), para que o estudante não tenha uma experiência formativa fragmentada, composta por inúmeras unidades curriculares desconexas em um mesmo semestre. 5.5 COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS Nos projetos de cursos técnicos, normalmente é definida uma série de competências profissionais que orientará a formação. Em seguida, quando são apresentadas as unidades curriculares, discriminando duração, o que será abordado, qual bibliografia será utilizada etc., espera-se que uma ou mais competências profissionais sejam indicadas, apontando como cada uma das unidades curriculares colaborou para o alcance dessas competências. O Formulário institucional para os projetos de cursos (Anexo A) solicita essa indicação. Todavia, em 48,3% dos projetos analisados, as competências profissionais não são citadas no detalhamento das unidades curriculares. Em 27,6%, elas estão parcialmente vinculadas, ou seja, algumas unidades curriculares citam as competências, enquanto outras não as citam. Apesar de as Diretrizes Curriculares defenderem que os projetos de Cursos Técnicos sejam construídos com vistas ao desenvolvimento de competências profissionais requeridas pela natureza do trabalho, apenas em 24,1% da amostra todos os descritivos das unidades curriculares estão relacionados às competências gerais. A quantidade de competências apresentadas nos projetos varia de zero (caso do curso técnico em Informática para Internet, Quadro 21, no Apêndice C) até 18 (curso técnico em Eletrotécnica, Quadro 14, no Apêndice C). Os projetos analisados têm, em média 8,7, 79 competências profissionais, com desvio padrão de 4. Ou seja, parece não haver uma linha institucional para a definição das competências, visto que há projetos de cursos técnicos subsequentes que apresentam uma competência geral (curso técnico em Tradução e Interpretação de Libras, Quadro 31, no Apêndice C), outros que apresentam 18 competências gerais. Tem-se também o caso do curso técnico em Informática para a internet, que não apresenta competências gerais, porém define uma série de competências a serem desenvolvidas no âmbito de cada uma das unidades curriculares, totalizando 105 competências. Percebe-se ainda que, nos projetos analisados, os enunciados das competências apresentam verbos com características bastante distintas entre si. Por exemplo, encontram-se tanto competências expressas por “conhecer”, “compreender”, “reconhecer”, “preocupar-se com”, “identificar”, “relacionar”, “ter consciência de”, “perceber”, “cumprir”, quanto por “operar”, “executar”, “controlar”, “realizar”, “elaborar”, “desenvolver” etc. Se considerado o conceito de competência proposto por Tardif (2003), como um saber agir complexo baseado na mobilização e na utilização eficazes de uma variedade de recursos, sendo ela essencialmente da ordem da ação, o primeiro grupo de verbos parece não expressar competências. Este autor chama a atenção para a necessidade do grupo de professores ter um tempo para construir para si um conceito compartilhado da noção de competência, sendo que este debate influencia na representação que esse coletivo terá da aprendizagem, do ensino e da avaliação das aprendizagens. 5.6 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO Outro aspecto analisado nos projetos de Cursos Técnicos Subsequentes foi a presença dos termos relacionados à temática da saúde e segurança no trabalho (SST). As Diretrizes Curriculares definem que fundamentos de “segurança do trabalho”, entre outros temas, devem compor os currículos dos cursos técnicos. O CNCT, por sua vez, nas descrições dos Eixos Tecnológicos, traz a “saúde e segurança no trabalho” como um conhecimento que deve ser contemplado na organização curricular dos cursos. No Brasil, o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (CTSST, 2012) sugere a inclusão de conhecimentos básicos em SST no currículo dos cursos técnicos. Ainda em 2003, o Brasil, representado pela Fundacentro, juntamente com Canadá, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Reino Unido 80 e Suíça, participou da elaboração do documento Protocole de Québec, o qual visa à integração das competências em SST no ensino e na formação profissional. Este protocolo estabelece como princípios: 1) as competências em SST associadas a cada uma das etapas de realização de um trabalho são integradas à formação progressivamente na aprendizagem da profissão; 2) o domínio dos conhecimentos necessários e das práticas recomendadas em matéria de SST deve ser avaliado de forma integrada à formação; 3) o ambiente de formação adota práticas exemplares em matéria de saúde e segurança para o estudante e favorece sua implementação pelas políticas; 4) materiais, equipamentos e ambientes atendem às normas e regras reconhecidas em matéria de SST (COMITÉ..., 2003). Buscou-se nos 29 projetos de cursos analisados a presença dos termos saúde, segurança, SHT e higiene. A busca por higiene e SHT (segurança e higiene no trabalho) foi feita, pois percebeu-se que essa temática aparece assim em alguns projetos. Após encontrados os termos, verificou-se em quais casos eles se relacionavam à abordagem da SST nos cursos. Apesar de haver orientações tanto nacionais quanto internacionais para a integração da SST nos cursos técnicos, em apenas 62% dos projetos analisados foram encontrados esses termos nas competências, nos objetivos, no perfil profissional ou nos conteúdos das unidades curriculares dos cursos, sendo que em apenas 24,1% dos projetos existe uma unidade curricular específica para tratar do tema. 5.7CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTEGRAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ATIVIDADES DE TRABALHO NOS CURSOS TÉCNICOS SUBSEQUENTES Por meio da análise dos projetos de cursos técnicos subsequentes foi possível identificar algumas características das atividades de trabalho que estão integradas nos cursos, bem como destacar aspectos que podem ser incorporados, tornando esses cursos mais alinhados com as atividades de trabalho. Percebeu-se que há cursos que consideram e reconhecem a experiência profissional dos estudantes, em sua maioria, trabalhadores. Apesar de apenas 6,9% dos projetos trazerem essa possibilidade, essa iniciativa demonstra que é possível reconhecer as competências profissionais dos estudantes-trabalhadores, parecendo ser esta uma opção pertinente para o público dos cursos técnicos subsequentes. Estando o estágio curricular presente em 20,7% dos cursos – o que é compreensível, já que a maioria dos estudantes trabalha, 81 essa possibilidade de reconhecimento de competências pode ocuparum espaço fundamental dos cursos técnicos, o da prática profissional. Tabela 7 - Perfil dos projetos de Cursos Técnicos Subsequentes do IFSC Curso Turno Dur. CH CNCT Exc. CHP CHT Comp. Est. UCs. 1 Administração N 2 1.000 1.000 0 - - parcial não 13 2 Administração N 3 1.000 1.000 0 421 579 sim não 18 3 Administração N 4 1.000 1.000 0 250 750 parcial não 20 4 Agronegócio N 4 1.280 1.200 80 - - não não 26 5 Confeitaria M/V/N 2 800 800 0 428 372 sim não 15 6 Cozinha M/V/N 2 800 800 0 456 344 sim não 17 7 Edificações N 4 1.200 1.200 0 590 610 não não 29 8 Eletroeletrônica N 4 1.200 1.200 0 515 685 não sim 26 9 Eletrotécnica V/N 4 1.280 1.200 80 620 660 não sim 24 10 Eletrotécnica N 4 1.200 1.200 0 500 700 parcial não 26 11 Enfermagem V 4 1.200 1.200 0 0 1.200 não sim 23 12 Enfermagem V 4 1.200 1.200 0 65 1.135 não sim 25 13 Eventos M/V/N 2 800 800 0 186 614 sim não 17 14 Guia de turismo nacional e América do Sul M/V/N 2 820 800 20 128 692 parcial não 16 15 Guia de turismo regional N 3 800 800 0 - - parcial não 22 16 Guia de turismo regional M/V/N 2 820 800 20 140 680 parcial não 18 17 Informática para internet N 3 1.120 1.000 120 - - não não 24 18 Logística N 3 800 800 0 0 800 não não 15 19 Meteorologia M/V 3 1.200 1.000 200 - - sim não 21 20 Panificação M/V/N 2 800 800 0 420 380 sim não 15 21 Qualidade N 2 800 800 0 - - sim não 15 22 Refrigeração e climatização N 3 1.200 1.200 0 670 530 não sim 20 23 Restaurante e bar V 2 800 800 0 134 666 parcial não 16 24 Restaurante e bar M/V/N 2 800 800 0 403 397 parcial não 17 25 Segurança do trabalho N 3 1.200 1.200 0 0 1.200 não sim 22 26 Têxtil M/V Ind. 1.200 1.200 0 - - não não 9 27 Tradução e interpretação de libras V/N 4 1.600 1.200 400 - - não não 19 28 Vendas N 3 800 800 0 - - não não 13 29 Vestuário M/V Ind. 1.200 1.200 0 - - não não 11 Fonte: elaborada pela autora. Legenda: Turno: M: matutino; V: vespertino; N: noturno. Dur.: duração em semestres. CH: carga horária total do curso (exceto estágio). CNCT: carga horária mínima de acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. Exc.: carga horária excedente dos projetos em relação à carga horária mínima do CNCT. CHP: carga horária prática. CHT: carga horária teórica. Comp.: as competências gerais são citadas nas unidades curriculares. Est.: estágio obrigatório. UCs: quantidade de unidades curriculares. A validação das competências profissionais valoriza o trabalho que esses estudantes realizam no seu dia a dia e pode ser considerada cumprimento de carga horária da formação profissional, possibilitando a um maior número de trabalhadores ter acesso à formação técnica e à certificação. Por outro lado, além de a maioria dos projetos analisados não preverem essa possibilidade, 24,1% deles têm carga horária superior àquela orientada pelo CNCT, sendo observado também na amostra uma predominância da carga horária teórica, visto que em 44,8% dos projetos não está explícita a carga horária prática. Percebe-se que a prática profissional atualmente está limitada à definição dessa quantidade de carga horária prática, e à presença do 82 estágio curricular. Considerando as limitações do par teoria/prática (BARATO, 2002) e a importância do desenvolvimento da prática durante a formação profissional (CNE, 2012b; ROSE, 2015), é necessário que sejam construídas maneiras diferentes de garantir que a prática profissional esteja na essência dos projetos de Cursos Técnicos, que haja mais criatividade “ao unir biblioteca e oficina para ajudar os alunos a construírem uma vida melhor.” (ROSE, 2015, p. 75). Uma das opções é a abordagem metodológica baseada na obra proposta de Barato (2008, p. 14), na qual: As tradicionais turmas homogêneas seriam substituídas por equipes de trabalho cujos participantes teriam diferentes níveis de domínio das técnicas e operações requeridas pelas obras. Princípios de divisão do trabalho seriam utilizados para atribuir tarefas distintas aos membros das equipes de produção. Os docentes atuariam como mestres, propondo obras, instruindo os participantes, avaliando resultados parciais e oferecendo orientações, executando – para efeitos demonstrativos – partes do trabalho. Participantes de todos os níveis negociariam, por meio da execução, significados dos saberes necessários ao alcance da obra. Avaliações de aprendizagem aconteceriam como julgamentos de operações no processo e na apreciação da obra pronta. Tais julgamentos seriam efetuados tanto por aprendizes como pelo mestre. Os ‘cursos’ não teriam data de início e término. A qualificação ou habilitação dos alunos ocorreria de acordo com domínio de processos necessários à produção das obras que integrariam o ‘currículo’. Rose (2015, p. 57) afirma que “historicamente o currículo da educação profissional não tem feito jus ao rico conteúdo intelectual do trabalho”, o qual não é valorizado devido a um preconceito profissional e institucional. Contudo, assim como o trabalho dos estudantes- trabalhadores poderia ser mais valorizado nos projetos analisados, também poderia ser a experiência profissional extraescolar dos professores que atuam nesses cursos. Os projetos não apresentam, por exemplo, o histórico profissional deles, tampouco se são egressos de cursos técnicos. A partir de um maior delineamento do perfil dos professores, o qual poderia ter como base os três eixos de saberes propostos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB, 2012a): 1) saberes pedagógicos voltados para a atuação na Educação Profissional; 2) saberes da área técnica; e 3) saberes do setor produtivo, seria possível apontar as necessidades de formação do corpo docente, considerando principalmente que eles se mantêm distantes da atuação profissional quando em regime de Dedicação Exclusiva. Quanto às competências profissionais apresentadas nos projetos de cursos analisados, percebeu-se que não existe um consenso institucional quanto à noção de competência. A quantidade de competências por projeto varia significativamente. E os enunciados das competências começam, por vezes, com verbos que denotam claramente uma ação, como 83 “elaborar” e “executar”, e, em outros momentos, por verbos como “conhecer”, “reconhecer” e “perceber”. Ainda em relação às competências, demonstrou-se que, apesar de documentos nacionais e internacionais indicarem a necessidade de os cursos técnicos abordarem a questão da saúde e segurança no trabalho, ela está presente em apenas 62% dos projetos analisados. É preciso que o processo de concepção de cursos técnicos preveja um esclarecimento quanto à noção de competência e à integração dos aspectos relacionados à SST na formação. Percebe-se que os cursos precisam ainda de um alinhamento maior com as características das atividades de trabalho, principalmente porque ele é princípio educativo na educação profissional. Acredita-se que uma abordagem para concepção dos cursos que seja baseada na observação de situações de trabalho, como a proposta pela presente tese no capítulo a seguir, pode trazer para esses projetos mais elementos do trabalho, atribuindo a ele, de forma mais significativa, esse sentido de princípio educativo. 84 6 RESULTADOS: A ABORDAGEM ERGON-EP Este capítulo apresenta a Abordagem Ergon-EP, proposta metodológica para a concepção de cursos técnicos concebida no âmbito desta pesquisa de doutorado. Primeiramente, é apresentada a avaliação realizada por especialistas da educação profissional a partir da primeira versão da Abordagem. Com base nessa avaliação, foram feitas alterações na Abordagem, a qual chegou à versão que é apresentada na segunda parte deste capítulo. 6.1 AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM ERGON-EP A avaliação da Abordagem Ergon-EP foi feita por 14 professores de cursos técnicos, seus principais potenciais usuários, e por 11 formadores de professores e gestores que atuam na educação profissional.Optou-se por realizar uma avaliação também com este segundo grupo, pois eles poderão incentivar o uso da abordagem ou promover formações para que os professores se apropriem dela na concepção de cursos técnicos. Este capítulo apresenta a avaliação desses dois grupos de especialistas, bem como sugestões feitas por eles para aprimoramento da Abordagem. 6.1.1 Avaliação por professores de cursos técnicos A Ergon-EP foi avaliada por 14 professores que atuam ou já atuaram em cursos técnicos e que participaram da elaboração ou revisão de projetos pedagógicos desse tipo de curso. Dez deles atuam no IFSC, em oito campi diferentes; entre os demais, um atua no Instituto Federal do Paraná (IFPR), um no Instituto Federal Catarinense (IFC), um no Centro de Educação Profissional Hermann Hering (Cedup) e um no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Portanto, pode-se entender que a amostra representa a experiência de concepção de cursos técnicos em 12 locais distintos, se considerarmos que cada campus, no IFSC, constrói seus próprios projetos de cursos. Além disso, esses professores trabalham em diversas áreas técnicas. São elas: Administração, Construção Civil, Controle e Processos Industriais, Eletrônica, Eletrotécnica, Hotelaria, Informação e Comunicação, Informática, Panificação e Confeitaria, Restaurante e Bar, Segurança do Trabalho, Supervisão Escolar e Vestuário. 85 A Tabela 8 apresenta uma caracterização geral desses participantes. Eles têm entre 31 e 64 anos de idade, com média de 45,1 anos (desvio padrão de 10,1) e a maioria são homens (71,4%). Apenas um dos participantes não tem experiência profissional extraescolar; entre os demais, encontram-se professores que têm desde seis meses até 20 anos de experiência (média de 10,2, desvio padrão de 7,7). Metade da amostra fez curso técnico; destes, 57,1% atuam como professores na mesma área. Os participantes atuam de 3 a 30 anos como professores na educação profissional, sendo que a média é de 14,4 anos (desvio padrão de 8,4). Metade deles atuam na elaboração ou revisão de projetos de cursos técnicos desde que ingressaram como professores na educação profissional; considerando-se toda a amostra, o tempo médio de atuação nesse processo é de 11,5 anos (desvio padrão de 8,8), indo de 3 a 30 anos. Quanto à titulação acadêmica, 57,1% são mestres, 21,4% são especialistas e 21,4% doutores. Tabela 8 - Descrição das características pessoais da amostra de professores (n=14) Variáveis n (%) Variáveis n (%) Sexo Fez curso técnico? Masculino Feminino 10 (71,4) 4 (28,6) Sim Não 7 (50) 7 (50) Idade Titulação 31-40 41-50 51-60 61-64 5 (35,7) 6 (42,9) 1 (7,1) 2 (14,3) Especialista Mestre(a) Doutor(a) 3 (21,4) 8 (57,1) 3 (21,4) Anos de experiência profissional extraescolar Anos de atuação como professor na educação profissional < 1 1 - 6 6 - 11 11 - 16 16 - 21 1 (7,7) 4 (30,8) 2 (15,4) 2 (15,4) 4 (30,8) 1 - 5 6 - 10 11 - 15 16 - 20 26 - 30 2 (14,3) 4 (28,6) 2 (14,3) 4 (28,6) 2 (14,3) Fonte: elaborada pela autora. Na Tabela 9, apresenta-se o resultado da avaliação feita pelos professores em relação à Ergon-EP. Foi utilizada uma escala de cinco pontos, em que 1 representa “Discordo totalmente” e 5 representa “Concordo totalmente”, para coletar a opinião deles. Entre as afirmações avaliadas pelos professores, 90% obtiveram médias acima de 4 e moda igual a 4 ou 5; 50% foram avaliadas com 4 e 5 por todos os participantes. Foi o caso da afirmação “Minha 86 impressão geral sobre a Abordagem Ergon-EP é positiva.”, que obteve média 4,8, obtida também na afirmação “A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente.” Tabela 9 - Avaliação da Abordagem Ergon-EP pelos professores (média, moda e frequência) Afirmações avaliadas Média Moda Frequência (%) 1 2 3 4 5 Minha impressão geral sobre a Abordagem. Ergon7 é positiva. 4,8 5 21,4 78,6 A Abordagem Ergon é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional. 4,4 5 7,1 7,1 21,4 64,3 A maioria das orientações incluídas na Abordagem Ergon é necessária. 4,6 5 42,9 57,1 A sequência das orientações da Abordagem Ergon é apropriada. 4,6 5 42,9 57,1 A sequência das orientações da Abordagem Ergon é flexível. 4,1 4 21,4 42,9 35,7 A Abordagem Ergon é útil para a concepção dos cursos técnicos. 4,7 5 28,6 71,4 A Abordagem Ergon é útil para a concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. 4,6 5 7,1 21,4 71,4 A Abordagem Ergon é útil para a concepção de cursos técnicos pertencentes a qualquer área técnica. 4,5 5 21,4 7,1 71,4 A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. 2,6 3 14,3 21,4 57,1 7,1 A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente. 4,8 5 21,4 78,6 A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável. 4,1 5 28,6 28,6 42,9 A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é pertinente. 4,7 5 28,6 71,4 A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é viável. 4,1 5 35,7 14,3 50,0 A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. 4,4 5 7,1 7,1 21,4 64,3 A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. 3,6 3 7,1 42,9 28,6 21,4 A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. 4,4 4 57,1 42,9 A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. 4,1 5 35,7 21,4 42,9 7 Nas afirmações utilizou-se o nome Ergon pois o nome Ergon-EP foi definido após esta etapa da pesquisa. 87 A Abordagem Ergon favorece a integração das características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. 4,6 5 42,9 57,1 A Abordagem Ergon favorece a concepção de cursos técnicos mais alinhados ao mundo do trabalho. 4,6 5 42,9 57,1 Eu utilizaria a Abordagem Ergon para a concepção de cursos técnicos. 4,5 4 e 5 50,0 50,0 Fonte: elaborada pela autora. Apenas 10% das afirmações avaliadas pelos professores obtiveram média menor do que 4 e moda igual a 3. Uma delas foi “A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos”, com média 2,6. Possivelmente, os participantes, experientes na concepção de cursos técnicos, reconhecem a complexidade desse processo e, por isso, acreditam que é preciso ter experiência para conceber cursos e para utilizar a Ergon-EP. Por outro lado, 85,7% dos participantes concordam que a Ergon-EP é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional, o que também pode estar relacionado ao fato de eles terem experiência na concepção de cursos. Sendo assim, é preciso orientar os professores que, para a utilização da Ergon-EP, recomenda-se a presença de ao menos uma pessoa experiente no processo de concepção de cursos técnicos. Apesar de 85,7% dos professores acreditarem que a participação de um trabalhador na equipe de concepção do curso é pertinente, apenas 50% deles concordam com a viabilidade dessa participação. De forma similar, todos os participantes acham pertinente observar situações de trabalho (média = 4,8), coletar falas dos trabalhadores sobre sua atividade (média = 4,7) e ter um especialista em saúde e segurança no trabalho na equipe de concepção (média = 4,4), mas estas afirmações receberam avaliação 3 (ponto médio da escala) de 28,6%, 35,7% e 35,7% dos participantes, respectivamente. Nas entrevistas feitas anteriormente comprofessores (ver Capítulo 4), estes comentaram sobre a dificuldade em ter a participação de toda a equipe de professores envolvidos na concepção dos cursos durante todo o processo, o que, por vezes, levou-os a realizarem sozinhos algumas atividades que em princípio seriam coletivas. O envolvimento de participantes externos à instituição (trabalhadores e especialista em SST) pode levar a esse problema também. Do mesmo modo, observar as situações de trabalho e coletar as falas dos trabalhadores sobre suas atividades que acrescentam um risco ao processo de concepção, pois são práticas que dependem da colaboração de pessoas externas às escolas. 88 Por outro lado, a avaliação dos participantes quanto à possibilidade de integrar as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos e de conceber cursos mais alinhados ao mundo do trabalho (média 4,6 e moda 5 em ambos os casos) indica que os benefícios de utilizar a Ergon-EP podem suplantar esses riscos. Ademais, na opinião destes, ela é útil para a concepção dos cursos técnicos de forma geral (média = 4,7), independentemente da área técnica (média = 4,5), e de outros tipos de cursos da educação profissional (média = 4,6). Por fim, todos os participantes utilizariam a Ergon-EP para a concepção de cursos técnicos (média = 4,5), o que representa um aspecto muito importante, uma vez que indica a possibilidade de a Abordagem ser útil aos professores e aperfeiçoada constantemente a partir dessa prática. A Tabela 10 apresenta a avaliação dos professores de forma ilustrativa. Tabela 10 - Avaliação da Ergon-EP por professores de cursos técnicos Frequência Afirmações avaliadas 1 2 3 4 5 Minha impressão geral sobre a Abordagem Ergon é positiva. A Abordagem Ergon é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional. A maioria das orientações incluídas na Abordagem Ergon é necessária. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é apropriada. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é flexível. A Abordagem Ergon é útil para a concepção dos cursos técnicos. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de cursos técnicos pertencentes a qualquer área técnica. A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é pertinente. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é viável. 0 0 0 21,4% 78,6% 0 7,1% 7,1% 21,4% 64,3% 0 0 0 42,9% 57,1% 0 0 0 42,9% 57,1% 0 0 21,4% 42,9% 35,7% 0 0 0 28,6% 71,4% 0 0 7,1% 21,4% 71,4% 0 0 21,4% 7,1% 71,4% 14,3% 21,4% 57,1% 7,1% 0 0 0 0 21,4% 78,6% 0 0 28,6% 28,6% 42,9% 0 0 0 28,6% 71,4% 0 0 35,7% 14,3% 50,0% 89 A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A Abordagem Ergon favorece a integração das características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. A Abordagem Ergon favorece a concepção de cursos técnicos mais alinhados ao mundo do trabalho. Eu utilizaria a Abordagem Ergon para a concepção de cursos técnicos. Fonte: elaborada pela autora. Além de avaliarem as afirmações apresentadas na Tabela 10, os participantes puderam sugerir melhorias e deixar comentários gerais sobre a Ergon-EP. Foi proposto adicionar à abordagem alguns exemplos nas principais etapas. Futuramente, espera-se acrescentar à Abordagem exemplos reais de sua aplicação, visto que esta avaliação demonstrou o grande interesse dos professores em utilizarem-na. Outra sugestão foi “envolver alguém com uma visão de mais longo prazo: entidade de classe, organização, associação, algo que tenha um planejamento para o futuro do arranjo produtivo em questão”8, além de empresas, a fim de detectar as reais necessidades do empregador, e do beneficiário do trabalho do técnico em questão. A participação desses atores pode realmente enriquecer a análise e contribuir para a integração das características das atividades de trabalho nos cursos técnicos. Entretanto, é preciso que se tenha o cuidado de colocar em lugar privilegiado, na análise, a atividade de trabalho. Ou seja, as contribuições desses demais atores devem ser analisadas em função do que se observa na atividade de trabalho, isto é, nas próprias situações de trabalho, bem como naquilo que é relatado pelos próprios trabalhadores envolvidos no processo. Este é um aspecto 8 Os trechos apresentados em itálico são transcrições das falas dos avaliadores. 0 7,1% 7,1% 21,4% 64,3% 0 7,1% 42,9% 28,6% 21,4% 0 0 0 57,1% 42,9% 0 0 35,7% 21,4% 42,9% 0 0 0 42,9% 57,1% 0 0 0 42,9% 57,1% 0 0 0 50,0% 50,0% 90 fundamental da abordagem ergonômica: privilegiar o ponto de vista da atividade de trabalho, e orientar a análise em função de dados e informações coletados em situação de trabalho, junto aos trabalhadores fundamentalmente. Alguns professores entrevistados nesta pesquisa (Capítulo 4) mencionaram experiências anteriores, nas quais tiveram dificuldade de envolver representantes de associações no processo de concepção de cursos. Por fim, ouvir o beneficiário do trabalho técnico pode adicionar à análise da atividade as características que ele espera encontrar no produto ou serviço produzido, o que ele considera como um trabalho bem feito. Esta pode ser uma forma de integrar ao curso, desde a concepção, aspectos de qualidade (inclusive ergonômicos, de interação dos usuários com os produtos e serviços produzidos pelo técnico em questão) que podem ser somados àqueles relatados pelos trabalhadores. Contudo, é fundamental que, na análise, considere-se que essa exigência de qualidade (assim como aquelas que serão expostas por representantes da gestão de empresas, por exemplo) representa mais um ponto de vista sobre a atividade de trabalho, não o único. Quanto aos comentários gerais, um dos participantes sugeriu “cuidar com a mescla arranjo local x arranjo global; empresas locais que não tenham grandes planos de crescimento ou um fator significativo de inovação podem puxar as expectativas para baixo e amarrar o futuro do educando na comunidade local, sem perspectiva de mobilidade.” Neste comentário, o participante trata de dois aspectos da Ergon-EP: vocação regional e evolução da profissão. O foco na vocação regional, assim denominada nas Diretrizes Curriculares, tem como objetivo orientar a formação, sem limitá-la. A análise da evolução da profissão e a previsão de atualização do projeto de curso visam a inserir na formação a possibilidade de inovação. Todavia, pode-se inserir na Ergon-EP uma ênfase maior nos objetivos dessas análises, bem como uma advertência para que a vocação regional seja de fato uma orientação no curso, sem limitá-lo. Um outro participante sugeriu “incluir o termo Eixo Tecnológico em conjunto com a área técnica”, visto que a Abordagem trata de cursos técnicos. No Brasil, o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos é organizado nos seguintes eixos tecnológicos: 1) Ambiente e Saúde; 2) Controle e Processos Industriais; 3) Desenvolvimento Educacional e Social; 4) Gestão e Negócios; 5) Informação e Comunicação; 6) Infraestrutura;7) Militar; 8) Produção Alimentícia; 9) Produção Cultural e Design; 10) Produção Industrial; 11) Recursos Naturais; 12) Segurança; 13) Turismo, Hospitalidade e Lazer. Apesar disso, optou-se por utilizar como 91 referência o próprio curso técnico para que a análise seja diretamente relacionada à formação, pois o eixo tecnológico pode ser muito abrangente. Tem-se, por exemplo, no eixo 10, o curso técnico de Vestuário e o de Construção Naval, que sugerem formações bastante distintas. Foi sugerido por um outro participante utilizar o termo “profissional da área’ em vez de “trabalhador da área”, pois, segundo ele, “seria mais abrangente, enquanto um trabalhador da área nem sempre terá a visão ampliada pretendida.” A escolha pelo termo “trabalhador” na Ergon-EP é baseada na necessidade de valorizar tanto o trabalho quanto o próprio trabalhador. Tem-se a intenção de incorporar, cada vez mais, a ideia de valorização de todo tipo de trabalho; a análise da atividade, ferramenta utilizada na Abordagem, permite reconhecer a complexidade e a inteligência envolvidas em toda atividade de trabalho. Dois participantes citaram a necessidade de promover capacitações sobre a Ergon-EP a fim de disseminá-la. Segundo um deles, “pode ser uma ferramenta que venha a contribuir muito com a qualidade dos nossos cursos, porém, necessitaria de uma sensibilização institucional, já que, na minha opinião, algumas etapas demandam atividades que ocupariam um espaço de tempo maior do que dispomos para a conclusão dos processos.” Além disso, um participante colocou-se à disposição para implantar a Ergon-EP no processo de revisão dos projetos de cursos técnicos de seu campus. Foi citado também que “alguns aspectos indicam que, mesmo sem a formalidade, esta metodologia é utilizada intrinsecamente na criação de cursos técnicos, em maior ou menor grau. E formalizar o que é rotina traz resultados mais positivos geralmente.” Por fim, uma participante concluiu que a Abordagem “fecha as arestas que às vezes temos da instituição, como professores sem experiência prática no mundo do trabalho - que seria solucionado com o trabalhador e a análise da tarefa. Bem como, a abordagem pode contribuir com o método de elaboração de PPCs que ainda não é padronizado na instituição, o que causa muitas diferenças e problemas nos cursos, inclusive evasão.” 6.1.2 Avaliação por gestores e formadores de professores da educação profissional Além dos 14 professores, 11 gestores e/ou formadores de professores da Educação Profissional avaliaram a Ergon-EP (Tabela 11). Entre eles, oito atuam nas duas funções, um age principalmente como gestor e dois atuam principalmente como formadores. Participaram da avaliação seis homens e cinco mulheres, com idade entre 28 e 73 anos (média = 48, desvio padrão = 12,9). A maioria deles é mestre (54,5%), 36,4% são doutores e 9,1% especialistas; sua 92 experiência na Educação Profissional varia de 4 a 32 anos (média = 17,3, desvio padrão = 9,7). Além do tempo de atuação, esses participantes têm experiências muito relevantes na Educação Profissional brasileira, motivo pelo qual foram escolhidos para avaliar a Ergon-EP (Quadro 3). Seis atuam na Rede Federal de Educação Profissional: quatro no IFSC, em três campi distintos e na reitoria, um no IFC e um no Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Três atuam no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/SC), um na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e um no Senac/SP. Tabela 11 - Descrição das características pessoais da amostra de gestores e formadores de professores (n=11) Variáveis n (%) Variáveis n (%) Variáveis n (%) Sexo Atuação principal Titulação Masculino Feminino 6 (54,5) 5 (45,5) Gestor(a) Formador(a) de professores Ambos 1 (9,1) 2 (18,2) 8 (72,7) Especialista Mestre(a) Doutor(a) 1 (9,1) 6 (54,5) 4 (36,4) Idade Anos de atuação na educação profissional 21-30 31-40 41-50 51-60 71-80 1 (9,1) 2 (18,2) 4 (36,4) 3 (27,3) 1 (9,1) 1-5 6-10 11-15 21-25 26-30 31-35 1 (9,1) 1 (9,1) 4 (36,4) 3 (27,3) 1 (9,1) 1 (9,1) Fonte: elaborada pela autora. Quadro 3 - Descrição da experiência dos participantes na educação profissional Docência em cursos de formação inicial e continuada, técnico e superior de tecnologia; gestão na implantação de um campus e na Pró-Reitoria de Ensino do IFSC. Docência na educação básica, técnica e tecnológica, na licenciatura e na formação de professores para a educação profissional, coordenação de curso, direção de campus do IFSC. Orientação pedagógica, supervisão, direção de divisão, direção de escola e assessoria especial de diretoria regional do Senac (com atuação principal na área de cooperação técnica internacional). Direção de diversos projetos no campo da didática e da tecnologia educacional. Participação em projetos no Senai, na Secretaria de Educação de São Paulo, na Secretaria de Emprego e Trabalho de São Paulo, no Ministério da Educação e no Ministério do Trabalho. Coordenação de projetos e realização de pesquisas (sobretudo para a Unesco). Colaborações com a Universidad del Trabajo del Uruguay e Cinterfor-OIT. Autoria de livros, artigos, textos e capítulos de livros sobre Educação Profissional. Formação de docentes para atuação com práticas pedagógicas e estratégias para uma educação inovadora e criativa no âmbito da Educação Profissional. Direção de ensino, coordenação de curso e docência nos cursos de Licenciatura e docência na EPT. 93 Docência nos cursos técnicos em enfermagem, segurança do trabalho, equipamento médico hospitalar, radiologia e enfermagem Proeja, curso Superior de Tecnologia em Radiologia e Mestrado profissional em Proteção Radiológica. Direção de campus do IFSC. Docência no ETFSP/IFSP por 33 anos. Gestão do IFSP por mais de 15 anos em diversos cargos: coordenação, gestão de TI, direção geral e Pró-Reitoria. Reitoria do IFB. Coordenação-Geral de Planejamento da Setec/MEC. Docência da área de Sociologia do IFSC. Coordenação do Proeja e Certific em campus do IFSC por 2 anos e meio. Desde o início de 2019, coordenação de Reconhecimento de Saberes na Reitoria. Docência no curso técnico, aperfeiçoamento e qualificação profissional e curso superior de tecnologia na Fetep, Udesc e Senai/SC. No Senai/SC: coordenação de curso e área tecnológica em diversas unidades, gerência de educação, direção de unidade de educação profissional e direção técnica. Docência em cursos técnicos e profissionalizantes na área eletroeletrônica em escola pública estadual e em escola privada. Gestão dos cursos técnicos. Gestão de escolas de educação profissional, desde o desenvolvimento de cursos técnicos, qualificação profissional e cursos superiores, regulação de cursos técnicos, avaliação da aprendizagem e qualidade. Fonte: elaborado pela autora. Assim como os professores (Seção 7.1), este grupo também avaliou muito positivamente a Abordagem Ergon-EP (Tabela 12). Em apenas duas afirmações avaliadas, obteve-se média inferior a 4: “A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos”, com 2,8, e “A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável”, com 3,9. A primeira teve média similar na avaliação dos professores, que foi de 2,6, demonstrando que a maioria dos participantes de ambos os grupos discorda que a Ergon-EP possa ser utilizada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. A avaliação de ambos os grupos quanto à observação das situações de trabalho também foi similar: nos professores obteve-se média de 4,1, dois décimos acima da avaliação deste grupo. A impressão geral deste grupo em relação à Ergon-EP é positiva, com média 4,2 e moda 5. Todos os participantes acreditam que ela favorece a integração das características das atividadesde trabalho nos projetos de cursos técnicos e que ela é útil para a concepção desses cursos; 91% concordam que esta utilidade pode ser estendida para outros tipos de cursos da educação profissional. 72,8% dos participantes promoveriam ou incentivariam uma formação sobre a Abordagem Ergon-EP para os professores da Educação Profissional, o que talvez seja um dos aspectos mais relevantes da avaliação, que permitirá a implementação da Abordagem e 94 sua evolução. A Tabela 13 apresenta de forma ilustrativa a avaliação realizada por este grupo de especialistas. Tabela 12 - Avaliação da Abordagem Ergon-EP pelos gestores e formadores de professores da Educação Profissional (média, moda e frequência) Afirmações avaliadas Média Moda Frequência (%) 1 2 3 4 5 Minha impressão geral sobre a Abordagem Ergon é positiva. 4,2 5 27,3 27,3 45,5 A Abordagem Ergon é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional. 4,2 5 9,1 9,1 36,4 45,5 A maioria das orientações incluídas na Abordagem Ergon é necessária. 4,3 5 27,3 18,2 54,5 A sequência das orientações da Abordagem Ergon é apropriada. 4,2 4 18,2 45,5 6,4 A sequência das orientações da Abordagem Ergon é flexível. 4,1 4 e 5 27,3 36,4 6,4 A Abordagem Ergon é útil para a concepção dos cursos técnicos. 4,5 4 54,5 5,5 A Abordagem Ergon é útil para a concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. 4,3 4 e 5 9,1 45,5 45,5 A Abordagem Ergon é útil para a concepção de cursos técnicos pertencentes a qualquer área técnica. 4,3 4 e 5 9,1 45,5 45,5 A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. 2,8 2 e 4 8,2 36,4 36,4 9,1 A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente. 4,5 5 9,1 36,4 54,5 A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável. 3,9 4 9,1 18,2 45,5 7,3 A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é pertinente. 4,5 5 9,1 36,4 54,5 A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é viável. 4,1 4 18,2 54,5 27,3 A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. 4,4 5 9,1 36,4 54,5 A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. 4,0 4 e 5 9,1 18,2 36,4 36,4 A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. 4,4 4 e 5 9,1 45,5 45,5 A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. 4,2 4 18,2 45,5 36,4 A Abordagem Ergon favorece a integração das características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. 4,5 4 54,5 45,5 A Abordagem Ergon favorece a concepção de cursos técnicos mais alinhados ao mundo do trabalho. 4,3 5 18,2 36,4 45,5 95 Eu promoveria ou incentivaria uma formação sobre a Abordagem Ergon para os professores da Educação Profissional. 4,2 5 27,3 27,3 45,5 Fonte: elaborada pela autora. Tabela 13 - Avaliação da Ergon-EP por gestores e formadores de professores da Educação Profissional Frequência Afirmações avaliadas 1 2 3 4 5 Minha impressão geral sobre a Abordagem Ergon é positiva. A Abordagem Ergon é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional. A maioria das orientações incluídas na Abordagem Ergon é necessária. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é apropriada. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é flexível. A Abordagem Ergon é útil para a concepção dos cursos técnicos. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de cursos técnicos pertencentes a qualquer área técnica. A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é pertinente. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é viável. A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A Abordagem Ergon favorece a integração das características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. 0 0 27,3% 27,3% 45,5% 0 9,1% 9,1% 36,4% 45,5% 0 0 27,3% 18,2% 54,5% 0 0 18,2% 45,5% 36,4% 0 0 27,3% 36,4% 36,4% 0 0 0 54,5% 45,5% 0 9,1% 0 45,5% 45,5% 0 9,1% 0 45,5% 45,5% 18,2% 36,4% 0 36,4% 9,1% 0 0 9,1% 36,4% 54,5% 0 9,1% 18,2% 45,5% 27,3% 0 0 9,1% 36,4% 54,5% 0 0 18,2% 54,5% 27,3% 0 9,1% 0 36,4% 54,5% 0 9,1% 18,2% 36,4% 36,4% 0 0 9,1% 45,5% 45,5% 0 0 18,2% 45,5% 36,4% 0 0 0 54,5% 45,5% 96 A Abordagem Ergon favorece a concepção de cursos técnicos mais alinhados ao mundo do trabalho. Eu promoveria ou incentivaria uma formação sobre a Abordagem Ergon para os professores da Educação Profissional. Fonte: elaborada pela autora. Os participantes deste grupo também puderam sugerir aspectos a serem inseridos ou excluídos na Abordagem Ergon-EP. Um deles sugeriu “incluir representante de classe (como Conselho Regional ou Associação da área), supervisor ou gerente da área que atua o profissional, representantes de empresas de diferentes portes, entre outros”. Esta sugestão foi feita também pelos professores, e inserida como uma possibilidade na Abordagem Ergon-EP, desde que sejam considerados os aspectos da análise da atividade de trabalho, discutidos na seção anterior. Outro participante afirmou que restringiria a participação dos trabalhadores à pesquisa de campo e à observação das situações de trabalho, mas não os incluiria na equipe que define o perfil profissional e o itinerário formativo: “A formação profissional tem a finalidade de atender às demandas e necessidades daqueles que contratam. Ao meu ver, ouvir o trabalhador é importante, mas podemos cair numa análise ocupacional das tarefas, levando para um olhar de série metódica de passo-a-passo. A análise funcional é mais pertinente na elaboração de uma proposta de curso técnico, pois engloba as grandes etapas do trabalho (funções) e as subetapas (subfunções) que as compõem, focando no resultado das atividades. Essa etapa é muito relevante, pois, do ponto de vista do trabalhador, ele pode desenvolver outras tarefas que não estejam alinhadas com aquilo que a empresa espera.” Conforme discutido anteriormente, um dos objetivos de envolver o trabalhador no processo de concepção da formação é a valorização tanto do próprio trabalhador quanto de todo e qualquer trabalho. Além disso, entende-se que a atividade de trabalho é também um momento e um espaço no qual o trabalhador busca o seu desenvolvimento e a sua realização pessoal; nesse sentido, a formação profissional não tem como único objetivo atender às demandas e necessidades daqueles que contratam. Elas têm importância na concepção dos cursos técnicos, mas não podem ser utilizadas como justificativa para excluir o trabalhador e a atividade de trabalho do lugar privilegiado que eles têm nesse processo. A questão da vocação regional,discutida na seção anterior, também foi destacada por este participante. Ele acredita que ela precisa ser analisada, porém destaca a importância de 0 0 18,2% 36,4% 45,5% 0 0 27,3% 27,3% 45,5% 97 analisar a evolução da ocupação: “há de se ter diretrizes nacionais que atendam o profissional de modo global e amplo. A formação deve garantir que as competências requeridas na ocupação sejam atendidas e que o profissional formado tenha a condição de transpor para diferentes campos e segmentos, aprofundando, especializando, no que for vocação da região.” Outro participante questionou o termo “vocação” e acrescentou: “Conhecer bem como se dá o trabalho regionalmente é uma referência objetiva para alunos e professores. Por outro lado, é preciso considerar que os formandos necessariamente não irão para o mercado de trabalho local.” Em relação ao uso do termo vocação, ele é utilizado nos documentos de referência elaborados pelo Conselho Nacional de Educação. Quanto à questão do “risco” de, ao considerar a vocação regional limitar a atuação do técnico, conforme explicado na seção anterior, o objetivo de identificar e analisar a vocação regional é orientar a formação, sem limitá-la. O termo “competência”, utilizado na Ergon-EP, foi questionado por dois participantes. Um deles sugeriu que o rol de competências é uma ferramenta para a avaliação, não para orientar a formação dos alunos; segundo ele, a ideia de competência consagra certo individualismo, uma educação centrada na pessoa. A avaliação por competências é uma corrente difundida em diversos países; tem-se, por exemplo, o trabalho de Wesselink et al. (2017). A concepção da formação com base nas competências pode ser bastante desafiadora para a equipe, e, por isso, na Ergon-EP sugere-se a identificação de situações de trabalho para orientar esse processo, considerando que estas mobilizam as competências, promovendo o seu desenvolvimento. Não se entende, contudo, que a ideia de competência sugere uma educação individualista, uma vez que o trabalho é um exercício social, que sempre envolve um coletivo. E quando se fala em Educação Profissional, seja ela baseada/organizada ou não em competências, se está falando em formação para o trabalho. Outro participante criticou a “Pedagogia de competências”, pois ela “bebe” muito na “Teoria do Capital Humano”. A partir desses comentários, percebeu-se que é necessário explicitar melhor na Ergon-EP o conceito de competência utilizado, bem como qual a sua implicação na Abordagem. A participação do especialista em SST na concepção dos cursos foi destacada como positiva por dois participantes. Um deles acredita que este profissional auxiliará principalmente a observação das situações de trabalho. O uso da análise ergonômica do trabalho na construção de projetos de curso foi elogiado por uma participante que tem experiência no uso dessa ferramenta para avaliação de processos de trabalho na área de saúde. 98 Foi sugerido por um participante deste grupo: “definir melhor a carga horária e [o] tempo para cada etapa no método, de forma que os atores são convocados para uma atividade preestabelecida com agenda definida e entregas claras. O condutor da reunião precisa conhecer profundamente o método para poder conduzir, pois reuniões como essas são polêmicas e difíceis de consensar, por isso a entrega e o padrão de qualidade têm que estar muito claros.” Será possível definir melhor o tempo necessário para realizar cada uma das etapas posteriormente, após a aplicação da Abordagem Ergon-EP em contexto real. Em relação à preparação do coordenador da equipe de concepção do curso, pode-se recomendar que seja um professor com experiência nesse processo e que ele possa realizar uma formação sobre o uso da Ergon-EP. Alguns participantes comentaram sobre este aspecto: “Um método se consolida a partir da experiência e da prática do mesmo, por isso a importância de testá-lo várias vezes, em setores e profissões diferentes para aperfeiçoá-lo”; “A abordagem Ergon é muito importante na educação profissional, mas a aplicação é muito desafiadora, pois mudar uma cultura é complexo e requer estratégias diferenciadas e, muitas vezes, troca de equipe”; e, “No que diz respeito aos limites ou [às] resistências para aplicação dos mesmos, sobretudo na participação voluntária de profissionais na elaboração do PPC, suponho que encontremos falta de disponibilidade ao convite.” Nesse sentido, percebe-se a importância de promover formações sobre a Ergon-EP destinadas aos educadores implicados na concepção dos cursos técnicos para que ela possa ser disseminada e aprimorada a partir de sua utilização. A seguir, é apresentada a versão final da Abordagem Ergon-EP, aprimorada com base na avaliação realizada pelos dois grupos de especialistas na educação profissional. 6.2 A ABORDAGEM ERGON-EP A Abordagem Ergon-EP tem este nome pois foi inspirada na Ergonomia, uma disciplina cuja principal preocupação é o ser humano no trabalho. Ergon exprime a noção de trabalho como obra e realização pessoal. O trabalho, em ergonomia, não é visto como algo penoso. Seu resultado “é sempre uma ‘obra (ergon) pessoal’”; para o indivíduo, “o significado de sua atividade, ao concretizar-se no resultado, impregna de sentido sua relação com o mundo, fator determinante da construção de sua personalidade e de sua socialização.” (GUÉRIN et al., 2001, p. 18, grifos dos autores). Como diz Barato (2008, p. 5), “o trabalho não é só ganha-pão, mas também realização que dá sentido à vida. [...] O orgulho de um profissional por uma obra 99 bem-feita é um aspecto fundamental do saber do trabalhador.” Além disso, optou-se por agregar ao termo Ergon as letras “E” e “P”, para indicar o âmbito de aplicação da Abordagem, a Educação Profissional. Vislumbrando, portanto, tanto a dimensão pessoal quanto à socioeconômica do trabalho (GUÉRIN et al., 2001), a Abordagem Ergon-EP destina-se a educadores que pretendem conceber cursos técnicos tendo-o como base. Objetivamente, ela será utilizada na definição do perfil profissional e das competências profissionais; para isso, ajuda também a identificar a vocação regional, a evolução da profissão e os itinerários de profissionalização. Conforme explicitado no Capítulo 3, este escopo foi definido a partir das Diretrizes Curriculares (Resolução CNE/CEB 6/2012), destacando nela os itens do projeto de curso que devem ser buscados “fora da escola”. A Ergon-EP auxilia, dessa forma, na elaboração de parte do Projeto Pedagógico do Curso (PPC), e pode também ser utilizada nos processos de revisão do PPC, que envolvem estudo dos aspectos que compõem o escopo da Abordagem. Ela está organizada em três etapas, com base nas principais etapas da análise da atividade apresentada na seção 2.3: 1) Formação da equipe; 2) Pré-análise; 3) Análise da atividade (Figura 6), que serão explanadas em detalhes a seguir. As recomendações da Ergon-EP indicam algumas possibilidades para que a equipe analise o trabalho e identifique os aspectos que embasarão a elaboração do PPC. Entretanto, esta análise poderá ser complementada de acordo com a profissão estudada, o acesso às situações de trabalho, o período disponível para a sua realização etc. Figura 6 - Visão geral da abordagem Ergon-EP apresentada aos avaliadores no questionário de avaliação Fonte: elaborada pela autora. 100 6.2.1 Etapa 1: formação da equipe O primeiro passo da Abordagem Ergon-EP é a formação da equipe que trabalhará para identificar os aspectos que serão a base do PPC; o objetivo desta equipe não é a elaboração do PPC em si. Sendo assim, sua atuação estende-se até que estes itens estejam delineados; caso desejado e possível, esta equipe pode participar de todo o processo de elaboração do PPC (Figura 7). Figura 7 - Etapa 1 da Abordagem Ergon-EP: Formação da equipe Fonte: elaboradapela autora. Conforme foi demonstrado no Capítulo 4, normalmente a concepção dos cursos é feita por uma equipe de professores da área técnica, que conta com a colaboração de professores de outras áreas quando necessário, e da equipe pedagógica da escola. A participação de trabalhadores pode ocorrer, no entanto ela não é incorporada de maneira sistemática no processo de concepção dos cursos técnicos. Por esse motivo, a Ergon-EP começa com uma fase de Formação da equipe, na qual se recomenda selecionar: um trabalhador da área técnica e um especialista em Saúde e Segurança no Trabalho (SST). Acredita-se que a participação desses dois profissionais auxiliará a equipe a manter um contato constante com o mundo do trabalho, incluindo aspectos de SST, fundamentais para a formação de todo trabalhador. Os documentos de referência da educação profissional indicam a necessidade de incluir esses aspectos nos cursos técnicos, contudo observou-se que eles não têm espaço em aproximadamente 40% dos PPCs analisados nesta pesquisa (Capítulo 5). Daí a importância de ter um especialista no assunto na equipe; sua presença é recomendada a fim de incentivar um olhar sobre a SST durante a concepção dos cursos, incorporando esses aspectos ao projeto de formação. Este especialista pode ser um trabalhador que participe de comissões relacionadas a este assunto na empresa, um consultor, um professor da escola que trabalhe com esses aspectos etc. Com o auxílio desse profissional, a equipe de concepção poderá, ao observar situações de trabalho, identificar situações potencialmente prejudiciais à saúde e à segurança dos 101 trabalhadores que ainda não estão documentadas (em relação a posturas, por exemplo) e que poderão embasar o desenvolvimento de simulações ou de outras formas de transposições didáticas. (VIDAL-GOMEL, 2017). Essa análise é destinada à concepção da formação, não à prescrição de procedimentos de segurança; a intenção é utilizar as situações profissionais observadas no trabalho real para a concepção de cursos técnicos que ofereçam aos trabalhadores meios para lidarem com as questões da sua saúde e segurança no trabalho, como atores ativos nessa construção. Quanto ao trabalhador que fará parte da equipe, muitas vezes os professores, mesmo aqueles que não tiveram uma experiência de trabalho extraescolar, conhecem trabalhadores da área técnica, o que pode facilitar a seleção de um para compor a equipe. No caso do processo de revisão do PPC, os professores têm a possibilidade de contatar um egresso do curso que esteja atuando na área. Demonstrou-se, inclusive, nesta pesquisa, que muitos professores mantêm contato com os egressos dos cursos (ver Capítulo 4). Podem também compor a equipe de concepção: representantes de entidades de classe ou associações, representantes de empresas e beneficiários do trabalho do técnico em questão. Esta foi uma sugestão de alguns especialistas que avaliaram a Ergon-EP. Esses demais atores podem contribuir no processo, contudo é fundamental que a análise seja feita em função das observações das situações de trabalho, e privilegiando as falas e os saberes dos trabalhadores. Recomenda-se, ainda, que ao menos um dos professores que compõe a equipe seja experiente no processo de concepção de cursos técnicos, a fim de facilitar a utilização da Ergon-EP. E, se possível, que ele tenha realizado uma formação para o uso da Abordagem. Outro ponto a ser considerado é o tamanho da equipe, aspecto que foi apontado pelos professores entrevistados como desafiador, uma vez que é difícil conseguir que todos os membros da equipe participem efetivamente do processo (ver Capítulo 4). Nesse sentido, é recomendado, ainda nesta etapa, definir uma agenda de trabalho que permita a participação dos professores e dos membros externos na concepção do curso e definir os meios de comunicação entre a equipe, considerando o perfil de todos os participantes, para que ela seja efetiva e possibilite a todos a participação no processo. Mesmo quando a concepção de cursos é feita por uma equipe composta apenas por professores, enfrenta-se o desafio de conseguir a participação efetiva desses profissionais, pois eles estão envolvidos, no dia-a-dia, em suas demais atividades docentes. É possível que esse desafio se amplie com a participação 102 de membros externos à escola no processo. Portanto, as atividades de definição da agenda de trabalho e dos meios de comunicação entre a equipe foram inseridas a fim de minimizar esse desafio, e favorecer a participação efetiva de toda a equipe durante todo o processo. 6.2.2 Etapa 2: pré-análise Neste momento, a equipe começará a definir alguns dos aspectos que serão a base do curso a ser construído e identificará locais e situações de trabalho que serão observados na etapa seguinte (Figura 8). Para isso, terá como base documentos de referência, como o CNCT, a CBO etc. Conforme explicitado anteriormente, a análise do trabalho proposta pela ergonomia francesa, a qual é utilizada nesta pesquisa, envolve necessariamente a observação dos trabalhadores em situação de trabalho. Portanto, a equipe de concepção identificará algumas das especificidades da atuação do técnico em questão na região da escola e se preparará para observar as situações de trabalho, definindo os locais de trabalho e as atividades mais significativas para realizar essas observações. Um exemplo de Proposta de Análise da Atividade foi elaborado para auxiliar a equipe a organizar as visitas aos locais de trabalho (Apêndice E). Figura 8 - Etapa 2 da Abordagem Ergon-EP: Pré-análise Fonte: elaborada pela autora. As duas atividades previstas para a etapa de pré-análise poderão ser feitas paralelamente, pois ambas se complementam. O estudo dos documentos de referência auxiliará a equipe a definir o escopo da análise (inclusive indicando onde a observação das situações de trabalho será realizada) e a começar a definir a vocação regional, o perfil profissional e os itinerários de profissionalização. Será apenas ao começar a definir estes aspectos do projeto de curso que a equipe poderá identificar os locais mais apropriados para analisar a atividade (próxima etapa da Ergon-EP). A vocação regional refere-se à influência que a região da escola tem sobre as características da profissão. O conceito de Arranjos Produtivos Locais, citado por 80% dos professores entrevistados nesta pesquisa (ver Capítulo 4), auxilia na compreensão do termo; 103 eles são “aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.” (MDIC, 2018). O curso técnico deve ser construído tendo como referência a vocação regional, indicando as possibilidades de atuação do profissional nesta região. Destaca-se, entretanto, que identificar a vocação regional tem como objetivo contextualizar a formação do trabalhador, tornando-a mais significativa e autêntica, sem limitá-la. A vocação regional servirá de orientação para a análise da atividade e, consequentemente, para o curso técnico. A partir de sua identificação, a equipe terá subsídios para escolher os locais de trabalho mais representativos da profissão na região; e, assim, observará situações de trabalho mais correspondentes com a realidade de trabalho que os estudantes encontrarão ao ingressarem no mundo do trabalho. O perfil profissional orienta a elaboração do PPC; é uma descrição breve e objetiva das principais atividades desenvolvidas pelo profissional. Segundo o CNE/CEB (2012a), ele deve ter identidade, utilidade e clareza e ser definido a partir da análise dos atributos da profissão. Quandoesta é regulamentada, o perfil deve, ainda, considerar e contemplar as atribuições funcionais previstas na legislação específica (idem, 2012b). Segundo as Diretrizes Curriculares, o perfil profissional insere-se em itinerários de profissionalização identificados no mundo do trabalho. Estes itinerários são os caminhos percorridos pelos trabalhadores para profissionalizarem-se, os quais podem passar pela escola ou não. Com base no reconhecimento dos itinerários de profissionalização dos trabalhadores, os projetos de cursos técnicos poderão indicar as possibilidades de certificação de suas competências para aproveitamento na continuidade de estudos ou reconhecimento para exercício profissional. As ocupações reconhecidas no mundo do trabalho devem representar “saídas iniciais e intermediárias que preparam o estudante para exercer atividades profissionais reconhecidas como úteis, propiciando inserção no mundo do trabalho.” (CNE/CEB, 2012a, p. 47). O CNCT apresenta uma referência de perfil profissional de conclusão para cada um dos cursos técnicos; na Ergon- EP, recomenda-se analisar esta referência, comparando-a com o que é observado no contexto de trabalho da região da escola. Assim sendo, espera-se que o perfil profissional seja alinhado à vocação e aos itinerários de profissionalização da região. 104 Recomenda-se que o CNCT seja consultado pela equipe de concepção; conforme demonstrado no Capítulo 4, ele é um documento bastante utilizado pelos professores. Contudo, apesar de o CNCT ser atualizado eventualmente9, é necessário que a equipe consulte as fontes utilizadas para elaborá-lo, a fim de verificar se as informações são atuais. Além disso, por ser um documento publicado pelo Ministério da Educação a fim de orientar a oferta dos cursos técnicos em todo o Brasil, o CNCT não apresenta os aspectos da região na qual a escola está instalada. Acrescenta-se ainda que a composição das equipes que o elaboraram, bem como a metodologia utilizada, não foi publicada. O MEC informa apenas que houve colaboração dos sistemas de ensino, instituições de educação profissional e tecnológica, ministérios e órgãos relacionados ao exercício profissional. Na etapa seguinte, será realizada a observação de situações de trabalho reais. O campo de atuação do técnico indicado no CNCT pode ajudar a equipe a definir os locais onde essas observações serão feitas. Entretanto, é fundamental considerar a realidade do contexto de trabalho da região, bem como as prospecções para a profissão. É comum que um técnico possa atuar em contextos bem diferentes entre si; portanto, é recomendável que a análise abranja ao menos alguns desses ambientes para que o curso contemple as características regionais, mas também possibilite aos estudantes atuarem em diferentes contextos, inclusive projetando novas formas de trabalho. O CNCT indica as ocupações associadas a cada curso técnico, com base na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), bem como as normas associadas ao exercício profissional. Contudo, as informações extraídas da CBO, a qual é atualizada constantemente desde que começou a ser publicada na internet, e das normas da profissão podem necessitar de atualização. Além disso, a CBO apresenta informações relacionadas ao técnico que podem ser úteis no processo de concepção, tais como: descrição sumária da ocupação, condições gerais de exercício, formação e experiência, atividades etc. Recomenda-se, também, a consulta a documentos que tratam da vocação regional e demais materiais que a equipe julgar pertinentes para esta definição. Podem-se encontrar artigos científicos que tratam da atividade de trabalho do técnico, relatórios técnicos sobre a profissão 9 O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos foi publicado em 2008 e atualizado em 2012 e em 2014. 105 etc. Com base no estudo dos documentos de referência, espera-se que a equipe tenha condições de começar a identificar os itinerários de profissionalização na região e, até mesmo, a evolução da profissão. Ressalta-se, no entanto, que, na Ergon-EP, a análise da atividade representa a principal etapa para definição de todos os aspectos fundamentais do curso. Na atividade, por exemplo, a equipe terá acesso privilegiado aos trabalhadores para conhecer seus itinerários de profissionalização. 6.2.3 Etapa 3: análise da atividade Nesta etapa, a equipe buscará na atividade os elementos para complementar os aspectos do curso que começaram a ser definidos na pré-análise e para identificar as competências profissionais e a evolução da profissão (Figura 9). A atividade representa o trabalho real, ou seja, é onde encontramos as condições reais e os resultados efetivos do trabalho. Normalmente, no processo de concepção de cursos técnicos, como pôde-se verificar no diagnóstico apresentado no capítulo 4, analisam-se apenas documentos, normas etc. Contudo, é preciso ir até o trabalho e observar a atividade para compreender o trabalho real. Para compreender o trabalho, é necessário analisar a tarefa, ou o trabalho prescrito, e a atividade. Esta opção metodológica adotada na Ergon-EP visa à concepção de cursos mais significativos para os estudantes, futuros trabalhadores. Sendo assim, esta etapa será realizada a partir da observação dos trabalhadores em situação; todas as atividades apresentadas na Figura 9 deverão ser realizadas a partir da ida da equipe de concepção aos locais de trabalho, para observar e analisar a atividade. Figura 9 - Etapa 3 da Abordagem Ergon-EP: Análise da atividade Fonte: elaborada pela autora. 106 St-Vincent et al. (2011) elencam como métodos para analisar a atividade as observações, enquanto um ponto de vista extrínseco, no qual o analista faz um resumo dos fatos, e a coleta de falas dos trabalhadores sobre sua atividade, enquanto um ponto de vista intrínseco, que pode ocorrer durante ou após a observação, até mesmo com auxílio de fotografias ou vídeos das situações de trabalho. A fim de auxiliar a equipe na utilização desses métodos, foram elaboradas, a partir da obra de Guérin et al. (2001), as seguintes orientações para a conversa com os trabalhadores: • Zelar para que a perturbação gerada pela conversa não tenha consequências negativas para o trabalhador. • Fundamentar as trocas com os trabalhadores na atividade e nas condições concretas nas quais ela se realiza para obter uma expressão mais rica e detalhada. • Coletar verbalizações de ordem geral (sobre as condições de trabalho e sua variabilidade) e verbalizações diretamente relacionadas com o desenvolvimento das atividades observadas. • Coletar verbalizações simultâneas, que produzem explicações da atividade em seu próprio contexto, apenas quando o trabalho observado permitir. Se o ambiente tiver muito ruído, o trabalhador não puder desviar a atenção da sua atividade, o prazo de entrega do trabalho for muito reduzido, o uso de equipamentos de proteção individual prejudicar a comunicação etc., essa coleta pode se tornar prejudicial para o trabalhador e para os educadores. • No caso de verbalizações consecutivas, utilizar referências concretas da atividade (relatos de eventos ou incidentes, retorno das observações realizadas pelos educadores, registros filmados etc.) para que o trabalhador possa lembrar as circunstâncias e o encadeamento de suas ações. • Permitir ao trabalhador reconstituir em parte os raciocínios que fazia ao longo do período em que foi observado. • Questionar com muita precaução para evitar receber respostas preestabelecidas ou muito gerais. • Evitar a pergunta “por que...?”, que pode ser percebida como carregada de suspeita e incitar o trabalhador a buscar uma justificativa oficial de sua ação, além de introduzir uma confusão entre as causas e os objetivos. Fazer perguntas como: “O que você está 107 fazendo nesse momento?”, “Como faz isso?”, “O queo leva a...?”, “O que você procura fazer?”. • Perguntar “Como você percebeu...?” em vez de “Como você vê que a máquina parou?”, pois todas as modalidades sensoriais estão em jogo na atividade do trabalhador. Para registrar as observações da atividade de trabalho, apresenta-se aqui um exemplo extraído de St-Vincent et al. (2011), em um caso de análise da atividade de costureiras. Os autores chamam essa ferramenta de crônicas da atividade. Nela, sugerem registrar, com papel e caneta, como a atividade dos trabalhadores se desenrola no tempo de trabalho. Essa ferramenta pode ser muito útil para verificar o que mais ocupa o tempo dos trabalhadores, o que é mais significativo na sua rotina de trabalho, com que outros trabalhadores ele se relaciona na sua atividade etc. O ideal, segundo os autores, é observar um período completo de trabalho, de preferência no começo do dia de trabalho, para evitar interferências de eventos que possam ter ocorrido no turno anterior ao da observação. Quadro 4 - Exemplo de crônica da atividade Hora Eventos Comentários 6h58 Trabalhadora (T2) instala suas peças de tecidos sobre as mesas laterais. Verificar que horas T1 começou seu trabalho e se ela escolheu, ela mesma, seus lotes de peças. 7h00 Faz algumas verificações na sua máquina. Verifica se está bem lubrificada? O calcador? Ou outra coisa? 7h03 T1 pega uma peça de tecido da mesa 1 e uma outra da mesa 2. Costura essas duas peças e as coloca dentro de um cesto ao chão. Isto parece ser seu ciclo de trabalho, chamado “C”. 7h04 T1 fez 3 outros ciclos (C) de costura. T1 trabalha muito rapidamente. É difícil seguir seus movimentos. 7h05 C-C-C-C Cerca de 15 segundos por ciclo. 7h06 C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C Nenhuma interrupção entre os ciclos. 7h09 Uma colega (T2) vem lhe pedir um conselho. Vê-se que T1 dá-se ao trabalho de explicar a ela o que deve ser feito (novata)? 7h11 C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C Sem parar. 7h18 Uma colega (T3) pede-lhe um conselho. Ela não entende. Muito barulho. 7h19 C-C T1 levanta-se para pegar um outro lote e coloca em seguida as peças sobre as mesas laterais. Verificar o número de ciclos de trabalho por lote (50?). Ela mesma vai buscar seu lote. 7h20 Ela troca o fio. Outra cor de tecido. 7h21 Ela chama a supervisora. Parece que T1 não quer usar esse tipo de fio que arrebenta muito frequentemente. 7h22 T1 sai do seu posto de trabalho. A supervisora me explica que ela deve buscar outras bobinas de fio. Fonte: elaborada pela autora a partir de St-Vincent et al. (2011). 108 Nesta etapa, de análise da atividade, a equipe buscará: • Contextualizar o curso de acordo com a vocação regional. • Indicar no PPC como a formação acompanhará e favorecerá a evolução da profissão. • Identificar situações de trabalho significativas da profissão. • Delinear as competências do técnico e sua relação com os demais profissionais. • Definir o perfil profissional de conclusão, considerando a vocação regional e as competências de entrada no mundo do trabalho. Para orientar o trabalho da equipe, foi elaborado um mapa conceitual que mostra as relações entre os diversos aspectos do curso que serão identificados neste processo (Figura 10). Considerando o mapa conceitual, recomenda-se, primeiramente, definir a vocação regional, que influencia todos os demais itens. Conforme apresentado anteriormente, é importante conhecer a vocação regional para contextualizar (sem limitar) a formação de acordo com a região na qual o estudante provavelmente atuará. O universo da profissão pode ser bastante amplo. A vocação regional direciona os esforços de estudantes e professores durante a formação, e torna o curso mais significativo para os futuros trabalhadores. Figura 10 - Mapa conceitual: relações entre os aspectos do curso técnico a serem identificados por meio da Ergon-EP Fonte: elaborada pela autora. A vocação regional e a evolução da profissão influenciam-se mutuamente. Na medida em que a profissão se transforma, a vocação regional é modificada, e vice-versa. Ambos os 109 aspectos influenciarão a formação profissional. Então, logo no início da análise, é preciso compreender a evolução da profissão na região, inclusive para indicar no PPC como a formação acompanhará e favorecerá esta evolução. Para definir as competências profissionais, serão utilizados: os documentos estudados anteriormente (CNCT, CBO etc.); a vocação regional; conversas com os trabalhadores; observação dos trabalhadores em situação de trabalho. Todavia, primeiramente, é preciso que a equipe chegue a um consenso do que é uma competência profissional. Nas entrevistas realizadas com os professores da educação profissional (ver Capítulo 4), percebeu-se que não há uma orientação institucional clara sobre o que é uma competência, e que ocorrem casos nos quais os cursos são concebidos a partir de projetos anteriores, de uma estrutura de disciplinas conhecida pelos docentes ou de um agrupamento de conteúdos que, a posteriori, são relacionados a um rol de competências profissionais. Na análise dos projetos de cursos (ver Capítulo 5), demonstrou-se que, em muitos casos, os enunciados de competências não representam essencialmente um saber agir. Para auxiliar a equipe, a Ergon-EP apresenta a trama conceitual da noção de competência proposta por Jonnaert (2011) (Figura 11). Nesta trama, pode-se perceber que a competência está sempre circunscrita a um contexto e que, segundo o autor, ela resulta de um tratamento eficaz e aceitável de uma situação. A noção de situação de trabalho ocupa papel de destaque neste conceito de competência e pode ser bastante útil à equipe de concepção. Analisando a atividade, por meio de observações e das falas dos trabalhadores, a equipe poderá identificar situações de trabalho significativas da profissão, que mobilizam as competências profissionais definidoras do perfil profissional de conclusão, conforme demonstrado na Figura 12. Acredita-se que, se comparadas às competências, as situações de trabalho podem ser incorporadas mais diretamente ao curso, na forma de atividades, projetos, módulos etc. 110 Figura 11 - Trama conceitual da noção de competência Fonte: adaptada de Jonnaert (2011). A partir da avaliação da Ergon-EP pelos especialistas, percebeu-se a necessidade de apresentar com mais detalhes o conceito de competência utilizado. Sendo assim, além da trama conceitual, detalha-se a seguir um pouco mais o conceito sugerido por Jonnaert (2011, p. 35). Uma competência se desenvolve em situação e é o resultado do tratamento completo e socialmente aceito desta situação por uma pessoa ou um coletivo de pessoas em um contexto determinado. Este tratamento se estabelece sobre o campo de experiências vividas pelas pessoas em outras situações mais ou menos isomorfas àquela que está sendo tratada. Este tratamento se apoia sobre um conjunto de recursos, condicionantes e obstáculos e sobre ações; o sucesso deste tratamento é função da pessoa ou do coletivo de pessoas, de suas experiências de vida, de sua compreensão da situação, da própria situação e do contexto, dos recursos das próprias pessoas e daqueles disponíveis entre as circunstâncias da situação. A competência é o resultado deste processo temporal, complexo, dinâmico e dialético de tratamento; ela é específica à situação tratada com sucesso e pode ser adaptada a outras situações que são quase isomorfas à situação em questão e que pertencem à mesma família de situações. 111 Figura 12 - Mapa conceitual: relações entre os aspectos do curso técnico a serem identificados por meio da Ergon-EP e a trama conceitual da noção de competência proposta por Jonnaert (2011) Fonte: elaborada pela autora com base em Jonnaert (2011). A análise da atividade é fundamental para que a equipe verifique quaissão as situações de trabalho mais significativas do técnico e, a posteriori, proponha um rol de competências profissionais. Os documentos de referência não apresentam claramente os contornos das profissões. Pode-se observar o exemplo dos cursos técnicos em Modelagem do Vestuário e superior de tecnologia em Design de Moda. Os Catálogos Nacionais trazem nos perfis profissionais de conclusão atividades bastante similares: “Cria e desenvolve projetos de moda”, para o técnico, e “Cria e desenvolve produtos para a indústria da moda” para o tecnólogo. Analisando a atividade, a equipe poderá observar, nesta situação, qual o papel de cada um dos profissionais, podendo então delinear quais são as competências do técnico e, além disso, qual sua relação com os demais profissionais. A partir da definição das competências profissionais, o perfil profissional de conclusão poderá ser definido, considerando a vocação regional e considerando, principalmente, a entrada dos estudantes no mercado de trabalho. O desenvolvimento “completo” das competências profissionais ocorre no trabalho, portanto é fundamental que o curso seja concebido para desenvolver as competências de entrada no mundo do trabalho. 112 6.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ABORDAGEM ERGON-EP A avaliação da Abordagem pelos 25 profissionais da educação profissional brasileira demonstrou que a maioria deles concorda na utilidade da Ergon-EP para a concepção de cursos técnicos de qualquer área, e, inclusive, de outros tipos de curso da educação profissional. A maior parte dos avaliadores concordou também que a Abordagem pode favorecer a integração das características das atividades de trabalho nos cursos técnicos, tornando-os mais alinhados ao mundo do trabalho. Este é um resultado relevante principalmente porque a Abordagem é, até o momento, uma proposta teórica para a concepção dos cursos, cuja aplicação em contexto real ainda não foi realizada. Poder-se-ia esperar dos avaliadores uma posição de maior incerteza em relação à proposta. Destaca-se que a maioria das sugestões de alterações na Ergon-EP recebidas no formulário de avaliação do Grupo 2 de especialistas (gestores e/ou formadores de professores) adveio de um único avaliador. A partir das sugestões recebidas de ambos os grupos, foi possível destacar alguns pontos a serem melhorados na Abordagem. São eles: • Recomendar a participação na equipe de concepção de ao menos um professor com experiência nesse processo e oferecer a este professor a possibilidade de realizar uma formação sobre o uso da Abordagem Ergon-EP. • Enfatizar que a análise da vocação regional tem como objetivo orientar a definição dos demais aspectos do curso, sem limitar a formação. • Explicitar melhor o conceito de competência utilizado na Ergon-EP. • Destacar a necessidade de formação para os educadores utilizarem a Abordagem, bem como de uma sensibilização institucional em relação ao seu uso e ao tempo que será demandado para conceber os cursos com a utilização da Ergon-EP. • A possibilidade de envolver representantes de associações, entidades de classe no processo, representantes de empresas e beneficiários do serviço/produto do técnico. 113 7 CONCLUSÃO Esta pesquisa teve como objetivo propor uma abordagem metodológica, chamada Ergon-EP, para auxiliar os educadores a conceberem cursos técnicos alinhados ao trabalho real. Ela nasceu da constatação de que uma formação profissional significativa e que tenha potencial para transformar o trabalho precisa ter como base a atividade, ou o que se chama em ergonomia, o trabalho real. A Ergon-EP diferencia-se das demais abordagens metodológicas encontradas na literatura pois tem como ponto de partida a Análise da Atividade, ferramenta ergonômica cujas técnicas privilegiadas para a coleta de dados sobre o trabalho são a observação das situações de trabalho e a conversa com os trabalhadores em atividade. Para alcançar o objetivo da pesquisa, buscou-se, primeiramente, compreender a situação atual do problema. Uma descrição do processo de concepção de cursos técnicos foi elaborada, tendo como base a percepção dos próprios professores, principais responsáveis por esta atividade nas instituições federais de educação profissional no Brasil. Percebeu-se, a partir da análise das entrevistas realizadas junto a esses profissionais, que eles fazem um esforço para se aproximarem do mundo do trabalho, entretanto esse esforço não ocorre de forma sistemática, prevista no processo de concepção. Destaca-se o contato que esses professores procuram manter com os egressos do curso que estão atuando na profissão; eles são convidados a compartilharem sua experiência na escola com estudantes e professores. Verificou-se, também, que não há orientações metodológicas institucionais para a concepção dos cursos, uma vez que a forma de desenvolvimento dessa atividade varia bastante de um campus para outro, mesmo em uma única instituição. No Brasil, não existem orientações claras para a concepção dos cursos nas instituições federais de educação profissional, apesar da enorme expansão observada na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. As Diretrizes Curriculares indicam aspectos que precisam constar nos projetos de curso, e recomendam que sejam alinhados ao mundo do trabalho. No entanto, as características do regime de trabalho da maioria dos professores da Rede podem mantê-los afastados da profissão para a qual ensinam. O documento mais utilizado pelos docentes na concepção dos cursos técnicos é o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, no qual encontram-se informações relacionadas a cada uma das formações técnicas que são ofertadas no Brasil. Contudo, como foi apontado na 114 pesquisa, este referencial não considera, e nem teria como considerar, as características regionais da profissão. E uma das orientações das Diretrizes Curriculares é que os cursos estejam alinhados à vocação da região na qual a escola está instalada. Percebe-se, portanto, que o CNCT, apesar de ser uma referência fundamental para a concepção dos cursos técnicos, não pode ser a única. Por isso, esta pesquisa aponta para a necessidade de incluir no processo de concepção dos cursos técnicos uma análise que se preocupe com o trabalho real. Ainda na busca por compreender a situação atual do processo de concepção dos cursos técnicos, fez-se uma análise dos projetos de cursos (PPC). Buscou-se identificar, principalmente, as características das atividades de trabalho presentes nesses projetos. Mesmo que os professores não tenham indicado, durante as entrevistas, a realização de análises mais focadas na atividade de trabalho, que incluam a visita às situações de trabalho para observar os técnicos, acredita-se que características das atividades de trabalho podem estar presentes nos cursos. Verificou-se que alguns dos PPCs analisados preveem o reconhecimento da experiência profissional prévia dos estudantes, os quais são, em sua maioria, trabalhadores no caso dos cursos técnicos subsequentes (tipo de oferta focada nesta análise). Por outro lado, a incorporação da prática profissional nos cursos parece estar limitada à definição de uma quantidade de carga horária prática na matriz curricular e na presença do estágio curricular. A experiência profissional dos próprios professores não tem espaço nos projetos, uma vez que seu histórico profissional e sua relação com a formação técnica não são explorados nesses documentos. Destaca-se, ainda, desta análise, que aparentemente não há um consenso institucional quanto à noção de competência. Entre os projetos analisados, alguns não foram baseados em competências, apesar de as orientações nacionais apontarem essa necessidade. Além disso, a quantidade de competências varia significativamente entre os projetos, bem como a forma como são enunciadas, muitas vezes sem foco emum saber agir. Este diagnóstico, feito com base em entrevistas a professores e em análise de PPCs, juntamente com as obras de referência na análise da atividade e na concepção de formações, subsidiaram a construção da Ergon-EP, uma proposta de abordagem para a concepção de cursos técnicos, tendo como base a atividade de trabalho. Primeiramente, buscou-se construir a Abordagem alicerçada nas grandes etapas da análise da atividade: análise da demanda, da tarefa e da atividade, para transpô-las para o contexto da concepção de cursos técnicos. Contudo, optou-se por partir das características desse processo, entendendo que esse caminho seria mais 115 profícuo. Dessa forma, iniciou-se do conteúdo mínimo dos PPCs de cursos técnicos, estabelecido nas Diretrizes Curriculares, identificando quais deles necessitavam de uma análise da atividade de trabalho do técnico, um “olhar para fora” da escola por parte da equipe de concepção, para serem definidos. A Ergon-EP foi estruturada, então, como uma abordagem metodológica que auxilia os educadores a integrarem as características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos, orientando-os na definição da vocação regional, da evolução da profissão, dos itinerários de profissionalização, do perfil profissional e das competências profissionais. Ela foi avaliada por 25 especialistas, 14 professores experientes na concepção de cursos técnicos e 11 gestores ou formadores de professores da educação profissional. Esses educadores tiveram uma impressão positiva da Abordagem e concordaram que ela cumpre seu objetivo de integrar as características das atividades de trabalho nos cursos técnicos, podendo ser utilizada também na concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. Foi ressaltada a necessidade de promover formações sobre a Ergon-EP e de aplicá-la em processos de concepção de cursos para disseminar seu uso. A apresentação feita para os avaliadores pode inspirar essas atividades, uma vez que foi feita também em formato de vídeo, usando uma linguagem mais direta com o educador. 7.1 TRABALHOS FUTUROS Como sugestão para trabalhos futuros, espera-se que a Ergon-EP seja utilizada na concepção de cursos técnicos e de outros tipos de cursos da educação profissional, possibilidade que foi confirmada pelos especialistas que a avaliaram. Além disso, acredita-se que o uso da Abordagem em diferentes instituições poderá gerar aprimoramentos e o seu desenvolvimento. Percebeu-se, na etapa de avaliação da proposta, que os professores têm interesse em testar a Ergon-EP; diversos especialistas demonstraram que lhes faltam ferramentas para a concepção de cursos mais alinhados ao mundo do trabalho. Por meio da formação de profissionais da educação profissional, será possível disseminar a Abordagem e, principalmente, a noção de que é necessário e possível conceber cursos com base na atividade de trabalho, espaço privilegiado no qual se expressa a riqueza de significado inerente a qualquer profissão. 116 Destaca-se que a análise da atividade proposta na Ergon-EP foi adaptada a fim de viabilizar o seu uso na educação profissional. Buscou-se, para tanto, manter as características essenciais da abordagem, tal como proposta pelos autores de referência da ergonomia francófona, mas é possível que a adaptação cause algum prejuízo no que diz respeito aos procedimentos tradicionalmente utilizados e aos resultados alcançados. Ainda assim, acredita- se que a análise proposta pode representar um momento de formação para os professores, principalmente para aqueles que estão afastados do mundo do trabalho. A integração da análise da atividade de trabalho na concepção de cursos da educação profissional ainda é pouco difundida no Brasil, representando um campo a ser explorado pelos pesquisadores e professores que atuam nesta modalidade. Ela pode contribuir tanto no nível da concepção dos PPCs, como abordado nesta tese, quanto na elaboração de estratégias didáticas, de avaliações etc. É urgente reconhecer a complexidade e a importância do trabalho técnico e promover sua valorização dentro dos muros das escolas brasileiras, principalmente aquelas que atuam com a educação profissional. Esse movimento tem o potencial de, gradativamente, disseminar a ideia de que o trabalho é rico em significado e, ainda mais, de que os trabalhadores precisam ser valorizados. A análise da atividade transforma a maneira como os envolvidos olham para o trabalho; quando aplicada à concepção da formação, essa transformação pode ocorrer tanto na escola quanto nos locais de trabalho, nos trabalhadores e nos professores da educação profissional brasileira. 117 REFERÊNCIAS BARATO, J. N. Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a educação profissional. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 34, n. 3, p. 4-15, set/dez. 2008. Disponível em: http://www.bts.senac.br/index.php/bts/article/view/262/245. Acesso em: 18 dez. 2017. ______. Fazer bem feito: valores em educação profissional e tecnológica. Brasília, DF: UNESCO, 2015. ______. Escritos sobre tecnologia educacional e educação profissional. São Paulo: Editora Senac, 2002. BARCELOS, M. A. N. A Análise Ergonômica do Trabalho como ferramenta para a elaboração e desenvolvimento de programas de treinamento. 1997. 102 f. 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Roteiro das entrevistas com os(as) professores(as) Nome: Data de nascimento: Sexo: Titulação: Fez curso técnico? Se sim,atua na mesma área em que fez curso técnico? Experiência profissional na área em que atua como professor(a): Ano em que começou a atuar como professor(a) na educação profissional: Descreva sua experiência como professor(a) da educação profissional e na concepção de cursos, independentemente de tipo e modalidade. Agora, todas as questões se relacionam à concepção de cursos técnicos subsequentes: Como se desenvolve o processo de concepção do curso desde o início até a conclusão? Quem o inicia, como e em que momento? Quem se envolve e em que momentos? Quais são as fontes de informação sobre o trabalho utilizadas para conceber o curso? E qual a contribuição de cada uma delas? Os trabalhadores ou outras pessoas ligadas à profissão são consultadas ou envolvidas para a concepção dos cursos? Se sim, quantos? Quem são? Sobre o que tratam? De que forma? Você considera que as características da atividade de trabalho, ou seja, como os trabalhadores fazem para desenvolver sua atividade nas situações de trabalho, as ferramentas e estratégias que utilizam são identificadas e integradas ao projeto de curso? Como isso ocorre? Como são identificadas as competências profissionais? Elas são validadas? Se sim, como e por quem? 128 APÊNDICE B – Questões utilizadas para a avaliação da Ergon-EP pelos especialistas Questões fechadas com escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente) para resposta. Minha impressão geral sobre a Abordagem Ergon10 é positiva. A Abordagem Ergon é de fácil compreensão para os professores da Educação Profissional. A maioria das orientações incluídas na Abordagem Ergon é necessária. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é apropriada. A sequência das orientações da Abordagem Ergon é flexível. A Abordagem Ergon é útil para a concepção dos cursos técnicos. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de outros tipos de cursos da educação profissional. A Abordagem Ergon é útil para a concepção de cursos técnicos pertencentes a qualquer área técnica. A Abordagem Ergon pode ser implementada por uma equipe sem experiência na concepção de cursos. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é pertinente. A observação das situações de trabalho, na fase da análise da atividade, é viável. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é pertinente. A coleta das falas dos trabalhadores sobre sua atividade, na fase da análise da atividade, é viável. A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um trabalhador na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é pertinente. A participação de um especialista em saúde e segurança no trabalho (SST) na equipe de elaboração do projeto de curso é viável. A Abordagem Ergon favorece a integração das características das atividades de trabalho nos projetos de cursos técnicos. A Abordagem Ergon favorece a concepção de cursos técnicos mais alinhados ao mundo do trabalho. Eu utilizaria a Abordagem Ergon para a concepção de cursos técnicos (questão apresentada exclusivamente para o Grupo 1). Eu promoveria ou incentivaria uma formação sobre a Abordagem Ergon para os professores da Educação Profissional (questão apresentada exclusivamente para o Grupo 2). Questões abertas. Você incluiria alguma orientação ou alguma parte na Abordagem Ergon? Caso a resposta seja afirmativa, por favor, descreva no espaço abaixo, justificando o motivo. 10 No formulário de avaliação, utilizou-se o nome Abordagem Ergon, pois a definição do nome Ergon-EP foi posterior a esta etapa da pesquisa. 129 Você excluiria alguma orientação ou alguma parte da Abordagem Ergon? Caso a resposta seja afirmativa, por favor, descreva no espaço abaixo, justificando o motivo. Caso tenha algum comentário sobre a Abordagem Ergon, por favor, deixe-o no espaço abaixo. 130 APÊNDICE C – Dados gerais dos projetos de cursos técnicos analisados Quadro 5 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração Objetivos Perfil profissional do egresso Apresenta neste item as competências gerais e as áreas de atuação do egresso. Competências gerais do egresso 1) Executar, controlar e avaliar os procedimentos das áreas de pessoal, de marketing, de produção, de materiais, financeira e dos sistemas de informações. 2) Identificar e interpretar as diretrizes dos planejamentos estratégico, gerencial e operacional da organização. 3) Preocupar-se em buscar atualização constantemente por meio de estudos e pesquisas, propondo inovações, identificando e incorporando novos métodos, técnicas e tecnologias às suas ações, respondendo às situações cotidianas com criatividade, flexibilidade e adaptabilidade às mudanças. 4) Controlam rotina administrativa. 5) Realizam atividades em recursos humanos e intermedeiam mão de obra para colocação e recolocação. 6) Atuam na área de compras e assessoram a área de vendas. 7) Intercambiam mercadorias e serviços e executam atividades nas áreas fiscal e financeira. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso Atuar na área administrativa de empresas industriais, comerciais, de serviços e do agronegócio. Operar e controlar processos de pessoal (recrutamento, seleção, folha de pagamento e responsabilidade social), financeira (contas a pagar, contas a receber, caixa, bancos e custos), de materiais (compras, estoques e almoxarifado), de marketing (atendimento ao cliente e vendas) e de produção (métrica de produção e qualidade, sustentabilidade e meio-ambiente). Apoiar a gerência na elaboração de planilhas e relatórios técnicos. Classificação Brasileira de Ocupações: 3513 - Técnico em administração, “trabalham em qualquer atividade econômica onde haja atividades administrativas, na condição de assalariados com carteira assinada. O trabalho é presencial, executado em equipe, com supervisão ocasional.” Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 500h. 2º SEM: 6 UC; CH: 500h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 6 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração Perfil profissional do egresso O aluno egresso no Curso Técnico Subsequente em Administração é o profissional apto a: executar rotinas administrativas de organizações públicas, privadas e/ou do terceiro setor, podendo atuar nas áreas de finanças, de pessoas, de marketing, de produção de bens e de serviços; auxiliar na melhoria de processos administrativos com eficiência e eficácia; buscar agir de forma inovadora, empreendedora, ética e sustentável. Competências gerais do egresso 1) Identifica, sistematiza e interpreta informações do contexto organizacional (ambiente interno e externo) a fim de auxiliar a gestão na tomada de decisão. 2) Auxilia no planejamento, na organização, na direção e no controle de rotinas administrativas com visão sistêmica e sustentável. 3) Auxilia na concepção e operacionalização de empreendimentos. 4) Executa rotinas administrativas na área de marketing. 5) Executa rotinas administrativas nas áreas de produção de bens e de serviços. 6) Executa rotinas administrativas na área de finanças. 7) Executa rotinas administrativas na área de pessoas. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso 131 Indústrias do setor produtivo, dos mais variados tipos, como: alimentos; mineração; química; siderurgia; automotivo; infraestrutura. Automação da manufatura. Unidades produtoras de matérias-primas diversas. Empresas prestadoras de serviços, tais como: instituições financeiras; comércio; construção civil; transporte aéreo; escritórios e consultórios de profissionais liberais; empresas de serviçosbásicos, como energia elétrica e telecomunicações. Empresas de consultoria e implementação de sistemas de produção. Instituições públicas. Organizações do terceiro setor. Universidades e centros de pesquisa. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHP: 133h; CHT: 267h. 2º SEM: 6 UC; CH: 320h; CHP: 130h; CHT: 190h. 3º SEM: 5 UC; CH: 280h; CHP: 158h; CHT: 122h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 7 - Dados gerais do Curso Técnico em Administração Perfil profissional do egresso Profissional que executa operações administrativas relativas a protocolos e arquivos, confecção e expedição de documentos e controle de estoques; aplica conceitos e modelos de gestão em funções administrativas e opera sistemas de informações gerenciais de pessoal e de materiais. Competências gerais do egresso 1) Executa operações administrativas relativas a protocolos e arquivos, confecção e expedição de documentos e controle de estoques. 2) Aplica conceitos e modelos de gestão em funções administrativas. 3) Opera sistemas de informações gerenciais de pessoal e de materiais. 4) Identifica oportunidades e empreende de forma ética e responsável em atividades socioeconômicas individuais e coletivas. 5) Identifica, sistematiza e interpreta informações do contexto organizacional (ambiente interno e externo) a fim de auxiliar a gestão na tomada de decisão. 6) Auxilia no planejamento, na organização, na direção e no controle de rotinas administrativas com visão sistêmica e sustentável. 7) Auxilia na concepção e operacionalização de empreendimentos. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso Segundo o CNCT, o Técnico em Administração é um profissional que pode atuar em empresas e organizações públicas e privadas nas áreas de marketing, recursos humanos, logística, finanças e produção. Dessa forma, abrem-se amplas possibilidades de inserção profissional em segmentos/setores da economia, tais como: indústrias do setor produtivo, dos mais variados tipos, como: alimentos, mineração, química, siderurgia, automotivo, infraestrutura; automação da manufatura; unidades produtoras de matérias-primas diversas; empresas prestadoras de serviços, tais como: instituições financeiras, comércio, construção civil, saúde, transporte, escritórios e consultórios de profissionais liberais, empresas de serviços básicos (energia elétrica, saneamento e telecomunicações), serviços automotivos; empresas prestadores de serviços de consultoria e implementação de sistemas de produção; instituições públicas; organizações do terceiro setor; universidades e centros de pesquisa. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 240h; CHP: 70h; CHT: 170h. 2º SEM: 5 UC; CH: 240h; CHP: 70h; CHT: 170h. 3º SEM: 5 UC; CH: 240h; CHP: 70h; CHT: 170h. 4º SEM: 5 UC; CH: 280h; CHP: 40h; CHT: 240h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 8 - Dados gerais do Curso Técnico em Agronegócio Perfil profissional do egresso 132 É o conjunto de conhecimentos usados para planejar e gerenciar as atividades de uma propriedade rural, desde o cultivo até a administração dos negócios. O profissional de Agronegócios e Agropecuária define as estratégias que serão usadas durante toda a safra agrícola. Planeja a produção determinando os serviços necessários para a criação dos rebanhos ou para a produção agrícola, estabelece quantos funcionários serão contratados em cada safra, verifica os custos da produção e define o valor final do produto, buscando a melhor rentabilidade para o negócio. Também cuida da distribuição e da logística, além das negociações com o mercado internacional. Competências gerais do egresso 1) Viabilizar soluções técnicas competitivas para o desenvolvimento de negócios na agropecuária a partir do domínio dos processos de gestão e das cadeias produtivas do setor. 2) Desenvolver prospecção de novos mercados. 3) Analisar a viabilidade econômica dos negócios agrícolas. 4) Planejar, elaborar e gerir projetos agropecuários. 5) Identificar alternativas de captação de recursos, beneficiamento, logística e comercialização agroindustrial. 6) Inserir novas tecnologias no setor rural, promovendo a qualidade e produtividade dos negócios. 7) Definir investimentos, insumos e serviços, visando à otimização da produção e o uso racional dos recursos. 8) Participar da área de pesquisa, inovação, desenvolvimento de novos produtos e marketing. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso O agronegócio pode ser entendido como o conjunto de conhecimentos usado para planejar e gerenciar as atividades de uma propriedade rural, desde o cultivo até a administração dos negócios. O profissional de Agronegócios define as estratégias que serão usadas durante toda a safra agrícola. Planeja a produção determinando os serviços necessários para a criação dos rebanhos ou para a produção agrícola, estabelece quantos funcionários serão contratados a cada safra, verifica os custos da produção e define o valor final do produto, buscando a melhor rentabilidade para o negócio. Também cuida da distribuição e da logística, além das negociações com o mercado internacional. Assim, o Técnico em Agronegócio formado pelo IFSC tem como possibilidades de atuação as propriedades rurais; empresas comerciais; estabelecimentos agroindustriais; empresas de assistência técnica, extensão rural e pesquisa, bem como em indústrias de beneficiamento e comercialização de produtos agroindustriais. No tocante à regulamentação da profissão de Técnico em Agronegócio, na tabela de Classificação Brasileira de Ocupações (C.B.O.) do Ministério do Trabalho, há uma categoria matriz codificada como 3211, que faz menção à categoria dos Técnicos Agrícolas, tendo suas atividades profissionais sumarizadas a seguir: prestam assistência e consultoria técnicas, orientando diretamente produtores sobre produção agropecuária, comercialização e procedimentos de biosseguridade. Executam projetos agropecuários em suas diversas etapas. Planejam atividades agropecuárias, verificando viabilidade econômica, condições edafoclimáticas e infraestrutura. Promovem organização, extensão e capacitação rural. Fiscalizam produção agropecuária. Desenvolvem tecnologias adaptadas à produção agropecuária. Podem disseminar produção agroecológica. Estrutura curricular 1º SEM: 6 UC; CH: 320h. 2º SEM: 7 UC; CH: 320h. 3º SEM: 7 UC; CH: 320h. 4º SEM: 6 UC; CH: 320h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 9 - Dados gerais do Curso Técnico em Confeitaria Perfil profissional do egresso É o profissional cidadão apto a elaborar e servir produtos de confeitaria, considerando os aspectos higiênico- sanitários, a responsabilidade ambiental, socioeconômica e profissional. Competências gerais do egresso 133 1) Dominar as técnicas de produção de doces e salgados, utilizando as matérias-primas, os utensílios e equipamentos do setor, considerando as suas características específicas. 2) Comunicar-se com fluência, clareza, cordialidade e desenvoltura, usando a linguagem verbal e não verbal de forma adequada às situações comunicativas próprias dos espaços profissionais de panificação. 3) Aplicar os princípios higiênico-sanitários na manipulação, no preparo e no serviço de produtos de confeitaria. 4) Planejar a operacionalização da produção e do serviço de produtos de confeitaria. 5) Operacionalizar a produção e o serviço de produtos de confeitaria, bem como embalá-los adequadamente para comercialização. 6) Aplicar princípios éticos e críticos em sociedade e, especificamente, diante das relações do mundo do trabalho. 7) Aplicar os princípios da responsabilidade socioambiental. 8) Constituição de uma consciência histórica aplicada à vida prática profissional,pessoal e cidadã de um Técnico em Panificação: competência cognitiva, estética e identitária de interpretação e orientação de experiências significativas relacionadas a pães e doces na sucessão do tempo. 9) Identificar e preparar produtos de panificação equilibrados nutricionalmente e/ou adequados para pessoas com restrições alimentares: doença celíaca, hipertensão, dislipidemia, intolerância à lactose, diabetes e sobrepeso/obesidade. 10) Desenvolver iniciação à pesquisa científica, relacionando os diversos conhecimentos trabalhados nos componentes curriculares com a prática da confeitaria. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso Instituições públicas e privadas, nos seguintes tipos de estabelecimentos: padarias, mercearias, minimercados, supermercados, confeitarias, cozinha de hotéis, resort, pousadas, restaurantes, refeitórios, catering, bufês, empórios, feiras e indústrias, cruzeiros marítimos e embarcações. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHP: 160h; CHT: 240h. 2º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 268h; CHT: 132h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 10 - Dados gerais do Curso Técnico em Cozinha Perfil profissional do egresso Profissional capaz de atuar na organização da cozinha, na seleção e no preparo das matérias-primas, elaboração e organização das produções do cardápio. Executar cortes e métodos de cocção, utilizando as práticas de manipulação de alimentos. Operar e manter equipamentos e maquinário de cozinha. Saber armazenar diferentes tipos de gêneros alimentícios, controlar estoque, consumo e custos, com responsabilidade profissional, considerando os aspectos higiênico-sanitários, socioambiental e histórico- cultural. Competências gerais do egresso 134 1) Aplicar as técnicas de recebimento, armazenamento, conservação, cortes e cocção dos diversos tipos de matérias-primas utilizadas na cozinha. 2) Identificar e utilizar utensílios, equipamentos e estrutura física de cozinha, considerando os aspectos de segurança. 3) Aplicar os princípios de nutrição, higiênicos sanitários e histórico-culturais na manipulação e no preparo de alimentos. 4) Identificar e aplicar, na cozinha, práticas que minimizam os impactos ambientais. 5) Auxiliar no planejamento de cardápios, nas compras, no controle de estoques e no cálculo dos custos e dos preços de venda. 6) Agir com visão crítica sobre o mundo do trabalho, reconhecendo o papel social do cidadão profissional na sociedade. 7) Comunicar-se com clareza de forma adequada às situações comunicativas próprias dos espaços profissionais da cozinha. 8) Executar os procedimentos operacionais da produção e apresentação de alimentos de acordo com a rotina estabelecida em um restaurante. 9) Ter consciência histórica aplicada à vida prática profissional, pessoal e cidadã de um técnico em cozinha. 10) Estabelecer relações entre os conceitos de Trabalho e Sociedade e a vida prática profissional no eixo tecnológico Turismo, Hospitalidade e Lazer. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso Instituições públicas e privadas, nos seguintes tipos de estabelecimentos: restaurantes, bares, meios de hospedagem, refeitórios, catering, bufê, cruzeiros marítimos e embarcações. Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 184h; CHT: 216h. 2º SEM: 9 UC; CH: 400h; CHP: 272h; CHT: 128h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 11 - Dados gerais do Curso Técnico em Edificações Perfil profissional do egresso O profissional técnico em Edificações: desenvolve e executa projetos de edificações conforme normas técnicas de segurança e de acordo com legislação específica. Planeja a execução e elabora orçamento de obras. Presta assistência técnica no estudo e desenvolvimento de projetos e pesquisas tecnológicas na área de edificações. Orienta e coordena a execução de serviços de manutenção de equipamentos e de instalações em edificações. Orienta na assistência técnica para compra, venda e utilização de produtos e equipamentos especializados. Competências gerais do egresso 1) Executa obras e realiza manutenções e reformas de edificações conforme legislação específica. 2) Desenvolve, desenha, detalha e interpreta projetos de construções prediais, conforme legislação específica. 3) Elabora planejamento e orçamento de obras. 4) Executa ensaios de laboratório e controle de qualidade de materiais da construção civil e solos. 5) Fiscaliza, vistoria e presta assistência na execução dos trabalhos da construção civil e executa mensurações. 6) Treina equipes de execução de obras e serviços técnicos. 7) Organiza e controla o fluxo de materiais, equipamentos e ferramentas. 8) Realiza apontamento de diário de obra, dimensionamento de equipes, medição de execução de serviço. 9) Gerencia e controla os resíduos da construção civil. 10) Planeja e orienta a implantação do canteiro de obra e a locação da edificação. 11) Verifica as condições de segurança e higiene da obra. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Empresas privadas ou públicas que atuem na área da Construção Civil. O Técnico em Edificações exerce sua profissão em escritório ou em campo, no contexto profissional da engenharia civil e da arquitetura, com competência para realizar tarefas relacionadas ao planejamento, projeto, controle, à execução e manutenção de edificações, atuando com ética, responsabilidade, espírito inovador e empreendedor, com compromisso social e profissional. 135 Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 300h; CHP: 110h; CHT: 190h. 2º SEM: 6 UC; CH: 300h; CHP: 200h; CHT: 100h. 3º SEM: 8 UC; CH: 300h; CHP: 140h; CHT: 160h. 4º SEM: 7 UC; CH: 300h; CHP: 140h; CHT: 160h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 12 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletroeletrônica Perfil profissional do egresso Ao término do curso, o Técnico em Eletroeletrônica deverá estar apto para desenvolver atividades de planejamento, avaliação, controle, instalação, montagem e manutenção. Competências gerais do egresso 1) Coordenar equipes de trabalho que atuam na instalação, montagem e manutenção de sistemas elétricos e eletrônicos. 2) Observar as normas técnicas de qualidade, saúde e segurança no desempenho de suas funções. 3) Utilizar catálogos, manuais e tabelas em processos de instalação, manutenção e montagem de equipamentos elétricos e eletrônicos, observando as normas técnicas. 4) Propor melhorias e a incorporação de novas tecnologias nos sistemas de produção. 5) Avaliar e solucionar problemas em circuitos elétricos e eletrônicos. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Empresas que atuam na instalação, manutenção, comercialização e utilização de equipamentos e sistemas eletroeletrônicos. Grupos de pesquisa que desenvolvam projetos na área de sistemas eletroeletrônicos. Laboratórios de controle de qualidade, calibração e manutenção. Indústrias de fabricação de máquinas, componentes e equipamentos eletroeletrônicos. Indústrias de transformação e extrativa em geral. Estrutura curricular 1º SEM: 6 UC; CH: 300h, CHP: 90h, CHT: 210h. 2º SEM: 7 UC; CH: 300h, CHP: 145h, CHT: 155h. 3º SEM: 6 UC; CH: 300h, CHP: 130h, CHT: 170h. 4º SEM: 7 UC; CH: 300h, CHP: 150h, CHT: 150h. Estágio curricular obrigatório: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 13 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletrotécnica Perfil profissional do egresso Instala, opera e mantém sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Participa na elaboração e no desenvolvimento de projetos de instalações elétricas e de infraestruturas residenciais, comerciais e industriais. Participa da elaboraçãoe do desenvolvimento de projetos de instalações elétricas e de infraestrutura para sistemas: eletrônicos, de telecomunicações, instalações elétricas e de segurança. Aplica medidas para o uso eficiente da energia elétrica e de fontes energéticas sustentáveis. Esse profissional tem competência também para atuar como empreendedor na área. Competências gerais do egresso 1) Instalar, operar e manter instalações, máquinas e equipamentos elétricos. 2) Executar a montagem e testar sistemas eletroeletrônicos. 3) Instalar, programar e testar sistemas de automação industrial e comandos elétricos. 4) Planejar e executar serviços de manutenção. 5) Elaborar, interpretar e executar projetos elétricos residenciais, prediais e industriais compatíveis com a formação profissional. 6) Dimensionar e especificar materiais e equipamentos de instalações residenciais, prediais e industriais. 7) Supervisionar a qualidade dos sistemas produtivos e serviços da área elétrica. 8) Atuar na assistência técnica e comercialização de materiais e sistemas elétricos. 9) Instalar, operar e manter elementos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. 136 10) Participar de equipes técnicas de desenvolvimento. 11) Dominar as técnicas de medições e ensaios em instalações, máquinas e sistemas elétricos. 12) Elaborar relatórios e laudos técnicos. 13) Coordenar e orientar equipes de trabalho. 14) Atuar de forma responsável nas questões do meio ambiente e da eficiência energética. 15) Dominar as normas técnicas de saúde e segurança no trabalho. 16) Empreender e inovar na área. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Concessionárias de energia elétrica, prestadoras de serviço, indústrias em geral, nas atividades de manutenção e automação, indústrias de fabricação de máquinas, componentes e equipamentos elétricos. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 320h; CHP: 110h; CHT: 210h. 2º SEM: 6 UC; CH: 320h; CHP: 140h; CHT: 180h. 3º SEM: 6 UC; CH: 320h; CHP: 190h; CHT: 130h. 4º SEM: 7 UC; CH: 320h; CHP: 180h; CHT: 140h. Estágio curricular obrigatório: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 14 - Dados gerais do Curso Técnico em Eletrotécnica Perfil profissional do egresso Instala, opera e mantém elementos do sistema elétrico de potência. Elabora e desenvolve projetos de instalações elétricas industriais, prediais e residenciais e de infraestrutura para sistemas de telecomunicações em edificações. Planeja e executa instalação e manutenção de equipamentos e instalações elétricas. Aplica medidas para o uso eficiente da energia elétrica e de fontes energéticas alternativas. Projeta e instala sistemas de acionamentos elétricos e sistemas de automação industrial. Executa procedimentos de controle de qualidade e gestão. Competências gerais do egresso 1) Identificar e quantificar os fenômenos básicos de eletricidade. 2) Identificar os fenômenos básicos de eletromagnéticos, relacionando-os com o funcionamento de dispositivos eletromagnéticos. 3) Avaliar os métodos de utilização dos instrumentos de medição e as interpretações de suas leituras. 4) Examinar as instalações, máquinas, equipamentos e instrumentos elétricos diversos, em fase de fabricação ou em plena capacidade de funcionamento, por meio de instrumentos de medidas adequados. 5) Conhecer o funcionamento de um software de edição de textos e de planilhas eletrônicas, que possa ser utilizado como ferramenta de trabalho na sua vida profissional, pessoal e acadêmica. 6) Determinar o uso de materiais de acordo com suas características elétricas. 7) Estruturar e redigir documentos, empregando a linguagem, a metodologia e as normas técnico- científicas para comunicação das tarefas efetuadas por um técnico. 8) Solucionar problemas de circuitos eletroeletrônicos, relacionando seus símbolos e respectivos valores. 9) Elaborar orçamentos de material e mão de obra para determinar os meios requeridos na fabricação e montagem das instalações e dos equipamentos. 10) Utilizar programa de CAD apropriado para elaborar desenhos técnicos de instalações elétricas a partir de normas técnicas, utilizando o raciocínio lógico e a visão espacial. 11) Elaborar projeto e instalações elétricas prediais e industriais observando as normas pertinentes, conforme legislação específica. 12) Conhecer as principais Normas Regulamentadoras da segurança no trabalho para compreender as principais causas de acidentes e doenças de trabalho e os meios de prevenção, com especial foco na NR- 10. 13) Identificar as implicações do desenvolvimento científico e tecnológico e suas relações com a área de eletricidade. 14) Conhecer o funcionamento de máquinas elétricas. 15) Desenvolver uma postura empreendedora com iniciativa própria e espírito de liderança e com comprometimento social. 16) Identificar as características e os componentes utilizados nas etapas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. 137 17) Conhecer e aplicar tecnologias de automação residencial e industrial. 18) Planejar, aplicar e controlar procedimentos de manutenção elétrica de máquinas e equipamentos conforme norma técnica específica e de segurança. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Nas UC em que são citadas, estão apresentadas como objetivos, não como competências. Áreas de atuação do egresso Estabelecimentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Estabelecimentos que atuam na instalação, manutenção, comercialização e utilização de equipamentos e sistemas elétricos. Grupos de pesquisa que desenvolvam projetos na área de sistemas elétricos. Laboratórios de controle de qualidade, calibração e manutenção. Indústrias de fabricação de máquinas, componentes e equipamentos elétricos. Concessionárias e prestadores de serviços de telecomunicações. Indústrias de transformação e extrativas em geral. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 300h; CHP: 120h; CHT: 180h. 2º SEM: 6 UC; CH: 300h; CHP: 120h; CHT: 180h. 3º SEM: 7 UC; CH: 300h; CHP: 120h; CHT: 180h. 4º SEM: 6 UC; CH: 300h; CHP: 140h; CHT: 160h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 15 - Dados gerais do Curso Técnico em Enfermagem Perfil profissional do egresso Profissional de nível médio, integrante da equipe de saúde, regido pela Lei nº 7.498/86 do exercício profissional de Enfermagem e que, sob a supervisão do Enfermeiro, está habilitado a executar ações, dentro de suas atribuições legais, de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação no processo de saúde-doença individuais e coletivas, desenvolvendo competências fundamentadas nos níveis de conhecimento técnico, científico, ético, político e educacional. Competências gerais do egresso 1) Compreender a relevância do trabalho em equipe de forma interdisciplinar, identificando o papel de cada participante no processo de trabalho na saúde coletiva, individual e ambiental. 2) Identificar a estrutura organizacional do sistema de saúde vigente, bem como o papel do estado e de outros setores na implementação das políticas públicas, observando os princípios éticos. 3) Realizar ações de caráter individual e coletivo, visando contribuir para Promoção da Saúde, Prevenção de Doenças, Recuperação em Saúde e Controle de Saúde das pessoas, famílias e comunidade. 4) Conhecer a estrutura, organização, funcionamento, normas e rotinas dos principais serviços de saúde públicos e privados. 5) Aplicar os princípios de bioética na assistência em saúde. 6) Perceber a importância da segurança para a prevenção e proteção dos trabalhadores da área da saúde (biossegurança) como também garantir melhores condições aos usuários (segurança do paciente). 7) Identificar sinais e sintomas que indiquem agravamento em saúde e prestar assistêncianecessária. 8) Executar procedimentos e cuidados de Enfermagem utilizados na assistência à saúde da criança, do jovem, do adulto e idoso (saúde do homem e da mulher), exceto as privativas do Enfermeiro. 9) Conhecer suas funções e atuar junto a equipe de Enfermagem e saúde no planejamento, execução e avaliação da assistência em saúde. 10) Reconhecer os meios de pesquisa científica em saúde e sua aplicação nas ações em saúde. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Hospitais, clínicas, unidades de saúde, ambulatórios de empresas, ambulatórios de unidades educacionais, serviços de urgência e emergência, laboratórios de análises clínicas, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), home care e em outros serviços de saúde, seja público ou privado. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 440h; CHP (estágio): 60h; CHT: 380h. 2º SEM: 6 UC; CH: 460h; CHP (estágio): 160h; CHT: 300h. 3º SEM: 6 UC; CH: 460h; CHP (estágio): 200h; CHT: 260h. 4º SEM: 6 UC; CH: 440h; CHP (estágio): 180h; CHT: 260h. 138 Estágio obrigatório: 600h. Neste projeto, o estágio obrigatório ocorre no decorrer dos quatro semestres e corresponde às únicas unidades curriculares com carga horária prática. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 16 - Dados gerais do Curso Técnico em Enfermagem. Perfil profissional do egresso Profissional de nível médio, integrante da equipe de saúde, regido pela Lei nº 7.498/86 do exercício profissional de Enfermagem e que, sob a supervisão do Enfermeiro, está habilitado a executar ações, dentro de suas atribuições legais, de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação no processo de saúde-doença individuais e coletivas, desenvolvendo competências fundamentadas nos níveis de conhecimento técnico, científico, ético, político e educacional. Competências gerais do egresso 1) Compreender a relevância do trabalho em equipe de forma interdisciplinar, identificando o papel de cada participante no processo de trabalho na saúde coletiva, individual e ambiental. 2) Identificar a estrutura organizacional do sistema de saúde vigente, bem como o papel do estado e de outros setores na implementação das políticas públicas, observando os princípios éticos. 3) Realizar ações de caráter individual e coletivo, visando contribuir para Promoção, Prevenção, Recuperação e Acompanhamento de Saúde de pessoas, famílias e comunidade. 4) Conhecer a estrutura, organização, o funcionamento, as normas e a rotinas dos principais serviços de saúde públicos e privados. 5) Aplicar os princípios de bioética na assistência na dimensão da segurança do cliente. 6) Perceber a importância da segurança para a prevenção e proteção dos trabalhadores da área da saúde (biossegurança) como também garantir melhores condições aos usuários (segurança do paciente). 7) Identificar sinais e sintomas que indiquem agravamento em saúde e prestar assistência necessária. 8) Executar procedimentos e cuidados de Enfermagem voltados à assistência à saúde a todos os ciclos da vida. 9) Conhecer suas atribuições e atuar de forma crítica-reflexiva junto à equipe multidisciplinar e saúde mediante o planejamento, a execução e avaliação da assistência em saúde. 10) Reconhecer os meios de pesquisa científica em saúde e a sua aplicação nas ações em saúde. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Hospitais, clínicas, unidades de saúde, empresas, unidades educacionais, serviços de urgência e emergência, laboratórios de análises clínicas, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), home care e em outros serviços de saúde, sejam públicos ou privados. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 440h; CHP: 140h; CHT: 300h. 2º SEM: 6 UC; CH: 460h; CHP: 180h; CHT: 280h. 3º SEM: 7 UC; CH: 460h; CHP: 224h; CHT: 236h. 4º SEM: 7 UC; CH: 440h; CHP: 212h; CHT: 228h. Estágio obrigatório: 600h. Neste projeto, o estágio obrigatório ocorre no decorrer dos quatro semestres e é computado no total de carga horária prática. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 17 - Dados gerais do Curso Técnico em Eventos Perfil profissional do egresso Profissional cidadão que concebe, planeja, promove, comercializa, executa e avalia eventos, de pequeno e médio porte, de forma empreendedora com responsabilidade socioambiental. Competências gerais do egresso 1) Conceber e planejar eventos de pequeno e médio porte com foco na sustentabilidade e nos aspectos turísticos locais. 2) Promover eventos. 3) Comercializar serviços e produtos relativos aos eventos. 4) Organizar e controlar a operacionalização dos serviços necessários à realização de eventos, considerando os aspectos socioambientais. 139 5) Planejar e executar o cerimonial. 6) Verificar o alcance de objetivos e metas propostas. 7) Comunicar-se com fluência, clareza, cordialidade e desenvoltura, usando a linguagem verbal e não verbal de forma adequada às situações comunicativas próprias dos espaços profissionais de eventos. 8) Atuar de forma segura nas situações de urgência e emergência, como também, na prevenção de acidentes durante a operacionalização dos eventos, considerando aspectos de saúde e segurança no ambiente de trabalho. 9) Aplicar os princípios da responsabilidade socioambiental. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso Empresas de eventos, meios de hospedagem, instituições públicas e privadas, cruzeiros marítimos, restaurantes, bufês e atividades autônomas. Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 74h; CHT: 326h. 2º SEM: 9 UC; CH: 400h; CHP: 112h; CHT: 288h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 18 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Nacional e América do Sul Perfil profissional do egresso Conduz e assiste pessoas ou grupos em traslados, passeios, visitas em viagens interestaduais e para países da América do Sul. Informa os visitantes sobre aspectos socioculturais, históricos, ambientais e geográficos. Estrutura e apresenta roteiros e itinerários turísticos de acordo com interesses, expectativas ou necessidades específicas, considerando os princípios da responsabilidade socioambiental. Competências gerais do egresso 1) Sistematizar informações sobre a oferta turística no Brasil e na América do Sul. 2) Atuar com ética e responsabilidade socioambiental aplicando a legislação relativa à profissão. 3) Promover a interação do visitante com aspectos geográficos, culturais e ecológicos dos locais visitados e das comunidades receptoras, bem como contribuir com a conservação desse espaço. 4) Comunicar-se e relacionar-se com desenvoltura, cordialidade, ética e profissionalismo com os diferentes públicos. 5) Planejar e operacionalizar roteiros para condução de visitantes de acordo com seu perfil e suas necessidades. 6) Conduzir com segurança, hospitalidade e pró-atividade os turistas. 7) Desenvolver atitudes empreendedoras analisando oportunidades e planejando a criação de serviços inovadores na sua área de atuação. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso O profissional pode atuar no emissivo para outros estados brasileiros e para outros países na América do Sul, onde o guia de excursão, ou também conhecido como guia acompanhante, atuando no acompanhamento do grupo, desde a saída da atividade, no percurso e durante a viagem, hospedando-se na localidade visitada com o grupo e, obrigatoriamente, retornando com o mesmo. Ou como profissional da educação, um docente em cursos técnicos e de qualificação profissional, podendo também vir a desenvolver atividades de consultorias para empresas privadas, organização não governamental e para órgãos públicos, sendo municipal e estadual. Estruturacurricular 1º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 56h; CHT: 344h. 2º SEM: 8 UC; CH: 420h; CHP: 72h; CHT: 348h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 19 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Regional Perfil profissional do egresso Apresenta neste item as competências gerais e as áreas de atuação do egresso. Competências gerais do egresso 1) Sistematizar informações sobre a oferta turística da região. 140 2) Atuar com ética e responsabilidade socioambiental aplicando a legislação relativa à profissão. 3) Promover a interação do visitante com aspectos geográficos, culturais e ecológicos dos locais visitados. 4) Comunicar-se e relacionar-se com desenvoltura, ética e profissionalismo com os diferentes públicos. 5) Compreender e produzir expressões e frases simples, de modo a satisfazer às necessidades imediatas quanto ao atendimento ao cliente no setor. 6) Planejar e operacionalizar roteiros para condução de visitantes de acordo com seu perfil e suas necessidades. 7) Conduzir com segurança, hospitalidade e proatividade os visitantes. 8) Perceber a importância da atitude e da atividade empreendedora para o exercício de sua profissão. 9) Identificar, analisar oportunidades e planejar a criação e o desenvolvimento de serviços inovadores na área de atuação do guia de turismo. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso Acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou grupos, em visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou especializadas. O guia de turismo regional é o profissional que atuará em todo o Estado de Santa Catarina. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 285h. 2º SEM: 7 UC; CH: 264h. 3º SEM: 8 UC; CH: 251h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 20 - Dados gerais do Curso Técnico em Guia de Turismo Regional Perfil profissional do egresso Conduz e assiste pessoas ou grupos em traslados, passeios, visitas e viagens no Estado de Santa Catarina. Informa os visitantes sobre aspectos socioculturais, históricos, ambientais e geográficos. Traduz o patrimônio material e imaterial de uma região para visitantes. Estrutura e apresenta roteiros e itinerários turísticos de acordo com interesses, expectativas ou necessidades específicas, considerando os princípios da responsabilidade socioambiental. Competências gerais do egresso 1) Sistematizar informações sobre a oferta turística da região. 2) Atuar com ética e responsabilidade socioambiental aplicando a legislação relativa à profissão. 3) Promover a interação do visitante com aspectos históricos, geográficos, socioculturais e ecológicos dos locais visitados e comunidades receptoras, bem como contribuir com a conservação desse espaço. 4) Comunicar-se e relacionar-se com desenvoltura, cordialidade, ética e profissionalismo com os diferentes públicos. 5) Planejar e operacionalizar roteiros para a condução de visitantes de acordo com seu perfil e suas necessidades. 6) Conduzir os visitantes com segurança, hospitalidade e proatividade. 7) Desenvolver atitudes empreendedoras, analisando oportunidades e planejando a criação de serviços inovadores na sua área de atuação. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso Receptivo ou emissivo regional, acompanhamento do grupo, desde a saída da atividade, no percurso e durante a viagem. O guia de turismo local ou receptivo é responsável por toda a hospedagem e receptividade local, atuando nos passeios locais, prestando serviço específico, como um passeio na cidade, o city tour, podendo também desenvolver atividades nos segmentos de turismo pedagógico, turismo religioso, turismo cultural, natural e de aventura local. Pode vir como profissional da educação, um docente em cursos técnicos e de qualificação profissional na área de Guia de Turismo, podendo também vir a desenvolver atividades de consultorias para empresas privadas, organização não governamental e para órgãos públicos, sendo municipal e estadual. Estrutura curricular 1º SEM: 9 UC; CH: 400h; CHP: 48h; CHT: 352h. 2º SEM: 9 UC; CH: 420h; CHP: 92h; CHT: 328h. 141 Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 21 - Dados gerais do Curso Técnico em Informática para Internet Perfil profissional do egresso O Técnico em Informática para Internet é o profissional com visão sistêmica do papel da informação e comunicação na sociedade, que atua de forma independente e inovadora, acompanhando a evolução da profissão. Possui conhecimento de dinâmica organizacional, podendo atuar em empresas públicas e privadas, bem como gerir seu próprio negócio. Atua com ética profissional, sustentabilidade, iniciativa empreendedora, responsabilidade social e domínio do “saber-fazer”, do “saber-ser”, do “saber-saber” e do “saber-conviver”. Facilita o acesso e a disseminação do conhecimento relativo ao seu campo de atuação. É crítico e consistente em sua atuação profissional, revelando habilidades de comunicação e de trabalho em equipes multidisciplinares. Aplica e respeita as normas de proteção e de prevenção ao meio ambiente, higiene e segurança no trabalho. É profissional com conhecimentos técnicos gerais em planejamento e implementação de sistemas de informação. Conhece softwares e hardwares, além da arquitetura básica de equipamentos de informática. Aplica critérios ergonômicos de softwares. Utiliza requisitos de segurança para o desenvolvimento de aplicações Web. Conhece o comércio eletrônico e as técnicas de marketing para a Web e dá suporte ao software e aos usuários. Utiliza recursos multimídia para Web e desenvolve sistemas aplicados aos ambientes Web. Competências gerais do egresso O projeto não apresenta uma listagem das competências gerais. São apresentadas competências em cada unidade curricular, totalizando 105 competências diferentes. São citadas nas descrições das UC? Não, visto que não há uma lista das competências gerais. Áreas de atuação do egresso Empresas públicas e privadas; próprio negócio. Estrutura curricular 1º SEM: 10 UC; CH: 400h. 2º SEM: 7 UC; CH: 360h. 3º SEM: 7 UC; CH: 360h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 22 - Dados gerais do Curso Técnico em Logística Perfil profissional do egresso Ao concluir o curso Técnico Subsequente em Logística, o egresso estará apto a auxiliar nos serviços de apoio às atividades e rotinas administrativas da área de logística, das quais pode-se destacar: “Realiza procedimentos de transportes, armazenamento e distribuição das cadeias de suprimentos. Agenda programa de manutenção de máquinas e equipamentos. Supervisiona processos de compras, recebimento, movimentação, expedição e distribuição de materiais e produtos. Presta serviços de atendimento aos clientes.” (CNCT, 2016, p. 87). Competências gerais do egresso 1) Compreender os diversos setores de funcionamento da área de logística. 2) Participar do planejamento logístico da empresa. 3) Gerir recursos materiais da área. 4) Controlar custos logísticos. 5) Planejar atividades de movimentação, expedição e distribuição. 6) Executar os processos de abastecimento. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Conforme prevê o CNCT (2016, p. 87), o Técnico Subsequente em Logística pode atuar em “Instituições públicas, privadas e do terceiro setor”, envolvendo empresas da área da indústria, comércio, serviços, agronegócio e organizações sem fins lucrativos. É um profissional que auxilia no desenvolvimento de ações ligadas ao planejamento, à execução, à organização e ao controle de operações nos processos 142 logísticos da organização, desenvolvendo competências nas mais diversasáreas, seja em suprimentos, produção, distribuição e/ou logística reversa e nas relações interpessoais dos agentes nas organizações. Estrutura curricular 1º SEM: 6 UC; CH: 280h; CHT: 280h. 2º SEM: 5 UC; CH: 280h; CHT: 280h. 3º SEM: 4 UC; CH: 240h; CHT: 240h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 23 - Dados gerais do Curso Técnico em Meteorologia Perfil profissional do egresso O Técnico em Meteorologia do IFSC é o profissional capaz de realizar a leitura, codificação, decodificação e o registro dos elementos de observação meteorológica, hidrológica e ecológica. Proceder à instalação, operação, aferição e manutenção de estações meteorológicas. Aplicar métodos computacionais para tratamento e divulgação de informações meteorológicas. Analisar e interpretar dados meteorológicos, obtidos por meio de sistemas de observação meteorológica, visando aos prognósticos meteorológicos. Competências gerais do egresso 1) Relacionar a estrutura e organização da meteorologia no Brasil e no mundo com sua importância para a sociedade. 2) Realizar os procedimentos de leitura, registro, codificação, transmissão e plotagem das observações meteorológicas em uma estação convencional, identificando possíveis erros decorrentes de falhas instrumentais. 3) Instalar, configurar e ajustar os diversos tipos de estações meteorológicas. 4) Realizar a manutenção preventiva e corretiva de estações meteorológicas de modo a assegurar a continuidade de seu funcionamento. 5) Realizar a verificação e calibração dos instrumentos de estações meteorológicas de acordo com normas internacionais. 6) Analisar a consistência dos dados meteorológicos observados. 7) Levantar e organizar dados meteorológicos, utilizando tecnologias de informação e comunicação. 8) Integrar equipes de pesquisa, auxiliando no desenvolvimento de projetos técnico-científicos. 9) Desenvolver atividades nas áreas de instrumentação e de sistemas de informações meteorológicas, hidrológicas e ambientais, com espírito inovador e empreendedor. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso Os técnicos em meteorologia têm ingressado em novas áreas do Mercado, tanto em nível regional, como nacional. A Marinha do Brasil é o maior absorvedor de mão de obra, realizando concursos públicos anualmente, para o ingresso de profissionais com a qualificação técnica em meteorologia, exercendo atividades junto ao Centro de Hidrografia da Marinha (CHM). No Ramo de aeronáutica, destaca-se a atuação em aeroportos, executando tarefas nos setores de proteção ao voo, com possibilidades de trabalho em aeroportos administrados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO), com ingresso mediante concurso público, bem como em aeroportos com administração municipal. Instituições de Pesquisa e Ensino também têm aberto portas às atividades do técnico, com recentes ingressos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e concurso na Universidade Federal de Santa Maria/RS. Na área de apoio aos serviços de Previsão de Tempo, os técnicos têm obtido boa aceitação do mercado, com profissionais tendo ingressado em centros de renomada credibilidade, como o Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR) e o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM/EPAGRI). No ramo de atividade privada, os técnicos vêm obtendo cada vez mais aceitação, com profissionais inseridos em empresas que trabalham com monitoramento e previsão de tempo, área de hidrologia, manutenção e instalação de estações meteorológicas e também na área de consultoria técnica em empresas especializadas em comercialização e assessoria de instrumental meteorológico. Estrutura curricular 1º SEM: 6 UC; CH: 400h. 2º SEM: 8 UC; CH: 400h. 3º SEM: 7 UC; CH: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. 143 Quadro 24 - Dados gerais do Curso Técnico em Panificação Perfil profissional do egresso É o profissional cidadão apto a elaborar e servir produtos de panificação, considerando os aspectos higiênico-sanitários, a responsabilidade ambiental, socioeconômica e profissional. Competências gerais do egresso 1) Dominar as técnicas de produção de pães, doces e salgados, utilizando as matérias-primas, os utensílios e equipamentos do setor, considerando as suas características específicas. 2) Comunicar-se com fluência, clareza, cordialidade e desenvoltura, usando a linguagem verbal e não verbal de forma adequada às situações comunicativas próprias dos espaços profissionais de panificação. 3) Aplicar os princípios higiênico sanitários na manipulação, no preparo e no serviço de produtos panificáveis. 4) Planejar a operacionalização da produção e do serviço de produtos panificáveis. 5) Operacionalizar a produção e o serviço de produtos panificáveis, bem como embalá-los adequadamente para comercialização. 6) Aplicar princípios éticos e críticos em sociedade e, especificamente, diante das relações do mundo do trabalho. 7) Aplicar os princípios da responsabilidade socioambiental. 8) Constituição de uma consciência histórica aplicada à vida prática profissional, pessoal e cidadã de um Técnico em Panificação: competência cognitiva, estética e identitária de interpretação e orientação de experiências significativas relacionadas a pães e doces na sucessão do tempo. 9) Identificar e preparar produtos de panificação equilibrados nutricionalmente e/ou adequados para pessoas com restrições alimentares: doença celíaca, hipertensão, dislipidemia, intolerância à lactose, diabetes e sobrepeso/obesidade. 10) Desenvolver iniciação à pesquisa científica, relacionando os diversos conhecimentos trabalhados nos componentes curriculares com a prática da panificação. São citadas nas descrições das UC? Sim. Áreas de atuação do egresso Instituições públicas e privadas, nos seguintes tipos de estabelecimentos: padarias, mercearias, minimercados, supermercados, confeitarias, cozinha de hotéis, resort, pousadas, restaurantes, refeitórios, catering, bufês, empórios, feiras e indústrias, cruzeiros marítimos e embarcações. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHP: 160h; CHT: 240h. 2º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 260h; CHT: 140h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 25 - Dados gerais do Curso Técnico em Qualidade Perfil profissional do egresso O aluno egresso do Curso Técnico Subsequente em Qualidade é um profissional apto a colaborar na elaboração de manuais, procedimentos, diagnósticos e relatórios dos processos de qualidade das empresas, assim como identificar as inconformidades em produtos e processos, suas possíveis causas e ações para o processo de manutenção. Desempenha as atividades de registro de controle da qualidade por meio de formulários específicos e de acordo com as normas e os padrões. Auxilia e acompanha auditorias internas e externas da qualidade. Competências gerais do egresso 1) Identificar e propor soluções e melhorias, conhecer e definir processos, sugerir modificações no processo produtivo e atuar preventivamente. 2) Desenvolver comunicação compatível com o exercício profissional. 3) Compreender os métodos estatísticos, sua aplicação e importância na viabilização de tomadas de decisões. 4) Ter iniciativa, criatividade, determinação, compreender os processos de mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional. 144 5) Desenvolver capacidade de auxiliar auditorias e na emissão de pareceres organizacionais referentes à área da qualidade. 6) Compreender as funções administrativas e reconhecer os procedimentos da área de gestão. 7) Compreender o uso das tecnologias como ferramenta no desenvolvimento das organizações. São citadas nas descriçõesdas UC? Sim, apenas em uma UC elas não são citadas. Áreas de atuação do egresso O egresso poderá desenvolver suas atividades relacionadas com as seguintes áreas: Controle e/ou Garantia da Qualidade no produto; Sistemas da Qualidade; Controle da Qualidade nas três etapas (Entrada, Processamento e Expedição) e Auditorias da Qualidade. Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 400h. 2º SEM: 7 UC; CH: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 26 - Dados gerais do Curso Técnico em Refrigeração e Climatização Perfil profissional do egresso O egresso do curso proposto deverá ser um profissional técnico capaz de: planejar e executar manutenção e instalação de máquinas e equipamentos de refrigeração industrial, comercial e residencial; avaliar e dimensionar locais para instalação desses equipamentos; elaborar projetos para instalação de refrigeração e climatização. O egresso atingirá o desempenho pleno das funções após o período de um a dois anos de experiência profissional. Predominantemente, são contratados na condição de trabalhadores assalariados, com carteira assinada. Trabalham em equipe, com supervisão ocasional, normalmente em período diurno. Em algumas das atividades que exercem, podem estar sujeitos à estresse constante e à ação de ruído intenso. Competências gerais do egresso 1) Elaborar projetos de sistemas eletromecânicos. 2) Montar máquinas e equipamentos. 3) Instalar máquinas e equipamentos. 4) Planejar manutenção. 5) Executar manutenção. 6) Desenvolver processos de fabricação e montagem. 7) Realizar compras técnicas. 8) Realizar vendas técnicas. 9) Cumprir normas de segurança e de preservação ambiental. 10) Trabalhar em equipe. 11) Liderar equipes. 12) Interagir com pessoas. 13) Agir com criatividade. 14) Trabalhar de forma organizada. 15) Tomar decisões. 16) Socializar informações. 17) Buscar atualização constantemente. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso De acordo com o CNCT, a área de atuação do técnico em Refrigeração e Climatização compreende: estabelecimentos comerciais e oficinas de refrigeração residencial e automotiva; empresas de comercialização e assistência técnica; indústria da climatização e da refrigeração residencial, comercial e industrial, da construção civil, têxtil, farmacêutica, de produtos médico-hospitalares, do transporte frigorificado e indústria em geral; centros de dados; empresas de projetos, instalação ou manutenção de sistemas de refrigeração ou climatização. No caso das instalações de grande porte, as empresas ainda se especializam em refrigeração ou em condicionamento de ar. No caso dos equipamentos de pequeno porte, principalmente eletrodomésticos, as empresas ou os profissionais atuam indistintamente com equipamentos de refrigeração e de condicionamento de ar, e são comuns no mercado microempresas, empresas individuais e profissionais autônomos. Em refrigeração, no caso de equipamentos unitários, de pequeno porte (refrigeradores, freezers, bebedouros, resfriadores de líquidos, entre outros), na maioria dos casos o procedimento de instalação é simples e pode ser executado pelo próprio usuário. Já no caso 145 de equipamentos unitários de maior porte (balcões e mostradores frigoríficos, freezers industriais), e sistemas (centrais de supermercados, câmaras frigoríficas), o procedimento demanda necessariamente a intervenção do técnico, e a instalação é realizada por empresas especializadas. No condicionamento de ar, para qualquer atividade de instalação é exigida a atuação do técnico, desde os equipamentos unitários mais simples (condicionadores de ar de janela, condicionadores tipo “split”) até os grandes sistemas centrais de climatização. Em geral, empresas especializadas atuam em instalação de grande porte, especializando-se na área de refrigeração ou na área de condicionamento de ar. Outra tarefa relacionada à atuação do técnico da área é a supervisão de trabalhos de instalação e manutenção. Por supervisão entende-se a direção, o comando, de equipes de trabalho que executarão as tarefas, independentemente da existência ou não de um plano específico de instalação ou manutenção. As atividades de supervisão também englobam a conferência do que foi executado, comparando-se com o que foi originalmente concebido ou proposto. Esta atividade é realizada tipicamente em obras/serviços, em que a empresa contratada, responsável pela totalidade da obra/serviço, subcontrata outras empresas para a realização de atividades e serviços específicos. Ao técnico da primeira, cabe conferir o que foi executado pelas últimas. A atividade de projeto envolve a concepção (criação) de procedimentos e sistemas de refrigeração e condicionamento de ar, normalmente para grandes instalações. As atividades de projeto envolvem uma gama de atribuições bastante distintas das funções de instalação e manutenção. O desenvolvimento do projeto normalmente é de responsabilidade profissional e técnica de um engenheiro, ficando o técnico de nível médio envolvido com atividades de suporte, como a realização de desenhos técnicos, levantamento de dados, dimensionamento de componentes e equipamentos, elaboração de orçamentos, projeto de partes (subsistemas), entre outras. O técnico também auxilia no planejamento dos serviços/obras de instalação, ou seja, a implantação do projeto. Existem empresas especializadas apenas na atividade de projeto, para grandes sistemas, e normalmente se especializam ou em refrigeração ou em condicionamento de ar. Em grandes instalações, é comum o emprego de um técnico para as tarefas de supervisão e operação diária destes sistemas, dada sua complexidade, elevado consumo de energia e exigência de confiabilidade. Outra atividade em que o técnico se vê comumente envolvido é em vendas. Suas atividades consistem na realização de palestras de divulgação técnica, participação em feiras, preparação de folhetos de divulgação e de informação técnica, contato com fornecedores de peças, materiais e equipamentos, contatos com clientes, seleção e dimensionamento de materiais, peças, equipamentos, entre outras. As indústrias agrícola, de aves e carnes, e pesqueira, são utilizadoras intensivas de refrigeração. Todas apresentam atualmente uma grande demanda por profissionais especializados na área, devido não só ao crescimento das atividades, como também ao aumento da preocupação com a qualidade dos produtos e com a rentabilidade. Na região sul ocorre também uma concentração de grandes fabricantes de peças e equipamentos de refrigeração e climatização. Além destes grandes fabricantes, existe um número considerável de pequenas empresas, que produzem uma ampla gama de equipamentos, como, por exemplo, balcões e mostradores frigoríficos, bebedouros de água gelada etc. O crescimento da atividade de turismo e lazer, que é marcante no Estado de Santa Catarina, também tem contribuído indiretamente para o crescimento do setor de refrigeração e climatização, visto que estabelecimentos de hospitalidade, como hotéis, centros de compras, centros de eventos, entre outros, utilizam fartamente equipamentos e sistemas para climatização de ambientes, e instalações frigoríficas para conservação de alimentos. Devido à demanda por eficiência energética e sustentabilidade, o técnico em Refrigeração e Climatização também receberá formação complementar na área de aquecimento, com ênfase na utilização do aquecimento solar. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHP: 180h; CHT: 220h. 2º SEM: 6 UC; CH: 400h; CHP: 230h; CHT: 170h. 3º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHP: 260h; CHT: 140h. Estágio obrigatório: 200h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 27 - Dados gerais do Curso Técnico em Restaurante e Bar Perfil profissional do egresso Recepciona, encaminha e atende ao clienteno salão e bar do restaurante, bares e similares. Coordena a operação nos setores de bar e restaurantes, controla e inventaria estoque de bebidas e utensílios de salão 146 e bar. Responsável pelo serviço de mesa e coquetelaria. Domina a etiqueta do serviço de restaurante. Colabora na harmonização entre alimentos e bebidas. Competências gerais do egresso 1) Interpretar e aplicar normas e procedimentos de higiene e segurança dos alimentos e bebidas. 2) Orientar suas ações pelos critérios de qualidade na prestação de serviços. 3) Conceber, organizar e viabilizar produtos e serviços na área de Alimentos & Bebidas, adequando-se aos interesses, hábitos, atitudes e expectativas da clientela. 4) Organizar espaços físicos de atendimento para serviços de alimentação, prevendo seus ambientes, uso e articulação funcional e fluxos de trabalho e de pessoas. 5) Operacionalizar política comercial, realizando prospecção mercadológica, identificação e captação de clientes e adequação dos produtos e serviços de acordo com sua tipologia, direcionando ações de venda. 6) Aplicar técnicas de planejamento, gestão, operação, avaliação e controle, na contextualização dos serviços oferecidos em restaurantes e bares. 7) Dominar a etiqueta social e profissional para exercer as funções atribuídas. 8) Agir de forma ética utilizando-se dos princípios de relacionamento humano, cidadania e linguagem adequada na comunicação. 9) Aplicar os princípios e recursos da responsabilidade socioeconômico e ambiental. 10) Compreender e transmitir com clareza a fundamentação histórica do turismo, da hospitalidade e gastronomia. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso Restaurantes, bares, buffets, cafeterias, lanchonetes, empresas organizadoras de eventos, meios de hospedagem, supermercados, importadoras de bebidas, embarcações, hospitais e demais empresas que atuam no mercado de Alimentos & Bebidas. Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 360h; CHP: 24h; CHT: 336h. 2º SEM: 8 UC; CH: 440h; CHP: 110h; CHT: 330h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 28 - Dados gerais do Curso Técnico em Restaurante e Bar Perfil profissional do egresso Desempenha atividades de controle e avaliação de processos de organização, higiene e manipulação de alimentos em mesas, depósitos e cozinhas do local de trabalho. Realiza inventários de estoques de bebidas e utensílios de salão e bar. Recepciona clientes. Oferece produtos e serviços. Coordena e supervisiona os serviços de mesa e coquetelaria. Aplica técnicas de harmonização entre alimentos e bebidas. Competências gerais do egresso 1) Organizar, operacionalizar e supervisionar os serviços de alimentos e bebidas em apartamentos, cambuza, bar e sala de restaurante. 2) Recepcionar, encaminhar e atender ao cliente no salão e bar do restaurante, bares e similares. 3) Realizar o serviço de sala, mesa e copa com domínio da etiqueta. 4) Responsabilizar-se pela carta de bebidas do estabelecimento. 5) Aplicar o correto serviço de sommellerie no serviço, degustação e harmonização de bebidas. 6) Fornecer informações complementares sobre as bebidas disponíveis no estabelecimento. 7) Responsabilizar-se pela criação, manutenção e inovação da carta de bebidas do estabelecimento, aplicando corretamente as técnicas de elaboração de drinks e coquetéis. 8) Planejar, controlar e inventariar estoques e compras de bebidas e utensílios do estabelecimento. 9) Comercializar os produtos do cardápio na operação de serviços. 10) Comunicar-se de maneira adequada no contexto profissional. 11) Aplicar os princípios higiênico-sanitários na manipulação, no preparo e no serviço de alimentos e bebidas. 12) Aplicar princípios éticos e críticos em sociedade e, especificamente, diante das relações do mundo do trabalho. 13) Aplicar os princípios da responsabilidade socioeconômica e ambiental. São citadas nas descrições das UC? Parcialmente. Áreas de atuação do egresso 147 Restaurantes. Bares. Cafeterias. Meios de hospedagem. Comércio. Vinícolas. Embarcações. Catering. Eventos. Enoturismo. Serviços a particulares. Estrutura curricular 1º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHP: 142h; CHT: 258h. 2º SEM: 9 UC; CH: 400h; CHP: 261h; CHT: 139h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 29 - Dados gerais do Curso Técnico em Segurança do Trabalho Perfil profissional do egresso Profissional capaz de analisar os métodos e os processos laborais. Identificar fatores de risco de acidentes do trabalho, de doenças profissionais e de trabalho e de presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador. Realizar procedimentos de orientação sobre medidas de eliminação e neutralização de riscos. Elaborar procedimentos de acordo com a natureza da empresa. Promover programas, eventos e capacitações. Divulgar normas e procedimentos de segurança e higiene ocupacional. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção coletiva e individual contra incêndio. Levantar e utilizar dados estatísticos de doenças e acidentes de trabalho para ajustes das ações prevencionistas. Produzir relatórios referentes à segurança e à saúde do trabalhador. Competências gerais do egresso 1) Analisar procedimentos de rotina, indicar medidas e sistemas de proteção coletiva e equipamentos de proteção individual. 2) Coletar dados e informações capazes de identificar os locais de risco de acidentes pessoais e materiais, visando à recomendação de mecanismos que corrijam as deficiências de máquinas, equipamentos e da organização do trabalho, reduzindo, assim, a possibilidade de interrupção da linha produtiva por eventual ocorrência de acidente de trabalho. 3) Elaborar planos, instrumentos de avaliação, programas de segurança, normas e regulamentos internos. 4) Desenvolver programas de ação prevencionista, palestras, cursos para a redução dos acidentes e controle de sinistros, gerando, assim, a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e da produtividade no ambiente de trabalho. 5) Estabelecer entre empregador e trabalhadores procedimentos que permitam atuações conjuntas nos diversos setores frente aos acidentes de trabalho, doenças e sinistros. 6) Divulgar conhecimentos sobre as necessidades da segurança em benefício do desenvolvimento dos trabalhadores e da empresa. 7) Desenvolver a pesquisa, a investigação, a argumentação, apontando problemas e sugerindo soluções, devendo apresentar as seguintes características: trabalhar em equipe; capacidade de liderança; dinâmico e flexível; iniciativa e criatividade; equilíbrio emocional; organização e disciplina e postura profissional. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso O profissional de Segurança do Trabalho tem uma área de atuação bastante ampla. Ele atua em todas as esferas da sociedade onde houver trabalhadores. Em geral, ele atua em fábricas de alimentos, construção civil, hospitais, empresas comerciais e industriais, grandes empresas estatais, mineradoras e de extração. Também pode atuar na área rural em empresas agroindustriais. As atividades do profissional Técnico em Segurança do Trabalho são definidas pelo Ministério do Trabalho. Estrutura curricular 1º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHT: 400h. 2º SEM: 7 UC; CH: 400h; CHT: 400h. 3º SEM: 8 UC; CH: 400h; CHT: 400h. Estágio obrigatório: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 30 - Dados gerais do Curso Técnico em Têxtil Perfil profissional do egresso 148 O egresso será o cidadão/profissional capaz de operacionalizar e avaliar o processo produtivo de beneficiamento de materiais têxteis e: supervisionar, acompanhar, coordenar e desenvolver equipes de trabalho referentes a esse processo com segurança e responsabilidade socioambiental.Competências gerais do egresso 1) Supervisionar o processo de beneficiamento têxtil conforme padrões de qualidade. 2) Acompanhar equipes de trabalho que atuam na produção. 3) Definir métodos e processos de produção, considerando as diversas formas de execução e as características da matéria-prima especificadas. 4) Operar máquinas e equipamentos próprios de beneficiamento têxtil. 5) Avaliar a viabilidade da aplicação de insumos e processos. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Indústrias de beneficiamento têxtil. Laboratórios de desenvolvimento de insumos e processos. Estrutura curricular Este curso tem o formato de Certificação dos Saberes Profissionais, no qual o estudante matricula-se e comprova suas experiências profissionais na área. São realizadas avaliações das competências profissionais nas UC em que os estudantes desejam certificação. São 9 UC, que totalizam as 1.200h. Aqueles que não forem certificados são cursados no campus. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 31 - Dados gerais do Curso Técnico em Tradução e Interpretação de Libras Perfil profissional do egresso Apresenta neste item as competências gerais e as áreas de atuação do egresso. Competências gerais do egresso 1) Realizar a tradução e interpretação entre a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, em coerência com sua formação, utilizando técnicas de tradução e interpretação em diferentes espaços, respeitando a ética profissional e as culturas surdas. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso O Tradutor e Intérprete de Libras poderá atuar em diferentes situações comunicativas em que haja surdos e ouvintes, conforme tenha domínio dos temas ou das áreas desenvolvidos na comunicação. Interpretação simultânea ou consecutiva em palestras, eventos, sala de aula e outras situações de interação face a face. Tradução e interpretação da Libras ou para a Libras de materiais audiovisuais ou escritos. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 400h. 2º SEM: 4 UC; CH: 400h. 3º SEM: 4 UC; CH: 400h. 4º SEM: 6 UC; CH: 400h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 32 - Dados gerais do Curso Técnico em Vendas Perfil profissional do egresso Apresenta neste item as competências gerais e as áreas de atuação do egresso. Competências gerais do egresso 1) Conhecer e utilizar os recursos da Tecnologia da Informação no processo de gestão de vendas. 2) Entender os princípios de contabilidade e de gestão financeira como instrumentos da administração de vendas. 3) Compreender as principais técnicas de marketing e sua importância em vendas. 4) Desenvolver as relações humanas por meio do conhecimento de si mesmo e dos outros. 5) Conhecer os princípios da matemática financeira e sua aplicação no comércio. 6) Identificar técnicas de atendimento adequadas. 7) Compreender o comportamento humano diante do processo de negociação. 8) Identificar os mecanismos necessários para uma boa gestão das necessidades de reposição de estoque. 9) Formular estratégias de pré-venda, venda e pós-venda de produtos. 149 10) Identificar e interpretar a legislação referente aos direitos do consumidor. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso O município possui 1.955 estabelecimentos empresariais, tais como: Empresas Privadas, Profissionais Liberais e do Terceiro Setor, gerando, aproximadamente, 8 mil empregos formais. Desse montante, os estabelecimentos relacionados ao chamado setor terciário da economia (comércio e serviços) participam com 82% do total e com aproximadamente 32% dos postos de trabalho formais. Ademais, o segmento de comércio e serviços ocupa a primeira posição em participação no PIB (Produto Interno Bruto) do município, com 46%; contra 42,5% da indústria e 11,5% do setor primário. O comércio de bens e serviços fundamenta-se, entre outros fatores, na ação de vender. Um agente de vendas proficiente deve primar pela busca incessante de qualificação profissional, preparando-se, assim, para os desafios desse segmento tão dinâmico da economia. Agentes de venda estão inseridos nos mais diversos estabelecimentos atuantes no comércio de bens e serviços, tais como: comércio de mercadorias, atividades financeiras e imobiliárias, serviços a empresas ou pessoais, educação, saúde, promoção social, administração pública, entre outros. No que concerne à atuação do técnico em vendas, a CBO classifica as profissões de Técnicos de Vendas Especializadas, de acordo com o código 3541. Conforme a CBO, esses profissionais: planejam atividades de vendas especializadas e de demonstração de produtos. Realizam seus trabalhos por meio de visitas a clientes, em que apresentam e demonstram seus produtos, esclarecem dúvidas e acompanham o pós-venda. Contatam áreas internas da empresa, sugerem políticas de vendas e de promoção de produtos e participam de eventos. Estrutura curricular 1º SEM: 5 UC; CH: 320h. 2º SEM: 5 UC; CH: 320h. 3º SEM: 3 UC; CH: 160h. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. Quadro 33 - Dados gerais do Curso Técnico em Vestuário Perfil profissional do egresso O egresso será o cidadão capaz de operacionalizar e avaliar o processo produtivo de artigos do vestuário e supervisionar, acompanhar, coordenar e desenvolver equipes de trabalho referentes a esse processo com segurança e responsabilidade socioambiental. Competências gerais do egresso 1) Supervisionar o processo de confecção do produto conforme padrões de qualidade. 2) Acompanhar equipes de trabalho que atuam na produção. 3) Definir a sequência de montagem do produto, considerando as diversas formas de execução e as características da matéria-prima especificadas. 4) Operar máquinas de costura industrial e equipamentos utilizados de confecção do vestuário. 5) Avaliar a viabilidade de produção do produto do vestuário. São citadas nas descrições das UC? Não. Áreas de atuação do egresso Indústrias de confecção do vestuário. Empresa de desenvolvimento de produtos. Leiaute. Costura industrial. Técnicas de montagem, máquinas e equipamentos. Planejamento de risco e corte, controle da produção. Materiais têxteis e alternativas. Estrutura curricular Este curso tem o formato de Certificação dos Saberes Profissionais, no qual o estudante matricula-se e comprova suas experiências profissionais na área. São realizadas avaliações das competências profissionais nas UC em que os estudantes desejam certificação. São 11 UC, que totalizam as 1.200h. Aqueles que não forem certificados são cursados no campus. Fonte: elaborado pela autora. Legenda: SEM: semestre; UC: unidade curricular. 150 APÊNDICE D – Apresentação da Ergon preparada para os avaliadores Estes são os slides da apresentação enviada aos educadores para avaliação da Ergon. A partir desta apresentação, foi preparado um vídeo (disponível na plataforma Youtube, no link: https://youtu.be/g3yCE2egBZY), no qual a pesquisadora explica a Abordagem. https://youtu.be/g3yCE2egBZY 151 152 153 154 155 156 APÊNDICE E – Exemplo de Proposta de Análise da Atividade Objeto da análise: o trabalho de técnicos em (curso) da região onde se situa a escola X. Equipe: educador 1, educador 2, educador 3, educador 4, especialista em SST, trabalhador da área. Local de trabalho a ser analisado: empresa A. Posto(s) de trabalho a ser(em) analisado(s): modelistas. Resultados esperados: identificar: vocação da região no que se refere à profissão estudada, evolução da profissão, itinerários de profissionalizaçãona região, perfil profissional e competências profissionais do técnico. Procedimentos: Conversas individuais com trabalhadores: serão realizadas, no final da manhã, em duas ocasiões, logo após o período de observação do trabalho, com duração de aproximadamente 30 minutos (dentro do horário de trabalho). As conversas ocorrerão na sala de almoxarifado (por se tratar de um ambiente reservado e silencioso) e serão gravadas em áudio para posterior análise. Os trabalhadores têm o direito de não responderem a qualquer pergunta feita pelos analistas, se assim desejarem. Os trabalhadores não serão identificados durante a análise das conversas, tampouco no relatório da análise. Dia: quartas-feiras. Datas previstas: dd/mm/aaaa e dd/mm/aaaa (a serem confirmadas). Conversa coletiva com trabalhadores: será realizada no início do expediente vespertino, pois neste período todos os trabalhadores que atuam neste ambiente estão presentes. Sua duração está prevista para aproximadamente 30 minutos (dentro do horário de trabalho). A conversa ocorrerá no setor onde esses profissionais atuam, onde tem espaço para todos os trabalhadores sentarem-se, e será gravada em áudio para posterior análise. Os trabalhadores têm o direito de não responderem a qualquer pergunta feita pelos analistas, se assim desejarem. Os trabalhadores 157 não serão identificados durante a análise das conversas, tampouco no relatório da análise. Dia: sexta-feira. Data prevista: dd/mm/aaaa (a ser confirmada). Conversa com chefia imediata: será realizada no final do expediente vespertino, com duração de aproximadamente 30 minutos (dentro do horário de trabalho). A conversa será realizada na sala do próprio trabalhador e gravada em áudio para posterior análise. O profissional tem o direito de não responder a qualquer pergunta feita pelos analistas, se assim desejar, e não será identificado durante a análise da conversa, tampouco no relatório da análise. Dia: sexta-feira. Data prevista: dd/mm/aaaa (a ser confirmada). Conversa com profissional do setor de saúde da empresa: será realizada no período matutino, com duração de aproximadamente 30 minutos (dentro do horário de trabalho). A conversa será realizada na sala do setor de saúde e gravada em áudio para posterior análise. O trabalhador tem o direito de não responder a qualquer pergunta feita pelos analistas, se assim desejar, e não será identificado durante a análise da conversa, tampouco no relatório da análise. Dia: quinta-feira. Data prevista: dd/mm/aaaa (a ser confirmada). Observações da atividade do técnico: serão realizadas no período matutino, em duas ocasiões, com duração de aproximadamente quatro horas. Os analistas terão um espaço para poderem observar o trabalho sem prejudicar o seu andamento. Durante as observações, os analistas não interromperão o trabalho do técnico. Os registros das sessões de observação serão feitos por meio de anotações, fotografias e vídeos. Os trabalhadores não serão identificados durante a análise desses registros, tampouco no relatório da análise. Dia: quartas-feiras. Datas previstas: dd/mm/aaaa e dd/mm/aaaa (a serem confirmadas). Consulta a documentos, materiais e informações relativos ao processo de trabalho: os documentos, materiais e as informações da empresa entregues aos analistas para melhor compreensão do trabalho dos técnicos não serão divulgados ou compartilhados com outras empresas ou instituições. Eles serão utilizados apenas durante a análise. 158 Cronograma geral: Semana 1 (dd/mm/aaaa): 1ª observação da atividade dos técnicos; 1ª conversa individual com trabalhadores do setor onde os profissionais atuam; conversa coletiva com os trabalhadores do setor. Semana 2 (dd/mm/aaaa): 2ª observação da atividade dos técnicos; 2ª conversa individual com trabalhadores do setor; conversa com profissional do setor de saúde; conversa com chefia imediata do setor. Semana 3 (dd/mm/aaaa): análise dos dados coletados. Semana 4, 5 e 6 (dd/mm/aaaa): realização da análise em outro local de trabalho. Semana 7 (dd/mm/aaaa): redação do relatório final. Semana 8 (dd/mm/aaaa): entrega do pré-relatório e validação da análise. Regras da ação: - O anonimato dos trabalhadores e da empresa A será preservado. - Os analistas não interferirão diretamente na atividade dos trabalhadores durante os momentos de observação. Apesar de a sua presença influenciar na rotina do trabalho, os analistas farão um esforço para que esta influência seja a menor possível, a fim de não prejudicar a atividade dos trabalhadores. - Os analistas utilizarão vestimentas e equipamentos de proteção individual sugeridos pela empresa A para acessarem os ambientes de trabalho. - Os analistas acessarão apenas os ambientes de trabalho autorizados dentro da empresa A. - O relatório da análise será entregue à empresa A em dois formatos: o formato original do relatório e em formato de cartazes a serem afixados nos ambientes de trabalho analisados. - O relatório da análise não terá a identificação da empresa A e dos trabalhadores envolvidos. - O relatório da análise será publicado pela instituição de ensino para que possa ser utilizado por outras instituições. Assinatura dos envolvidos: equipe de analistas; representante da empresa A, trabalhadores (técnicos, profissional do setor de saúde, chefia imediata etc.). 159 ANEXO A – Formulário de Projeto Pedagógico de Curso Técnico (atualizado em 16 de outubro de 2017) Parte 1 – Identificação I – DADOS DA INSTITUIÇÃO II – DADOS DO CAMPUS PROPONENTE 1. Campus: 2. Endereço e telefone do campus: 2.1. Complemento: 3. Departamento: III – DADOS DO RESPONSÁVEL PELO PROJETO DO CURSO 4. Chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão: nome, e-mail e telefone. 5. Contatos: nome, e-mail e telefones do responsável pelo projeto. 6. Nome do coordenador/proponente do curso: 7. Aprovação no campus: o projeto deverá ser acompanhado por documento do Colegiado do Campus, assinado por seu presidente, solicitando a oferta do curso, em PDF, anexada ao formulário de submissão ao CEPE. Parte 2 – PPC IV – DADOS DO CURSO 8. Nome do curso: observar o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. 9. Eixo tecnológico: observar o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. 160 10. Forma de oferta: ( ) Técnico Integrado; ( ) Técnico Subsequente; ( ) Técnico Concomitante; ( ) Técnico Concomitante Unificado; ( ) Técnico PRONATEC (Observar o Guia PRONATEC e as normas da Coordenação PRONATEC); ( ) Técnico PROEJA (Observar o Regulamento e Documento Referência PROEJA); ( ) Técnico PROEJA-CERTIFIC (Observar o Regulamento e Documento Referência CERTIFIC). 11. Modalidade: especificar se o curso é presencial ou a distância. 12. Carga horária do curso: Observar a carga mínima no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e a máxima, segundo o Regulamento Didático-Pedagógico. Carga horária de Aulas: Carga horária de Estágio: Carga horária Total: 13. Vagas por turma: caso as turmas sejam menores do que 40 vagas, apresentar justificativa. 14. Vagas totais anuais: soma das ofertas de vagas em um ano letivo. 15. Turno de oferta: ( ) Matutino; ( ) Vespertino; ( ) Noturno; ( ) Matutino – atividades no contraturno, uma ou duas vezes por semana (indicar quantos dias); ( ) Vespertino – atividades no contraturno, uma ou duas vezes por semana (indicar quantos dias); 161 ( ) Integral – com atividades em mais de dois dias no contraturno (indicar se é manhã e tarde, tarde e noite ou manhã e noite). 16. Início da oferta: ano/semestre em que o curso iniciará (exemplo: 2016/2). 17. Local de oferta do curso: considerar oferta no campus, fora do campus, oferta unificada etc. 18. Integralização: tempo mínimo e tempo máximo paraintegralizar o curso, conforme Regulamento Didático-Pedagógico. 19. Regime de matrícula: observar o Regulamento Didático-Pedagógico quanto aos regimes de matrícula de cada curso em cada nível. ( ) Matrícula seriada (matrícula por bloco de unidades curriculares em cada semestre letivo). ( ) Matrícula por créditos (matrícula por unidade curricular). 20. Periodicidade da oferta: semestral, anual, bianual etc. 21. Forma de ingresso − escolher, entre as formas de ingresso abaixo, qual melhor se identifica com a oferta deste curso: ( ) Análise socioeconômica; ( ) Sorteio; ( ) Prova. 22. Requisitos de acesso: conforme a forma de oferta, escolher o requisito equivalente, exemplo: Técnico Integrado – Ensino Fundamental Completo; Técnico Subsequente – Ensino Médio Completo; Técnico Concomitante – Matrícula no Ensino Médio; Técnico Concomitante Unificado – Matrícula no Ensino Médio na escola conveniada; Técnico PRONATEC – Verificar o nível da oferta e associar a escolaridade mínima; 162 Técnico PROEJA – Equivalente ao nível da EJA associada ao curso; Técnico PROEJA-CERTIFIC – descrever a escolaridade associada à EJA. 23. Objetivos do curso: descrever os objetivos a serem alcançados com o curso. Os objetivos devem apresentar coerência com a justificativa, o perfil profissional e a matriz curricular. 24. Legislação (profissional e educacional) aplicada ao curso: citar leis, normas e regulamentos que tenham relação com o curso proposto. Atenção especial para as profissões regulamentadas. Citar a CBO do curso (http://www.mtecbo.gov.br/). 25. Perfil profissional do egresso: transcrever, OBRIGATORIAMENTE, o perfil profissional do egresso conforme descrito no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. 26. Competências gerais do egresso: enumerar as competências do profissional formado pelo curso, idem ao processo de harmonização. 27. Áreas/campo de atuação do egresso: transcrever, OBRIGATORIAMENTE, o perfil profissional do egresso conforme descrito no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. V – ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO 28. Matriz Curricular: indicar os componentes curriculares do curso com a respectiva carga horária (CH). Necessário observar os Referenciais Curriculares Nacionais, as diretrizes gerais e a legislação pertinente dos Conselhos de Classe (CREA, CRQ, entre outros). A carga horária de cada unidade curricular deverá ser um múltiplo de 20, conforme Regulamento Didático-Pedagógico. Os componentes curriculares transversais devem estar explícitos nas unidades curriculares do curso (para os integrados: africanidade, DST, idoso, meio ambiente, trânsito etc.). Componente Curricular CH teórica CH prática CH Ead CH Total Carga Horária 163 Estágio Carga Horária Total Observações: - CH – Carga Horária em horas (60 minutos). - Componente Curricular pode ser: unidade curricular (disciplina), Projeto Integrador, Estágio, TCC etc. - Carga horária teórica: aulas regulares com toda a turma, incluindo atividades a serem realizadas na sala de aula. - Carga horária prática: inclui aquelas a serem realizadas em laboratório, oficinas, ou atividades a serem realizadas fora da instituição. Estas devem estar devidamente explicadas no descritivo da unidade curricular referido no item 31. - Para estágio e TCC, inserir apenas, no campo Carga horária total, a quantidade de horas previstas para o aluno. 29. Certificações intermediárias: equivalem a uma qualificação, deve ser elaborado um fluxograma do curso, indicando cada semestre letivo e aqueles em que haverá certificação intermediária. Verifique no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos quais as possibilidades de certificação intermediária para o curso em questão. 30. Atividade em EaD: caso o curso preveja 20% de atividades não presenciais, detalhar como será atendido esse percentual, se em uma unidade curricular, se em várias, quais os meios de interação e descrever o material de apoio não presencial. 31. Componentes curriculares: listar a bibliografia que será utilizada pelos alunos ao longo do curso, apresentando dois títulos como bibliografia básica e três títulos como bibliografia complementar por unidade curricular, devendo haver, ao menos, um exemplar para cada 8 vagas anuais pretendidas para bibliografia básica de cada uma das unidades curriculares e dois exemplares de cada título (ou com acesso virtual) para bibliografia complementar na Biblioteca. A tabela abaixo é apenas uma referência de preenchimento para cada unidade curricular, outros itens podem ser inseridos. Esta tabela será referência para a elaboração do Plano de aulas, quando da implantação do curso. 164 Unidade Curricular: CH*: Semestre: Competências ou Objetivos: *Se optar por utilizar “Competências”, exclua “Objetivos” desta linha e “Conteúdos” da linha subsequente, mantendo na linha abaixo “Conhecimentos, Habilidades e Atitudes”. *Se optar por utilizar “Objetivos”, exclua “Competências” desta linha e “Conhecimentos, Habilidades e Atitudes” da próxima linha, mantendo na linha abaixo “Conteúdos”. Conhecimentos, Habilidades e Atitudes ou Conteúdos: Metodologia de Abordagem: Descrever como a unidade curricular será implementada, formas de abordagem, estratégias, experimentos, formas diferenciadas de avaliação. Bibliografia Básica: Bibliografia Complementar: (*) CH – Carga horária total da unidade curricular em horas. 32. Estágio curricular supervisionado: informar as normas ou os regulamentos para a realização do estágio e os requisitos para aprovação do estágio. O estágio curricular deve ser destacado na matriz curricular. Observar que Cursos Integrados não têm estágio obrigatório. VI – METODOLOGIA E AVALIAÇÃO 33. Avaliação da aprendizagem: descrever como serão atendidos os requisitos do Regulamento Didático-Pedagógico sobre avaliação, incluindo instrumentos e critérios específicos para o curso. 34. Atendimento ao discente: descrever como o curso prevê, em programa sistemático, pleno atendimento extraclasse, apoio psicopedagógico ao discente e à recuperação das avaliações insatisfatórias, incluindo nivelamento e monitoria, quando for o caso, atendendo aos requisitos de permanência e êxito. 35. Metodologia: descrever a metodologia definida para guiar o desenvolvimento pedagógico do curso. Levar em conta a interdisciplinaridade, o desenvolvimento do espírito científico e a formação integral do cidadão. Descrever como acontecerá o Projeto Integrador, se houver. Caso haja atividades no contraturno ou atividades de campo, explicar como ocorrerão. 165 Parte 3 – Autorização da oferta VII – OFERTA NO CAMPUS 36. Justificativa da oferta do curso no campus: descrever as razões que levam o campus a propor a oferta deste curso. Essas razões devem ser fundamentadas, inclusive com números e outras informações comprovadas com as devidas fontes (como IBGE, secretarias de estado etc.), que contextualizem o campus na região e justifiquem a necessidade da oferta do curso. Confirmar que o curso esteja previsto no Plano de Desenvolvimento Institucional e no Plano de Oferta de Cursos e Vagas do campus. Caso você utilize referências bibliográficas, favor citar ao final do texto. 37. Itinerário formativo no contexto da oferta do campus: explicitar a articulação do curso no itinerário formativo relativo aos cursos oferecidos pelo campus, em especial identificando o eixo tecnológico, considerar o Plano de Oferta de Cursos e Vagas do campus. 38. Público-alvo na cidade ou região: descrever a quem se destina o curso na região. 39. Instalações e equipamentos: verifique quais as instalações mínimas conforme Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e descreva os equipamentos e as instalações do campus para atender ao curso. Caso o campus ainda não os tenha, explicitar comoe quando serão adquiridos. Nos casos de oferta em parceria, descrever os equipamentos e as instalações disponíveis para uso. 40. Corpo docente e técnico-administrativo: preencher com as informações do corpo docente e técnico-administrativo do campus que atuará especificamente no curso. Caso ainda não haja esse corpo de servidores, explicitar como e quando será contratado. DOCENTE Nome Área Regime de Trabalho DE ou XX horas. 166 TÉCNICO ADMINISTRATIVO EM EDUCAÇÃO Nome Cargo 41. Anexos: cursos de licenciatura deverão ser analisados pelo Fórum de Licenciaturas, seu parecer deve ser anexado neste item. Caso haja outros anexos ou complementações, este espaço poderá ser preenchido. 2019-11-19T17:24:54-0300 2019-11-20T09:17:56-0300