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HISTÓRIA DA MÚSICA: DO CLASSICISMO AO CONTEMPORÂNEO AULA 6 Profª Jeimely Heep Bornholdt 2 CONVERSA INICIAL O jazz surge com o advento da Era Contemporânea na história da música e retrata um contexto social conturbado que apresenta uma série de revoluções (sexuais, políticas, raciais e sociais), que quebram praticamente todos os valores das décadas anteriores. O filme All That Jazz, de Bob Fosse, representa, segundo os historiadores mais relacionados com a história musical, um período de reinvenção do tradicional way of life da sociedade americana e que, por extensão, atinge outras culturas, muitas delas dependentes colonizadas de forma cultural. A politização se mostra grande em tempos de Guerra Fria (que ocorreu entre 1947 e 1991, abrangendo o fim do período moderno e o período pós-moderno). O conjunto de personagens apresenta nomes que merecem ser estudados, os quais pertencem a esse movimento musical que pulsou a Era Contemporânea. TEMA 1 – CONTEXTO HISTÓRICO O jazz surge exatamente na época de transição para a Era Contemporânea, entre os anos 1890 e 1910. É difícil precisar a origem exata, mas a colocação mais aceita traz a cidade de New Orleans como o centro do surgimento do “jazz essencialmente americano” (Miranda; Justus, 2010, p. 152). A época anterior a 1890 é considerada marcada historicamente como aquela na qual o tráfico de escravos oriundos da África apresenta intensificação. Em 1860, houve a eleição de Abraham Lincoln, Decretação da emancipação e a vitória da União em 1865 com a abolicionismo. (Pires; Costa, 2000). A cultura dos africanos de traços fortes compreendia um conjunto pleno de rituais, cerimoniais, danças e músicas com forte apelo e elevado envolvimento emocional. A sua música, explicam Miranda e Justus (2010, p. 151), acaba mesclada com a música americana e europeia, criando um novo e forte gênero musical que permanece forte até os dias atuais: o jazz. No meio, considera-se difícil o estabelecimento de uma definição clara para esse estilo musical. Suas principais características são marcantes pela: improvisação; swing (considerado a primeira forma do jazz); ritmos não lineares. 3 Uma importante forma de jazz, muito conhecida, “é o blues, que se tornou a forma de canção central do jazz e posteriormente originou o rock.” (Miranda; Justus, 2010, p. 152), o bebop e o hard bebop. O blues originou-se por afro- americanos no extremo sul dos Estados Unidos que mesclaram seus “cantos africanos do campo com hinos cristãos” (Miranda; Justus, 2010, p. 152). Na sequência evolutiva, surge um jazz mais intelectual e de grande aceitação popular, como contraexemplos de algumas formas anteriores, menos aceitas. Chama-se cool jazz a um estilo surgido no final da década de 1940. Caracteriza-se por ser, na maioria das vezes, uma música mais lenta do que o jazz tradicional e com aspecto melancólico, com menos notas tocadas, sendo essas mais longas. Mais recentemente, mas ainda dentro do período contemporâneo, surge o free jazz ou new thing que apresenta elevado nível de improvisação musical, apresentando estilos musicais como o atonalismo e a música aleatória, e como o cool jazz, em que se executavam menos notas e mais prolongadas, “a improvisação se desenvolvia apenas sobre dois extended chords (acordes prolongados), como foi chamado mais tarde esse procedimento.” (Massin; Massin, 1997, p. 1105). Existe ainda um contexto socioeconômico responsável por esse estilo. Dizem Massin e Massin (1997) que houve uma necessidade de renovação das formas sentidas pelos “círculos negros” insatisfeitos com a chamada “política oficial de integração racial e econômica”. Essa insatisfação causou “um foguetório de inovações revolucionárias que questionaram o jazz clássico”. (Massin; Massin, 1997, p. 1103) Sofrendo extremas restrições por parte dos senhores (principalmente os ingleses protestantes), os escravos muitas vezes eram proibidos até mesmo de utilizar seus instrumentos musicais, na tentativa de impor-se em relação à sua cultura. Mas foi exatamente o contrário que aconteceu. A vida musical dos escravos influenciou a música americana e, aos poucos, seus costumes e seus instrumentos acabaram incorporados à cultura americana. Os africanos foram mais bem aceitos quanto à sua cultura pelos portugueses católicos do que os ingleses protestantes. Miranda e Justus (2010, p. 152) explicam que as danças africanas e sua percussão eram consideradas ofensivas pelos protestantes. Há um destaque no que diz respeito à cultura religiosa e seu relacionamento com a música e que resulta na inserção do Gospel entre os escravos, que aceitam a religião cristã. A sua influência no panorama do jazz é 4 inegável e se apresenta com toda sua força até os dias atuais. Outras nomenclaturas sucederam e tivemos o cake-walk ou regging, que origina o ragtime e o spiritual nos quais se destaca a utilização do banjo. Dessa forma, o ragtime, o spiritual, o blues e o gospel podem ser consideradas as raízes do jazz como ele é conhecido atualmente. As bandas são o destaque na época, superando as performances individuais, e novos instrumentos surgem e ganham destaque. TEMA 2 – MÚSICA VOCAL A cultura jazzística apresenta diversos cantores com utilização de diferentes técnicas. Uma das mais citadas foi a técnica denominada scat, que foi criada por Louis Armstrong (que será relacionado adiante entre os 10 maiores cantores/compositores jazzísticos). Essa técnica consiste em cantar com a vocalização sendo feita com ou sem palavras que não têm sentido e sílabas. A técnica é equivalente a um solo instrumental utilizando apenas a voz, e os improvisos com a voz também são valorizados. Destaca-se o uso do microfone, seguindo o avanço da tecnologia musical daqueles dias. A vocalização de estilos inovadores permite trabalhar em um aspecto que era falho na fase inicial, o ritmo e a afinação, aprimorados em treinos intensivos, como o faziam muitos dos cantores solistas jazzistas. Há linhas de pesquisa que consideram que o jazz sem improvisação perde muito de sua atratividade. Os improvisadores têm que encontrar a ideia no momento certo em que uma apresentação pode ser enriquecida sobremaneira. Para surpresa de alguns, é possível constatar no número de escolas vocais um grande número de bons educadores no jazz vocal que se destacam por seus timbres, ritmos e com utilização do microfone como parte de uma pantomima musical que agrada tanto aos olhos, quanto aos ouvidos mais atentos. TEMA 3 – MÚSICA INSTRUMENTAL Nesse momento, os instrumentos podem ser considerados relativamente estáveis e as novas criações são variações sobre instrumentos já existentes. Atualmente eles são completados por instrumentação eletrônica e uso de sequenciadores. Ainda assim, é possível efetuar uma análise geral. Os diversos 5 instrumentos musicais formam a orquestração e já existiam antes do período jazzístico. No caso da música negra em particular, os tambores são o destaque e são instrumentos manufaturados. A orquestra se apoia em pianos e na divisão antes proposta dos diferentes tipos de instrumentos componentes do suporte dos quatro gêneros de instrumentos das grandes bandas jazzísticas (instrumentos de sopro, percussão e cordas, incluindo o piano). O banjo acompanha a evolução do jazz, sendo extensivamente utilizado, principalmente na música do faroeste americano e na tentativa de imitar as danças de origem europeia. Com a adição do piano, forma- se uma harmonia diferenciada e agradável. Por outro lado, a tuba dava uma marcação grave que caracterizou esse período da história do jazz. Novos instrumentos são inseridos, tais como o trompete, a clarineta, o trombone e o saxofone, instrumentos de autores de grandes performances musicais. Bumbos, caixas e pratos diversificamo uso de instrumentos musicais. A bateria passa a agrupar todos os instrumentos de percussão. O piano, já destacado em outras escolas, aqui também ganha destaque. Os cornetistas ganham seu lugar. As bandas criolas (creole bands), em suas incursões pelos mais diversos lugares, conseguem uma divulgação maior para novos instrumentos. Eles representam mudanças para que um mesmo instrumento pudesse alcançar níveis mais elevados. O contrabaixo substitui a tuba, e a guitarra substitui o banjo. Grandes novidades surgem a cada momento, à medida que surgem compositores e intérpretes diferenciados e de grande potencialidade musical, que inovam e exigem cada vez mais dos instrumentos musicais. O acordeão entra na composição da orquestra, ainda que utilizado em condições particulares, mas que deixa de ser considerado um insólito invasor no mundo dos instrumentos do jazz. Surgem os grupos racialmente mistos, que inicialmente enfrentaram grande resistência, mas não resistiram à força do apelo musical do jazz. Com o advento da segunda guerra, o jazz entra no mercado europeu. Os solistas voltam a impressionar, e o desenvolvimento do cinema e o advento comercial da televisão abrem oportunidades que os antigos músicos nunca tiveram e são responsáveis por uma divulgação nunca antes atingida por nenhum outro gênero música. Os festivais de jazz sucedem-se e grandes performances são apreciadas por todos, consideradas como pequenas obras de arte musicais, mesmo quando 6 comparadas com outros estilos musicais. Os instrumentos nunca foram utilizados de formas tão diferenciadas. Teclados, sintetizadores, pianos elétricos, guitarras, baixos de segunda geração surgem e multiplicam-se, criando novas formas de instrumentação musical. Conferências e palestras chamam a inovação, e novas formas de conjuntos são criadas no formado de trios, quartetos e assim por diante, mas sempre baseadas no prestígio de algum nome diferenciado no campo do jazz. 2.1 Formações dos conjuntos de jazz Miranda e Justus (2010, p. 153) trazem três formações básicas de um conjunto de jazz, que nos auxiliam a organizar as informações sobre os instrumentos que estamos vendo neste tópico para visualizá-los em suas formações. São elas: Trio de jazz: piano, contrabaixo e bateria; Quinteto padrão de jazz (ou grupo de jazz): clarinete, trompete, trombone, piano e bateria; Banda de jazz (ou big band): é formada por clarinetes, trombones, saxofones, trompetes, tuba e bateria, totalizando, ainda segundo Miranda e Justus (2010), entre 12 e 25 instrumentistas. TEMA 4 – PRINCIPAIS COMPOSITORES Apresentaremos aqueles considerados entre os 10 maiores, como citados em trabalho de levantamento desenvolvido pela BBC de Londres em parceria com a Rádio 3 (BBC elege..., 2015). A apresentação segue a ordem de classificação do primeiro ao décimo, de acordo com esse trabalho. Eles poderiam estar também relacionados como cantores ou instrumentistas, considerando o duplo papel de solistas que também desenvolvem. Essa classificação auxilia no conhecimento básico, contudo faz-se necessário ressaltar que cada compositor pode ter tido uma importância maior em um determinado estilo ou um determinado período, envolvendo todo o contexto daquele momento para classificá-lo como “bom” ou “ruim”. O volume de outros compositores é grande e cabe a inclusão de um grande número de compositores e intérpretes brasileiros em listagens mais atuais, na linha do tempo. 7 4.1 Miles Davis Foi considerado o subversor do jazz e logo aos 10 anos já dominava o trompete. Quando ganhou do pai um curso com Elwood Buchanan, adquire a técnica que se manterá ao longo de sua carreira: a de tocar sem vibrato. Criou sua própria banda, um noneto, que marcou sensivelmente o cool jazz. 4.2 Louis Armstrong Foi cantor e trompetista, considerado um dos mais importantes nomes do jazz de todos os tempos, especialmente do blues. “Suas improvisações no trompete se tornaram célebres no mundo inteiro, assim como seu timbre rouco de voz ao cantar” (Miranda; Justus, 2010, p. 154). Figura 1 – Louis Armstrong Fonte: Alina Zamogilnykh/Shutterstock. NEW YORK - CIRCA 2011: Wax portrait of Louis Armstrong at Madame Tussaud's museum in New York 4.3 Duke Ellington Seus críticos pontam esse artista como alguém mais admirado do que amado, devido às constantes brigas com músicos que o acusavam de roubo de suas músicas. Seu instrumento era a orquestra e não um instrumento particular. Criou muitas músicas que se tornaram clássicos. Alguns autores, incluindo Massin e Massin (1997, p. 1102), o consideram um gênio complexo e 8 complicado. Começou a escrever seu grande sucesso seis semanas antes da estreia, mas mesmo assim representou um sucesso. Era mais considerado um harmonista do que um melodista. O auge de sua carreira ocorre nos idos dos anos 1940. 4.4 John Coltrane Teve uma longa jornada espiritual, tornando-se um dos maiores saxofonistas. Começa com o bebop e o hard bebop, tendo integrado o quinteto de Miles Davies. Monta o classic quartet, no qual tocou muito tempo e se tornou famoso. 4.5 Ella Fitzgerald Foi denominada a primeira dama do jazz e, apesar de sua grande timidez, está no grupo das maiores cantoras, juntamente com Bessie Smith, Billie Holiday e Sarah Vaughan, segundo citam Massin e Massin (1997, p. 1102). 4.6 Charlie Parker Recebe o apelido de Bird, pelo qual é mais conhecido. Foi considerado um dos maiores intérpretes do saxofone alto, mas começou tocando tuba na orquestra da escola. Também é considerado um dos criadores do bebop. Massin e Massin (1997, p. 1102) o colocam ao lado de Louis Armstrong e de Duke Ellington no quesito da genialidade. 4.7 Billie Holiday A cantora chegou a ser considerada a mais emocionante voz da música norte-americana, a mais pungente de seu período, estando no seleto grupo das maiores compositoras do gênero, segundo Massin e Massin (1997, p. 1102). 4.8 Thelonius Monk Foi considerado um dos precursores do estilo bebop. Autodidata, conseguiu espaço em praticamente todas as audiências de jazz. Sua música é baseada em complexidade e velocidade de interpretação, evoluindo para um estilo particular que utiliza harmonias destoantes e guinadas melódicas. 9 4.9 Bill Evans Foi um influente pianista do jazz, revolucionando a maneira de tocar o instrumento. Utilizou também a técnica de harmonia impressionista. 4.10 Oscar Peterson Pianista canadense, dedicou grande parte de seu tempo na formação de estudantes de piano e apresenta uma extensa lista de performances em sua discografia. TEMA 5 – PRINCIPAIS OBRAS A seguir, estão relacionadas algumas das principais obras jazzísticas. Os subtemas estão orientados por artista, onde cada qual apresenta pelo menos uma obra 5.1 Miles Davis “All Blues” está presente em álbum de estúdio, gravada com o sexteto de Davis. Lança diferentes experimentações modais e se torna uma das obras- primas do jazz. Além de “All Blues”, Davis compôs conhecidas peças de jazz como “So What”, por exemplo. 5.2 Duke Ellington “Take a Train” não foi apenas composta, mas também interpretada e gravada por Ellington. Ganhou versões também de outros intérpretes. 5.3 Thelonius Monk “Round Midnight” exemplifica as obras de Monk, por tempos considerada estranha. As ideias geniosas de Monk em relação aos improvisos, compassos irregulares e dissonâncias foram a princípio encaradas como falta de técnica do 10 compositor. Entre outras de igual importância, estão “Blue Monk” e “Ruby, My Dear” 5.4 John Coltrane “My Favorite Things” está no álbum de mesmo nome, dando início ao seu quarteto que se torna um dos preferidos no circuito jazzístico da época. “Acknowledgement” também auferiu notoriedade e ganha novas interpretações até os dias atuais. “Giant Steps” mostra o estilo diferenciadode Coltrane, estilo esse assinalado como Coltrane Changes, tal qual foi sua influência no gênero do jazz modal. 5.5 Billie Holiday Holiday ganhou notoriedade com a performance de “Strange Fruit”, embora ela tenha sido escrita por Abel Meeropol. Trata-se de um poema que aborda o linchamento de dois homens negros. Inicialmente publicada sob pseudônimo, “Strange Fruit” tornou-se conhecida com a interpretação de Holiday. NA PRÁTICA Como sabemos, o termo bemolização é uma técnica de influência jazzística em reação contrária ao Romantismo. Esse termo é também conhecido por blue note, justamente por dar um “ar” de blues ao som tocado. Vamos ver isso na prática? Escolha uma escala pentatônica maior. Ela é formada pela tônica, segunda maior, terça maior, quinta justa e sexta maior. Por exemplo, a escala pentatônica de dó maior é: Dó, Ré, Mi, Sol, Lá; Improvise uma pequena melodia utilizando somente essas notas. Pode ser no piano, no violão, na flauta, etc. Lembre-se de que você deve tocar apenas os intervalos melódicos, e não acordes; A bemolização de uma escala pentatônica maior se dá po rmeio da terça menor. Ou seja, numa escala pentatônica de dó maior, por exemplo, a blue note será o Mi bemol. Escala pentatônica de dó maior com a blue note é Dó, Ré, Mi bemol, Mi natural, Sol, Lá; 11 Agora, improvise novamente uma melodia, dessa vez adicionando a terça menor na melodia. Salientando que ela não deve substituir a terça maior; pelo contrário, você deve tocar tanto uma quanto a outra; Perceba o “ar” jazzístico que a blue note é capaz de dar! Além disso, a improvisação é uma forte característica do jazz! FINALIZANDO Nesta aula estudamos um gênero de música que acabou por romper com todo o tradicionalismo e formas rígidas de composição de períodos anteriores. O Período Contemporâneo Musical, no qual se desenvolveu o jazz, certamente colaborou para que este se desenvolvesse de acordo com as características e crenças desse período, além de incorporar todo o desenvolvimento tecnológico disponível a seu favor, seja para criar sons novos, seja para gravar e registrar áudios e vídeos de obras. Observamos, em períodos anteriores, o desenvolvimento e a exploração de novos instrumentos. Contudo, a maneira diversificada de se trabalhar com um instrumento foi explorada no jazz. O rodízio de solistas em uma obra até já existia, embora o comum fosse a obra ser composta para um ou dois solistas. A flexibilização das regras e o improviso garantiram uma exploração ainda maior daquilo que os instrumentos, os instrumentistas e a vozes eram capazes de fazer. 12 REFERÊNCIAS BBC ELEGE os 10 maiores nomes do jazz de todos os tempos. Glamurama, 20 nov. 2015. Disponível em: <https://glamurama.uol.com.br/bbc-elege-os-10- maiores-nomes-do-jazz-de-todos-os-tempos/>. Acesso em: 13 out. 2019. MASSIN, J.; MASSIN, B. História da música ocidental. Trad. Maria Teresa Resende Costa, Carlos Sussekind e Angela Ramalho Viana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. MIRANDA, C; JUSTUS, L. A Música e sua relação com outras artes. Curitiba: Expoente, 2010, v. 1. PIRES, J. M; COSTA, I del Nero da. O capital escravista-mercantil: caracterização teórica e causas históricas de sua superação. Estudos Avançados, v..14, n. 38, São Paulo, jan./abr. 2000.