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Noções de desenho universal Apresentação O desenho universal é uma área de atuação e pesquisa que surge oficialmente a partir dos anos 1980, nos Estados Unidos. O seu objetivo é criar espaços, ambientes e produtos que oportunizem a inclusão de pessoas com deficiência. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá as ferramentas para alcançar a inclusão total nos projetos arquitetônicos, os quais fazem parte da filosofia do desenho universal. Por meio de materiais interativos e diversificados, você conhecerá os princípios que regem o desenho universal, de forma a entender como eles devem ser aplicados nos projetos desde a sua concepção. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a importância do desenho universal.• Aplicar as normas de desenho universal.• Utilizar o desenho universal como estratégia para o desenvolvimento de projetos inclusivos. • Desafio Para conceber projetos inclusivos, a diversidade humana deve ser considerada. O conhecimento da variedade antropométrica, assim como das possíveis restrições dos usuários, são fundamentos importantes para a elaboração de um programa arquitetônico. Neste Desafio, você deve fazer uma análise de usuários com diversas restrições — físicas, motoras e sensoriais — para o desenvolvimento de partido geral de um projeto de microespaço público: uma pequena praça. A partir da constatação das limitações temporárias ou permanentes dos usuários, a adoção dos princípios do desenho universal podem ser importantes diretrizes de projeto. Para realizar a sua proposta de partido geral, um dos requisitos fundamentais é a análise do perfil do cliente. Sendo assim, quais serão as suas prerrogativas de projeto? Descreva as características da amostra apresentada, assim como as prerrogativas gerais do seu projeto. Infográfico O desenho universal se consolidou nos Estados Unidos a partir dos anos 1980, por meio das pesquisas e da atuação do arquiteto Ron Mace. Nos anos 1990, um grupo de peritos e pesquisadores do Centro de Desenho Universal (Center of Universal Design — CUD), na Carolina do Norte, instituiu os sete princípios do desenho universal. Neste Infográfico, você vai ver os princípios fundamentais do desenho universal, de modo a auxiliar os seus projetos, além de alcançar inclusão total dos indivíduos, independentemente de suas capacidades e habilidades. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ac19c376-9f7f-44e4-8fe3-4399cb0c3a82/e99058fc-c4bc-4906-9c63-ce2d29464a98.jpg Conteúdo do livro O desenho inclusivo, acessível e universal é um grande desafio aos arquitetos e designers. Este material teórico auxilia a ampliação do repertório e oferece ferramentas conceituais para vencer esse desafio. No capítulo Noções de desenho universal, da obra Ergonomia aplicada, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os fundamentos que permitem aos arquitetos incluir a maior diversidade de usuários em seus projetos. O surgimento da expressão é apresentada, seguida de definições das principais deficiências que acarretam restrições espaciais, além dos princípios do desenho universal e as suas aplicações nos projetos. Boa leitura. ERGONOMIA APLICADA Dulce América de Souza Noções de desenho universal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a importância do desenho universal. Aplicar as normas de desenho universal. Utilizar o desenho como forma de representação universal. Introdução O desafio dos arquitetos em “projetar para todos” impulsionou estudos, pesquisas e propostas de soluções inclusivas nas últimas décadas do século XX. O termo desenho universal surgiu nos Estados Unidos, a partir de um importante centro de estudos na Carolina do Norte, o Center of Universal Design (Centro de Desenho Universal [CUD]), que instituiu os sete princípios do desenho industrial. Esses princípios, somados às normas técnicas voltadas para a acessibilidade, consistem em uma ferramenta imprescindível para o projeto arquitetônico universal (ou inclusivo). Neste capítulo, você vai estudar as deficiências que acarretam restri- ções espaciais a muitos indivíduos e as soluções propostas para projetar incluindo todos os usuários. Projetar para todos Com o fi nal da Segunda Guerra Mundial — principalmente após os anos 1960 —, ampliou-se a conscientização mundial sobre os direitos de cidadania e par- ticipação irrestrita das pessoas com algum tipo de defi ciência ou limitação em todos os aspectos da vida social. Segundo Feitosa e Righi (2016, p. 20): [...] a maneira de desenvolver projetos arquitetônicos, urbanos e de produtos, com desenho universal, teve sua origem nos Estados Unidos, como consequ- ência das mudanças legais, econômicas, demográficas e sociais, envolvendo as pessoas com deficiência e idosos. O arquiteto norte-americano Ron Mace (1941–1998) foi o primeiro a utilizar a terminologia universal design, em 1985, dando início a uma mudança de paradigmas nos projetos de arquitetura e design. Muitas terminologias são empregadas no sentido do universal design: design for all, design inclusivo, design acessível, design para a diversidade, desenho para todos e desenho universal. Essas nomenclaturas buscam significar a ideia de projeto para o maior número de pessoas, como confirma Cambiaghi (2011, p. 71): “A implicação de que o Desenho Universal deve atender a qualquer pessoa é, portanto, um pressuposto da expressão”. A área de atuação e pesquisa que surgiu oficialmente a partir dos anos 1980 objetiva criar espaços, ambientes e produtos que oportunizem a inclusão de pessoas com deficiência. Atualmente, a denominação mais difundida e aceita no Brasil é conhecida como desenho universal, conforme leciona Dischinger (2012). Quando falamos em desenho universal, estamos falando de inclusão total; portanto, ele não é uma tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam — é destinado a todas as pessoas. O caráter fundamental do de- senho universal é evitar a necessidade de projetos para ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiência, possibilitando assegurar que todos possam utilizar a totalidade dos componentes do ambiente e dos produtos, conforme aponta Steinfeld (1994). Seguindo os pressupostos do desenho universal, devemos considerar, desde as primeiras etapas de um projeto, a diversidade das necessidades humanas e, nesse sentido, eliminar a tendência de realizar projetos especiais ou adaptações para indivíduos que possuem necessidades não usuais. A compreensão da diversidade humana é essencial para um arquiteto e urbanista. Não se trata de uma tendência projetual, mas de uma atitude responsável que perpassa os métodos de projetar e culmina nos próprios resultados pós-ocupação do espaço projetado. Para criar ambientes acessíveis a todas as pessoas, é necessário conhecer as di- ferentes deficiências — que não se resumem à deficiência física de locomoção —, Noções de desenho universal2 de forma a interligar os variados tipos de problemas que podem ocorrer no uso de espaços e equipamentos. O Quadro 1 classifica as principais deficiências humanas que resultam em restrições (físicas, informativas e sociais) que inviabilizam a inclusão nos espaços e sugere orientações projetuais, segundo os estudos de Dischinger (2012). Grupo Restrições Orientações Físico-motoras São aquelas que alte- ram a capacidade de motricidade geral do indivíduo, acarretando dificuldade ou impos- sibilidade de realizar quaisquer movimentos. Prever espaço suficiente para aproximação e uso de espaços e equipamentos assistivos. Eliminar desníveis verticais ao longo de percursos ou ambientes. Prover suportes para apoio (corrimãos). Criar superfícies uniformes com inclinação leve ou inexis- tente, com pisos de boa ade-rência, antiderrapantes, e que não provoquem trepidação. Observar dimensões mí- nimas adequadas para o deslocamento. Sensoriais São aquelas em que há perdas significativas nas capacidades dos sistemas de percepção do indivíduo, gerando dificuldades em perce- ber diferentes tipos de informações ambientais (sistemas de orientação, háptico, visual, auditivo e paladar–olfato). Prever espaço e condições para a utilização de equipamentos assistivos (bengalas) e cão-guia Adoção de fontes informativas adequadas: sinalização, comu- nicação visual. Implantar sinais sonoros nas sinaleiras e em cruzamentos urbanos. Disponibilizar tecnologias assistivas, as quais incluem equipamentos, produtos e serviços utilizados para man- ter ou melhorar as capacida- des funcionais de indivíduos com deficiências. Quadro 1. Classificação das deficiências humanas (Continua) 3Noções de desenho universal Fonte: Adaptado de Dischinger (2012). Grupo Restrições Orientações Cognitivas Referem-se a dificul- dades encontradas no tratamento das infor- mações existentes no meio ambiente (carta- zes, sinais, letreiros), ou no desenvolvimento de relações interpes- soais para realização de atividades que requerem compre- ensão, aprendizado e tomada de decisão. Essas restrições afetam principalmente pessoas iletradas ou com defici- ência cognitiva. Incluir no desenho os aspec- tos referentes à segurança e à compreensão espacial. Evitar ambientes muito com- plexos e com poluição visual. Propiciar apelo visual e contraste de cores, evitando monotonia e repetição. Fornecer mensagens ou informações claras disponi- bilizadas por meio de supor- tes distintos (escrita, visual, auditiva). Prover iluminação adequada, evitando pisca-pisca de luzes de 10-50 Hz (causa descon- forto visual e pode desenca- dear convulsões). Múltiplas Ocorrem quando o indivíduo apresenta a associação de mais de um tipo de deficiência. Por exemplo, uma pes- soa com lesão cerebral congênita pode possuir uma deficiência cog- nitiva associada a uma deficiência sensorial (baixa-visão) e físico- -motora (dificuldade de coordenação de movimentos). Os critérios para os projetos de ambientes para indivíduos com deficiências múltiplas devem atender aos requisitos necessários para a solução dos problemas de cada uma delas de forma integrada, procu- rando evitar conflitos. Desenvolvimento de lingua- gens e tecnologias assistivas específicas e integradas. Quadro 1. Classificação das deficiências humanas (Continuação) Noções de desenho universal4 Após a breve apresentação das principais deficiências humanas e as de- correntes restrições espaciais (Quadro 1), evidencia-se a inter-relação entre o desenho universal, as características ambientais e as deficiências. Assim, segundo Dischinger (2012, p. 22): A presença de uma deficiência implica na existência de determinados níveis de limitação para a realização de atividades. No entanto o grau de dificuldade existente em cada situação pode ser minimizado por soluções de desenho universal ou pela presença de equipamentos de tecnologia assistiva que au- mentam as capacidades dos indivíduos. Da mesma forma, as características ambientais podem agravar estas limitações. Assim, elementos físicos que representam apenas desconforto — tais como poucos degraus ou passeio em aclive revestido com pedras irregulares — para pessoas em plenas con- dições físicas, podem constituir barreiras graves para pessoas idosas com mobilidade reduzida e/ou baixa visão, e ser mesmo intransponíveis para uma pessoa em cadeira de rodas. A acessibilidade espacial nos estudos de desenho universal supera a ideia de poder alcançar um lugar desejado; é também necessário que o usuário compre- enda a sua função, a sua organização e as suas relações espaciais, para que ele seja apto a participar das atividades que ali ocorrem. Todos os usuários devem realizar essas ações com conforto e segurança; para tanto, os ambientes devem possuir requisitos básicos que atendam às necessidades de naturezas diversas. Além das deficiências mencionadas, Cambiaghi (2011) alerta para o usuário com restrição ou limitação temporária, denominado como “ambulante” pela autora. Ocasionalmente, qualquer um pode ser ambulante: gestantes, obesos, crianças, idosos, usuários de prótese e órtese, pessoas carregando volumes ou carrinhos de bebê. Os princípios do desenho universal objetivam atender às demandas plurais da diversidade humana; assim, os seus princípios e o seu amparo legal devem ser conhecidos. 5Noções de desenho universal Normas, terminologias e princípios do desenho universal Normatizações e documentos regulamentam a inclusão dos defi cientes vi- sando à melhoria da qualidade de vida desses cidadãos, tanto em relação aos espaços físicos, com a aplicação dos pressupostos de acessibilidade e do desenho universal, quanto ao que tange aos meios sociais e cotidianos, com a elaboração de programas de inclusão e a implementação de tecnologia assistiva e mobilidade nas cidades. Tais normativas se efetivaram nos anos 1980 na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o ano de 1981 como o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência (AIPD); o tema ganhou relevância e assumiu escala mundial. A consciência de instituições públicas e privadas em diversos países instigou o interesse da sociedade civil em prover a participação urbana desses cidadãos, até então limitados à convivência em ambientes domésticos. Em 1982, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou o Programa de Ação Mundial (PAM) para as Pessoas com Deficiência, conforme apontam Carletto e Cambiaghi (2008). No Brasil, a partir do AIPD, em 1981, algumas leis foram promulgadas, com o intuito de garantir o acesso e a utilização dos espaços construídos. Somente em dezembro de 2004 ocorreu a publicação do Decreto Federal nº. 5.296, que deu força de lei ao desenho universal. O Decreto define, no art. 8º, inciso IX, o desenho universal como [...] a concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultanea- mente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e senso- riais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade (BRASIL, 2004, documento on-line). Quanto à implementação dessa definição, o art. 10 determina que: A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as regras contidas neste Decreto (BRASIL, 2004, documento on-line). A partir de então, a determinação deve ser cumprida a fim de garantir a todos os cidadãos o direito de ir e vir com qualidade espacial e segurança, independentemente das suas características físicas e sensoriais. Noções de desenho universal6 Nas últimas décadas, no âmbito federal, órgãos como o Ministério das Cidades — especialmente com o “Programa Brasil Acessível: Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana”, lançado no dia 2 de junho de 2004 — e o Ministério da Justiça têm tratado com deferência as questões de inclusão dos deficientes. Além das legislações, são publicados e divul- gados manuais informativos com os direitos dos cidadãos em relação à acessibilidade, à mobilidade e aos deveres dos organismos governamentais e da sociedade civil. Com relação às normas técnicas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que abordam as diretrizes adotadas para o desenho universal, Dischinger (2012) destaca como principais referências a NBR 9050 - Norma Brasileira de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e a NBR9077 - Norma Brasileira de saídas de emergência em edifícios. Os aspectos legais dos vários âmbitos (decretos estaduais e leis municipais) devem ser utilizadosconcomitantemente, pois, conforme Dischinger (2012, p. 36): Tais leis não se apresentam como um todo harmonioso, pois a competência legislativa é concorrente, comum, em relação à “proteção e integração so- cial das pessoas portadoras de deficiência”, nos termos do art. 24, XIV, da Constituição Federal. Nesse sentido, a União, os Estados, o Distrito Federal e Municípios podem legislar a respeito dessa questão. Em 2016 entrou em vigor a Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência — Estatuto da Pessoa com Deficiência —, que visa garantir direitos à acessibilidade, à educação, à saúde e à participação social e política, além de aplicar punições a condutas discriminatórias. No seu art. 3º, inciso II, o desenho universal é concebido como “Concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva” (BRASIL, 2015, documento on-line). 7Noções de desenho universal Desenho universal e acessibilidade Os vários termos referentes ao cuidado com as pessoas na utilização de produtos e ambientes geram algumas reduções ou sobreposição de interpretações. De fato, os termos acessibilidade e desenho universal — e suas atribuições de projeto — possuem semelhanças e divergências. A maior difi culdade entre os arquitetos é o entendimento de que um projeto com desenho universal não é aquele que apenas se utiliza das regras contidas nas Normas Técnicas de Acessibilidade da ABNT, conforme aponta o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (SÃO PAULO, 2016). O desenho universal é um tema bastante recente no Brasil e ainda muito pouco aplicado, tanto no meio acadêmico quanto nas práticas profissionais relacio- nadas a projetos e à construção civil. Por desconhecimento, frequentemente é confundido com acessibilidade para pessoas com deficiência, o que resulta no cumprimento automático das normas vigentes, sem considerar uma reflexão sobre sua importância e benefícios para os usuários (SÃO PAULO, 2010, p. 28) Acessibilidade significa prover um ambiente com condições mínimas para a obtenção de informação/orientação sobre o espaço, permitindo a interação entre usuários, o deslocamento, o uso e a utilização de equipamentos e mobili- ário com segurança e conforto, conforme apontam a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2020) e Dischinger (2012). Um desenho acessível é aquele que está de acordo com as normas de acessibilidade expressas na ABNT NBR 9050: vigente, considerada um avanço na inclusão social porque apresenta os parâmetros técnicos de projeto que garantem o mínimo de condições de acesso às pessoas com deficiência. Contudo, a garantia das condições mínimas não significa a promoção de espaços integralmente inclusivos, sem segregação e com conforto e segurança a todos. Embora haja similaridade nos termos desenho acessível e desenho universal — uma vez que ambos objetivam fundamentalmente proporcionar espaços e produtos com ênfase no ser humano — no que diz respeito à concepção de projetos urbanos e arquitetônicos, o desenho universal possui características mais abrangentes, conforme defendem diversos autores, como Cambiaghi (2011), Dischinger (2012) e Dorneles (2014). Dorneles (2014, p. 26) estabelece a distinção e a situa no âmbito da concepção do projeto arquitetônico: Um desenho acessível é destinado a indivíduos específicos ou grupos de indi- víduos com limitações e, normalmente, é desenvolvido ao final do processo projetual. [...] Portanto, um projeto acessível pode ser um projeto adaptado a Noções de desenho universal8 determinadas necessidades espaciais de usuários específicos, ou seja, é um projeto especial, como uma adaptação de uma rampa metálica em uma residên- cia. Já o desenho universal está baseado em princípios de igualdade para todos os indivíduos, sem discriminação e, se possível, deve passar despercebido. Um projeto universal é concebido desde o início do processo projetual, a partir das necessidades espaciais dos diferentes usuários. A filosofia que pauta o desenho universal é sempre a da acessibilidade, pois o termo está contido nos seus princípios e diretrizes; no entanto, nem todo desenho acessível pode ser considerado um projeto universal. A Figura 1 exemplifica as terminologias quanto à concepção projetual. Figura 1. Projeto acessível e projeto universal. Fonte: Adaptado de Dorneles (2014). 9Noções de desenho universal Analisando a Figura 1, verificamos que a primeira imagem representa um projeto acessível, que garante acessibilidade à residência pelo cadeirante. Observamos também que o acesso ocorre pelos fundos da edificação. Do ponto de vista do desenho universal, o uso não é equitativo; a segunda imagem possibilita o acesso em condições de igualdade — a partir do acesso frontal da edificação — para qualquer usuário, conforme aponta Dornelles (2014). A Figura 2 traz outro exemplo de adoção do desenho universal à acessibi- lidade dos edifícios públicos. A ABNT NBR 9050:2020 determina a largura mínima de 1,50 m para corredores de uso público, presença de faixa de piso alerta indicando a presença do elevador e sinalização visual, sonora e tátil próxima ao elevador. A solução sugerida para adequação ao desenho universal inclui quadro com informações visual e tátil na parede em frente ao elevador, piso parada para indicar a presença do mapa tátil e presença de contraste de cor entre piso e paredes. Figura 2. Acesso a elevador e quadro informativo. Fonte: Adaptada de Dischinger (2014). Noções de desenho universal10 Espaços concebidos desde as fases iniciais do projeto com ênfase no de- senho universal garantem inclusão total, sem nenhum tipo de segregação. Para tanto, é necessário que os profissionais da área de projeto conheçam os princípios do desenho universal, para projetar atendendo às necessidades especiais de todas as pessoas. Projeto pautado no desenho universal O real desafi o para criar espaços, equipamentos e objetos inclusivos é adotar uma metodologia de projeto que concilie necessidades diversas e complexas. Bons exemplos de desenho universal benefi ciam todas as pes- soas. Alguns critérios gerais devem ser adotados durante a elaboração do projeto arquitetônico, para a obtenção de soluções adaptadas à capacidade e às necessidades dos usuários, segundo Cambiaghi (2011): facilitar para todos, sempre, o uso do ambiente ou dos produtos a serem planejados e escolher uma amostra representativa dos usuários em potencial para realizar o briefi ng. Segundo Alves e Rossi (2012, documento on-line), quando nos referimos à amostra representativa, devemos adaptar nosso método de projetar con- siderando que o usuário pode ser: [...] Homem, mulher, criança, ter qualquer idade, altura ou peso; ter visão reduzida ou ser cego; capacidade de audição e fala alterada; capacidade de compreensão, memória ou linguagem limitada, ter reflexos lentos, dificuldades para sentar-se e levantar, não ter mãos ou apenas uma delas, usar próteses, órteses ou ajudas técnicas; dificuldade para andar, usar muletas, bengalas, andadores, cadeira de rodas, entre outros. Projetar espaços que proponham soluções para todas as particularidades mencionadas não é uma tarefa fácil. O arquiteto norte-americano Ron Mace — ele próprio usuário de cadeira de rodas e de respirador artificial — cunhou o termo universal design em 1987 e reuniu, nos anos 1990, um grupo de peritos e pesquisadores no CUD, na Carolina do Norte, que organizou os direcionamentos para projetar de forma inclusiva, criando os sete princípios do desenho universal em 1997 (Quadro 2). 11Noções de desenho universal Princípio 1 Uso equitativo (igualitário) Portas com sensores que se abrem sem exigir força física ou o alcance das mãos de usuários de alturas variadas Princípio 2 Uso flexível (adaptável) Computadores com teclado e mouse com programa do tipo Dosvox;tesoura que se adapta a destros e canhotos Princípio 3 Uso simples e intuitivo (óbvio) De fácil entendimento; sanitários mascu- lino, feminino e para deficientes Princípio 4 Informação de fácil percepção (conhecido) Diferentes maneiras de comunicação, como símbolos, letras em relevo, braile e sinalização auditiva Princípio 5 Tolerante ao erro (seguro) Elevadores com sensores em diversas alturas que permitam às pessoas entra- rem sem o risco de a porta ser fechada no meio do procedimento; escadas e rampas com corrimão Quadro 2. Princípios do desenho universal (Continua) Noções de desenho universal12 Os princípios são universalizados, podendo ser aplicados em qualquer projeto, seja de ambientes ou produtos. Seu objetivo é guiar o processo de projeto e permitir uma avaliação sistemática quanto às características de usabilidade propostas. Para adotarmos os sete princípios em nossos projetos, orientações técnicas sobre cada um deles são importantes. Princípio um — uso equitativo O uso equitativo prevê espaços ou equipamentos com as mesmas condições de utilização a todos os usuários, ou seja, equivalentes sempre que possível. Devem incluir pessoas com habilidades diversas, impedindo a segregação e a estigmatização. Também devem oferecer privacidade, segurança e proteção para todos os usuários e oportunizar produtos atraentes para todos as pessoas, conforme apontam Cambiaghi (2011) e Dorneles (2014). Fonte: Adaptado de Carletto e Cambiaghi (2008). Princípio 6 Baixo esforço físico (sem esforço) Torneiras de sensor ou do tipo alavanca, que minimizam o esforço e a torção das mãos para acioná-las; maçanetas tipo alavanca, podendo ser acionadas até com o cotovelo Princípio 7 Dimensão e espaço para aproximação e uso (abrangente) Banheiros com dimensões adequadas para pessoas em cadeira de rodas ou que estão com bebês nos seus carri- nhos; poltronas para obesos em cine- mas e teatros Quadro 1. Princípios do desenho universal (Continuação) 13Noções de desenho universal Um exemplo do uso equitativo é o adotado no anfiteatro aberto do Bradford Woods Outdoor Center, da Universidade de Indiana. Os bancos possuem assentos retráteis, permitindo que uma pessoa em cadeira de rodas possa permanecer em qualquer posição do anfiteatro, e não apenas na parte inferior ou superior, como é comum (Figura 3). Figura 3. Uso equitativo — bancos retráteis no anfiteatro. Fonte: Adaptado de Bradford... ([2018]). Acessos em edificações coletivas devem atentar para o uso equitativo, conforme ilustra a Figura 4. Todos os usuários devem poder acessar as edifi- cações com equiparação nas possibilidades de uso. O acesso deve ser seguro e possuir rampas normatizadas pela ABNT NBR 9050:2020, com corrimãos e guarda-corpo adequados. Figura 4. Uso equitativo — acesso a edificações de uso coletivo. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). Noções de desenho universal14 Princípio dois — flexibilidade no uso A fl exibilidade no uso deve acomodar um vasto leque de preferências e capa- cidades individuais, permitindo que o usuário escolha a forma de utilização do espaço ou produto. Um exemplo de fl exibilidade no uso em um projeto de paisagem urbana é a Praça Schandorff , do escritório Østengen & Bergo AS, em Oslo, na Noruega (Figura 5). A praça possui desníveis vencidos por escadas e rampas, oferecendo opções para a escolha de cada usuário, conforme apontam Cambiaghi (2011), Dorneles (2014) e Feitosa e Righi (2016). Figura 5. Flexibilidade no uso — opções de circulação. Fonte: Adaptada de Praça… (2011). 15Noções de desenho universal Os projetos arquitetônicos também devem priorizar configurações ou siste- mas construtivos que permitam atender às diferentes habilidades e preferências, admitindo adequações e transformações, como exemplifica a Figura 6. Nesse caso, a concepção do projeto deve prever a possibilidade de deslocamento de paredes ou divisórias para ampliar ambientes. Figura 6. Flexibilidade no uso — possibilidade de ampliação. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). Princípio três — uso simples e intuitivo O uso simples e intuitivo propõe uma utilização facilmente compreendida, independentemente da experiência, do conhecimento, das capacidades de linguagem ou do nível de concentração do usuário. Um exemplo de adoção do princípio simples e intuitivo ocorre no Sensory Garden (Figura 7), em Osaka, no Japão. Os pilares posicionados em todos os acessos principais do parque indicam os caminhos a seguir, oportunizando orientação às pessoas de baixa visão e aos usuários com problemas cognitivos, conforme apontam Cambiaghi (2011), Dorneles (2014) e Feitosa e Righi (2016). Noções de desenho universal16 Figura 7. Uso simples e intuitivo — marcação de acessos. Fonte: Adaptada de Projects… ([2018]). Nos projetos arquitetônicos, para um uso simples e intuitivo, orienta-se eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e a intuição dos usuários. A Figura 8 apresenta dois leiautes com percursos distintos: à esquerda observamos uma circulação confusa, que pode compro- meter o deslocamento de um usuário com baixa visão, por exemplo; à direita, um percurso simples e intuitivo. Figura 8. Uso simples e intuitivo — circulações. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). 17Noções de desenho universal Princípio quatro — informação de fácil percepção No caso da informação de fácil percepção, o projeto comunica com efi ciência ao usuário as informações necessárias, independentemente das condições ambientais ou de suas capacidades sensoriais e suas habilidades. Sugere-se utilizar diferentes meios (pictográfi co, verbal, tátil) para apresentar a informa- ção essencial, potencializando sua legibilidade para a compreensão de pessoas que não conhecem o local, usuários que não falam a língua local, crianças e demais indivíduos com alguma restrição cognitiva, conforme apontam Dorneles (2014) e Feitosa e Righi (2016). A Figura 9 expressa espacialmente o enunciado da informação de fácil percepção: à esquerda, o corrimão oferece informações em braile indicando o percurso a seguir; à direita, um mapa com informações também em braile, em relevo e sonoras. Figura 9. Informação de fácil percepção — informações táteis. Fonte: Adaptada de Projects… ([2018]). Nas propostas para arquitetura de interiores, deve-se disponibilizar formas e objetos de comunicação com bom contraste, maximizando com Noções de desenho universal18 clareza as informações essenciais, e, de maneira geral, tornar fácil o uso do espaço ou equipamento. A Figura 10 apresenta símbolos internacionalmente conhecidos nas portas de acesso aos ambientes masculino e feminino e, para deficientes com informações visuais, traz as informações em braile e relevo. Figura 10. Informação de fácil percepção — clareza nas informações. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). Princípio cinco — tolerância ao erro O princípio da tolerância ao erro tem como objetivo tornar mínimos os riscos e as implicações adversas de ações involuntárias ou acidentais. Assim, os elementos mais utilizados devem ser mais acessíveis, e aqueles considerados perigosos devem ser eliminados, isolados ou protegidos. Esses cuidados desencorajam as ações inconscientes em tarefas que requerem vigilância, conforme apontam Cambiaghi (2011), Dorneles (2014) e Feitosa e Righi (2016). A Figura 11 mostra as guias de alumínio que foram colocadas pelo Rinku Park, em Osaka, no Japão, indicando os caminhos mais seguros, sem obstáculos ou inclinações demasiadamente acentuadas. 19Noções de desenho universal Figura 11. Tolerância ao erro — guias de condução. Fonte: Adaptada de Tolerância… ([2018]). Na concepção dos ambientes, devemos considerar a segurança na es- colha dos materiais de acabamento e demais produtos — corrimãos e equipamentos eletromecânicos, por exemplo — para garantir o mínimo de riscos de acidentes. No caso das escadas, a ABNT NBR 9050:2020 Noções de desenho universal20 estabelece queo corrimão seja prolongado 30 cm no início e no término e determina o uso de piso tátil de alerta e faixa contrastante para evitar acidentes (Figura 12). Figura 12. Tolerância ao erro — escadas. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). Princípio seis — baixo esforço físico O desenho universal deve prover, na utilização dos ambientes e equipamentos, a utilização de forma confortável e efi ciente, com mínimo ou baixo esforço físico e fadiga. Esse princípio determina que o usuário deve utilizar forças razoáveis para operar, sem muitas repetições e com um mínimo esforço físico continuado. Um bom exemplo de confi guração espacial com baixo esforço físico é o jardim do projeto comunitário Alex Wilson, no Canadá 21Noções de desenho universal (Figura 13). O caminho principal mantém uma inclinação do começo ao fi m, e foram escolhidos materiais estáveis para os pisos, conforme apontam Young e Trachtman (2000, apud DORNELES, 2014). Figura 13. Baixo esforço físico — caminhos estáveis. Fonte: Dorneles (2014). O esforço físico mínimo também pode ser garantido ao se dimensionar elementos e equipamentos para que sejam acionados de maneira eficiente, confortável e com o mínimo de fadiga. A Figura 14 apresenta a adoção de um sistema de alavanca adequado, que permite que um cadeirante abra uma janela com facilidade. Noções de desenho universal22 Figura 14. Baixo esforço físico — acio- namento de alavanca. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). Princípio sete — dimensão e espaço para aproximação e uso Segundo Connell et al. (1997. apud DORNELES, 2014, p. 80-81), “[...] os espaços e equipamentos devem ter dimensões apropriadas para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho do corpo do usuário, da postura ou da mobilidade”. Um projeto deve garantir um campo de visão desimpedido para elementos importantes para qualquer usuário, sentado ou em pé. Um bom exemplo de projeto que considera dimensão e espaço para aproximação e uso é a proposta de elevação de fl oreiras e espelhos de água do Sensory Garden, em Osaka, no Japão (Figura 15). Figura 15. Dimensão e espaço para aproxi- mação e uso — espelho de água elevado. Fonte: Adaptada de Project… ([2018]). 23Noções de desenho universal Ao projetar interiores e mobiliário, devemos acomodar as variações er- gonômicas para oferecer condições de manuseio aos usuários cadeirantes e com as mais variadas dificuldades. É importante ressaltar: sempre devemos atentar para os usuários que utilizam equipamentos assistivos, como muletas ou próteses, para que tenham acesso a todos os compartimentos com conforto e segurança, conforme ilustra a Figura 16. Figura 16. Dimensão e espaço para aproximação e uso — alcance do mobiliário. Fonte: Adaptada de São Paulo (2010). As normas de acessibilidade, em especial a ABNT NBR 9050:2020, soma-das aos sete princípios do desenho universal, auxiliam o projeto de qualquer espaço de forma universal, visto que consistem em aspectos conceituais que servem de orientação para a criação de espaços e produtos. Para o projeto de interiores, alguns itens básicos devem ser pontuados, segundo Gurgel (2005): evitar desníveis quando desnecessários e sinalizar os necessários; priorizar cantos arredondados no mobiliário; instalar barras de segurança onde for conveniente; sempre que possível, adotar sistema de acendimento por sensor; proteger tomadas baixas contra o acesso de crianças; prover locais de parada para repouso em locais com percurso longo entre setores; sinalizar as portas de vidro. Noções de desenho universal24 Os princípios do desenho universal e os componentes de acessibilidade convergem para situações ideais de integração entre o ser humano e o ambiente; portanto, o cumprimento das normas deve ser acompanhado do entendimento das necessidades dos usuários. O entendimento sistêmico dos atributos de in- clusão espacial é inspirador e estimulante no processo criativo de um arquiteto. ALVES, S. A.; ROSSI; M. A. 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Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1857060135f6bfb36954e244f3881328 Exercícios 1) O desenho universal surgiu oficialmente a partir dos anos 1980, nos Estados Unidos, por meio da atuação do arquiteto norte-americano Ron Mace, quando foi cunhada a expressão universal design. Desde então, a área de atuação e pesquisa se expandiu internacionalmente com o objetivo de criar espaços, ambientes e produtos que oportunizem a inclusão de pessoas com deficiência. Qual das alternativas corresponde ao caráter fundamental do desenho universal? A) O caráter fundamental do desenho universal é atender especialmente aos deficientes físicos, oportunizando a esses usuários a adequada utilização de todos os espaços, ambientes e equipamentos. B) O caráter fundamental do desenho universal é disseminar os pressupostos de acessibilidade em espaços públicos, permitindo que os deficientes físicos tenham acesso a eles com conforto e segurança. C) O caráter fundamental do desenho universal é priorizar as soluções para atender às restrições dos deficientes cognitivos, por meio de ferramentas projetuais de inclusão. D) O caráter fundamental do desenho universal é evitar a necessidade de projetos para ambientes e produtos especiais para pessoas com deficiência, assim pode ser assegurado que todos possam utilizar a totalidade dos componentes do ambiente e dos produtos. E) O caráter fundamental do desenho universal é determinar diretrizes para a inclusão dos deficientes sensoriais em geral, criando ferramentas de projeto que incluam os usuários com restrições nas capacidades perceptivas. 2) A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o ano de 1981 como o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência. No Brasil, a partir da declaração da ONU, algumas leis foram promulgadas com o intuito de garantir o acesso e a utilização dos espaços construídos. Qual é o instrumento legal que regulamentou o desenho universal em território nacional e qual é o seu escopo? No Brasil, a publicação do Decreto Federal 5.296, de dezembro de 2004, deu ao desenho universal a força de lei. O decreto define o desenho universal como: “a concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com A) diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade”. B) No Brasil, a atualização da ABNT NBR 9050/2020 — Norma de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, regulamentou o desenho universal. A norma define o desenho universal como: “a determinação de parâmetros mínimos de acessibilidade espacial para projetos em geral”. C) No Brasil, a criação do Ministério das Cidades, em 2003, oficializou a obrigatoriedade do desenho universal em todos os projetos arquitetônicos. O Ministério das Cidades define o desenho universal como: “a promoção da acessibilidade nas edificações e logradouros de uso público e seus entornos, bem como a adaptação dos transportes coletivos, para permitir o acesso das pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida”. D) No Brasil, o Ministério da Justiça regulamentou o desenho universal. O Ministério da Justiça define o desenho universal como: “os direitos dos cidadãos em relação à acessibilidade e mobilidade e os deveres dos organismos governamentais e da sociedade civil”. E) No Brasil, a publicação do Decreto Federal 6.949, de 2009, regulamentou o desenho universal. O decreto define o desenho universal como: “o instrumento destinado à melhoria da qualidade de vida, educação, trabalho, saúde, a pessoas com algum tipo de incapacidade, mesmo temporária”. 3) A expressão — e suas atribuições de projeto — acessibilidade e desenho Universal têm semelhanças e divergências. Porém, um projeto com desenho universal não é aquele que apenas utiliza as regras contidas nas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Qual das alternativas pode ser considerada correta em relação às expressões acessibilidade e desenho universal? A) Um desenho universal é aquele que está de acordo com as normas de acessibilidade expressas na ABNT NBR 9050/2020, quando inclui também os deficientes sensoriais. B) A filosofia que pauta o desenho universal é sempre acessível, pois a expressão está contida em seus princípios e diretrizes; no entanto, nem todo desenho acessível pode ser considerado um projeto universal. C) A norma de acessibilidade garante as condições mínimas para a promoção de espaços integralmente inclusivos, sem segregação e com conforto e segurança a todos; portanto, ela inclui o desenho universal. D) Em relação ao desenho universal, o desenho acessível tem características mais abrangentes, isso porque ele diz respeito à concepção de projetos urbanos e arquitetônicos. E) Um projeto baseado nos princípios do desenho universal deve ser aplicado ao final do processo projetual, considerando as necessidades espaciais dos usuários decorrentes das restrições físico-motoras. 4) Projetar espaços que proponham soluções para todas as particularidades humanasé o objetivo central do desenho universal. O arquiteto norte-americano Ron Mace cunhou a expressão universal design em 1987 e criou, nos anos 1990, um grupo de peritos e pesquisadores no Centro de Desenho Universal (Center of Universal Design — CUD), na Carolina do Norte, o qual organizou os direcionamentos para projetar de forma inclusiva criando os sete princípios do desenho universal em 1997. Quais são os sete princípios do desenho universal? A) Os sete princípios do desenho universal são: 1 — Uso relativo; 2 — Acessibilidade no uso; 3 — Uso simples e intuitivo; 4 — Informação de fácil percepção; 5 — Tolerância aos acidentes; 6 — Baixo esforço físico; 7 — Dimensão e espaço para aproximação e uso. B) Os sete princípios do desenho universal são: 1 — Uso equitativo; 2 — Flexibilidade no uso; 3 — Uso complexo; 4 — Informação visual; 5 — Tolerância ao erro; 6 — Baixo esforço físico; 7 — Dimensão e espaço para a aproximação e uso. C) Os sete princípios do desenho universal são: 1 — Uso exclusivo; 2 — Flexibilidade no uso; 3 — Uso simples e intuitivo; 4 — Informação sonora; 5 — Tolerância ao erro; 6 — Moderado esforço físico; 7 — Dimensão e espaço para acessibilidade. D) Os sete princípios do desenho universal são: 1 — Uso relativo; 2 — Adaptabilidade no uso; 3 — Uso simples e intuitivo; 4 — Informação tátil; 5 — Tolerância ao erro; 6 — Baixo esforço físico; 7 — Dimensão e espaço para cadeirantes. E) Os sete princípios do desenho universal são: 1 — Uso equitativo; 2 — Flexibilidade no uso; 3 — Uso simples e intuitivo; 4 — Informação de fácil percepção; 5 — Tolerância ao erro; 6 — Baixo esforço físico; 7 — Dimensão e espaço para aproximação e uso. Quanto ao princípio quatro do desenho universal — Informação de fácil percepção, é possível afirmar que se deve comunicar com eficiência ao usuário as informações necessárias, independentemente das condições ambientais ou das suas capacidades sensoriais e habilidades. 5) Em um espaço público, como uma praça, que ferramentas de projeto podem ser utilizadas a fim de alcançar esse princípio? A) Em um espaço público, como uma praça, sugere-se utilizar rampas sinalizadas para conduzir com segurança os usuários e fornecer opções de deslocamento distintas (escadas e plataformas elevatórias). B) Em um espaço público, como uma praça, sugere-se utilizar comunicação visual para apresentar a informação essencial, a qual deve ser apoiada por informações sonoras em várias línguas para atender aos usuários que não falam a língua local. C) Em um espaço público, como uma praça, sugere-se utilizar diferentes meios (pictográfico, verbal, tátil) para apresentar a informação essencial, potencializando sua legibilidade para a compreensão de pessoas que não conhecem o local, usuários que não falam a língua local, crianças e demais indivíduos com alguma restrição cognitiva. D) Em um espaço público, como uma praça, sugere-se utilizar fundamentalmente meios táteis para apresentar a informação essencial, potencializando sua legibilidade para a compreensão de pessoas que têm alguma deficiência sensorial. E) Em um espaço público, como uma praça, sugere-se utilizar guias de alumínio em toda a extensão do percurso, potencializando a segurança dos usuários com restrições sensoriais, cognitivas ou múltiplas. Na prática A arquitetura contemporânea vem se destacando pela adoção de requisitos de sustentabilidade e acessibilidade. Quando se intervém em um espaço já edificado, a adequação das normas de acessibilidade costuma ser desafiante. Neste Prática, você vai ver um projeto contemporâneo, o qual foi vencedor de um prêmio internacional para arquitetura com ênfase em desenho universal. Projeto do escritório canadense Quadrangle, o 100 Broadview Lobby adota os princípios do desenho universal em vários níveis, requalificando um edifício. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b7850ce1-f146-4b23-9281-b90a8ba0d71d/c61c99f5-ef4c-4566-9988-8f9ac0964008.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Silvana Cambiaghi fala sobre arquitetura e acessibilidade no TV CASA COR A arquiteta Silvana Cambiaghi fala sobre arquitetura e acessibilidade no maior evento de arquitetura e design nacional: a CASA COR. Silvana Cambiaghi é representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) na Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) e tem contribuído significativamente para o debate sobre acessibilidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Conheça o desenho universal Veja o vídeo a seguir, por meio do qual um arquiteto compartilha a sua experiência sobre desenho universal através de relatos sobre a aplicação dos princípios do desenho universal nos Estados Unidos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Princípio 1 do desenho universal Veja o seguinte vídeo, o qual apresenta situações em que todas as pessoas têm a mesma condição de uso dos equipamentos ou espaços. https://www.youtube.com/embed/Ec91bMyZh5Y https://www.youtube.com/embed/_B4DRDzPTTU Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Princípio 2 do desenho universal Você vai ver a seguir a necessidade de que as edificações, mobiliário e equipamentos possam ser utilizadas, por exemplo, por pessoas destras, canhotas, sem os dedos das mãos ou com mobilidade reduzida. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Os segredos do principio 3 do desenho universal O seguinte vídeo vai contribuir para o seu entendimento sobre ambientes e equipamentos de fácil compreensão, nos quais não há necessidade de alto nível de concentração dos indivíduos para um bom uso. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Princípio 4 do desenho universal No vídeo a seguir, um arquiteto compartilha as suas vivências diárias nos Estados Unidos e exemplifica situações práticas sobre a legibilidade das informações nos ambientes. https://www.youtube.com/embed/m9wvrInfO8U https://www.youtube.com/embed/ZSxq_SbJgIk https://www.youtube.com/embed/4WjXOSN1nZ0 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Acessibilidade arquitetônica e desenho universal no mundo e no Brasil O seguinte texto apresenta as origens e o desenvolvimento dos conceitos de acessibilidade e desenho universal no cenário internacional e no Brasil, bem como explana sobre os fundamentos de inclusão social agenciados pelo espaço urbano. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Mobilidade, Acessibilidade e Desenho Universal Neste vídeo você vai acompanhar o webinar realizado pelo CAURJ “Mobilidade, Acessibilidade e Desenho Universal” apresentado por Regina Cohen, Arnaldo Lyrio, Beatriz Vasconcelos, Maria Lea e Gustavo Jucá e obter informações sobre os principais conceitos, leis e normas relacionados à mobilidade, acessibilidade e desenho universal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/lqslRLmI820 https://www.amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/gerenciamento_de_cidades/article/viewFile/1371/1393 https://www.caurj.gov.br/assista-ao-vivo-webinar-mobilidade-acessibilidade-e-desenho-universal/