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Aina Juma Paulino Planificação (Licenciatura em Economia) Universidade Rovuma Nampula 2024 i Aina Paulino Juma Planificação Universidade Rovuma Nampula 2024 Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais, Curso de Licenciatura em Economia em Habilitação em planificação Económica, na cadeira de Informática, 3º ano, regime laboral, leccionada pelo docente: Sadoque de Nascimento ii Índice I. Introdução................................................................................................................................ 3 1.1 Contextualização ................................................................. Erro! Marcador não definido. 1.2. Objectivos ............................................................................................................................ 4 1.2.1. Objectivo geral ................................................................................................................. 4 1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................................................ 4 1.3. Metodologia ......................................................................................................................... 4 2. Revisão bibliográfica .............................................................................................................. 5 2.1. Base Conceptual .................................................................................................................. 5 2.2. Fins, Objectivos e metas em planificação ........................................................................... 5 2.3. Tipos de Planificação........................................................................................................... 7 2.4. Elementos que devem ser tomados em conta numa planificação ........................................ 9 2.5. Características da planificação .......................................................................................... 10 2.6. Níveis de planificação ....................................................................................................... 11 Conclusão ................................................................................................................................. 12 Referências bibliográficas ........................................................................................................ 13 3 I. Introdução A planificação é um processo fundamental em diversos contextos, que envolve a definição de metas, estratégias e ações para alcançar objetivos específicos. Seja no âmbito empresarial, educacional, governamental ou pessoal, a planificação desempenha um papel crucial na organização e direcionamento das atividades, permitindo uma abordagem estruturada e eficaz para o alcance de resultados desejados. Ao compreender os princípios e níveis de planificação em cada contexto, torna-se possível promover uma gestão mais eficiente e alinhada com as metas estabelecidas. Neste contexto, é importante explorar a importância da planificação em diferentes esferas da atividade humana e como ela contribui para a tomada de decisões informadas e a execução de ações estratégicas. 4 1.2. Objectivos 1.2.1. Objectivo geral Estudar a planificação. 1.2.2. Objetivos específicos Conceptualizar a planificação; Indicar os níveis de planificação; Descrever as características de uma boa planificação; Explicar os níveis de planificação. 1.3. Metodologia Para a realização do presente trabalho usou-se o método bibliográfico que constituiu no uso de obras e artigos publicados na Internet. A pesquisa bibliográfica é um trabalho de natureza exploratória, que propicia bases teóricas ao pesquisador para auxiliar no exercício reflexivo e crítico sobre o tema em estudo. 5 2. Revisão bibliográfica 2.1. Conceitos-básicos Para E. Imperatori e M. R. Giraldes (1986, p. 3), a planificação: “É um processo de intervenção sobre a realidade socioeconómica ou sobre alguma das suas múltiplas vertentes (a saúde, por exemplo) que, para passar a uma prática institucionalizada, carece de uma base de aceitação alargada (legitimação social), o que só é possível através de um esforço amplo de informação”. Richardson (1992, p. 18) define planeamento como algo que: a) concebe e antecipa a acção; b) tenta ajustar acções apropriadas a algo de que temos de nos aperceber antes de acontecer (e de que nunca podemos estar inteiramente certos), isto é, o futuro; c) é orientado para atingir os resultados desejados (objectivos); d) é a resposta à crença pessimista de que, a menos que algo seja feito, um desejado estado futuro não acontecerá, e à crença optimista de que podemos fazer coisas para aumentar as nossas probabilidades de alcançar o estado desejado 2.2. Fins, Objectivos e metas em planificação O recurso ao Processo de Planificação é considerado como o meio fundamental de combater problemas como a estagnação e o subdesenvolvimento, através da eficácia com que permite mobilizar, afectar recursos, alterar estruturas e do imperativo de sistematização de ideias e meios. A sua eficácia dependerá em larga medida das técnicas utilizadas, (que deverão ter como preocupação principal a definição de opções básicas da política de desenvolvimento e entendê- las como o primeiro objectivo do diálogo os actores envolvidos no processo). Esta preocupação acarretará na maioria das vezes implicações no próprio processo de Planificação. Delas ir-se-á agora falar. Myrian Batista (1979) caracteriza, a planificação segundo várias dimensões: Racional, porque é uma actividade que guia a acção humana, que implica uma atitude de reflexão (sobre a informação disponível, as alternativas de acção, os conceitos e técnicas para as traçar), Valorativa, porque implica opções de conteúdo ético, a elaboração de representações futuras tidas como desejáveis. Decisória (o que implica a escolha de alternativas, meios, prazos) 6 Concretizadora (que significa a execução das decisões) Avaliativa (que incide sobre os efeitos da acção, e a pertinência de relançar um novo ciclo); Política, que decorre do facto de o planeamento constituir um processo de tomada de decisões; Técnico-administrativa, porque incute organização à acção, implica a acção concertada de diferentes níveis de poder e decisão, uma hierarquia de funções, entre outras. Para além deste núcleo de dimensões, são também atribuídas ao planeamento, algumas outras funções, que segundo António José Magalhães ( ) e Isabel Guerra (2000) são as seguintes: Função de regulação [Que segundo Isabel Guerra (2000, p. 113) é a principal], a qual consiste na racionalização dos recursos e dos seus utilizadores, do tempo utilizado para compreender e estudar os problemas, possibilitando decisões mais adequadas à realidade em que se pretende intervir; Para além deste núcleo de dimensões, são também atribuídas ao planeamento, algumas outras funções, que segundo António José Magalhães ( ) e Isabel Guerra (2000) são as seguintes: Função de regulação [Que segundo Isabel Guerra (2000, p. 113) é a principal], a qual consiste na racionalização dos recursos e dos seus utilizadores, do tempo utilizado para compreender e estudar os problemas, possibilitando decisões mais adequadas à realidade em que se pretende intervir; Função de informação - selecção da informação pertinente; colheita; armazenagem; tratamento; divulgação; elaboração de modelos de simulação; Função de negociação / concertação, de organização de parcerias e clarificação de consensos e conflitos; Função de simulação queconsiste em antecipar a realidade, revelar constrangimentos vários e escolhas necessárias; Função de reprodução de normas - que é central, dado que o planeamento está estrategicamente situado no cruzamento de uma multiplicidade de regras e normas designando os problemas prioritários e o ângulo pelo qual poderão ser tratados. Joga, ainda, um papel decisivo no debate político, 7 Função de concertação e garantia de legitimidade do poder constituído, porque age com regras claras, a favor do máximo de interesses e numa perspectiva de igualdade de oportunidades. (Guerra, 2000, p. 113) Função de comunicação, na medida em que o planeamento permite a participação de todos os agentes sociais nele envolvidos, e fornece-lhes uma linguagem e um quadro de actuações comuns; Função de decisão, porque ao prever o contexto de actuação permite constituir um conjunto de estudos e previsões e definição de competências, porque planear é também coordenar decisões, conflitos e contextos desordenados, fornecendo um quadro coerente para a tomada de decisão; Função de influência, porque em geral o planeamento exprime o discurso oficial, legitima escolhas políticas com base em fundamentos técnicos, permitindo o acesso a equipamentos, subsídios, etc.; Função de controlo, na medida em que este controla a distribuição da informação, a divisão do trabalho, a fixação de prioridades, entre outros. O papel do planeamento é portanto decisivo na mudança aos níveis social, económico, cultural, político, ambiente, etc. 2.3. Tipos de Planificação Não existe uma única forma de proceder ao planeamento, podendo distinguir-se vários tipos de planeamento que podem ser classificados do seguinte modo: Quanto ao âmbito ou nível geográfico, pode ser internacional, nacional, regional, sub- regional/supra-local ou local; Quanto à entidade que planifica, pode ser público, privado ou misto; Quanto à abrangência temática, pode ser global, sectorial ou multi-sectorial; Quanto ao grau de obrigatoriedade ou de coacção, pode ser imperativo (obriga os destinatários a seguir os objectivos e metas traçadas) ou indicativo (apenas aconselha que as sigam); Quanto ao grau de institucionalização, pode ser orgânico ou difuso; Quanto ao grau de participação, pode ser directivo (quando a população não participa do processo) ou participado (quando os interessados intervêm directa ou indirectamente na elaboração e execução do plano); 8 Quanto ao prazo, existem três seguintes tipos de planeamento e de planos que se estabelecem devido à existência de problemas que pela sua natureza se tornam solucionáveis num maior ou menor espaço de tempo: i. De curto prazo, regra geral têm como duração média um ano, e embora possam ser trimestrais ou semestrais, são geralmente planos de acção, já que não visam a definição de grandes linhas de orientação mas antes permitir a actuação segundo as orientações traçadas pelos planos de médio e longo prazo. ii. De médio prazo, têm normalmente como duração média quatro anos, e são planos que permitem a resolução de conflitos surgidos entre as linhas de orientação traçadas pelos planos de longo prazo, e as características desenvolvidas pela realidade em que se está a actuar, e iii. De longo prazo, têm na maioria das vezes uma duração que se situa entre os dez e os vinte anos, e aparecem ligados à definição de estratégias de desenvolvimento que implicam mudanças de fundo na estrutura económico-social. Quanto ao nível hierárquico de actuação (ou nível de decisão), Arraigada (2002), refere que são 3 os tipos de planeamento (planeamento estratégico, planeamento táctico e planeamento operacional), cujo significado é o seguinte: i. Planeamento estratégico, que é relativamente genérico e prende-se com o longo prazo, incidindo sobre os temas mais vastos e duradouros que contribuem para a sustentabilidade e desenvolvimento de uma organização ou território ao longo de vários anos, pelo que em consonância o plano estratégico acolhe a finalidade da organização e nele se descreve o conjunto de metas e objectivos que possibilitam alcançar essa finalidade; ii. Planeamento táctico que é mais limitado, específico e de médio prazo, na comparação com o planeamento estratégico, refere-se mais a assuntos relativos à eficiência do que à eficácia a longo prazo, e articula os processos de planificação estratégica e da planificação operativa, e iii. Planeamento operativo, incide sobre o curto prazo, sendo mais específico e orientado para a consecução de um objectivo determinado, convertendo os conceitos gerais do plano estratégico em metas claras e passos concretos, e ainda em objectivos avaliáveis a curto prazo, e centrando-se sobre uma aplicação de recursos que seja eficiente e eficaz no que se refere aos custos dispendidos na solução do problema e na consecução dos objectivos estabelecidos.)” 9 2.4. Elementos que devem ser tomados em conta numa planificação Um bom plano deve obedecer às seguintes características fundamentais: I. Viabilidade O plano deve ser exequível. Para se realizar, os objectivos têm de ser susceptíveis de alcance. A sua elaboração deve ser realista, isto é, deve traçar metas que possam ser alcançadas. Deve basear-se na pesquisa científica para ser viável. II. Adequação O plano deve prioritariamente desenvolver as actividades fundamentais em consonância com os objectivos relacionados com o resultado final pretendido. Não deve desenvolver de uma forma exagerada actividades secundárias, pois desta forma as actividades principais serão prejudicadas e o plano carece de adequação. – III. Unidade O plano ao ser decomposto em vários planos específicos (técnico, financeiro, comercial,) não poderá perder a unidade. Pelo contrário, essa unidade deverá ser atingida através dos vários planos específicos, de modo a que qualquer modificação introduzida reflectir-se-à imediatamente no plano de conjunto. – IV. Continuidade A continuidade num plano só é possível se houver um anterior. Caso se verifique essa situação, o plano deve partir do anterior, de modo a mostrar uma conexão com o plano actual. A característica dinâmica da planificação torna-se imprescindível à continuidade. – V. Flexibilidade O plano deve poder adaptar-se às circunstâncias, pela inevitabilidade de surgimento de vários factores, os quais imprevistos à partida. A flexibilidade que significa ausência de rigidez não tem nada a ver com ambiguidade ou carência de objectivos. As alterações que normalmente surgem ao longo da execução do plano são: Alterações de prioridades 10 Alterações de prioridades Devido à alteração das circunstâncias iniciais, há necessidade de secundarizar os pontos essenciais previstos e traçar outros pontos que ocupem o lugar nas prioridades. Alterações de encadeamento Alterações de encadeamento A ordem do plano, definido à partida, poderá ser alterado. Poder-se-á ter em mente a seguinte ordem estabelecida: A, B, C, De acordo com as características poderá começar-se o plano por: B, C, A. Alterações de meios e processos de execução O plano deverá acompanhar o desenvolvimento da intervenção. Assim, se a introdução de novas máquinas ou equipamentos for mais rentável e possibilitar atingir mais facilmente os objectivos, estas máquinas ou equipamentos deverão ser introduzidos, independentemente de aquando da execução do plano não estarem previstos. Alterações de prazos de execução Prazos estabelecidos são ou ultrapassados ou não são atingidos devido a circunstâncias exógenas e/ou endógenas. Eliminação ou redução de amplitude de actividades anteriormente planeadas. Inclusão de novas actividades, devido por exemplo a uma complexificação ou agravamento de situações caracterizadas no diagnóstico ou surgidas sem estarem previstas. VI. PrecisãoPrecisão Consiste na especialização clara e completa dos objectivos, de modo a eliminar-se toda a ambiguidade que possa existir. 2.5. Características da planificação De acordo com Tavares (1990, p. 29) os elementos que caracterizam o processo de planeamento são os seguintes: É sempre voltado para o futuro; É um processo permanente, contínuo e dinâmico; Pretende a racionalidade da tomada de decisões: 11 Visa seleccionar, entre várias alternativas, um percurso de acção; Implica uma acção; Implica uma relação de causalidade entre a acção tomada e os resultados determinados É sistémico e de natureza multidisciplinar; É iterativo; É uma técnica de alocação de recursos; É um processo cíclico, em espiral; É uma técnica de mudança e inovação; É uma técnica para absorver a incerteza do futuro. 2.6. Níveis de planificação Os níveis de planificação são uma parte fundamental do processo de gestão, sendo essenciais para a organização e o alcance de objetivos em diferentes contextos, sejam eles empresariais, educacionais, governamentais ou outros. A compreensão dos diferentes níveis de planificação permite uma abordagem mais estruturada e eficaz na definição de metas e estratégias adequadas para cada nível hierárquico. De acordo com Tavares (1990, p. 29) No contexto empresarial, é comum identificar três níveis de planificação: estratégico, tático e operacional. O nível estratégico está relacionado com as decisões de longo prazo e envolve a definição da visão, missão, objetivos gerais e diretrizes da organização. No nível tático, as decisões estão mais relacionadas com a implementação das estratégias definidas no nível estratégico, considerando as áreas específicas da empresa. Já o nível operacional diz respeito às atividades do dia-a-dia da organização, envolvendo a execução das tarefas necessárias para atingir os objetivos definidos nos níveis estratégico e tático. 12 Conclusão Chegados a esta parte conclui-se que, a planificação é um processo fundamental em qualquer esfera da vida, seja pessoal, profissional ou organizacional. É a atividade de pensar, projetar e organizar as ações necessárias para alcançar um objetivo específico. Ao longo dos anos, a importância da planificação tem sido reconhecida em diversos campos, desde a gestão empresarial até o planejamento urbano, passando pela educação e até mesmo na vida cotidiana. Um dos principais benefícios da planificação é a capacidade de antecipar e mitigar problemas potenciais. Ao dedicar tempo e esforço para elaborar um plano detalhado, é possível identificar obstáculos antes mesmo de começarem a surgir e desenvolver estratégias para superá-los. Isso não apenas reduz a probabilidade de imprevistos, mas também aumenta a resiliência do projeto ou empreendimento, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz a desafios inesperados. Além disso, a planificação proporciona uma visão clara dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos. Seja dinheiro, tempo, mão-de-obra ou materiais, um plano bem elaborado ajuda a identificar e alocar os recursos de forma eficiente, evitando desperdícios e garantindo um uso mais eficaz dos recursos disponíveis. Isso é especialmente relevante em contextos empresariais, onde a otimização dos recursos é muitas vezes crucial para a competitividade e o sucesso. Outro aspecto importante da planificação é a sua capacidade de fornecer direção e foco. Ao definir metas claras e estabelecer um caminho para alcançá-las, um plano ajuda a manter todos os envolvidos no projeto alinhados e motivados. Isso é especialmente relevante em equipes grandes ou em projetos complexos, onde a coordenação e a comunicação eficazes são essenciais para o progresso. No entanto, é importante ressaltar que a planificação não é um processo estático. À medida que as circunstâncias mudam e novas informações se tornam disponíveis, é necessário revisar e ajustar o plano conforme necessário. Flexibilidade e adaptabilidade são qualidades igualmente importantes na execução de qualquer plano, permitindo responder de forma eficaz a mudanças inesperadas e aproveitar novas oportunidades à medida que surgem. 13 Referências bibliográficas BAPTISTA, Myriam Veras (1979). Planeamento- Introdução à Metodologia do Planeamento Social; 3ª. Edição, revista, Correia e Moraes, São Paulo. BAPTISTA, Myriam Veras (2003). Planejamento Social - intencionalidade e instrumentação, 4ª ed., São Paulo, Veras Editora GUERRA, Isabel Carvalho (2000), Fundamentos e Processos de Uma Sociologia da Acção: O Planeamento em Ciências Sociais, Cascais, Principia PEREIRA, Teresa Craveiro (1990), “Plano-processo no planeamento estratégico”, Sociedade e Território, p. 11-14 BRYSON, John M. (1988) Strategic Planning for Public and Nonprofit Organizations, San Francisco, Jossey-Bass GODET, Michel (1993) Manual de prospectiva estratégica, Lisboa, Publicações D. Quixote RAMOS, Laudemira e tal. (1987), Os Recursos Hídricos em Portugal – Proposta de um Modelo de Planeamento e Gestão (vol. I), s.l., SEARN.