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PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E INFORMAÇÕES EM SAÚDE FAMÍLIAR 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 PLANEJAMENTO FAMILIAR EM UNIDADE DE SAÚDE FAMÍLIA ........................... 3 ELABORAÇÃO DE PERFIS DE PLANEJAMENTO ................................................... 5 DIRETRIZES PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ....................................... 9 DESENVOLVIMENTO DE ROTEIROS PARA ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS ........................................................................................... 12 SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE PARA EQUIPES INTERDISCIPLINARES NA SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................................................................... 14 PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM UNIDADES COM EQUIPE MÍNIMA ................ 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 22 REFERÊNCIAS: ....................................................................................................... 23 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 PLANEJAMENTO FAMILIAR EM UNIDADE DE SAÚDE FAMÍLIA O planejamento familiar na Unidade de Saúde da Família necessita de adequações, não só para assegurar a qualidade do serviço prestado como também para assegurar direitos sexuais e reprodutivos. O planejamento familiar é um direito de mulheres, homens e casais e está amparado pela Constituição Federal, em seu artigo 226, parágrafo 7º, e pela Lei 9.263, de 1996, que o regulamenta. É primordial, assim, que a formação profissional proporcione o desenvolvimento de habilidades para a oferta de informação adequada em planejamento familiar, de modo a atender as necessidades dos clientes, sob a perspectiva dos direitos sexuais e reprodutivos, bem como a atualização contínua. A informação adequada em planejamento familiar é de fundamental importância, pois possibilita aos usuários exercer seus direitos, reconhecer métodos contraceptivos e fazer escolhas com autonomia. 4 Deve abranger orientações sobre métodos, assim como saúde sexual e reprodutiva. Além disso, os serviços de saúde devem dispor de métodos e técnicas para o controle da fecundidade. A oferta de métodos anticoncepcionais com vistas à escolha autônoma aponta para a necessidade de os serviços proporcionarem ampla gama de opções, para que os clientes possam escolher livremente, de forma segura e confiável, o método mais adequado, para os diferentes momentos de sua vida reprodutiva, de acordo com sua história de saúde e adaptação. Dificuldades para a efetiva implementação do planejamento familiar, no que se refere à informação e fornecimento de métodos anticoncepcionais, são verificadas em alguns municípios brasileiros. Essas dificuldades devem ser reconhecidas e transpostas para o efetivo uso desses serviços. Assim, delinear o panorama dessa assistência pode contribuir para o planejamento e programação das atividades, de modo a revisar prioridades, subsidiando a tomada de decisões e contribuindo para o alcance de melhores resultados em termos de impacto sobre a saúde sexual e reprodutiva da população. No Brasil, apesar de o planejamento familiar ser de responsabilidade de todos os níveis de atenção em saúde, é desenvolvido, principalmente, na Atenção Básica, através da Estratégia de Saúde da Família, que tem, dentre suas diretrizes, a participação comunitária, considerada fator que possibilita identificar e atender as necessidades das pessoas. Dessa forma, os clientes podem controlar as ações de saúde, potencializando a reconstrução de práticas, de modo a atender suas expectativas e necessidades, e, como consequência, desencadear a obrigatoriedade de os gestores avaliarem a qualidade da atenção oferecida. 5 Nessa perspectiva, no final da década de 1980, foi proposto um referencial teórico, no qual era indicada a caracterização, qualitativamente, da assistência oferecida em planejamento familiar. Compõem esse referencial teórico seis elementos de qualidade: a oferta e a livre escolha por métodos anticoncepcionais, a informação disponibilizada aos clientes, a competência técnica dos profissionais, as relações interpessoais entre clientes e profissionais, acompanhamento dos clientes que fazem uso de métodos e a integração do planejamento familiar ao atendimento em saúde reprodutiva. O planejamento familiar esta regulamentado pela Secretaria Municipal de Saúde, desde 1999, não são encontrados dados publicados que possibilitem análise do desenvolvimento de suas ações. Diante desse fato, questiona-se: quais ações de planejamento familiar são desenvolvidas no município, especificamente em Unidade de Saúde da Família? Os profissionais que atuam nesse contexto recebem capacitação? Quais informações e métodos anticoncepcionais são disponibilizados aos clientes desses serviços? Qual é a percepção dos profissionais sobre o serviço de planejamento familiar oferecido? Com o intuito de conhecer essa assistência em uma Unidade de Saúde da Família, segundo os profissionais de saúde, e levando em consideração os elementos de qualidade: oferta e livre escolha por métodos e informações, disponibilizadas aos clientes, sobre planejamento familiar, foram desenvolvido estudos para este fim. ELABORAÇÃO DE PERFIS DE PLANEJAMENTO Perfil de planejamento é uma descrição da situação da saúde das pessoas que vivem numa área geograficamente definida e que pode servir como referência para identificar as intervenções necessárias para melhorar essa situação, principalmente para as populações de baixa renda. 6 Como o processo de planejamento baseia-se no envolvimento e na contribuição concreta da população para elaboração de um plano de ação. Para isso, considere: ✓ As necessidades, estruturas, capacidades e envolvimento da população; ✓ o ambiente físico e socioeconômico; ✓ a disponibilidade de serviços de saúde, ambientais e sociais; ✓ a política de saúde do governo. A elaboração dos perfis de planejamento apresenta as seguintes características: ✓ Baseia-se nas necessidades identificadas pela população; ✓ é elaborado com base nas informações obtidas em diálogos estabelecidos entre os técnicos e membros da população; ✓ é preparado com o reconhecimento de que as populações, principalmente as urbanas, muitas vezes sofrem mudanças relativamente rápidas e, portanto, o perfil reflete a situação de determinado momento. Considerando que os perfis mudam. Nesses aspectos anteriormente mencionados, cabe dizer que esse método não é uma lista de verificação das informações de que se necessita paraa elaboração de um diagnóstico. Trata-se, sobretudo, de uma abordagem sobre o processo de obtenção de dados, que permite a produção de informações de forma participativa, embora incompletas, úteis para a identificação dos problemas e seus determinantes, para a definição das prioridades e das intervenções necessárias para a sua solução. As experiências, particularmente em áreas urbanas, sugerem que para se desenvolver um plano de ação consistente, o perfil de planejamento deve contemplar os seguintes blocos de informação que estão sintetizados no esquema seguinte: 7 A base da pirâmide é constituída pelas informações sobre as estruturas, interesses e capacidade de agir da população. Como o processo de planejamento baseia-se no envolvimento e na contribuição concreta da população para elaboração de um plano de ação, essas informações são necessárias para que se possa conhecer o quanto as lideranças, as organizações e as estruturas comunitárias são fortes ou fracas, procurando analisar o potencial de atuação delas. O segundo nível procura descrever os fatores socioeconômicos, sanitários e ambientais que influenciam a saúde da população. Portanto, as informações são necessárias para que se possa investigar os potenciais e as barreiras existentes para os melhoramentos comunitários. As informações sobre o ambiente físico procuram descrever as principais ameaças à saúde, buscando identificar fatores ambientais, tais como: poluição, superpopulação, áreas de desmoronamento, etc. As informações sobre os aspectos sociais focalizam-se nas crenças e valores que podem facilitar ou impedir mudanças de comportamento. Uma análise dos aspectos econômicos busca conhecer a renda, a escolaridade, o perfil de ocupação e as oportunidades econômicas dos vários grupos populacionais. O terceiro nível refere-se à obtenção de informações sobre a existência, a cobertura, o acesso e a aceitabilidade dos serviços, incluindo: serviços de saúde; serviços ambientais (como abastecimento de água, coleta de lixo, etc.) e serviços sociais (como creches, escolas e outros). 8 O quarto nível refere-se às políticas sociais formuladas pelos níveis nacional, estadual e municipal. Informações sobre essas políticas, em particular sobre as políticas de saúde, podem permitir avaliar se os governantes estão comprometidos com a atenção à saúde. Com apoio governamental forte, os melhoramentos nas condições de saúde da população podem contar com o respaldo necessário para avançar com mais rapidez e sem muitas resistências políticas. Podem dizer que esses quatro níveis de análise de uma realidade contemplam, por um lado, o levantamento dos problemas e necessidades da comunidade e, por outro, os recursos existentes e as intervenções em curso voltadas para satisfazer essas necessidades. 9 DIRETRIZES PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS A Estimativa Rápida é parte do processo de planejamento e, portanto, a definição das informações necessárias para subsidiar a elaboração de um plano de ação e o modo de obtê-las são parte crucial desse processo. A decisão sobre quais informações devem ser obtidas e como elas devem ser coletadas cabe à equipe local que está planejando. 10 Para definir quais informações são necessárias, é preciso fazer uma série de perguntas listando as variáveis capazes de refletir as condições de vida de um determinado território. Essas perguntas, que buscam refletir a situação local, devem ser formuladas durante uma oficina de preparação do trabalho de campo e devem referir-se apenas àquelas informações consideradas pertinentes. Para tal, devem-se considerar as seguintes diretrizes: ➢ Primeiramente, deve ser elaborada uma lista com as informações necessárias (perguntas sobre o território), baseada nos debates durante a oficina, feitos pela equipe que está planejando; se a res- posta a uma pergunta não contribui para o perfil de planejamento, então a pergunta não deve ser feita; ➢ a seguir, deve-se decidir sobre as fontes (entrevista, observação e/ ou registros existentes) que serão utilizadas para obtenção dessas informações. Pode-se coletar informações sobre os seguintes “temas”: • Composição da população (por sexo, por faixa etária); • organização e estruturas (grupos e suas relações); • capacidade de ação da população (mobilização, atuação conjunta, etc.). Informações sobre o ambiente (físico e socioeconômico) e o perfil de doenças • Ambiente físico: habitação, saneamento, ocupação do solo, pavimentação etc.; • ambiente socioeconômico: nível de escolaridade, renda, inserção no mercado de trabalho etc.; 11 • perfil de doenças: principais causas da morbimortalidade. Informações sobre os serviços • Serviços de saúde e ambientais: acessibilidade, cobertura, qualidade; • serviços sociais: creches, centros sociais, escolas, áreas de recreação, etc. Informações sobre a política de saúde • Vontade política; • evolução da política do governo local em relação à saúde e problemas a ela relacionados; • orçamentos. Após a definição das informações necessárias, deve-se construir um quadro contendo a informação e as possíveis fontes. Com base neste quadro, é possível identificar: • Documentos a serem examinados; • os temas que devem ser abordados nas entrevistas; 12 • o que deve constar no roteiro para observação da área. Desenvolvimento de roteiros para entrevistas semiestruturadas Em se tratando da entrevista semiestruturadas, atenção tem sido dada à formulação de perguntas que seriam básicas para o tema a ser investigado (TRIVINOS, 1987; MANZINI, 2003). Porém, uma questão que antecede ao assunto perguntas básicas se refere à definição de entrevista semiestruturada. Autores como Triviños (1987) e Manzini (1990/1991) têm tentado definir e caracterizar o que vem a ser um entrevista semiestruturadas. Para Triviños (1987, p. 146) a entrevista semiestruturadas tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Complementa o autor, afirmando que a entrevista semiestruturadas “[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas 13 também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]” além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987, p. 152). Para Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. Um ponto semelhante, para ambos os autores, se refere à necessidade de perguntas básicas e principais para atingir o objetivo da pesquisa. Dessa forma, Manzini (2003) salienta que é possível um planejamento da coleta de informações por meio da elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os objetivos pretendidos. O roteiro serviria, então, além de coletar as informações básicas, como um meio para o pesquisador se organizar para o processo de interação com o informante. A natureza das perguntas básicas para a entrevista semiestruturada também foi estudada por ambos os autores (TRIVIÑOS, 1987; MANZINI, 1995, 2001, 2003). Ao se referir aos tipos de perguntas na entrevista semiestruturada, (TRIVIÑOS, 1987, p. 150) faz uma diferenciação embasada no tipo de vertente teórica: fenomenológicaou histórico-estrutural (dialética). Embora os registros existentes possam fornecer dados quantitativos sobre as condições de vida de uma população, os dados qualitativos são essenciais para fins de planejamento. Os primeiros, muitas vezes, mascaram as diferenças existentes na comunidade e por certo não acentuam em profundidade os problemas de grupos específicos. As entrevistas semiestruturadas com informantes-chave podem ser a base para se preparar um plano fundamentado nos problemas percebidos pela população, procurando garantir o envolvimento desta na proposição das soluções. Uma entrevista semiestruturada é um diálogo orientado e conduzido de maneira suficientemente informal para que o informante possa introduzir assuntos ou aspectos que o entrevistador não esperava. 14 SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE PARA EQUIPES INTERDISCIPLINARES NA SAÚDE DA FAMÍLIA As mudanças ocorridas no setor saúde nas últimas décadas exigiram uma busca de novos modelos de assistência e informação (Moraes e Santos, 2001). Na atenção à saúde, as informações são imprescindíveis para o atendimento individual e coletivo, podendo gerar políticas específicas para a formulação de planos e de programas, contribuindo no apoio aos processos de gestão (Mota e Carvalho, 2003). A informação é ainda em uma ferramenta essencial para a operacionalização e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), na perspectiva de avaliação, monitoramento e planejamento das ações. A partir do reconhecimento da importância da informação em saúde, das limitações do sistema do município e da necessidade de melhorar o planejamento, foi composto um grupo de profissionais para desenvolver um sistema de informação específico, que agregasse as informações produzidas pelas equipes interdisciplinares que atuaram na ESF. Inicialmente, foram elaborados formulários com variáveis sobre local, data e ano da coleta de dados; perfil epidemiológico da clientela assistida pelas equipes, com 15 informações sobre a faixa etária e os problemas de saúde e/ou sociais encontrados no território. Os instrumentos continham ainda o registro de atividades, procedimentos, encaminhamentos e agravos de notificação. Consideramos um avanço a busca de dados sobre as questões sociais, visto que as informações em saúde são produzidas a partir do registro de patologias do indivíduo, refletindo a influência do paradigma biomédico. Posteriormente, buscando garantir a correta utilização desses formulários de coleta de dados, foram elaborados manuais contendo orientações para o seu preenchimento, os quais acompanhavam a descrição das características que compunham o perfil da clientela e os exemplos de casos com as situações que os profissionais poderiam encontrar rotineiramente em seu processo de trabalho nas áreas descentralizadas de saúde. Após a criação do formulário de coleta, um software foi desenvolvido pela equipe de Informática do Município. O sistema operacional utilizado foi o Linux, linguagem PHP, banco de dados porte POSTGRESQL, que ficou hospedado em um servidor web APACHE. O sistema criado foi denominado, em princípio, SINAI (Sistema de Informação dos Núcleos de Atenção Integral). A opção da hospedagem do sistema na web facilitou o seu uso em qualquer lugar do município ou do Brasil. Os profissionais do NAISF que participaram da elaboração do instrumento foram convidados a participar também de grupos de estudo para conhecerem o sistema: sua função, seu processamento e a disseminação das informações e como isso poderia contribuir para o efetivo funcionamento do SINAI. Segundo Willmer (1992), é necessário que exista um interesse pela informação para que haja incentivo na coleta. A informação deve ser precisa, completa e recebida com regularidade (Moraes e Santos, 2001). O gerenciamento do sistema de informações no nível municipal deveria ocorrer próximo do acontecimento do evento, possibilitando o emprego de técnicas de controle para melhorar a qualidade da informação (Almeida e Alencar, 2000). Desse modo, a coleta de dados e o preenchimento do instrumento eram realizados pelos profissionais do NAISF e enviados mensalmente para a Secretaria da Saúde e 16 Ação Social do município. Após o recebimento dos formulários de coleta, realizava- se a entrada de dados no sistema, o controle de erros e inconsistências. Depois, eram emitidos relatórios com os dados consolidados, que possibilitavam a análise e a avaliação das ações. Esse processo tinha a participação de gerentes e profissionais da Secretaria de Saúde e Ação Social, preceptores e residentes da Escola de Saúde da Família e equipes da ESF. Uma das preocupações na disseminação das informações era garantir o feedback entre os que produziam e os que processavam as informações. Ver Figura 1 O princípio básico para o desenvolvimento de um sistema de informação é reconhecer que por meio dele não é possível atender a todas as demandas, sendo necessário priorizá-las (Laguardia e col., 2004). A conservação de bons registros constitui um componente crítico no esforço de garantir a qualidade do serviço (Donabedian, 1992). A informação isolada não é solução de problemas; no entanto, poderá subsidiar http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902007000100015&lang=pt#f1 17 discussões junto às equipes sobre o que está sendo produzido na rede (Scochi, 1994). A incorporação da informação produzida auxilia na definição de prioridades e organização do sistema local de saúde em consonância com os recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis (Cohn e col. 2005). Um Sistema de Informação em Saúde deve responder a questões objetivas sobre a utilidade do registro da informação, quem a utiliza e como ela é utilizada, e por quanto tempo será útil (Moraes, 1994). Nessa conjuntura, buscaram selecionar as principais utilidades do sistema para os profissionais de saúde inseridos nos núcleos: gestores, equipes do Saúde da Família e usuários dos serviços. A modalidade de atividade física registrava as informações específicas sobre seus procedimentos realizados na ESF, como: ➢ Grupos temáticos (idosos, obesos, ginástica, alongamento, atividades de lazer/recreação, entre outros), além de atividades educativas. 18 A modalidade de reabilitação registrava informações específicas sobre problemas neuro-funcionais (Acidente Vascular Cerebral, Traumatismo raquimedular, Síndrome de Down, etc); cinético-funcionais (artrite, artrose, LER/DORT, alterações posturais, traumas por acidente de trânsito, etc.); infecções respiratórias, déficit cognitivo, necessidades do uso de próteses e órteses, além de problemas relacionados a habitação e desemprego, que podem fazem parte da reabilitação do indivíduo na sociedade. A modalidade de Saúde Mental registrava informações específicas sobre violência doméstica, alcoolismo, dependência química, transtorno de ansiedade, depressão, problemas relacionados ao trabalho, conflitos familiares, maus-tratos, etc. A modalidade de Alimentação e Nutrição registrava informações específicas sobrepeso, risco nutricional, nutrição enteral, avaliação nutricional, entre outros. Resumidamente, todas as modalidades registravam informações sobre o perfil de sua clientela, procedimentos realizados e encaminhamentos. Algumas modalidades, como a reabilitação registrava notificações sobre alterações ortopédicas congênitas e pessoas restritas ao leito (por alguma imobilidade funcional). Os encaminhamentos contemplavam os serviços de atenção secundária e terciária do município, além de serviços/profissionais de outros setores, como habitação e educação, buscando a integralidade de diversos setores do município. As informações sobre local, faixa etária e os problemas de saúde e/ou sociais encontrados no territórioeram importantes na análise da situação de saúde do município. A partir do SINAI foi possível desenvolver indicadores de saúde, avaliar quais os principais problemas de saúde encontrados no território, os problemas mais comuns em cada faixa etária, quais os encaminhamentos realizados e os procedimentos adotados pelos profissionais para resolver os problemas encontrados nos territórios da ESF. O monitoramento e a avaliação das ações desenvolvidas na ESF foram importantes na avaliação da eficácia e da efetividade das ações. É possível tomar como exemplo, uma modalidade que apresentava como demanda uma considerável clientela com problemas de sobrepeso. 19 O procedimento a ser realizado pelos profissionais do NAISF neste caso deveria ser apenas visita domiciliar com orientação nutricional? Há necessidade de integrar outros profissionais, como o educador físico? Psicólogo? Ou outros profissionais da ESF? A causa do sobrepeso estaria relacionada com problemas biológicos e emocionais? Essa clientela poderia participar de uma orientação nutricional coletiva ou grupos de auto-ajuda? Essas questões eram pontos fundamentais para o planejamento das ações dessas categorias profissionais na ESF, pois o SINAI buscava a identificação das relações bio-psico-sociais que poderiam determinar ou influenciar o sobrepeso. Deste modo, o SINAI se propunha a registrar as atividades que contemplassem o indivíduo integralmente e nos seus diversos ciclos de vida, bem como a integralidade das ações dos profissionais de saúde. O sistema contribuía para a organização, a avaliação e o planejamento do serviço; produção e disseminação do conhecimento. A informação não é gerada apenas pela consolidação de dados e construção de indicadores, e sim, pela nossa capacidade de avaliar a situação a partir dessas informações (Penna, 2006). Na organização do serviço, a longo prazo, o SINAI poderá dar suporte ao planejamento da rotina de ações dos profissionais, facilitar o conhecimento de alguns aspectos do perfil da clientela, referência e contra-referência, buscando a integralidade das ações. A incorporação da avaliação como prática sistemática poderá propiciar informações relevantes para a definição de estratégias (Silva e Formigli, 1994). O sistema será importante para a avaliação do processo de trabalho e planejamento, juntamente com as informações sobre as necessidades de saúde encontradas pelos profissionais que atuam nos territórios. 20 No que se refere à produção e à disseminação do conhecimento, o SINAI disponibilizará dados para pesquisas; poderá contribuir na definição do papel específico de cada categoria na ESF e na implantação dessa política de atenção integral no nível local e até mesmo nacional. Ao priorizar a atenção básica, o PSF não faz uma opção econômica pelo mais barato, nem técnica pela simplificação, nem política por qualquer forma de exclusão. A tecnologia, é bom que se reafirme, é uma conquista que o setor saúde entende como fundamental para o sistema, mas que vem sendo utilizada de forma excludente, deixando de fora boa parcela da população. O PSF não é uma peça isolada do sistema de saúde, mas um componente articulado com todos os níveis. Dessa forma, pelo melhor conhecimento da clientela e pelo acompanhamento detido dos casos, o programa permite ordenar os encaminhamentos e racionalizar o uso da tecnologia e dos recursos terapêuticos mais caros. O PSF não isola a alta complexidade, mas a coloca articuladamente a disposição de todos. Racionalizar o uso, nesse sentido, é democratizar o acesso. PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM UNIDADES COM EQUIPE MÍNIMA Já os profissionais inseridos em unidades que contêm em seu quadro de funcionários apenas a equipe mínima do PSF mostraram sentir mais dificuldades, pois a falta de outros profissionais gera sobrecarga e dificulta o trabalho na unidade de saúde. Alguns deles referiram-se ao acolhimento como algo que, também pela falta de profissionais, não é feito na unidade. Profissionais como o nutricionista e o farmacêutico foram citados como de grande importância na atividade de acolhimento: Pela falta do profissional, a gente acaba fazendo muito. E não tem preparo pra isso, às vezes, meio que acaba atendendo. A saúde, como um processo dinâmico e complexo, inserido nesta realidade, demanda reflexões interdisciplinares. Neste sentido, consta que, em unidades locais de saúde que contam apenas com os profissionais da equipe mínima, capacitados sobretudo para lidar com os aspectos orgânicos, o usuário geralmente não pode ser atendido 21 em todas as suas necessidades, pois estas ultrapassam a concepção biologicista de saúde, abrangendo todas as áreas da vida da pessoa que procura o atendimento. Cabe ressaltar que a maioria dos entrevistados mostrou ter uma concepção ampliada de saúde, trazendo preocupações e colocações acerca dos contextos cultural, social, emocional e econômico dos usuários, inclusive associando-os ao fator biomédico. O saber interdisciplinar dá condições ao profissional de saúde de perceber o homem como um todo, necessitando, assim, de uma visão mais ampla, que ultrapasse a sua especificidade profissional, e que caminhe na direção da compreensão das implicações sociais decorrentes de sua prática. Esta mudança acarreta o fim da hegemonia de alguns saberes sobre outros, principalmente do saber médico, tão valorizado na concepção biológica do processo saúde-doença. 22 Considerações Finais O SINAI contempla informações relevantes que poderá possibilitar o desenvolvimento de indicadores para as diversas categorias profissionais que estão nos NAISF, assegurando a produção de dados epidemiológicos necessários para o processo de controle, monitoramento, avaliação e planejamento das ações das equipes interdisciplinares que atuam na ESF. Acreditamos que o SINAI contribuiu para a definição de ações gerais e específicas das categorias que compõem os Núcleos, bem como na construção de uma política de integração de diversas categorias profissionais no Saúde da Família. Um dos principais desafios do sistema é garantir a confiabilidade das informações e a construção de indicadores sociais, de saúde e integralidade. Acreditamos que seja necessário desenvolver mecanismos de avaliação da cobertura, da acessibilidade, da eficácia, da efetividade e do impacto das ações dessas novas categorias na ESF. Como desafio, consiste em aprimorar a qualidade da informação, garantir o feedback entre os que produzem e processam os dados, publicar periodicamente boletins com informações atualizadas, desenvolver pesquisas e, principalmente, auxiliar na construção da integralidade da atenção. 23 REFERÊNCIAS: ALMEIDA, M. F.; ALENCAR, G. P. Informações em saúde: necessidade de introdução de mecanismos de gerenciamento de sistemas. Informe Epidemiológico do SUS. v. 4 n. 1, p. 241-249, 2000. [ Links ] BRANCO, M. A. F. Sistemas de informação em saúde no nível local. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 2, n.12, p. 267-270, abr./jun. 1996. [ Links ] BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1065/GM, de 4 de julho de 2005. Cria os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família, com a finalidade de ampliar a integralidade e a resolubilidade da Atenção à Saúde. Disponível em <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005 /GM/GM-1065.htm>. Acesso em: 10 mar. 2007. [ Links ] COHN, A.; WESTPHAL, M. F.; ELIAS, P. E. Informação e decisão política em saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 1, n. 39, p. 114-121, 2005. [ Links ] DONABEDIAN, A. Garantia y monitoría de la calidad de la atención médica: perspectivas em salud publica. Cuemavaca, Morelos: Instituto Nacional de Salud Publica, 1992. [ Links ] LAGUARDIA, J. etal. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN): desafios no desenvolvimento de um sistema de informação em saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 3, n. 13, p. 135-147, 2004. [ Links ] MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 1990/1991. MANZINI, E.J. 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