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SUMÁRIO NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 5/2023 – TERRITÓRIO BENGUÍ 2 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 1/2023 - TERRITÓRIO CABANAGEM 12 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 6/2023 – TERRITÓRIO GUAMÁ 21 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 4/2023 - TERRITÓRIO ICUÍ-GUAJARÁ 32 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 2/2023 - TERRITÓRIO JURUNAS 46 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 3/2023 - TERRITÓRIO TERRA FIRME 56 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 5/2023 – TERRITÓRIO BENGUÍ[footnoteRef:1] [1: Trabalho realizado como atividade de estágio de Erik Gustavo Silva de Freitas pelo Projeto Meu Endereço Certo, com orientação da Prof. Dra. Luly Fischer e da Prof. Myrian Cardoso. Com financiamento SECTET/PA.] 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO A área onde hoje está localizado o bairro do Benguí advém da antiga Fazenda de Val-de-Cans. A área dessa fazenda englobava parte do que são hoje os bairros de Val-de-Cães, Mangueirão, Pratinha, São Clemente, Parque verde, Cabanagem, parte do Tapanã e Benguí. A ocupação da área do Benguí teve seu início recentemente, em comparação com outros bairros de Belém. A formação do bairro teve origem no início da década de 1970, quando houve uma intensa expansão urbana em Belém e com a chegada de algumas famílias advindas da área do bairro da Cremação, de uma área conhecida como “invernada”, para que fosse construído um “quartel do Corpo de Bombeiros Militar nesse local”[footnoteRef:2]. Mesmo antes disso, essa área já era utilizada pela Polícia Militar para pastagens de animais de cavalarias e alguns grupos de famílias que tentavam fixar moradia no local, até seus remanejamentos para o bairro do Benguí[footnoteRef:3]. [2: CAMPOS DA SILVA, Maria do Carmo. Regularização Fundiária de Assentamentos Urbanos Informais: Fator de fixação de população de baixa renda ou promoção do mercado imobiliário formal? O caso do assentamento Benguí – Etapa 2, Belém-PA. Belém, 2019, p. 106.] [3: CAMPOS DA SILVA, Maria do Carmo. Regularização Fundiária de Assentamentos Urbanos Informais: Fator de fixação de população de baixa renda ou promoção do mercado imobiliário formal? O caso do assentamento Benguí – Etapa 2, Belém-PA. Belém, 2019, p. 106.] Assim, no fim da década de 70, ocorre a ocupação do bairro sob a chancela da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área metropolitana de Belém (CODEM), havendo a chegada de inúmeras famílias cadastradas pela Comissão de Bairros de Belém (CBB) e apresentadas ao Governo do Pará como forte pressão popular para a garantia de moradia digna[footnoteRef:4]. Após isso, houve uma intensa ocupação espontânea do espaço nos lotes adjacentes, até o quase esgotamento dos lotes desse território. Vejamos as imagens a seguir, que demonstram a evolução da ocupação deste bairro ao longo dos anos. [4: CAMPOS DA SILVA, Maria do Carmo. Regularização Fundiária de Assentamentos Urbanos Informais: Fator de fixação de população de baixa renda ou promoção do mercado imobiliário formal? O caso do assentamento Benguí – Etapa 2, Belém-PA. Belém, 2019, p. 106.] Evolução do processo de ocupação do bairro Benguí - 1972, 1977, 1998 e 2018. Fonte: CODEM (CD evolução urbana de Belém:1972, 1977, 1998 e 2018); Google Earth Pro (2018). O bairro do Benguí pertence à Segunda Légua Patrimonial de Belém, tendo sido reconhecido pela Lei Municipal 7.806/1996, pertencente ao Primeiro Ofício, que na planta de localização do mapa a seguir é representado pela área em amarelo. Em 1978, a CODEM adquiriu de Maria de Nazaré Lobato de Oliveira e outros uma extensa área que envolve quase a metade da área do bairro do Benguí, representada na cor rosa. Portanto, pode-se dizer que a domínialidade das áreas representadas nessa cor pertence ao município, organizada por intermédio da CODEM. Em laranja, o mapa demonstra uma grande área, que cobre metade do bairro, assinalada como “Fundação Eunice Weaver”. O mapa a seguir demonstra preliminarmente a situação fundiária e registral do bairro do Benguí. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. Dentro da divisão político-administrativa de Belém, o bairro do Benguí está inserido em um distrito administrativo próprio: o DABEN (Distrito Administrativo do Benguí), da qual também fazem parte outros bairros de Belém. Além disso, podemos observar outra caracterização do bairro: a linha tracejada em azul indica a área considerada Zona Especial de Interesse Social, a chamada ZEIS. Prevista a partir do Art. 101 ao Art. 107, da Lei Nº 8.655 de julho de 2008, que dispõe sobre o Plano Diretor do município de Belém, a ZEIS é uma demarcação administrativa que indica a necessidade de tratamento diferenciado, “para viabilizar ações de urbanização, regularização fundiária e habitação, e permitir a melhoria das condições para a permanência da população local” (Art. 101, Plano Diretor de Belém)[footnoteRef:5]. Dessa forma, os lotes demarcados pela ZEIS terão tratamento especial, visando melhorar a circulação, as infraestruturas básicas, implementação de políticas públicas de habitação, etc. Vejamos no mapa a seguir a divisão das Zonas presentes no bairro do Benguí. [5: BELÉM. Lei nº 8.655, de 30 de julho de 2008. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Belém, e dá outras providências. p. 66.] . Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. As Zonas de Ambiente Urbano previstas no Plano Diretor, além de realizar uma análise sobre a área voltada para a infraestrutura, formas de utilização majoritárias do solo, definindo inclusive objetivos a serem alcançados em cada espaço, como dito anteriormente, também delimita regras para lotes dessa região. Cada Zona possui parâmetros urbanísticos diferentes dentro dos tópicos possíveis definidos pela Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), Lei Nº 02 de 1999. De maneira semelhante à ZEIS, as Zonas do Ambiente Urbano também foram delimitadas pelo Plano Diretor de Belém e definem necessidades e especificidades em padrões paisagísticos, problemas e potencialidades de cada área. É possível observar no mapa anterior a presença, sobre o bairro do Benguí, em amarelo, a presença da Zona de Ambiente Urbano 4 (ZAU 4)[footnoteRef:6]. De acordo com a legislação, essa área tem como objetivo complementar a infraestrutura básica, garantir a integração da malha viária, promover a ocupação habitacional e fortalecer os núcleos industriais existentes. Essas previsões e criações de objetivos pelo município de Belém são de extrema importância, pois guiarão as tomadas de decisões do poder público. [6: BELÉM. Lei nº 8.655, de 30 de julho de 2008. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Belém, e dá outras providências. p. 51. ] 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Conforme visto anteriormente a área do bairro do Benguí possui alta densidade demográfica, em que se constituíram diferentes formas de apropriação territorial, seja por propriedade[footnoteRef:7], posse[footnoteRef:8] ou detenção[footnoteRef:9]. [7: A propriedade sobre o lote é um direito fundamental protegido pela Constituição da República em seu Art. 5º, inc. XXIII. Este instituto também é previsto no Código Civil, em seu art. 1.228: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. Doutrinariamente, se entende que quem reunir estas faculdades terá a propriedade plena sobre o lote.] [8: 8 Aquele que possuir domínio, no mundo real, sobre o lote ou a coisa, será denominado possuidor. Normativamente, o art. 1.196 do Código Civil nos mostra que possuidor seria “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. ] [9: 9 De acordo com o art. 1.198, do Código Civil, “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. É o caso, por exemplo, do caseiro,que é designado a guardar a propriedade para outra pessoa.] Dentre os documentos analisados no bairro do Benguí, foram encontrados 32 tipos de documentação pelos moradores cadastrados no projeto Meu Endereço certo para comprovar uma relação jurídica com o lote ocupado. Vejamos a lista de modelos de documentos que foram apresentados pelos solicitantes: Tipos de Documentos Apresentados - Recibo De Compra e Venda. - Instrumento particular de Contrato de Promessa de Aforamento do Terreno (Fundação Wearver). - Contrato Particular de Compra e Venda. - Declaração de Doação de Benfeitoria. - Declaração de Compra e Venda. - Escritura Particular de Compra e Venda de Benfeitorias e Cessão e Transferência de Direitos de Posse e Preferência à Compra do Terreno. - Promessa de Compra e Venda. - Conta de Luz. - Recibo de Quitação de Débito de Compra e Venda. - Escritura Particular de Construção. - Declaração de Residência da Associação dos Moradores do Benguí (AMOB). - Concessão de Uso (COHAB). - Declaração de Propriedade. - Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel. - Declaração de Posse de Benfeitoria. - Matrícula de Benfeitoria Aforada pela CODEM. - Declaração de Doação. - Recibo de Quitação de Débito de Compra e Venda. - Recibo de Compra Venda de Benfeitoria. - Termo de Cessão de Transferência de Direito. - Escritura Particular de Compra e Venda. - Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento (CODEM). Termo de Cessão e Transferência. - Termo de Acordo para posse de benfeitoria em caso de divórcio. - Declaração de Quitação. - Contrato de Compra e Venda de parte de Terreno. - Recibo de Cessão e Transferência dos Direitos de Posse. - Certidão de Cadastro Imobiliário. - Declaração de Construção. - Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda e Cessão de Direitos Hereditários. - Contrato de Doação de Imóvel. - Escritura Particular de Declaração de Construção. Vejamos alguns exemplos de documentos apresentados pelos moradores: Dos documentos citados na tabela anterior, aqueles que podem comprovar unicamente a posse estão listados na tabela a seguir: Documentos que Comprovam Posse: - Recibo De Compra e Venda. - Instrumento particular de Contrato de Promessa de Aforamento do Terreno (Fundação Wearver). - Termo de acordo para posse de benfeitoria em caso de divórcio. - Declaração de Compra e Venda. - Escritura Particular de Compra e Venda de Benfeitorias e Cessão e Transferência de Direitos de Posse e Preferência à Compra do Terreno. - Promessa de Compra e Venda. - Conta de Luz. - Recibo de Quitação de Débito de Compra e Venda. - Escritura Particular de Construção. - Declaração de Residência da Associação dos Moradores do Benguí (AMOB). - Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel. - Declaração de Posse de Benfeitoria. - Declaração de Doação. - Declaração de Quitação. - Recibo de Cessão e Transferência dos Direitos de Posse. - Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda e Cessão de Direitos Hereditários. - Escritura Particular de Declaração de Construção. - Declaração de Construção. Para que servem, então, esses documentos que o ocupante tem? Podem servir para comprovar tempo de posse com fins de regularização fundiária e também para usucapião dos terrenos. A usucapião, prevista constitucionalmente, é um instituto do direito brasileiro voltado para a proteção dos direitos à habitação e à afirmação da função social da terra. Assim, nos casos analisados em que há comprovantes de posse ininterrupta, sem o posseiro ter outra propriedade, e passando, no mínimo, 5 anos na área desejada, poderá solicitar a propriedade do terreno por meio da usucapião. É claro que existem limitações e particularidades caso a caso que deverão ser estudadas para que se avalie a possibilidade deste direito, mas de forma geral, levando em consideração que quase todo o território do bairro do Benguí possui dominialidade de cunho particular, haverá alta probabilidade de se conseguir a usucapião. No quadro a seguir, veremos os modelos de documentos apresentados que podem garantir a propriedade dos imóveis. A grande maioria dos modelos apresentados deverão passar pelo registro no Cartório de Imóveis, pois a mera existência do documento não garante direito real sobre o imóvel sem que este esteja lavrado. Portanto, para que haja a propriedade de fato sobre o imóvel, é necessário que se leve ao Cartório de Registro de Imóveis, visando a formalização deste direito perante o tabelião responsável. Tipos de Documentos que podem comprovar propriedade: Requisitos para comprovar a propriedade plena - Contrato Particular de Compra e Venda. Registro no Cartório de Imóveis - Declaração de Doação de Benfeitoria. Registro no Cartório de Imóveis - Escritura Particular de Compra e Venda. Registro no Cartório de Imóveis - Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento (CODEM). Registro no Cartório de Imóveis - Termo de Cessão e Transferência. Registro no Cartório de Imóveis - Declaração de Propriedade. Registro no Cartório de Imóveis - Matrícula de Benfeitoria Aforada pela CODEM. Registro no Cartório de Imóveis - Termo de Cessão de Transferência de Direito. Registro no Cartório de Imóveis - Contrato de Compra e Venda de parte de Terreno. Registro no Cartório de Imóveis - Certidão de Cadastro Imobiliário. Registro no Cartório de Imóveis - Contrato de Doação de Imóvel. Registro no Cartório de Imóveis Por fim, foi encontrado também um documento que pode comprovar direito real de uso sobre o imóvel correspondente. Da mesma forma que os documentos que podem comprovar propriedade, os documentos abaixo listados podem garantir a propriedade sobre o terreno mediante Registro no Cartório de imóveis. Tipos de documentos que podem comprovar direito real de uso: Requisitos para comprovar a propriedade plena - Concessão de Uso (COHAB). Registro no Cartório de Imóveis ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ANTENDIMENTO: ______________________________________ Belém, Pará 2023 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 1/2023 - TERRITÓRIO CABANAGEM 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO Em consulta formulada ao ITERPA sobre as informações fundiárias existentes na autarquia sobre os bairros que integram o Projeto Meu Endereço, foi informado que incide sobre a área a colônias estaduais Val-de-Cães e Ariri-4. Não foi detalhada a situação fundiária e jurídica das colônias: se decorrente da doação de terras devolutas para fins colonização no eixo da estrada de ferro Belém-Bragança, se decorrente de procedimento arrecadatório sumário (art. 28 daLei 6.383/76), ou ainda se a área recebeu a denominação de colônia, mas de fato trata-se de uma área que foi objeto de regularização fundiária, com titulação avulsa, sem prévio procedimento arrecadatório. Em complemento, no caso da Colônia Val-de-Cães em 1907 porção da fazenda onde hoje é bairro da Cabanagem corresponde ao desmembramento ocorrido em 1907, quando parte dela foi cedida ao Governo do Estado do Pará para implantar um projeto de colonização denominado Colônia Agrícola Val-de-Cães, empreendimento que tinha por objetivo colonizar o entorno da Estrada de Ferro Belém-Bragança[footnoteRef:10]. [10: VENTURA NETO, Raul da Silva; MESQUITA MOURA, Beatriz. Das linhas (in)visíveis da Fazenda Val-de-Cães aos muros e condomínios fechados da Nova Belém. 2021, p. 5.] Ainda, segundo mapas da Colônia Val (Instituto de Terras do Pará), alguns lotes de Val-de-Cães passaram a ser de propriedade disponibilizados pelo ITERPA a particulares (Imagens 10 e 11). Assim, compreende-se que a partir de 1907, a maior parte do que hoje é o bairro da Cabanagem foi desapropriada em nome do Governo do Estado do Pará. Fonte: ITERPA, 1975. É importante destacar que no plano fundiário a área originalmente estadual está sobreposta parcialmente com outra matrícula, de dominialidade da CODEM, denominada 2ª légua patrimonial, o que indica a possibilidade de titulação sobre áreas estaduais, ou mesmo já privatizadas, conforme pode ser visto no mapa a seguir, com sobreposição das glebas. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. É importante destacar que o bairro da Cabanagem está localizado entre zonas de grande crescimento econômico do setor imobiliário que passaram por diversas modificações ao longo do tempo, a exemplo do seu bairro vizinho conhecido como parque verde. A Cabanagem faz limite com os bairros de Belém: Coqueiro, Una, Mangueirão e Parque Verde, suas peculiaridades são relevantes para a análise geral, pois existem disparidades em relação ao padrão e classe social dos indivíduos localizados nesses diferentes bairros, visto que o próprio parque verde tem a presença mais preponderante do mercado privado e seus investimentos (shopping, condomínio, escolas, supermercados, lavanderias). Fonte: ITERPA, 1979; Google Earth, 2020. Elaboração: a autora, 2021 O bairro é definido em sua maioria, pelo Plano Diretor, como ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), que nada mais são do que as áreas que podem e estão cumprindo a função de habitação para as populações presentes que necessitam de um maior amparo na regularização fundiária e habitação. Fato esse, que permite a permanência da população ao garantir os direitos e seguridade social dessas pessoas contidos no plano diretor. As Zonas de Ambiente Urbano previstas no Plano Diretor, além de realizar uma análise sobre a área voltada para a infraestrutura, formas de utilização majoritárias do solo, definindo inclusive objetivos a serem alcançados em cada espaço, como dito anteriormente, também delimita regras para lotes dessa região. Cada Zona possui parâmetros urbanísticos diferentes dentro dos tópicos possíveis definidos pela Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), Lei Nº 02 de 1999. De acordo com o zoneamento municipal de Belém, o bairro da Cabanagem está localizado na Zona de Ambiente Urbano (ZAU) 4, a qual “caracteriza-se por ter uso predominantemente residencial, atividades econômicas dispersas, presença de núcleos industriais, carência de equipamentos públicos, infraestrutura não consolidada, terrenos subutilizados ou não utilizados, com ociosidade de grandes áreas, incidência de loteamentos destinados à classe média alta e ocupações precárias”[footnoteRef:11]. Isto pode ser aferido no mapa a seguir, que demonstra a divisão do zoneamento pelo território do bairro. [11: BELÉM, Prefeitura Municipal de. Lei no 8.655, de 30 de julho de 2008. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Belém, e dá outras providências. 2008.] Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Os títulos de posse que foram encontrados em nossa análise não constituem domínio real sobre as propriedades em questão, ao passo que, a situação de fato só passará a existir quando o governo emitir os respectivos títulos para que os efeitos jurídicos possam se perpetuar. Podendo ser pela legitimação do título de posse anterior para converter em nova situação jurídica que siga as exigências estabelecidas em legislações competentes. Por este motivo, as considerações levantadas anteriormente e posteriormente, dependem dos institutos que fazem a legitimação referente aos títulos de posse (Instituto de terras do Pará - ITERPA). A análise a seguir corresponde ao estudo da documentação apresentada pelos ocupantes ao projeto Meu Endereço Certo (UFPA/SECTET) e visa explicar quais situações configuram posse[footnoteRef:12], propriedade[footnoteRef:13] ou detenção[footnoteRef:14], bem como apresentar os encaminhamentos para que os direitos reais possam ser exercidos em sua completude por meio de regularização. [12: É a conduta do indivíduo perante o objeto a sua disposição, especificamente relacionado a propriedade (urbana ou rural) e depende de como o proprietário age em função da coisa. Ou seja, posse é o exercício utilizado por todo aquele que age como se de fato fosse o proprietário, pois tem para si o exercício da coisa. Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.] [13: Propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar (servir-se diretamente da coisa, utilizando-a como lhe convir), gozar (servir-se indiretamente da coisa, retirar os frutos e utilizar os produtos), dispor (alienar ou consumir, fazendo o que quiser com a coisa) e reaver de seu bem (reivindicar) de quem injustamente o possua.] [14: De acordo com o art. 1.198, do Código Civil, “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. É o caso, por exemplo, do caseiro, que é designado a guardar a propriedade para outra pessoa.] TIPO DE TERMO POSSE PROPRIEDADE Termo de ocupação X Instrumento particular de compra e venda X Instrumento particular de doação X Recibo de compra e venda X Recibo de doação X Ainda que os documentos acima não sejam provas de propriedade, é possível, por meio da regularização, ampliar seus efeitos jurídicos, bem como, conforme explicaremos a seguir, levá-los a registro para constituir ou reconhecer direitos reais aos atuais ocupantes. Tipo de termo Fragilidade Procedimento a ser adotado Termo de ocupação - Não garante posse real. - Garantia de ocupação ao titular. - Não pode ser comercializado. - LEI No 6766/79. Art.26. Instrumento particular de compra e venda/doação. - Confirmar apenas uma relação de troca. - Transferência de posse. - Formalização mediante escritura pública (privado). - Formalização por ato do Estado em áreas (públicas). Recibo compra e venda/doação. - Breve comprovação da aquisição por meio da documentação. - Necessita do reconhecimento de escritura pública. - Localização de quem era o antigo proprietário da área para fins de regularização. - Caso seja área (pública), recorrer aos órgãos reguladores citados anteriormente. Podemos enxergar a existência de documentos de autorização para fins de ocupação emitido pelos representantes do Estados (ao se tratar de áreas públicas) e de distribuição de atos para fins de registro futuro (propriedades em áreas privadas) nos documentos de atos acessórios. Percebe-se também que os atos do poder público não se tratam de um título de garantia para posse da terra, mas sim de um meio para que se possa agrupar as informações necessárias e dar andamento a tais procedimentos. Mesmo que não seja um objeto garantidor de posse, eles serão utilizados para dar fundamento aos próximos procedimentos que tendem a surgir. Vejamosalguns exemplos de documentos apresentados pelos moradores: Em relação ao contrato de compra e venda, pode-se dizer que este tem sua natureza histórica baseada nas relações de trocas do passado, diante disso a propriedade passou a ter forte valor simbólico e adquire espaço em tais relações. Atualmente a relação contratual de tal objeto é regida pelo Código Civil. Denomina-se compra e venda o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) por meio de oferta se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro. O Código Civil o enunciado desta forma: “Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. No documento anteriormente apresentado como modelo dado pelos moradores ao projeto, podemos perceber que houve a relação contratual com a vontade das partes para que se fizesse presente uma relação de troca do bem em favor de uma quantia em dinheiro. Casos como estes foram presentes em diversos processos da região da cabanagem e demonstram uma variedade de interesses mediante a ocupação dessas terras. Dito isto, relacionamos tal documentação ao caso anterior da declaração de ocupação para que sigam os trâmites necessários à regularização. ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ANTENDIMENTO: ______________________________________ Belém, Pará 2023 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 6/2023 – TERRITÓRIO GUAMÁ[footnoteRef:15] [15: Trabalho realizado como atividade de estágio de Erik Gustavo Silva de Freitas pelo Projeto Meu Endereço Certo, com orientação da Prof. Dra. Luly Fischer e da Prof. Myrian Cardoso. Com financiamento SECTET/PA.] 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO A área onde se localiza hoje o bairro do Guamá teve intensificação do processo de ocupação em dois momentos principais: uma no início do século XX e outra dos anos 1950[footnoteRef:16]. É preciso pontuar que já havia, desde o século XVIII e XIX, uma população de ocupantes das áreas que beiravam o Rio Guamá formada por índios, negros ou mestiços, que se fixaram nas matas ao entorno da cidade[footnoteRef:17]. Entretanto, a primeira grande ocupação acontece como extensão do bairro de São Braz, com a chegada de diversos imigrantes nordestinos a Belém atraídos pelas promessas de trabalho e pela economia da borracha. Foram se formando caminhos em terrenos próximos do bairro de São Braz conforme a chegada das famílias imigrantes pela facilidade de estabelecer moradia. Após os anos 1950, esse grupo de pessoas foi se concentrando e formando as ruas e passagens do sul do bairro[footnoteRef:18], onde foram se fixando com o tempo. A pressão populacional de Belém contribuiu para dar as proporções que o bairro tomou nas últimas décadas, que se consolidando como o bairro mais populoso de Belém[footnoteRef:19]. [16: DIAS JR, José do Espírito Santo. Cultura popular no Guamá: Um estudo sobre o boi bumbá e outras práticas culturais em um bairro da periferia de Belém. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em História Social da Amazônia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará. Belém, 2009. p. 38.] [17: Ibidem, p. 47.] [18: Ibidem, p. 39. ] [19: MELO, Izabella; CHAVES, Celma. Narrativas e transformações: representações cartobiográficas do bairro do Guamá, em Belém (1950-1970). Belém, 2022. p. 17. ] Historicamente, a evolução da dominialidade do bairro passou por diversos momentos. Existem registros que demonstram que a ocupação do bairro se deu através de uma fazenda nas margens do Rio Tucunduba. Essa sesmaria, doada pelo rei de Portugal em 1728, foi adquirida pelos padres mercedários em 1755. Entretanto, em 1774, o então Marques de Pombal expulsou as ordens religiosas do Brasil e a propriedade passou para as mãos da Santa Casa de Misericórdia Paraense[footnoteRef:20]. Já no século XIX, uma antiga olaria deu lugar ao Leprosário do Tucunduba[footnoteRef:21], lugar para onde eram levadas as pessoas que contraíam lepra[footnoteRef:22], até o ano de 1938, quando este foi desativado. [20: RAMOS, J. M. T. Entre Dois Tempos: um estudo sobre o bairro do Guamá, a Escola “Frei Daniel” e seu Patrono. Belém, 2002, p. 15-16.] [21: NUNES, Jonathan Rodrigues; TAVARES, Maria Goretti da Costa. Roteiro Geo-Turistico: Patrimônio E Memória No Bairro Do Guamá, Belém (Pa). Belém, 2022, p. 6. ] [22: HENRIQUE, M. C. Escravos no purgatório: o leprosário do Tucunduba (Pará, século XIX). História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 19, p. 153-177, 2012.] Nesse sentido, o bairro do Guamá, sendo um dos bairros mais antigos da cidade, está inserido na Primeira Légua Patrimonial de Belém e transcrita no 2° Ofício de Imóveis[footnoteRef:23]. Vejamos no mapa a seguir a quantidade de formas de domínio sobre os lotes presentes no bairro. Por exemplo, podemos ver a área do bairro do Guamá que possui domínio advindo da Santa Casa, portanto, da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM). [23: PARÁ. Lei N° 8.367, De 30 De Maio De 2016. Dispõe sobre a definição das competências dos registros de imóveis do Município de Belém. Belém, 2016. ] Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. O mapa mostra também a grande quantidade de domínios diferentes dentro do bairro do Guamá, demonstrando sua complexidade e múltiplas formas de habitação. Existem demarcações da CODEM sobrepostas ao mapa. Dentre elas, podemos observar a área do Riacho Doce, a área denominada “Charles Albert Brisard”, que remonta à antiga dominialidade da área, as diversas áreas pertencentes a terceiros, o conjunto Gov. Alcid Nunes, etc. Além disso, existe, por parte do Município, a reivindicação da dominialidade da área, a qual litiga com a União sobre os terrenos que se confundem com as Terras de Marinha e Acrescidos[footnoteRef:24], demarcados administrativamente[footnoteRef:25]. [24: A Constituição da Republica de 1988, em seu Art. 20, inc. VII, anuncia que são bens da União os “terrenos de marinha e seus acrescidos”. Utilizando da conceituação presente no Decreto-Lei 9.760/1946, os terrenos de marinha são aqueles localizados na costa marítima, margens de rios e lagoas em faixas de 33 metros de largura medidos a partir da Linha de Preamar Média de 1831 horizontalmente em direção à terra. A União exerce seu controle sobre essas áreas de domínio público através da Secretaria do Patrimônio da União – SPU.] [25: FISCHER, Luly Rodrigues da Cunha. Diagnóstico fundiário e projetos de apuração do remanescente patrimonial. Luly Rodrigues da Cunha Fischer.p. 12. São Paulo: Acquerello, 2017, 173p. (relatório de pesquisa).] Em 1996, a União iniciou a demarcação de terras de marinha na cidade, indo totalmente contra o entendimento de que a dominialidade de áreas do bairro do Guamá e outros eram do Município de Belém, com a justificativa de que essas áreas não haviam sido doadas pela Coroa Portuguesa para a então Câmara Municipal. Havendo dúvida sobre a dominialidade da área, se instaurou uma apelação civil nº 0005185-52.2004.4.01.3900, como apelante tanto o Município de Belém quanto o Ministério Público Federal, onde se contestava a demarcação das áreas pela União. Até o presente momento, não houve decisão sobre a real dominialidade das áreas de marinha do bairro. Sendo assim, pelo fato de o bairro do Guamá ter boa parte de seu território banhado pelas águas, a imensa porção dele está inserida sobre propriedade da União, que considera boa parte como área de marinha e acrescidos, nos moldes explicados anteriormente. Nesse sentido, um grande número de lotes que estão dentro do Guamá é considerado, se não houver inicialmente um título de propriedade privado, terras da União. O mapa a seguir demonstra, em coloração rosa, as áreas do Guamá consideradas terrenos acrescidos de marinha. Com isso se assenta grande preocupação das famílias que não possuem tal título de propriedade em relação à segurança fundiária de seus terrenos, visto que boa parte dos lotes deste bairro se encontram nessa situação. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. No mapa a seguir, também podemos observar outra caracterização do bairro do Guamá: a linha tracejada em azul indica a área considerada Zona Especial de Interesse Social, a chamada ZEIS. Prevista a partir do Art. 101 ao Art. 107, da Lei Nº 8.655 de julho de 2008, que dispõe sobre o Plano Diretor do município de Belém, a ZEIS é uma demarcação administrativa que indica a necessidade de tratamento diferenciado, “para viabilizar ações de urbanização, regularização fundiária e habitação, e permitir a melhoria das condições para a permanência da população local” (Art. 101, Plano Diretor de Belém). Dessa forma, os lotes demarcados pela ZEIS terão tratamento especial, visando melhorar a circulação, as infraestruturas básicas, implementação de políticas públicas de habitação, etc. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. Também é possível observar na planta urbanística a presença de duas diferentes áreas: as ZAUs 5 e 6. De maneira semelhante à ZEIS, as Zonas do Ambiente Urbano também foram delimitadas pelo Plano Diretor de Belém e definem necessidades e especificidades em padrões paisagísticos, problemas e potencialidades de cada área. A área em rosa, que engloba quase que a totalidade do bairro do Guamá, é a área delimitada da ZAU 5. Essa área tem como objetivo, segundo o próprio Plano Diretor, de complementar infraestrutura básica, promover a urbanização, implantar equipamentos públicos, etc. Nesse mesmo mapa, a área em verde delimita a ZAU 6, que possuem especificidades diferentes das demais, como o investimento em mobilidade e acessibilidade urbana, melhorar infraestrutura, controlar o adensamento construtivo, etc. Essas previsões e criações de objetivos pelo município de Belém são de extrema importância, pois guiarão as tomadas de decisões do poder público. As Zonas de Ambiente Urbano previstas no Plano Diretor, além de realizar uma análise sobre a área voltada para a infraestrutura, formas de utilização majoritárias do solo, definindo inclusive objetivos a serem alcançados em cada espaço, como dito anteriormente, também delimita regras para lotes dessa região. Cada Zona possui parâmetros urbanísticos diferentes dentro dos tópicos possíveis definidos pela Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), Lei Nº 02 de 1999. 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Conforme visto anteriormente, a origem fundiária do bairro do Guamá é composta de bens públicos municipais, cuja dominialidade é contestada pela União. No entanto, a área possui alta densidade demográfica, em que se constituíram diferentes formas de apropriação territorial, seja por propriedade[footnoteRef:26], posse[footnoteRef:27] ou detenção[footnoteRef:28]. [26: A propriedade sobre o lote é um direito fundamental protegido pela Constituição da República em seu Art. 5º, inc. XXIII. Este instituto também é previsto no Código Civil, em seu art. 1.228: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. Doutrinariamente, se entende que quem reunir estas faculdades terá a propriedade plena sobre o lote.] [27: 13 Aquele que possuir domínio, no mundo real, sobre o lote ou a coisa, será denominado possuidor. Normativamente, o art. 1.196 do Código Civil nos mostra que possuidor seria “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.] [28: 14 De acordo com o art. 1.198, do Código Civil, “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. É o caso, por exemplo, do caseiro, que é designado a guardar a propriedade para outra pessoa.] Dentre os documentos analisados no bairro do Guamá, foram encontrados 38 tipos de documentação pelos moradores cadastrados no projeto Meu Endereço certo para comprovar uma relação jurídica com o lote ocupado. Vejamos a lista de modelos de documentos que foram apresentados pelos solicitantes: Tipos de Documentos Apresentados Conta de Luz Recibo de Compra e Venda Termo de Acordo Extrajudicial de Doação Certificado à Habilitação Para Regularização Fundiária Urbana (CHARF) Conta de Água Declaração Recibo de Compra e Venda Termo de Doação IPTU Declaração de Propriedade dado pelo Centro Comunitário Riacho Doce Instrumento Particular de cessão e transferência de direitos de ocupação de posse de terreno Escritura Particular de Compra e Venda Recibo de Compra e Venda de Imóvel Compromisso de Compra e Venda de Imóvel Declaração de Construção Vistoria Técnica dado pela Comissão Municipal de Defesa Civil de Belém (COMDEC) Memorial Descritivo dado pela UFPA Recibo de Aluguel Guia de Transmissão de Propriedade Citação e Intimação de Audiência Contrato de Compra e Venda de Imóvel Declaração de Residência dado pelo Centro Comunitário “Parque Amazônia” Declaração de Tempo de Posse dado pelo Centro Comunitário Renascença Declaração de permissão de reforma Protocolo de Regularização Fundiária da SPU e da UFPA Declaração da CODEM de registros enfitêuticos Cadastro Provisório de Benfeitoria Contrato de Permuta de Bens Imóveis Declaração de Residência dada pelo Centro Comunitário A União Faz a Força Abaixo Assinado por dez moradores declarando a moradia Apresentação de Documentos para obtenção de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Declaração de Compra e Venda Contrato de Concessão de Uso Especial para Fins De Moradia dado pela UFPA e pela SPU Recibo de Quitação Instrumento Particular de Doação Comprovante de entrega da empresa “Amazon” Termo de Acordo de Cadastramento Provisório de Benfeitoria Recibo feito à mão de Compra e Venda Instrumento de Ratificação de Compra e Venda Vejamos alguns exemplos de documentos apresentados pelos moradores: Dos documentos citados na tabela anterior, aqueles que podem comprovar unicamente a posse estão listados na tabela a seguir: Tipos de Documentos que Comprovam Posse: Conta de Luz Recibo de Compra e Venda Termo de Acordo Extrajudicial de Doação Certificado à Habilitação Para Regularização Fundiária Urbana (CHARF) Conta de Água Declaração Recibo de Compra e Venda Termo de Doação IPTU Declaração de Propriedade dado pelo Centro Comunitário Riacho Doce Instrumento Particular de Cessão e Transferência de Direitos de Ocupação de Posse de Terreno Recibo de Compra e Venda de Imóvel Compromisso de Compra e Venda de Imóvel Declaração deConstrução Vistoria Técnica dada pela Comissão de Defesa Civil de Belém Recibo de Aluguel Citação e Intimação de Audiência Declaração de Residência dado pelo Centro Comunitário “Parque Amazônia” Declaração de Tempo de Posse dado pelo Centro Comunitário Renascença Declaração de permissão de reforma Protocolo de Regularização Fundiária da SPU e da UFPA Declaração de Residência dada pelo Centro Comunitário A União Faz a Força Abaixo Assinado por dez moradores declarando a moradia Apresentação de Documentos para obtenção de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Recibo de Quitação Comprovante de entrega da “Amazon” Termo de Acordo de Cadastramento Provisório de Benfeitoria Recibo feito à mão de Compra e Venda Instrumento de Ratificação de Compra e Venda Guia de Transmissão de Propriedade Cadastro Provisório de Benfeitoria Memorial Descritivo dado pela UFPa Para que servem, então, esses documentos que o ocupante tem? Existem algumas possibilidades a depender da posição onde o lote está localizado. Caso esteja em terreno de marinha e acrescidos, podem apenas servir para comprovar tempo de posse com fins de regularização fundiária, uma vez que não é possível requerer usucapião de terras públicas. Mas tanto a CODEM como a SPU podem se servir desse meio de prova para validar a posse e a morada do ocupante. Caso o lote esteja localizado fora dos terrenos de marinha e acrescidos, pode também para servir usucapião dos terrenos. A usucapião, prevista constitucionalmente, é um instituto do direito brasileiro voltado para a proteção dos direitos à habitação e à afirmação da função social da terra. Assim, nos casos analisados em que há comprovantes de posse ininterrupta, sem o posseiro ter outra propriedade, e passando, no mínimo, 5 anos na área desejada, poderá solicitar a propriedade do terreno por meio da usucapião. É claro que existem limitações e particularidades caso a caso que deverão ser estudadas para que se avalie a possibilidade deste direito. Tipos de documentos que podem comprovar propriedade: Requisitos para comprovar a propriedade plena: Escritura Particular de Compra e Venda Registro no Cartório de Imóveis Contrato de Compra e Venda de Imóvel Registro no Cartório de Imóveis Declaração da CODEM de registros enfitêuticos Registro no Cartório de Imóveis Contrato de Permuta de Bens Imóveis Registro no Cartório de Imóveis Declaração de Compra e Venda Registro no Cartório de Imóveis Instrumento Particular de Doação Registro no Cartório de Imóveis Por fim, foi encontrado também um documento que pode comprovar direito real de uso sobre o imóvel correspondente. Da mesma forma que os documentos que podem comprovar propriedade, os documentos abaixo listados podem garantir a propriedade sobre o terreno mediante Registro no Cartório de imóveis. Tipos de documentos que podem comprovar direito real de uso: Requisitos para comprovar a propriedade plena Contrato de Concessão de Uso Especial para Fins De Moradia dado pela UFPA e pela SPU Registro no Cartório de Imóveis ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ANTENDIMENTO: ______________________________________ Belém, Pará 2023 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 04/2023 - TERRITÓRIO ICUÍ-GUAJARÁ[footnoteRef:29] [29: Trabalho produzida pela acadêmica de Direito (UFPA) Adriellen das Graças Corrêa Fernandes, como resultado de estágio supervisionado, orientada por: Prof.ª Dr.ª Luly Rodrigues da Cunha Fischer e Prof.ª Dr.ª Myrian Silvana da Silva Cardoso Ataíde dos Santos. Com financiamento da SECTET/PA.] 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO O município amazônico de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, localizado no estado do Pará, sua extensão territorial é de aproximadamente 190.451 km2, com população de 478.778 pessoas e densidade demográfica de 2.512,20 hab./ km2, sendo considerado a segunda cidade mais populosa do estado[footnoteRef:30] é banhado pelo rio Guamá, na parte sul, pelo rio Maguari-Açú na parte norte, tendo sua deságua no Furo Maguari, a noroeste e, o rio Benfica ao lado nordeste. Além disso, possui 9 ilhas na parte insular norte, que são: Arauarí, Guajarina, João Pilatos, Mutá, Sassunema, São José da Sororoca, Santa Rosa, Sororoca e Viçosa e 22 bairros na região urbana, que são: 40 Horas, Águas Brancas, Águas Lindas, Atalaia, Aurá, Centro, Cidade Nova, Coqueiro, Curuçambá, Distrito Industrial, Geraldo Palmeira, Guanabara, Heliolândia, Icuí-Guajará, Icuí-Laranjeira, Jaderlândia, Jiboia Branca, Júlia Seffer, Levilândia, Maguari-Cajuí, PAAR (Pará, Amapá, Amazonas e Roraima) e Providência[footnoteRef:31]. [30: Censo do IBGE (2022). Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/ananindeua/panorama. Acesso em: 17 de junho de 2023.] [31: RIBEIRO, Kahoma Cardoso de Andrade. Análise da Temperatura da Superfície Continental para o estudo da Ilha de Calor na Região Amazônica: O caso de Ananindeua/PA. Orientador: Andrews José de Lucena. 2019. 108 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Rio de Janeiro, 2019.] Segundo a legislação, o Decreto-Lei Estadual nº 3.131, de 31 de outubro de 1938, o município de Belém adquiriu os distritos de Ananindeua, Benfica e Engenho Araci do município de Santa Izabel. E o Decreto-Lei Estadual nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, desmembra os distritos de Ananindeua, Benfica e Engenho Araci do município de Belém, para a criação do novo município de Ananindeua. Ademais, a Lei Complementar Federal nº 14, de 08 de junho de 1973, estabeleceu as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza. E a Lei nº 5.778, de 15 de dezembro de 1993, definiu os limites políticos-administrativos e territoriais entre os municípios de Belém e Ananindeua Historicamente, algumas ocupações surgiram ante as proximidades dos rios, especialmente a parte sul, predominantemente por ribeirinhos e moradias rurais, no entanto, a ocupação do lado norte ocorreu apenas no século XIX, após isto, já no século XX aconteceu uma intensificação dos fluxos migratórios e do processo de ocupação, gerando o início da expansão urbana associada ao crescimento da capital Belém, como a formação de áreas de amortização, influência “e resultado do avanço das áreas urbanas no sentido oeste-leste”. (PINHEIRO apud RIBEIRO, 2019). Fonte: Adaptado de ROSA, Larisse; PALÁCIOS, Flávia, 2020. Ananindeua continha uma das paradas da Estrada de Ferro de Bragança (EFB) que possuía a intenção de ligar a capital com o município de Bragança para facilitar o escoamento da produçãoagrícola da região, consequentemente, gerou uma profunda transformação social, urbanística, econômica e espacial por onde os trilhos passaram[footnoteRef:32]. [32: ROSA, Larisse de Fátima Farias da; PALÁCIOS, Flávia Olegário. Patrimônio Industrial na Amazônia: Acenos Históricos da Estrada de Ferro de Bragança. Revista História e Cultura, Franca, v. 09, n. 2, 2020.] Com isto, possibilitou a criação de colônias agrícolas, uma Vila Operária, ademais, com a criação do Curtume Maguary S/A, que lidava com o curtimento do couro, originando daí a Vila Maguary, sendo a primeira comunidade com estilo urbano onde atualmente localiza-se o município de Ananindeua. Porém, esta só foi considerada um município tempos depois através do Decreto Estadual nº 4.505/1943 e sua sede municipal reconhecida no ano de 1947[footnoteRef:33]. [33: RODRIGUES, Jovenildo Cardoso; SOBREIRO FILHO, José; OLIVEIRA NETO, Adolfo. O Rural e o Urbano Na Amazônia Metropolitana: Reflexões A Partir De Ananindeua, Pará. Revista NERA, Presidente Prudente, n. 42, p. 257–281, mar. 2018.] A ruptura do modo de vida ribeirinho incidiu com a integração rodoviária que aconteceu a partir de 1960, com a criação da BR-010 (Rodovia Bernardo Sayão ou Belém-Brasília) e a BR-316 (Rodovia Pedro Teixeira ou Belém-Maceió), juntamente com outras estratégias do governo federal em prol de maior ocupação na Amazônia[footnoteRef:34] que gerou um mosaico de ocupações e também o crescimento das desigualdades socioespaciais em vários lugares, dentre eles Ananindeua e RMB, cuja formação fundiária surge a partir do processo de ocupações localizadas ao longo das rodovias, de maneira acelerada, acompanhando a metropolização, e podendo ser induzida, planejada, ou espontânea, dentre os quais podemos citar o bairro Icuí-Guajará. [34: PEREIRA JÚNIOR, Magno Vasconcelos; TRINDADE JÚNIOR, Saint-Clair Cordeiro da. Metropolização Brasileira: Um estudo sobre dinâmica e os indicadores socioespaciais das regiões metropolitanas de São Luís e Belém. Novos Cadernos NAEA, Belém, n. 3, v. 24, p. 143-168, set-dez 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v24i3.10525. Acesso em: 07 de junho de 2023.] Este bairro é fronteiriço com os bairros do Curuçambá, PAAR, Cidade Nova, 40 Horas e Icuí-Laranjeira, além disto, conforme a hidrografia da região, é limítrofe com o Igarapé Guajará e com o Braço do Rio Maracacuera. Fonte: Adaptado de Comissão de Regularização Fundiária – CRF/UFPA (2021). Ele teve seu crescimento a partir de meados da década de 1990 – com exceção do Conjunto Habitacional Uirapuru que foi construído de modo planejado através do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), geridos pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) e a Companhia de Habitação (COHAB) – em sua maioria foi se urbanizando de forma espontânea e distante[footnoteRef:35] das principais rodovias e dos centros urbanos, especialmente além do bairro citado, os bairros do Icuí-Laranjeira, Águas Lindas e 40 Horas, porém a partir dos anos 2000 outras rodovias começaram a se fortalecer, como a Rodovia Mário Covas, João Paulo II e a Avenida Independência[footnoteRef:36]. [35: Os novos padrões morfológicos, entende-se como os loteamentos, conjuntos habitacionais, ocupações informais, dentre outros, gerou exclusão socioespacial pela nova lógica de ocupação do território, em uma falta de comunicabilidade entre as novas e antigas tecnologias urbanísticas, gerando o abandono de estruturas hidroviárias, bem como, a desvalorização de práticas ribeirinhas para priorizar as malhas viárias e faixas urbanas. (CARDOSO, A. C. D.; LIMA, J. P. X.; VENTURA NETO, R. S.; RODRIGUES, R. M., 2020).] [36: BORGES, Rafael Henrique Maia. Dinâmicas Territoriais em Espaços Urbanos Complexos: A violência homicida em Ananindeua, área metropolitana de Belém/PA. Orientador: Clay Anderson Nunes Chagas. 2021. 137 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade do Estado do Pará, Belém, Pará, 2022.] Quanto à origem dominial, apesar de haver poucos materiais documentados, este segue um percurso semelhante com o do surgimento do município de Ananindeua, assim sendo, o primeiro registro de ocupação do território foi aproximadamente no ano de 1790 através de um engenho de cana-de-açúcar cuja propriedade era do conde Antônio Koma de Melo, onde atualmente localiza-se o quilombo do Abacatal; posteriormente houve algumas ocupações ao longo do rio Maguari-Açu em decorrência da revolta popular da Cabanagem (1835-1840) e na década de 1890, a ocupação das ilhas de Sassunema, Roldão (atualmente Santa Rosa) e Mutum (FURTADO, 2023). No século XIX, muitos estudiosos chegaram na Amazônia, um destes[footnoteRef:37] descreveu as cercanias próximas à Belém, consistia em fazendas, sítios, olarias e engenhos e, principalmente, as mais distantes chamadas de “rocinhas”, que eram formadas por grandes posses com características rurais, onde as classes mais ricas passavam os fins de semana, em contrapartida, as classes mais pobres, geralmente, possuíam um terreno composto por casas de palha e uma área onde se criavam galinhas, porcos e algumas hortaliças. Também é mencionando que o rio Maguari possuía várias ramificações, como igarapés, furos ou canais, bem como, povoados e casas localizados sempre à beira d’água, dentre os quais, já havia uma serraria e usina de beneficiamento de arroz[footnoteRef:38]. [37: O naturalista Henry Bates (1825-1892), foi um dos muitos intelectuais que descreveram não somente aspectos da vida vegetal e animal da Amazônia, mas perspectivas da vida socioespacial de Belém e redondezas, registradas em seu livro (1863) The Naturalist on the River Amazon. Fonte: FERREIRA, Rubens da Silva. Henry Walter Bates: Um viajante naturalista na Amazônia e o processo de transferência de informação. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 67-75, maio/ago. 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-19652004000200006. Acesso em: 23 de julho de 2023.] [38: NUNES, Francivaldo Alves. Nas Cercanias de Belém Oitocentista: Entre fazendas, sítios, olarias e engenhos. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP): Belém, v. 5, n. 1, p. 75-89, jan.-jun. 2018. Disponível em: https://tinyurl.com/4swu764x. Acesso em: 19 de julho de 2023.] Abaixo, temos o mapa fundiário do bairro Icuí-Guajará, nele consta que este bairro era pertencente à Posse Ariry, cujo território foi arrecadado pelo Governo do Estado do Pará, através do ITERPA e/ou CODEM e/ou COHAB, juntamente com outras grandes glebas, como a Posse Velho Cristo no Icuí-Laranjeira, Posse da Pará Eletric[footnoteRef:39] no 40 Horas e Posse Saunders & Davids na Cidade Nova, esta informação consta na planta histórica do ITERPA de 1995. [39: The Pará Electric Railways and Lightning Company foi uma empresa que funcionou de 1905 a 1947 prestando serviços de mobilidade urbana através de seus famosos bondinhos e no âmbito de energia elétrica. Fonte: LIMA, Alexandre Martins de.; VENTURA NETO, Raul. Da Urbana à Pará Electric: Os bondes e as novas configurações socioespaciais em Belém do Pará. Revista Contribuiciones a Las Ciencias Sociales. n. 37, jul-set. 2017 Disponível em: https://doi.org/10.51896/ccs. Acesso em: 21 de julho de 2023.] Fonte: Meu Endereço (2023) adaptado de ITERPA (2015), IBGE (2021) e CODEM (2011). Elaborado por: Luly Fischer. Execução: Antônio Cleison Costa. Bolsista: Adriellen Fernandes. Além disso, grande parte do bairro Icuí-Guajará incide sobre a área da colônias estadual “Ariri-4”, pertencente ao Instituto de Terras do Pará (ITERPA)[footnoteRef:40] pois, antes de haver a incorporação do então distrito de Ananindeua para agregar-se ao município de Belém, como consta no Decreto-lei Estadual nº 3.131, de 31 de outubro de 1938 e, posteriormente, com o Decreto-lei Estadual nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, que desanexou o distrito para a criação de um município, durante o período de 1938 a 1943, a área era pertencente ao município de Belém, incluindo a localização onde atualmente encontra-se Ananindeua e seus atuais bairros,de modo que foi doado o referido patrimônio fundiário dominial à CODEM, sendo esta legítima proprietária de partes do bairro Icuí-Guajará, que são identificadas como QD04 (Quadra 04) e QD08 (Quadra 08), conforme consta no livro 3-AA, f.09, datado de 03 de novembro de 1970, como consta na figura abaixo. [40: Vide https://codem.belem.pa.gov.br/institucional/lei-de-criacao/.] Fonte: Adaptado de Meu Endereço – CRF/UFPA (2021). Coordenação: Myriam Cardoso; André Duarte; Renato Martins Neves. Execução: Antônio Cleison Costa e Enivaldo Brito. No que tange ao macrozoneamento de acordo com o Plano Diretor de Ananindeua[footnoteRef:41] no seu artigo 10 conceitua que as macrozonas urbanas são “áreas ocupadas ou já comprometidas com a ocupação urbana pela existência de parcelamentos implantados ou em execução e a sua caracterização deverá levar em consideração o seu adensamento”, o bairro Icuí-Guajará está em uma área de Reurbanização Norte, que segundo o artigo 11 §º 2º, são áreas para melhoria das condições urbanas, exigindo um projeto urbanístico para recuperação ou substituição da situação existente; circundado por uma Urbanização Preferencial, sendo destinada à implantação prioritária de equipamentos urbanos e comunitários e ao ordenamento e direcionamento da urbanização; uma Área de Proteção Permanente (APP), e Urbanização Restrita, que são áreas que prevê em seu §1º, I, II, III e IV[footnoteRef:42]. [41: Lei nº 3.112/2020 que versa sobre o Novo Plano Diretor de Ananindeua – Pará, constando no Diário Oficial de Ananindeua, nº 3521, ano XXVII, de 22 de dezembro de 2020.] [42: I - O processo de licenciamento de empreendimentos em área maior que 20 ha deverá ser acompanhado de Estudo de Impacto Ambiental – EIV, observando-se rigorosamente a Lei Ambiental do Município Lei nº 2154/2005). II - Serão admitidos empreendimentos de uso residencial multifamiliar, comercial, de serviços e/ou misto, desde que sejam previstos a construção de áreas e equipamentos de uso público não restrito, em área proporcional a pelo menos 1/5 da área total do empreendimento, sendo a forma de administração e exploração desses equipamentos estabelecidos no processo de licenciamento. III - Deverão ser priorizados empreendimentos de infraestrutura turística visando potencializar o acesso às ilhas de Ananindeua e o desenvolvimento do ecoturismo. IV - Será admitido o uso industrial exclusivamente na área do Distrito Industrial de Ananindeua. (ANANINDEUA, 2020).] Fonte: Adaptado de Meu Endereço – CRF/UFPA (2023). Coordenação: Myriam Cardoso; Vice – Coordenação: Renato Neves; Fiscal: André Duarte; Execução: Antônio Cleison Costa. 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Visto que a origem fundiária do bairro Icuí-Guajará é composta por bens públicos, cuja dominialidade é do Estado, também observamos que na história deste bairro aconteceu um crescimento acelerado especialmente nas últimas décadas, constituindo desta forma, diferentes formas de ocupação territorial, seja posse, propriedade ou mesmo detenção. Tendo por base a análise feita pelo Projeto Meu Endereço foram identificados 51 (cinquenta e um) tipos de documentações que comprovam algum tipo de ralação jurídica com o lote ocupado. Os documentos apresentados, pelos moradores solicitantes, foram: RECIBOS Recibo Recibo de Sinal Recibo de Compra e Venda Recibo de Cessão e Transferência Recibo de Troca de Residências Recibo de Declaração de Doação de Terra Recibo Provisório Recibo de Quitação CONTRATOS Contrato de Compra e Venda Contrato Particular de Troca de Imóveis Contrato de Compromisso de Compra e Venda Contrato de Promessa de Compra e Venda Contrato de Permuta de Imóveis Contrato de Locação de Imóvel Residencial Contrato Particular de Compra e Venda DECLARAÇÕES Declaração Declaração de Residência Declaração de Quitação Declaração de Doação Declaração de Posse Declaração de Propriedade Declaração de Endereço INSTRUMENTOS Instrumento Particular de Cessão de Transferência de Direito de Ocupação de Imóvel e Venda e Compra de Benfeitoria Instrumento Particular de Compra e Venda Instrumento de Compra e Venda Instrumento Particular de Doação, Cessão e Transferência Instrumento Particular Aditivo do Termo de Compromisso Instrumento Particular de Contrato de Promessa de Compra e Venda Instrumento Particular de Cessão de Direitos de Posse ESCRITURAS Escritura Particular de Compra e Venda Escritura Particular de Doação Gratuita TERMOS Termo de Venda Termo de Compromisso entre Construtora e Pessoa Física OUTROS Espelho de Cadastro Imobiliário Título de Lote Urbano Certidão Digital (SRI Belém) Autorização de Assentamento Provisório (COHAB) Certidão Positiva do IPTU Protocolo SEHAB Ananindeua Alvará de Licença Nota Promissória Documento Único de Arrecadação Municipal Autorização de Entrega do Lote (COHAB) Certidão (Registro Geral De Imóveis) Guia de Recolhimento (COHAB) Documento de Compra e Venda Título de Lote Urbano (COHAB) Termo de Venda Termo de Compromisso entre Construtora e Pessoa Física Vejamos, agora, alguns exemplos de documentações que foram apresentadas pelos moradores do bairro Icuí-Guajará: Fonte: Adaptação da autora. Com base nos exemplos acima, o quadro a seguir mostra quais documentos estão a nível de posse[footnoteRef:43] e quais se encaixam em propriedade[footnoteRef:44] vale lembrar que, em caso de Regularização Fundiária Urbana (REURB), observando “as normas pertinentes de Direito Urbanístico e Direito Ambiental, admite-se a possibilidade de regularização, principalmente quando a ocupação é antiga e tolerada pela Administração Pública”[footnoteRef:45]. [43: O novo Código Civil Brasileiro ou Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 diferencia a posse e propriedade, resumidamente, a posse “é a exteriorização da conduta de quem procede como normalmente age o dono, ou seja, é quem tem o pleno exercício de fato dos poderes constitutivos de propriedade ou somente alguns deles”, isto é, de acordo com o artigo 1.196: “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade” em outras palavras: quando há de, fato e de direito, a convicção, a vontade de dono, exercendo poderes de usar, fruir, dispor e reivindicar.] [44: A propriedade, em suma, de acordo com o artigo 1.228, caput, menciona que “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”, em outras palavras, é “a plenitude do direito sobre a coisa [...]. Entre a propriedade e os direitos reais sobre a coisa alheia, há uma relação de tal ordem que estes são projeções daquela, que não perde nenhuma de suas características [...]”, ou seja, possui caráter absoluto e que vale para todos.] [45: FREITAS, Gilberto Passos de. Direito à moradia, ocupações irregulares, regularização fundiária e segurança pública. Revista do Advogado, p. 89-100, n. 145, ano XL, abr. 2020. Disponível em: https://aplicacao.aasp.org.br/aasp/servicos/revista_advogado/paginaveis/145/88/index.html#zoom=z. Acesso em: 28 de julho de 2023.] DOCUMENTO POSSE PROPRIEDADE Recibo x Recibo de Compra e Venda x Recibo de Troca de Residências x Recibo Provisório x Recibo de Quitação x Recibo de Sinal x Recibo de Cessão e Transferência x Recibo de Declaração de Doação de Terra x Contrato de Compra e Venda x Contrato de Compromisso de Compra e Venda x Contrato de Permuta de Imóveis x Contrato Particular de Compra e Venda x Contrato Particular de Troca de Imóveis x Contrato de Promessa de Compra e Venda x Contrato de Locação de Imóvel Residencial x Declaração x Declaração de Quitação x Declaração de Posse x Declaração de Endereço x Declaração de Residência x Declaração de Doação x Declaração de Propriedade x Instrumento Particular de Cessão de Transferência deDireito de Ocupação de Imóvel e Venda e Compra de Benfeitoria x Instrumento Particular de Compra e Venda x Instrumento de Compra e Venda x Instrumento Particular de Doação, Cessão e Transferência x Instrumento Particular Aditivo do Termo de Compromisso x Instrumento Particular de Contrato de Promessa de Compra e Venda x Instrumento Particular de Cessão de Direitos de Posse x Escritura Particular de Compra e Venda x Escritura Particular de Doação Gratuita x Termo de Venda x Termo de Compromisso entre Construtora e Pessoa Física x Espelho de Cadastro Imobiliário x Certidão Digital (SRI Belém) x Certidão Positiva do IPTU x Alvará de Licença x Documento Único de Arrecadação Municipal x Certidão (Registro Geral De Imóveis) x Documento de Compra e Venda x Termo de Venda x Título de Lote Urbano x Autorização de Assentamento Provisório (COHAB) x Protocolo SEHAB Ananindeua x Nota Promissória x Autorização de Entrega do Lote (COHAB) x Guia de Recolhimento (COHAB) x Título de Lote Urbano (COHAB) x Termo de Compromisso entre Construtora e Pessoa Física x Contudo, em tempos pretéritos havia um direito real, alienável e transmissível a herdeiros sobre bem imóvel, previsto no Código Civil de 1916 chamado enfiteuse, aforamento ou emprazamento, que consiste em um negócio jurídico onde o proprietário transfere ao enfiteuta (aquele quem adquiriu) a posse direta, o uso, gozo e direito de disposição sobre um bem imóvel, podendo ser de dois tipos: civil ou administrativa[footnoteRef:46]. [46: COSTA, Valestan Milhomem da. Enfiteuse – Aforamento ou Emprazamento. 1ª ed. São Paulo: IRIB, 2012. Disponível em: https://www.irib.org.br/app/webroot/publicacoes/Enfiteusegs/pdf_old.PDF. Acesso em: 31 de julho de 2023.] A enfiteuse civil constitui-se sobre bens públicos e particulares (do domínio municipal), sendo este extinto não havendo mais possibilidades de novas enfiteuses[footnoteRef:47] e subenfiteuses. Já a enfiteuse administrativa (ou especial) compreende imóveis públicos dominiais, bens imóveis da União – como os terrenos de marinha e acrescidos –, no entanto, com o atual e prevalecente Código Civil de 2002, “quando permitida ocorre por meio de contrato (de aforamento – art. 14, Lei nº 9.636/1998; ou enfitêutico – art. 109, DL nº 9.760/1946) firmado entre a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e o particular, mediante licitação ou concorrência [...]”[footnoteRef:48]. [47: Código Civil de 2002, art. 2038, caput: Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis posteriores. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10592174/artigo-2038-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002. Acesso em: 21 de julho de 2023.] [48: CYRINO, Rodrigo Reis. Regularização dos Imóveis como Efetivação ao Direito Fundamental à Moradia Plena. Disponível em: http://www.notariado.org.br/blog/notarial/artigo-extincao-da-enfiteuse-ou-aforamento-e-regularizacao-dos-imoveis-como-efetivacao-ao-direito-fundamental-moradia-plena. Acesso em: 31 de julho de 2023.] Deste modo, para os que resistiram ao tempo, o direito real somente pode tornar-se concreto com o Registro no Cartório de Imóveis, isto é: a partir do registo imobiliário, sendo gerado um número de matrícula, do qual, nasce o direito de propriedade daquele que só detinha a posse do lote.[footnoteRef:49] É este que garante a segurança jurídica da propriedade, garantindo o direito real ao titular do imóvel, podendo ser garantidos em caso de[footnoteRef:50]: [49: FREITAS, op. cit.] [50: BRASIL. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. Ministério das Cidades. Manual da Regularização Fundiária Plena. [S.l.: s.n.].] · Regularização Fundiária, · Usucapião, · Concessão de Direito Real de Uso, · Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Outorgada pelo Poder Público, · Escritura Pública (instrumento público - em caso de alienação), · Doação ou Concessão de Direito de Superfície, · Instrumento Particular (somente com determinação legal). Sintetizando, quando há a criação, modificação, ato de transferir ou acabar os direitos reais, é usado o sentido estrito, em caso de modificação do direito real registrado, é usada a averbação. É importante lembrar que não se pode considerar um direito real e sua plena propriedade sem o registro do imóvel e sua matrícula. ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ANTENDIMENTO: ______________________________________ Belém, Pará 2023 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 2/2023 - TERRITÓRIO JURUNAS[footnoteRef:51] [51: Trabalho realizado como atividade de estágio de Erik Gustavo Silva de Freitas pelo Projeto Meu Endereço Certo, com orientação da Prof. Dra. Luly Fischer e da Prof. Myrian Cardoso. Com financiamento SECTET/PA.] 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO A ocupação do espaço que hoje conhecemos como o bairro do Jurunas ocorreu simultaneamente à ocupação portuguesa sobre solo belenense. Análises históricas datam que durante o início do século XVIII já havia movimentos populacionais para a ocupação desse território[footnoteRef:52]. Ocorreram inicialmente as ocupações portuguesas, seguidas historicamente pelas grandes ondas de migração nordestina durante o período da borracha, com a promessa de trabalho e vida melhor. Por fim, a grande onda de ocupação também se deu após a libertação de pessoas escravizadas, visto que essas pessoas, sem ter onde se abrigarem, seguiram com fluxo intenso para as áreas hoje entendidas como o Jurunas. Isso se justifica pela procura na cidade de Belém por melhorias nas condições de vida de várias populações diferentes. De forma espontânea, também vieram para esta região pessoas de outros municípios vizinhos e ilhas próximas. Por conta disso, a ocupação desse espaço foi, em sua maioria, com a construção de pequenas moradias de madeira ou alvenaria, com várias famílias e vilas[footnoteRef:53]. [52: CARDOSO, Myrian. Elaboração De Nota De Análise Residência CRF/CIDHA: Diagnóstico Fundiário Do Bairro Do Jurunas. Comissão de Regularização Fundiária da UFPA. p. 2. Belém, 2021.] [53: CARDOSO, Myrian. Elaboração De Nota De Análise Residência CRF/CIDHA: Diagnóstico Fundiário Do Bairro Do Jurunas. Comissão de Regularização Fundiária da UFPA. p. 14. Belém, 2021.] Ocupado a partir de 1850, após o aterramento do Igarapé do Pirí, o bairro do Jurunas é considerado um dos mais antigos de toda a cidade, inserido totalmente na Primeira Légua Patrimonial de Belém. Tambémé importante notar que a inserção dessa área nos registros públicos se deu apenas na década de 1970, quando a Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM) passou a gerir, sendo a área do bairro transcrita no 1º Ofício de Imóveis[footnoteRef:54], distribuindo em regime enfitêutico diversos títulos, conforme pode se verificar no mapa a seguir, em azul (domínio de terceiros e transpasse). O mapa também demonstra a variedade dos lotes bem como as áreas da Primeira e da Segunda Légua Patrimonial de Belém. [54: MACHIAVELLI, Adilson. Terrenos de Marinha e seus Acrescidos: dificuldades práticas e jurídicas. Monografia (Bacharel em Direito) – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, Universidade do Vale do Itajaí. Tijucas, p. 22. 2008.] Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. Nesse sentido, existe, por parte do Município, a reivindicação da dominialidade da área, a qual litiga com a União sobre os terrenos que se confundem com as Terras de Marinha e Acrescidos[footnoteRef:55], demarcados administrativamente[footnoteRef:56]. [55: A Constituição da Republica de 1988, em seu Art. 20, inc. VII, anuncia que são bens da União os “terrenos de marinha e seus acrescidos”. Utilizando da conceituação presente no Decreto-Lei 9.760/1946, os terrenos de marinha são aqueles localizados na costa marítima, margens de rios e lagoas em faixas de 33 metros de largura medidos a partir da Linha de Preamar Média de 1831 horizontalmente em direção à terra. A União exerce seu controle sobre essas áreas de domínio público através da Secretaria do Patrimônio da União – SPU.] [56: FISCHER, Luly Rodrigues da Cunha. Diagnóstico fundiário e projetos de apuração do remanescente patrimonial. Luly Rodrigues da Cunha Fischer. p. 12. São Paulo: Acquerello, 2017, 173p. (relatório de pesquisa).] Em 1996, a União iniciou a demarcação de terras de marinha na cidade, indo totalmente contra o entendimento de que a dominialidade de áreas do bairro Jurunas e outros eram do Município de Belém, com a justificativa de que essas áreas não haviam sido doadas pela Coroa Portuguesa para a então Câmara Municipal. Havendo dúvida sobre a dominialidade da área, se instaurou uma apelação civil nº 0005185-52.2004.4.01.3900, como apelante tanto o Município de Belém quanto o Ministério Público Federal, onde se contestava a demarcação das áreas pela União. Até o presente momento, não houve decisão sobre a real dominialidade das áreas de marinha do bairro. Sendo assim, pelo fato de o bairro do Jurunas ter boa parte de seu território banhado pelas águas, a imensa porção dele está inserida sobre propriedade da União, que considera boa parte como área de marinha e acrescidos, nos moldes explicados anteriormente. Nesse sentido, um grande número de lotes que estão dentro do Jurunas é considerado, se não houver inicialmente um título de propriedade privado, terras da União. O mapa a seguir demonstra, em coloração rosa, as áreas do Jurunas consideradas terrenos acrescidos de marinha. Com isso se assenta grande preocupação das famílias que não possuem tal título de propriedade em relação à segurança fundiária de seus terrenos, visto que a imensa maioria dos lotes deste bairro se encontram nessa situação. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. No mapa a seguir, também podemos observar outra caracterização do bairro do Jurunas: a linha tracejada em azul indica a área considerada Zona Especial de Interesse Social, a chamada ZEIS. Prevista a partir do Art. 101 ao Art. 107, da Lei Nº 8.655 de julho de 2008, que dispõe sobre o Plano Diretor do município de Belém, a ZEIS é uma demarcação administrativa que indica a necessidade de tratamento diferenciado, “para viabilizar ações de urbanização, regularização fundiária e habitação, e permitir a melhoria das condições para a permanência da população local” (Art. 101, Plano Diretor de Belém). Dessa forma, os lotes demarcados pela ZEIS terão tratamento especial, visando melhorar a circulação, as infraestruturas básicas, implementação de políticas públicas de habitação, etc. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. Também é possível observar na planta urbanística a presença de três diferentes áreas: as ZAUs 5, 6 e 7. De maneira semelhante à ZEIS, as Zonas do Ambiente Urbano também foram delimitadas pelo Plano Diretor de Belém e definem necessidades e especificidades em padrões paisagísticos, problemas e potencialidades de cada área. A área em branco, que engloba a maior parte do Jurunas, é a área delimitada da ZAU 5. Essa área tem como objetivo, segundo o próprio Plano Diretor, de complementar infraestrutura básica, promover a urbanização, implantar equipamentos públicos, etc. Nesse mesmo mapa, a área em rosa delimita a ZAU 6, que possuem especificidades diferentes das demais, como o investimento em mobilidade e acessibilidade urbana, melhorar infraestrutura, controlar o adensamento construtivo, etc. Da mesma forma, agora em azul claro, a ZAU 7 também possui suas próprias características e objetivos; como a requalificar os núcleos históricos, estimular uso habitacional, etc. Essas previsões e criações de objetivos pelo município de Belém são de extrema importância, pois guiarão as tomadas de decisões do poder público. As Zonas de Ambiente Urbano previstas no Plano Diretor, além de realizar uma análise sobre a área voltada para a infraestrutura, formas de utilização majoritárias do solo, definindo inclusive objetivos a serem alcançados em cada espaço, como dito anteriormente, também delimita regras para lotes dessa região. Cada Zona possui parâmetros urbanísticos diferentes dentro dos tópicos possíveis definidos pela Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), Lei Nº 02 de 1999. 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Conforme visto anteriormente, a origem fundiária do bairro do Jurunas é composta de bens públicos municipais, cuja dominialidade é contestada pela União. No entanto, a área possui alta densidade demográfica, em que se constituíram diferentes formas de apropriação territorial, seja por propriedade[footnoteRef:57], posse[footnoteRef:58] ou detenção[footnoteRef:59]. [57: A propriedade sobre o lote é um direito fundamental protegido pela Constituição da República em seu Art. 5º, inc. XXIII. Este instituto também é previsto no Código Civil, em seu art. 1.228: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. Doutrinariamente, se entende que quem reunir estas faculdades terá a propriedade plena sobre o lote.] [58: 8 Aquele que possuir domínio, no mundo real, sobre o lote ou a coisa, será denominado possuidor. Normativamente, o art. 1.196 do Código Civil nos mostra que possuidor seria “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. ] [59: 9 De acordo com o art. 1.198, do Código Civil, “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”. É o caso, por exemplo, do caseiro, que é designado a guardar a propriedade para outra pessoa.] Dentre os documentos analisados no bairro do Jurunas, foram encontrados 14 tipos de documentação pelos moradores cadastrados no projeto Meu Endereço certo para comprovar uma relação jurídica com o lote ocupado. Vejamos a lista de modelos de documentos que foram apresentados pelos solicitantes: Tipos de Documentos Apresentados Conta de Luz Compra de Domínio Pleno da CODEM Contrato de Compra e Venda Título de Propriedade Declaração de posse e uso próprio Comprovante de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Documento dado pelo COBAJUR Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento |Declaração de posse Aforamento dado pela CODEM Declaração de Cessão e Transferência Recibo de compra e venda Documento de Doação Termo de Autorização para Construção Vejamos alguns exemplos de documentosapresentados pelos moradores: Dos documentos citados na tabela anterior, aqueles que podem comprovar unicamente a posse estão listados na tabela a seguir: Tipos de Documentos que Comprovam Posse: Conta de Luz Contrato de Compra e Venda Declaração de Posse e uso próprio Documento dado pelo COBAJUR Declaração de Posse Declaração de Cessão e Transferência Documento de Doação Recibo de Compra e Venda Termo de Autorização para Construção Para que servem, então, esses documentos que o ocupante tem? Podem servir para comprovar tempo de posse com fins de regularização fundiária, uma vez que não é possível requerer usucapião de terras públicas, como é o caso da maioria dos lotes do Jurunas. Mas tanto a CODEM como a SPU podem se servir desse meio de prova para validar a posse e a morada do ocupante. Tanto o Documento de Aforamento geral quanto a Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento dado pela CODEM precisam ter Registro no Cartório de Imóveis para comprovar a propriedade contra o município. A Compra de Domínio Pleno dado pela CODEM também segue a mesma diretriz. Sem o registro, esses documentos podem apenas comprovar a posse sobre o imóvel. Por fim, pode ocorrer de o documento comprovar direito real de uso sobre o imóvel. É o caso do Comprovante de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia, que permite o uso daquele que o possuir, podendo opor a qualquer pessoa ou entidade do direito. Constitui a posse sobre o bem imóvel em área pública. Segue o quadro com os documentos e suas respectivas garantias de direitos: Tipos de documentos que podem comprovar propriedade: Tipos de documentos que podem comprovar direito real de uso: Documento de Aforamento Comprovante de Concessão para Uso Especial para Fins de Moradia Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento Compra de Domínio Pleno dado pela CODEM Título de Propriedade É importante observar que o aforamento municipal, por ter natureza privada, já que é regido pela legislação civil, necessita ser registrado para concluir a transferência. No entanto, o Código Civil de 2002 proibiu a constituição de novos aforamentos (Art. 2.038). Assim, um aforamento concedido e não registrado a particular até a entrada em vigor do Código Civil não pode mais ser considerado um direito real. Por fim, neste outro quadro, podemos verificar as exigências que são feitas para que os documentos sejam reconhecidos como propriedade plena. Isso se aplica tanto aos documentos que unicamente podem comprovar propriedade e direito real de uso, bem como para alguns dos documentos que comprovam posse, visto que alguns desses também tem a possibilidade de servir como prova do direito pleno. Tipos de Documentos Requisitos para comprovar a propriedade plena Documento de Aforamento dado pela CODEM Registro no Cartório de Imóveis Escritura Particular de Constituição de Enfiteuse ou Aforamento Registro no Cartório de Imóveis Comprovante de Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia Registro no Cartório de Imóveis Contrato de Compra e Venda Registro no Cartório de Imóveis Declaração de Cessão e Transferência Registro no Cartório de Imóveis Título de Propriedade Registro no Cartório de Imóveis ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ANTENDIMENTO: ______________________________________ Belém, Pará 2023 NOTA DE ANÁLISE MULTIPROFISSIONAL TÉCNICO-JURÍDICA N. 3/2023 - TERRITÓRIO TERRA FIRME[footnoteRef:60] [60: Trabalho realizado como atividade de estágio de Matheus Santana Gomes pelo Projeto Meu Endereço Certo, com orientação da Prof. Dra. Luly Fischer e da Prof. Myrian Cardoso. Com financiamento SECTET/PA.] 1. MACRODIAGNÓSTICO FUNDIÁRIO A Terra Firme é um dos 72 bairros do município de Belém, o qual tem uma grande parte de seu território caracterizado pela irregularidade fundiária. Essa condição inclui a existência de “assentamentos precários” ou “aglomerações subnormais”, nos quais existe a “ocupação juridicamente irregular de terra (urbana ou rural) ou, excepcionalmente, por situação juridicamente regular, mas exposta à instabilidade em geral –seja mediante o mercado de terras, seja pelo conflito com as demais atividades ou com ações do Estado”[footnoteRef:61]. [61: PINHEIRO, A. DE C. et al. Assentamentos precários na região metropolitana de Belém: baixadas e ocupações. In: MORAIS, M DA P.; KRAUSE, C.; LIMA NETO, V. C. (Eds.). Caracterização e Tipologia de Assentamentos Precários – Estudos de Casos Brasileiros. Brasília: IPEA, 2016. p. 189-248.] O bairro da Terra Firme (Montese) sofreu expansão territorial mais precisamente em 1964, a partir da desapropriação da Posse Jupatituba, que se tornou objeto de ocupação irregular a partir da década de 80, cuja expansão está diretamente ligada com a Universidade Federal do Pará. O bairro é consolidado uma parte na primeira légua e outra na segunda légua patrimonial. A Posse Jupatituba é um aforamento concedido a Emílio Adolpho de Castro Martins, em meados do século XIX que vai até o Rio Tucunduba, sendo o restante do imóvel de domínio pleno, proveniente da área do Engenho Murutucu. A União desapropriou parte dentro da primeira légua e outra parte fora dela. O pós-desapropriação culminou na divisão da Terra Firme em metade pertencendo à UFPA, SPU e o município; o restante ficou como área privada (Posse Jupatituba). Em meados dos anos 2000, uma parte da área da UFPA é doada ao ITERPA. Portanto, o bairro da Terra Firme tem seu território 50% privado (domínio da Posse Jupatituba) e 50% pertencente à área pública. Em 1996, foi feita uma demarcação dos terrenos de marinha e acrescidos, criando uma nova sobreposição na área entre o domínio público e privado previamente estabelecido e a discussão dos terrenos de marinha e acrescidos[footnoteRef:62]. [62: SANTOS DE VASCONCELOS, Giulia. Reflexões sobre a complexidade dominial na regularização fundiária urbana: Estudo de caso da "Gleba C" da Universidade Federal do Pará na Terra Firme, em Belém, p. 90.] Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. O Governo do Pará, na tentativa de regularização, firmou um Acordo de Cooperação com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional (SEDURB). Mas para que o acordo fosse efetivamente firmado, deveria ser repassado ao Instituto de Terras do Pará (ITERPA) cerca de 33% da área da “Gleba C”. Sendo assim, o estado também seria dono de uma parte da Terra Firme[footnoteRef:63]. [63: SANTOS DE VASCONCELOS, Giulia. Reflexões sobre a complexidade dominial na regularização fundiária urbana: Estudo de caso da "Gleba C" da Universidade Federal do Pará na Terra Firme, em Belém, p.50.] Hoje existem nas áreas que pertencem à Universidade Federal do Pará, ao Estado do Pará e à Posse Jupatituba (área privada/domínio enfiteutico) formando um mosaico fundiário. De acordo com o mapa abaixo: Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. Para um melhor entendimento sobre o que seriam “Gleba C” e “Gleba B” que fazem parte de grande parte do bairro da Terra Firme, é necessário fazer uma breve reconstrução histórica: O patrimônio institucional da UFPA/Belém é composto por grandes áreas que foram subdivididas em glebas. De acordo com a art. 2º da Lei nº 6.766, de 1979, define gleba como sendo “o terreno que não foi objeto de parcelamento aprovado ou regularização em cartório”. De acordo com o mapa da situação fundiária e registral da Terra Firme, podemos identificar a demarcação das áreas das partes B (cor rosa), C (linhas vermelhas tracejadas), Liberdade (cor verde), Estado (cor azul) e Posse Jupatituba (cor amarela). A linha tracejada de cor vermelha demarca a área de maior domínio do bairro, a Parte C; de cor rosa, uma área bem pequena se comparada à proporção do bairro pertence à Parte B; as linhas tracejadas de cor azul pertencem ao Estado; a área demarcada em cor verde pertence à Liberdade; e a área em forma de cor amarela é de domínio da Posse Jupatituba. Esta é a circunscrição do Registro de Imóveis do 2º Ofício, Lei Estadual nº 8.367, de 30 de maio de 2016. As áreas que antes eram particulares se tornaram glebas “A”, “B” e “C”, no ano de 1964. Já as áreas doadas pelo IPEAN/EMBRAPA formaram a Gleba “D”; em 1978, uma área foi identificada como terreno de marinha e se tornou a Gleba “E”. Dentre todas as glebas, a maior delas é a Gleba “C”, que junto com a Gleba “B” foram objetos de ocupação irregular pela população de baixa renda que lutava por moradia na década de 80. Dessa forma o bairro da Terra Firme se fortaleceu e pela sua espontaneidade os moradores não tinham autorização para morar na área. Hoje existe uma resistência muito forte no intuito de regularizar a posse e garantir o direito à moradia dos que habitam o bairro. No mapa 1 (abaixo), temos a planta urbanística que fala sobre o Zoneamento do Ambiente Urbano (ZAU) e as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) do bairro da Terra Firme. Encontra-se disposto no Plano Diretor de Belém, Lei nº 8.655 de julho de 2008. Como podemos ver no mapa, a linha de cor vermelha vem demarcar o limite dos bairros; as linhas tracejadas de cor azul representam o que pertence à ZEIS; por fim, área de cor rosa corresponde a ZAU. A ZEIS é uma demarcação administrativa que vai indicar as áreas que necessitam de tratamento diferenciado. Conforme o Art. 101 do Plano Diretor de Belém, “para viabilizar ações de urbanização, regularização fundiária e habitação, e permitir a melhoria das condições de permanência para a população local”. Portanto, os lotes que foram demarcados pela ZEIS serão tratados de forma especial, em busca de uma melhora na circulação, infraestruturas, habitação, aplicação de políticas públicas e etc. As Zonas de Ambiente Urbano explanadas no Plano Diretor fazem análise às áreas destinadas à infraestrutura, formas de utilização majoritárias do solo, definindo os objetivos a serem alcançados em cada espaço e delimitam regras para os lotes da região. Cada zona tem parâmetros urbanísticos diversos dentro dos tópicos possíveis previstos na Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), Lei nº 02 de 1999. Encontra-se no mapa da planta urbanística a área “ZAU 5”. Da mesma forma que a ZEIS, as Zonas de Ambiente Urbano também foram delimitadas conforme o Plano Diretor de Belém e vão definir especificidades em padrões de paisagem. Quase todo o bairro da Terra Firme é de área delimitada à ZAU 5. Além de fazer uma análise geral sobre a infraestrutura, as formas de utilização do solo e definir os objetivos que serão alcançados nos espaços, vai delimitar as regras para os lotes da região. A Lei Complementar de Controle Urbanístico (LCCU), nº 02 de 1999, vai dispor que cada zona possui uma diversidade de parâmetros urbanísticos dentro das possibilidades dos tópicos possíveis. Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. 2. ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DE OCUPAÇÃO Sobre o mosaico fundiário acima descrito houve diferentes levas de ocupação espontânea de população, dando origem à núcleos urbanos informais em diferentes níveis de consolidação (antes de 1979 e depois de 1979). Fonte: Comissão de Regularização Fundiária (CRF), UFPA. O mapa abaixo demonstrará através de imagens aéreas a evolução das ocupações no bairro da Terra Firme, mais especificamente na Parte C, nos anos de 1972, 1977, 1988 e 2022. Pode-se afirmar que ainda exista ocupação anterior à 19 de dezembro de 1979. A ocupação da área que hoje pertence à UFPA se consolidou em meados dos anos 80. De acordo com o levantamento, foram encontrados 21 tipos de documentos que de alguma forma comprovam a posse dos imóveis. Abaixo constam alguns exemplos de documentos que foram apresentados pelos moradores: Abaixo consta uma lista com tipos de documento que comprovam posse: TIPOS DE DOCUMENTO QUE COMPROVAM POSSE Conta de energia elétrica Contrato de Compra e Venda Declaração de Posse e uso próprio Recibo de compra e venda Documento fornecido pela UFPA Documento da Associação de Moradores Documentos fornecidos por Centros Comunitários Documento de Ocupação fornecido pela CRF Declaração de Moradia Recibo de compra e venda Instrumento particular de Promessa Os documentos que o ocupante tem podem servir para comprovar o tempo que ele mora no local para fins de regularização fundiária. Por exemplo, o documento da SPU pode servir para validar a moradia e posse do ocupante. Existem documentos que necessitam do registro no Cartório de Imóveis para comprovar propriedade. É o caso dos documentos fornecidos pela UFPA ou pela Comissão de Regularização Fundiária da UFPA. Pode ser que o documento comprove direito real de uso sobre o imóvel. O Comprovante de Concessão de Uso para fins de Moradia, que permite o uso do possuidor. Constitui a posse sobre o bem em área pública. A seguir, o quadro com os documentos e suas garantias de direitos. Tipos de documentos que podem comprovar propriedade Tipos de documentos que podem comprovar direito real de uso Escritura particular de compra e venda Comprovante de Concessão de Uso Especial para fins de Moradia Certidão do Registro de Imóveis Termo de Concessão de Uso Especial para fins de Moradia É importante frisar que a documentação necessária para comprovar direito real de uso pode ser feita com um instrumento (público ou particular) ou termo (por exemplo, o Termo de Acordo entre a UFPA e o requerente), conforme a tabela acima. Para comprovar propriedade, é necessário o registro no Cartório de Imóveis. No quadro seguinte, podemos verificar que as exigências são feitas para que os documentos sejam reconhecidos como propriedade plena. Pode ser aplicado aos documentos que podem apenas comprovar propriedade e direito real de uso. Alguns documentos podem comprovar posse e também podem servir para provar direito pleno. Tipos de documentos Requisitos para comprovar a propriedade plena Contrato de compra e venda Registro no cartório de imóveis Comprovante de concessão de uso especial para fins de moradia Registro no cartório de imóveis Termo de acordo entre a UFPA e o requerente Registro no cartório de imóveis Instrumento particular de compra e venda Registro no cartório de imóveis Instrumento particular de promessa Registro no cartório de imóveis ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________DATA: ____/____/____ RESPONSÁVEL PELO ATENDIMENTO: _______________________________________ Belém, Pará 2023 image3.jpeg image4.png image5.png image6.png image7.png image8.jpg image9.jpg image10.jpg image11.jpg image12.png image13.png image14.png image15.png image16.jpeg image17.jpeg image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image30.png image31.png image32.jpeg image33.jpeg image34.jpeg image35.jpeg image36.jpeg image37.jpeg image38.jpeg image39.jpeg image40.png image41.jpeg image42.png image43.png image44.jpeg image45.jpeg image46.jpeg image47.jpeg image1.jpeg image2.jpg