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QUESTÃO 01 Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992 (adaptado). O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta Os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias. O valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos. A sistematização de valores desassociados da cultura. O sentido coletivo e político das ações humanas individuais. O julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente. QUESTÃO 02 Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.” CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado). A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a Refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem. Legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta. Relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. Legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal. Fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em seres humanos. QUESTÃO 03 É alarmante constatar que a legislação diária do Brasil é uma regulamentação do “não pode”, a palavra “não” que submete o cidadão ao Estado, sendo usada de forma geral e constante. Ora, é precisamente por tudo isso que conseguimos descobrir e aperfeiçoar um modo, um jeito, um estilo de navegação social que passa sempre nas entrelinhas desses peremptórios e autoritários “não pode!”. Assim, entre o “pode” e o “não pode”, escolhemos, de modo chocantemente antilógico, mas singularmente brasileiro, a junção do “pode” com o “não pode”. DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? 12. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. No texto anterior, Roberto DaMatta discorre sobre uma prática socialmente enraizada na cultura brasileira conhecida como Autoritarismo excludente. Ética do meio termo. Democracia racial. Jeitinho brasileiro. Corrupção ativa. QUESTÃO 04 Nossa felicidade depende daquilo que somos, de nossa individualidade; enquanto, na maior parte das vezes, levamos em conta apenas a nossa sorte, apenas aquilo que temos ou representamos. Pois, o que alguém é para si mesmo, o que o acompanha na solidão e ninguém lhe pode dar ou retirar, é manifestamente mais essencial para ele do que tudo quanto puder possuir ou ser aos olhos dos outros. Um homem espiritualmente rico, na mais absoluta solidão, consegue se divertir primorosamente com seus próprios pensamentos e fantasias, enquanto um obtuso, por mais que mude continuamente de sociedades, espetáculos, passeios e festas, não consegue afugentar o tédio que o martiriza. (Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015. Adaptado.) Com base no texto, é correto afirmar que a ética de Schopenhauer Corrobora os padrões hegemônicos de comportamento da sociedade de consumo atual. Valoriza o aprimoramento formativo do espírito como campo mais relevante da vida humana. Valoriza preferencialmente a simplicidade e a humildade, em vez do cultivo de qualidades intelectuais. Prioriza a condição social e a riqueza material como as determinações mais relevantes da vida humana. Realiza um elogio à fé religiosa e à espiritualidade em detrimento da atração pelos bens materiais. QUESTÃO 05 A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão afetados. RACHELS. J. Os elementos da filosofia moral, Barueri-SP; Manole. 2006. Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma Fundamentação científica de viés positivista. Convenção social de orientação normativa. Transgressão comportamental religiosa. Racionalidade de caráter pragmático. Inclinação de natureza passional. QUESTÃO 06 Passamos de uma sociedade política a uma sociedade organizacional, entendida esta última como uma sociedade de gestão sistêmica e tecnocrática que serve de legitimação e referência aos direitos da pessoa e, portanto, define uma liberdade de maneira totalmente privada. Tudo se reduz ao exercício pragmático do controle e da influência. A referência à cidadania não desaparece, mas reduz-se à participação nas eleições, numa sociedade de massa totalmente aberta à propaganda e amplamente entregue às solicitações mercantis e às modas. DUPAS, Gilberto. Atores e poderes na nova ordem global: assimetrias, instabilidades e imperativos de legitimação. São Paulo: Editora UNESP, 2005. Segundo o texto, a cidadania no século XXI passa por um processo de Vinculação a um ambiente politicamente democrático e liberalizante. Substituição do seu sentido ampliado pelo modelo individualizado. Reconhecimento da importância do marketing político nas campanhas. Enfraquecimento da legitimidade dos processos decisórios pelo voto. Valorização das ações de construção do consumo no mundo atual. QUESTÃO 07 Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo poder de destruição, fruto dos últimos séculos que significaram um transtorno perverso do equilíbrio do sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação nunca ocorrida antes de forma globalizada e profunda? Temos pessoalmente trabalhado os paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza. Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade. BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: http://leonardoboff.wordpress.com. Acesso em: 14 maio 2013. A ética da responsabilidade protagonizada pelo filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no texto é expressa pela máxima “A tua ação possa valer como norma para todos os homens.” “A norma aceita por todos advenha da ação comunicativa e do discurso.” “A tua ação possa produzir a máxima felicidade para a maioria das pessoas.” “O teu agir almeje alcançar determinados fins que possam justificar os meios.” “O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade futura da vida das novas gerações.” QUESTÃO 08 Quino A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha se refere é o(a) Constrangimento por olhares de reprovação. Costume importo aos filhos por coação. Consciência da obrigação moral. Pessoa habitante da mesma casa. Temor de possível castigo. QUESTÃO 09 A promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça, ou esta se associou àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a felicidadehumana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém. JONAS. H. O princípio da responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado). As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de construção de um novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste em garantir o(a) Pragmatismo da escolha individual. Sobrevivência de gerações futuras. Fortalecimento de políticas liberais. Valorização de múltiplas etnias. Promoção da inclusão social. QUESTÃO 10 Uma criança com deficiência mental deve ser mantida em casa ou mandada a uma instituição? Um parente mais velho que costuma causar problemas deve ser cuidado ou podemos pedir que vá embora? Um casamento infeliz deve ser prolongado pelo bem das crianças? MURDOCH, I. A soberania do bem. São Paulo: Unesp, 2013. Os questionamentos apresentados no texto possuem uma relevância filosófica à medida que problematizam conflitos que estão nos domínios da Política e da esfera pública. Teologia e dos valores religiosos. Lógica e da validade dos raciocínios. Ética e dos padrões de comportamento. Epistemologia e dos limites do conhecimento. QUESTÃO 11 TEXTO I Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam- se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). TEXTO II Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que Eram baseadas nas ciências da natureza. Refutavam as teorias de filósofos da religião. Tinham origem nos mitos das civilizações antigas. Postulavam um princípio originário para o mundo. Defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. QUESTÃO 12 Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano. EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim Alcançar o prazer moderado e a felicidade. Valorizar os deveres e as obrigações sociais. Aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. Refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade Defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber. QUESTÃO 13 A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como Busca por bens materiais e títulos de nobreza. Plenitude espiritual e ascese pessoal. Finalidade das ações e condutas humanas. Conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. Expressão do sucesso individual e reconhecimento público. QUESTÃO 14 Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania Possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. Era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. Estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. Tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. Vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. QUESTÃO 15 A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais. O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real. QUESTÃO 16 Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira. VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado). Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o princípio do(da) Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos.. Transparência — acesso as informações governamentais.. Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais. Equiparação — igualdade de gênero na participação política. Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos. QUESTÃO 17 Trasímacoestava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiya, 2009. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de Determinações biológicas impregnadas na natureza humana. Verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. Mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. Convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. Sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. QUESTÃO 18 Durante muito tempo, considerou-se que a Filosofia nascera por transformações que os gregos operaram na sabedoria oriental (egípcia, caldeia e babilônica). Assim, filósofos como Platão e Aristóteles afirmavam a origem oriental da Filosofia. Os gregos, diziam eles, povo comerciante e navegante, descobriram, através das viagens, a agrimensura dos egípcios, a astrologia dos caldeus e dos babilônios, as genealogias dos persas, os mistérios religiosos orientais referentes aos rituais de purificação da alma etc. A filosofia teria nascido das transformações que os gregos impuseram a esses conhecimentos. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. (adaptado). As explicações contidas no texto demonstram que o processo de consolidação da Filosofia, na Grécia Antiga, foi consequência da Disputa com outras culturas pelo monopólio do saber. Apropriação inovadora da sabedoria de outras culturas. Busca por saberes que fossem comercialmente rentáveis. Subtração do conhecimento de civilizações mais prósperas. Capacidade dos gregos de reproduzir invenções de outros povos. QUESTÃO 19 A característica específica do homem em comparação com os outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais. ARISTÓTELES. Política. A virtude moral é um meio-termo entre dois vícios, um dos quais envolve o excesso e outro a deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à mediania nas paixões e nos atos. ARISTÓTELES. Ética a Nicômano, livro II. Refletindo sobre o papel da ética e da moral aristotélica na construção da sociedade, pode-se afirmar corretamente que As ações do homem no mundo independem dos valores éticos/morais que as sociedades impõem sobre os indivíduos. Apesar das diferenças entre os muitos grupos e comunidades humanas, os códigos morais permanecem inalterados. A reflexão ética se restringe à busca de conhecimentos teóricos sobre os valores e condutas humanas em sociedade. O seres humanos possuem a consciência moral, ou seja, a capacidade de observar a própria conduta e formular juízos, permitindo escolher seus próprios caminhos. A ética está relacionada às normas que orientam o comportamento humano e a moral se aplica ao ramo da Filosofia que investiga os diversos sistemas éticos. QUESTÃO 20 A quem não basta pouco, nada basta. EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985. Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude: Esperança, tida como confiança no porvir. Justiça, interpretada como retidão de caráter. Temperança, marcada pelo domínio da vontade. Coragem, definida como fortitude na dificuldade. Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão. QUESTÃO 21 TEXTO I Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer- me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). TEXTO II É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se Retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. Questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. Investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. Buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. Encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. QUESTÃO 22 Posto que as qualidades que impressionam nossos sentidos estão nas próprias coisas, é claro que as ideias produzidas na mente entram pelos sentidos. O entendimento não tem o poder de inventar ou formar uma única ideia simples na mente que não tenha sido recebida pelos sentidos. Gostaria que alguém tentasse imaginar um gosto que jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder fazer isso, concluirei também que um cego tem ideias das cores, e um surdo, noções reais dos diversos sons. (John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991. Adaptado.) De acordo com o filósofo, todo conhecimento origina-se da Reminiscência de ideias originalmente transcendentes. Combinação de ideias metafísicas e empíricas. Categorias a priori existentes na mente humana. Experiência com os objetos reais e empíricos. Relação dialética do espírito humano com o mundo. QUESTÃO 23 Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. ABRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na Contemplação da tradição mítica. Sustentação do método dialético. Relativização do saber verdadeiro. Valorização da argumentação retórica. Investigação dos fundamentos da natureza. QUESTÃO 24 Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias. DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da Investigação de natureza empírica. Retomada da tradição intelectual. Imposição de valores ortodoxos. Autonomia do sujeito pensante. Liberdade do agente moral. QUESTÃO 25 Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesaao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios. PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007. Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a) Caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo. Sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense. Vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos. Sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense. Teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias. QUESTÃO 26 Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado). O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que Assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. Defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. Revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. Apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. Refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. QUESTÃO 27 O cálculo, mesmo com os decimais e a álgebra, foi adotado na Índia, onde o sistema decimal foi inventado; mas seu uso foi desenvolvido apenas pelo capitalismo no Ocidente, pois, na Índia, isso não levou às modernas aritmética e contabilidade. Nem podemos dizer que as origens da matemática e da mecânica tenham sido determinadas pelos interesses capitalistas. Mas a utilização técnica do conhecimento científico, tão importante para as condições de vida da massa do povo, foi certamente incentivada pelas condições econômicas, estas que lhe eram extremamente favoráveis no mundo ocidental. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Martin Claret, 2009. A análise weberiana mostra que, no processo de desenvolvimento capitalista, o conhecimento científico foi Desvinculado das habilidades técnicas originalmente desenvolvidas. Expropriado da cultura oriental sem que esta fosse reconhecida. Utilizado com o fim de gerar dividendos financeiros para o povo. Desenvolvido segundo os critérios da racionalidade econômica. Criado para atender interesses socioeconômicos particulares. QUESTÃO 28 Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à Adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. Incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. Pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. Defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. Compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. QUESTÃO 29 Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, diante dessa relação, Platão Estabelece um abismo intransponível entre as duas. Privilegia os sentidos e subordinando o conhecimento a eles. Atém-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. Afirma que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. Rejeita a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. QUESTÃO 30 Essas longas cadeias de razões, todas simples e fáceis, de que os geômetras costumam se utilizar para chegar às demonstrações mais difíceis, haviam-me dado oportunidade de imaginar que todas as coisas passíveis de cair sob domínio do conhecimento dos homens seguem-se umas às outras da mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira alguma que não o seja, e que observemos sempre a ordem necessária para deduzi- las umas das outras, não pode haver, quaisquer que sejam, tão distantes às quais não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se descubram. (DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 45.) No que se refere ao método cartesiano, como visto no texto, sabe-se que O conhecimento é obtido partindo-se da experiência, isto é, da observação da natureza, e depois generalizando os resultados de tais observações. Qualquer coisa que a razão humana é capaz de conhecer pode ser alcançada, partindo-se de verdades evidentes, e aplicando a dedução lógica a essas verdades. É possível apenas obter um conhecimento aproximado, probabilístico, acerca de qualquer objeto, não sendo de modo algum alcançável o conhecimento da verdade, independente do assunto em questão. Independentemente das premissas das quais se parte ao se procurar obter conhecimento sobre um determinado assunto, a verdade sobre tal assunto será alcançada desde que os princípios da lógica dedutiva sejam aplicados corretamente. Verdades evidentes inexistem, de modo que, para se obter conhecimento sobre qualquer assunto, é necessário realizar longas séries de demonstrações difíceis, como aquelas que são habitualmente desenvolvidas pelos geômetras. QUESTÃO 31 QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991 Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.” APIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo Impedir a contratação de familiares para o serviço público. Reduzir a ação das instituições constitucionais. Combater a distribuição equilibrada de poder. Evitar a escolha de governantes autoritários. Restringir a atuação do Parlamento. QUESTÃO 32 É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora NovaCultural, 1997 (adaptado). A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito Ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo. Ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis. À possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis. Ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências. Ao direito de o cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. QUESTÃO 33 Na sociedade democrática, as opiniões de cada um não são fortalezas ou castelos para que neles nos encerremos como forma de autoafirmação pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações, como também devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001 (adaptado). A ideia de democracia presente no texto, baseada na concepção de Habermas acerca do discurso, defende que a verdade é um(a) Alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como agente racional autônomo. Critério acima dos homens, de acordo com o qual podemos julgar quais opiniões são as melhores. Construção da atividade racional de comunicação entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso. Produto da razão, que todo indivíduo traz latente desde o nascimento, mas que só se firma no processo latente educativo. Resultado que se encontra mais desenvolvido nos espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer os outros. QUESTÃO 34 “A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei.” (ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109). Rousseau, ao negar que a soberania possa ser representada preconiza como regime político Um sistema misto de democracia semidireta, no qual atuariam mecanismos corretivos das distorções da representação política tradicional. A constituição de uma República, na qual os deputados teriam uma participação política limitada. A democracia direta ou participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos. A democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo. Um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim como as diferenças entre cidadão e súdito QUESTÃO 35 “As instâncias do Poder, que os cidadãos acreditavam terem instalado democraticamente, estão, sob o peso da crítica, em vias de perder sua identidade. A opinião não lhes confere mais o certificado de conformidade que a legitimidade deles exige. Jürgen Habermas [...] vê nessa situação ‘um problema de regulação’. A opinião pública, abalada em suas crenças mais firmes, não dá mais sua adesão às regulações que o direito constitucional ou, mais amplamente, o direito positivo do Estado formaliza”. (GOYARD-FABRE, Simone. O que é democracia?. Trad. de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 202-203.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre os Estados Democráticos de Direito na contemporaneidade, é correto afirmar que a Atual identidade das instâncias do poder é confirmada pela “crítica”. Legalidade e legitimidade das instâncias de poder são coincidentes nos Estados Democráticos de Direito. Regulação das instituições de poder deve ser independente da opinião pública. Legitimidade das instâncias de poder deve ser baseada no direito positivo. Opinião pública é que deve dar legitimidade às instâncias de poder. QUESTÃO 36 O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão. VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado) O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a) Participação direta periódica do cidadão. Debate livre e racional entre cidadãos e Estado. Interlocução entre os poderes governamentais. Eleição de lideranças políticas com mandatos temporários. Controle do poder político por cidadãos mais esclarecidos. QUESTÃO 37 Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a) A ideia de democracia presente no texto, baseada na concepção de Habermas acerca do discurso, defende que a verdade é um(a) Legado social. Patrimônio político. Produto da moralidade. Conquista da humanidade. Ilusão da contemporaneidade QUESTÃO 38 O Estado é sempre visto como “todo-poderoso”; na pior hipótese, como repressor e cobrador de impostos; na melhor, como um distribuidor paternalista de empregos e favores. A ação política nessa visão é, sobretudo, orientada para a negociação direta com o governo, sem passar pela mediação da representação. Como vimos, até mesmo uma parcela do movimento operário na Primeira República orientou-se nessa direção; parcela ainda maior adaptou-se a ela na década de 1930. Essa cultura, orientada mais para o Estado do que para a representação, é o que chamamos de “estadania”, em contraste com a cidadania. CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 221. O conceito de cidadania, aludido no texto do historiador José Murilo de Carvalho, representa a Distribuição de empregos e favores pelo Estado. Tentativa de driblar a cobrança de impostos pelo Estado. Negociação direta entre as demandas do cidadão e o Estado. Fragilização do poder público representado pelo Estado. Possibilidade de cada cidadão ser representado pelo Estado QUESTÃO 39 A democracia se caracteriza [...] por uma visão do mundo baseada no respeito pelo Outro, e pelo princípio de legalidade, do controle e da responsabilidade, do poder, que exigem que os governantes sejam expostos à luz pública para o efeito específico das avaliações dos governados. [...] Porque a democracia se baseia no princípio da confiança e da boa-fé, e não no medo, ela sucumbe quando a esfera do público perde transparência e se vê permeada pelo segredo e pela mentira, que é o que ocorre quando a palavra esconde e engana, ao invés de revelar, conforme determina o princípio ético da veracidade. LAFER, Celso. A mentira: um capítulo das relações entre a ética e a política. In: NOVAES, Adauto (Org.). Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 233-235. O texto relaciona ética e democracia como referências que respaldam a ação política e de poder, a qual écaracterizada pelo(a) Correção da conduta política e afirmação do interesse individual em detrimento do coletivo. Crença no princípio da legalidade e da autoridade do Estado em detrimento dos anseios do povo. Restrição ao acesso à informação em consonância com o sistema jurídico, que assegura o segredo de Estado. Direito do governante de exercer o poder autocraticamente, sem prestar contas aos seus governados. Afirmação da verdade como referência ética e submissão dos governantes à avaliação dos governados. QUESTÃO 40 Em entrevista ao jornal Democracy Now, em 2014, a filósofa Angela Davis afirmou que algum progresso em torno da questão das prisões americanas tem ocorrido desde a publicação do seu livro Are Prisons bsolete?.“Em vez de pensar em formas de reformar o sistema penitenciário, precisamos pensar em formas de, a longo prazo, ter menos pessoas atrás das grades para, no futuro, termos um ambiente sem prisões, no qual problemas sociais como analfabetismo e pobreza não signifiquem uma trajetória direta para a cadeia”, disse. MOREIRA, Isabela. 4 reflexões para entender o pensamento de Angela Davis. Revista Galileu, 25 nov. 2016. Disponível em: <http://www.revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 22 mar. 2017. (adaptado) A política de encarceramento em massa, criticada por Angela Davis no contexto norte-americano, está relacionada a problemas sociais ocasionados por uma experiência de Investimento em propostas que criem práticas integrativas e humanitárias. Cidadania fragilizada pelo preconceito com relação a alguns setores sociais. Análise demográfica em que a maioria dos prisioneiros são negros e latinos. Altruísmo estatal direcionado a segmentos sociais de menor renda e formação. Inadequação de certos grupos ao trabalho regular e ao convívio social harmonioso. QUESTÃO 41 A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilusões religiosas. A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua consciência. (Adaptado de K. Marx e F. Engels, Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Ômega, s./d., vol 1, p. 21-23, 301-302.) As proposições dos enunciados podem ser associadas ao pensamento conhecido como Pensamento mítico, ligado à ação de deuses poderosos, dentro de uma perspectiva de tempo cíclico. Materialismo histórico, que concebe a História a partir da luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações de produção. Positivismo, que encara a História como um conjunto de dados quantificáveis e dispostos em ordem cronológica. Teocentrismo, reafirmando uma concepção providencialista e linear da História. História social, com ênfase nas mentalidades e cotidiano das civilizações antigas. QUESTÃO 42 A incerteza e a vulnerabilidade humanas são os alicerces de todo poder político. É contra essa dupla de efeitos secundários da condição humana (constantes, embora alvos de profunda indignação), contra o medo e a ansiedade que eles tendem a gerar, que o Estado moderno prometeu proteger seus súditos; e foi, principalmente, dessa promessa que ele tirou sua razão de ser, assim como a obediência e o apoio eleitoral de seus cidadãos. BAUMAN, Zygmunt. Danos colaterais: desigualdades sociais numa era global. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. O texto mostra que os governos se legitimam na promessa de trazer segurança e paz para a população. Esse pacto político tem como pressuposto A luta por maior espaço nas decisões políticas. A aceitação resignada de medidas impopulares. O papel do Estado como mediador dos conflitos. A recusa de governos com tendências autoritárias. O receio de que haja corrupção nas gestões públicas QUESTÃO 43 Nosso conhecimento científico “está começando a nos capacitar a interferir diretamente nas bases biológicas ou psicológicas da motivação humana, por meio de drogas ou por seleção ou engenharia genética, ou usando dispositivos externos que interferem no cérebro ou nos processos de aprendizagem”, escreveram recentemente os filósofos Julian Savulescu e Ingmar Persson. [...] James Hughes, especialista em bioética [...], defendeu o aprimoramento moral, afirmando que ele deve ser voluntário e não coercitivo. “Com a ajuda da ciência, poderemos descobrir nossos caminhos para a felicidade e virtude proporcionadas pela tecnologia”. Rosner, Hillary. “Seria bom viver para sempre?”. Disponível em: <www.sciam.com.br> Acesso em: out. 2016. As possibilidades tecnológicas descritas no texto permitem afirmar que O aprimoramento visado pelos pesquisadores desvaloriza o progresso técnico no campo neurocientífico. Tais interferências técnicas somente seriam possibilitadas sob um regime político totalitário. Ideais espiritualistas de meditação permitem concentração intensa da mente. O caráter voluntário dos experimentos elimina a existência de controvérsias de natureza ética. Os recursos científicos estão direcionados ao aperfeiçoamento técnico da espécie humana. QUESTÃO 44 O justo e o bem são complementares no sentido de que uma concepção política deve apoiar-se em diferentes ideias do bem. Na teoria da justiça como equidade, essa condição se expressa pela prioridade do justo. Sob sua forma geral, esta quer dizer que as ideias aceitáveis do bem devem respeitar os limites da concepção política de justiça e nela desempenhar um certo papel. RAWLS, J. Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (adaptado). Segundo Rawls, a concepção de justiça legisla sobre ideias do bem, de forma que As ações individuais são definidas como efeitos determinados por fatores naturais ou constrangimentos sociais. O estudo da origem e da história dos valores morais concluem a inexistência de noções absolutas de bem e mal. O próprio estatuto do homem como centro do mundo é abalado, marcando o relativismo da época contemporânea. As intenções e bens particulares que cada indivíduo almeja alcançar são regulados na sociedade por princípios equilibrados. P homem é compreendido como determinado e livre ao mesmo tempo, já que a liberdade limita-se a um conjunto de condições objetivas. QUESTÃO 45 A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme. BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado). O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a) Caráter ilusório das imagens. Evolução constante da tecnologia. Aspecto efêmero dos acontecimentos. Conteúdo objetivo das informações. Natureza emancipadora das opiniões. QUESTÃO 46 Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade, quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia-lhe a fogueira. Se for a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida.Vejo outras que se fazem matar pelas ideias ou ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama de razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso? CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). O texto apresenta uma questão fundamental, na perspectiva da filosofia contemporânea, que consiste na reflexão sobre os vínculos entre a realidade concreta e a Condição da existência no mundo. Abrangência dos valores religiosos. Percepção da experiência no tempo. Transitoriedade das paixões humanas. Insuficiência do conhecimento empírico. QUESTÃO 47 Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente. CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado). Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em Expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. Oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. Ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. Explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. Explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos. QUESTÃO 48 O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito — tudo por uma simples ideia de arquitetura! BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos Religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê. Ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida. Repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física. Sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle. Consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas. QUESTÃO 49 Em um documento rubricado pela Rede Global de Academias de Ciência (IAP), um grupo de pensadores da comunidade científica com sede em Trieste (Itália) que engloba 105 academias de todo o mundo alerta pela primeira vez sobre os riscos do consumo nos países do Primeiro Mundo e a falta de controle demográfico, principalmente nas nações em desenvolvimento. Na declaração da comunidade científica se indica que as pautas de consumo exacerbado do Primeiro Mundo estão se deslocando perigosamente para os países em desenvolvimento: os milhões de telefones celulares e toneladas de “junk food” que invadem os lares pobres são claros indicadores dessa problemática. A ausência nos países pobres de políticas de planejamento familiar ou de prevenção de gravidezes precoces acaba de configurar um sombrio cenário de superpopulação. “Trata-se de dois problemas convergentes que pela primeira vez analisamos de forma conjunta”, afirma García Novo. (Francho Barón. El País, 16.06.2012. Adaptado.). Um dos problemas relatados no texto está relacionado com A supremacia de tendências estatais de controle sobre a economia liberal. O aumento do nível de pobreza nos países subdesenvolvidos. A hegemonia do planejamento familiar nos países do Terceiro Mundo. O declínio dos valores morais e religiosos na era contemporânea. O irracionalismo das relações de consumo no mundo atual. QUESTÃO 50 Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido. DUBY, G. Ano 1000 ano 2000 na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).. Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve um processo de Mercantilização das crenças religiosas. Transformação das representações sociais. Disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã. Diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico. Amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna. QUESTÃO 01 Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados personalizados. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006. (adaptado) No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado o(a) aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob influência dos modelos orientais de gestão. intensificação das formas tradicionais de trabalho como solução de larga escala para o problema do desemprego crônico. avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos investimentos. autonomização crescente das máquinas e computadores em substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores. fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos e clientes com a garantia de harmonização das relações de trabalho. QUESTÃO 02 Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é, muitas vezes, maior para os ausentes do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto. SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999. (adaptado) Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que os(as) tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais. estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico. procedimentos de terceirizaçãosejam aprimorados pela qualificação profissional. organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional. mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho. QUESTÃO 03 O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia. No restaurante, toda uma série de elementos tomada de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins, 1959. (adaptado) A situação descrita é um exemplo de como os costumes resultam da assimilação de valores de povos exóticos. experimentação de hábitos sociais variados. recuperação de heranças da Antiguidade Clássica. fusão de elementos de tradições culturais diferentes. valorização de comportamento de grupos privilegiados. QUESTÃO 04 A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social contra os miasmas urbanos. SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002. (adaptado) Os movimentos sociais citados no texto emergiram e se expressaram por meio dos(as) ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio urbano. políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e culturais. teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e natureza. boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes. contestações à degradação do trabalho, das tradições e da natureza. QUESTÃO 05 Na sociedade contemporânea, onde as relações sociais tendem a reger-se por imagens midiáticas, a imagem de um indivíduo, principalmente na indústria do espetáculo, pode agregar valor econômico na medida de seu incremento técnico: amplitude do espelhamento e da atenção pública. Aparecer é então mais do que ser; o sujeito é famoso porque é falado. Nesse âmbito, a lógica circulatória do mercado, ao mesmo tempo que acena democraticamente para as massas com supostos “ganhos distributivos” (a informação ilimitada, a quebra das supostas hierarquias culturais), afeta a velha cultura disseminada na esfera pública. A participação nas redes sociais, a obsessão dos selfies, tanto falar e ser falado quanto ser visto são índices do desejo de “espelhamento”. SODRE, M. Disponível em: http://alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015. (adaptado) A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea enfatiza os(a) prática identitária autorreferente. dinâmica política democratizante. produção instantânea de notícias. processos difusores de informações. mecanismos de convergência tecnológica. QUESTÃO 06 Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada — em tudo isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002. A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança o(a) secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, em um tipo de independência nacional. reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional. desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada. QUESTÃO 07 Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. Paulo Freire defende que a superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida pelo(a) desenvolvimento do pensamento autônomo. obtenção de qualificação profissional. resgate de valores tradicionais. realização de desejos pessoais. aumento da renda familiar. QUESTÃO 08 Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: www.palmares.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011 (adaptado). O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivavam o(a) conquista de direitos civis para a população negra. incorporação dos negros ao mercado de trabalho. apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano. supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista. aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano. QUESTÃO 09 Em 1961, o presidente De Gaulle apelou com êxito aos recrutas franceses contra o golpe militar dos seus comandados, porque os soldados podiam ouvi-lo em rádios portáteis. Na década de 1970, os discursos do aiatolá Khomeini, líder exilado da futura Revolução Iraniana, eram gravados em fita magnética e prontamente levados para o Irã, copiados e difundidos. HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Cia. das Letras, 1995. Os exemplos mencionados no texto evidenciam um uso dos meios de comunicação identificado na manipulação da vontade popular. promoção da mobilização política. insubordinação das tropas militares. implantação de governos autoritários. valorização dos socialmente desfavorecidos. QUESTÃO 10 “Não se veem, porventura, povos pobresem terras vastíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma população numerosa vivendo na abundância em um território exíguo, até algumas vezes em terras penosamente conquistadas ao oceano, ou em territórios que não são favorecidos por dons naturais? Ora, se essa é a realidade, é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais nada são. Uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando de modo desigual e vário entre os diferentes povos, explica as desigualdades de riqueza de cada um deles.” SMITH, Adam. Apud HUGON, Paul. História das Doutrinas Econômicas. São Paulo: Atlas, 1973. (adaptado) O texto anterior evidencia a preocupação, por parte de pensadores do século XVIII, com a fonte geradora de riqueza. As “escolas” econômicas do período – Fisiocracia e Liberalismo – apresentavam, contudo, discordâncias quanto a essa fonte. Os elementos geradores de riqueza, para a Fisiocracia e para o Liberalismo, eram, respectivamente, terra e trabalho. agricultura e capital. indústria e comércio. trabalho e agricultura. metal precioso e tecnologia. QUESTÃO 11 Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que embora amasse muito seu pai estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação. ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo, 2003. A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultural do(a) prática da diplomacia. exercício da alteridade. expansão da democracia. universalização do progresso. conquista da autodeterminação. QUESTÃO 12 Os meios de comunicação funcionam como um elo entre os diferentes segmentos de uma sociedade. Nas últimas décadas, acompanhamos a inserção de um novo meio de comunicação que supera em muito outros já existentes, visto que pode contribuir para a democratização da vida social e política da sociedade à medida que possibilita a instituição de mecanismos eletrônicos para a efetiva participação política e disseminação de informações. Contemporaneamente, constitui o exemplo mais expressivo desse novo conjunto de redes informacionais a internet. fibra ótica. televisão digital. telefonia móvel. portabilidade telefônica. QUESTÃO 13 TEXTO I O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos – seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010. TEXTO II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e da agressividade na sociedade brasileira expressa a incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira. QUESTÃO 14 Vida social sem internet? Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010. A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque questiona o fato de as pessoas priorizarem as redes virtuais de relacionamento. considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais. enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado. concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais. QUESTÃO 15 Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantêm na miséria? Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem? Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor -- ah, que bebem vosso sangue? SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada no(a) pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões. salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços nas indústrias. burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo proletariado. trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade. riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam. QUESTÃO 16 Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizendo que o Lula é feio: “O Lula foi um bom presidente, mas no segundo mandato embarangou.” Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e orelhas de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu pra mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas. Até quando a gente quer bater no homem, é na mulher que a gente bate. A maior ofensa que se pode fazer a um homem não é um ataque a ele, mas à mãe ou à esposa. Nos dois casos, ele sai ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma mulher da vida. DUVIVIER, Gregorio. Xingamento. Folha de S. Paulo. 6 jan. 2013. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.br>. (adaptado) A leitura do texto permite inferir que homens e mulheres sofrem igualmente pressões sociais para que seus corpos estejam adequados aos padrões estéticos vigentes. as mulheres, na sociedade contemporânea, sofrem uma violência simbólica que tem como principal alvo o seu corpo. a herança cultural judaico-cristã reserva à mulher um papel autônomo diante da família e da sociedade como um todo. os valores patriarcais foram superados pelos avanços do movimento feminista e pelo desenvolvimento da noção de direitos humanos. o preconceito sobre a figura feminina recai principalmente sobre sua suposta inferioridade cognitiva em relação aos homens. QUESTÃO 17 A charge apresentada faz alusão a um importante conceito das Ciências Sociais conhecido como etnocentrismo. nacionalismo. evolucionismo. racismo. individualismo. QUESTÃO 18 Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeitoàs crianças - o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das noticias exibidas na televisão. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essa influência porque codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. QUESTÃO 19 Uma pesquisadora francesa produziu o seguinte texto para caracterizar nosso país: O Brasil, quinto país do mundo em extensão territorial, é o mais vasto do hemisfério Sul. Ele faz parte essencialmente do mundo tropical, à exceção de seus estados mais meridionais, ao sul de São Paulo. O Brasil dispõe de vastos territórios subpovoados, como o da Amazônia, conhece também um crescimento urbano extremamente rápido, índices de pobreza que não diminuem e uma das sociedades mais desiguais do mundo. Qualificado de “terra de contrastes”, o Brasil é um país moderno do Terceiro Mundo, com todas as contradições que isso tem por consequência. DROULERS, Martine. Dictionnaire geopolitique des états. Organizado por Yves Lacoste. Paris: Éditions Flamarion, 1995. (adaptado) O Brasil é qualificado como uma “terra de contrastes” por: fazer parte do mundo tropical, mas ter um crescimento urbano semelhante ao dos países temperados. não conseguir evitar seu rápido crescimento urbano, por ser um país com grande extensão de fronteiras terrestres e de costa. possuir grandes diferenças sociais e regionais e ser considerado um país moderno do Terceiro Mundo. possuir vastos territórios subpovoados, apesar de não ter recursos econômicos e tecnológicos para explorá-los. ter elevados índices de pobreza, por ser um país com grande extensão territorial e predomínio de atividades rurais. QUESTÃO 20 O cálculo, mesmo com os decimais e a álgebra, foi adotado na Índia, onde o sistema decimal foi inventado; mas seu uso foi desenvolvido apenas pelo capitalismo no Ocidente, pois, na Índia, isso não levou às modernas aritmética e contabilidade. Nem podemos dizer que as origens da matemática e da mecânica tenham sido determinadas pelos interesses capitalistas. Mas a utilização técnica do conhecimento científico, tão importante para as condições de vida da massa do povo, foi certamente incentivada pelas condições econômicas, estas que lhe eram extremamente favoráveis no mundo ocidental. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Martin Claret, 2009. A análise weberiana mostra que, no processo de desenvolvimento capitalista, o conhecimento científico foi desvinculado das habilidades técnicas originalmente desenvolvidas. expropriado da cultura oriental sem que esta fosse reconhecida. utilizado com o fim de gerar dividendos financeiros para o povo. desenvolvido segundo os critérios da racionalidade econômica. criado para atender interesses socioeconômicos particulares. QUESTÃO 21 É alarmante constatar que a legislação diária do Brasil é uma regulamentação do “não pode”, a palavra “não” que submete o cidadão ao Estado, sendo usada de forma geral e constante. Ora, é precisamente por tudo isso que conseguimos descobrir e aperfeiçoar um modo, um jeito, um estilo de navegação social que passa sempre nas entrelinhas desses peremptórios e autoritários “não pode!”. Assim, entre o “pode” e o “não pode”, escolhemos, de modo chocantemente antilógico, mas singularmente brasileiro, a junção do “pode” com o “não pode”. DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? 12. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. No texto anterior, Roberto DaMatta discorre sobre uma prática socialmente enraizada na cultura brasileira conhecida como autoritarismo excludente. ética do meio termo. democracia racial. jeitinho brasileiro. corrupção ativa. QUESTÃO 22 É um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Esta definição se refere ao conceito de: Relativismo cultural. Indústria cultural. Etnocentrismo. Preconceito. Cultura. QUESTÃO 23 A imigração consiste no estabelecimento de um indivíduo ou de grupos de indivíduos estrangeiros num determinado país ou região diferente daquele de origem, e resulta de diversos fatores como aspiração por melhores condições de vida, autoproteção contra crises humanitárias, climáticas e econômicas severas, bem como guerras e perseguição política, cultural ou racial. Nesse sentido, pode-se afirmar que o(a) comunidade judaica, que imigrou para a Europa quando Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d.C., foi bem recebida e contribui para o desenvolvimento econômico europeu até os dias atuais. imigração promove o convívio entre diferentes grupos e é um fator de diversidade cultural, apesar da xenofobia que se interpõe em muitos casos. Brasil é um exemplo de política de integração e diversidade cultural na qual diferentes povos, de diferentes origens, inclusive os povos indígenas, alcançaram plena integração. d) destino das mais importantes correntes migratórias, os Estados Unidos, possui uma política de imigração que promove a plena integração dos imigrados naquela sociedade. migração regional, como no caso da migração nordestina para o centro-sul do país, não encontra resistências no Brasil, sendo confrontada por movimentos xenófobos e fascistas. QUESTÃO 24 Ao organizar a sociedade, o homem teve a necessidade de distribuir ações e cobrar resultados; não se poderia mais dividir o trabalho apenas pela condição do sexo humano. Com a Revolução Industrial e a crescente urbanização, o homem passou a reordenar funções. Sociologicamente, a divisão do trabalho, para Durkheim, compõe uma ação movida à afetividade, em que um líder determina a função de cada indivíduo por proximidade social. tem sentido harmonioso, funcionando como um organismo em que o indivíduo se adéqua sem gerar transformações. segue uma ação social motivada por fins e valores, em que o indivíduo é praticante de reformas de cunho pessoal, e não coletivas. mantém a condição de luta de classes, pois cabe ao indivíduo transformar o seu meio em um ambiente propício para o trabalho. caracteriza-se por uma intensa mudança social, em que o indivíduo e a sua relação com o trabalho são vistos pela ação coletiva. QUESTÃO 25 Na verdade, a questão da distribuição da riqueza é importante demais para ser deixada apenas para economistas, sociólogos, historiadores e filósofos. Ela interessa a todo mundo, e é melhor que seja assim mesmo. A realidade concreta e orgânica da desigualdade é visível para todos os que a vivenciam e inspira, naturalmente, julgamentos políticos contundentes e contraditórios. Camponês ou nobre, operário ou dono de fábrica, servente ou banqueiro: cada um, a partir de seu ponto de vista peculiar e único, vê aspectos importantes sobre as condições de vida de uns e de outros, sobre as relações de poder e de dominação entre grupos sociais, e elabora sua própria concepção do que é justo e do que não é. PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Tradução de Monica Baumgarten de Bolle. 1. Rio de janeiro: Intrínseca, 2014. p. 10. Ao analisar o excerto, infere-se que a temática emquestão deve ser tratada por diferentes analistas, para que se alcance um resultado satisfatório para os envolvidos, a justiça social. deve implementar um debate amplo, entre diferentes grupos sociais, para que as conclusões sejam racionais. pode validar posturas antagônicas entre diferentes grupos sociais, mas objetiva o mesmo fim, a acumulação de renda. pode gerar uma maior conscientização pela coletivização do capital, já que cada participante do debate aprende com o seu oposto. deve ser vista de forma diversificada, onde cada segmento esboça suas convicções a partir de seu lugar, como integrante de uma dada realidade socioeconômica. QUESTÃO 26 A tirinha exposta pode ser interpretada de acordo com a perspectiva do(a) processo civilizador, de Norbert Elias. luta de classes e ideologia, de Karl Marx. religião da humanidade, de Auguste Comte. solidariedade mecânica, de Émile Durkheim. monopólio da violência legítima, de Max Weber. QUESTÃO 27 TEXTO I A filha do vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), sofreu uma tentativa de assalto na manhã desta sexta-feira (19), no Morumbi (zona sul da capital). O carro blindado conduzido por Maria Cecília Domingos Sayoun, 33, que levava o filho de 2 anos à escola, foi abordado por dois homens armados por volta das 7h40min, na rua Dr. Flávio Américo Maurano. Maria não parou e acelerou o veículo, que foi atingido por dois tiros disparados pelos assaltantes – um deles na altura da cabeça do vidro do motorista, segundo informações da assessoria de imprensa de Afif. Nem ela nem o filho ficaram feridos. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br>. TEXTO II Um morador de rua, que não foi identificado pela polícia, foi morto a tiros na noite de sexta-feira (5), no bairro Cobilândia, em Vila Velha (ES), por volta das 20h30min. O homem foi atingido por sete disparos de pistola calibre 380 e morreu no local. O crime aconteceu na Décima Avenida, próximo de uma revendedora de pneus, em um local conhecido como “favelinha”. A vítima estaria acompanhada de outras duas pessoas que conseguiram escapar dos tiros e ainda não foram localizadas pela polícia. Disponível em: <http://gazetaonline.globo.com>. A leitura dos textos nos permite inferir que o(a) a violência é fruto da desigualdade social e as maiores vítimas são os ricos. o fenômeno da violência atinge da mesma maneira ricos e pobres. a violência é menor entre as pessoas mais pobres. as classes sociais vivenciam de formas distintas a violência. os ricos conseguem ficar imunes à violência. QUESTÃO 28 “A revolução negra é muito mais que uma luta pelos direitos dos negros. Ela tem forçado a América a enfrentar todas as suas falhas – racismo, pobreza, militarismo e consumismo. Está expondo os males firmemente enraizados em toda a estrutura da sociedade [...] e sugere que reconstrução radical é a real questão a ser enfrentada.” Trecho extraído de um discurso de Martin Luther King. A respeito da luta social protagonizada por Martin Luther King, é possível depreender que o movimento desenvolveu-se no meio oeste norte- americano objetivando uma maior participação da comunidade negra na política americana, fato que já se observava em uma crescente. o movimento compreendia diferentes etnias que desejavam o fim dos conflitos no Vietnã, representando o fator decisivo para que a paz fosse decretada. o movimento social articulou uma revolução que debateu bem mais do que a questão racial, obtendo, por meio de manifestações e ocupações, valiosos direitos políticos, como a livre representação de candidatos negros. a luta social empreendida por Martin Luther King na defesa da desobediência civil lutava centralmente pela conquista da igualdade racial, afastando-se de questões periféricas. a luta social liderada por Martin Luther King trazia à tona as demais falhas da América, como racismo, desigualdade social, consumismo, eliminando-as da sociedade por meio de modificações na legislação norte-americana. QUESTÃO 29 A pobreza é um fenômeno inerente ao sistema capitalista. Sociologicamente, o que faz com que certas pessoas se preocupem em modificar esse tipo de situação e outras não? A religião. Sabe-se que os cristãos são as únicas pessoas preocupadas com as necessidades dos mais pobres. O engajamento político-ideológico. Pessoas que possuem concepções políticas divergentes tendem a se preocupar mais ou se preocupar menos com a pobreza. O individualismo acadêmico. Os acadêmicos, por serem individualistas, tornam-se os grandes responsáveis pela injustiça na distribuição de riqueza da sociedade. A ética coletiva. Somente alguns povos estão preocupados em erradicar a pobreza. O etnocentrismo. Pessoas etnocêntricas são as principais responsáveis por fazerem com que os pobres deixem de existir. QUESTÃO 30 Figura 1: igreja barroca em MG Figura 2: prática da capoeira na BA A análise das imagens permite inferir que apenas a imagem 1 representa um exemplo de patrimônio cultural nacional, devido ao contexto histórico em que foi construído. a imagem 2 não representa exemplo de patrimônio, pois não é possível a reconstrução histórica dos processos que a originaram. as duas imagens representam patrimônios históricos materiais, possuindo grande divulgação e reconhecimento nacional. a imagem 1 não representa um patrimônio histórico, pois seu uso estava restrito às camadas da elite. ambas as imagens podem ser considerados patrimônios culturais do Brasil – a primeira, um patrimônio material, e a segunda, um patrimônio imaterial. QUESTÃO 31 A mobilização popular por uma causa de interesse coletivo, como a luta pela deposição de um poder tirânico, representa o desenvolvimento da consciência da força plástica que se encontra subjacente em cada pessoa, que se amplia mediante as redes colaborativas da comunhão e agregação desse quantum de vitalidade. Formando um grande corpo político, a multidão efetiva os resultados planejados por meio de sua sólida unidade orgânica. BITTENCOURT, Renato Nunes. A força transformadora da multidão. Ciência & Vida. Disponível em: <http://filosofiacienciaevida.uol.com.br>. Acesso em: 13 jul. 2015. As ações provocadas pelas multidões no mundo contemporâneo são marcadas pela desorganização política e pela falta de liderança. dificultam a conquista de cidadania devido à falta de agenda política unificada. se justificam apenas quando se posicionam contra estrutura de poder tirânico. são importantes agentes de transformações sociais e aperfeiçoamento de regimes políticos. conseguem promover mudanças sociais somente quando vinculadas a partidos políticos. QUESTÃO 32 O papel da TV na vida cotidiana tem sido objeto de análises e questionamentos. A charge chama atenção para esse debate por se referir à influência que a TV exerce sobre as crianças. à condição individualista de quem vê televisão. à pouca consciência crítica dos telespectadores. à presença de conteúdo violento na programação. ao desestímulo ao uso do livro e à prática da leitura. QUESTÃO 33 Leia o texto, a seguir, que remete ao debate sobre questões de gênero. A violência contra a mulher acontece cotidianamente e nem sempre ganha destaque na imprensa, afirmou a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire [...]. “Quando surgem casos, principalmente com pessoas famosas, que chegam aos jornais, é que a sociedade efetivamente se dá conta de que aquilo acontece cotidianamente e não sai nos jornais. As mulheres são violentadas, são subjugadas cotidianamente [...]”, afirmou a ministra. [...] “Eliza morreu porque contrariou um homem que achou que lhe deveria impor um castigo. Ela morreu como morrem tantas outras quando rompem relacionamentos violentos”, disse a ministra. (“Violência contra as mulheres é diária”, diz ministra, Agência Brasil, Brasília, 11 jul. 2010.) Com base no texto e nos conhecimentos socioantropológicos sobre o tema, é correto afirmar: Questões de gênerosão definidas a partir da classe social, razão pela qual são mais presentes nas camadas populares do que entre as elites. As identidades sociais masculina e feminina são configuradas a partir de características biológicas imutáveis presentes em cada um. As diferenças de gênero são determinadas no terreno econômico, daí o fato de serem produto da sociedade capitalista. As experiências socialistas do século XX demonstram que as questões de gênero são resolvidas de modo a estabelecer a igualdade real entre homens e mulheres. As relações de gênero são construídas socialmente e favorecem, nas condições históricas atuais, a dominação masculina. QUESTÃO 34 “O primeiro beijo é sempre o último”. Assim um longo da night. “Ficar” é essencialmente beijar, beijar em série, beijar muito. O primeiro beijo, marcado por algo absolutamente fugaz, registro imediato do tátil, desliga-se do que outrora era ritual do enamoramento, prelúdio de uma trajetória sentimental. [...] No campo do afeto e do exercício da sociabilidade, essa mesma noite propicia comportamentos que revelam a transitoriedade, a seriação e o deslocamento afetivo como um novo mecanismo de agrupamento dos jovens. ALMEIDA, M. I. M. de. Guerreiros da noite - cultura jovem e nomadismo urbano. In: Ciência Hoje, v. 34, n. 202, p. 28. A prática abordada no texto nos sugere que, em algumas formas de sociabilidade atuais, prevalece a noção de interagir sem criar vínculos profundos. existe a falta de coesão social entre segmentos etários mais jovens. desenvolve-se uma continuidade de padrões afetivos das gerações anteriores. continua marcada pela influência de padrões morais religiosos e dogmáticos. não constrói rituais e nem valores culturais e sociais próprios. QUESTÃO 35 TEXTO I A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados conseguiu aprovar nesta terça-feira [18.06.2013] o projeto de decreto legislativo que trata da “cura gay”. O deputado Anderson Ferreira, relator da matéria na CDH, alegou que a suspensão da resolução terá efeito somente até que haja uma decisão judicial que determine se psicólogos devem ou não ajudar pacientes a “deixarem” a homossexualidade. Em resposta, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) afirmou que os psicólogos estão proibidos de tratar a homossexualidade como doença. A proposta altera uma resolução do CFP e suspende a vigência desse documento, que proíbe psicólogos de atuar para mudar a orientação sexual de pacientes e de considerar a homossexualidade como doença. Há quase 30 anos a homossexualidade foi excluída da Classificação Internacional das Doenças. COBUCCI, Luciana. Com poucos manifestantes, CDH aprova projeto da “cura Gay”. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br>. (adaptado) TEXTO II Comportamento homossexual tem sido descrito em répteis, pássaros e mamíferos, animais que na evolução divergiram há mais de 100 milhões de anos. Uma parte dos machos e fêmeas de todas as espécies de aves estudadas tem relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo. Em muitas ocasiões, essas práticas terminam em orgasmo de apenas um ou dois dos parceiros. Certamente, já existiam hominídeos homo e bissexuais 5 a 7 milhões de anos atrás, quando nossos ancestrais resolveram descer das árvores nas savanas da África. Sempre houve e haverá mulheres e homens que desejam pessoas do mesmo sexo, porque essa é uma característica inerente à condição humana. VARELLA, Drauzio. Gays e heterossexuais incuráveis. Folha de S.Paulo, 29 jun. 2013. (adaptado) A abordagem da homossexualidade nos textos permite inferir que o projeto legislativo aborda a temática embasada em pressupostos científicos. os dois textos defendem pontos de vista laicos. o segundo texto aponta para o caráter normal das práticas homossexuais. o debate sobre o tema não está sujeito a questões ideológicas. os dois textos tem forte conotação religiosa. QUESTÃO 36 “Para o antropólogo (Luiz Eduardo Soares), a violência e o crime não são fáceis de explicar, devendo- se evitar, sobretudo, a armadilha da generalização. Refere-se, neste caso, ao costume que se tem de definir pobreza, desigualdade e vontade política como causas de criminalidade. Explicações como essa, segundo o antropólogo, ajudam a exorcizar o medo, mas não contribuem para esclarecer a complexidade da violência. [...] É reconhecida a defesa que este autor tem feito de políticas públicas preventivas voltadas, sobretudo, para os jovens mais vulneráveis, abrindo-lhes perspectivas de reforço da autoestima.” ROCHA, Lucia. “Uma luz sobre a violência”. Revista de Sociologia, Ano II, número 15, p. 25. O autor do texto sugere sobre a violência que inexistem explicações que ajudem a esclarecer as causas do problema. fatores de natureza econômica são suficientes para entender o fenômeno. se trata de um problema sobretudo cultural e de difícil resolução. sua prática se restringe aos grupos sociais pobres e de baixa escolaridade. tem explicações multicausais cuja resolução requer intervenção do governo. QUESTÃO 37 As tiras fazem menção tiras fazem menção à ideologia anarquista, que negava a existência do Estado, e ao atual esforço de certos intelectuais para revitalizar as utopias revolucionárias dos séculos anteriores. ao socialismo científico, que mobilizou milhões de pessoas nos séculos XIX e XX, e à atual descrença nas utopias sociais e políticas que nortearam os revolucionários daquele período. ao socialismo utópico do século XIX e àqueles que, em pleno século XXI, tentam reinventá-lo em oposição ao neoliberalismo triunfante. à adaptação da ideologia marxista a novas áreas do conhecimento, como a Ecologia e a Engenharia Genética. à retomada da ideologia marxista em novas bases, compatíveis com os avanços do conhecimento científico registrados nas últimas décadas. QUESTÃO 38 “A criação de um proletariado despossuído, (...) cultivadores vítimas de expropriações violentas repetidas, foi necessariamente mais rápida que sua absorção pelas nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século XV e durante todo o século XVI, na Europa Ocidental, foi criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da atual classe operária foram castigados por terem sido reduzidos à situação de vagabundos e pobres. A legislação os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha que dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalhar como antes.” MARX, Karl. O Capital. Paris, Garnier-Flamarion, 1969. As transformações econômicas e sociais costumam gerar profundas alterações no chamado “mundo do trabalho”. A situação apontada por Marx refere-se ao processo histórico: das revoluções anticapitalistas, ocorridas na Europa, contra as quais a burguesia determinou severa repressão. das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas destruição das máquinas e à exploração por elas causada. da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores foram transformados em massa de manobra dos interesses burgueses. de cercamento dos campos, com o deslocamento de um grande contingente de despossuídos da sua área rural de origem. da Revolução Industrial, quando os criminosos eram expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em outra ocupação, pela legislação vigente. QUESTÃO 39 Leia o fragmento que se segue da entrevista concedida pelo intelectual palestino Edward Said, comentando os problemas atuais no Oriente Médio. Entrevistador: O senhor não gosta da expressão “choque de civilizações”. Por quê? Said: (...) são inúmeros os problemas. Para começar, ela trata as civilizações como se fossem entidades fechadas, lacradas, alheias a qualquer tipo de troca (...). Por fim, a ideia de choque de civilizações tem um aspecto caricatural muito nocivo, como se enormes entidades chamadas “Ocidente” e o “Islã” estivessem num ringue, lutando para ver qual é a melhor. Revista Veja, 25/06/2003. Assinale a opção que reforça a opinião emitida por Said. As trocasentre distintos conjuntos civilizacionais incluem mercadorias culturais. Desse modo, padronizam as civilizações. Não existem diferenças jurídico-políticas entre o Ocidente e o Oriente Médio, logo não faz sentido diferenciar essas duas civilizações. O mundo muçulmano não é homogêneo assim como o Ocidental; portanto, apenas os conflitos internos devem ser considerados. As diferenças culturais não podem ser tratadas como expressão de conflitos, mas sim como particularidades de cada civilização no tempo e no espaço. Há uma pluralidade cultural que deve ser combatida na medida em que contradiz e atrapalha os aspectos políticos e econômicos da globalização dos mercados. QUESTÃO 40 Meu pai não tinha educação Ainda me lembro Era um grande coração Ganhava a vida com muito suor E mesmo assim não podia ser pior Pouco dinheiro pra poder pagar Todas as contas e despesas do lar [...] Meu pai disse: “Boa sorte” Com a mão no meu ombro Em seu leito de morte E disse: “Marvin, agora é só você E não vai adiantar Chorar vai me fazer sofrer” [...] Trabalhava feito um burro nos campos Só via carne se roubasse um frango Meu pai cuidava de toda a família Sem perceber segui a mesma trilha E toda noite minha mãe orava “Deus, era em nome da fome que eu roubava. [...]” “Marvin”, Titãs. A música relata a história de um rapaz que teve que trabalhar desde cedo para ajudar a sustentar sua família. Sociologicamente, a música ilustra uma situação de deserção social. anomia social. reprodução social. fato social. efervescência social. QUESTÃO 41 “Esse sistema permite prender quase todo mundo, homens e mulheres, a partir dos 12 anos. Os menores ficam sob a guarda da Justiça Militar e podem ser transferidos às mesmas prisões dos adultos a partir dos 16 anos, e não aos 18, como estipulam a Constituição Civil israelense e o Direito Internacional. Essa especificidade da Justiça Militar começou a ser questionada no fim de 2011. Em 1o de maio de 2012, 218 menores foram presos, dos quais 33 com idade inferior a 16 anos.” Stephanie latte Abdallah, “O véu carcerário que aprisiona a palestina”. Le Monde Diplomatique, n.60, p.29. O sistema carcerário deveria ser um instrumento para preservar os valores democráticos da sociedade civil, contudo, analisando o texto, constata-se que o sistema carcerário israelense descumpre a legislação constitucional de forma justificada, por privar a liberdade de jovens, potenciais terroristas. a Justiça Militar israelense criou um ambiente de estado de sítio, para garantir a construção da cidadania da maioria de sua população. a Constituição Civil e o Direito Internacional apregoam os fundamentos de um Estado democrático de direito, mas a prática dos representantes distancia- se da cidadania. a prisão de jovens de 16 anos só se sustenta pela Anistia Internacional, quando esta enquadra-os como potenciais ameaças para a organização do Estado democrático. o sistema carcerário israelense cumpre a Legislação Constitucional à medida que esta é amparada por atos institucionais, aprovados pela Justiça Militar. QUESTÃO 42 Em um dos dias, o funcionário disfarçado e seus colegas foram obrigados a passar a madrugada marcando pontos de encaixe em placas de iPhone, usando uma espécie de tinta à base de óleo, tudo muito rápido para que nada desse errado na esteira onde passava o material. Era comum, nesse processo, os supervisores gritarem com os operários que colocavam muita tinta nos pequenos pontos, ou com os que eram lentos demais. Essa tarefa era normalmente dada a mulheres, por serem mais delicadas e terem mãos e dedos menores. Como muitas haviam pedido demissão, os operários homens ficaram com a incumbência. ALVES, Paulo. Conheça a péssima experiência de um operário na fábrica do iPhone 5. In: Techtudo. Disponível em: <http://www.techtudo.com.br>. Esse relato descreve uma fábrica funcionando segundo o modelo produtivo conhecido como toyotismo. cooperativismo. fordismo. produtivismo. distributivismo. QUESTÃO 43 O Maranhão vive a expectativa da implantação de um grande polo siderúrgico. De um lado, o discurso afirma que os maranhenses terão um momento de desenvolvimento com a geração de emprego e renda. Do outro, o discurso versa sobre o impacto ambiental para a população. Ambos os discursos são ideológicos, embora diferentes, pois há vários sentidos para a palavra ideologia que, segundo Karl Marx, adquiriu um sentido negativo, como instrumento de dominação, que tem como função produzir uma divergência entre as classes. enfatizar as diferenças, como as de classe, e de fornecer aos membros da sociedade um sentimento de identidade social. desenvolver consciência crítica na relação dos homens entre si e em suas condições de existência. dar aos membros da sociedade dividida em classes um sentido de desigualdade entre todos. dar aos membros da sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e econômicas. QUESTÃO 44 TEXTO I “[...] os valores e interesses predominantes são construídos sem referência ao passado ou ao futuro no panorama intemporal das redes de computadores e da mídia eletrônica, em que todas as expressões ou são instantâneas, ou não apresentam sequência previsível. […] Essa virtualidade é nossa realidade, porque está na estrutura desses sistemas simbólicos intemporais desprovidos de lugar, cujas categorias construímos e cujas imagens, também por nós evocadas, modelam o comportamento, influenciam a política, acalentam sonhos e provocam pesadelos.” CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 3. p. 411; 439. TEXTO II Nos últimos anos tem crescido de forma acentuada a utilização das redes sociais na Internet, principalmente pelos mais jovens. Os protestos agora se difundem globalmente, e abaixo-assinados e petições públicas se reproduzem pelas redes, dando um novo significado ao conceito de cidadania. Com base nos textos, conclui-se que, com o uso da Internet, os(as) a) redes sociais têm contribuído para tornar o mundo mais humano e tolerante. redes sociais levam as pessoas a tornarem-se mais ativas na luta pela distribuição das riquezas. c) jovens encontram nas redes sociais um instrumento real para transformar a sociedade. d) redes sociais potencializam revoltas e manifestações, mas carecem de organização e limitam-se no tempo. e) questionamentos críticos nas redes sociais têm mudado o comportamento consumista da juventude. QUESTÃO 45 O uso da rede para dormir é bastante antigo, é um costume herdado dos indígenas brasileiros. Eles chamavam a rede de ini. Foi em 27 de abril de 1500 que Pero Vaz de Caminha, navegante português, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que sem procurar saber o nome já usado pelos indígenas, chamou pela primeira vez, este tipo de leito, de rede de dormir, pela semelhança com a rede de pescar. [...] Meio século depois do descobrimento a rede já era usada por colono agricultor e pela maior parte dos jesuítas. No Brasil Colonial a rede foi muito usada também como meio de transporte para longas viagens. Eram colocadas nos ombros dos escravos que a sustentavam, por meio de uma vara. Este tipo de rede era chamada de serpentina. Nas áreas mais pobres da Região Nordeste, era costume o morto ser transportado em redes, então chamadas de rede de defunto. A técnica de tecer a rede, foi aperfeiçoada pelas mulheres portuguesas. A rede foi então cada vez mais usada nas vilas, povoados e engenhos de açúcar, principalmente pela facilidade de transporte. Bastava enrolá-las e colocá-la às costas, visto que as camas de madeiras eram mais pesadas e até então não eram fabricadas no Brasil [...]. Hoje apenas em algumas regiões, principalmente do Norte e Nordeste, a rede é usada para dormir. Nos grandes centros urbanos a rede é mais um objeto de decoração de residências e serve como ponto de referência aos costumes regionais. São armadas em terraços, alpendrese varandas de casas e apartamentos, casas de praia e de campo, geralmente para descansar ou sesta, mas quase nunca para dormir à noite. ANDRADE, Maria do Carmo. Rede de dormir. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 6 ago. 2010. A respeito desse aspecto da cultura material do Brasil, pode-se inferir que as redes de dormir adquirem variados significados a partir dos usos conferidos a elas pelos indivíduos e grupos sociais. a disseminação do uso da rede de dormir restringe- se apenas a pessoas de baixo poder aquisitivo. atualmente seu uso sobretudo nas áreas rurais não é prático, mas exclusivamente decorativo. a rede de dormir configura-se até os dias atuais um autêntico e puro artefato artesanal e indígena. por ter uma origem não europeia, a rede de dormir tem sido desprezada pelos setores da elite brasileira. QUESTÃO 46 A revolta das mulheres, ao contrário da explosão da Revolução Francesa, é uma revolução que avança furtivamente, uma sub-revolução que se comporta como um gato: suavemente, mas sempre com garras afiadas. Onde ela toca, modifica o lado inferior sensível da sociedade industrial, a esfera privada, e daí parte para alcançar o apogeu da dominação e da certeza masculinas. A sub-revolução das mulheres, que vai minando o sistema nervoso da ordem cotidiana da sociedade, apesar dos revezes, pode certamente proporcionar à sociedade uma face diferente. BECK, Ulrich. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: ______.Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2012. De acordo com o texto, o movimento de conquista dos direitos femininos é caracterizado pela disputa com os homens por espaço no mercado de trabalho. mudança gradual nas relações de poder entre os gêneros. tentativa de alcançar a hegemonia nas decisões políticas. recusa da participação feminina nas atividades domésticas. natureza conflituosa de suas reivindicações comportamentais. QUESTÃO 47 TEXTO I A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda coletividade. GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997. (adaptado) TEXTO II É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa. Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 24 abr. 2010. Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar. fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera pública. apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos. propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para conscientização política. promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas. QUESTÃO 48 Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, a demanda da população afrodescendente, no sentido de politicas de ações afirmativas. Propõe a divulgação e a produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial — descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos — para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: wvvw.semesp.org.br. Acesso em: 21 nov:2013 (adaptado). A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o princípio da inclusão social a práticas de valorização identitária. medidas de compensação econômica. dispositivos de liberdade de expressão. estratégias de qualificação profissional. instrumentos de modernização jurídica. QUESTÃO 49 NEVES, E. Engraxate. Disponível em: <www.grafar.blogspot.com>. Acesso em: 15 fev. 2013. Considerando-se a dinâmica entre tecnologia organização do trabalho, a representação contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à ideia de progresso. concentração do capital. noção de sustentabilidade. organização dos sindicatos. obsolescência dos equipamentos. QUESTÃO 50 Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994. O trecho, retirado da obra “Política”, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.