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Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS ................................................................... 4 1.1 Histórico, Conceito e Natureza jurídica ............................................................. 4 1.2 Princípios Recursais ......................................................................................... 5 1.2.1 Duplo Grau de Jurisdição ................................................................................. 5 1.2.2 Unirrecorribilidade ............................................................................................. 6 1.2.3 Fungibilidade Recursal ..................................................................................... 6 1.2.4 Voluntariedade .................................................................................................. 7 1.2.5 Proibição de Reformatio in pejus ...................................................................... 8 1.2.6 Taxatividade ..................................................................................................... 8 1.3 Efeitos dos Recursos ........................................................................................ 8 1.3.1 Efeito Devolutivo ............................................................................................... 8 1.3.2 Efeito suspensivo .............................................................................................. 9 1.4 Pressupostos Recursais ................................................................................. 10 1.4.1 Dos Pressupostos subjetivos .......................................................................... 10 1.4.2 Dos Pressupostos Objetivos ........................................................................... 11 2 RECURSOS EM ESPÉCIE ............................................................................... 14 2.1 Recurso Ordinário ........................................................................................... 14 2.2 Recurso de Revista ........................................................................................ 17 2.3 Embargos de Declaração ............................................................................... 20 2.4 Agravo de Instrumento.................................................................................... 22 2.5 Agravo de Petição .......................................................................................... 25 2.6 Recurso Extraordinário ................................................................................... 26 3 EXECUÇÃO TRABALHISTA ........................................................................... 28 3.1 Considerações Gerais .................................................................................... 28 3.2 Princípios da Execução Trabalhista ................................................................ 29 3.2.1 Princípio da natureza real ............................................................................... 29 3.2.2 Limitação Expropriatória ................................................................................. 30 3.2.3 Execução menos gravosa ao executado ........................................................ 30 3.2.4 Especificidade ................................................................................................. 30 3.2.5 Livre disponibilidade do processo pelo credor ................................................ 31 3.3 Títulos Executivos ........................................................................................... 31 3.4 Execução Provisória e Definitiva .................................................................... 33 3.5 Legitimidade ................................................................................................... 34 3.5.1 Legitimidade ativa ........................................................................................... 34 3.5.2 Legitimidade passiva ...................................................................................... 35 3.6 Liquidação de sentença .................................................................................. 36 3.6.1 Liquidação por cálculos .................................................................................. 36 3.6.2 Liquidação pelo procedimento comum ........................................................... 37 3.6.3 Liquidação por arbitramento ........................................................................... 38 3.7 Espécies de Execução.................................................................................... 38 3.7.1 Execução para entrega de coisa certa ........................................................... 38 3.7.2 Execução para entrega de coisa incerta ......................................................... 39 3.7.3 Execução de Obrigação de Fazer .................................................................. 40 3.7.4 Obrigação de não fazer .................................................................................. 41 3.8 Extinção da Execução .................................................................................... 41 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 42 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 TEORIA GERAL DOS RECURSOS 1.1 Histórico, Conceito e Natureza jurídica Junto com o surgimento do Direito do Trabalho, veio também o sentimento nato que todo individuo possuí, de indagar e protestar a algo que lhe é imposto sem argumentos ou provas da licitude. Por outro lado, temos o processo de todos os ramos do Direito em si, que somente pelos atos de conciliação e julgamento não é capaz de se fazer executar os freios e contrapesos que devem ser ponderados mediante uma ação. Da junção destas duas necessidades, temos a origem do Recurso. Porém, na época em que se foi criado, não havia ainda espécies de recursos para cada tipo de situação, e caso uma parte não cumprisse espontaneamente a decisão, restaria a seu beneficiário buscar o cumprimento daquela junto à Justiça Comum. (PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020.) O Recurso surgiu então, como forma deum instrumento que atua na provocação do Judiciário com o objetivo de modificar uma decisão. Nas palavras de Francisco Ferreira Jorge Neto, e Jouberto de Quadro Pessoa, citando Barbosa Moreira, recurso é o “remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna”. (BARBOSA MOREIRA, 2003. apud JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Os recursos trabalhistas encontram-se elencados no artigo 893 da Consolidação das leis do trabalho, sendo eles: embargos; recurso ordinário; recurso de revista e agravo. Sobre o sentido e fundamento de Recurso, Pamplona Filho e Souza nos diz que: O sentido dos recursos no processo do trabalho surge justamente com a construção e autonomia da Justiça do Trabalho como órgão do Poder 5 Judiciário. Um de seus fundamentos, assim como de toda a teoria geral dos recursos, é justamente a falibilidade humana. Na condição de ser humano, o juiz que profere a decisão pode errar, e, por isso mesmo, há hipóteses em que é possível uma revisão. Daí ser possível a utilização de determinado instrumento para a retificação daquele erro. Essa seria a trave mestra do sistema recursal. (PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020) A doutrina atual discute sobre a existência de uma controvérsia quando se percebe a necessidade de mais celeridade aos processos, que seria possível talvez com a diminuição de alguns recursos, e, por ouro lado, a necessidade também de confirmação se as sentenças estão de acordo com o devido processo legal, tendo sido revisadas a cada recurso interposto. Podemos dizer que o Recurso é um instrumento com natureza jurídica de direito de ação, pois é cabível sempre que uma das partes se sentir lesada por alguma decisão proferida pelo juiz, podendo pedir alteração ou anulação da mesma. Portanto, a necessidade de pleitear esta ação, se faz necessário com o surgimento de uma decisão residente no processo instaurado pelo exercício do direito de ação, e o seu objetivo é modificá-la (se a considera injusta) ou anulá-la (se vislumbra nela algum vício de nulidade). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 1.2 Princípios Recursais 1.2.1 Duplo Grau de Jurisdição O duplo grau de jurisdição possuí natureza jurídica de um princípio constitucional implícito, uma vez que não existe previsão legal que o exponha. Através deste princípio, temos a base de um sistema hierárquico, com um controle balanceado entre os órgãos inferiores e os órgãos superiores. Ou seja, trata-se do direito que uma parte possuí, de ter uma decisão reexaminada no processo. Alguns pretendem que tal princípio não possua assento constitucional. Outros entendem que ele estaria implícito no conteúdo do arts. 5º, 102 e 105 da CF/88, que indicam ser o sistema judiciário hierarquizado, alguns órgãos possuindo mais autoridade do que outros. A própria estrutura recursal estaria assentada de sorte a permitir a recorribilidade de algumas decisões. (PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020) 6 O que se entende num todo, é que pelo princípio do duplo grau de jurisdição, um recurso sempre será julgado por um órgão superior ao que já foi dado uma decisão, mas, em tese, não é desta forma. Em alguns casos, como por exemplo acontece com a impetração de Embargos, a decisão pode ser reexaminada pelo mesmo juízo em que se deu origem a primeira decisão. A doutrina atual aponta alguns pontos positivos e negativos a respeito do duplo grau de jurisdição. Porém, este fato não tem interferido em como tem sido aplicado este princípio perante os processos trabalhistas, sendo um fator de manutenção do prestígio, da formação e da conduta ética do Judiciário como um todo. Deve ser incentivado. Aliás, representa um elemento primordial para a segurança das decisões. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 1.2.2 Unirrecorribilidade Por este princípio, entende-se que para cada situação diversa, existe um recurso apropriado para solucionar a controvérsia existente, não havendo possibilidade legal para impetrar mais de um recurso perante o mesmo ato. Através da unirrecorribilidade, a parte tem a obrigação de escolher o recurso adequado. Se escolher um apelo incorreto e de forma grosseira, estará precluso o direito quanto à recorribilidade. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 1.2.3 Fungibilidade Recursal O princípio da fungibilidade traz a possibilidade de adequação finalística ao resultado de um recurso, quando, no entanto, deveria ter sido outro. Esta possibilidade só é aplicada desde que o erro não tenha sido por má fé ou erro grosseiro. Sobre o conceito de fungível, Filho e Souza nos dá o ensinamento: 7 Fungível é aquilo que pode ser substituído por outro equivalente. Baseada na noção de fungibilidade recursal, permite-se ao recorrente interpor um recurso ao invés de outro, atentando-se em maior monta para o conteúdo do recurso, em detrimento da forma adotada pelo recorrente. (FILHO; SOUZA. 2020) Importante ressaltar sobre os prazos recursais após o conhecimento do erro do recurso. A tempestividade será baseada pelo prazo do recurso que seria propriamente adequado, e não sobre o que foi impetrado equivocadamente. Caso contrário, aquele que tivesse deixado transcorrer seu prazo regular, poderia adotar uma pretensa fungibilidade, para fins de apresentar seu recurso mesmo após o decurso do prazo correto. (FILHO; SOUZA. 2020) Sobre este princípio, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula de nº 421, alegando que: I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não, modificação do julgado. II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015. (BRASIL, TST, Súmula 421. 2016) 1.2.4 Voluntariedade Depois de toda decisão processual, a parte tem o direito de aceitar ou recorrer perante o ato. O princípio da voluntariedade diz que o juízo só deve apreciar um mérito, mediante provocação do interessado, e esta provocação deve ser de forma voluntária. Podemos encontrar a base deste princípio através do artigo 2º do Código de Processo Civil onde dispõe que o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. (BRASIL, 2015) 8 1.2.5 Proibição de Reformatio in pejus Este princípio é baseado sobre a proibição de uma decisão já reformada, ser pior, menos benéfica, que a anterior. Sendo o recurso um instrumento voluntário, não há sentido que a parte recorrendo, seja prejudicada com a nova decisão. 1.2.6 Taxatividade Este princípio defende que só pode ser impetrado em juízo, os recursos que estejam legalmente previstos em lei. Tal fato é para evitar que as partes possam criar recursos ao longo do processo. Ou seja, sem previsão legal, não há que se falar em utilização de algum recurso. Filho e Souza nos dá um exemplo acerca deste princípio: Há, no caso do processo do trabalho, interessante previsão que materializa muito bem esse princípio, qual seja, aquela do art. 893, § 1º, da CLT, em que se identifica ser impossível a apresentação de recurso imediato em face das decisões interlocutórias praticadas no curso do processo, mas apenas em recursos da decisão definitiva. (FILHO; SOUZA. 2020) 1.3 Efeitos dos Recursos Os efeitos dos recursos, são, em si, as consequências que decorrem deles. Como consequência comum, temos por exemplo o impedimento da execução de coisa julgada. De forma geral, os efeitos podem ser divididos em dois tipos: o devolutivo e o suspensivo. 1.3.1 Efeito Devolutivo O efeito devolutivo nada mais é que o encaminhamento da matéria decisiva a outro órgão jurisdicional, de forma que ela possa ser novamente examinada. Esta regra tem exceção apenas com Embargos de declaração, em que a matéria é devolvida novamente ao mesmo órgão que proferiu a primeira decisão. 9 Vale ressaltar que, em termos gerais, todos os recursos possuem efeito devolutivo, pois como vimos mais acima, o recurso em sim já tem a finalidade de reexame sobre a matéria. A doutrina classifica os efeitos dos Recursos sob duas formas: extensão, ou efeito horizontal; e profundidade, ou efeito vertical. A extensão pode ser vista através do artigo 1.013 caput do CPC, onde trata da matéria que será julgada, dispondo que a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (BRASIL, 2015) Por esta forma de efeito, o órgão poderá julgar somente a parte da matéria que tenha sido objeto de impugnação pela parte, ou seja, não será julgado novamente todo o conteúdo da decisão. Como exemplo do efeito horizontal, temos: Por exemplo: a sentença condena em horas extras e no adicional de transferência, e indefere equiparação salarial. Se o reclamante efetuar a interposição do recurso ordinário, somente objetivará o título em que foi vencido, nesse caso, a equiparação salarial. Como não ocorre a reforma para pior – reformatio in pejus, haverá a devolução de todas as matérias discutidas nos autos quanto à questão da equiparação e não dos demais títulos. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Quanto ao efeito vertical, este concede permissão que o órgão competente julgue todos os pontos da matéria impugnada. Ou seja, quem limita os pontos que vão ser reexaminados é o tribunal. Este efeito está implicitamente disposto através dos § 1º do artigo 1.013 do CPC, sendo: “serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. ” (BRASIL, 2015) 1.3.2 Efeito suspensivo Ao interpor um recurso, seu efeito suspensivo impede que a sentença seja executada enquanto não houver transito em julgado. Porém, no âmbito do processo 10 do trabalho, de forma geral, não existe efeito suspensivo perante os recursos. De acordo com o artigo 899 da CLT, os recursos possuem apenas efeito devolutivo. Em todo caso, é possível a concessão do efeito suspensivo através de uma decisão judicial. Nos casos em que houver extrema necessidade, o recorrente pode pedir tutela provisória em sede recursal, com justificativa e comprovação do motivo que o levou a solicitar a tutela. Haverá então, o efeito suspensivo ope judicis, que ocorre quando a lei não prevê o efeito suspensivo de forma automática, porém o magistrado, por uma decisão judicial, o confere, sustando os efeitos automático da decisão recorrida. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 1.4 Pressupostos Recursais Alguns requisitos inerentes ao recorrente são necessários para que o tribunal aceite o julgamento do mérito pedido. Estes requisitos são os pressupostos recursais, que ainda são subdivididos em objetivos e subjetivos. Esses pressupostos, são exigências para o conhecimento da pretensão recursal, não podem ser desarrazoados, sob pena de verdadeira afronta ao direito de ação e à inafastabilidade do Poder Judiciário. (PAMPLONA FILHO; SOUZA. 2020) Mesmo sendo exigidos os pressupostos para impugnação do recurso, eles não interferem no mérito a ser julgado, portanto não há possibilidade de prejudicar o processo. 1.4.1 Dos Pressupostos subjetivos Os pressupostos subjetivos, são constituídos pela legitimidade, capacidade e interesse recursal das partes. De forma geral, podemos dizer que os pressupostos subjetivos estão ligados ao recorrente do recurso. Em relação aos legitimados para recorrer, estes são as partes, constituídas pelo réu e autor da ação, porém, em alguns casos, podem ser também o Ministério 11 Público, que age como parte ou fiscal da ordem jurídica, e ainda um terceiro prejudicado. O artigo 996 do CPC lista os legitimados acima, e dispõe em seu parágrafo único que cabe ao terceiro interessado demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. (BRASIL, 2015) Em outra situação, é citado também pela CLT, em seu artigo 898, a disposição de que das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de serviço público, ou, em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão recorrer, além dos interessados, o Presidente do Tribunal e a Procuradoria da Justiça do Trabalho. (BRASIL, 1943) Sobre a capacidade, como o recurso é caracterizado como instrumento de direito de ação, não basta somente ser parte do processo, mas também possuir capacidade de estar em juízo. Esta observação se faz necessária, uma vez que existe possibilidade de uma das partes ser incapaz. Sobre este pressuposto, observa-se as mesmas regras que o Código Civil dispõe sobre capacidade para os atos jurídicos. O interesse recursal das partes pode ser caracterizado por toda situação que envolve a sucumbência. “Baseia-se no binômio necessidade e utilidade, ou seja, o recorrente deverá demonstrar que o recurso interposto é o instrumento útil e necessário para ter os seus anseios julgados pelo Tribunal. ” (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 1.4.2 Dos Pressupostos Objetivos Os pressupostos objetivos estão relacionados com a figura externa que envolve os recursos, são a tempestividade; o preparo, o deposito recursal; e a representação processual. A tempestividade se trata dos prazos que devem ser observados para interpor os recursos. Esta observação se deve ao fato da essencial preservação da lógica de 12 que a relação processual sempre caminha para a frente e a indefinição acerca do momento em que isso poderia acontecer ocasionaria inequívoco prejuízo. (PAMPLONA FILHO; SOUZA. 2020) Este pressuposto está elencado no artigo 218 do CPC, onde dispõe que os atos processuais devem deverão ser realizados dentro do prazo da lei, e ainda em seu § 4º, que, será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. (BRASIL, 2015) Os prazos legais para os recursos estão previstos no art. 6º da Lei 5.584/1970, que são, no geral, 08 dias, com exceção a defensoria pública que tem prazo em dobro, totalizando 16 dias. O preparo do recurso consiste no pagamento antecipado das despesas que o processo acarretará. Este preparo é feito através das custas processuais e do depósito recursal no caso de o recorrente ser o empregador, e das custas processuais caso seja o empregado. Caso não haja o pagamento de ambas as partes dentro do prazo para a interposição do recurso, o recurso não será conhecido por deserção. A Deserção consiste então, no não pagamento das custas e do depósito recursal. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) Sobre a competência do depósito recursal Neto e Cavalcante nos diz em sua obra que: Contudo, após a alteração da competência material trabalhista, com o advento da EC 45, é exigível o depósito recursal, para as denominadas relações de trabalho, independente de quem seja o vencido pela condenação (empregado, empregador, ou qualquer outro). Nesse sentido, temos a IN 27/05 do TST, que em seu art. 2º enuncia que a sistemática recursal a ser observada é a regulada pela CLT, inclusive no tocante à nomenclatura, à alçada, aos prazos e às competências, sendo que o depósito recursal a ser exigível, como requisito extrínseco do recurso, quando houver condenação em pecúnia, é o previsto no art. 899, CLT. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 13 Em relação ao valor do depósito recursal, a regra geral é que será o valor da condenação, sendo observados sempre os limites exigidos para cada recurso. Os artigos 789, 789-A, 789-B, da CLT, dispõe sobre os cálculos destes valores. Dispomos agora sobre o pagamento das custas em relação aos dissídios coletivos. Estes deverão responder solidariamente sobre o valor que tenha sido decidido em juízo. Entre os recursos que exigem o depósito recursal, podemos citar: recurso ordinário, recurso de revista, embargos no TST, recurso extraordinário, recurso adesivo, agravo de petição, e o agravo de instrumento Já os recursos que não dependem do depósito, temos: o agravo de instrumento, agravo de petição, embargos de declaração, pedido de revisão, e o agravo regimental. O depósito recursal não será exigido para a União, os Estados, o Distrito Federal, Municípios, autarquias ou fundações de Direito Público (federais, estaduais e municipais) (art. 1º, IV, Dec.-lei 779), massa falida (Súm. 86, TST), herança jacente, Ministério Público (art. 1.007, § 1º, CPC). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) De acordo com o artigo 791 e 839 da CLT, as reclamações inerentes ao processo do trabalho não precisam da presença do advogado para serem feitas. Portanto, em exceção aos recursos elencados na súmula 425 do TST, as partes podem interpor os seus recursos perante o juízo competente. Ainda assim, nada impede que a parte esteja representada por seu advogado, mesmo que não seja obrigatório em lei. 14 2 RECURSOS EM ESPÉCIE 2.1 Recurso Ordinário O recurso ordinário é o instrumento processual mais comum usado para impugnação das decisões definitivas ou terminativas sentenciadas nos juízos de primeira instancia. Não obstante, este recurso também para contrariar as decisões finais dos Tribunais Regionais do Trabalho em casos de ação rescisória, dissidio coletivo, mandado de segurança, entre outros. Este recurso encontra respaldo através dos artigos 893 e 895 da CLT, sendo: Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: (...) II – recurso ordinário; (...) § 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. (...) Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior: I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos. (BRASIL, 1943) Através do §1º podemos perceber, que além das finalidades supracitadas no parágrafo acima, o recurso ordinário servirá também para as decisões interlocutórias. O TST em seu regimento interno também tratou de dispor sobre o recurso ordinário em seus artigos 224 e 225, sendo: Art. 224. Cabe recurso ordinário para o Tribunal das decisões definitivas proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho em processos de sua competência originária, no prazo legal, contado da publicação do acórdão ou de sua conclusão no órgão oficial. Art. 225. É cabível recurso ordinário em: 15 I – ação anulatória; II – ação cautelar; III – ação declaratória; IV – agravo regimental; V – ação rescisória; VI – dissídio coletivo; VII – habeas corpus; VIII – habeas data; e IX – mandado de segurança. Quanto a impossibilidade, não cabe recurso ordinário das decisões que tiverem origem dos processos de rito sumário, ou seja, os processos em que o valor atribuído à causa for igual ou inferior a dois salários mínimos. Assim é o entendimento dos §§ 3º e 4º do artigo 2º da lei 5.584/1970. A impossibilidade de cabimento também é regida pelo artigo 831, § único da CLT, sendo: “no caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. ” (BRASIL, 1943) Este recurso deve ser apresentado por escrito, e o prazo para interpor são 08 dias que serão contados a partir da data em que foi proferida a decisão a ser impugnada, exceto nos casos que a parte forem as entidades de Direito Público da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munícipios, neste caso, o prazo será contado em dobro. Ainda se tratando do prazo, a súmula 1 do TST dispõe que “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir. ” (BRASIL, 2003) 16 Quanto ao efeito, o recurso ordinário segue a regra geral de gerar apenas efeito devolutivo de forma vertical, ou seja, o Tribunal que receber a impugnação da matéria poderá analisar todos os pontos da matéria. O procedimento do recurso ordinário terá início apresentando o mesmo ao juízo pelo qual a decisão impugnada foi proferida. O juiz então fará a verificação se estão preenchidos todos os requisitos necessários, e notificar a outra parte para apresentar suas contrarrazões. Após a outra parte se manifestar, o recurso então seguirá para uma instância superior, onde será distribuído a base de sorteio para definir o relator e revisor. Sendo assim, caberá a turma decidir por uma das hipóteses do artigo 932 do CPC, que é aplicado também ao processo do trabalho. Ao revisor cabe examinar o processo para confirmar ou não o relatório. Nas sessões, cabe a todos os membros do colegiado participar do julgamento do processo, podendo pedir esclarecimentos ao relator, após a leitura do relatório, e proferir voto, usando da palavra. O Presidente da Turma encaminha a votação e vota para desempate. Ao relator compete redigir o acórdão, salvo quando a tese que sustenta é vencida, caso em que o redige o desembargador que primeiro a expôs na sessão, cabendo aos vencidos, se quiserem, redigir seus votos em separado. Redigido e assinado o acórdão, é publicado o resumo na imprensa oficial, com o que os interessados ficam intimados da decisão, para fins de interposição de recurso de revista. (FILHO; SOUZA. 2020) Abaixo segue um fluxograma, para melhor entendimento, sobre como acontece o procedimento do recurso ordinário: 17 * Quadro do artigo Recurso Ordinário Trabalhista da autora Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas 2.2 Recurso de Revista O recurso de revista consiste na impugnação para reforma ou modificação dos acórdãos dos Tribunais regionais do Trabalho, visando uma correta interpretação da lei através das jurisprudências vinculadas a ação. Com previsão legal através do artigo 896 da CLT, o recurso de revista necessita de alguns pontos cabíveis para sua aplicação. É cabível sobre as decisões proferidas 18 em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. (BRASIL, 1943) A doutrina majoritária é adepta a ideia que o recurso de revista possuí uma natureza jurídica especial e extraordinária, uma vez que está voltado para o reexame dos conteúdos jurisprudenciais, e não das provas e fatos do processo em si. No mesmo entendimento, o TST editou a súmula 126, dispondo que é “incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas. ” (BRASIL, 2003) O objetivo final do recurso de revista é a uniformização das jurisprudências dos processos, uma vez que não é viável que os tribunais aleguem diferentes interpretações para um mesmo tipo de matéria, pois causa insegurança para ambas as partes e para o Direito material em si. Sobre este viés, temos o entendimento da doutrina, que a expressão “interpretação diversa” deve ser entendida como julgados conflitantes. Não basta a simples divergência de interpretação, mas que essas sejam de fato conflitantes e específicas. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Importante frisar que a respeito desta preposição, será cabível o recurso de revista até mesmo se os fatos forem controversos com as jurisprudências do STF, e não só necessariamente as de mérito do juízo em que está sendo julgado a ação. 19 Em casos de ação por rito sumaríssimo, o recurso de revista é cabível somente quando a decisão estiver contrária com algum dispositivo direto da Constituição Federal de 1988, ou as sumulas do TST. De acordo com o artigo 896, § 1º, da CLT, o recurso de revista deverá ser feito por petição simples e endereçado ao presidente do TRT do qual faça parte a turma que deferiu o acordão que será julgado pelo recurso; e as fundamentações endereçadas para uma das turmas do TST. O prazo para interpor o recurso de revista é o mesmo do recurso ordinário, sendo 08 dias contados a partir da data de publicação, e o dobro para os entes de direito público. No caso em que houver admissão do recurso, devolve-se ao TST o conhecimento dos demais fundamentos para a solução apenas do capítulo impugnado, e se admitido apenas por um fundamento, caberá à parte fazer agravo de instrumento dos demais capítulos da sentença em que o recurso não foi admitido, sob pena de preclusão. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) No TST, o relator poderá ainda negar seguimento do recurso com fundamentação de intempestividade, deserção, irregularidade de representação, ou pela ausência de outro pressuposto fundamental para admissibilidade. Nas palavras de Jorge Neto e Cavalcante: Incorre em nulidade a decisão regional que se abstiver de exercer controle de admissibilidade sobre qualquer tema objeto de recurso de revista, não obstante interpostos embargos de declaração (art. 93, IX, CF; art. 489, § 1º, CPC). Sem prejuízo da nulidade, a recusa do presidente do TRT a emitir juízo de admissibilidade sobre qualquer tema equivale à decisão denegatória. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 20 Abaixo dispomos um mapa mental com todas as informações fundamentais sobre recurso de revista: *Quadro do artigo Recurso de Revista, da autora Letícia Souza 2.3 Embargos de Declaração Os embargos de declaração são instrumentos jurídicos que, como recurso que gera possibilidade de as partes pedirem esclarecimentos sobre as decisões omissas ou contraditórias proferidas pelo juiz. Para conceituação, se utilizado no plural, embargos se denomina como espécie recursal (de declaração, nulidade, infringência ou divergência) ou ação própria, v. g., embargos à execução e de terceiros. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) A previsão legal dos embargos está disposta através do artigo 894 da CLT, sendo: 21 Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias: I – de decisão não unânime de julgamento que: a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e II − das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. (BRASIL, 1943) Os recursos de embargos são cabíveis perante o TST, não se aplica, portanto, aos TRTs ou varas comuns. De acordo com o regimento, temos então que os embargos têm finalidade de impugnar as decisões proferidas pelas turmas do TST, para contrariar recurso de revista, e para interpretação divergente nos casos de dissídio coletivo. Perante a doutrina brasileira, persiste uma discussão a respeito dos embargos serem ou não considerados recursos. Porém, para a corrente majoritária, devem sim ser considerados de tal forma, uma vez que além de estarem taxados em lei, seus efeitos são característicos, podendo ser infringentes. A CLT juntamente com o Código de processo Civil, elenca as hipóteses de cabimento deste recurso. Inicialmente podemos dizer que, deve esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; e corrigir erro material. Para efeito de esclarecimento, decisão omissa é considerada aquela que se limita de alguma forma na argumentação da decisão, seja por ausência de argumento, ou por argumentos indeterminados e adversos a matéria. Já a decisão contraditória, acontecerá quando existir um conflito no bojo da decisão. “Por exemplo, na fundamentação o juiz afirma que o reclamante não usufruía o seu intervalo, mas no dispositivo julga improcedente o pedido do pagamento das horas não descansadas. ” (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 22 A regra geral, é que os embargos de declaração não têm finalidade de modificar os resultados de alguma decisão, e sim, como já vimos acima, de esclarecer. Porém, em algumas situações pode vir a acontecer alteração, quando feito, denomina-se então embargos de declaração com efeitos infringentes. Os efeitos infringentes dos embargos estão presentes em alguns regimentos. Um deles é o CPP, que deve ser observado da seguinte forma: Art. 1.023 do CPC/2015. (...) § 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. Art. 1.024 do CPC. (...) § 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. (BRASIL, 2015) Após protocolar a petição inicial dos embargos, a turma competente irá abrir vista para a outra parte apresentar contrarrazões no prazo legal de 08 dias. As contrarrazões efetivam o princípio do contraditório, de modo que nessa oportunidade caberá à parte interessada se opor às alegações do recurso. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) O efeito gerado pelo embargo de declaração, é o interruptivo, uma vez que a própria lei, através do artigo 538 do CPC, diz que este recurso interrompe o prazo para interposição de outro recurso perante as partes. 2.4 Agravo de Instrumento O Agravo de instrumento é um recurso cuja previsão legal se encontra no artigo 897, b, da CLT. Antes de dar aprofundamento a matéria em questão, é importante 23 salientar que este recurso é aplicado também no processo civil, porém, não devemos confundi-los, pois um é diferente do outro. No processo civil, o agravo de instrumento é cabível para impugnar as decisões interlocutórias, ou seja, aquelas proferidas no curso do processo. Já no processo do trabalho, o agravo entra com a finalidade de se opor contra a denegação de processamento dos recursos. Portanto, sobre o agravo de instrumento no processo do trabalho: O recurso de agravo pode ser interposto contra decisão que nega processamento do recurso ordinário, de revista, extraordinário, adesivo e do agravo de petição. Em suma, é utilizado para destrancar recurso ao qual foi negado processamento pelo órgão a quo, em um primeiro juízo de admissibilidade. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) Sua interposição deve ser feita no prazo de 08 dias, e seguindo a regra geral, para o Ministério público, a Fazenda pública, e a defensoria pública, e as autarquias de direito público, será contado o prazo em dobro, ou seja, 16 dias. Para a formação e envio do agravo de instrumento no processo do trabalho, é necessário a junção da cópia de algumas peças, sendo elas: decisão agravada, certidão da intimação, procuração do agravante e do agravado, contestação, decisão originária, comprovação do recolhimento das custas, e o depósito recursal. O objetivo da juntada das peças é propiciar ao Tribunal ad quem, provido o agravo, passar ao julgamento imediato do recurso que fora trancado, conforme dispõe o § 7º do mesmo art. 897. (PAMPLONA FILHO; SOUZA. 2020) No ato de interposição do recurso, a parte agravante deve efetuar o depósito de 50% do valor do depósito que objetiva destrancar. De acordo com o artigo 899 § 4º da CLT, “o depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança”. (BRASIL, 2017) Sobre algumas hipóteses é admitido recurso sobre as decisões interlocutórias, o TST tratou, portanto, de regulamentar esta matéria: 24 Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.(BRASIL, 2005) Abaixo temos os órgãos que compõem as esferas da Justiça do Trabalho. Através desta hierarquia é possível compreender como são escalonados os recursos. *Quadro de Sérgio Ferreira Pantaleão 25 2.5 Agravo de Petição O agravo de petição é o instrumento jurídico usado para impugnar as decisões definitivas ou terminativas proferidas pelo juiz na fase de execução do processo. Neste âmbito do processo do trabalho, deve se atentar a interpretação da lei de forma ampla, para que assim possa ser definido corretamente a quais decisões em fase de execução deve ser aplicado o agravo de petição. Importante lembrar que nem todas as sentenças na execução (sentido lato) são recorríveis. Por exemplo: as sentenças de liquidação, as quais serão impugnadas na oportunidade dos embargos à execução ou na impugnação à sentença de liquidação (art. 884). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Assim como nos recursos anteriores, o agravo de petição deve ser interposto no prazo de 08 dias, como prazo em dobro se o recorrente for o Ministério público, a fazenda pública, ou a defensoria pública. Caso aconteça de o prazo vencer em sábado, domingo ou feriado, será contado então seu término para o primeiro dia útil seguinte. A forma de interpor, será feito por meio de petição com observação ao § 1º do artigo 897 da CLT, devendo o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença. (BRASIL, 1943) As matérias propicias a agravo de petição são: Podem ser arguidas em sede de agravo de petição as matérias próprias aos embargos à execução, ou seja, cumprimento da sentença exequenda; cumprimento do acordo; quitação e prescrição (art. 884, CLT), sendo que o CPC ainda prevê: (a) falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se a ação lhe correu à revelia; (b) inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (c) ilegitimidade de parte; (d) cumulação indevida de execuções; (e) excesso de execução ou nulidade desta até a penhora; (f) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação com execução aparelhada, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença; 26 (g) incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz (arts. 910 e 525, § 1º, CPC). (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) A competência para julgar o recurso de petição quando a decisão a recorrer tiver sido proferida em primeira instancia, é do TRT. Já quando a competência originária tiver origem do próprio TRT, o órgão competente para julgar o recurso será o Pleno ou órgão especial. De modo geral, o depósito recursal em caso de agravo de petição não se faz necessário. O pressuposto do processo executivo é justamente a garantia da instância, o que tornaria dispensável a realização de depósito. Todavia, se houver elevação do valor do débito, é possível a exigência do depósito complementar. (FILHO; SOUZA. 2020) O agravo de petição só gera efeito devolutivo. Neste mesmo sentido é a redação da súmula 416 do TST, como o agravo de petição delimita justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo. (BRASIL, 2005) Salienta-se que que pode ser interposto o agravo de instrumento contra o despacho que não receber agravo de petição, de toda forma, este não suspende a execução da sentença. 2.6 Recurso Extraordinário Em acordo com os regimentos atuais do Direito brasileiro, o recurso extraordinário é direcionado as decisões que são proferidas em uma única ou última instancia que esteja em desacordo com os dispositivos da Constituição federal de 1988. Uma das previsões legal deste recurso encontra-se no artigo 102 da CF/88, onde rege que caberá ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão 27 recorrida for contrária a dispositivo da mesma constituição; se tratar da inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição e julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Nos ensinamentos de Jorge Neto e Cavalcante, que citam a obra de Alexandre de Moraes: “A Constituição não exige que a decisão seja de algum tribunal, mas que tenha esgotada a via recursal ordinária, dessa forma cabível o recurso extraordinário das decisões de juiz singular (quando inexistir recurso ordinário) e das Turmas Recursais dos juizados Especiais Criminais e Civis”. (MORAES, 2002. p. 1397. Apud, JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Este recurso deve ser feito por escrito, juntamente com suas devidas fundamentações. Uma vez que se trata de um recurso com esfera técnica, não é admitido a interposição do mesmo sem a presença do advogado. Da mesma forma, não se admite discutir fatos e provas, pois de acordo com a súmula 279 do STF, para o simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Portanto, somente será cabível o recurso extraordinário depois de exaurida a instância ordinária, embora seja cabível o recurso ordinário apenas se atacar a constitucionalidade da sentença, por força do art. 2º, § 4º, da Lei n. 5.584/70. (FILHO; SOUZA. 2020). Quanto ao efeito, o STF já se pronunciou alegando que não compete a ele atribuir medida cautelar que conceda efeito suspensivo em sede de recurso extraordinário que ainda não tenha sido admitido no órgão de sua origem. 28 3 EXECUÇÃO TRABALHISTA 3.1 Considerações Gerais As decisões proferidas no processo do trabalho, são, na maioria das vezes, de origem condenatória. Sabemos que em todo processo, ambas as partes pretendem sair com maior vantagem, de forma que, este momento final, o da execução da sentença, se torne o mais difícil não só para o órgão estatal que deve fazer acontecer a execução, mas também para as partes que querem seus direitos efetivados. Desta forma, além de reconhecer o direito, a sentença condenatória possui como função criar a sanção. Como ato jurídico judicial, a sentença declara o direito, bem como formula a obrigação e dá ao credor a tutela executiva. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Portanto, pode se dizer que a execução trabalhista consiste na fase do processo em que se irá concluir e obter o direito que foi reconhecido através da sentença definitiva. Execução trabalhista é a atividade jurisdicional do Estado, de natureza coercitiva, desempenhada por órgão competente, de ofício ou mediante requerimento do interessado, visando: (1) ao devedor o cumprimento de obrigação contida: (a) sentença condenatória transitada em julgado; (b) acordo judicial inadimplido; (c) os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho; (d) os termos celebrados perante a Comissão de Conciliação Prévia; (2) à execução ex officio dos créditos previdenciários devidos em decorrência de decisão proferida pelos juízes e tribunais do trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) A execução trabalhista está regida através dos artigos 876 a 892 da CLT, e também por outras leis como a 5.584/1970 e a 6.830/1980. Quando houver necessidade por omissão, deverá ser observado as regras do CPC, porém, somente em último caso. Ressalta-se que a lei de nº 13.467/17, que ficou conhecida como a Reforma Trabalhista, modificou várias redações da CLT dando nova interpretação ao tema. 29 O quadro abaixo nos mostra a hierarquia das normas a serem aplicadas no processo de execução trabalhista. *Quadro do artigo: “Entenda a execução trabalhista”de Elisson Miessa. 3.2 Princípios da Execução Trabalhista 3.2.1 Princípio da natureza real Este princípio é baseado no direito de que a execução pode ser aplicada exclusivamente aos bens materiais presentes ou futuros do devedor. Ou seja, não se deve aplicar os atos da execução perante a pessoa física, de forma que lese seus direitos morais. A lei 13.467/2017 estendeu a possibilidade de o réu garantir a execução com seguro-garantia judicial, que em certa parte é prejudicial ao credor, pois o impede de sacar a parte incontroversa caso o depósito seja feito em dinheiro. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) Em relação a quantia certa, será objeto a expropriação dos bens do executado, para cumprir do direito do credor. 30 3.2.2 Limitação Expropriatória Por este princípio, entende-se que os bens do devedor só serão executados até o limite que é imposto através do artigo 883 da CLT. Não se pode configurar abuso de direito na execução trabalhista. Se parte do patrimônio for suficiente para a suprir o valor que é direito do credor, então não há possibilidade de alienação desnecessária dos bens do devedor. A essência da limitação expropriatória está lastreada no CPC (art. 831). Além disso, o CPC (art. 899) prevê a suspensão da arrematação logo que o produto da alienação dos bens seja suficiente para o pagamento do credor. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 3.2.3 Execução menos gravosa ao executado Por meio deste princípio, a lei assegura que o juiz mandará ser executada a sentença de modo que se faça o menos gravoso possível ao devedor. O que acontece na maioria das vezes, é que o credor da relação jurídica trabalhista é o trabalhador, neste mesmo entendimento, Santos e Hajel Filho asseveram: Assim, no cotidiano forense, o magistrado deverá sopesar, pelo critério da equidade, o princípio da utilidade para o credor e o da não prejudicialidade para o devedor, dando prevalência ao primeiro, visto que o credor, em regra, encontra-se em situação mais delicada do que o devedor, normalmente, o empregador. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 3.2.4 Especificidade Este princípio está relacionado as execuções da entrega da coisa. Como a CLT não dispõe de forma específica sobre este princípio, são observadas as normas do CPC, subsidiariamente. 31 De acordo com o artigo 809 do CPC, o credor terá o direito de receber além de perdas e danos, o valor da coisa que vier a se deteriorar, não for entregue, ou não for reclamada pelo adquirente. (BRASIL, 2015) 3.2.5 Livre disponibilidade do processo pelo credor Este princípio tem como base legal o artigo 775 e 200, parágrafo único do CPC. Essas redações impõem que o exequente pode desistir de toda ação executória, ou também de algumas medidas nela contida, independentemente da concordância do devedor. O devedor, pela impugnação, pode ter interesse em relação à manifestação judicial quanto à quitação, prescrição extintiva e de outras matérias alegadas. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) É possível, portanto, a desistência por parte do credor, de forma unilateral. Porém, nos casos em que o devedor demonstrar interesse em impugnar, deverá haver concordância de ambas as partes. 3.3 Títulos Executivos A execução trabalhista só se mantém a base de algum título executivo, judicial ou extrajudicial. Acerca deste pressuposto, o artigo 783 do CPC dispõe que "a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. Portanto, O título executivo é um meio jurídico pelo qual é possível a determinação da realização dos direitos adquiridos através da execução de uma sentença. Sendo tanto pela execução de quantia certa, a entrega de coisa, ou por uma obrigação de fazer ou não fazer. 32 Obrigação certa é aquela que já se encontra pré-determinada pelo ato da execução, não sendo passível de modificação. Sua origem está ligada ao objeto material discutido no processo. A liquidez é a determinação do valor em si que foi estipulado para execução. Refere-se à quantidade devida, na hipótese de uma obrigação de pagar, ou individualiza o objeto da execução, nos casos envolvendo obrigação de entregar, fazer e não fazer. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) A exigibilidade consiste na eficácia da prática da execução. Esta deve ser imediata, uma vez que não existe outras condições contrapostas para que seu efeito comece de forma imediata. Os títulos executivos judiciais, estão elencados no artigo 876 da CLT, e são implicitamente subdivididos em três tipos: as sentenças transitadas em julgado, que são aquelas definitivas e não modificáveis; a sentença impugnada por recurso sem efeito suspensivo, que serão passíveis de execução provisória, se assim o credor o requerer; e a sentença homologatória através dos acordos, que é impossível de recorrer uma vez homologados, pois têm força de coisa julgada. Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. (BRASIL, 1943) Já os títulos de execução extrajudicial, como explícito acima, temos os termos de compromisso de ajustamento de conduta firmados perante o Ministério Público do trabalho, e os termos de conciliação firmados perante a comissão de conciliação prévia. 33 3.4 Execução Provisória e Definitiva A execução trabalhista poderá acontecer sobre duas formas diferentes, a provisória, onde ainda é possível haver algum recurso que a modifique; ou de forma definitiva, que está vinculada ao transito em julgado do título de execução, ou, seja, decisões que não são passiveis de modificação. Entendemos então que a execução provisória pode ser alvo de recurso que a impugne. Pois bem, este recurso deve gerar apenas efeito devolutivo, não é possível que produza efeito suspensivo, uma vez que este impediria a decisão de gerar seus efeitos. O artigo 899 da CLT faz menção que a execução provisória deverá ir até a fase da penhora. “Não se pode falar em liberação de valores. O juiz não irá julgar os embargos eventualmente apresentados, pois o julgamento pode tornar-se inútil se a sentença for modificada por meio de recurso. ” (MARTINS, 2016. Apud, SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) Importante lembrar que, no âmbito do processo do trabalho, a execução provisória não deve ser utilizada sobre os títulos executivos extrajudiciais, pois estes, só devem ser executados de forma definitiva. Em relação as características que norteiam a execução provisória, uma delas é que este processo dever ser iniciado exclusivamente através do exequente. O juiz não pode, de ofício, iniciar uma execução provisória. Portanto, a responsabilidade sobre eventuais danos recai sobre o credor. Quando for constatada decisão que modifique a decisão, temos que: A execução provisória ficará sem efeito, caso sobrevenha decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos. Se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução (art. 520, III, do CPC/2015). (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 34 Apesar de algumas correntes divergentes quanto à eficácia deste tema, a doutrina majoritária entende que a execução provisória é suficiente até a fase da penhora, uma vez que garante o direito requerido e até mesmo contribui para negociação entre as partes, dando possibilidade a um acordo mais pacifico e com maior celeridade Por fim, temos a execução definitiva tem origem na sentença que é impossível dela recorrer. A execução definitiva tem origem na sentença que é impossível dela recorrer. De acordo com a redação dos artigos 876 e 784, I do CPC, esta acontece quando já aconteceu o trânsito em julgado de sentença condenatória; o inadimplemento do acordo realizado em juízo, ou da conciliação firmada perante as comissões de conciliação prévia, ou ainda perante o descumprimento dos termos de compromisso de ajuste de conduta firmados junto ao Ministério público; em caso de cheques, e notas de promissória. 3.5 Legitimidade 3.5.1 Legitimidade ativa A legitimidade da execução trabalhista está elencada no artigo 878 da CLT. Após algumas alterações com o advento da reforma trabalhista pela Lei 13.467/17, este artigo recebeu nova redação, e sobre os legitimados, ficou então decidido que “a execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo Juiz ou Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. ” (BRASIL, 2017) Apenas ressaltando que, quando se tratar das contribuições previdenciárias que tenham sido feitas por acordos judiciais, deverá então esta ser executada de ofício. Este é o entendimento que extraímos do artigo 876, parágrafo único da CLT, sendo: Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da 35 condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar. (BRASIL, 2017) Portanto, a redação anterior a reforma trabalhista, dava possibilidade de a execução ser iniciada de oficio pelo juiz. Após a reforma, o entendimento é que esta prerrogativa está limitada somente aos casos em que as partes estejam com ausência de advogado, ou no caso exposto acima, através das decisões homologadas em acordo. O artigo 778, § 1º do CPC nos traz todos os legitimados ativos da execução trabalhista, sendo: o credor, o Ministério Público do Trabalho quando atuar como parte ou fiscal da lei, o espólio, os herdeiros, e cessionário e o sub-rogado. (BRASIL, 2015) Importante fazer menção a uma observação quanto aos dois últimos mencionados. O cessionário, será parte quando o direito resultar de um título executivo que lhe foi transferido por ato entre vivos. E o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. (SANTOS; HAJEL FILHO, 2020) 3.5.2 Legitimidade passiva A legitimidade passiva consiste na pessoa que é o devedor da ação. Em todo caso, a obrigação pode também recair sobre outras pessoas que não seja em especifico o devedor. A previsão legal dos legitimados passivos encontra respaldo no artigo 4º da lei 6.830/80, sendo: o devedor; o fiador; o espólio; a massa falida; o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e aos sucessores a qualquer título (BRASIL, 1980) No mesmo sentido, é a redação também do CPC, que se aplica, sendo: Art. 779 do CPC/2015. A execução pode ser promovida contra: I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; 36 III – o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV – o fiador do débito constante em título extrajudicial; V – o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI – o responsável tributário, assim definido em lei. (BRASIL, 2015) Além dos legitimados supracitados, o TST também entende que tem legitimidade passiva, o responsável subsidiário decorrente da terceirização. Devendo o tomador dos serviços fazer parte da relação processual e constar do título executivo, para que seus bens possam ser atingidos na execução. 3.6 Liquidação de sentença A liquidação de sentença é a fase processual da execução em que acontece a quantificação do título executivo judicial. Nesta fase será revertido a sentença para o valor real, estabelecendo assim o valor da condenação através dos meios em que permite a lei. Sendo assim, na liquidação, não poderá haver alteração ou inovação da sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal, mas tão somente exprimir, de forma definitiva, o conteúdo do título executivo. (FILHO; SOUZA, 2020.) A CLT dispõe em seu artigo 879 sobre as modalidades de liquidação de sentença. 3.6.1 Liquidação por cálculos A liquidação por cálculo talvez seja a modalidade mais comum usada na Justiça do Trabalho. Através dela é possível chegar ao resultado da condenação por meio de avaliações aritméticas. 37 Esta modalidade é possível quando existem nos autos todos os elementos suficientes para a quantificação do julgado, bastando a mera conversão daquelas informações, a quantificação, no correspondente em valor pecuniário. (FILHO; SOUZA, 2020.) Após uma das partes apresentar os cálculos, deverá ser conferido se a outra parte tem o interesse de impugnação com as devidas argumentações sobre a discordância. No âmbito do processo do trabalho, segundo o caput do artigo 878 da CLT, a liquidação por cálculo pode ser promovida tanto pelas partes, quanto pelo juiz ou presidente do tribunal, caso uma das partes não esteja representada por advogado. Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários, com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade, sem prejuízo dos demais critérios fixados no art. 790-B. (FILHO; SOUZA, 2020.) Após ser concluído a homologação da liquidação por cálculo, a reclamada poderá impugnar a sentença através dos embargos à execução. A parte reclamante também poderá se impor através da impugnação à sentença de liquidação. Para as duas partes, os prazos para interpor os recursos são de 05 dias. 3.6.2 Liquidação pelo procedimento comum Esta modalidade também é conhecida como liquidação por artigos, e será utilizada quando houver ausência de provas que sejam suficientes para determinar a quantificação do julgado. Poderíamos exemplificar a utilização desse expediente quando, embora o juízo tenha concluído como procedentes as alegações da parte, não tenha sido capaz de evidenciar a extensão da pretensão, ou do dano, por exemplo. Desse modo, embora condenada a parte demandada, ainda faltam os elementos para definir o quantum da obrigação, fato que impõe o arremate sobre aqueles fatos, para a definição do valor da condenação. É o desdobramento da hipótese indicada no art. 324, II, do CPC. (FILHO; SOUZA, 2020.) 38 3.6.3 Liquidação por arbitramento A liquidação por arbitramento é determinada pelo artigo 509, I, do CPC. Esta será aplicada quando for determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; ou quando a natureza do objeto de liquidação exigir esta modalidade. Desta forma, deverá o credor ou o devedor requerer tal liquidação por meio de uma petição, no qual o juiz irá examinar e fazer o pedido dos documentos que sejam necessários para apuração da quantia devida. O Código de Processo Civil dá possibilidade para que a parte do processo apresente as provas documentais sem que haja a necessidade de prévia nomeação do perito. A convocação deste, irá acontecer somente quando o juiz, mesmo com as provas existentes ainda assim não puder decidir sobre o valor da condenação. Desse modo, conclui-se que o fundamental é fixar um valor para a quantificação do julgado, evitando, dessa forma, o que se convencionou chamar de “ganhar e não levar”, pois, como já se deve ter percebido, o arbitramento é, de todos os métodos liquidatórios, o único incapaz de demonstrar realmente o quantum debeatur determinado pela sentença exequenda, que, definitivamente, jamais será conhecido realmente, tendo em vista inexistirem dados, tanto nos autos quanto fora deles, para a quantificação do julgado. (PAMPLONA FILHO; SOUZA, 2020.) 3.7 Espécies de Execução 3.7.1 Execução para entrega de coisa certa A execução para entrega de coisa certa, consisti na entrega ou restituição de algo que possuí característica individual. Esta espécie de execução é prevista através dos artigos 806 a 810 do CPC. Após a sentença de execução, haverá citação do executado para cumprir a obrigação dentro do prazo de 15 dias. Não sendo entregue a coisa ou feito do depósito, será então expedido um mandado de imissão, acarretando posse ou busca e apreensão da coisa. 39 Como exemplos de ação para a entrega de coisa certa, temos as ações possessórias, tais como: imóvel cedido em função da existência do contrato de trabalho; ferramentas, utensílios de trabalho, mostruários, que fiquem na posse do trabalhador. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Caso o executado cumpra com a entrega da coisa, será então lavrado o termo com as devidas conclusões de que foi concluído e satisfatório a obrigação. A exceção neste caso acontece caso houver o prosseguimento da execução para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuízos. Em alguns casos acontece ainda, de a coisa a ser entregue está em alienação com terceiro. Desta forma será caracterizado fraude em execução, sendo expedido mandado ao terceiro adquirente, devendo então deposita-la. A alienação do bem, quando se tem a sua discussão em juízo, implica fraude à execução, sendo que a má-fé do devedor é presumida. Se o terceiro deseja efetuar a sua defesa, deverá fazê-lo por embargos de terceiro. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 3.7.2 Execução para entrega de coisa incerta Antes de tudo, devemos salientar que a execução para a entrega de coisa incerta na Justiça do Trabalho é algo incomum, pois a maioria das obrigações são executadas em forma de pagamento de valores certos. Esta espécie de execução está disposta no artigo 811 do CPC e será determinada pelo gênero e pela quantidade. A escolha da coisa poderá ser feita tanto pelo exequente quanto pelo executado. Caso a escolha esteja atribuída ao exequente, ele fará a individualização em sua petição inicial da coisa que pretende receber. Caso a escolha for feita pelo executado, haverá citação do mesmo para entregar a coisa escolhida. 40 Em qualquer dos casos, é facultado às partes, no prazo de quinze dias, impugnar a escolha feita pela outra. Na sequência, o juiz deverá decidir de plano ou, se for necessário, ouvir perito de sua nomeação. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 3.7.3 Execução de Obrigação de Fazer A obrigação de fazer está ligada a um devido comportamento, a realização de um certo ato. Esta obrigação poderá ser feita de forma personalíssima, podendo ser executada somente pelo devedor, ou ainda não personalíssima, onde poderá a obrigação ser executada por outra pessoa. Após decorrido o prazo para o cumprimento da obrigação, caso o executado não a faça, o exequente poderá requerer que seja cumprido por um terceiro, as custas do executado. Se a obrigação for do tipo não personalíssima, sendo cumprida por terceiro, então, deverá ser apresentada proposta de valor. Os artigos 497 e 501 do CPC, dispõe que nas ações que tenham prestação de fazer ou de não fazer, o juiz concederá tutela especifica ou irá determinar providencias que garantam a obtenção de tutela pelo resultado prático semelhante. Se a obrigação não for satisfeita no prazo estabelecido, é lícito ao exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação por um terceiro ou que haja a conversão em perdas e danos. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Caso ainda assim a obrigação não venha a ser cumprida, poderá o juiz fixar a multa para que o executado efetue o cumprimento da obrigação. A multa prevista nos arts. 537 e 814, CPC, correspondem às astreintes do direito francês, visando compelir o devedor ao cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, pena de haver a sua responsabilidade pelo valor da multa e eventuais perdas e danos quanto à conversão da obrigação em dar, por meio da execução por quantia certa. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 41 3.7.4 Obrigação de não fazer A obrigação de não fazer é determinada por um ato de abstenção. Esta espécie poderá ocorrer de forma permanente ou instantânea. A obrigação de não fazer permanente, é regida pelo artigo 822 do CPC, e diz que se o executado tenha praticado o ato cuja abstenção se vinculou pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo Esta espécie permanente é a mais comum perante a Justiça do Trabalho. Jorge Neto e Cavalcante nos dá um exemplo para melhor entendimento: Por exemplo: o empregador é compelido a não efetuar a transferência do empregado para localidade diversa da qual foi contratado ou está prestando serviços (art. 659, IX, CLT). Com a transferência ilícita, o empregador será citado para que cumpra a ordem legal para retornar o empregado ao local de trabalho. Poderá haver a fixação da multa. Mesmo se omissa a sentença, a multa deve ser imposta. Como a imposição da multa fica a critério do juiz, também não é necessária à sua inclusão no rol dos pedidos da exordial. O valor da multa será modificado pelo juiz da execução, verificado que se tornou insuficiente ou excessivo. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) Já a obrigação de não fazer instantânea, é tratada pelo artigo 823 do CPC, em seu parágrafo único, onde relata que caso seja impossível de desfazer o ato, a obrigação será resolvida através de perdas e danos, com a execução por quantia certa. 3.8 Extinção da Execução A extinção da execução trabalhista irá acontecer somente quando: a obrigação for satisfeita; o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; ou quando o exequente renunciar ao crédito. Estas hipóteses de extinção encontram se previstas nos incisos II, III e IV, do artigo 924 do CPC. Dentre essas hipóteses, a que exige o exame é a relativa à renúncia do crédito pelo credor. Trata-se de uma situação especial, a qual deve ser vista com acuidade pelo magistrado. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2020) 42 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao Código de Processo Civil, Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, artigos. 476 a 565. Rio de Janeiro: Forense. 11ª edição. 2003. v. 5. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 01. Disponível em: https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_1_50.html Acesso em junho 2021. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 421. Disponível em: <https://www.tst.jus.br/sumulas> Acesso em junho 2021. JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito Processual do Trabalho. 8ª edição. São Paulo: Atlas, 2019. MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do trabalho. 38. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002. PAMPLONA FILHO, Rodolfo; SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de direito processual do trabalho. 2ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. PANTALEÃO, Sérgio Ferreira. Justiça do trabalho - Processo do trabalho. Disponível em: http://www.guiatrabalhista.com.br/obras/processo-do-trabalho.htm Acesso em: junho de 2021. RABELO VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida. Recurso Ordinário Trabalhista. Disponível em:https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/796106457/recurso- ordinario-trabalhista Acesso em junho 2021 SANTOS, Enoque Ribeiro dos; HAJEL FILHO, Ricardo Antonio Bittar. Curso de direito processual do trabalho. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2020. 43 SOUZA, Letícia. Recurso de Revista. Disponível em: https://www.dicasconcursos.com/recurso-de-revista/ Acesso em junho 2021