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<p>TEORIA GERAL DOS RECURSOS</p><p>2a EDIÇÃO/2023</p><p>1. CONCEITO 2</p><p>2. REQUISITOS 2</p><p>3. TAXATIVIDADE 3</p><p>4. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR 4</p><p>5. SISTEMATIZAÇÃO 4</p><p>6. CLASSIFICAÇÃO 5</p><p>7. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 8</p><p>7.1. PREVISÃO 8</p><p>7.2. ALCANCE 8</p><p>7.3. REMESSA NECESSÁRIA 9</p><p>8. UNIRRECORRIBILIDADE 10</p><p>9. FUNGIBILIDADE 11</p><p>10. VOLUNTARIEDADE 11</p><p>11. DIALETICIDADE 11</p><p>12. CONSUMAÇÃO 11</p><p>13. COMPLEMENTARIDADE 12</p><p>14. VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS 12</p><p>15. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 12</p><p>15.1. CABIMENTO 13</p><p>15.2. LEGITIMIDADE 13</p><p>15.3. INTERESSE 13</p><p>15.4. TEMPESTIVIDADE 13</p><p>15.5. REGULARIDADE FORMAL 14</p><p>15.6. ADMISSIBILIDADE POSITIVA 15</p><p>15.7. PROVAS 15</p><p>15.8. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE EM ESPÉCIE 15</p><p>15.9. TEMPESTIVIDADE 20</p><p>16. QUADRO RESUMO 27</p><p>1</p><p>1. CONCEITO</p><p>Recurso é ato processual voluntário de impugnação, dentro do mesmo processo, colocado à</p><p>disposição das partes, terceiros e Ministério Público, objetivando esclarecer, integralizar, invalidar ou reformar</p><p>uma decisão judicial. Recursos são técnicas de inconformismo contra decisões judiciais manifestadas “no</p><p>mesmo processo”.</p><p>É importante destacar que o direito brasileiro conhece mecanismos de impugnação contra decisões</p><p>judiciais (exemplo: embargos de terceiro) que não são considerados recursos. Por meio dos recursos, é possível</p><p>pleitear a reforma, a invalidação, a complementação, o esclarecimento, a integração e a correção da decisão</p><p>judicial.</p><p>Podemos observar que a raiz de um recurso é o inconformismo, das mais diversas formas, para com a</p><p>decisão proferida pelo órgão julgador.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>■ Error in procedendo: Trata-se de erro no procedimento.</p><p>■ Error in judicando: Trata-se da existência de erro de julgamento. É possível haver a cumulação de</p><p>pedidos no âmbito recursal. Exemplo: cumulação de pedidos de invalidação e de reforma da decisão. De acordo</p><p>com o direito brasileiro, o recurso tem a função de evitar o trânsito em julgado (art. 1006, CPC) da decisão</p><p>recorrida. Entretanto, como nem toda a decisão é apta a transitar materialmente em julgado, o recurso, pelo</p><p>menos, evita o efeito da preclusão.</p><p>2. REQUISITOS</p><p>Os requisitos são comumente classificados pela doutrina como recursos intrínsecos e extrínsecos.</p><p>REQUISITOS 1</p><p>INTRÍNSECOS</p><p>CABIMENTO</p><p>Só são cabíveis os recursos previstos em lei. O CPC os enumera no art. 994, podendo</p><p>haver outros criados em lei especial.</p><p>INTERESSE</p><p>É condicionado a que haja sucumbência, isto é, a que não se tenha obtido, no</p><p>processo, o melhor resultado possível. Não há interesse em recorrer da</p><p>fundamentação, salvo nos casos em que esta repercutir na incidência ou não da coisa</p><p>julgada material (secundum eventum litis).</p><p>1 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil ; coord. Pedro Lenza. – 13. ed. - São Paulo : SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado) p. 988.</p><p>2</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>Têm legitimidade: as partes, o Ministério Público e o terceiro prejudicado. Além disso,</p><p>o advogado, desde que o recurso verse exclusivamente sobre os seus honorários.</p><p>Não tem legitimidade o juiz, os funcionários e o perito.</p><p>EXTRÍNSECOS</p><p>TEMPESTIVIDADE</p><p>Os recursos do CPC são interpostos no prazo de quinze dias, salvo os embargos de</p><p>declaração (cinco dias). Os arts. 180, 183 e 229 do CPC determinam a dobra do</p><p>prazo.</p><p>PREPARO</p><p>São as custas com o processamento do recurso. Não recolhem preparo os embargos</p><p>de declaração. Quanto aos demais, o CPC não os exclui, cumprindo verificar a</p><p>legislação pertinente. O recurso extraordinário e o especial recolhem preparo e porte</p><p>de remessa e retorno. A comprovação do preparo deve ser feita no ato de</p><p>interposição do recurso.</p><p>REGULARIDADE</p><p>FORMAL</p><p>Os recursos são, em regra, escritos e, no ato de interposição devem vir</p><p>acompanhados das razões, sob pena de preclusão consumativa.</p><p>INEXISTÊNCIA DE</p><p>FATOS EXTINTIVOS</p><p>OU IMPEDITIVOS</p><p>DO DIREITO DE</p><p>RECORRER</p><p>Os fatos extintivos são a renúncia e a aquiescência, sempre prévias à interposição do</p><p>recurso. O fato impeditivo é a desistência, que pressupõe recurso já interposto.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Distrito Federal (CESPE - 2019), na modalidade certo/errado, foi</p><p>considerada CERTA a afirmativa que disse: “Ocorrerá a preclusão lógica do recurso para a parte que aceitar,</p><p>ainda que tacitamente, sentença que lhe foi desfavorável”.</p><p>3. TAXATIVIDADE</p><p>Só existe recurso por previsão legal, nos termos do art. 994, CPC.</p><p>Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:</p><p>I - apelação;</p><p>II - agravo de instrumento;</p><p>III - agravo interno;</p><p>3</p><p>IV - embargos de declaração;</p><p>V - recurso ordinário;</p><p>VI - recurso especial;</p><p>VII - recurso extraordinário;</p><p>VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;</p><p>IX - embargos de divergência.</p><p>Além desses recursos previstos no CPC, temos ainda o recurso inominado no âmbito dos juizados</p><p>especiais (Lei 9.099/95) e os embargos infringentes previsto na Lei 6.830/80.</p><p>4. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR</p><p>A União é a competente para legislar sobre matéria de processo civil, conforme o art. 22, I, CF. Assim, a</p><p>disciplina dos recursos estarão em lei federal (de caráter nacional).</p><p>Os Estados não podem legislar sobre recursos, pois é matéria de processo (ARRUDA ALVIM).</p><p>Além disso, temos o princípio da especialidade, segundo o qual para que o Estado possa criar matéria</p><p>de procedimento, ela deve ser específica para aquele Estado ou região, conforme o art. 24, §§ da CF.</p><p>5. SISTEMATIZAÇÃO</p><p>Toda decisão é atacável, mas nem toda decisão é recorrível.</p><p>Para ficar mais claro: diante de uma decisão, temos os seguintes remédios:</p><p>RECURSOS</p><p>Se formalizam na mesma relação jurídica de direito processual e têm como</p><p>fundamento a mera sucumbência.</p><p>AÇÕES IMPUGNATIVAS</p><p>Se formalizam em nova relação jurídica de direito processual e têm como</p><p>fundamento a existência de um vício.</p><p>Exemplos: Ação Rescisória, Embargos de terceiro, Habeas Corpus, etc.</p><p>SUCEDÂNEOS</p><p>RECURSAIS</p><p>São reconhecidos por exclusão.</p><p>Exemplos: Remessa necessária, pedido de reconsideração, correição parcial.</p><p>4</p><p>6. CLASSIFICAÇÃO</p><p>CLASSIFICAÇÃO</p><p>QUANTO À FINALIDADE</p><p>▸Ordinários (comuns) e Extraordinários (de estrito direito)</p><p>Leva em consideração o objeto tutelado pelo recurso.</p><p>No Brasil, recursos ordinários são aqueles que asseguram o duplo grau de</p><p>jurisdição, ou seja, possibilitam o reexame amplo da decisão. Os recursos</p><p>extraordinários são o REsp e RE e, por consequência, os embargos de</p><p>divergência. Quando esses recursos são julgados, eles não reexaminam fatos e</p><p>têm como objetivo manter a uniformidade/inteireza do ordenamento jurídico</p><p>em todo o território nacional.</p><p>a) Comuns: É subjetivo. Tutela interesse das partes.</p><p>b) Estrito Direito: Objetivo. Tutela interesse da sociedade.</p><p>QUANTO À AUTONOMIA</p><p>▸Livre e Subordinados</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>Recurso adesivo é forma de interposição de recurso em contrarrazões, quando</p><p>houver sucumbência recíproca, e uma das partes se conformou inicialmente</p><p>com o julgado, mas foi surpreendido com o recurso da parte contrária.</p><p>a) Natureza: Não é modalidade de recurso, mas forma de interposição.</p><p>b) Recursos que admitem: Os seguintes recursos admitem essa forma de</p><p>interposição:</p><p>■ Apelação;</p><p>■ REsp;</p><p>■ RE.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>■ Não cabe em Agravo de instrumento (REsp. 336.135);</p><p>■ Não cabe em Recurso inominado (Enunciado 88, FONAJE e Enunciado 59 do</p><p>FONAJEF).</p><p>c) Admissibilidade: Mesmos requisitos do recurso “principal”, até mesmo o</p><p>preparo, nos termos do que já decidiu o STJ (REsp. 912.336).</p><p>d) Legitimidade: Somente a parte pode interpor tal modalidade. Nem terceiro</p><p>e nem mesmo o Ministério Público (RT, 611/163) a não ser que este esteja</p><p>atuando como parte.</p><p>5</p><p>e) Preclusão: Não há preclusão consumativa entre contrarrazões e recurso</p><p>adesivo. A parte, portanto, não precisa interpor os dois juntos.</p><p>f) Subordinação: Eventual inadmissibilidade do principal gera a automática</p><p>inadmissibilidade do adesivo.</p><p>g) Recurso adesivo e o sistema de preclusões: Imaginemos as seguintes</p><p>situações colocadas em forma de ementa:</p><p>1) Sucumbência recíproca. Ambas as partes recorrem. Uma delas desiste</p><p>do recurso: Não caberá adesivo, pois ocorreu preclusão</p><p>lógica.</p><p>2) Sucumbência recíproca. Ambas as partes recorrem. O recurso de uma</p><p>delas é parcial: Não caberá adesivo para complementar a matéria, pois</p><p>ocorreu preclusão consumativa.</p><p>3) Sucumbência recíproca. Ambas as partes recorrem. Um dos recursos é</p><p>intempestivo: Não caberá adesivo, pois ocorreu a preclusão temporal.</p><p>● Recurso principal é aquele em que o recorrente o interpõe desde logo,</p><p>independentemente de qualquer outra ação da outra parte.</p><p>● O recurso adesivo, por sua vez, depende da postura da outra parte e,</p><p>portanto, pressupõe a existência de sucumbência recíproca. Exemplo: a</p><p>sentença de parcial procedência do pedido do autor possui sucumbência</p><p>recíproca.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>A parte pode deixar de recorrer na expectativa de que a outra parte também</p><p>não recorra. Neste caso, se a outra parte recorrer, aquela parte que não</p><p>recorreu inicialmente poderá interpor o chamado “recurso adesivo”.</p><p>✓ Quando o recurso é interposto de maneira adesiva, ele fica vinculado ao</p><p>conhecimento do recurso principal.</p><p>✓ O recurso adesivo é interposto no prazo para as contrarrazões.</p><p>✓ O CPC prevê a hipótese de interposição adesiva para a apelação, para o</p><p>recurso especial e para o recurso extraordinário, desde que haja sucumbência</p><p>recíproca.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz do Estado do Amapá (FGV - 2022), foi apresentado o caso</p><p>que segue: “Publicada sentença em que houve sucumbência recíproca, pois</p><p>os pedidos de ressarcimento de dano material e reparação pelo dano moral</p><p>foram parcialmente concedidos, ambas as partes apelaram de forma</p><p>6</p><p>independente. O recurso da parte autora pretendia apenas a majoração da</p><p>condenação fixada pelo juiz pelo dano material. Todavia, após ser</p><p>surpreendido com o recurso da parte ré, que pretendia unicamente a</p><p>redução da condenação fixada pelo dano moral, o autor interpõe, no prazo</p><p>das contrarrazões, apelação pela via adesiva, buscando agora a integralidade</p><p>também da verba pretendida a título de dano moral, que não fora objeto do</p><p>recurso anterior.” Diante do texto, foi considerada CORRETA a alternativa</p><p>que disse: “não deve ser admitido, pois houve preclusão consumativa, uma</p><p>vez que o recurso adesivo não serve para complementação de recurso já</p><p>interposto”.</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado de Mato Grosso (FCC - 2019), foi</p><p>dito: “João Alberto ajuizou e perdeu parcialmente ação contra Maria Eduarda.</p><p>Apela e a seu recurso Maria Eduarda adere e interpõe o recurso adesivo</p><p>cabível. Distribuídos os apelos ao Segundo Grau, João Alberto desiste do</p><p>apelo, sem que Maria Eduarda seja ouvida.” Diante do texto, foi considerada</p><p>CORRETA, a respeito da desistência, a alternativa que trouxe: “é possível,</p><p>pois o recurso adesivo é subordinado ao recurso independente e a</p><p>desistência deste não depende de anuência do recorrente adesivo, que não</p><p>terá seu recurso conhecido”.</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado da Paraíba (FCC - 2018), foi</p><p>considerada CORRETA a alternativa que disse: “o recorrente poderá, a</p><p>qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir</p><p>do recurso; a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja</p><p>repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento</p><p>de recursos extraordinários ou especiais repetitivos”.</p><p>QUANTO À COGNIÇÃO</p><p>▸Recursos de fundamentação livre e Recursos de fundamentação</p><p>vinculada</p><p>Em geral, os recursos possuem fundamentação livre, ou seja, há liberdade</p><p>dialética, bastando o magistrado analisar admissibilidade e pois o mérito.</p><p>Todavia, nos recursos de fundamentação vinculada, temos a chamada</p><p>“tipicidade argumentativa”. Nestes, analisa-se a admissibilidade somada à</p><p>análise da adequação, para depois analisar o mérito.</p><p>Para evitar o juízo de sobreposição, o órgão que aprecia a admissibilidade deve</p><p>analisar o cabimento do recurso em cognição sumária e in statu assertionis (RE,</p><p>298.695, STF e AgRg no Ag 737.040, STJ).</p><p>7</p><p>Como exemplo de recursos com fundamentação vinculada temos o RE, o REsp e</p><p>os Embargos de Declaração.</p><p>7. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO</p><p>7.1. PREVISÃO</p><p>Não há previsão normativa expressa na Constituição Federal nem no CPC.</p><p>Temos previsão, por exemplo, no pacto de São José da Costa Rica (Art. 8º, h).</p><p>7.2. ALCANCE</p><p>Existem duas correntes sobre o alcance do duplo grau de jurisdição:</p><p>1a CORRENTE: Eficácia horizontal (para o mesmo órgão). Basta o recurso, mesmo que para o mesmo</p><p>órgão.</p><p>2a CORRENTE: Temos a eficácia vertical, ou seja, para outro órgão superior. Conforme Renato Montans</p><p>(MONTANS, Manual de Direito Processual Civil, 2020, p. 1667):</p><p>O duplo grau somente estaria configurado se para órgão distinto, como no caso do agravo de instrumento,</p><p>apelação e recursos especial e extraordinário. Dessa forma, haveria duplo grau (aplicável à apelação, por</p><p>exemplo) e duplo exame (aplicado ao agravo interno, por exemplo).</p><p>Malgrado toda a consagração deste princípio, temos algumas críticas que valem a pena ser conhecidas</p><p>para eventual prova discursiva ou oral:</p><p>■ Morosidade (dificuldade de acesso à justiça);</p><p>■ Desprestígio da primeira instância;</p><p>■ Afastamento da imediatidade (juiz mais próximo das provas).</p><p>De outro lado, é importante saber as vantagens trazidas por esse modelo de duplo grau de</p><p>jurisdição:</p><p>■ Melhora na prestação jurisdicional;</p><p>■ Conforto psicológico daquele que perde a demanda (pois o entendimento é firmado por mais de um</p><p>magistrado);</p><p>■ Colegiado (estrutura do tribunal);</p><p>8</p><p>■ Previsão implícita: art. 92, 5º, LV da CF: A existência de tribunais deixa claro a possível existência do</p><p>duplo grau de jurisdição.</p><p>É importante frisar que o duplo grau de jurisdição não é uma garantia, mas sim um princípio (ainda</p><p>que implícito) que poderá ser mitigado quando confrontado com o princípio da efetividade (exemplo: decisões</p><p>irrecorríveis; art. 100, §1º do CPC).</p><p>7.3. REMESSA NECESSÁRIA2</p><p>Há algumas sentenças que, enquanto não reexaminadas pela instância superior, não produzem efeitos,</p><p>não transitam em julgado. O legislador determina, como condição de eficácia, que elas sejam reapreciadas.</p><p>Remessa necessária consiste na necessidade, imposta por lei, de que a sentença, para tornar-se eficaz,</p><p>seja reexaminada pelo tribunal, ainda que não tenha havido nenhum recurso das partes. É condição</p><p>indispensável para que possa transitar em julgado.</p><p>A remessa necessária não é recurso, pois lhe faltam quase todas as características a ele inerentes: o</p><p>recurso é voluntário, depende da vontade daqueles que podem recorrer; a remessa é necessária, independe da</p><p>vontade dos litigantes. O recurso é uma manifestação de inconformismo, ao passo que a remessa será</p><p>realizada, ainda que todos os litigantes estejam de acordo com a sentença. O recurso deve vir sempre</p><p>acompanhado de razões, e a remessa não; o recurso tem prazo de interposição, e a remessa deve ser feita a</p><p>qualquer tempo, sob pena de a sentença não transitar em julgado.</p><p>As hipóteses de cabimento da remessa necessária no CPC vêm previstas no art. 496:</p><p>Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo</p><p>tribunal, a sentença:</p><p>I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e</p><p>fundações de direito público;</p><p>II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.</p><p>§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos</p><p>autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.</p><p>§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.</p><p>§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for</p><p>de valor certo e líquido inferior a:</p><p>I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;</p><p>II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e</p><p>fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais</p><p>dos Estados;</p><p>III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de</p><p>direito público.</p><p>2Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>9</p><p>§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:</p><p>I - súmula de tribunal superior;</p><p>II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de</p><p>recursos repetitivos;</p><p>III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de</p><p>competência;</p><p>IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente</p><p>público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.</p><p>Assim, pode-se resumir as hipóteses de cabimento da remessa necessária no CPC à sucumbência da</p><p>Fazenda Pública (ressalvada a improcedência dos embargos à execução por ela aforados), o que tem</p><p>despertado críticas, já que são numerosos os seus privilégios processuais.</p><p>8. UNIRRECORRIBILIDADE</p><p>Cada recurso possui a sua hipótese de cabimento que, em consequência, exclui outro recurso. Diante</p><p>disso, essa ideia se refere mais ao cabimento do recurso do que à unirrecorribilidade.</p><p>Exemplifica o professor: “Contra as decisões interlocutórias previstas no art. 1.015, cabe o agravo de</p><p>instrumento. Contra as sentenças, a apelação; contra decisões monocráticas do relator, agravo interno; contra</p><p>acórdãos que se enquadrem nas hipóteses do art. 102, III, da Constituição Federal, recurso extraordinário; e</p><p>contra acórdãos, nas hipóteses do art. 105, III, recurso especial. O recurso ordinário será adequado nas</p><p>hipóteses previstas na CF, arts. 102, II, e 105, II.”3</p><p>“Mas esse princípio não é absoluto e há situações em que será possível interpor recursos distintos</p><p>contra o mesmo pronunciamento judicial ou, por meio de um recurso único, questionar mais de um</p><p>pronunciamento. São elas:</p><p>a. a interposição de apelação, na qual, seja como preliminar, seja nas contrarrazões, será possível</p><p>impugnar as decisões interlocutórias proferidas no curso do processo, não sujeitas à preclusão, por não</p><p>suscetíveis de agravo de instrumento. As decisões interlocutórias, à exceção daquelas enumeradas no</p><p>art. 1.015 do CPC, não são recorríveis em separado, devendo ser impugnadas quando da apresentação</p><p>de apelação, seja como preliminar, seja nas contrarrazões;</p><p>b. a interposição de embargos de declaração, contra decisões, sentenças e acórdãos, sem prejuízo de</p><p>outros recursos. Aqui não há violação ao princípio da unidade, porque os embargos não visam a</p><p>reforma ou anulação da decisão, mas apenas o seu aclaramento e integração;</p><p>c. a interposição simultânea de recurso especial e extraordinário, contra o mesmo acórdão. Há aqui dois</p><p>recursos contra a mesma decisão, mas cada qual versando sobre um aspecto, uma situação</p><p>3Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>10</p><p>determinada, no acórdão.”4</p><p>9. FUNGIBILIDADE</p><p>Muitas vezes, é bastante difícil saber qual é o recurso cabível e é nesse cenário que a fungibilidade</p><p>revela a sua importância.</p><p>Nesse contexto, diante de uma dúvida objetivamente razoável, utiliza-se a fungibilidade, permitindo</p><p>conhecer um recurso no lugar do outro.</p><p>Exemplo: Na ação de divisão e demarcação de terras, há uma dúvida sobre o fato de a decisão que</p><p>encerra a primeira fase ser uma sentença ou uma decisão interlocutória. Em razão disso, nesse caso, caberia a</p><p>aplicação do princípio da fungibilidade.</p><p>“Mas nem sempre caberá a aplicação da fungibilidade. Há um requisito indispensável, a existência de</p><p>dúvida objetiva a respeito da natureza da decisão, que resulta de controvérsia efetiva, na doutrina ou na</p><p>jurisprudência, a respeito do pronunciamento. Não basta a dúvida subjetiva, pessoal, sendo necessário que</p><p>ela se objetive pela controvérsia.”5</p><p>10. VOLUNTARIEDADE</p><p>O recurso é manifestação consciente e voluntária com o objetivo de alcançar a reforma da decisão. A</p><p>voluntariedade é inerente ao recurso e é por esse motivo que a remessa necessária não é considerada recurso.</p><p>Além disso, a técnica de ampliação do colegiado .</p><p>11. DIALETICIDADE</p><p>O princípio da dialeticidade exige do recorrente a exposição detalhada da fundamentação recursal. Se</p><p>isso não for feito, em rigor, o recurso não deve sequer ser conhecido. A fundamentação recursal deve impugnar</p><p>especificamente os fundamentos da decisão recorrida sob pena de inadmissão do recurso e tal necessidade se</p><p>ampara na possibilidade de permitir ao recorrido a elaboração das contrarrazões.</p><p>12. CONSUMAÇÃO</p><p>O princípio da consumação tem relação com a preclusão consumativa que se verifica no ato de</p><p>5Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022</p><p>4Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>11</p><p>interposição do recurso. Tal princípio proíbe que, interposto um recurso, este seja complementado.</p><p>13. COMPLEMENTARIDADE</p><p>Quando a parte recorre de uma decisão e, posteriormente, tal decisão é modificada, é possível que haja</p><p>um prazo maior para a complementação de eventual recurso. Essa situação ocorre, por exemplo, nos casos em</p><p>que a parte apresenta apelação (havendo sucumbência recíproca), mas, posteriormente, o juiz altera a decisão</p><p>por ocasião da apresentação de embargos de declaração pela parte contrária.</p><p>14. VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS6</p><p>Devemos lembrar que a ideia de recorrer, em algum grau, tem relação com uma inconformidade com</p><p>a decisão proferida, logo aquele que busca o recurso o faz exclusivamente em busca de melhorar sua condição.</p><p>Como o recurso devolve ao Tribunal apenas o conhecimento daquilo que foi impugnado, os</p><p>julgadores vão se limitar a apreciar aquilo em que o recorrente sucumbiu, podendo, na pior das hipóteses,</p><p>não acolher o recurso e manter a sentença tal como lançada.Daí decorre que, no exame do recurso de um dos</p><p>litigantes, a sua situação não poderá ser piorada, sendo vedada a reformatio in pejus. A situação só pode ser</p><p>piorada se houver recurso de seu adversário.</p><p>Mas os recursos em geral são dotados de efeito translativo, que permite ao órgão ad quem examinar</p><p>de ofício matérias de ordem pública, ainda que não sejam alegadas. Por força dele, a situação do recorrente</p><p>pode até ser piorada. Imagine-se, por exemplo, que o autor de ação condenatória tenha obtido êxito parcial em</p><p>sua pretensão. Se só ele recorrer para aumentar a condenação obtida, não será possível que o tribunal reduza</p><p>essa condenação; mas pode, por exemplo, detectar uma questão de ordem pública, que ainda não tinha sido</p><p>ventilada, como a falta de uma das condições da ação ou de um dos pressupostos processuais, do que resultará</p><p>a extinção do processo sem resolução de mérito, em detrimento do autor.</p><p>15. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE</p><p>São requisitos necessários, no plano formal, para a admissibilidade do recurso permitindo sua</p><p>apreciação no mérito. É necessário distinguir juízo de admissibilidade de juízo de mérito.</p><p>■ De um lado, há o preenchimento dos pressupostos processuais recursais, de modo a verificar se o</p><p>processo está íntegro em termos de admissibilidade (juízo de admissibilidade). Além da admissibilidade do</p><p>processo em si, há a admissibilidade da própria ação (as partes devem ter legitimidade, interesse etc.).</p><p>■ De outro, há a análise do mérito recursal, ou seja, de seus fundamentos (juízo de mérito).</p><p>6 Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>12</p><p>Os requisitos exigidos para haver o juízo de admissibilidade recursal positivo são: cabimento,</p><p>legitimidade, interesse e tempestividade.</p><p>15.1. CABIMENTO</p><p>O preenchimento do requisito relativo ao cabimento</p><p>exige que o pronunciamento seja recorrível e</p><p>que o recurso interposto seja o adequado/cabível.</p><p>■ Os despachos não têm o condão de causar prejuízo a alguém e, por esse motivo, são irrecorríveis.</p><p>■ Se o despacho, por algum motivo, causar prejuízo à parte, ele, na verdade, será uma decisão</p><p>indevidamente chamada de despacho e, portanto, será passível de recurso.</p><p>15.2. LEGITIMIDADE</p><p>A legitimidade é prevista, juntamente com o interesse recursal, no art. 996 do CPC.</p><p>Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,</p><p>como parte ou como fiscal da ordem jurídica.</p><p>Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica</p><p>submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como</p><p>substituto processual.</p><p>15.3. INTERESSE</p><p>A necessidade de interesse recursal está contida no próprio art. 996, CPC. O interesse recursal está</p><p>baseado na existência de um determinado prejuízo ao recorrente (não importando se o prejuízo foi grande ou</p><p>pequeno). Essa situação deve ser analisada sob a perspectiva prática, sendo imperioso observar, no caso</p><p>concreto, se o recurso reúne condições de gerar uma melhora na situação fática do recorrente (remoção do</p><p>prejuízo).</p><p>15.4. TEMPESTIVIDADE</p><p>A regra do direito processual civil brasileiro é que o prazo de interposição de recursos é de 15 dias</p><p>úteis. Esse também é o prazo das contrarrazões.</p><p>Exceções:</p><p>1ª) Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Pública e advogados diferentes de</p><p>escritórios diferentes e com litisconsortes diferentes (processos físicos – art. 229, CPC) possuem prazo em</p><p>dobro (30 dias úteis).</p><p>✓ Neste caso, as contrarrazões de recurso também serão de 30 dias úteis.</p><p>2ª) Nos embargos de declaração (tanto para a interposição quanto para a resposta), o prazo é de 5</p><p>13</p><p>dias úteis.</p><p>✓ Neste caso, também há prazo em dobro (10 dias úteis) para o Ministério Público, Defensoria Pública,</p><p>Advocacia Pública e advogados diferentes de escritórios diferentes e com litisconsortes diferentes (processos</p><p>físicos).</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>■ O prazo para a resposta dos recursos é o mesmo previsto para as suas respectivas interposições.</p><p>15.5. REGULARIDADE FORMAL</p><p>Os recursos devem possuir um mínimo de regularidade formal. Exemplo disso é que o recurso especial</p><p>fundamentado em divergência jurisprudencial tem que trazer os acórdãos que demonstram tal divergência.</p><p>Outro exemplo é o recurso extraordinário, o qual requer a demonstração de repercussão geral.</p><p>■ Preparo: O preparo é outra exigência para o juízo de admissibilidade. O preparo é o pagamento de</p><p>taxa judiciária e outros custos que podem ser exigidos para o exercício do direito de recorrer. Em regra, o</p><p>preparo acompanha o ato de interposição recursal sob pena de deserção.</p><p>■ Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer: Não basta que a parte</p><p>apenas exerça corretamente o direito ao recurso no ato da interposição. É necessário manter uma coerência</p><p>comportamental em relação ao exercício do direito de recorrer até o momento em que o recurso será julgado.</p><p>Se a parte, de alguma forma, concorda com a decisão, este fato impede a interposição recursal ou o</p><p>prosseguimento do recurso.</p><p>O CPC preceitua que a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.</p><p>Trata-se do fenômeno da aquiescência, que gera uma preclusão lógica a impedir a admissão do recurso.</p><p>■ Extinção do duplo de juízo de admissibilidade da apelação e do RO: O CPC/2015 extinguiu o</p><p>duplo juízo de admissibilidade recursal da apelação e do recurso ordinário. Ressalta-se que o CPC/2015 até</p><p>chegou a extinguir o duplo juízo de admissibilidade recursal em relação ao RE e ao REsp, mas, durante o</p><p>período de vacatio legis, a Lei 13.256/2016 alterou o CPC e manteve o duplo juízo de admissibilidade de tais</p><p>recursos.</p><p>O juízo de admissibilidade tem as seguintes características:</p><p>1. Preliminar (não prejudicial): Sua ausência impede a análise do recurso. Lembre-se que a</p><p>questão prejudicial não impede a análise da questão principal, apenas influencial.</p><p>2. Convalidação: Conferir: Art. 938, §1º e 932, §único, CPC. Salvo a intempestividade, que é vício</p><p>insanável, os demais requisitos de admissibilidade podem ser sanados pelo próprio juízo ou</p><p>pela parte.</p><p>3. Norma cogente: Os requisitos podem ser reconhecidos de ofício. Diante disso, temos a</p><p>seguinte consequência: Pode ser revogado pelo próprio órgão ou pelo superior.</p><p>14</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Temos uma exceção no art. 1.018 do CPC (agravo de instrumento em autos físicos).</p><p>15.6. ADMISSIBILIDADE POSITIVA</p><p>Feita a admissibilidade positiva, ou seja, admitido o recurso pelo tribunal dessa decisão não caberá</p><p>recurso, pois:</p><p>a) A outra parte poderá alegar em contrarrazões;</p><p>b) O Juízo de admissibilidade é provisório.</p><p>15.7. PROVAS</p><p>Nos termos do art. 938, §3º do CPC, é possível ao tribunal, quando do julgamento, produzir a prova ou</p><p>converter o julgamento em diligência para que o juízo a quo proceda à produção probatória.</p><p>15.8. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE EM ESPÉCIE</p><p>Uma parte da doutrina chama de requisitos intrínsecos e extrínsecos e outra parcela chama de</p><p>requisitos subjetivos e objetivos. Vejamos cada um:</p><p>1. ADEQUAÇÃO: Cada decisão corresponde a um recurso cabível. No CPC/15 temos a possibilidade ainda</p><p>de aplicarmos a fungibilidade, seja ope legis (art. 1.024, §3º, 1.032 e 1.033) ou ainda a fungibilidade ope</p><p>judicis (quando há dúvida objetiva sobre qual o recurso cabível).</p><p>2. PREPARO: É o adiantamento das custas do recurso. O não recolhimento acarreta em deserção.</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ Os Estados possuem competência para legislar sobre o preparo.</p><p>■ O preparo possui natureza jurídica de tributo (taxa).</p><p>■ Preclusão consumativa: As custas de preparo devem acompanhar o recurso. Em não recolhendo, o</p><p>magistrado intimará a parte para recolher em dobro.</p><p>Exceção: No JEC o recolhimento do preparo do recurso inominado se dará 48 horas após sua</p><p>interposição (art. 42, §1º, Lei 9.099/95).</p><p>Ocorrendo insuficiência do preparo, o magistrado concederá prazo complementar de 5 dias para</p><p>recolher o remanescente. De acordo com o STJ, se não houver dúvida sobre o recolhimento ou o valor não for</p><p>próximo do real, a complementação será indeferida (REsp. 202.283).</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>■ Exclusões legais (não recolhem preparo):</p><p>15</p><p>Quanto às exclusões objetivas, temos:</p><p>a) Embargos de Declaração;</p><p>b) Agravo de admissão (art. 1.042);</p><p>c) Recursos do ECA;</p><p>d) Embargos infringentes (Lei de Execução Fiscal)</p><p>Quanto às exclusões subjetivas, temos:</p><p>a) Defensor Público;</p><p>b) Ministério Público;</p><p>c) Fazenda Pública (menos a fundação pública);</p><p>d) Beneficiário da gratuidade.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Estado do Rio Grande do Sul (CESPE - 2022), na modalidade certo/errado,</p><p>foi considerada ERRADA a afirmativa que segue: “Segundo entendimento pacificado do STJ, o recurso</p><p>interposto pela Defensoria Pública está dispensado do pagamento de preparo, salvo se a atuação ocorrer na</p><p>qualidade de curador especial.”.</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ No processo eletrônico fica dispensado o recolhimento das custas de porte e retorno.</p><p>■ Expediente bancário: Nos termos da súmula 484, STJ, admite-se que o preparo seja efetivado no</p><p>primeiro dia útil subsequente, quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente</p><p>bancário.</p><p>3. LEGITIMIDADE RECURSAL: É a habilitação legal para que determinadas pessoas possam recorrer.</p><p>Difere-se do interesse, pois este é transitório e a legitimidade, em regra, é permanente.</p><p>a) Partes: Autor e réu.</p><p>Nas intervenções de 3º, o terceiro recorre como parte (salvo assistente simples e o amicus curiae que</p><p>continuam na condição de terceiro).</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ O amicus curiae somente poderá interpor Embargos de Declaração ou RE e REsp nos julgamentos de</p><p>Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (art. 138, §1º e §3º).</p><p>16</p><p>■ A parte considerada ilegítima tem legitimidade recursal:</p><p>RECURSO ESPECIAL. PROCESSO</p><p>CIVIL. ART. 499, § 1º, DO CPC. LEGITIMIDADE RECURSAL. TERCEIRO</p><p>PREJUDICADO. INTERESSE JURÍDICO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Na condição de terceira</p><p>prejudicada, para ter legitimidade para a interposição da apelação, à recorrente basta demonstrar o nexo de</p><p>interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial (§ 1º do</p><p>art. 499 do CPC). 2. A decisão relativa à declaração da ilegitimidade ad causam da recorrente, para ser</p><p>parte, ainda que transitada em julgado, em nada poderá atingir sua legitimidade recursal ativa como</p><p>terceira prejudicada. 3. Dúvida não há quanto ao evidente interesse jurídico da recorrente, consubstanciado</p><p>no reconhecimento de sua condição de convivente com o investigado, tanto que ocorrida a partilha dos bens</p><p>adquiridos em comum, segundo consignado no próprio acórdão guerreado. 4. Recurso conhecido e provido</p><p>(STJ - REsp: 696934 PB 2004/0148438-6, Relator: Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, Data de Julgamento:</p><p>15/05/2007, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 04.06.2007 p. 358).</p><p>b) Ministério Público: Possui legitimidade como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Como fiscal,</p><p>o MP possui legitimidade concorrente e disjuntiva (não depende da parte). Conforme as súmulas 99 e 226 do</p><p>STJ:</p><p>Súmula 99, STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal</p><p>da lei, ainda que não haja recurso da parte.</p><p>Súmula 226, STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda</p><p>que o segurado esteja assistido por advogado.</p><p>PROCESSUAL CIVIL. MINISTÉRIO PÚBLICO. CUSTOS LEGIS. INTERESSE DE MENOR. LEGITIMIDADE PARA</p><p>RECORRER. ORIENTAÇÃO DA TURMA. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE. DANO MORAL. LEGITIMIDADE E</p><p>INTERESSE DOS IRMÃOS DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. IRRELEVÂNCIA.</p><p>LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. PEDIDOS CUMULADOS E DISTINTOS. DESNECESSIDADE DE QUE OS</p><p>LITISCONSORTES POSSUAM LEGITIMIDADE PARA TODOS OS PEDIDOS. DOUTRINA. RECURSO PROVIDO. I -</p><p>Consoante entendimento fixado pela Turma, o Ministério Público detém legitimidade para recorrer nas</p><p>causas em que atua como custos legis, ainda que se trate de discussão a respeito de direitos individuais</p><p>disponíveis e mesmo que as partes estejam bem representadas. II - A indenização por dano moral tem</p><p>natureza extrapatrimonial e origem, em caso de morte, na dor, no sofrimento e no trauma dos familiares</p><p>próximos das vítimas. Irrelevante, assim, que os autores do pedido não dependessem economicamente da</p><p>vítima. III - Os irmãos possuem legitimidade para postular reparação por dano moral decorrente da morte de</p><p>irmã, cabendo apenas a demonstração de que vieram a sofrer intimamente com o trágico acontecimento,</p><p>presumindo-se esse dano quando se tratar de menores de tenra idade, que viviam sob o mesmo teto. IV - A lei</p><p>não exige, para a formação do litisconsórcio, que os autores possuam legitimidade em todos os pedidos</p><p>deduzidos na inicial, bastando que estejam presentes as condições do art. 46, CPC (STJ - REsp: 160125 DF</p><p>1997/0092404-1, Relator: MIN. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data de Julgamento: 23/03/1999, T4 - QUARTA</p><p>TURMA, Data de Publicação: --> DJ 24/05/1999 p. 172LEXSTJ vol. 123 p. 250RSTJ vol. 119 p. 473).</p><p>Ainda quanto ao MP, algumas observações são relevantes:</p><p>17</p><p>■ Interesse presumido: Se há legitimidade do MP, presume-se o seu interesse (REsp. 612.075);</p><p>■ Participação: Não é necessária a prévia participação do MP para que permaneça sua legitimidade</p><p>recursal;</p><p>■ Requisitos: Deve preencher todos os requisitos de admissibilidade, menos o preparo.</p><p>■ Decisão homologatória: é possível ao MP recorrer, salvo de favoreceu incapaz (REsp. 1.323.677).</p><p>c) Terceiro Prejudicado:</p><p>O recurso de terceiro prejudicado é uma intervenção de terceiros na fase recursal. Deve preencher os</p><p>seguintes requisitos:</p><p>■ Condição de terceiro;</p><p>■ Preencher os requisitos de admissibilidade (REsp. 74.597);</p><p>■ Mostrar o grau de interdependência (demonstrar que a decisão possui potencialidade para lhe</p><p>causar prejuízo).</p><p>d) Advogado: Possui legitimidade própria em 2 casos:</p><p>■ Honorários advocatícios (nos termos do art. 23, Lei 8.906/94);</p><p>■ Conduta do advogado no processo (art. 234, §§ 1º a 3º, CPC).</p><p>4. INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER: Trata-se de requisito</p><p>de cunho negativo (único), pois NÃO pode ocorrer um fato.</p><p>Decorrente de condutas praticadas pela parte contrária ao interesse de recorrer.</p><p>Temos o seguinte cenário:</p><p>FATOS EXTINTIVOS</p><p>A) RENÚNCIA</p><p>Nos termos do art. 999:</p><p>Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.</p><p>▸Temos aqui que considerar um aspecto cronológico: A renúncia sempre vem</p><p>antes do recurso.</p><p>▸Além disso, a renúncia pode ser expressa ou tácita. Sendo expressa, a parte</p><p>atravessará petição ou informará em audiência. No caso da tácita, é a mera não</p><p>interposição do recurso no seu prazo.</p><p>▸A renúncia tem natureza jurídica de NEGÓCIO JURÍDICO UNILATERAL não</p><p>receptício (ato de autonomia provada que se aperfeiçoa pela mera vontade do</p><p>18</p><p>agente, independentemente de vontade externa). Logo, não é necessária</p><p>homologação judicial nem autorização da parte contrária.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Com a atipicidade do negócio jurídico processual (art. 190, CPC), é</p><p>POSSÍVEL a renúncia prévia ao recurso até mesmo antes do processo. Contudo, se</p><p>houver alguma nulidade na decisão (exemplo: sentença extra petita), caberá recurso.</p><p>B) AQUIESCÊNCIA</p><p>Nos termos do art. 1000:</p><p>Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá</p><p>recorrer.</p><p>Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de</p><p>ato incompatível com a vontade de recorrer.</p><p>É a prática de ato que demonstra a conformação com a decisão. Renúncia é ato de</p><p>vontade, aquiescência é ato de conformismo, ou seja, prática de ato incompatível</p><p>com o direito de recorrer.</p><p>FATOS IMPEDITIVOS</p><p>A) DESISTÊNCIA DO RECURSO</p><p>Conforme o art. 998:</p><p>Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou</p><p>dos litisconsortes, desistir do recurso.</p><p>▸É o ato processual em que a parte abre mão do recurso já interposto. No aspecto</p><p>cronológico, a desistência acontece depois do recurso. Poderá ser feita a qualquer</p><p>tempo até a leitura do voto.</p><p>▸Tem natureza jurídica de negócio jurídico unilateral não receptício.</p><p>⚠ ATENÇÃO: Temos exceção (art. 998, parágrafo único):</p><p>Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja</p><p>repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento</p><p>de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.</p><p>▸Portanto, perceba que a parte poderá desistir do recurso no tocante ao seu caso</p><p>19</p><p>concreto. Contudo, se se tratar de recurso repetitivo afetado para julgamento ou</p><p>recurso com repercussão geral reconhecida, não poderá abrir mão do julgamento da</p><p>tese.</p><p>▸Para que haja a desistência, é necessário poderes especiais do advogado. A</p><p>desistência poderá ser total ou parcial (REsp. 337.572 c/c art. 1002, CPC).</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Desistência e posterior interposição: Não é possível devido a</p><p>preclusão consumativa (REsp. 866.006 e REsp. 651.931).</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz do Estado de Mato Grosso (VUNESP - 2018), foi considerada</p><p>CORRETA a alternativa que afirmou: “a desistência do recurso não impede a</p><p>análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela</p><p>objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos”.</p><p>B) DESISTÊNCIA DA AÇÃO</p><p>▸Ato em que a parte abre mão do processo como forma, mas não do direito</p><p>subjacente. Importante saber que é necessária a homologação judicial (art. 200,</p><p>§único).</p><p>▸A anuência do réu somente será necessária quando escoado o prazo de resposta,</p><p>conforme o art. 485, §4º.</p><p>C) MECANISMOS DE AUTOCOMPOSIÇÃO</p><p>▸São instrumentos que geram sentença de mérito em decorrência:</p><p>a) Do reconhecimento jurídico do pedido;</p><p>b) Da transação; e</p><p>c) Da renúncia ao direito.</p><p>15.9. TEMPESTIVIDADE</p><p>Este é o único requisitos que não pode ser convalidado.</p><p>Trata-se da observância do prazo recursal. Relembrando os prazos:</p><p>Apelação no ECA; Embargos Infringentes da Lei de Execução Fiscal; Recurso inominado</p><p>dos juizados</p><p>10 dias</p><p>Embargos de declaração 5 dias</p><p>20</p><p>Os demais recursos 15 dias</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ Exceção: prazo em dobro</p><p>a) Litisconsortes com procuradores diferentes de escritórios diferentes (art. 229). Lembre-se que não</p><p>se aplica no caso de autos eletrônicos; Conforme a Súmula 641 do STF:</p><p>.</p><p>Súmula 641-STF: Não se computa em dobro o prazo para recorrer se apenas uma das partes houver</p><p>sucumbido.</p><p>b) Fazenda Pública (art. 180, súmula 116, STJ).</p><p>■ Não haverá prazo em dobro nos juizados especiais federais e juizados da fazenda pública. Conforme a</p><p>súmula 116 do STJ:</p><p>Súmula 116-STJ: A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo regimental</p><p>no Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) Ministério Público (art. 183, §3º);</p><p>d) Defensor Público (Art. 186, §3º)</p><p>■ O prazo em dobro se aplica, igualmente, aos advogados que prestam assistência jurídica, bem como</p><p>os núcleos de faculdade de direitos com essa função.</p><p>RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO. RECURSO DE APELAÇÃO.</p><p>TEMPESTIVIDADE. PARTE REPRESENTADA POR NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DE INSTITUIÇÃO PRIVADA DE</p><p>ENSINO SUPERIOR. PRAZO EM DOBRO. APLICAÇÃO. 1. Ação revisional de contrato de financiamento ajuizada</p><p>em 02/10/2018, da qual foi extraído o presente recurso especial interposto em 15/02/2021 e concluso ao</p><p>gabinete em 24/03/2022. 2. O propósito recursal consiste em definir se a prerrogativa de prazo em dobro</p><p>prevista no art. 186, § 3º, do CPC/2015 se aplica aos núcleos de prática jurídica das instituições privadas de</p><p>ensino superior. 3. O art. 5º, § 5º, da Lei nº 1.060/50, prevê que "o Defensor Público, ou quem exerça cargo</p><p>equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias,</p><p>contando-se-lhes em dobro todos os prazos". Ao interpretar tal dispositivo, o STJ firmou orientação no</p><p>sentido de que para fazer jus ao benefício do prazo em dobro, o advogado da parte deve integrar</p><p>serviço de assistência judiciária organizado e mantido pelo Estado, como é o caso dos núcleos de</p><p>prática jurídica das instituições públicas de ensino superior, não se aplicando tal benefício aos núcleos</p><p>de prática jurídica vinculados às universidades privadas. 4. Todavia, o Novo Código de Processo Civil, por</p><p>meio do art. 186, § 3º, estendeu a prerrogativa do prazo em dobro "aos escritórios de prática jurídica</p><p>das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica</p><p>21</p><p>gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública". 5. É verdade que o CPC/2015</p><p>revogou expressamente alguns dispositivos da Lei nº 1.060/50, dentre os quais não se encontra o art. 5º. No</p><p>entanto, nos termos do art. 2º, § 1º, da LINDB, a lei posterior revoga a anterior não apenas quando</p><p>expressamente o declare (revogação expressa), mas também quando seja com ela incompatível ou quando</p><p>regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (revogação tácita). Considerando que a nova norma</p><p>(art. 186, § 3º, do CPC/2015) é de mesma hierarquia da anterior (art. 5º, § 5º, da Lei nº 1.060/50) e passou a</p><p>prever, de forma expressa, a aplicação do prazo em dobro aos escritórios de prática jurídica das faculdades de</p><p>Direito reconhecidas na forma da lei, não exigindo que elas sejam mantidas pelo Estado, ao menos com</p><p>relação a tais entidades, o novo dispositivo legal é incompatível com o anterior e, por ser posterior, deve</p><p>prevalecer. 6. A interpretação literal do art. 186, § 5º, do CPC/2015 revela que o legislador não fez</p><p>qualquer diferenciação entre escritórios de prática jurídica de entidades de caráter público ou privado.</p><p>Em consequência, limitar tal prerrogativa aos núcleos de prática jurídica das entidades públicas de ensino</p><p>superior significaria restringir indevidamente a aplicação da norma mediante a criação de um pressuposto não</p><p>previsto em lei. 7. Quanto ao método teleológico, dado que os núcleos de prática jurídica vinculados às</p><p>unidades de ensino superior, sejam elas públicas ou privadas, prestam assistência judiciária aos</p><p>hipossuficientes, é absolutamente razoável crer que eles experimentam as mesmas dificuldades de</p><p>comunicação e de obtenção de informações, dados e documentos, as quais são conhecidamente</p><p>vivenciadas no âmbito da Defensoria Pública, de modo que o benefício do prazo em dobro é um</p><p>instrumento criado para viabilizar a sua atuação. Também é razoável crer que tanto os escritórios</p><p>jurídicos vinculados às instituições públicas quanto aqueles atrelados às universidades privadas são</p><p>constantemente procurados por pessoas que não têm condições de arcar com as despesas para a</p><p>contratação de advogado particular, recebendo um alto número de demandas. Por mais essa razão, o</p><p>prazo em dobro constitui uma ferramenta imprescindível para o desempenho das atividades</p><p>desenvolvidas pelos núcleos de prática jurídica das faculdades de Direito. 8. Assim, a partir da entrada</p><p>em vigor do art. 186, § 3º, do CPC/2015, a prerrogativa de prazo em dobro para as manifestações</p><p>processuais também se aplica aos escritórios de prática jurídica de instituições privadas de ensino</p><p>superior. 9. Na espécie, o Tribunal de origem afastou a prerrogativa de prazo em dobro à recorrente, porque</p><p>representada por núcleo de prática jurídica vinculado à instituição de ensino privada, o que não se coaduna</p><p>com a ordem jurídica vigente. 10. Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 1.986.064/RS, relatora</p><p>Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 1/6/2022, DJe de 8/6/2022.)</p><p>Por fim, importa saber que a contagem do prazo se dá nos termos do art. 1003, CPC:</p><p>Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de</p><p>advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.</p><p>§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida</p><p>a decisão.</p><p>§ 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra</p><p>decisão proferida anteriormente à citação.</p><p>§ 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de</p><p>organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.</p><p>§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de</p><p>interposição a data de postagem.</p><p>22</p><p>§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15</p><p>dias.</p><p>§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.</p><p>EFEITOS</p><p>EFEITOS RELATIVOS</p><p>À INTERPOSIÇÃO</p><p>I - OBSTATIVO</p><p>O efeito obstativo está ligado à própria concepção de recursos, os quais são técnicas</p><p>de impugnação de decisões judiciais no mesmo processo, que evitam a formação da</p><p>coisa julgada material ou, pelo menos, da preclusão. Interposto o recurso, este ato é</p><p>suficiente para obstar a formação da coisa julgada material ou, pelo menos, da</p><p>preclusão.</p><p>II - SUSPENSIVO</p><p>O efeito suspensivo não é a regra nos recursos do processo civil brasileiro. A maioria</p><p>dos recursos não possui efeito suspensivo.</p><p>■ A ideia do efeito suspensivo é impedir a produção imediata dos efeitos da decisão</p><p>recorrida.</p><p>■ A ausência de efeito suspensivo significa o cumprimento provisório da decisão</p><p>(qualquer que seja ela). O recurso mais conhecido, a apelação, possui efeito</p><p>suspensivo (em regra).</p><p>III - REGRESSIVO</p><p>O efeito regressivo também é chamado de efeito modificativo ou efeito infringente.</p><p>Trata-se da possibilidade de a interposição do recurso autorizar o juízo prolator da</p><p>decisão a voltar atrás, ou seja, refere-se ao juízo de retratação.</p><p>■ Nesse caso, a mera interposição do recurso possibilita que o juiz prolator da decisão</p><p>altere sua decisão inicial.</p><p>■ A despeito do que alguns afirmam, os embargos de declaração podem ter efeito</p><p>infringente, pois, se, exemplificativamente, há omissão e o juiz a reconhece, ele “volta</p><p>atrás” e isso constitui efeito regressivo/modificativo/infringente.</p><p>■ O efeito regressivo é a possibilidade de que, ao interpor um recurso, o próprio</p><p>prolator da decisão possa repensá-la e, eventualmente, profira outra.</p><p>■ O art. 485, §7º do CPC é, na opinião do professor CASSIO SCARPINELLA BUENO, um</p><p>dispositivo de suma importância, pois ele traz a ideia de um dever-poder geral de</p><p>saneamento (também chamado de primazia de julgamento do mérito) e oportuniza</p><p>que o processo seja “salvo”.</p><p>23</p><p>■ Como a apelação não tem, como regra, o juízo de admissibilidade na 1ª instância,</p><p>importante destacar que, nas hipóteses em que a apelação tem efeito regressivo, o</p><p>juiz prolator da sentença, excepcionalmente, fará a admissibilidade recursal.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz do Estado de Pernambuco (FGV - 2022), foi apresentado o</p><p>seguinte texto: “Em uma ação judicial, o juiz proferiu sentença julgando extinto o</p><p>feito, sem resolução de mérito, acolhendo a preliminar de ilegitimidade ativa</p><p>deduzida em contestação. Contra a sentença, o autor interpôs o recurso de</p><p>apelação cível, requerendo que o juiz exercesse o juízo de retratação.” Tendo sido</p><p>considerada CORRETA, sobre juízo de retratação, a alternativa que disse: “deverá</p><p>ser realizado pelo juiz após a apresentação de contrarrazões de apelação pelo réu,</p><p>na qual o demandado poderá impugnar tal pedido”.</p><p>IV - DIFERIDO</p><p>O efeito diferido tem como primeiro exemplo o recurso adesivo. Neste caso, havendo</p><p>sucumbência recíproca, a parte opta por não recorrer de imediato da decisão.</p><p>Posteriormente, com a interposição de recurso pela parte contrária, é possível que, no</p><p>prazo das contrarrazões, a parte interponha seu recurso. Outra hipótese de recurso</p><p>diferido ocorre no art. 1031 do CPC, o qual prevê a possibilidade de interposição</p><p>simultânea de recurso especial e extraordinário.</p><p>EFEITOS RELATIVOS</p><p>AO JULGAMENTO</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: Em geral, os efeitos devolutivo, translativo e expansivo são</p><p>trabalhados na doutrina como uma única coisa. Geralmente, segundo o professor</p><p>CASSIO SCARPINELLA BUENO, a maioria da doutrina fala apenas em efeito</p><p>devolutivo. Entretanto, o professor trabalha especificamente com cada um desses</p><p>efeitos.</p><p>I - DEVOLUTIVO: O efeito devolutivo recursal refere-se à transferência ao órgão ad</p><p>quem do conhecimento das matérias que são objeto de decisão no juízo a quo</p><p>(tantum devolutum quantum appellatum).</p><p>Assim, devolve-se ao tribunal aquilo que é o objeto do recurso. O Tribunal ad quem</p><p>está vinculado, no âmbito recursal, ao que foi pedido pelo recorrente.</p><p>■ O professor CASSIO SCARPINELLA BUENO ressalta que esse efeito tem relação</p><p>intrínseca com o princípio dispositivo (art. 2º, CPC).</p><p>CPC, art. 1.013, caput: “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria</p><p>24</p><p>impugnada.”</p><p>Cumpre destacar que o limite do efeito devolutivo é justamente o inconformismo do</p><p>recorrente, isso porque o tribunal está vinculado àquilo pleiteado no recurso,</p><p>excetuando-se questões relativas ao efeito translativo, como veremos.</p><p>“Do ponto de vista da profundidade, o efeito devolutivo devolve ao conhecimento do</p><p>tribunal não apenas aquilo que foi decidido pelo juiz e impugnado pelo recorrente,</p><p>mas todas as questões discutidas nos autos, relativas ao capítulo impugnado. É como</p><p>se, em relação aos fundamentos e às questões discutidas, o órgão ad quem se</p><p>colocasse na posição do órgão a quo, devendo examinar todos aqueles que foram</p><p>suscitados.”7</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova reaplicada para Defensor Público do Estado do Amazonas (FCC - 2018), foi</p><p>apresentado o seguinte texto: “Paulo ajuizou ação indenizatória em face de</p><p>Umberto, postulando a condenação ao valor de 30 mil reais a título de danos</p><p>materiais e 15 mil a título de danos morais. Ao final da instrução, o juiz de primeiro</p><p>grau julgou parcialmente procedente o pedido de Paulo e condenou Umberto ao</p><p>pagamento de 25 mil reais a título de danos materiais e 10 mil reais a título de</p><p>danos morais, fixando em 15% do valor da condenação os honorários</p><p>sucumbenciais. Irresignado, somente Umberto recorreu da sentença. ” Tendo sido</p><p>considerada CORRETA, sobre as possibilidades do tribunal que julgar o recurso, a</p><p>alternativa que trouxe: “não poderá majorar o valor da condenação, mas poderá</p><p>aumentar o valor dos honorários de sucumbência até o máximo de 20% do valor da</p><p>condenação”.</p><p>II - TRANSLATIVO: Este efeito tem relação intrínseca com o princípio inquisitório (não</p><p>dispositivo), o qual possui aplicação excepcional no processo civil. Neste caso, não há</p><p>relação do pedido da parte com a análise do mérito recursal. Assim, as matérias</p><p>cognoscíveis de ofício devem ser apreciadas pelo tribunal. O efeito translativo possui</p><p>relação com o recurso que vai ser conhecido. Entretanto, no momento de julgar o</p><p>recurso, o Tribunal não fica adstrito ao que o recorrente alegou, ou seja, a matéria</p><p>será apreciada independentemente de provocação.</p><p>Nas palavras do professor: “É a aptidão que os recursos em geral têm de permitir ao</p><p>órgão ad quem examinar de ofício matérias de ordem pública, conhecendo-as ainda</p><p>que não integrem o objeto do recurso. É decorrência natural de elas poderem ser</p><p>7 Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>25</p><p>conhecidas pelo juízo independentemente de arguição. Questões como prescrição,</p><p>decadência, falta de condições da ação ou de pressupostos processuais poderão ser</p><p>examinadas pelo órgão ad quem ainda que não suscitadas.</p><p>Difere do efeito devolutivo, que consiste na devolução ao tribunal do reexame daquilo</p><p>que foi suscitado; o translativo o autoriza a examinar o que não o foi, mas é de ordem</p><p>pública.</p><p>Todos os recursos ordinários são dotados de efeito translativo, incluindo os embargos</p><p>de declaração e os agravos. Se o tribunal, por exemplo, ao apreciar um agravo de</p><p>instrumento interposto pelo autor contra decisão que não concedeu uma liminar por</p><p>ele solicitada, constata a falta de uma das condições da ação, julgará, de ofício, o</p><p>processo extinto sem resolução de mérito, não importando que a questão não tenha</p><p>sido aventada.”8</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Defensor Público do Distrito Federal (CESPE - 2019), na modalidade</p><p>certo/errado, foi considerada ERRADA a afirmativa que disse: “Ao reformar</p><p>sentença que reconheceu a prescrição, o tribunal deve determinar a devolução do</p><p>processo ao juízo de primeiro grau, para julgamento e instrução, se for o caso”.</p><p>III - EXPANSIVO: Chama-se efeito expansivo a aptidão de alguns recursos cuja eficácia</p><p>pode ultrapassar os limites objetivos ou subjetivos previamente estabelecidos pelo</p><p>recorrente. Ele possibilita que o resultado do recurso se estenda a litigantes que não</p><p>tenham recorrido; ou a pretensões que não o integrem. Daí falar-se em efeito</p><p>expansivo subjetivo ou objetivo.</p><p>Há a possibilidade de a decisão que resulta do julgamento do recurso afetar outras</p><p>pessoas (art. 1005, CPC).</p><p>■ Neste caso, existe uma expansão subjetiva por força de lei. De outro lado, de acordo</p><p>com o art. 1013, §§3º e 4º do CPC (Teoria da causa madura), é possível que algumas</p><p>decisões que não enfrentaram o mérito sejam revisadas desde logo pelo Tribunal</p><p>para a apreciação do mérito. Exemplo: havia uma sentença terminativa e,</p><p>posteriormente, o acórdão removeu o obstáculo terminativo para se dirigir a um</p><p>proferimento de mérito.</p><p>■ Assim sendo, ocorrerá o efeito expansivo sempre que o julgamento do recurso</p><p>ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada ou quando atingir</p><p>sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de serem partes na</p><p>demanda.</p><p>8Gonçalves, Marcus Vinicius R. Esquematizado - Direito Processual Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2022.</p><p>26</p><p>■ Em suma: O art. 1.013, §3º, CPC, refere-se à teoria da causa madura. Neste</p><p>caso, há</p><p>a possibilidade de uma sentença terminativa se transformar em sentença definitiva</p><p>com o julgamento do recurso.</p><p>■ Os honorários recursais também são efeitos expansivos do recurso, pois eles devem</p><p>ser majorados, independentemente de pedido.</p><p>■ Aliás, a majoração de honorários recursais não depende sequer da apresentação de</p><p>contrarrazões.</p><p>IV - SUBSTITUTIVO: Se for superado o juízo de admissibilidade recursal, a decisão a</p><p>ser proferida substitui a decisão anterior.</p><p>🚨 JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz do Estado do Ceará (CESPE - 2018), foi apresentado o texto que segue: “Em sentença, foi</p><p>julgado procedente o pedido autoral, com base em fundamento suficiente. Em recurso, o réu pediu a</p><p>apreciação de outros argumentos da defesa que não haviam sido considerados na sentença. O tribunal</p><p>conheceu do recurso e, ao julgá-lo, verificou uma questão de ordem pública que não havia sido cogitada até</p><p>então na demanda. Com base nessa questão de ordem pública, prolatou-se acórdão que reformou a</p><p>sentença.” Tendo sido considerada CORRETA, sobre os efeitos, de forma cronológica em relação ao texto, a</p><p>alternativa que completou: “devolutivo, translativo e substitutivo”.</p><p>16. QUADRO RESUMO</p><p>TEORIA GERAL DOS RECURSOS9</p><p>CONCEITO</p><p>É o ato pelo qual a parte demonstra seu inconformismo com uma</p><p>decisão proferida e postula sua reforma ou modificação. São</p><p>recorríveis todos os atos que caracterizem decisões interlocutórias ou</p><p>sentenças. Para ser admitido e processado, todo recurso deve</p><p>preencher prévios requisitos legais (pressupostos subjetivos e</p><p>objetivos).</p><p>PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS</p><p>a) Legitimidade</p><p>b) Interesse</p><p>9 Processo civil: Teoria geral do processo e processo de conhecimento/Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barroso - Sinopses jurídicas vol. 11 - 18. ed -</p><p>São Paulo: Saraiva Educação, 2020, pg. 230.</p><p>27</p><p>PRESSUPOSTOS OBJETIVOS</p><p>a) Tempestividade</p><p>b) Cabimento</p><p>c) Preparo</p><p>RECURSO ADESIVO</p><p>Tem ele cabimento nos casos de sucumbência recíproca das partes,</p><p>como forma de desestímulo para recursos desnecessários.</p><p>28</p>

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