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Lavagem de dinheiro e Organizações Criminosas Escola Superior do Ministério Público de São Paulo Arthur Lemos Jr Procurador de Justiça PAPEL DO MP ATENÇÃO ÀS CIFRAS OCULTAS CORRUPÇÃO SISTÊMICA LAVAGEM DE DINHEIRO CORRUPÇÃO SISTÊMICA FATO COMPLEXO • A representação gráfica se assemelha a uma enorme teia de relacionamentos em várias direções. Tais fatos complexos estão constantemente se adequando e essa modificação faz com que seu comportamento seja difícil de compreender e de prever. • Lidar com fatos complexos é lidar com o imprevisível. CORRUPÇÃO SISTÊMICA FATO COMPLEXO • A corrupção sistêmica não pode ser compreendida e combatida apenas com instrumentos legais e por um único órgão. • Sempre cometido na clandestinidade e com o proveito para os envolvidos CORRUPÇÃO SISTÊMICA • Relacionamentos corruptos são construídos com base em confiança mútua e sigilo. • Difícil obter provas contra os envolvidos, mas quando um membro do grupo decide quebrar a aliança e falar, as áreas cinzentas se transformam em puro “preto no branco”. • Importante criar instabilidade entre o corruptor e o corrupto CORRUPÇÃO • Os criminosos de classe alta não temem o sistema judicial. Para eles, a prisão é apenas para crimes violentos e para os pobres. • Criminosos do colarinho branco e as consequências: danos a imagem e gasto com advogados. • Avaliação de custo-benefício: nulidades, prescrição ou a falta de provas. • Não há sentido em confessar crimes e revelar informações em troca de redução de uma pena cujas chances de ser aplicada é altamente remota. Estratégias para a investigação APURAR A LAVAGEM DE VALORES SEQUESTRAR E CONFISCAR O LUCRO ASFIXIA FINANCEIRA Persecução penal e cível completa • Investigação de autoria e materialidade + • Investigação de produtos e proveitos + • Medidas cautelares reais + • Administração de bens = • Penas Privativas de Liberdade e Confisco O artigo 9º prevê que é improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito: "Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente O artigo 9º prevê que é improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito: “Inciso VII. - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução; NÃO BASTA PROVAR A EVOLUÇÃO DESPROPORCIONAL DO PATRIMÔNIO DO AGENTE PÚBLICO COM A SUA RENDA DEVE SER PROVAR A PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL ANTECEDENTE DESCRITO NO CAPUT PARA CARACTERIZAÇÃO DE QUALQUER ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: PRESENÇA DE DOLO ESPECÍFICO. ÔNUS DA PROVA É DO MP (NÃO BASTA APENAS A EVOLUÇÃO DESPROPORCIONAL) DESTOA DO ANTERIOR ENTENDIMENTO DO STJ CONTRARIA A CONVENÇÃO DE MÉRIDA, ARTIGO 20 (=LEI ANTERIOR) • Acolher-se a tese do dolo específico na caracterização da improbidade administrativa, principalmente nas hipóteses de enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário, viola frontalmente o princípio da proibição de proteção deficiente, • Seja pela eliminação de figuras típicas, seja pela cominação de penas que ficam aquém da importância exigida pelo bem que se quer proteger ou pela aplicação de institutos que beneficiam indevidamente os agentes TRÊS REQUISITOS 1. PROVAR QUE O AGENTE PÚBLICO EXERCIA MANDATO, CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA; 2. PROVAR O ATO QUE DEU CAUSA AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO TRÊS REQUISITOS 3. PROVAR QUE OS BENS E VALORES ADQUIRIDOS SÃO INCOMPATÍVEIS OU DESPROPORCIONAIS À EVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO OU SUA RENDA BENS DESPROPORCIONAIS Observar exteriorização de riquezas de bens tangíveis e intangíveis; Modo de vida permeado de luxo e comodidades; Conhecer e mapear a família do investigado: pais, cônjuge, filhos, sogros e cunhados: ARPEN (nascimento, casamento, união, óbito) JUCESP CENSEC REDES SOCIAIS Procurar bens materiais. IMÓVEIS – ARISP: concessionári as de energia elétria, água e gás, além de IPTU, SNRC para imóveis rurais. AUTOMÓVEI S – DETRAN: serviços que facilitam pagamentos de pedágio e estacionamen tos EMBARCAÇÕ ES E AERONAVES CABEÇAS DE GADO E CAVALOS AÇÕES Bens Imateriais. Exteriorização de riqueza; Estilo de vida dispendioso e luxuoso (casa, festas, carros); Ostentação nas redes sociais (Instagram, Facebook, twitter, linkedin); Frequencia de restaurantes e bares exclusivos Roupas e acessórios caros (marcas de grief) Esportes caros (cavalos, carros e barcos) DILIGÊNCIAS JUDICIAIS • QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PELO SIMBA • QUEBRA DE SIGILO FISCAL • INVESTIGADO, FAMILIARES E LARANJAS • PRAZO CURTO • ANALISE E RELATÓRIO PELO CAEX Investigação financeira RESOLUÇÃO CNMP Nº 181/2017 CAPÍTULO IV - DA PERSECUÇÃO PATRIMONIAL Art. 14. A persecução patrimonial voltada à localização de qualquer benefício derivado ou obtido, direta ou indiretamente, da infração penal, ou de bens ou valores lícitos equivalentes, com vistas à propositura de medidas cautelares reais, confisco definitivo e identificação do beneficiário econômico final da conduta, será realizada em anexo autônomo do procedimento investigatório criminal. § 1º Proposta a ação penal, a instrução do procedimento tratado no caput poderá prosseguir até que ultimadas as diligências de persecução patrimonial. Investigação financeira RESOLUÇÃO CNMP Nº 181/2017 CAPÍTULO IV - DA PERSECUÇÃO PATRIMONIAL Art. 14. § 2° Caso a investigação sobre a materialidade e autoria da infração penal já esteja concluída, sem que tenha sido iniciada a investigação tratada neste capítulo, procedimento investigatório específico poderá ser instaurado com o objetivo principal de realizar a persecução patrimonial. Lavagem de Dinheiro FENOMENO ANTIGO PRESSÃO INTERNACIONAL CONVENÇAO VIENA – 1988 POLÍTICA CRIMINAL: INVESTIGAÇÃO FINANCEIRA O dinheiro é o sangue vital das atividades criminosas Processo lavagem deve ser encarado como coração/pulmão de todo sistema, pois garante sobrevivência da O.C. – independente/e relevância bem jurid. atingido pelo crime antecedente Lavagem e o financiamento ao terrorismo • “Enquanto a prevenção contra a lavagem de dinheiro tende a investigar as origens de recursos financeiros sob suspeita, o combate ao financiamento do terrorismo se preocupa mais com o destino deles”. • Exceção mais recente tem sido o financiamento a atividades criminosas, muitas vezes terroristas mesmo, de extrema direita, com empresários e agentes econômicos que não demonstram muita preocupação de ocultar o destino desses recursos. Lavagem e o financiamento ao terrorismo • Duas outras diferenças entre LD e FT: • Seus fundamentos e seus canais. • Em relação ao primeiro, o crime de lavagem de dinheiro não se destaca por sua ideologia – ele tem um fim em si mesmo, buscando exatamente a acumulação, a possibilidade de movimentar recursos, o lucro. • “Já o terrorismo tem sua motivação na ideologia radical”, diz Teider. “Por isso se diz que a lavagem seria um crime mais financeiro, enquanto o terrorismo seria mais social.” Lavagem e o Financiamento ao Terrorismo • Quanto aos canais, a diferença é clara. A lavagem de dinheiro tende a privilegiar meios formais como bancos ou empresas de pagamento, justamente para conceder ao dinheiro “sujo” este “carimbo de legitimidade do sistema financeiro tradicional. • O terrorismo, por outro lado, busca canais informais para se financiar, evitando ao máximo o rastreamento. • Isso pode assumira forma de pagamentos por meio de intermediários em países estrangeiros, ou então alguns crimes mais associados a organizações terroristas, como sitiamentos, extorsões e tomada à força de bens e serviços. Lavagem e o Financiamento ao Terrorismo • Na lavagem de dinheiro a suspeita costuma recair sobre as transações feitas, no terrorismo ela tende a se concentrar nas relações do beneficiário. • Fenômenos diferentes implicam em tipologias, riscos e controles diferentes. Mas também não se deve cair no erro oposto, segregando-as completamente, como se não tivessem nada a ver uma com a outra. O conhecimento das suas especificidades permite um olhar mais integrado, mais cioso. ELIMINAÇÃO ROL CRIMES ANTECEDENTES ➢ TRÊS MOMENTOS DISTINTOS ➢ 1ª GERAÇÃO→ TRÁFICO DE DROGAS ➢ 2ª GERAÇÃO→ ROL FECHADO DE DELITOS ➢ 3ª GERAÇÃO→ QUALQUER DELITO Lavagem de Dinheiro Itália Estados Unidos Expansão global ELIMINAÇÃO ROL CRIMES ANTECEDENTES Art. 1°. Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal Condição: produzir ativos, ocultos ou dissimulados TRÊS TIPOS DE ORG CRIMs • SINDICATOS DO CRIME • ORGCRIM DENTRO DE ORGÃOS PÚBLICOS • ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA CRIMINOSA ORG CRIM PRIVADA SINDICATOS DO CRIME • A PARTIR DAS FAVELAS • VIOLÊNCIA, GRAVE AMEAÇA • DIVERSIDADE DE CRIMES e CÉLULAS OSTENSIVAS • CORRUPÇÃO POLICIAL E POLÍTICA • LAVAGEM = RECICLAGEM DE CAPITAIS • INVESTIMENTO NO PODERIO DE FOGO FACÇÕES CRIMINOSAS • Não há, no PCC, uma porcentagem do lucro, ou dos negócios, a dividir com a fraternidade. Há contribuições em dinheiro dos membros à facção, chamada de “cebola”, mas ela não deve ser lida como o lucro de uma empresa – Prof. Gabriel Feltran. FACÇÕES CRIMINOSAS • “O caixa da ‘cebola’ é usado para financiar visitas de mães e esposas às cadeias, compra de equipamentos muito específicos e atividades de uso comum.” • Os fins do PCC não são o lucro, mas sim “a paz entre os ladrões, a justiça social, a liberdade para os presos, a igualdade entre os irmãos e a união do mundo do crime”. • FACÇÕES CRIMINOSAS • O pesquisador propõe que a facção seja encarada como uma “fraternidade secreta”, porém criminal, em que seus membros se utilizam do sigilo como forma de se fortalecer. “Uma irmandade como o PCC, dessa forma, estabiliza as relações mercantis entre empresários criminais, oferecendo-lhes algo não mercantil: a confiança e a segurança.” Link para matéria: • https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/08/25/Este- pesquisador-prop%C3%B5e-que-o-PCC-seja-lido-como-uma- %E2%80%98irmandade-secreta%E2%80%99 https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/08/25/Este-pesquisador-prop%C3%B5e-que-o-PCC-seja-lido-como-uma-%E2%80%98irmandade-secreta%E2%80%99 https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/08/25/Este-pesquisador-prop%C3%B5e-que-o-PCC-seja-lido-como-uma-%E2%80%98irmandade-secreta%E2%80%99 https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/08/25/Este-pesquisador-prop%C3%B5e-que-o-PCC-seja-lido-como-uma-%E2%80%98irmandade-secreta%E2%80%99 ORG ECONÔMICA CRIMINOSA • A PARTIR DE EMPRESAS • AUMENTO DO LUCRO • SEM VIOLÊNCIA • ACESSO AOS MEIOS INVIOLÁVEIS DE COMUNICAÇÃO • ORGCRIM SOFISTICADA E CLANDESTINA ORG ECONÔMICA CRIMINOSA • PLURILOCALIDADE • CORRUPÇÃO – RETA TRANSVERSAL E NÃO PARALELA • CORRUPÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS • FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS • LAVAGEM INSTITUCIONAL E PESSOAL SOFISTICADA ORG ECONÔMICA CRIMINOSA • FRAUDE EM LICITAÇÕES PÚBLICAS • PENETRAÇÃO CLANDESTINA EM ÓRGÃOS PÚBLICOS E/OU PODER EXECUTIVO e LEGISLATIVO ORG CRIMINOSA ÓRGÃO PÚBLICO • APROVEITAMENTO DO ORGANOGRAMA • SEM VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA • AMEAÇA A DEMOCRACIA • DIFICULDADES NA INVESTIGAÇÃO • FORÇA TAREFA ORG CRIMINOSA ÓRGÃO PÚBLICO • LAVAGEM DE CAPITAIS → PESSOAL e FINS ELEITORAIS • ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E SEM CAUSA • CORRUPÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS • BENEFÍCIOS AO CORRUPTOR DESCRIÇÃO DO CRIME ANTECEDENTE • NÃO PRECISA QUE O AGENTE SEJA CONDENADO • BASTA ÍNDICIOS DA AUTORIA • PROVA DA MATERIALIDADE DOS FATOS • https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/9272549/recurso- especial-resp-1133944-pr-2009-0150913-2/inteiro-teor- 14303646 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/9272549/recurso-especial-resp-1133944-pr-2009-0150913-2/inteiro-teor-14303646 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/9272549/recurso-especial-resp-1133944-pr-2009-0150913-2/inteiro-teor-14303646 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/9272549/recurso-especial-resp-1133944-pr-2009-0150913-2/inteiro-teor-14303646 AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM • Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: • II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM • Art. 2º • § 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente DESCRIÇÃO DO CRIME ANTECEDENTE • CÓPIA DO PROC. CRIME ANTECEDENTE • DESCREVER, SE POSSÍVEL, O QUANTUM AUFERIDO NO CRIME ANTECEDENTE • NEXO ENTRE LAVADOR E O AGENTE DO CRIME ANTECEDENTE DESCRIÇÃO DO CRIME DE LAVAGEM • OCORRIDO DEPOIS DO TÉRMINO DO CRIME ANTECEDENTE • NEXO CAUSAL E CONTEMPORANEIDADE • DESCRIÇÃO DO MECANISMO DA LAVAGEM TIPOS PENAIS § 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: • I - os converte em ativos lícitos; • II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; • III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. “TESTA DE FERRO”: fase integração • LEI 9613/98 – Par. 2°, inc. I, art. 1°: “UTILIZA, NA ATIVIDADE ECONÔMICA OU FINANCEIRA, BENS, DIREITOS OU VALORES PROVENIENTES DE INFRAÇÃO PENAL” Dolo eventual • CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA A LAVAGEM DE ATIVOS: II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. “TESTA DE FERRO” • PROVA DO DOLO: revelado pela consciência de que os bens, direitos ou valores têm origem criminosa, aliada à vontade de ocultar ou dissimular sua natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade. • DOLO EVENTUAL • TEORIA CEGUEIRA DELIBERADA ELEMENTO SUBJETIVO: PROVA • Admite-se que o dolo seja inferido a partir de circunstâncias factuais objetivas, como exige o paradigma internacional • Admissão da prova indireta = STJ, HC 85.388/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, DJe 18/08/2008, unânime Dolo na lavagem de dinheiro • “Não se reclama que o órgão acusador comprove o elemento anímico, sob pena de se lhe incumbir de um mister impossível, verdadeira prova diabólica. Exatamente no intuito de evitar a impunidade, a segunda das quarenta recomendações do GAFI indica: “Os países deveriam assegurar que: • a) A intenção e o conhecimento requeridos para provar o crime de branqueamento de capitais estão em conformidade com as normas estabelecidas nas Convenções de Viena e de Palermo, incluindo a possibilidade de o elemento intencional ser deduzido a partir de circunstâncias factuais objectivas”. TEORIA CEGUEIRA DELIBERADA • Ação Penal 470: aceitação da teoria da cegueira deliberada - o agente finge não perceber determinada situação de ilicitude para, a partir daí, alcançar a vantagem prometida. • o agente, deliberadamente, se “faz de cego” para supostamente não enxergar a ilicitude de algum comportamento que acaba por lhe alcançar juridicamente, obtendo determinada vantagemem virtude disso = dolo, pelo menos eventual TEORIA CEGUEIRA DELIBERADA • NECESSÁRIO QUE O AGENTE TENHA CONHECIMENTO DA ELEVADA POSSIBILIDADE DE QUE OS BENS, DIREITOS OU VALORES SEJAM PROVENIENTES DE CRIMES • E QUE O AGENTE TENHA AGIDO DE MODO INDIFERENTE A ESSE CONHECIMENTO. RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE • Infrações penais antecedentes: elemento normativo de todos os tipos de lavagem de dinheiro previstos no artigo 1º da Lei • Ausência implica em atipicidade • Deve ser abrangido pelo dolo do agente do delito de lavagem de dinheiro RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE • A lavagem de dinheiro é ao mesmo tempo um crime autônomo e acessório. • Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: • II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (autonomia processual) RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE • § 1o A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.(autonomia material) RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE • PRESCINDÍVEL PROVA DA AUTORIA E DA CULPABILIDADE EM RELAÇÃO AOS ANTECEDENTES PARA A PROPOSITURA DA DENÚNCIA OU A CONDENAÇÃO PELA LAVAGEM DE DINHEIRO • RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, BASTA A PROVA INDICIÁRIA DA INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE • PROVA MATERIALIDADE DOS FATOS AUTONOMIA RELATIVA • JULGAMENTO DA INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE CONSEQÜÊNCIAS NO JULGAMENTO DO CRIME DE LAVAGEM • QDO SENTENÇA PROCLAMAR A INOCORRÊNCIA DO DELITO ANTECEDENTE (INCISO I, DO ART. 386, DO CPP); QUANDO NÃO FICAR PROVADA SUA OCORRÊNCIA (INCISO II, DO ART. 386, DO CPP) OU QUE O FATO NÃO FOR PENALMENTE TÍPICO (INCISO III, DO ART. 286, DO CPP) BEM JURÍDICO PROTEGIDO NO CRIME DE LAVAGEM? ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA O MESMO BEM DO CRIME ANTECEDENTE CONCORRÊCIA LEAL ENTRE EMPRESAS SEGURANÇA NACIONAL CASO 01: RECEBIMENTO DE VALORES PELO COMETIMENTO DE UM HOMICÍDIO CASO 02: COMPRA DE IMÓVEL COM REGISTRO EM NOME PRÓPRIO CASO 03: OCULTAÇÃO DE DINHEIRO ENTERRADO OU NO SÓTÃO DA CASA BEM JURÍDICO PROTEGIDO NO CRIME DE LAVAGEM? CASOS CONCRETOS Proveniência indireta dos bens - Ocorrência de operações sucessivas que incidem sobre o objeto de condutas precedentes de lavagem de dinheiro - Abrangência da ilicitude a tais bens - Transmissão do caráter ilícito Artigo 4° - CONFISCO DE VALORES LÍCITOS, NO CASO DE LAVAGEM DE DINHEIRO POR MEIO DA MESCLA ENTRE VALORES LÍCITOS E ILÍCITOS Artigo 7° Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal: - I – “a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé”; Artigo 4° - “O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes” Artigo 4° - “§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas” CONFISCO INSTRUMENTOS DO CRIME Código Penal: confisco dos instrumentos ilícitos; Leis Penais Especiais (arts. 61 a 63, Lei n. 11.343/06; art. 7º, Lei n. 9.613/98; e art. 25 da Lei n. 9.605/98): confisco de instrumentos lícitos. Organizações Criminosas e Milícias (art. 91-A, § 5º): “Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes”. CONFISCO • CONFISCO ALARGADO (Lei nº 13.964/19): Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: I – de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II – transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. CONFISCO • CONFISCO ALARGADO (Lei nº 13.964/19): § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL Gabriel Zucman (The Hidden Wealth of Nations) estima que 8% de toda a riqueza mundial ($7.6 trilhões) está armazenada em paraísos fiscais, em dados de 2014. Estimativa otimista e variável por país: países africanos (30%); Rússia e países árabes produtores de petróleo (50%). Desse valor, apenas 20% é declarado às autoridades fiscais dos países, gerando uma perda em torno de $ 200 bilhões. MP COORDENA OS ACORDOS • MP ASSUME NATURALMENTE PAPEL DE COORDENAÇÃO DOS ACORDOS DE LENIÊNCIA ou COLABORAÇÃO PREMIADA • CGA CADE, CGA CGPM/SP, POLÍCIA MP = PROC. CRIME E INQ. CIVIL PÚBLICO Importância da atuação preventiva • Medidas de prevenção à lavagem de dinheiro • Vigilância do MP SUJEITOS OBRIGADOS COAF MP POLÍCIA JUDICIÁRIA Artigo 9° LEI 9613/98 Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações Fontes de informação INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS SEGUROS, CAPITALIZAÇÃO ENT. ABERTAS PREV. PRIVADA SUSEP SPC ENT. FECHADAS PREV. PRIVADA BOLSAS DE: • VALORES • MERCADORIAS E FUTURO CORRETORAS CVM Processamento pelo SISCOAF e pela equipe de analistas de informação Disseminação às autoridades BACEN Imobiliárias Factoring Loterias (Bingos) Cartões de Crédito Bolsas de Mercadorias Antiguidades e objetos de arte Transferência de numerários Jóias, Pedras e Metais Preciosos S e to r e s r e g u la m e n ta d o s p e lo C O A F Geração de RIFs Grande número de empresas sem órgão regulador/fiscalizador 1 dia apenas SISCOAF COAF E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL • INTELIGÊNCIA FINANCEIRA • PROVA CRIMINAL x INTELIGÊNCIA CRIMINAL • DIFUSÃO DO FATO SUSPEITO • UTILIZAÇÃO NO INQPOL ou PIC • QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO COAF E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL • “Não há nulidade em denúncia oferecida pelo Ministério Público cujo supedâneo foi relatório do COAF, que, minuciosamente, identificou a ocorrênciade crimes vários e a autoria de diversas pessoas.” • Luís Roberto Barroso, STF, HC 126826 Arthur Lemos Jr Procurador de Justiça Criminal lemosjr@mpsp.mp.br @arthur_lemosjr mailto:lemosjr@mpsp.mp.br Slide 1 Slide 2: PAPEL DO MP Slide 3: CORRUPÇÃO SISTÊMICA Slide 4: CORRUPÇÃO SISTÊMICA Slide 5: CORRUPÇÃO SISTÊMICA Slide 6: CORRUPÇÃO Slide 7: Estratégias para a investigação Slide 8: Persecução penal e cível completa Slide 9: PREVISÃO LEGAL Slide 10: PREVISÃO LEGAL Slide 11: ENRIQUECIMENTO ILÍTICO Slide 12: ENRIQUECIMENTO ILÍTICO Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16: BENS DESPROPORCIONAIS Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22: Investigação financeira Slide 23: Investigação financeira Slide 24: Lavagem de Dinheiro Slide 25: POLÍTICA CRIMINAL: INVESTIGAÇÃO FINANCEIRA Slide 26: Lavagem e o financiamento ao terrorismo Slide 27: Lavagem e o financiamento ao terrorismo Slide 28: Lavagem e o Financiamento ao Terrorismo Slide 29: Lavagem e o Financiamento ao Terrorismo Slide 30: ELIMINAÇÃO ROL CRIMES ANTECEDENTES Slide 31: Lavagem de Dinheiro Slide 32: ELIMINAÇÃO ROL CRIMES ANTECEDENTES Slide 33 Slide 34: TRÊS TIPOS DE ORG CRIMs Slide 35: ORG CRIM PRIVADA Slide 36 Slide 37 Slide 38: FACÇÕES CRIMINOSAS Slide 39: FACÇÕES CRIMINOSAS Slide 40: FACÇÕES CRIMINOSAS Slide 41: ORG ECONÔMICA CRIMINOSA Slide 42: ORG ECONÔMICA CRIMINOSA Slide 43: ORG ECONÔMICA CRIMINOSA Slide 44: ORG CRIMINOSA ÓRGÃO PÚBLICO Slide 45: ORG CRIMINOSA ÓRGÃO PÚBLICO Slide 46: DESCRIÇÃO DO CRIME ANTECEDENTE Slide 47: AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM Slide 48: AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM Slide 49: DESCRIÇÃO DO CRIME ANTECEDENTE Slide 50: DESCRIÇÃO DO CRIME DE LAVAGEM Slide 51: TIPOS PENAIS Slide 52 Slide 53: “TESTA DE FERRO”: fase integração Slide 54: Dolo eventual Slide 55: “TESTA DE FERRO” Slide 56: ELEMENTO SUBJETIVO: PROVA Slide 57: Dolo na lavagem de dinheiro Slide 58: TEORIA CEGUEIRA DELIBERADA Slide 59: TEORIA CEGUEIRA DELIBERADA Slide 60: RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE Slide 61: RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE Slide 62: RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE Slide 63: RELAÇÃO DE ACESSORIEDADE Slide 64: AUTONOMIA RELATIVA Slide 65: BEM JURÍDICO PROTEGIDO NO CRIME DE LAVAGEM? Slide 66: BEM JURÍDICO PROTEGIDO NO CRIME DE LAVAGEM? CASOS CONCRETOS Slide 67: Proveniência indireta dos bens Slide 68: Artigo 4° Slide 69: Artigo 7° Slide 70: Artigo 4° Slide 71: Artigo 4° Slide 72: CONFISCO Slide 73: CONFISCO Slide 74: CONFISCO Slide 75: COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL Slide 76: MP COORDENA OS ACORDOS Slide 77: Importância da atuação preventiva Slide 78: Artigo 9° LEI 9613/98 Slide 79 Slide 80: COAF E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL Slide 81: COAF E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL Slide 82