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Uni-FACEF- CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE FRANCA
Nome: Anna Júlia Rezende e Almeida
			TOTEM E TABU – SIGMUND FREUD 
									
FRANCA, 2020
Capítulo 1: Horror ao incesto
O capítulo começa apresentando os aborígenes da Austrália que levam muito a sério a questão do incesto. Por não possuírem uma religião de fato, adotam o sistema do totemismo e definem o mesmo como: “O totem é, em primeiro lugar, o ancestral comum do clã, mas também seu espírito protetor e auxiliar, que lhe envia oráculos, e, mesmo quando é perigoso para outros, conhece e poupa seus filhos. Os membros do clã, por sua vez, acham-se na obrigação, sagrada e portadora de punição automática, de não matar (destruir) seu totem e abster-se de sua carne”.
Uma questão interessante é que “há também a lei de que membros do mesmo totem não podem ter relações sexuais entre si, ou seja, também não podem se casar”.
Em relação ao incesto: “A psicanálise nos ensinou que a primeira escolha sexual do menino é incestuosa, concerne aos objetos proibidos, à mãe e à irmã, e também nos deu a conhecer as vias pelas quais ele se liberta, ao crescer, da atração do incesto. Já o neurótico representa para nós um quê de infantilismo psíquico, ele não conseguiu libertar-se das condições infantis da psicossexualidade ou reverteu a elas (inibição no desenvolvimento e regressão) ”.
Capítulo 2: O tabu e a ambivalência dos sentimentos
Este capítulo apresenta o conceito de tabu: “o tabu está ligado à ideia de algo reservado, exprime-se em proibições e restrições”, tem origem desconhecida. Segundo Wundt: “o tabu é o mais antigo código de leis não escritas da humanidade”. É denominado tabu, enfim, conforme seu sentido literal, algo simultaneamente sagrado, acima do habitual, e perigoso, impuro, inquietante”.
É “uma série de restrições”, sem se saber o porquê as pessoas apenas cumprem pois se não o fizerem acreditam que serão punidas (em alguns casos não são punidas por autoridades e sim por si mesmas, pela própria consciência). Outra característica importante é que não é necessário que execute a ação em si ligada a proibição; apenas pensar nela já é suficiente.
Várias classes de tabu podem ser diferenciadas: 
1. Tabu natural ou direto, resultado do mana (poder misterioso) inerente a uma coisa ou pessoa; (visam a proteção). 
2. Comunicado ou indireto, igualmente resultado do mana, mas 
a) adquirido ou b) imposto por um sacerdote, chefe ou outro alguém.
3. Intermediário, em que ambos os fatores estão presentes, como na apropriação de uma mulher pelo marido.
Incialmente a violação dos tabus eram diretamente ligadas a um poder Divino, porém mais tarde “a própria sociedade assumiu a punição dos infratores. É importante ressaltar que há tabus permanentes e temporários. Wundt também afirma que “o tabu é expressão e derivação da crença dos povos primitivos em poderes demoníacos, sendo a raiz de nossos mandamentos morais e nossas leis”.
É questionado, ainda, se os tabus atuais (proibições morais e tradicionais) têm certa semelhança com os tabus primitivos, como por exemplo do povo Polinésio. Acredito que nossos tabus se originaram com os povos primitivos e são cultuados até hoje por nós, que muitas vezes seguimos sem ao menos entende-los e questiona-los. 
”A consequência da proibição foi apenas reprimir o instinto e bani-lo para o inconsciente. Proibição e instinto foram ambos mantidos; o instinto, porque estava apenas reprimido, não abolido, a proibição, porque, quando cessasse, o instinto viria à consciência e alcançaria a realização. Estava criada uma situação não resolvida, uma fixação psíquica, e do persistente conflito entre proibição e instinto deriva tudo o mais”. 
Essa passagem me sugeriu que nada do que sentimos pode ser simplesmente ignorado ou reprimido, mesmo que tentemos nosso máximo ignorar um desejo, para algum lugar ele tem que ir: seja para o inconsciente podendo mais tarde virar uma neurose ou seja para qualquer outro âmbito.
 Vale ressaltar a questão da ambivalência que temos em relação aos tabus: ao mesmo tempo que desejamos infringi-los, nós também os tememos. 
No final do capítulo temos uma discussão sobre a consciência: “Consciência é a percepção interna da rejeição de determinados desejos existentes em nós; mas a ênfase está em que essa rejeição não precisa apelar para nenhuma outra coisa, que está segura de si mesma... todo aquele com consciência sente dentro de si a justificativa da condenação, a recriminação pelo ato realizado”. 
Dito isso, podemos constatar que o tabu é um mandamento da consciência.
Capitulo 3: Animismo, magia e onipotência dos pensamentos
Temos nessa parte do livro, o seguinte conceito de animismo: “No sentido mais estrito, animismo é a doutrina das almas, no sentido mais amplo, a dos espíritos em geral”. O conceito discutido é que os povos primitivos acreditam em seres espirituais “bons” e “maus” que englobam não apenas pessoas e animais, mas também coisas inanimadas. É como se essas coisas assim como os seres animados ganhassem uma espécie de “alma”. O animismo tem origem na impressão que a morte deixa no homem.
“O animismo é um sistema de pensamento, ele não só explica um fenômeno particular, mas permite compreender o mundo como unidade, a partir de um ponto”... “contém as premissas sobre as quais depois se constroem as religiões”.
Freud fala sobre o conceito de “feitiço” e “magia”, que são consideradas, as estratégias do animismo. O feitiço seria a arte de influenciar os espíritos, já a magia é a parte mais primitiva e importante da técnica animista, aos propósitos mais diversos. Tem-se como exemplo dessa prática o boneco vodu.
Ele também ressalta dois tipos especiais de magia: a primeira é a imitativa ou homeopática, que consiste na “semelhança entre o ato realizado e o evento esperado”, por exemplo “Se eu quero que chova, preciso apenas fazer algo que pareça ou lembre a chuva. A segunda é a magia contagiosa.
Um ponto importante sobre a magia na época dos povos primitivos é que os mesmos a utilizavam principalmente para obtenção de chuva e de fertilidade do solo. O livro aborda nesse capítulo uma questão diretamente relacionada ao incesto, já que ”Temia-se que relações sexuais incestuosas, proibidas, gerassem colheitas ruins e infertilidade do solo”, nos mostrando a seriedade que tratavam esse tipo de tabu.
O que é mais interessante é a seguinte afirmação: “o homem primitivo tem uma enorme confiança no poder dos seus desejos. No fundo, tudo o que ele realiza por meio mágico deve acontecer apenas porque ele o deseja”, ou seja, a fonte de toda essa “magia” é nosso simples e puro desejo. “Então os homens vão admitir que a invocação de espíritos nada consegue, se não existe a crença neles, e que também a força mágica da oração fracassa, se por trás dela não se acha a devoção”.
Uma outra questão comentada é o canibalismo. Os povos primitivos acreditavam que se ingerissem a carne de uma pessoa se apropria também das características que a ela pertenceram.
Há também uma comparação muito relevante entre os atos psíquicos dos primitivos e neuróticos ao narcisismo. Os nossos sonhos são exemplos atuais que apresentam um caráter animista.
Capitulo 4: O retorno do totemismo na infância
Começamos este ensaio com uma retomada sobre o totemismo, que segundo Mc Lennan: “grande número de usos e costumes, em diferentes sociedades antigas e modernas, seriam resíduos de uma época totêmica”.
Mais tarde, S. Reinach nos esclarece com 12 artigos, chamados “Code du totémisme”, sendo eles:
1. Certos animais não podem ser mortos ou comidos, mas alguns indivíduos dessas espécies são criados e bem cuidados pelos seres humanos.
 2. Um animal que tenha morrido acidentalmente é pranteado e enterrado com as mesmas cerimônias que um membro da tribo. 
3. Às vezes a proibição de comer aplica-se apenas a certa parte do corpo do animal. 
4. Se, premidos pela necessidade, os indivíduos têm de matar um animal que habitualmente é poupado, eles lhe pedem desculpas e buscam atenuar com artifícios e expedientes diversos a infração do tabu, o assassinato.5. Quando o animal é vítima de um sacrifício ritual, ele é solenemente pranteado. 
6. Em determinadas ocasiões solenes, cerimônias religiosas, veste-se a pele de certos animais. Onde ainda há o totemismo, usa-se a pele dos animais totêmicos.
7. Clãs e indivíduos adotam nomes de animais, ou seja, dos animais totêmicos.
 8. Muitos clãs usam imagens de animais como brasões e com elas ornamentam suas armas; os homens pintam imagens de animais no corpo ou têm tatuagens delas. 
9. Quando o totem é um animal temido ou perigoso, supõe-se que ele poupa os membros do clã que tem seu nome.
 10. O animal totêmico protege e põe em guarda os membros do clã. 
11. O animal totêmico anuncia o futuro aos que lhe são fiéis e lhes serve de guia.
 12. Os membros de um clã totêmico acreditam que são ligados ao animal totêmico pelo laço da procedência comum.
Reinach não aborda com detalhes dois principais itens do totemismo que precisam ser mencionados: a exogamia e a descendência do animal totêmico.
	Já Frazer, adota uma categoria em que divide o totem em 3 tipos, sendo a primeira a mais importante e relevante:
 1. O totem do clã, comum a um clã inteiro, e transmitido de uma geração a outra por herança; 
2. o totem do sexo, comum a todos os homens ou a todas as mulheres de uma tribo, com a exclusão do outro sexo;
 3. o totem individual, que pertence a um único indivíduo e não passa para seus descendentes.
Ele descreve o totemismo como uma estrutura tanto religiosa como também social e ainda acrescenta que posteriormente esses dois laços tendem a se separar. A passagem a seguir ilustra claramente essa ligação entre o quesito religioso e social, já que o totem era considerado algo sagrado: “O aparecimento do animal totêmico na vizinhança de uma casa era visto frequentemente como o prenúncio de uma morte. O totem viera para levar seu parente. ”
	Aborda-se também neste capítulo a origem do totemismo, essa teoria foi dividida em 3 grupos:
a) As teorias nominalistas: acredita que os totens se originaram a partir da necessidade de diferenciação das famílias e clãs. Spencer usa as palavras “veneração dos ancestrais”.
b) As teorias sociológicas: acredita que o totem é o representante visível da religião social desses povos. Ele encarna a comunidade, que é o verdadeiro objeto da adoração.
c) As teorias psicológicas: acredita que o totem devia representar um lugar seguro de refúgio para a alma, no qual ela é depositada para escapar aos perigos que a ameaçam. É acrescentado ainda, que “o totemismo é uma criação do espírito feminino, não do masculino. Suas raízes estão nos caprichos da mulher grávida”.
Outra questão tratada é o deslocamento de sentimentos que uma criança faz por exemplo do pai para um animal. Nisso, entramos na discussão da ambivalência de sentimentos e na fascinante possibilidade de sentirmos amor e ódio simultaneamente pela mesma pessoa/objeto. É nítida essa relação no seguinte trecho sobre o menino Arpád: “Sua atitude para com seu animal totêmico era bastante ambivalente, ódio e amor desmedidos. Sua brincadeira favorita era a matança de galinhas. “A matança das aves é para ele uma festa. É capaz de dançar por horas em torno dos corpos dos bichos, tomado de excitação”. Mas em seguida beijava e alisava o animal abatido, limpava e acariciava as galinhas de brinquedo que ele próprio havia maltratado”. 
	Para sintetizar as principais ideias dessa obra, vamos relembrar os principais contextos discutidos: 
· A hostilidade que o menino desenvolve pelo pai.
· As três fantasias fundamentais: a fantasia da sedução, a fantasia da cena primaria e a fantasia de castração.
· O horror ao incesto: a proibição que persiste em todas as culturas e em todas as épocas.
· Totem: representante simbólico sagrado (animal, planta, lugar).
· Tabu: aquilo que não pode ser tocado, não pode ser comido, não pode ser feito.
· Ambivalência: coisas que são as vezes venerada as vezes profanada. Aquilo que amamos e respeitamos as vezes é invertido para algo odiamos. Isso é estudado a partir do animismo (relação entre a forma simbólica que uma criança pensa, como os psicóticos pensam e as sociedades primitivas).
· Estágio animista, estágio religioso e por fim o estágio científico. 
Nessa obra, Freud nos esclarece com riqueza de detalhes várias origens de aspectos sociais que não nos eram tão claro, tornando sua obra extraordinária e intrigante.

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