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Capítulo 8: Reação de Compostos Aromáticos Prof. Alberdan Silva Santos MECANISMO DAS REAÇÕES ORGANICAS BELÉM-2016 Reações de Compostos Aromáticos O benzeno é suscetível ao ataque eletrofílico principalmente devido à exposição de seus elétrons . Desse modo, o benzeno se parece com um alceno, porque na reação de um alceno com um eletrófilo, o sítio de ataque é a ligação exposta. Devido o benzeno ter estabilidade especial (ressonância), ele sofre reações de substituição em vez de reações de adição. As reações mais características de arenos benzenóides são as reações de substituição aromática eletrofílica (EAS). Exemplos de reações de substituição aromática eletrofílica no benzeno: Um conjunto considerável de evidência experimental indica que eletrófilos atacam o sistema do benzeno para formar um carbocátion não- aromático, conhecido como íon areno (também conhecido como complexo ). ou Na etapa 2, um próton é removido do átomo de carbono do íon arênio que carrega o eletrófilo, devolvendo a aromaticidade ao anel. O próton é removido por qualquer das bases presentes, por exemplo, pelo ânion derivado do eletrófilo. Halogenação do Benzeno O benzeno não reage com o bromo ou o cloro a não ser que um ácido de Lewis esteja presente na mistura. Portanto, o benzeno não descolore uma solução de bromo em tetracloreto de carbono. O mecanismo para a bromação aromática é como segue: Obs 1: Os ácidos de Lewis mais comumente usados para efetuar as reações de cloração e bromação são FeCl3, FeBr3, e AlCl3, todos na forma anidra. O cloreto férrico e o brometo férrico são gerados in situ como mostrado na reação ao lado. Obs 2: O flúor reage tão rapidamente com o benzeno que a fluoração requer condições e aparelhos especiais. O iodo, por outro lado, é tão inerte, que uma técnica especial tem de ser usada para efetuar a iodação direta; a reação tem de ser realizada na presença de um agente oxidante como ácido nítrico: Nitração do Benzeno O benzeno reage lentamente com o ácido nítrico concentrado a quente para fornecer nitrobenzeno. A reação é mais rápida se realizada pelo aquecimento do benzeno com uma mistura de ácido nítrico concentrado e ácido sulfúrico concentrado. Sulfonação de Benzeno O benzeno reage com ácido sulfúrico fumegante à temperatura ambiente para produzir ácido benzenossulfônico. Ácido sulfúrico fumegante é ácido sulfúrico que contém trióxido de enxofre (SO3) extra. A reação global é uma reação de equilíbrio. Em ácido sulfúrico concentrado, o equilíbrio geral é a soma das etapas 1-4. Alquilação de Friedel-Crafts Em 1877, um químico francês, Charles Friedel, e seu colaborador americano, James M. Crafts, descobriram novos métodos de preparação de alquilbenzenos (ArR) e acilbenzenos (ArCOR). Essas reações são agora chamadas de reações de alquilação e acilação de Friedel-Crafts. Acilação de Friedel-Crafts O grupo RCO é chamado de um grupo acila, e uma reação onde um grupo acila é introduzido em um composto é chamada uma reação de acilação. Dois grupos acila comuns são o grupo acetila e o benzoíla (não confundir com benzila C6H5CH2). A reação de acilação de Friedel-Crafts envolve um composto aromático e um haleto de acila. Acilações de Friedel-Crafts também podem ser realizadas usando anidridos de ácido carboxílico. Por exemplo: Na maioria das acilações de Friedel-Crafts, o eletrófilo parece ser um íon acílio formado a partir de um haleto de acila da seguinte maneira: Limitações das Reações de Friedel-Crafts Várias restrições limitam a utilidade das reações de Friedel-Crafts. 1. Quando o carbocátion formado a partir de um haleto de alquila, alceno, ou álcool pode sofrer rearranjo para um carbocátion mais estável, ele geralmente o faz, e o produto principal obtido da reação é geralmente aquele do carbocátion mais estável. 2. Reações de Friedel-Crafts geralmente fornecem baixos rendimentos quando grupos receptores de elétrons fortes estão presentes no anel aromático ou quando o anel possui um grupo NH2, NHR, ou NR2. Qualquer grupo orientador meta, torna um anel aromático muito deficiente em elétrons para sofrer uma reação de Friedel-Crafts. Os grupos amino, NH2, NHR, e NR2, são convertidos em poderosos grupos receptores de elétrons por ácidos de Lewis usados para catalisar reações de Friedel-Crafts. Por exemplo: 3. Haletos de arila e vinílicos não podem ser usados como o componente do haleto porque não formam carbocátions prontamente. 4. Polialquilações ocorrem freqüentemente. Grupos alquilas liberam elétrons, e uma vez introduzidos no anel do benzeno eles ativam em relação à outra substituição. Aplicações das Acilações de Friedel-Crafts: Redução de Clemmensen Se tentarmos a síntese de propilbenzeno utilizando uma alquilação de Friedel-Crafts, o resultado seria: Como as alquilações são sujeitas a rearranjos da cadeia carbônica, o produto principal da reação não seria o propilbenzeno e sim o isopropilbenzeno (produto de rearranjo). Como resolver este impasse? A acilação de Friedel-Crafts de benzeno com cloreto de propanoíla produz uma cetona com uma cadeia de carbono sem rearranjo com excelente rendimento! Essa cetona pode ser reduzida a propilbenzeno através de vários métodos. Um método geral é a redução de Clemmensen. Obs: Quando anidridos cíclicos são usados como um componente, a acilação de Friedel-Crafts fornece um meio de adicionar um anel novo a um composto aromático. Exemplo: Exercício Efeito dos Substituintes sobre Reatividade e Orientação Quando benzenos substituídos sofrem ataque eletrofílico, os grupos já presentes no anel afetam tanto a velocidade da reação quanto o sítio de ataque; ou seja, os grupos substituintes afetam tanto a reatividade como a orientação nas substituições aromáticas eletrofílicas. Esses grupos são divididos em grupos ativadores (orientadores orto-para) – aqueles que tornam o anel mais reativo do que o benzeno, e grupos desativadores (orientadores meta, exceto os halogênios que são desativadores e orientam orto-para) – aqueles que tornam o anel menos reativo do que o benzeno. Grupos ativadores: Orientadores Orto-Para A etapa determinante da velocidade em substituições eletrofílicas de benzenos substituídos é a etapa que resulta na formação do íon arênio. Se Q é um grupo que doa elétrons (em relação ao hidrogênio), a reação ocorre mais rápido do que a reação correspondente do benzeno, porque tornam o estado de transição mais estável. O grupo metila é um grupo ativador e um orientador orto-para. O tolueno reage consideravelmente mais rápido do que o benzeno em todas as substituições eletrofílicas. Justificativa da orientação Obs: As estruturas de ressonância, para os ataques em orto e para, em que o grupo metila está diretamente ligado ao carbono carregado positivamente, são relativamente mais estáveis do que qualquer outra porque nelas a influência da estabilização do grupo metila (pela liberação de elétrons) é mais eficiente. Essas estruturas, portanto, têm uma contribuição maior (estabilização) para o híbrido global para íons arênio orto- e para- substituídos. Os grupos hidroxila e amino são grupos ativadores poderosos e são eficientes orientadores orto-para. Obs: O efeito de ressonância doador de elétrons se aplica com força decrescente na seguinte ordem: Justificativa da orientação Obs: Vemos que quatro estruturas de ressonância possíveis podem ser escritas para os íons arênio resultantes do ataque orto e para, enquanto apenastrês podem ser escritas para o íon arênio que resulta do ataque meta. Isso, por si só, sugere que íons arênio orto- e para-substituídos devem ser mais estáveis. De maior importância, entretanto, são as estruturas relativamente estáveis que contribuem para o híbrido dos íons arênio orto- e para-substituídos. Grupos Destivadores: Orientadores Meta Se Q é um grupo receptor de elétrons (em relação ao hidrogênio), a reação ocorre mais lenta do que a reação correspondente do benzeno, porque faz com que o estado de transição leve ao íon arênio menos estável. Os grupos nitro e CF3 são exemplos de grupos destivadores muito fortes. O nitrobenzeno sofre nitração a uma velocidade 10.000 vezes menor do que a do benzeno. Esses grupos são orientadores meta. Justificativa da orientação Obs: Vemos nas estruturas de ressonância para o íon arênio geradas do ataque orto e para, que uma estrutura contribuinte é altamente instável em relação às outras porque a carga positiva está localizada no carbono do anel que suporta o grupo que retira elétrons. Substituintes Halo: Desativadores e Orientadores orto e para Os grupos cloro e bromo são desativadores fracos. O átomo de cloro é altamente eletronegativo. Portanto, era de se esperar que um átomo de cloro retirasse elétrons do anel de benzeno e conseqüentemente o desativasse. Por outro lado, quando o ataque eletrofílico ocorre, o átomo de cloro estabiliza os íons arênio resultante do ataque orto e para em relação ao ataque meta. O átomo de cloro faz isso através da doação de um par de elétrons não-compartilhados. Esses elétrons dão origem a estruturas de ressonância relativamente estáveis. Como explicar que o efeito de ressonância (doador de elétrons) no cloro e no bromo seja menos eficiente que o efeito indutivo (retirador de elétrons), para que no geral estes grupos sejam desativadores? Com o cloro, a doação de um par de elétrons (via ressonância) ao anel de benzeno requer a superposição de um orbital 2p do carbono com um orbital 3p do cloro. Essa superposição é menos efetiva; o átomo de cloro é muito maior e seu orbital 3p está mais longe do seu núcleo. Com o bromo e o iodo a superposição é ainda menos efetiva. Como resultado final, o efeito indutivo é mais efetivo que o efeito de ressonância e os grupos cloro e bromo são desativadores fracos do anel de benzeno para um ataque eletrofílico. Clorobenzeno e bromobenzeno sofrem nitração em velocidades que são, respectivamente, 33 e 30 vezes mais lenta do que para o benzeno. No entanto, são orientadores orto-para. Justificativa da orientação Obs: O átomo de cloro estabiliza os íons arênio resultantes do ataque orto e para em relação ao ataque meta, levando a estruturas especialmente estáveis. Reações da Cadeia Lateral de Alquilbenzenos Alquilbenzenos são hidrocarbonetos que apresentam em sua estrutura uma parte aromática e uma parte alifática (cadeia lateral). Exemplos: Obs 1: Todos os radicais que têm um elétron desemparelhado no átomo de carbono da cadeia lateral que está diretamente ligado ao anel de benzeno recebem o nome geral de radical benzila. Exemplo: Os radicais benzílicos são sistemas insaturados conjugados anormalmente estáveis. O efeito de ressonância é o responsável por esta estabilização, como mostrado na figura ao lado. Obs 2: A saída de um grupo retirante (LG) de uma posição benzílica produz um cátion benzílico (figura ao lado). Os cátions benzílicos, devido à ressonância, também são extremamente estáveis. Halogenação da Cadeia Lateral: A halogenação da cadeia lateral, ou benzílica, ocorre quando a reação é realizada na ausência de ácidos de Lewis e sob condições que favorecem a formação de radicais. Exemplo: A cloração da cadeia lateral do tolueno ocorre em fase gasosa a 400- 600 °C ou na presença de luz ultravioleta. Quando um excesso de cloro é usado, clorações múltiplas da cadeia lateral ocorrem. Obs: A maior estabilidade dos radicais benzílicos responde pelo fato de que quando o etilbenzeno é halogenado, o produto principal é o 1-halo-1- feniletano. O radical benzílico é formado muito mais rápido do que o radical primário. Adições à Ligação Dupla de Alquenilbenzenos: Na presença de peróxidos, o brometo de hidrogênio se adiciona à ligação dupla de 1-fenilpropeno para fornecer 2-bromo-1-fenilpropano como o produto principal. Na ausência de peróxidos, o HBr se adiciona justamente de maneira oposta. Oxidação da Cadeia Lateral: A oxidação pode ser realizada pela ação de permanganato de potássio alcalino quente. Obs 1: Uma característica importante das oxidações de cadeia lateral é que a oxidação ocorre inicialmente no carbono benzílico. Alquilbenzenos com grupos maiores do que metila são finalmente degradados a ácidos benzóicos. Obs 2: A oxidação de cadeia lateral não está restrita a grupos alquila. Grupos alquenila, alquinila e acila são oxidados por permanganato de potássio alcalino quente da mesma maneira. Aplicações à Síntese: As reações de substituição de anéis aromáticos e as reações de cadeias laterais de alquil e alquenilbenzenos, quando juntas, oferecem um poderoso conjunto de reações para a síntese orgânica. Exemplos: Exercício ____________________________________________________________ _______ A partir do tolueno, descreva uma síntese de (a) 1-bromo-2-triclorometilbenzeno, (b) 1- bromo-3-triclorometilbenzeno e (c) 1-bromo-4-triclorometilbenzeno. Orientação em Benzenos Dissubstituídos: Quando dois grupos diferentes estão presentes no anel de benzeno, o grupo ativador mais forte (Tabela p. 214) geralmente determina o resultado da reação. Exemplo: Efeitos estéricos são também importantes em substituições aromáticas. A substituição não ocorre em uma extensão apreciável entre os substituintes meta se outra posição está disponível. Exemplo: Exercício