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CONTROLE DE ENDEMIAS AULA 2 Profª Raquel Jaqueline Farion 2 CONVERSA INICIAL O agente comunitário de saúde é o profissional mais próximo da comunidade pois ele faz parte dela, o que possibilita estabelecer uma relação de confiança com a comunidade. Nesta etapa, você vai conhecer as atribuições pertinentes ao cargo de Agente de Controle de Endemias (ACE) e Agente Comunitário de Saúde (ACS) auxiliando no desenvolvimento das suas funções nas rotinas diárias. Quanto a regulamentação mostra o quanto este profissional está inserido nas atividades da Atenção Básica tendo o seu papel bem definido perante a equipe e a comunidade. Esperamos que este material forneça informações suficientes para você desenvolver as atribuições específicas da sua função e através disso um melhor controle das doenças endêmicas que estejam ocorrendo dentro da sua comunidade. TEMA 1 – AGENTE O agente comunitário de saúde (ACS) e o agente de controle de endemias (ACE) são profissionais com papéis fundamentais, pois eles são a ligação entre a comunidade e os serviços de saúde (Figura 1). Estes profissionais devem trabalhar juntos dentro da especificação das suas funções. 3 Figura 1 – Figura representativa da relação equipe da APS e comunidade Fonte: Farion, 2022. Na reformulação Política Nacional de Atenção Básica em 2017, foi aprovado a inclusão do ACE na equipe de Atenção Básica Atenção Básica (EAB) ou uma equipe de Saúde da Família (ESF) sob a coordenação do gestor local. Nas localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção Básica (EAB) ou equipe de Saúde da Família (ESF), o ACS deve se vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vigilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser realizada por profissional com comprovada capacidade técnica, podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local. (PNAB, 2017) A PNAB (2017) define que é obrigatório ter o ACS na equipe da ESF, porém nas equipes EAB a presença do ACS é optativa. Estes profissionais podem atender uma população com o máximo de 750 pessoas, porém quando população é muito vulnerável este cálculo pode ser revisto A atuação do Agente de Combate às Endemias (ACE) está relacionada principalmente às questões ambientais que estão ligadas aos determinantes e condicionantes da saúde e da qualidade de vida da população. Ele deve estar Equipes da Atenção Primária à saúde ACE/ACS Comunidade 4 capacitado para reconhecer os aspectos de um ambiente saudável, além dos fatores que podem estar prejudicando a saúde da população. Ao lado da equipe de saúde, tem a função de desenvolver ações de proteção, conservação e recuperação do ambiente e da saúde (Brasil, 2016). TEMA 2 – AGENTE DE SAÚDE E A SUA HISTÓRIA • Século XIX: os Agentes de Combate às Endemias (ACE) eram os profissionais responsáveis pelas inspeções sanitárias nos portos, além de atuar no controle vetorial desde as grandes epidemias de febre amarela, sendo considerados como os precursores dos ACE (Bezerra, 2017). • 1991: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), foi criado oficialmente pelo Ministério da Saúde (MS) (Brasil, 2016). • 1999: “Fundação Nacional de Saúde inicia o processo de descentralização para os municípios das ações na área de Epidemiologia e Controle de Doenças (Portaria GM/MS n° 1.399, de 15 de dezembro)”. • 2002: os Agentes Comunitários de Saúde passam a atuar na prevenção e no controle da malária e da dengue (Portaria GM/MS n. 44, de 03 de janeiro). • 2006: regulamentação das atividades dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias (Lei n. 11.350 de 5 de outubro). • 2010: “Foi criado incentivo financeiro adicional para os municípios que cadastrassem Agentes de Combate às Endemias na equipe saúde da família (Portaria GM/MS n. 1007 de 4 de maio)”. • 2014: o Sistema de informação do Ministério da Saúde incluiu os ACS e ACE para realizar o registro da produção das ações do controle vetorial. • 2017: “Integração do processo de trabalho da Atenção Básica e Vigilância em Saúde, ações de vigilância inseridas nas atribuições de todos os profissionais da AB, definidas atribuições comuns dos ACS e ACE (PNAB – Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017), que aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do SUS”. 5 • 2018: “A Lei n. 13.595, de 5 de janeiro de 2018 altera a Lei n. 11.350, de 5 de outubro de 2006, e trata da reformulação das atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a indenização de transporte dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias”. TEMA 3 – ATRIBUIÇÕES DOS AGENTES Segundo a PNAB (2017), são Atribuições comuns do ACS e ACE: I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuindo para o processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe; II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a outros profissionais da equipe quando necessário; III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde da população, para o monitoramento da situação das famílias e indivíduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de doenças infecciosas e agravos; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e coletiva; VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encaminhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente para o controle de vetores; VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para a área da saúde; 6 X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da qualidade de vida da população, como ações e programas de educação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. São atribuições específicas do ACS Segundo a PNAB (2017): I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, mantendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as características sociais,econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, e priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local; II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividades; V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas e exames agendados; VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e exames solicitados; VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equipe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a unidade de saúde de referência (PNAB, 2017). I - Aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; II - Realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicílio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção Básica; III - Aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; 7 IV - Realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. TEMA 4 – REGULAMENTAÇÃO DA FUNÇÃO A Lei n. 13.595 de 2018, altera a Lei n. 11.350, de 5 de outubro de 2006, para dispor sobre a reformulação das atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a indenização de transporte dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. Parágrafo 3º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência multiprofissional em saúde da família, são consideradas atividades típicas do Agente Comunitário de Saúde, em sua área geográfica de atuação: I - A utilização de instrumentos para diagnóstico demográfico e sociocultural; II - O detalhamento das visitas domiciliares, com coleta e registro de dados relativos a suas atribuições, para fim exclusivo de controle e planejamento das ações de saúde; III - a mobilização da comunidade e o estímulo à participação nas políticas públicas voltadas para as áreas de saúde e socioeducacional; IV - A realização de visitas domiciliares regulares e periódicas para acolhimento e acompanhamento: a) da gestante, no pré-natal, no parto e no puerpério; b) da lactante, nos seis meses seguintes ao parto; c) da criança, verificando seu estado vacinal e a evolução de seu peso e de sua altura; d) do adolescente, identificando suas necessidades e motivando sua participação em ações de educação em saúde, em conformidade com o previsto na Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); e) da pessoa idosa, desenvolvendo ações de promoção de saúde e de prevenção de quedas e acidentes domésticos e motivando sua participação em atividades físicas e coletivas; 8 f) da pessoa em sofrimento psíquico; g) da pessoa com dependência química de álcool, de tabaco ou de outras drogas; h) da pessoa com sinais ou sintomas de alteração na cavidade bucal; i) dos grupos homossexuais e transexuais, desenvolvendo ações de educação para promover a saúde e prevenir doenças; j) da mulher e do homem, desenvolvendo ações de educação para promover a saúde e prevenir doenças; V - Realização de visitas domiciliares regulares e periódicas para identificação e acompanhamento: a) de situações de risco à família; b) de grupos de risco com maior vulnerabilidade social, por meio de ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de educação em saúde; c) do estado vacinal da gestante, da pessoa idosa e da população de risco, conforme sua vulnerabilidade e em consonância com o previsto no calendário nacional de vacinação; VI - O acompanhamento de condicionalidades de programas sociais, em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Parágrafo 4º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência multiprofissional em saúde da família, desde que o Agente Comunitário de Saúde tenha concluído curso técnico e tenha disponíveis os equipamentos adequados, são atividades do Agente, em sua área geográfica de atuação, assistidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equipe: I - a aferição da pressão arterial, durante a visita domiciliar, em caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade de saúde de referência; II - a medição de glicemia capilar, durante a visita domiciliar, em caráter excepcional, encaminhando o paciente para a unidade de saúde de referência; III - a aferição de temperatura axilar, durante a visita domiciliar, em caráter excepcional, com o devido encaminhamento do paciente, quando necessário, para a unidade de saúde de referência; IV - a orientação e o apoio, em domicílio, para a correta administração de medicação de paciente em situação de vulnerabilidade; V - a verificação antropométrica. Parágrafo 5º No modelo de atenção em saúde fundamentado na assistência multiprofissional em saúde da família, são consideradas atividades do Agente Comunitário de Saúde compartilhadas com os demais membros da equipe, em sua área geográfica de atuação: 9 I - a participação no planejamento e no mapeamento institucional, social e demográfico; II - a consolidação e a análise de dados obtidos nas visitas domiciliares; III - a realização de ações que possibilitem o conhecimento, pela comunidade, de informações obtidas em levantamentos socioepidemiológicos realizados pela equipe de saúde; IV - a participação na elaboração, na implementação, na avaliação e na reprogramação permanente dos planos de ação para o enfrentamento de determinantes do processo saúde-doença; V - a orientação de indivíduos e de grupos sociais quanto a fluxos, rotinas e ações desenvolvidos no âmbito da atenção básica em saúde; VI - o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação de ações em saúde; VII - o estímulo à participação da população no planejamento, no acompanhamento e na avaliação de ações locais em saúde. (NR) Parágrafo 1º São consideradas atividades típicas do Agente de Combate às Endemias, em sua área geográfica de atuação: I - desenvolvimento de ações educativas e de mobilização da comunidade relativas à prevenção e ao controle de doenças e agravos à saúde; II - realização de ações de prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, em interação com o Agente Comunitário de Saúde e a equipe de atenção básica; III - identificação de casos suspeitos de doenças e agravos à saúde e encaminhamento, quando indicado, para a unidade de saúde de referência, assim como comunicaçãodo fato à autoridade sanitária responsável; IV - divulgação de informações para a comunidade sobre sinais, sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e sobre medidas de prevenção individuais e coletivas; V - realização de ações de campo para pesquisa entomológica, malacológica e coleta de reservatórios de doenças; VI - cadastramento e atualização da base de imóveis para planejamento e definição de estratégias de prevenção e controle de doenças; VII - execução de ações de prevenção e controle de doenças, com a utilização de medidas de controle químico e biológico, manejo ambiental e outras ações de manejo integrado de vetores; VIII - execução de ações de campo em projetos que visem a avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de doenças; IX - registro das informações referentes às atividades executadas, de acordo com as normas do SUS; 10 X - identificação e cadastramento de situações que interfiram no curso das doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada principalmente aos fatores ambientais; XI - mobilização da comunidade para desenvolver medidas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente para o controle de vetores. Parágrafo 2º É considerada atividade dos Agentes de Combate às Endemias assistida por profissional de nível superior e condicionada à estrutura de vigilância epidemiológica e ambiental e de atenção básica a participação: I - no planejamento, execução e avaliação das ações de vacinação animal contra zoonoses de relevância para a saúde pública normatizadas pelo Ministério da Saúde, bem como na notificação e na investigação de eventos adversos temporalmente associados a essas vacinações; II - na coleta de animais e no recebimento, no acondicionamento, na conservação e no transporte de espécimes ou amostras biológicas de animais, para seu encaminhamento aos laboratórios responsáveis pela identificação ou diagnóstico de zoonoses de relevância para a saúde pública no Município; III - na necropsia de animais com diagnóstico suspeito de zoonoses de relevância para a saúde pública, auxiliando na coleta e no encaminhamento de amostras laboratoriais, ou por meio de outros procedimentos pertinentes; IV - na investigação diagnóstica laboratorial de zoonoses de relevância para a saúde pública; V - na realização do planejamento, desenvolvimento e execução de ações de controle da população de animais, com vistas ao combate à propagação de zoonoses de relevância para a saúde pública, em caráter excepcional, e sob supervisão da coordenação da área de vigilância em saúde. Parágrafo 3º O Agente de Combate às Endemias poderá participar, mediante treinamento adequado, da execução, da coordenação ou da supervisão das ações de vigilância epidemiológica e ambiental. (NR) Art. 4º -A. O Agente Comunitário de Saúde e o Agente de Combate às Endemias realizarão atividades de forma integrada, desenvolvendo mobilizações sociais por meio da Educação Popular em Saúde, dentro de sua área geográfica de atuação, especialmente nas seguintes situações: I - na orientação da comunidade quanto à adoção de medidas simples de manejo ambiental para o controle de vetores, de medidas de proteção individual e coletiva e de outras ações de promoção de saúde, para a prevenção de doenças infecciosas, zoonoses, doenças de transmissão vetorial e agravos causados por animais peçonhentos; II - no planejamento, na programação e no desenvolvimento de atividades de vigilância em saúde, de forma articulada com as equipes de saúde da família; 11 IV - na identificação e no encaminhamento, para a unidade de saúde de referência, de situações que, relacionadas a fatores ambientais, interfiram no curso de doenças ou tenham importância epidemiológica; V - na realização de campanhas ou de mutirões para o combate à transmissão de doenças infecciosas e a outros agravos. Crédito: Smile ilustras. TEMA 5 – INSTRUMENTALIZAÇÃO DOS AGENTES O agente comunitário de saúde (ACS) e o agente de controle de endemias (ACE) atuam nas equipes da Atenção Básica, estes profissionais mantêm contato direto com as pessoas da comunidade realizando visitas periódicas às famílias, tendo assim, papel fundamental ao estar intimamente ligado à população tornando-se o articulador dos processos de trabalho da equipe, por conhecer bem a comunidade e ter maior facilidade de acesso ao território (Alonso, 2018). Segundo Magalhães et al. (2015) a Visita Domiciliar (VD), é o principal instrumento de trabalho, deve ser realizada seguindo algumas etapas: planejamento, execução, registro das informações e avaliação do processo, entretanto o principal objetivo deve estar nas orientações que contemplem a Promoção da Saúde. 12 Entre as tecnologias em saúde, a VD pode ser vista como um mecanismo de transformação quando se constitui em uma relação de confiança entre profissionais e usuários (Starfield, 2002). Os autores Vendruscolo et al. (2016) e Siega et al. (2020) comentam que existe dificuldade dos ACS, em realizar a VD de forma estruturada, deixando de proporcionar melhorias na saúde da população. Segundo o Ministério da Saúde (2009), são vários os instrumentos que os ACS podem utilizar para coletar as informações e cada um deles tem um objetivo. A soma de todos eles ajuda a fazer o diagnóstico. São eles: • Visita domiciliar/entrevista; • Cadastramento dos domicílios; • Mapa da comunidade; • Educação em saúde. 5.1 Visita Domiciliar A visita domiciliar é uma das atividades mais importantes do agente, devendo ser feita sempre porque faz parte da sua rotina de trabalho. É através dela que é possível (Brasil, 2009): • identificar as pessoas com problemas de saúde e as saudáveis; • mobilizar as pessoas em relação à prevenção e ao controle de doenças e agravos à saúde; • reconhecer os sintomas doenças e encaminhar para a UBS; • realizar cadastramento e atualização da base de imóveis para planejamento e definição de estratégias de prevenção e controle de doenças; • identificar os fatores ambientais que possam estar interferindo na saúde da população; • motivar a comunidade para realizar as medidas de proteção específicas para cada doença incluindo os cuidados com o ambiente; • ensinar às pessoas medidas simples de prevenção e orientá-las. Mas, para que uma visita domiciliar seja bem-feita, ela precisa ser planejada. 13 5.2 Cadastramento de domicílios Os Agentes Comunitários de Saúde, realizam o cadastro das famílias residentes nas áreas adscritas à unidade básica de saúde, o que permite conhecer as características das casas e outras informações complementares (Brasil, 2009). A população total de responsabilidade de uma microárea deve ser totalmente conhecida e registrada em sistemas de informação. Os agentes devem conhecer todas as informações relacionadas a cada pessoa pertencente a aquela família além das informações relacionadas ao domicílio. 5.3 Mapa da comunidade Os Agentes de saúde e toda a equipe das UBS devem conhecer as características físicas da região da sua comunidade, identificando situações de risco e vulnerabilidade que são “crianças menores de dois anos, gestantes, idosos acamados/domiciliados, pessoas com deficiência, com doenças crônicas, dentre outros” (Brasil, 2009). Segundo Lacerda no contexto da Atenção Básica/Atenção Primária à Saúde (AB/APS) recomendam-se dois tipos de mapas na Unidade Básica de Saúde (UBS): • Mapa de delimitação geográfica do território que demonstra graficamente a extensão de responsabilidade da equipe de saúde, além de mostrar a localização da UBS e dos equipamentos sociais (escolas, creches, centros comunitários, clubes, igrejas e outros serviços) existentes em cada microárea. Ele permite a visualização espacial de todo o território e deve ficar exposto na recepção da UBS. Pode ilustrar a divisãodas microáreas do território de responsabilidade dos agentes comunitários de saúde (ACS). • Mapa inteligente é uma ferramenta importante no planejamento das ações das equipes das UBS. Deve ser elaborado a partir do mapa geográfico acrescido de informações, ambientais, sociais, demográficas e de saúde obtidas através do processo de territorialização. O mapa inteligente pode apresentar, por exemplo, características: o fluxo da 14 população, através das ruas, dos transportes, das barreiras geográficas que dificultam o acesso da população à unidade e da circulação no bairro; as características das moradias e seu entorno; as condições de saneamento básico; a infraestrutura urbanística — características da ocupação do espaço urbano, ruas, calçadas, praças, espaços de lazer e paisagismo; as condições do meio ambiente — como desmatamento ou poluição. No mapa inteligente também podem ser identificadas áreas de grupos em situação de risco ou vulnerabilidade, dados demográficos e epidemiológicos. Tem como objetivo melhorar a qualidade do serviço de saúde e pode ser feito por microárea. Não deve ficar exposto para população, e sim, permanecer em local de uso exclusivo da equipe de saúde, visto que registra a localização dos domicílios, famílias e marcadores de saúde. 5.4 Educação em Saúde A educação em saúde é fundamental para que a comunidade adquira conhecimentos e reconheça as principais causas dos problemas de saúde e possa participar da busca por soluções efetivas no controle das doenças. As ações educativas fazem parte da rotina dos ACS e ACE, tem como objetivo contribuir na qualidade de vida da população. As ações educativas acontecem durante a visita domiciliar e também devem ser realizadas com grupos específicos, dentro dos espaços das UBS ou outros espaços existentes na comunidade. No capítulo 6 (seis) vamos conversar novamente sobre os instrumentos de trabalho dos ACS e ACE e as suas aplicações práticas. NA PRÁTICA 1. Cite 4 atividades o Agente Comunitário de Saúde pode realizar em caráter excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível superior? a. Verificação de temperatura, curativo simples, verificação de pressão arterial, realizar a medição da glicemia capilar. 2. Quais são as principais funções da visita domiciliar? 15 a. Identificar doenças, cadastrar domicílios, mobilizar a comunidade, identificar vetores. 3. O que mostra o mapa inteligente da UBS? a. Informações, ambientais, sociais, demográficas e de saúde obtidas através do processo de territorialização. FINALIZANDO Nesta etapa, você conheceu todas as atribuições dos ACS e ACE e os principais instrumentos de trabalho para desenvolver as suas funções, o que deixa você sabendo todas as atividades que você deve desenvolver junto à sua comunidade. 16 REFERÊNCIAS ALONSO, C. M. C.; BÉGUIN, P. D.; DUARTE, F. J. C. M. Trabalho dos agentes comunitários de saúde na Estratégia Saúde da Família: metassíntese. Rev. Saúde Pública, v. 52, n. 14, 2018. BEZERRA, A. C. V. Das brigadas sanitárias aos agentes de controle de endemias: o processo de formação e os trabalhos de campo. Hygeia – Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, [S.l.], v. 13, n. 25, p. 65-80, set. 2017 BRASIL. Lei n. 13.595, de 5 de janeiro de 2018. Altera a Lei n. 11.350, de 5 de outubro de 2006, para dispor sobre a reformulação das atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a indenização de transporte dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. _____. Ministério da Saúde. Curso para Instrutores do Curso Introdutório Presencial para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Brasília: EDUFRN; Ministério da Saúde, 2016. _____. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria N. 1.399, de 15 de dezembro de 1999. Regulamenta a NOB SUS 01/96 no que se refere às competências da União, estados, municípios e Distrito Federal, na área de epidemiologia e controle de doenças, define a sistemática de financiamento e dá outras providências. _____. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.007, de 4 de maio de 2010. Define critérios para regulamentar a incorporação do Agente de Combate às Endemias – ACE, ou dos agentes que desempenham essas atividades, mas com outras denominações, na atenção primária à saúde para fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às equipes de Saúde da Família. _____. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília (DF): MS; 2017 17 LACERDA, J. T. DE; BOTELHO, L. J.; COLUSSI, C. F. Planejamento na Atenção Básica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. (Eixo II: O Trabalho na Atenção Básica). Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/1167>. Acesso em: 22 ago. 2022. MAGALHÃES, K. A. et al. A visita domiciliária do agente comunitário de saúde a famílias com idosos frágeis. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 12, p. 3787- 3796, 2015. SIEGA, C. K.; VENDRUSCOLO, C.; ZANATTA, E. A. Educação permanente com agentes comunitários de saúde para instrumentalização da visita domiciliar: relato de experiência. Rev Enferm Contemp., v. 9, n. 1, p. 94-100, 2020. SILVA, L. J. D. A. O controle das endemias no Brasil e sua história. Ciência e Cultura, v. 55, n. 1, p. 44-47, 2003). Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009- 67252003000100026&lng=en&tlng=pt>. Acesso em: 22 ago. 2022. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde; 2002. TORRES, R. Agentes de combate a endemias: a construção de uma identidade sólida e a formação ampla em vigilância são desafios dessa categoria. Revista Poli: Saúde, Educação e Trabalho, Rio de Janeiro, p. 16-17, jan./fev. 2009. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/revista_poli_- _3.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2022. VENDRUSCOLO, C.; PRADO, M. L.; KLEBA, M. E. Reorientação do ensino no SUS, para além do quadrilátero, o prisma da educação. Revista Reflexão e Ação, v. 24, n. 3, p. 246-260, 2016. CONVERSA INICIAL TEMA 1 – AGENTE TEMA 2 – AGENTE DE SAÚDE E A SUA HISTÓRIA TEMA 3 – ATRIBUIÇÕES DOS AGENTES TEMA 4 – REGULAMENTAÇÃO DA FUNÇÃO TEMA 5 – INSTRUMENTALIZAÇÃO DOS AGENTES 5.1 Visita Domiciliar 5.2 Cadastramento de domicílios 5.3 Mapa da comunidade 5.4 Educação em Saúde NA PRÁTICA FINALIZANDO REFERÊNCIAS