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SISTEMAS ESTRUTURAIS III Jaqueline Ramos Grabasck Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir os tipos de pavimentos utilizados nas áreas internas e externas dos edifícios. � Analisar as propriedades desejadas nos pavimentos. � Comparar os tipos de pavimento de edifícios e suas vantagens e desvantagens. Introdução A determinação dos revestimentos a serem utilizados configura a estética e a funcionalidade de uma edificação, por isso os revestimentos devem ser definidos visando atender às necessidades dos usuários, mas também aplicando materiais adequados à finalidade à qual cada ambiente se des- tina. Para definir qual a pavimentação mais adequada para cada ambiente, deve-se analisar as propriedades de cada um dos possíveis materiais a serem utilizados, a fim de estabelecer parâmetros de durabilidade e características morfológicas facilmente identificadas nesses materiais. Neste capítulo, você vai estudar os diferentes tipos de pavimentos que podem ser utilizados, tanto em áreas internas quanto em áreas externas. Também vai ver quais são as propriedades desejadas desses pavimentos, identificando as principais vantagens e desvantagens de cada material. Pavimentos para áreas internas e externas em edifícios Os pavimentos são elementos compositores das edificações, que devem ser escolhidos conforme a finalidade da edificação, o público-alvo, o fluxo de pedestres e as ações aos quais estarão sujeitos. Revestimentos aplicados em áreas internas nem sempre apresentam aplicabilidade para áreas externas, devido à sua resistência e à probabilidade de escorregamento, quando sub- metido à umidade. Para cada projeto, os revestimentos devem ser analisados com cautela, visando a atender as necessidades dos clientes e a garantir a durabilidade e as propriedades físicas que o ambiente exige. Martins (2012) classifica os revestimentos de piso conforme o tipo de material do qual são compostos, sendo eles: � Materiais minerais: incluem a pedra natural, os ladrilhos cerâmicos, os ladrilhos hidráulicos, as argamassas (autonivelantes e tradicionais), os revestimentos de mármore compacto e o vidro. � Materiais lenhosos: compreendem a madeira maciça, os laminados, a cortiça e os painéis compósitos. � Materiais têxteis: são compostos pelos tapetes e carpetes. � Materiais poliméricos: abrangem o linóleo, o vinílico e os resinados de epóxi e de poliuretano. Neste capítulo serão abordados os materiais comumente utilizados em edifícios de múltiplos pavimentos, seja em áreas internas ou externas. Pedras naturais As pedras naturais são resultantes de formações minerais, que levaram milha- res de anos para adquirir a estrutura compósita que apresentam atualmente. Martins (2012) apresenta a subdivisão das pedras naturais nas seguintes categorias: ígneas, metamórficas e sedimentares. As rochas ígneas são encontradas nas profundezas da Terra. São compostas por massas em fusão ígnea, com solidificação no interior da crosta terrestre, chamadas de rochas plutônicas, ou sobre a superfície, chamadas de rochas vulcânicas. Podem apresentar cristalização ou não. Exemplos de rochas ígneas são o granito, o basalto, o sienito, o gabro e o diorito. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade2 Já as rochas metamórficas são resultantes de temperaturas muito elevadas e de fortes pressões em rochas preexistentes, resultando em modificações em sua textura e na recristalização. Entre as rochas metamórficas temos o mármore, o quartzito, o gneisse, as ardósias e as xistentas. As rochas sedimentares são provenientes de produtos de desagregação de rochas preexistentes, restos de seres vivos e precipitação química, e sua formação ocorre sobre a superfície terrestre. São exemplo o calcário sedimentar, os arenitos e as brechas dolomite. Na construção civil, as rochas mais comumente utilizadas como revestimentos de piso, ou até mesmo de parede, são o granito, o basalto, o mármore, o quartzito, as ardósias, o xisto, o calcário sedimentar e os arenitos. De acordo com Martins (2012), os granitos e mármores podem ser aplicados como pavimentos e revestimentos em ambientes internos. As ardósias podem ser instaladas em coberturas, revestimentos de paredes e em pavimentos, conforme o tráfego existente, com aplicabilidade interna e externa. Já os calcários, em sua maioria podem, ser aplicados em paredes e em pavimentos internos e externos, apresentando variabilidade de aplicação conforme o material. Alguns são indicados apenas para uso interno. Soares (2009) indica que, para determinar a aplicação de uma pedra em ambiente interno ou externo, devem ser avaliados o seu índice de absorção de água, o desgaste superficial que o material pode sofrer e a resistência mecânica necessária para atender à demanda do local. O acabamento realizado nas pedras contribui para minimizar o desgaste do revestimento e ainda confere segurança ao usuário. Soares (2009) apresenta as seguintes classificações para o acabamento das pedras: � Bruto ou serrado: apresenta as características naturais da pedra, que não recebe acabamento algum. � Levigado: apresenta um acabamento rústico, pois a superfície da pedra é desbastada com abrasivos de granulometria grossa, porém com uma superfície plana. 3Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade � Polimento: indicado apenas para áreas internas, pois apresenta uma superfície plana e sem brilho que, após ser polida, proporciona um aspecto espelhado à pedra. � Apicoamento: indicado para utilização em áreas externas. A pedra é trabalhada com picão ou mecanicamente, para apresentar uma superfície rugosa; entretanto, para a realização deste tipo de acabamento, a peça deve apresentar espessura igual ou superior a 2 cm. � Jateado: neste acabamento, a peça é submetida a jatos de areia, que lhe conferem um aspecto opaco. � Flamejamento: a pedra é submetida ao fogo, resultando no despren- dimento de alguns cristais, que lhe conferem um aspecto rugoso e ondulado; entretanto a peça deve apresentar espessura igual ou superior a 2 cm. Este acabamento é indicado para áreas externas, por ser um revestimento antiderrapante. � Masticagem: neste acabamento, as placas recebem o preenchimento de suas irregularidades e fendas com uma resina chamada de mástique. Peças polidas são mais fáceis de higienizar, porém apresentam maior possibilidade de escorregamento em ambientes sujeitos à umidade. Assim, indica-se a utilização de materiais com a superfície rugosa para aplicação em áreas externas (SOARES, 2009). Ladrilhos cerâmicos Revestimentos cerâmicos são escolhidos com maior frequência para compor pavimentações, devido à vasta gama de texturas, cores e dimensões que apresentam. Segundo Martins (2012), os ladrilhos cerâmicos são amplamente utilizados como revestimentos de piso e de paredes; são compostos por placas feitas com argila ou matérias-primas inorgânicas, podendo ser vidrados ou não vidrados, além dos porcelanatos, que apresentam absorção de água inferior a 0,5%. A absorção de água e a conformação da peça são os indicativos para a classificação dos ladrilhos cerâmicos, sendo do tipo extrudidos ou prensados a seco. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade4 Já Soares (2009) afirma que os revestimentos cerâmicos podem ser clas- sificados em três grupos, mediante a análise da matéria-prima utilizada, o processo de conformação, o processo de cozimento e a utilização de esmalte ou não em sua superfície: � Grês cerâmico: apresenta baixa absorção de água, chegando até a 3%. É confeccionado com pasta vetrificável e pode ser natural ou artificial. � Porcelanato: apresenta alta resistência à compressão e à flexão, devido à sua baixa absorção e porosidade reduzida. Além disso, apresenta maior estabilidade a ácidos, bases e sais de piscina, o que condiciona a sua maior resistênciaquímica. � Cerâmica esmaltada para revestimento: apresenta uma face esmaltada e seu corpo cerâmico pode apresentar porosidade variável. Entretanto, para definir o pavimento adequado para cada ambiente, deve- -se considerar, principalmente, o seu índice PEI (Porcelain Enamel Institute), que corresponde à classe de resistência ao desgaste por abrasão. Essa é uma classificação referente ao desgaste do esmalte da peça. O Quadro 1 apresenta a classificação PEI, indicando exemplos de ambientes adequados para receber esses materiais. PEI Tráfego Ambientes a serem utilizados 01 Ambientes residenciais onde se caminha descalço ou com chinelos. Banheiros e dormitórios residenciais, sem acesso ao exterior. 02 Ambientes residenciais onde se caminha de sapatos. Residências, exceto na cozinha e entradas. 03 Ambientes residenciais onde se caminha com sujeira abrasiva, que não seja areia e materiais de maior dureza. Todas as dependências residenciais. Quadro 1. Classificação PEI para revestimentos cerâmicos (Continua) 5Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade Fonte: Brasil (2012). Quadro 1. Classificação PEI para revestimentos cerâmicos PEI Tráfego Ambientes a serem utilizados 04 Ambientes residenciais e comerciais com alto tráfego. Todas as dependências residenciais, restaurantes, churrascarias, lojas, bancos, entradas, caminhos preferenciais, vendas e exposições abertas ao público e outras dependências. 05 Ambientes residenciais e comerciais com tráfego muito elevado. Restaurantes, churrascarias, lanchonetes, lojas, bancos, entradas, corredores, exposições abertas ao público, consultório e outras dependências. (Continuação) Além de verificar a resistência ao desgaste por abrasão, deve-se averiguar o coeficiente de atrito dos revestimentos, que são responsáveis por indicar as probabilidades de escorregamento do material. Revestimentos que podem ocasionar escorregamento devem ser evitados em áreas úmidas e molhadas, devendo ser aplicados, nesses casos, apenas materiais antiderrapantes. Ladrilhos hidráulicos Os ladrilhos hidráulicos eram muito aplicados no início do século XX, visando a decorar e configurar ambientes únicos. Atualmente, são aplicados utilizando a mesma premissa ligada à estética conferida pelas peças. Veja um exemplo de aplicação de ladrilho hidráulico na Figura 1. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade6 Figura 1. Pavimento de ladrilho hidráulico. Fonte: Wagner Campelo/Shutterstock.com. De acordo com Martins (2012), os ladrilhos hidráulicos se subdividem em dois grupos. Os ladrilhos de camada única são compostos por grânulos homogêneos ou por fragmentos de agregado específico, recebendo uma pasta de cimento branco, podendo apresentar também aditivos. Já os ladrilhos com segunda camada recebem uma camada base de cimento, que sofrerá remoção parcial, sendo denominado ladrilho retificado. Por se tratar de um processo artesanal, este revestimento apresenta formato e dimensões variáveis, que podem ser indicadas conforme as intenções do projetista. Os ladrilhos hidráulicos conhecidos como revestimentos de passagem podem ser aplicados em áreas externas sem que haja necessidade de receber qualquer tipo de proteção após a sua instalação. Já os demais ladrilhos hi- dráulicos podem ser aplicados em ambientes internos, mas devem receber a aplicação de resina específica, indicada pelo próprio fabricante, a fim de preservar as características originais do produto. 7Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade Madeira maciça O uso de madeira maciça acompanha a construção civil desde os seus pri- mórdios, por ser um material de fácil acesso e renovável. Entretanto, o custo elevado de madeiras nobres reduziu, significativamente, a sua utilização, levando o consumidor a optar por materiais alternativos. A madeira maciça é utilizada, com frequência, como revestimento de piso. Martins (2012) indica que há dois tipos de aplicação, a aplicação por fixação mecânica, mediante a pregagem, e fixação por colagem. Para a fixação mecâ- nica, usualmente, utiliza-se a denominação de assoalho, enquanto a fixação por colagem compreende elementos como parquet e tacos, como você pode ver na Figura 2. Figura 2. Aplicação de parquet. Fonte: KarepaStock/Shutterstock.com. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade8 Ao utilizar pavimentos de madeira, é importante que as seguintes caracte- rísticas, que devem conferir desempenho ao material, sejam observadas: reação ao fogo, emissão de formaldeído, emissão de pentaclorofenol, resistência à rotura, resistência ao escorregamento, condutibilidade térmica e durabilidade biológica. Conforme a espécie de madeira escolhida será determinado o local de aplicação da madeira maciça — externo ou interno. Peças em ipê, cumaru e massaranduba são indicadas para uso externo, enquanto peças de garapa, freixo, pinho e carvalho devem ser aplicadas apenas em ambientes internos (MARTINS, 2012). Laminados Os pisos laminados surgiram com a finalidade de substituir a madeira maciça, imitando a sua conformação da maneira mais precisa possível. Apresentam dimensões variáveis, podendo ser encontrados em régua única ou em pequenos elementos. São compostos por várias camadas e recebem o acabamento superior com uma madeira nobre ou com uma película de resina de melamina, que apresenta diversas opções de acabamento (MARTINS, 2012). Os revestimentos laminados devem ser aplicados apenas em áreas internas, sendo uma opção mais econômica frente aos pisos tradicionais de madeira. Entretanto, os cuidados com conservação devem ser similares ao dispensados aos pisos de madeira maciça. Linóleo Vieira (2017) define o linóleo como um pavimento impermeável, levemente emborrachado, constituído por óleo de linhaça e materiais naturais, que apre- sentam grande variabilidade de texturas, cores, qualidade e valores. De acordo com Martins (2012), o revestimento de linóleo é constituído por matérias-primas naturais e renováveis. Pode apresentar padrões variáveis, conforme a necessidade projetual, sendo aplicado com frequência em ambiente de ensino, administração, hotelaria e comércio, além de possibilitar a moldagem de rodapés, como pode ser visto na Figura 3, o que garante estanqueidade e protege as paredes do processo de higienização do piso. 9Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade Figura 3. Pavimento de linóleo com aplicação em rodapé. Fonte: Dmitry Melnikov/Shutterstock.com. Com aplicabilidade tanto em ambientes domésticos quanto em industriais, pode ser encontrado em placas, réguas ou mantas, apresentando espessura que varia de 1,5 a 5 mm. Entretanto, sua aplicação deve ser realizada apenas em ambientes internos, pois, quando submetido à exposição solar, pode sofrer desbotamento das cores, além de ser danificado pelas altas temperaturas (VIEIRA, 2017). Vinílico Os revestimentos vinílicos são materiais resilientes, sendo sintéticos compostos por policloreto de vinilo. Apresentam diversas cores, texturas e padrões, e imitam revestimentos naturais, como o da madeira maciça, com alto grau de realismo (MARTINS, 2012). Os pisos vinílicos são considerados excelentes isolantes acústicos. Segundo Soares (2009), esses pavimentos apresentam também elasticidade estática. Esse revestimento é resistente a agentes químicos e não possibilita o acúmulo de Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade10 sujeiras e bactérias em suas juntas, sendo indicado em ambientes hospitalares e laboratoriais. Martins (2012) complementa que os revestimentos vinílicos reduzem a proliferação de bactérias, sendo indicados para ambientes hospi- talares internos. Elevado Moritz (2018) define o piso elevado como um sistema de placas apoiadas em suportes telescópicos, de maneira a gerar um vão entre o contra piso e o piso acabado, como mostra a Figura 4. Os pisos elevados podem ser elaborados com dois tipos de estrutura, as contraventadas e asplacas autotravantes. No sistema de estruturas contraventadas, as placas são apoiadas nas lon- garinas e nos apoios telescópicos. Já no sistema de estruturas autotravantes ocorre a união entre as placas autotravantes com os suportes telescópicos, que possibilita a resistência a cargas horizontais e verticais. Figura 4. Piso elevado. Fonte: Adaptada de Ching, Onouye e Zuberbuhler (2015). 11Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade De acordo com Maia et al. (2012), o piso elevado surgiu com a finalidade de substituir as placas flutuantes sobre berços de material granular, como alter- nativa para reduzir a carga sobre as lajes. Costuma ser utilizado em ambientes corporativos, laboratórios e centros de tecnologia, devido à manutenção ágil das instalações técnicas dispostas sob o piso. Kinzel (2015) destaca ainda a facilidade de manutenção e a possibilidade de alteração do layout dos ambientes sem a necessidade de alterar a infraes- trutura da edificação. Esse revestimento agiliza a finalização da obra, pois pode ser aplicado sobre a pavimentação existente, desde que o pé-direito mínimo necessário para cada ambiente seja respeitado e a estrutura original não seja sobrecarregada. Para utilização em áreas internas, Moritz (2018) ressalta que os pisos elevados podem ser elaborados com placas removíveis, de maneira a receber revestimentos como, madeira, porcelanato, carpete, vinílico, granito, mármore e laminado melamínico. Já em áreas externas, Maia et al. (2012) indicam que os pisos elevados são utilizados em decks de piscina, passeios no térreo, sacadas, bases de jardins, playgrounds, lajes de sombreamento e para proteger instalações em áreas técnicas. Mediante a utilização de instalações subterrâneas, segundo Kinzel (2015), os pisos elevados podem ser utilizados em áreas externas com a finalidade de configurar escadas, bordas de piscinas e possibilitar a reserva de águas pluviais. A Figura 5 exemplifica a captação e detenção das águas pluviais com aplicabilidade em áreas externas. Esse sistema é instalado sobre uma laje previamente impermeabilizada, por meio da utilização de pedestais, de maneira que a sua área inferior atuará como um reservatório para a água captada, que pode ser utilizada para irrigação dos jardins ou para limpeza dos pisos. De acordo com Moritz (2018), em áreas externas, normalmente, são uti- lizadas placas em concreto, que podem apresentar tonalidades diversas pela adição de agregados especiais no seu processo de fabricação. Placas de granito, mármore e ardósia são comumente utilizadas em ambientes internos e exter- nos, por sua durabilidade e por serem o próprio revestimento de piso, sendo normalmente encontradas em peças de 50 × 50 ou 60 × 60 cm. Além de compreender quais pavimentos apresentam melhor aplicabilidade em áreas externas ou internas, deve-se atentar para as propriedades específicas que configuram esses materiais. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade12 Figura 5. Piso elevado para captação e detenção de águas pluviais. Fonte: Kinzel (2015, p. 37). Propriedades básicas para a manutenção da qualidade dos materiais Para determinar os pavimentos a serem utilizados, deve-se analisar algumas propriedades que são essenciais para definir a aplicabilidade dos materiais, com o objetivo de fazer a indicação mais assertiva para cada situação. Dessa maneira, propriedades básicas, como composição, resistência mecânica, re- sistência à abrasão, resistência ao impacto, nível de absorção, durabilidade e qualidades termoacústicas, devem ser analisadas antes de se definir qual revestimento deve ser aplicado. As rochas que apresentam em sua composição a predominância de sílica são identificadas por Soares (2009) como as que possuem maior resistência mecânica e durabilidade. Os granitos e basaltos são mais resistentes ao des- gaste; por serem ricos em quartzos e feldspatos, apresentam maior resistência à abrasão intensa, mesmo quando submetidos por um longo período de tempo. Para a limpeza desses materiais, Martins (2012) indica que devem ser utilizados apenas produtos com pH neutro, seguidos da secagem da peça e do enceramento com produtos específicos para cada tipo de pedra. Com isso se garante que as propriedades naturais das pedras serão mantidas por um período maior de tempo. 13Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade No caso dos ladrilhos cerâmicos, recomenda-se a utilização de reves- timentos com nível de absorção de água igual ou inferior a 10%, por serem pisos menos porosos. Com essa característica, segundo Martins (2012), os revestimentos apresentam melhor resistência mecânica e resistência à abrasão. Os ladrilhos cerâmicos executados por prensagem também apresentam menor possibilidade de desgaste. Para aplicação no interior, os revestimentos cerâmicos devem apresentar as resistências mecânica, à abrasão, ao impacto, ao escorregamento e às manchas. Peças vidradas ainda devem apresentar resistência à fendilhação. Com relação à limpeza, deve-se utilizar detergentes comuns, que garantam a conservação e a higienização da peça. A resistência mecânica dos revestimentos cerâmicos pode ser classificada conforme a sua taxa de absorção de água. O Inmetro (BRASIL, 2012) apresenta os seguintes dados: � Porcelanatos: baixa taxa de absorção, variando entre 0 e 0,5%, e alta resistência mecânica. � Revestimentos grês: baixa absorção, estando na faixa de 0,5 a 3%, e alta resis- tência mecânica. � Revestimentos semigrês: média absorção, de 3 a 6%, e média resistência mecânica. � Revestimentos semiporosos: alta absorção, entre 6 e 10%, e baixa resistência mecânica. � Revestimentos porosos: absorção acima de 10%, que é considerada alta absorção, e baixa resistência mecânica. Para definir o ladrilho hidráulico, deve-se atentar para a sua porosidade e os seus teores de umidade; segundo Martins (2012), esses são os definidores de desempenho do revestimento. Um material de boa qualidade deve apresentar regularização adequada, ou seja, deve ser plano, além de ter boa resistência mecânica. Para a sua higienização, deve receber, preferencialmente, soluções neutras de limpeza, como o ladrilho cerâmico, porém o ladrilho hidráulico precisa ser encerado com frequência. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade14 A limpeza dos revestimentos de madeira maciça deve ser realizada com aspirador, para evitar riscos em sua superfície. Já para retirar manchas, é recomendada a utilização de um pano umedecido. Produtos de limpeza devem sempre ser específicos para o tipo de madeira instalado, a fim de evitar a degradação da superfície. Esses materiais podem ser aplicados e protegidos com cera, verniz ou pintura. Os mesmos cuidados dispensados aos pisos de madeira maciça devem ser dispensados aos revestimentos laminados. Esse material apresenta boa resistência mecânica, mas é importante atentar para os índices de umidade, a fim de garantir o bom desempenho do material. Sua durabilidade é consi- derada razoável, devendo receber manutenção regular para que a qualidade adequada seja mantida. Para higienização, deve-se utilizar aspirador de pó e pano úmido para retirada de manchas; o excesso de umidade e a exposição prolongada a ela devem ser evitados. Os revestimentos de linóleo apresentam alta resistência, permitindo a limpeza por via seca ou úmida. Martins (2012) recomenda que manchas de óleo, gordura ou tintas sejam removidas rapidamente, estando a sua retirada total condicionada ao tempo de contato com o revestimento e à concentração dos agentes de degradação. De acordo com Martins (2012), os revestimentos vinílicos apresentam bom desempenho ao serem submetidos a agentes de deterioração, além de apresentarem vantagens mecânicas na instalação de ambientes compostos com mobiliário fixo ou móvel. Assim como o linóleo, o revestimento vinílico pode apresentar alterações na cor e no brilho, além de riscagem superficial, devendo ser higienizadosdo mesmo modo que os revestimentos de linóleo. Segundo Soares (2009), quanto maior for a espessura do piso vinílico, maior será a sua resistência à abrasão. Esse revestimento é classificado quanto ao tráfego a que está condicionado, podendo ser moderado, geral ou pesado. Para fluxo moderado, deve ser utilizada a espessura de 1,6 mm; já para tráfego geral, recomenda-se 2 mm, enquanto, para o tráfego intenso, deve-se utilizar placas com 3,2 mm. A conservação do revestimento é mantida com limpezas frequentes, que podem ser feita de forma manual ou com máquina específica para limpeza. O processo manual é realizado com vassoura macia, detergente e água. O tratamento à máquina é executado com uma enceradeira industrial, que realiza a limpeza com detergente e a remoção da cera com produtos específicos. 15Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade O piso elevado garante isolamento acústico. Kinzel (2015) aponta a van- tagem do sistema em garantir a proteção contra a ação do fogo. Esse material possibilita a fácil manutenção das instalações que encontram-se dispostas sob a sua estrutura. Outra vantagem apresentada pelo piso elevado é a possi- bilidade de aplicação sobre o pavimento existente, sem que seja necessária a realização de obra com materiais úmidos, agilizando o processo de execução do pavimento. Vantagens e desvantagens dos tipos de pavimento Antes de definir o revestimento a ser aplicado em determinado ambiente, deve- -se analisar todas as vantagens e desvantagens que cada um desses materiais pode apresentar, de modo a escolher o mais adequado para a finalidade à qual o ambiente se destina. As pedras naturais apresentam alta durabilidade, entretanto, segundo Martins (2012), quando expostas à umidade constante, podem apresentar alterações na sua estrutura mineralógica, o que acarreta perda gradual do brilho e pontos de descoloração. Esses fatores são observados tanto com as limpezas diárias, devido aos sais minerais da água e de agentes químicos, quanto com os vapores presentes nesses ambientes. As rochas podem apresentar manifestações patológicas pela interação da argamassa com os agentes degradadores ambientais. Para Flain, Righi e Frazão (2014), isso se deve à alta capacidade de absorção de água apresentada por esse revestimento, que está condicionada ao alto grau de alteração mineralógica e a sua microfissuração. Com o surgimento de fissuras, as peças apresentam redução da resistência físico-mecânica e da vida útil do material. Os ladrilhos cerâmicos podem ser encontrados em diversos tamanhos e apresentam alta durabilidade, porém Martins (2012) afirma que, quando se tratam de peças com dimensões reduzidas, as juntas tendem a apresentar maior degradação. Esse desgaste é observado com maior frequência em edifícios de uso comercial. Os revestimentos cerâmicos são amplamente utilizados no setor da cons- trução. Segundo Souza, Martins e Cascalho (2018), isso se deve à sua dura- bilidade, às diversas opções de estampas e às variedades dimensionais. O desenvolvimento tecnológico possibilitou a geração de revestimentos com características melhores, mais esbeltos e que apresentam um valor mais com- petitivo no mercado. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade16 As principais vantagens dos pavimentos cerâmicos estão associadas à sua durabilidade; à facilidade de higienização; à proteção dos sistemas estruturais; à impermeabilização da área aplicada, tanto à água quanto a gases; à proteção contra fogo; ao isolamento térmico que esse revestimento proporciona; e ao seu aspecto estético. Souza, Martins e Cascalho (2018) afirmam que essas vantagens são garantidas pelo acabamento do material, que é tido como de excelente qualidade. Martins (2012) classifica a durabilidade da madeira maciça como razoável, devendo passar por manutenções regulares, já que se trata de um material com alto desgaste superficial e frequente riscagem, devido ao intenso fluxo de pedestres. Como vantagens do uso da madeira maciça podem ser citadas as seguintes características: � baixa condutibilidade térmica; � elevada resistência mecânica, tanto à tração quanto à compressão; � diversidade de tamanhos, devido à facilidade de corte; � ampla variedade de espécies; � é um material natural e renovável. Em contraponto, como desvantagens podem ser citadas: � fácil combustibilidade; � possibilidade de deterioração, quando não submetida a manutenções regulares; � absorve umidade; � tende a apresentar retração devido a variações de temperatura e de umidade no ambiente. Segundo Maia et al. (2012), a utilização de piso elevado apresenta como principais vantagens uso de menos material, geração de menos entulhos nos casos de manutenções corretivas, aproveitamento total da área, redução dos custos com fundações e superestruturas, além de não necessitar que o terreno esteja nivelado, pois as placas apresentam ajustes rosqueáveis com nível bolha. Também possibilita a criação de uma planta livre, pois o cabeamento é todo disposto abaixo do piso, o que facilita as alterações de layout no ambiente. 17Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade Já Kinzel (2015) complementa com o fato de o piso elevado não ser apli- cado com argamassas e rejuntes, o que agiliza o processo de execução da obra. Entretanto, deve-se sempre atentar para o pé-direito mínimo que cada ambiente deve apresentar, para que esse espaço não seja comprometido com a instalação da pavimentação. A maior desvantagem do piso elevado está associada ao seu custo; Moritz (2018) indica que seu valor é 30% maior do que o valor do piso convencional. Entretanto as vantagens que esse piso apresenta ao ser aplicado se sobressaem ao valor incorporado, devido à sua facilidade de manutenção e à possibilidade de alteração de layout dos ambientes. De acordo com Martins (2012), o piso laminado apresenta como principal vantagem em relação ao revestimento de madeira maciça a espessura redu- zida, o que não compromete o pé-direito do ambiente com a sua aplicação. Já revestimento de linóleo apresenta bons desempenhos acústicos, devido à absorção do ruído possibilitada pelo material, além de permitir composições diversas na execução dos ambientes. Os revestimentos de linóleo apresentam alta resistência, mas podem apresentar alterações na cor e no brilho, com pos- sibilidade de riscagem superficial, quando sujeito a fluxo severo de pedestre e ao uso de mobiliário móvel. O revestimento vinílico apresenta como principal vantagem a redução da proliferação bacteriana e a resistência a desinfetantes agressivos. Martins (2012) indica que essa ação ocorre por ser um material com alto desenvolvi- mento tecnológico. Ao definir um pavimento para aplicação em determinado projeto, di- versos fatores devem ser considerados — como a resistência à tração e à compressão, a durabilidade, o índice de absorção de água e a resistência à abrasão — antes de se optar pelo revestimento mais adequado para atender às necessidades do cliente. Entretanto fatores como a facilidade de aplicação, os materiais disponíveis e a viabilidade econômica também devem ser analisados, pois são importantes condicionantes na definição do pavimento a ser escolhido. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade18 BRASIL. INMETRO. Informação ao consumidor: revestimentos cerâmicos (pisos e azu- lejos). Brasil, 2012. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/ revestimentos.asp. Acesso em: 30 nov. 2019. CHING, F. D. K.; ONOUYE, B. S.; ZUBERBUHLER, D. Sistemas estruturais ilustrados: padrões, sistemas e projetos. Porto Alegre: Bookman, 2015. FLAIN, E. P.; RIGHI, R.; FRAZÃO, E. B. 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Habitissimo, Brasil, 2017. Disponível em: https://projetos.habitissimo.com.br/projeto/pisos-de-linoleo-conheca-mais-sobre- -eles. Acesso em: 30 nov. 2019. Leituras recomendadas ARCHDAILY. Pisos vinílicos Fitnice. Brasil, 2019. Disponível em: https://www.archdaily. com.br/catalog/br/products/17038/pisos-vinilicos-fitnice-hunter-douglas-brasil?ad_ source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 30 nov. 2019. BRANT, J. Casas brasileiras: 20 residências com piso de madeira. Brasil, 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/926570/casas-brasileiras-20-residencias-com- -piso-de-madeira?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 30 nov. 2019. SOUZA, E. 10 Dúvidas comuns sobre revestimentos cerâmicos. Brasil, 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/925708/10-duvidas-comuns-sobre-revestimen- tos-ceramicos?ad_source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 30 nov. 2019. Pavimentos de edifícios: tipos, análise e viabilidade20