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Genética e Qualidade
de Vida
CONTEÚDO - Neoplasias e a Influência de Fatores Ambientais
Autor
Márcia Miyuki Hoshina
O que são neoplasias?
A palavra neoplasia vem do grego — em que neo significa novo e plasis, formação — e é definida como uma proliferação
descontrolada das células, podendo ser benigna ou maligna.
Neoplasia é o mesmo que câncer e tumor?
Apesar de serem usadas como sinônimos, estas três palavras: neoplasia, tumor e câncer, têm significados distintos. Como vimos
anteriormente, a neoplasia é a proliferação descontrolada de células, já tumor é definido como um acúmulo de algo levando a
um aumento de tecido ou de determinada região e pode ocorrer por reação inflamatória, aumento de fluidos ou por
proliferação descontrolada de células. E o termo câncer se refere à neoplasia maligna.
Diferença entre neoplasia benigna e maligna
As neoplasias benignas apresentam células diferenciadas com morfologia muito semelhante à célula normal; as mitoses são
normais e raras; as células não perdem a polaridade (a polaridade das células está relacionada com a organização celular;
células com polaridade normal apresentam organização normal); possuem crescimento lento e não possuem capacidade de se
infiltrar ou invadir outros tipos de tecidos e órgãos; não são capazes de metastatizar (metástase é a migração por via sanguínea
ou linfática do local inicial para outro).
As neoplasias malignas apresentam células anaplásicas (falta de diferenciação) e por isso a forma e o funcionamento são
distintos das células normais; o tamanho e forma do núcleo também são diferentes do normal; o número de mitoses é alto (esse
número alto de mitoses indica uma atividade proliferativa mais ativa); as células perdem a polaridade, ou seja, crescem de modo
desorganizado; têm crescimento rápido e são capazes de invadir e se infiltrar em outros tecidos ou órgãos e podem levar o
indivíduo à morte, são capazes de metastatizar. A Tabela 1 apresenta as principais diferenças entre as neoplasias benignas e
malignas.
Tabela 1 - Principais diferenças entre neoplasias benignas e malignas
Fonte: elabora pelo autor.
Devido às características de cada neoplasia (maligna e benigna), um exame histológico (observação dos tecidos biológicos em
microscopia óptica) é capaz de determinar se a neoplasia avaliada é benigna ou maligna, para isso são realizadas biópsias, que
são procedimentos cirúrgicos nos quais se colhe células ou um pequeno fragmento do tecido a ser analisado. No entanto, em
alguns casos não é possível diferenciar as neoplasias apenas com a análise microscópica, sendo necessária a realização de
outros testes complementares.
Vídeo sobre neoplasias: Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Nomenclatura das neoplasias
A nomenclatura utilizada para as neoplasias está relacionada com a célula de origem. Para as neoplasias benignas, adiciona-se o
sufixo –oma ao tecido que o originou, por exemplo: neoplasia benigna do tecido gorduroso-lipoma, neoplasia benigna do
tecido cartilaginoso-condroma.
Para as neoplasias malignas, a origem embrionária dos tecidos que originaram o câncer deve ser levada em consideração, deste
modo, os cânceres derivados do epitélio de revestimento externo e interno são denominados carcinomas; os de origem
glandular são chamados de adenocarcinomas; os derivados de tecidos conjuntivos têm a adição do sufixo –sarcoma ao tecido
de origem, por exemplo, câncer do tecido ósseo-osteossarcoma. No entanto, existem exceções para essa nomenclatura, pois
alguns cânceres recebem o nome do pesquisador que os descreveu pela primeira vez, por exemplo: Doença de Hodgkin; outras
vezes é utilizado o sufixo –oma para neoplasias malignas, pois não há correspondente benigno, um exemplo é o melanoma, que
é um tipo de câncer de pele.
Mutações e neoplasias
As neoplasias surgem devido a mutações no DNA, no entanto é necessária mais de uma mutação na célula para que ocorra a
neoplasia. As mutações no DNA podem ocorrer espontaneamente nas células ou podem ser induzidas por exposição a agentes
mutagênicos (agentes físicos, químicos ou biológicos capazes de induzir mutação). Todo dia sofremos mutações em nosso
corpo, no entanto possuímos um mecanismo de reparo que corrige esses “erros”/mutações. Caso esses erros não sejam
reparados, a mutação permanece e causa seus efeitos no organismo.
Algumas mutações podem ocorrer em grupos de genes específicos que estão relacionados com a formação de neoplasias. Um
desses grupos corresponde aos genes denominados proto-oncogenes (que são inativos em células normais) e caso ocorra
mutação se transformam em oncogenes, sendo responsáveis pela proliferação celular de maneira excessiva e alterada induzindo
a malignização das células, ou seja, fazendo com que as células se tornem cancerosas. A mutação também pode ocorrer em
outro grupo de genes chamado de genes supressores de tumores. Esse grupo de genes está presente em células normais, mas
quando há mutação pode ocorrer sua inativação levando à proliferação celular anormal. Além disso, pode haver também
mutação nos genes responsáveis pelo mecanismo de reparo, caso isso aconteça, o mecanismo pode se tornar ineficiente ou
inativo, deixando passar os erros. Pode ocorrer mutação também nos genes que regulam a apoptose (morte celular
programada; é um dos mecanismos que o organismo possui para se defender das neoplasias), com a inativação dela as células
neoplásicas não morrem e continuam a se proliferar.
O processo de formação das neoplasias é denominado carcinogênse ou oncogênese e ocorre em três estágios:
- Estágio de iniciação: é o primeiro estágio da carcinogênese, nele há a mutação do DNA, que pode ocorrer de forma
espontânea ou ser induzida por agentes carcinogênicos (agente que induz o câncer). Esse dano inicial raramente resulta em
câncer, pois as mutações podem ser corrigidas pelo sistema de reparo. Caso o dano não seja reparado, ocorre o segundo
estágio.
- Estágio de promoção: é o segundo estágio, nele as células mutadas são estimuladas a crescer e se multiplicar de forma rápida.
- Estágio de progressão: último estágio, nele ocorre proliferação descontrolada e irreversível das células alteradas.
Causas de neoplasia
As mutações que induzem o surgimento de neoplasias podem ser causadas por fatores internos e externos ou ainda pela
associação entre estes dois fatores, podendo ocorrer em todos os seres vivos (tanto vegetais como animais). As causas internas
geralmente são geneticamente predeterminadas e também estão relacionadas com a capacidade do organismo de se defender
das agressões dos agentes carcinogênicos. As causas externas estão relacionadas ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes
de um determinado local ou cultura.
Com relação aos fatores internos, podemos destacar a predisposição genética. A frequência de pessoas que herdam mutações
que as predispõem a desenvolver o câncer é baixa. Neste fator de risco, há três categorias: síndromes neoplásicas hereditárias
com padrão autossômico dominante (a hereditariedade de um único gene autossômico dominante aumenta a chance do
indivíduo em desenvolver o câncer); síndromes do defeito do reparo do DNA (nesta categoria, além da herança de condições
pré-neoplásicas, o indivíduo também herda um sistema de reparo de DNA defeituoso); e a última categoria corresponde aos
cânceres familiares (certos tipos de câncer ocorrem com frequência maior em algumas famílias, fazendo com que a
probabilidade de um membro dela desenvolver este câncer seja mais alta).
Outro fator que também deve ser considerado é a idade, uma vez que a probabilidade de desenvolver uma neoplasia é maior
em idades mais avançadas devido a um acúmulo maior de mutações no material genético e à diminuição na eficiência do
mecanismo de reparo dos erros no DNA, que podem levar à indução de neoplasias. No entanto, isso não quer dizer que pessoas
mais jovens não possam desenvolver neoplasias.
Fatores ambientais x neoplasias
A exposição a fatores ambientais (substâncias e/ou compostosnaturais ou produzidos pelo homem) é responsável pela indução
da maior parte das neoplasias. Além da exposição a substâncias químicas, físicas e biológicas que são capazes de induzir
neoplasias, o estilo de vida dos indivíduos também é considerado como um fator ambiental que pode influenciar na incidência
dessas. Exposição a diferentes fatores ambientais pode induzir diferentes tipos de câncer. Diversos estudos foram e ainda estão
sendo realizados para identificar quais substâncias presentes no meio ambiente são capazes de induzir neoplasias, sendo que
algumas substâncias já foram identificadas como causadoras ou potencialmente causadoras dessas. Os fatores de risco
ambientais são considerados como fatores de risco modificáveis, pois mudanças na forma de exposição a estes fatores podem
implicar em mudanças na probabilidade de desenvolver neoplasias. A seguir serão listados os principais fatores ambientais
relacionados com a formação dessas.
Tabaco
O tabaco é considerado como um dos principais fatores ambientais causadores de neoplasias. Ele possui em sua composição
inúmeras substâncias tóxicas, sendo muitas delas reconhecidamente carcinogênicas. É o principal causador de câncer de
pulmão, laringe, cavidade oral e esôfago, além de ter papel em outros tipos de câncer, como o de bexiga. Não há limite seguro
para o uso de tabaco. A inalação da fumaça de cigarro (fumo passivo) também é considerada como fator de risco ambiental.
Obesidade/atividade física
A obesidade está relacionada com a indução de câncer de mama, endométrio, rim, cólon e esôfago. Associado à obesidade, o
sedentarismo também influencia na ocorrência de diferentes neoplasias.
Alimentação
Alguns estudos correlacionam o consumo de alimentos industrializados, embutidos, ricos em sal e o consumo exagerado de
carne vermelha com a incidência de alguns cancêres, como o de estômago e o coloretal; já uma dieta rica em frutas e vegetais
diminui as chances de desenvolver neoplasias.  Além disso, uma alimentação rica em alimentos calóricos pode levar à
obesidade, que, como visto acima, é outro fator de risco.
Álcool
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode causar diversos tipos de câncer, como o de boca, faringe, fígado e esôfago.
Caso o consumo de álcool esteja associado ao cigarro, as chances de incidência de câncer aumentam bastante.
Radiação ultravioleta
Exposição à luz ultravioleta proveniente do sol, lâmpadas ou câmaras de bronzeamento estão relacionadas com envelhecimento
precoce da pele e danos ao DNA, podendo induzir diversos tipos de câncer de pele.
Vírus e bactéria
Alguns agentes infecciosos como vírus e bactérias podem induzir neoplasias, alguns exemplos são o vírus Epstein-Barr, hepatite
B e C e bactéria Helicobacter pylori.
Radiação ionizante
Exposição à radiação ionizante (por luz solar ou substâncias radioativas) induz neoplasias.
Agrotóxicos
Diversos agrotóxicos possuem em sua formulação substâncias e/ou compostos com potencial carcinogênico, por exemplo, o
DDT.
Medicamentos
Alguns medicamentos possuem potencial carcinogênico. Um grupo de medicamentos que possui essa capacidade é o de
quimioterápicos (apesar do potencial carcinogênico, os benefícios, em curto prazo, superam este efeito adverso).
Imunossupressores e medicamentos a base de hormônios também podem aumentar a chance de desenvolvimento de câncer.
Exposição ocupacional
O ambiente de trabalho pode ter substâncias que induzem o surgimento de cânceres, por exemplo, frentistas de postos de
gasolina, agricultores, operadores de raio X.
Poluição
Diversos poluentes presentes na água, ar e solo podem induzir a formação de câncer. Diversos estudos têm sido feitos para se
avaliar quais substâncias presentes na poluição são capazes de produzir tais efeitos.
Hábitos sexuais
Certas características do comportamento sexual podem aumentar as chances do indivíduo se expor a alguns vírus que induzem
câncer e que são sexualmente transmissíveis. Um exemplo desses vírus é o papilomavírus humano (HPV), que está relacionado
ao câncer de colo de útero. Atualmente existe uma vacina contra esse vírus.
Vídeo sobre fatores de risco e prevenção:  Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Mecanismos de defesa e prevenção
O nosso organismo possui mecanismos de defesa contra as neoplasias, sendo eles realizados pelo sistema imune através dos
linfócitos T citotóxicos, células natural killer, macrófagos e anticorpos antitumorais, no entanto, esses mecanismos de defesa
não são infalíveis, caso fossem não teríamos as neoplasias.
Uma forma de se minimizar as chances de desenvolver neoplasias está na prevenção, pois, uma vez que a maior parte das
neoplasias é causada por fatores ambientais, evitar ou minimizar o contato com alguns fatores de risco ou então mudar alguns
hábitos e costumes podem alterar drasticamente a probabilidade de desenvolver tais doenças. Como exemplo, podemos evitar
o consumo de bebidas alcóolicas, comidas industrializadas e cigarro; aumentar o consumo de frutas e vegetais; fazer atividade
física; diminuir o uso de agrotóxicos; utilizar equipamentos de segurança quando tiver que lidar com substâncias tóxicas; evitar
exposição solar sem proteção; tomar vacinas que previnem vírus carcinogênicos (caso do HPV); diminuir a poluição e evitar o
contato com os poluentes. Além disso, visitas constantes ao médico e checkups regulares também são importantes para a
prevenção e o diagnóstico precoce na detecção das neoplasias.
Vídeo sobre fatores de risco e mecanismos de defesa: Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Vídeos extras:
Câncer de colo do útero: Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Prevenção de câncer de mama:  Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Vídeos sobre prevenção de câncer:
Alimentação e câncer: dicas de prevenção (Vídeo 1) Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Alimentação e câncer: dicas de prevenção - Alimentação saudável (Vídeo 2) Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Alimentação e câncer: dicas de prevenção - Atividade física (Vídeo 3) Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Alimentação e câncer: dicas de prevenção - Peso corporal (Vídeo 4) Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
Referências
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em: 30 jun. 2017.
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DECLEVA, Diego. Canceronas Brothers vs. System Immune Boys: com você, pela vida. Disponível aqui. Acesso em: 30 jun.
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HOSPITAL Alemão Oswaldo Cruz. Centro de Oncologia: fatores de risco e prevenção do câncer – Dr.Riad. Disponível aqui.
Acesso em: 30 jun. 2017.
INSTITUTO Nacional de Câncer (Brasil). ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer/Instituto Nacional de
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INSTITUTO Nacional de Câncer – INCA. Alimentação e câncer: dicas de prevenção (Vídeo 1). Disponível aqui. Acesso em: 30
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INSTITUTO Nacional de Câncer – INCA. Alimentação e câncer: dicas de prevenção – Peso corporal (Vídeo 4). Disponível aqui.
Acesso em: 30 jun. 2017.
INTERNE Soluções em Saúde. Animação sobre a prevenção do câncer de mama. Disponível aqui. Acesso em: 30 jun. 2017.
MULHERCONSCIENTE. Câncer Colo do Útero – O que toda mulher consciente deve saber! Disponível aqui. Acesso em: 30
jun. 2017.
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https://www.youtube.com/watch?v=OwUgLE56XOk
https://www.youtube.com/watch?v=ny7zbbHkHy0
https://www.youtube.com/watch?v=M-bKDZiC9_I
https://www.youtube.com/watch?v=-7F35Q_seCM
https://www.youtube.com/watch?v=o2HSXjxKy2w
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https://www.niehs.nih.gov/health/materials/cancer_and_the_environment_508.pdf

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