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Analisar 1. Imagine que você tenha o poder da invisibilidade: pode entrar em qualquer lugar e agir sem ser notado; pode ouvir conversas alheias, pode saber segredos de amigos e de inimigos; pode fazer muitas coisas que a sociedade considera reprováveis sem ser punido. Você nunca iria para a prisão por seus atos nem seria reprovado pelas pessoas. Partindo da teoria da crítica prática, que tipo de ati- tude Kant consideraria moralmente correta nessa situação hipotética? Justifique sua resposta. 2. Leia o texto e, depois, responda às questões a seguir. “O índice de Gini é um indicador que mede distribuição, concentração e desigualdade econô- mica e varia de 0 (perfeita igualdade) até 1 (máxima concentração e desigualdade). [...] As Regiões Sul (0,448) e Centro-Oeste (0,486) apresentaram os menores índices e, no Nordeste, ele alcançou 0,520. De 2017 para 2018, no Norte, Sudeste e Sul esse indicador subiu, enquanto no Nordeste e Centro-Oeste houve retração. De 2015 a 2018, a trajetória ascendente do indicador foi mais acentuada no Norte (de 0,490 para 0,517) e no Sudeste (de 0,483 para 0,508).” PNAD Contínua 2018: 10% da população concentram 43,1% da massa de rendimentos do país. Agência IBGE de Notícias, 16 out. 2019. Disponível em <https:// agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de- imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad- continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da- massa-de-rendimentos-do-pais>. Acesso em 16 abr. 2020. a) De acordo com os dados, quais seriam as regiões menos desiguais do Brasil? b) Em qual região a desigualdade é mais acentuada? c) Que fatores podem estar associados ao aumento do Índice de Gini em 2018 nas regiões Norte e Sudeste? (BNCC) Competências específicas: 2, 4, 5 e 6; Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS102 EM13CHS103 EM13CHS106 EM13CHS206 EM13CHS402 EM13CHS501 EM13CHS502 EM13CHS503 EM13CHS504 EM13CHS606 Pesquisar O que é igualdade? O que é justiça? A igualdade e a justiça são dois dos principais ele- mentos na constituição do direito das sociedades contemporâneas. Apesar da importância desses con- ceitos, suas definições e interpretações são motivo de controvérsia e questionamentos ao longo da história. Muitos autores refletiram sobre eles, mas suas definições estão em permanente construção e debate, deixando-nos a seguinte questão: o que entendemos por igualdade e justiça hoje? Visando contribuir para esse debate, seu trabalho será investigar o que as pessoas próximas a você pensam sobre igualdade e justiça. Para isso, siga estes passos: 1. Escolha três pessoas que façam parte das suas rela- ções cotidianas, como família, amigos e professores. 2. Faça as seguintes perguntas a essas pessoas: a) O que é igualdade para você? b) O que você entende por justiça? É muito importante que você registre a resposta. Use um bloco de anotações ou um gravador. 3. Compare as respostas dos seus entrevistados e registre o que esses discursos têm em comum e quais são seus principais pontos de divergências. 4. Com base na comparação das respostas e no que você estudou nessa unidade, verifique se as con- cepções de igualdade e justiça de seus entrevista- dos são condizentes ou não com a dos pensadores estudados. 5. Registre suas análises e comparações e compartilhe com os colegas. Debata com eles sobre os resulta- dos encontrados. © JO A Q U ÍN S A LV A D O R L A VA D O (Q U IN O ) T O D A M A FA LD A / FO TO A R E N A a) Você concorda com a afirmativa da perso- nagem de que “as pes- soas são pobres porque querem”? Explique seu posicionamento. b) Como você explicaria o fenômeno da pobreza para um amigo? Argu- mente. Na tirinha, Susanita expõe para Mafalda seu entendimento sobre as cau- sas da desigualdade. Com base nela e nos assuntos tratados no decorrer do capítulo, responda às questões. 3. Leia a tirinha a seguir. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 46 Atividades Registre em seu cadernoCapítulos 1, 2, 3 e 4 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais (BNCC) Competências específicas: 1 e 6 Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS102 EM13CHS103 EM13CHS106 EM13CHS606Atividades Registre em seu caderno A geografia da fome Como a fome é retratada no Brasil e no mundo atual- mente? Como ela se manifesta em diferentes espaços geográficos? As imagens da fome veiculadas pelos dife- rentes meios de comunicação favorecem a compreensão do fenômeno pelo público que acompanha as notícias? “[...] Josué Apolônio de Castro, professor, geógrafo, médico, sociólogo e político [...] foi indicado três vezes para o prêmio Nobel: [...] Medicina em 1954, e nos anos de 1963 e 1970, ao Nobel da Paz. [...] De 1952 a 1956 ocupou o cargo de presidente do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação FAO/ONU, e, em 1962 foi nomeado Embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas – ONU. [...] A obra em exame, Geografia da fome, o dilema bra- sileiro: pão ou aço foi publicada em primeira edição no ano de 1946 logo após o mundo conhecer as desgraças da última grande guerra mundial. O dilema do pão (uma opção de política econômica apoiada mais no desenvol- vimento humano), ou o dilema do aço (uma economia ancorada mais no desenvolvimento industrial), se apre- sentam como fio condutor desta rica pesquisa científica. Nela o autor [...] retrata os reflexos da fome em um Brasil subdesenvolvido que apresentava à época uma economia tipicamente colonial na qual se destacava o café e outros minguados produtos primários para exportação, e, nesse sentido, afirmava que fome e subdesenvolvimento são, na realidade, a mesma coisa. [...] Na introdução, o autor alerta para o fato de as pessoas à época relacionarem o flagelo da fome somente aos hor- rores das guerras e às imagens de pessoas esquálidas e famintas vindas principalmente do continente asiático com sua superpopulação, suas massas de miseráveis. Afirmava que as imagens do noticiário dos jornais [induziam] as pessoas leigas a um conhecimento superficial da fome como um calamitoso fenômeno social ao reduzirem-no a duas grandes regiões geográficas: ‘o Oriente exótico e a Europa devastada pela Grande Guerra’. Castro apresenta a fome coletiva como um fenômeno social generalizado, geograficamente universal, distri- buído por todos os continentes do planeta, atingindo inclusive o nosso que já fora chamado de a terra da abundância para onde milhões de europeus imigraram para fugir da pobreza. Nesse sentido, apesar de a obra abordar os reflexos da fome no Brasil, o autor deixa claro que o objeto de sua pesquisa é bem mais amplo: ‘Pretendemos realizar o estudo das diferentes áreas de fome no mundo, iniciando-o com o estudo da fome no Brasil, nosso campo de experiência direta’ [...]. Para tanto, assevera que os inquéritos sociais têm demonstrado que a alimentação do brasileiro além de precária em qualidades nutritivas apresenta, ‘[...] nas diferentesregiões do país, padrões dietéticos mais ou menos incompletos e desarmônicos’ [...]. Alega que o problema se apresenta de forma mais grave em certas regiões que vivem em estado de fome crônica, do que em outras, onde a população é subnutrida. Contudo, conclui que as causas dessa alimentação defeituosa se devem mais a fatores socioculturais do que aos de natureza geográfica, pois em um país de extensão continental ‘[...] e com sua infinita variedade de quadros climatobotânicos, seria possível produzir alimentos sufi- cientes para nutrir racionalmente uma população várias vezes igual ao seu atual efetivo humano [...].” ABRÃO, Luciano Rogério do Espírito Santo. O espectro da fome: se metade da humanidade não dorme, é por medo da outra metade que não come. Espaço em Revista, v. 11. n. 1, jan./jun. 2009. Disponível em <https://www.revistas.ufg.br/ espaco/article/view/13669>. Acesso em 6 jul. 2020. Analisar 1. A obra Geografia da fome, o dilema brasileiro: pão ou aço?, é um clássico da ciência geográfica. Identifique o dilema exposto no título. 2. Para Josué de Castro, o dilema comentado explica a persistência da fome no Brasil? Justifique. 3. O autor da obra chama a atenção para uma distorção produzida pelas imagens dos noticiários na com- preensão do que é a fome. Com base na explicação oferecida por ele, defina o conceito de “fome”. Criar uma exposição fotográfica 4. A obra de Josué de Castro proporcionou um alarga- mento da compreensão do que é a fome. De acordo com ele, as imagens repetidamente publicadas pelos jornais criam um entendimento incompleto e pobre do problema no Brasil e no mundo. Mas que tipo de imagem colaboraria para ampliar a compreensão do leitor e fazê-lo pensar sobre a fome de uma perspectiva mais crítica? a) Em grupo, idealizem uma cena que, na opinião de vocês, traduza o conceito de fome e sugira suas causas. Pense no cenário apropriado para ela, nas personagens e nos objetos que compo- riam o conjunto, nas cores e na luminosidade adequadas para transmitir a ideia que tiveram. b) Uma vez planejada a cena, busquem meios criativos de reproduzi-la. Fotografem-na. Em sala de aula, organizem uma exposição fotográfica e discutam os resultados do trabalho. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 Aprofundar o conhecimento https://www.revistas.ufg.br/espaco/article/view/13669 https://www.revistas.ufg.br/espaco/article/view/13669 Novo planeta (1921), obra do artista russo Konstantin Juon. Moscou, Rússia. 48 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Revoluções: rupturas socioeconômicas, políticas e ideológicas U N I D A D E 2 Questões 1. O que significa, para você, uma revolução? 2. Com base em seus conhecimentos, que situações da humanidade você considera que tenham sido revolucionárias? Responda oralmente A palavra “revolução”, a princípio, estava ligada à astronomia e fazia referência ao movimento cíclico da Terra em torno do Sol. Com o tempo, foi assumindo uma concep- ção social mais dinâmica até ser associada à ideia de ruptura. No presente, “revolução” remete à transformação radical de uma determinada estrutura política, social, econô- mica, cultural, tecnológica etc. Segundo o sociólogo e filósofo Herbert Marcuse (1898-1979), a mudança de uma ordem repressora qualquer está ligada à ideia de liberdade, e estar livre de uma situação limitadora é buscar a felicidade. Nesse sentido, a Revolução Francesa e as revoluções Russa e Chinesa são expressões na modernidade de rupturas com fortes sistemas opres- sores. Cabe analisar seus significados no contexto em que se desenrolaram, avaliando se suas consequências foram libertadoras e transformadoras para essas sociedades e para a humanidade como um todo. Revolução que traga liberdade © J U O N , K O N S TA N TI N F E D O R O V IC H /A U TV IS , B R A S IL , 2 02 0 - G A LE R IA T R E TY A K O V, M O S C O U 5. Mudança social: reflexões sobre o mundo em transformação, 49 6. A Revolução Francesa, 57 7. Revoluções socialistas: Rússia e China, 68 8. A arte e a utopia da emancipação humana, 78 CAPÍTULOS (BNCC) Competências gerais: 1, 2, 4, 5 e 8 Competências específicas: 1, 2, 4 e 5 Habilidades: EM13CHS101 EM13CHS102 EM13CHS103 EM13CHS104 EM13CHS106 EM13CHS202 EM13CHS401 EM13CHS402 EM13CHS403 EM13CHS404 EM13CHS501 EM13CHS502 EM13CHS503 EM13CHS504 A mudança social é uma das principais características das sociedades humanas. A vida social não é estática, ela está sempre em movimento, alterando nossas vivências, interpretações sobre a realidade e formas de ver e conviver com os outros. FR A N C K R E P O R TE R /I S TO C K /G E TT Y IM A G E S O que é mudança social? As últimas décadas foram marcadas por um acelerado processo de mudanças de- correntes do desenvolvimento das tecnologias da informação. Isso afetou toda a nossa vida, desde as relações afetivas até o mundo do trabalho. Fomos expostos a novas formas de organização social e a novos problemas que eram impensáveis há 50 ou 60 anos. Para as ciências humanas, a mudança é inerente à nossa condição enquanto seres sociais. Ela é pensada como uma série de transformações que alteram a organização, os modos de vida e os valores de uma sociedade, instaurando novas formas de existência. O colonialismo, a Revolução Industrial, as guerras, o desenvolvimento das tecnologias, entre tantos eventos históricos, evidenciam como a mudança social opera transforma- ções nas sociedades, na trajetória dos indivíduos e da humanidade como um todo. Mas, afinal, como e por que as sociedades mudam? As respostas para essas questões não são simples, pois as transformações que se operam em uma sociedade podem assumir aspectos multifacetados, estender-se ao longo do tempo e coexistir com inúmeras formas tradicionais de vida e organização social. Por isso, vários pensadores se propuseram a analisar esse fenômeno, na tentativa de compreendê-lo em sua complexidade. Doc. 1 49 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 5 C APÍTULO Mudança social: reflexões sobre o mundo em transformação O que é mudança social? Como se dão essas mudanças? Quais são as principais reflexões sobre ela? Reflexões filosóficas sobre mudança e sociedade A preocupação com a mudança, em geral, está na origem da filoso- fia ocidental. Os primeiros filósofos que se dedicaram a refletir sobre a physis impressionavam-se com a transitoriedade das coisas. Olhavam para a natureza e para o ser humano, e viam um ciclo constante de cres- cimento e declínio. Percebiam que algo que estava quente ficava frio, que o úmido se tornava seco, que o novo se transformava em velho, que a vida ensejava a morte. Em certa medida, foi a inconformidade com a condição inconstante do mundo, com a perpétua guerra dos contrários, que levou os filósofos antigos a questionar se não haveria para além do contínuo movimento de transformação algo mais bá- sico ou primário que estabelecesse uma unidade e fixidez; algo que permanecesse imutável por trás das mudanças incessantes. Nesse sentido, o pensamento filosófico surgiu, por um lado, da constatação da transitoriedade da realidade e, por outro, da tentativa de encontrar algo que não mudasse e que desse unidade à variabilidade das coisas. As mudanças podem ser percebidas em muitas esferas da vida social. Uma delas é o mundo político. No Brasil, em 2018, a deputada federal Joênia Wapichana foi eleita a primeira mulher indígena da nossa história. Sua eleição representou uma conquista para as mulheres indígenas do país, fortalecendo suas lutas e representatividade. Foto de 2019.O ser e o não ser O embate teórico entre os filósofos pré-socráticos Heráclito (c. 540 a.C.-470 a.C.) e Parmênides (c. 530-460 a.C.) sintetiza e exemplifica as preocupações com a mudança e a permanência para explicar a realidade. Heráclito destacou a mudança como caraterística principal da natureza. É famosa sua frase sobre o movimento das águas de um rio. “Para os que entrarem nos mesmos rios, outras e outras são as águas que por eles correm... Dispersam-se e... juntas vêm e para longe fluem... aproximam-se e afastam-se.” HERÁCLITO. In: KIRK, Geoffrey S.; RAVEN, John E.; SCHOFIELD, Malcom. Os filósofos pré-socráticos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994. p. 202. Platão comentou esse pensamento de Heráclito: “Heráclito afirma que tudo passa e nada permanece, e compara o que existe à cor- rente de um rio, para concluir que ninguém se banha duas vezes nas mesmas águas.” PLATÃO. Crátilo. In: Teeteto – Crátilo. 3. ed. Belém: EDUFPA, 2001. p. 172. (Coleção Platão diálogos). M IL A N S O M M E R /I S TO C K /G E TT Y IM A G E S M A R C E LO C A M A R G O /A G Ê N C IA B R A S IL As águas revoltas de um rio são um símbolo do movimento constante, uma característica essencial da natureza, que esteve no centro do pensamento de Heráclito. Foto de 2019. As águas de um rio fluem constantemente, de modo que nunca são as mesmas. Portanto, ninguém consegue se banhar duas vezes nas mesmas águas. Isso vale para toda a natureza, inclusive para o ser hu- mano. Podemos completar o pensamento de Heráclito afirmando que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio não só porque as águas mudam constantemente, mas porque mudam também os banhistas. Ao entrarmos pela segunda vez em um rio, já não somos os mesmos, pois mudamos com o tempo e com a experiência de vida: mudaram nossos pensamentos e valores, nosso modo de ser e até nossa forma física. As mudanças podem ser quase imperceptíveis, microscópicas, ou amplas e intensas, visíveis para todos que estão à nossa volta. Mas elas são sempre constantes. 50 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 .