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Davi Kopenawa ficou vinte anos conversando com o antropólogo francês Bruce Albert para pro-
duzir uma obra fantástica, chamada A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. O livro tem a 
potência de mostrar para a gente, que está nessa espécie de fim dos mundos, como é possível que um 
conjunto de culturas e de povos ainda seja capaz de habitar uma cosmovisão, habitar um lugar neste 
planeta que compartilhamos de uma maneira tão especial, em que tudo ganha um sentido. As pes-
soas podem viver com o espírito da floresta, viver com a floresta, estar na floresta. Não estou falando 
do filme Avatar, mas da vida de vinte e tantas mil pessoas – e conheço algumas delas – que habitam 
o território yanomami, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Este território está sendo assolado 
pelo garimpo, ameaçado pela mineração, pelas mesmas corporações perversas que já mencionei e 
que não toleram esse tipo de cosmos, o tipo de capacidade imaginativa e de existência que um povo 
originário como os Yanomami é capaz de produzir.
Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio 
sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ain-
da é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar, de cantar. E está cheio de pequenas 
constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta, faz chover. O tipo de humani-
dade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de 
vida. Então, pregam o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos 
próprios sonhos. E a minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder 
contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim. 
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 9-14.
7 O texto lido foi extraído de uma palestra: exposição oral de um conteúdo previamente prepa-
rado pelo orador. Que características próprias da oralidade podem ser identificadas no texto?
8 O texto de Ailton Krenak é o discurso de um escritor e líder indígena para uma plateia de não 
indígenas. Verifique de que formas isso orienta sua fala.
a. Que assunto é introduzido pela história da senhora hopi, da serra Takukrak, na região dos 
Andes, e da defesa dos Massai de um sítio sagrado, no Quênia? 
b. Qual é a importância de fazer referência a essas histórias na construção do discurso? 
c. Para organizar o discurso, que realidades e conhecimentos o autor pressupõe que a pla-
teia tenha?
9 A construção do discurso de Ailton Krenak se articula com outros discursos que circulam entre 
diferentes grupos sociais. O autor demonstra concordar e discordar de outros. Releia os trechos 
do texto reproduzidos a seguir e, sempre que necessário, volte ao texto para resolver as ques-
tões propostas. 
Por que essas narrativas não nos entusiasmam? Por que elas vão sendo esquecidas e apagadas em favor 
de uma narrativa globalizante, superficial, que quer contar a mesma história para a gente? 
a. A quais narrativas Krenak se refere? 
Às várias narrativas de povos que vivem uma realidade de interação direta com a 
natureza e à narrativa única que pretende pregar uma só forma de vida baseada na 
exploração do planeta e no consumo. 
b. Por meio dessas perguntas, que ponto de vista o autor defende?
c. Explique a equivalência entre abuso e razão nesta frase: “É um abuso do que chamam de 
razão.” O que é considerado abuso e quem o considera dessa forma? E com relação ao que 
é chamado de razão?
Percebe-se que o orador conta histórias. As narrativas, em geral, tendem a despertar interesse dos ouvintes, pois estimulam a imaginação e a 
criatividade. 
A separação da humanidade da natureza.
Resposta pessoal. Há uma sugestão de encaminhamento de resposta nas Orientações específicas deste Manual. 
 Ailton Krenak sabe que está falando para uma plateia de pessoas que participam de uma sociedade urbana e de consumo. 
Sabe tratar-se de interlocutores com conhecimentos geográficos e sociológicos e que estão dispostos a ouvir um discurso em defesa de outras formas de 
enxergar a relação das sociedades com a natureza.
O de que uma única narrativa está tomando o 
lugar de todas as demais, impedindo que as 
versões diversas contadas por outros povos 
deixem ser consideradas. 
O autor refere-se à montanha que foi transformada em parque pelos ingleses. Apropriar-se de uma montanha considerada sítio sagrado 
para um povo é chamado de abuso por Krenak e pelo povo que viu um valor tão importante para si ser desrespeitado. Razão é a 
lógica adotada por quem se apropria desse espaço sob o pretexto de que ver vida em uma montanha não faz o menor sentido. 
Ailton Krenak é filósofo, escritor, jornalista, ativista e uma 
liderança do povo Krenak. Em 1987, na Assembleia Nacional 
Constituinte pintou o rosto de jenipapo como forma de protesto 
na luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil. É autor de 
diversos livros, entre os quais Ideias para adiar o fim do mundo, 
publicado em 2019.
Cesar Borges/Fotoarena
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d. Que visão essa falsa equivalência revela sobre a relação entre os grupos em questão?
Para que não fiquem pensando que estou inventando mais um mito, o do monstro corporativo, 
ele tem nome, endereço e até conta bancária. E que conta!
e. Ao enunciar “para que não fiquem pensando”, Krenak está pressupondo uma reação ao seu 
discurso. Nesse contexto, a palavra mito é empregada em seu sentido polissêmico. Que efeito 
esse jogo com o duplo sentido da palavra mito tem para a validação das afirmações do autor? 
Recurso natural para quem? Desenvolvimento sustentável para quê? O que é preciso sustentar? 
f. A qual discurso Krenak se refere por meio dessas perguntas? 
g. O que ele questiona? 
Precisamos ser críticos a essa ideia plasmada de humanidade homogênea na qual há muito 
tempo o consumo tomou o lugar daquilo que antes era cidadania. 
h. Qual é a visão de mundo criticada nessa afirmação?
10 Além dos discursos não identificados e sugeridos em sua fala, há outros citados direta-
mente e cuja autoria Ailton Krenak informa. Volte ao texto e identifique duas passagens 
em que isso ocorre. 
11 Os discursos aos quais o autor é contrário não são identificados, mas aqueles que contri-
buem para a defesa de seu ponto de vista sim. 
a. De que forma essas citações apoiam a argumentação de Krenak? 
b. Por que você acha que as ideias contra as quais Krenak se coloca não têm autoria explicitada?
12 Qual é a proposta do texto para “adiar o fim do mundo”? O que você compreendeu dessa 
ideia? Explique citando um trecho do texto.
13 A proposta de Krenak para adiar o fim do mundo é coerente com o desenvolvimento do tex-
to? Explique sua resposta, destacando frases e expressões empregadas pelo líder indígena 
para referir-se à humanidade homogênea de um lado e à diversidade das formas de viver dos 
povos indígenas de outro.
14 Você concorda com a proposta para adiar o fim do mundo que o autor apresenta? Como 
viabilizá-la? 
15 Releia as sentenças a seguir, observando o que há de comum entre os termos destacados. 
I. Li uma história de um pesquisador europeu do começo do século XX que estava nos Estados 
Unidos e chegou a um território dos Hopi.
II. Assim como aquela senhora hopi que conversava com a pedra, sua irmã, tem um monte de 
gente que fala com montanhas.
III. No Equador, na Colômbia, em algumas dessas regiões dos Andes, você encontra lugares onde 
as montanhas formam casais.
IV. Espalham quase que o mesmo modelo de progresso que somos incentivados a entender como 
bem-estar no mundo todo. 
V. um desses idiomas originais de pequenos grupos que estão na periferia da humanidade, é 
deletada. 
VI. O livro tem a potência de mostrar para a gente, que está nessa espécie de fim dos mundos, comoé possível que um conjunto de culturas e de povos ainda seja capaz de habitar uma cosmovisão, 
habitar um lugar neste planeta que compartilhamos de uma maneira tão especial, em que tudo 
ganha um sentido.
Há uma sugestão de encaminhamento de resposta nas Orientações específicas deste Manual. 
Ao discurso assumido por diversas empresas de desenvolvimento sustentável. 
A questão pode ser debatida coletivamente. O texto sugere que o desenvolvimento sustentável se 
torna necessário na lógica de exploração da natureza. Em um convívio harmonioso com ela, o tema da 
sustentabilidade não seria necessário. 
Resposta pessoal. Há uma sugestão de encaminhamento de resposta nas Orientações específicas deste Manual. 
O autor cita Boaventura de Sousa Santos, José Mujica, Davi Kopenawa e Bruce Albert. Verifique se os 
estudantes localizam as passagens no texto. 
Resposta pessoal. Há uma sugestão de encaminhamento de resposta nas Orientações específicas deste Manual.
São menções generalizadas às grandes corporações e não a instituições em específico, pois se refere às ideias reveladas em certas ações, em um 
tipo de comportamento que caracteriza algumas sociedades. 
Respostas pessoais.
Resposta pessoal. Há uma sugestão de encaminhamento de resposta nas Orientações específicas 
deste Manual.
Respostas pessoais.
a. I. “pesquisador europeu do começo do 
 século XX”
II. “aquela senhora hopi”
II. “um monte de gente” 
III. “lugares”
IV. “o mesmo modelo de progresso”
 V. “pequenos grupos”
VI. “a gente” 
e. O termo mito pode ser compreendido em sua relação com a cultura indígena — o das histórias que explicam a 
cosmogonia de um povo — ou em sua relação com a cultura midiática contemporânea — em que mito significa uma 
mentira, uma invenção. Ao pressupor a rejeição dos interlocutores a sua crítica aos empreendimentos de grandes 
corporações, Krenak reforça essa existência, destacando que os abusos descritos não ocorrem a partir de processos 
naturais da sociedade, mas são, na realidade, obras intencionais de grandes grupos financeiros. 
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NESTE LIVRO.
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