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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO	3 
2 OS CONCEITOS SÓCIO-HISTÓRICOS DA FAMÍLIA	4 
3 OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES NA SOCIEDADE BRASILEIRA	6 
3.1 Conceito de família construído historicamente	7 
3.2 Conceito de família visto pelas legislações brasileiras	10 
3.3 Configurações familiares brasileiras	14 
3.4 Transformações sociofamiliares: a emancipação feminina	17 
4 A FAMÍLIA E O SEU PAPEL NAS RELAÇÕES SOCIAIS	19 
4.1 Família e parentesco	20 
4.2 Família no plural	22 
4.3 A Questão Social materializada na família	26 
5 FORMAÇÃO DA FAMÍLIA E SOCIEDADE	28 
5.1 Características da sociedade	30 
5.2 Conceitos de sociedade na filosofia e nas ciências sociais	33 
5.3 Perspectivas sociológicas contemporâneas	34 
5.4 Função da sociedade no cotidiano	35 
5.5 Teorias sobre a origem da sociedade	36 
5.6 Elementos da sociedade	40 
6 A COMUNIDADE	42 
6.1 O conceito de comunidade	43 
6.2 Como se forma uma comunidade	45 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	47 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CONCEITOS SÓCIO-HISTÓRICOS DA FAMÍLIA 
Segundo a sociologia, a família é um conjunto de pessoas que se encontram unidas por laços de parentesco. Os vínculos podem ser de afi nidade ou de consanguinidade. Veja: 
Lévi-Strauss (1986) afirma que é de acordo com o contexto social, em cada sociedade e em cada época histórica, que a vida doméstica passa a assumir determinadas formas específicas, evidenciando que a família não é instituição natural, mas reforçando a compreensão de que ela é socialmente construída de acordo com as normas culturais (OLIVEIRA, 2009, p. 23). 
Engels (2002) afirma que, de modo geral, todas as épocas de progresso da humanidade de alguma forma coincidem com períodos em que se ampliam as fontes de existência. Ou seja, o desenvolvimento da família realiza-se concomitantemente às transformações sociais. 
O termo “família” vem do latim famulus, que significa “escravo doméstico”. Esse termo era utilizado na Roma antiga e servia para designar um grupo submetido à escravidão agrícola. A família ligada por laços de sangue ou laços afetivos era denominada “família natural”. Naquela época, a família era composta por pai, mãe e filhos, em uma estrutura patriarcal. Assim, o pai e marido era o chefe da família. 
Foi a partir da Idade Média que as pessoas passaram a viver em dois tipos de famílias, patriarcal e maternal. Nesse período, os casamentos eram feitos por descendência. Com a Revolução Francesa, os casamentos passaram a serem laicos. Já na Revolução Industrial, com as migrações para as cidades, os laços nas famílias se estreitaram. 
Portanto, como você pode notar, as estruturas das famílias se modificam de acordo com as transformações sociopolíticas. Contudo, é certo que a família é o primeiro refúgio em que o indivíduo em situação de ameaça se protege, sobretudo nos períodos de enfraquecimento do Estado. Quando as instituições políticas passam a oferecer garantias suficientes para a manutenção da vida, os laços familiares se afrouxam. Assim, a história da linhagem é uma sucessão de contrações e distensões, cujo ritmo sofre as modificações da ordem política (OLIVEIRA, 2009). 
Diante das transformações societárias, com a predominância do monopólio do capital, a família passou a ser sujeito da história social, vivenciando todas as dificuldades inerentes ao sistema capitalista. A divisão do trabalho, fruto da Revolução Industrial, trouxe transformações profundas à sociedade, alterando a organização familiar: 
Marcada pelo ritmo acelerado do capital, a família pode reproduzir, em seu interior, o individualismo e a competição, frutos da modernização da sociedade, podendo, neste contexto, haver o predomínio do interesse individual sobre o coletivo, desfigurando o entendimento de que a família deveria ser o local onde o coletivo predominasse sobre o individual (OLIVEIRA, 2009, p. 26) 
Lévi-Strauss (1976) considerava que família não era apenas uma constituição biológica, mas também uma estrutura que possuía a cultura em sua concepção e formação. Assim, esse antropólogo demostrou que, em várias regiões, as famílias se constituem e vivem de formas variadas, citando a poligamia, a poliandria e a monogamia como formas de organização familiar. 
Desse modo, Lévi-Strauss conceituou a família como um grupo social formado a partir do casamento (união de duas ou mais pessoas), constituído pelas pessoas casadas e seus descendentes. Os membros da família são ligados entre si por laços legais, direitos e obrigações econômicas e religiosas, direitos e proibições sexuais, além de sentimentos psicológicos, tais como o amor, o afeto, o respeito, etc. 
Quando inserida na sociedade capitalista, a família produz e reproduz o próprio capital. Ou seja, ela passa a ser considerada produtora dos bens materiais e culturais, enquanto, ao mesmo tempo, pode ser consumidora de determinados bens. Assim, diversas mudanças na sociedade são reflexos da emergência de novos modos de relacionamento familiar, interpessoal, afetivo e sexual (ROMANELLI, 1998). 
A partir do século XXI, segundo Sarti (2010, p. 21), a questão familiar: 
[...] implica a referência a mudanças e a padrões difusos de relacionamentos [...] vivemos numa época como nenhuma outra, em que a mais naturalizada de todas as esferas sociais, a família, além de sofrer importantes abalos internos, tem sido alvo de marcantes interferências externas. [...] os acontecimentos a ela ligados vão além de respostas biológicas universais às necessidades humanas, mas configuram diferentes respostas sociais e culturais, disponíveis a homens e mulheres em contextos históricos específicos. 
A família pode assumir dois papéis junto a seus membros: o de garantir proteção e afeto e o de representar vulnerabilidade e violência. Fatores internos e externos podem contribuir para o reforço desses papéis. Entre esses fatores, estão desde aspectos genéticos e locais de residência até situações adversas como desemprego, morte na família, separação, entre outros. É justamente por essa razão que as políticas sociais de atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade são tão significativas, já que apoiam essas famílias em momentos de maior dificuldade. 
Atualmente, no âmbito das políticas sociais no Brasil, se destaca sobretudo a Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Ela encara a família como espaço privilegiado de intervenção, instituindo a matricialidade sociofamiliar na definição e na estruturação das ações assistenciais. Além disso, estabelece a centralidade da família “[...] no âmbito das ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida” (BRASIL, 2005a, p. 39). 
Assim, a família é um “[...] espaço insubstituível de proteção e socialização primária, independentemente dos formatos, modelos e feições que ele tem assumido com as transformações econômicas, sociais e culturais contemporâneas” (BRASIL, 2005b, documento on-line).OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES NA SOCIEDADE BRASILEIRA 
As diversas configurações familiares hoje aceitas no âmbito jurídico, social e cultural foram conquistas paulatinas que se organizavam de forma clandestina; assim, a luta por direitos trouxe a demanda de poder reconhecer as diversas formas de família. 
Neste capítulo, você vai conhecer como o conceito de família foi construído historicamente, afastando, assim, qualquer pretensão de entender esse conceito como algo natural. Assim, você vai ver como o casamento foi apresentado nas diversas Constituições brasileiras e a sua relação com a Igreja. Por fim, vai ler também sobre a centralidade da família nas políticas públicas e nas decisões judiciais, que não mais consideram família aquela formada por um homem e uma mulher. 
 
 
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/ 
Conceito de família construído historicamente 
Quando pensamos em família, diversas formações, construções e configurações podem aparecer, a depender da relação que se estabelece entre o indivíduo e a sociedade. Não há como pensarmos em um único tipo de família e, muito menos, que ela seja natural. No caminhar do processo histórico, a família desempenhou diversas conformações a partir da necessidade do sistema produtivo e da sua classe social. Assim, para analisar o conceito de família, vamos relacioná-la com o tipo de sociedade e com o Estado, pois esse grupo social apresenta impactos a partir das mudanças ocorridas em uma sociedade. 
Segundo Cunha (2013), a família é uma instituição histórica e social que adquire diversas funções, que se modificam a partir da dinâmica da produção e reprodução social. Assim, as relações que hoje conhecemos — a partir de cônjuges, de redes de parentesco e consanguinidade em outras sociedades — se configuraram de forma diferenciada. 
A partir da ascensão burguesa, o modelo familiar dessa classe foi adotado como forma de reprodução social. Nas sociedades pré-capitalistas, a produção era organizada a partir da divisão do trabalho familiar, ou seja, a divisão social da produção era organizada a partir das relações familiares, separando as funções por grau de parentesco e incluindo ainda as relações extensas de compadrio (SIMÕES, 2011). 
A sociedade burguesa separou a família da esfera da produção, que é pública, e da reprodução no âmbito privado, individualizando as relações familiares. Além disso, há diferenças entre a família burguesa e a família proletária, pois as crianças e mulheres, desde sempre, tiveram que adensar a mão de obra operária mais barata do que a masculina. Já as crianças e mulheres burguesas foram relegadas à esfera privada do cuidado e da reprodução social. Assim, mesmo dentro da mesma organização social, não há apenas um tipo de família. 
Se pensarmos no Estado absolutista dos séculos XVI e XVII, a família aristocrática, participante da classe dominante naquele momento, não distinguia entre a questão do público e do privado. Assim, as famílias não se isolavam nos seus núcleos a partir da união dos cônjuges, sendo comum o que hoje se considera de família estendida morando sob o mesmo teto. A família era responsável pelas práticas de transmissão da vida, dos bens, da prática de um ofício, da proteção da honra e da vida em caso de crise (ÁRIES, 1979 apud CUNHA, 2013). Ainda com relação a esse período, Poster (1979 apud CUNHA, 2013) afirma que as questões relativas ao cuidado materno, à privacidade e ao amor romântico — ou seja, as questões subjetivas concernentes à formação emocional — não estavam centradas nos pais, mas sim nos diversos adultos com os quais o indivíduo se relacionava. 
 
 
A família só virou fonte de análise e preocupação a partir da ascensão burguesa. No final do século XIX e início do século XX, as ciências sociais apresentaram a importância da família na sociedade burguesa. Temos, assim, a perspectiva funcionalista e a perspectiva crítica para essa análise, as quais permeiam a construção do conceito de família atual e são a base para legislações e políticas sociais do século XX. 
A perspectiva funcionalista apresenta claramente os papéis da mulher e do homem no núcleo familiar, o qual é entendido como unidade de socialização a partir de funções que se concentram na formação da personalidade. Assim, o cuidado com as crianças é valorizado, pois a sua formação primária ocorre na família, sendo também na família o local estável para os adultos. É no núcleo familiar sem conflitos e repleto de amor e compreensão que homens encontram alívio após o trabalho, cabendo à mulher manter o lar, ou seja, a ela cabe o âmbito privado e ao homem o âmbito público, pois ele é o provedor e a mulher é a cuidadora. 
 
 
 
A Escola de Frankfurt concorda com a perspectiva funcionalista no sentido de que a família é a unidade de formação da personalidade, mas, a partir dessa afirmação, desenvolve uma linha de análise diversa, que compreende que a estrutura conservadora da família burguesa centrada na autoridade masculina, na verdade, é um papel de dominação e adestramento, ou seja, é a formação social para a autoridade, adequação, submissão e espaço propício ao despotismo. 
Para Agnes Heller (1972), a família é o local da reprodução ideológica da burguesia, que acontece no cotidiano a partir de relações naturalizadas. Nessa perspectiva, a autora se vale de estudos antropológicos para desmistificar a relação de parentesco como algo inerente à família, considerando a família como um grupo concreto e o parentesco uma abstração. Apresenta, assim, que a família, em qualquer sociedade, é uma combinação de três tipos básicos: 
 
 relação de descendência (pais e filhos);  relação de consanguinidade (entre irmãos);  relação de afinidade pelo casamento. 
 
Assim, a sociedade se forma a partir dessa variação, o que muda são essas combinações (CUNHA, 2013). 
Mesmo com formas diferentes de se relacionar, a união de um homem e uma mulher é que inicia o núcleo familiar nas sociedades ocidentais. A explicação cristã de Adão e Eva como o primeiro casal da Terra — que, a partir do pecado original, deu início à civilização com a procriação — deu início à primeira família do mundo. Em outras culturas, como a indígena, por exemplo, existe a vivência de toda a tribo no cuidado mútuo e na divisão social do trabalho. 
No modelo de família burguesa, o que muda é a individualização a partir de um casal e os seus filhos, em casa separada dos demais membros da família, cada um vivendo ao seu modo e com as suas particularidades. As famílias trabalhadoras, porém, ainda se mantêm como um núcleo ampliado de apoio em situações de risco e de vulnerabilidade, no qual jovens cuidam dos idosos que lhes transferiram patrimônio, pois a concentração de pobreza na velhice se acentua devido à necessidade maior do que os ganhos (CAMPOS; MIOTO, 2003). 
A família foi se construindo no século XX no Brasil pela relação entre a justiça e a religião a partir do casamento civil e religioso, o qual, por vezes, acaba por virar uma coisa única. A questão jurídica refere-se à oficialidade da família no requerimento de bens, enquanto a religião mantém a moral da relação familiar. A família pobre brasileira, porém, não se constitui por esses caminhos formais e não só por relações de parentesco, mas por laços de solidariedade. Dessa forma, a família pobre sempre foi alvo da ação estatal como forma moralizante com o objetivo de seguir o modelo burguês. 
Conceito de família visto pelas legislações brasileiras 
No Brasil, a constituição da família historicamente se conforma pela via do casamento. Esse conceito foi estabelecido desde nossa primeira Lei Magna, ainda no período imperial, em 1824, quando a consagração da união se dava a partir da celebração católica (COSTA, 2006). 
A relação entre Igreja e Estado no Brasil colônia se dava pela organização do Estado absolutista, que só foi superado com a Proclamação da República em 1889, a partir do Decreto nº. 181, de 24 de janeiro de 1890, no qual eram considerados válidos apenas os casamentos civis, sendo a celebração religiosa uma decisãopessoal a partir da fé processada individualmente. 
A relação entre Igreja e Estado no Brasil sempre foi muito forte, seja em âmbito político ou cultural. Assim, meses depois, foi necessário o Decreto nº. 521, de 26 de junho de 1890, para que pudesse se reforçar a separação da República e da Igreja Católica, que pressionava para que apenas a sua celebração fosse válida como casamento: 
O casamento civil único válido nos termos do artigo 108 do Decreto 181, de 24 de janeiro último, precederá sempre as cerimônias religiosas de qualquer culto, com que desejam solenizá-lo os nubentes. O ministro de qualquer confissão, que celebrar as cerimônias religiosas do casamento antes do ato civil, será punido com seis meses de prisão e multa da metade do tempo. No caso de reincidência será aplicado o duplo das mesmas penas (COSTA, 2006, documento on-line). 
Na direção de apenas ter como válido o casamento civil, foi promulgada nossa primeira Constituição da era republicana em 1891, mas não houve preocupação em disciplinar o casamento. Esse papel coube ao Código Civil de 1916, que realizou, de forma exaustiva, as formalidades e os requisitos para o casamento a partir da concepção patriarcal, na qual o homem é considerado o chefe da família. Essa relação de superioridade era tal que, até a década de 1960, a mulher era considerada relativamente incapaz para exercer suas atividades cotidianas, sendo necessária a autorização do marido para viagens, trabalho, entre outros. Só com a promulgação do Estatuto da Mulher Casada (Lei nº. 4.121, de 27 de agosto de 1962), a mulher deixou o rol das incapacidades do Código Civil, mas o homem ainda era colocado como o chefe da família, que atuava em colaboração com a mulher. 
A Constituição Federal de 1934 foi a primeira a apresentar os direitos sociais. Ela também teve que lidar com a dicotomia entre religioso versus civil para a formação da família por meio do casamento. No interior do Brasil, o casamento religioso ainda era mais importante para as famílias do que o contrato civil. Assim, a Carta de Magna de 1934 apresentou o casamento como forma indissolúvel de família, que está sob a proteção do Estado, autorizando a celebração religiosa com o mesmo valor que da civil: 
Art. 146 O casamento será civil e gratuita a sua celebração. O casamento perante ministro de qualquer confissão religiosa, cujo rito não contrarie a ordem pública ou os bons costumes, produzirá, todavia, os mesmos efeitos que o casamento civil, desde que, perante a autoridade civil, na habilitação dos nubentes, na verificação dos impedimentos e no processo, sejam observadas as disposições da lei civil e seja ele inscrito no Registro Civil. [...] A lei estabelecerá penalidades para a transgressão dos preceitos legais atinentes à celebração do casamento (COSTA, 2006, documento on-line). 
As Constituições de 1937, 1946 e 1967 não apresentaram mudanças em relação à Carta Magna de 1934. Assim, por 40 anos, não houve mudanças na legislação sobre o conceito de família, o qual era compreendido como uma instituição formada pelo casamento, seja religioso ou civil, sendo essa união indissolúvel, tendo o homem como chefe da família e a mulher em uma posição subalterna nessa relação, que é formada sempre por um homem e uma mulher. 
Os direitos das mulheres sempre estiveram aquém em relação aos direitos dos homens. Assim, as reivindicações femininas, a partir do final do século XIX, tiveram como objetivo garantir que as mulheres tivessem os mesmos direitos garantidos aos homens, como votar, trabalhar, estudar, entre outros. No Brasil, o movimento feminista da metade do século XX reivindicava a liberdade sexual e o direito ao divórcio, que só foi possível em 1977, com a Lei nº. 6.515, de 26 de dezembro de 1977, que regulamentou a dissolução da sociedade conjugal e do casamento. 
 
 
O processo de redemocratização do Brasil no início da década de 1980, com a abertura lenta e gradual após 20 anos de Ditadura Militar, foi marcado pela reivindicação de diversos movimentos sociais que participaram ativamente da Constituinte em 1987 para que a nova Constituição Federal pudesse ampliar os direitos de todos e todas. O debate sobre a Lei do Divórcio na década anterior foi marcado pela pressão da Igreja Católica com o discurso de fim da família. Assim, a Constituinte foi marcada pelo embate entre o debate conservador e o debate progressista para a definição do novo Texto Constitucional em todos os temas, não sendo diferente com o conceito de família. 
Silva Júnior (2016), ao analisar o discurso sobre o conceito da família na Constituinte, apresenta que o debate conservador foi capitaneado pelo discurso religioso e machista, que, segundo o autor, teve as seguintes ideologias: 
 
· religiosa — Deus criou o homem e a mulher; 
· heterossexual — o homem se unirá à sua mulher; 
· androcêntrica — mulheres são submissas a seus maridos; 
· casamentária — não separar o que Deus uniu; 
· consanguínea — “crescei, multiplicai-vos, enchei e dominai a terra” 
 
Em contrapartida, o movimento feminista e de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros (LGBT+) apresentava novas formas de viver e consequentemente novos conceitos para se pensar a família: 
Neste sentido, quando surgem movimentos como o feminista e o LGBT no mundo, contestando o conjunto de verdades secularmente estabelecidas — no que tange ao gênero, à orientação sexual, aos modelos de família, dentre outros relevantes aspectos — ao mesmo tempo em que vão promovendo a emancipação de muitas/os que se encontravam aprisionadas/os por tais mecanismos ou dispositivos, os seus ditos e atos passam a integrar a memória discursiva sob pontos de vista contestadores (SILVA JÚNIOR, 2016, documento on-line). 
Assim, o Texto Constitucional de 1988 apresentou, pela primeira vez, que a família não se dá apenas pelo casamento, inovando na instituição da união estável, na relação igualitária entre homens e mulheres na sociedade conjugal e na perspectiva de atuação de políticas sociais para o bem-estar familiar. Assim, na Constituição Federal de 1988, consta (BRASIL, 1988, documento on-line): 
Art. 226 A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº. 66, de 2010) 
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
O Texto Constitucional de 1988 apresenta a constituição da família não apenas pela consagração do matrimônio, mas também pela união estável. Essa abertura para uma nova perspectiva de construção da família deu espaço para diversas configurações familiares reconhecidas pelo Estado brasileiro. Além disso, a centralidade da família junto às políticas sociais se consolidou nas legislações sociais após a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). 
Configurações familiares brasileiras 
A constituição de uma família só era possível até 1988 por meio do casamento, seja ele civil ou religioso. A Constituição Federal de 1988 trouxe uma nova forma de se pensar a família a partir da união estável, que foi regulamentada pela primeiravez pela Lei nº. 8.971, de 29 de dezembro de 1994, definindo como companheiros um homem e uma mulher com união comprovada, na qualidade de solteiros, separados judicialmente, divorciados e viúvos, por mais de 5 anos com ou sem prole. A Lei nº. 
9.278, de 10 de maio de 1996, definiu como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua de um homem e uma mulher, com o objetivo de constituir família, mas sem definir prazo (SIMÕES, 2011). 
O Código Civil de 2002 manteve a questão do casamento e da união estável como formas de constituição de família e ampliou a questão ao considerar que não há a necessidade de coabitação para se reconhecer uma união estável. A convivência sob o mesmo teto é apenas uma das questões que podem comprovar a união estável (BRASIL, 2002). Assim, a constituição de uma família pode ser comprovada de outras maneiras. Dessa forma, os companheiros em união estável têm os mesmos direitos de quem constitui família por meio do casamento, sendo reconhecidos direitos de herança e pensão, como também direitos de dependentes em planos de saúde, imposto de renda, entre outros. 
 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/ 
Atualmente existem diversas configurações familiares que se apresentam das mais variadas formas. Assim, é impossível categorizá-las sem restringir qualquer possibilidade de construção familiar. O único consenso é que existem diversas maneiras de se constituir uma família. Para Simões (2011, p. 185), a família pode ser definida como: 
[...] instância básica, no qual o sentimento de pertencimento e identidade social é desenvolvido e mantido e, também, são transmitidos os valores e condutas pessoais. Apresenta certa pluralidade de relações interpessoais e diversidade culturais, que devem ser reconhecidas e respeitadas, em uma rede de vínculos comunitários, segundo o grupo social em que está inserida. 
A ampliação do conceito de família pela legislação brasileira trouxe para a organização das políticas sociais públicas a centralidade na família, reconhecendo a proteção que o Estado deve dar a essa instituição social, que não é apenas uma formação jurídica, mas também é parte da formação social e construção da identidade do indivíduo. Campos e Mioto (2003, documento on-line) apontam que essa centralidade se apresenta na figura feminina, na qual a mãe é a “[...] figura cuja maior permanência ao lado dos filhos enseja o uso mais continuado do abrigo pelo grupo”. 
As autoras apresentam ainda que a relação dos programas sociais com centralidade na família está presente na Constituição Federal, a qual apresenta a obrigação de cuidado mútuo entre pais e filhos, sendo os pais responsáveis pelo cuidado durante a infância e os filhos responsáveis pelo cuidado dos pais na velhice (CAMPOS; MIOTO, 2003). Assim, as políticas sociais se organizam na perspectiva do cuidado e da obrigação em suas legislações, como também na execução dessas políticas por meio da matricialidade sociofamiliar. 
O debate atual é se a família, principalmente das classes mais pobres, tem condições de cumprir a proteção e o cuidado exigidos pelo Estado. Assim, por vezes, a família assume a falta de políticas públicas, sendo sobrecarregada pelo cuidado e pela obrigação junto aos seus parentes. Campos e Mioto (2003, documento on-line) apresentam o termo familismo, que: 
[...] deve ser entendido como uma alternativa em que a política pública considera — na verdade exige — que as unidades familiares assumam a responsabilidade principal pelo bem-estar social. Justamente porque não provê suficiente ajuda à família, um sistema com maior grau de “familismo” não deve ser confundido com aquele que é pró-família. 
Nesse sentido, a proteção social a partir da política de assistência social apresenta a atuação junto às famílias, entendendo que os vínculos entre os indivíduos e suas famílias contribuem para o bem-estar social. Portanto, o Sistema Único de Assistência Social organiza-se entre proteção básica e proteção especial de acordo com a Lei nº. 12.435, de 6 de julho de 2011: 
Art. 6º-A A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: I — proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; 
II — proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que têm por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos (BRASIL, 2011, documento on-line). 
A Resolução nº. 109, de 11 de novembro de 2009 (BRASIL, 2009), do Conselho Nacional de Assistência Social, a partir da centralidade da família, apresenta o trabalho social com famílias por meio do: 
· Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), realizado pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS); 
· Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), realizado pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS). 
 
Esses serviços são baseados na concepção de que a família se apresenta de forma heterogênea e no respeito a suas crenças, identidades e valores, privilegiando o atendimento a pessoas idosas, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes, pois esses grupos sociais que compõem a família são considerados os mais vulneráveis em casos de violência ou negligência. 
Assim, o trabalho social com famílias tem sido norteado pela política de assistência social, compreendendo essa instituição como um núcleo importante, mas que deve ser considerado em suas fragilidades e potencialidades. Assim, deve compreender as possibilidades, os limites de proteção a seus indivíduos e a necessidade do atendimento da proteção social em nível básico ou especial. Perceber a família em suas diversas configurações potencializa a proteção entre os indivíduos que a compõem, os quais não precisam necessariamente estar unidos por laços consanguíneos. 
Transformações sociofamiliares: a emancipação feminina 
As transformações familiares são reflexos de mudanças conjunturais nas estruturas sociais e econômicas, entre outras. Uma dessas transformações está relacionada à emancipação da mulher. Sobretudo após os anos 1960, com a expansão mundial do uso de pílulas anticoncepcionais, a mulher passou a controlar a sua sexualidade. Assim, sua vida deixou de estar atrelada somente à maternidade e aos cuidados com a família (SARTI, 2010). 
A partir disso, as possibilidades de vida em sociedade para a mulher foram ampliadas. Ela passou a buscar novos saberes por meio dos estudos e se inseriu no mercado de trabalho. Para muitas mulheres, ser mãe e esposa deixou de ser prioridade. Esse fato alterou a dinâmica das relações sociais entre homens e mulheres, afetando sobretudo a constituição da instituição familiar. Veja: 
No século XX, um conjunto de acontecimentos especialmente relacionados ao processo de urbanização e desenvolvimento das cidades e à entrada das mulheres no mercado de trabalho levou a mudanças econômicas da sociedade que contribuíram não só para o início do processo de autonomia e independência financeira da mulher diante do homem como também acenam para mudanças nos usos, costumes, valores e projetos de família (SIMÕES; HASHIMOTO, 2012, p. 6). 
A mulher passa, nessa perspectiva, gradativamente a preocupar-se com a sua satisfação pessoal por meio da vida social e profissional. Entre as décadas de 1920 e 1980, houve grande expansão do papel da mulher no mercado de trabalho. Esse processo foi acompanhado pela industrialização e pela urbanização das cidades — no Brasil e em muitos outros países. Contudo, o que se viu não foi a emancipação das mulheres de maneira igualitária. Para muitas mulheres, essa emancipação veio carregada de funções novas que precisaram serconciliadas com as antigas (de mãe, esposa e dona de casa). Além disso, muitas trabalhadoras precisaram enfrentar condições de precariedade em seus empregos, sem proteção social e ainda com baixa remuneração. 
 
 
Fonte: https://www.radiouniversitariafm.com.br/ 
Assim, 
Araújo (1993), em sua dissertação, ao investigar as transformações atuais da família no Brasil, observou que, por volta da década de 1960, o movimento feminista, ao defender a liberdade e a igualdade entre os sexos, combatendo todas as formas de discriminação social e lutando pela redefinição do papel da mulher na sociedade, foi fundamental para a transformação e modernização da família (SIMÕES; HASHIMOTO, 2012, p. 12). 
Você também pode considerar que na: 
[...] inserção da mulher no mercado de trabalho, ela procurou dividir suas tarefas domésticas, seja com o pai ou com instituições como: creches, escolas e outros, promovendo a participação do pai na educação dos filhos e também na organização da casa (COSTA; ANDROSIO, [2010], p. 4). 
Hoje, a permanência da mulher no mercado de trabalho e a corrida por seus sonhos pessoais podem ser facilitadas pelo adiamento ou pela recusa ao casamento e à maternidade. Assim, a redução da natalidade acaba facilitando a evolução social e profissional das mulheres. 
Como a mulher assumiu novas funções na sociedade, esta precisa se reorganizar. Nesse sentido, os homens também devem assumir outras posturas. Sobretudo, todas essas mudanças alteram o conceito até então conhecido de família. 
A FAMÍLIA E O SEU PAPEL NAS RELAÇÕES SOCIAIS 
A família é um assunto que remete a questões relativas a gênero, poder e hierarquia no âmbito das relações sociais. Dessa forma, desde o surgimento dos primeiros relatos sobre a família, ela vem se redesenhando, acompanhando as transformações da sociedade. 
Com isso em mente, você pode considerar que gêneros são construções sociais, geralmente associadas ao sexo, que caracterizam historicamente homens e mulheres. Em suas relações, as pessoas assumem funções que lhes são atribuídas conforme o seu sexo e que determinam o seu comportamento na sociedade. 
As questões de gênero estão atreladas à relação de poder existente em cada família, principalmente na relação entre homem e mulher. A maior dificuldade relacionada a esse tema reside no fato de que o conflito entre homens e mulheres se expressa na oposição entre o dominador o dominado, posições ocupadas respectivamente pelo homem e pela mulher. Assim, são definidas algumas posições prescritivas. Na lógica das polaridades, a mulher sempre se fixa no segundo polo, o dominado. Tal polo carrega conotações como as seguintes: submissão, passividade, dependência, opressão e vitimização (SANTOS et al. apud MADUREIRA, 2004). 
A questão de gênero não só define os papéis do homem e da mulher, mas acaba definindo também a hierarquia entre eles. Os homens tendem a assumir uma posição de poder, enquanto as mulheres ficam em uma condição não de sujeitos, mas de objetos possuídos pelo homem. Contudo, com a mudança nessas posições, notada principalmente nas últimas décadas, a função social da família vem se modificando. Assim como os papéis de gênero, as relações de poder e hierarquia familiar estão em movimento e: 
[...] em processo de mutação, devido às mudanças socioculturais, tecnológicas, ambientais e religiosas. Temos famílias chefiadas por mulheres, a família monoparental, a família construída a partir de novas uniões de um ou de ambos os cônjuges, as famílias adotivas, outras famílias em que avós ocupam-se totalmente da educação daqueles que seriam seus netos (SIMÕES; HASHIMOTO, 2012, p. 16). 
Assim, a família, tendo a sua função social em constante modificação, altera a dinâmica e a rotina das pessoas, sobretudo na vida doméstica. Com a mulher no mercado de trabalho, também se responsabilizando pela renda familiar, surge uma nova configuração. Os vínculos afetivos são diferenciados, assim como a divisão de tarefas domésticas — entre homens, mulheres e até mesmo filhos (ROMANELLI, 1998). 
Nessa dinâmica de redesenho familiar, a família, enquanto instituição, assume funções de proteção e afetividade, mas é palco também de disputas e conflitos. Por isso, ela é um espaço privilegiado de atuação profissional, de modo que você precisa estar atento ao seu funcionamento e aos sujeitos que a compõem. 
Família e parentesco 
Segundo Saraceno (1997, p. 14): 
[...] a família é como o espaço histórico e simbólico no qual e a partir do qual se desenvolve a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, dos valores, dos destinos pessoais de homens e mulheres, ainda que isso assuma formas diversas nas várias sociedades. 
Assim, essas formas diversas também se adaptam aos costumes culturais, ganhando arranjos e significações específicas, que podem fazer sentido numa sociedade, mas não em outra. A partir dessas ideias, Saraceno (1997) reforça que a família é, na verdade, uma construção social. É a partir dela que os atores sociais definem formas e sentidos da mudança da sociedade que habitam. Logo, é por meio do convívio social que a família vai se definindo e estabelecendo suas fronteiras. 
Sabendo disso, você já pode deixar de lado a ideia naturalizada de família, que evidencia o atributo biológico em detrimento do atributo social. Ou seja, uma família não é constituída apenas por quem tem o mesmo sangue, mas também por aqueles que se reconhecem como membros de um círculo familiar. Acompanhe o raciocínio de Dias (2011, p. 141): 
Seja qual for o modelo de família, ela é sempre um conjunto de pessoas consideradas como unidade social, como um todo sistémico onde se estabelecem relações entre os seus membros e o meio exterior. Compreende-se que a família constitui um sistema dinâmico, contém outros subsistemas em relação, desempenhando funções importantes na sociedade, como sejam, por exemplo, o afeto, a educação, a socialização e a função reprodutora. Ora, a família como sistema comunicacional contribui para a construção de soluções integradoras dos seus membros no sistema como um todo. 
Desde o nascimento, a família é a primeira instituição de socialização. É com os membros familiares que a criança aprende, de maneira inicial, a falar, a se comportar, a reconhecer quais valores deve ter e a perceber como deve agir com os outros membros da sociedade. A família também define quem são heróis naquela cultura, entre outros atributos culturais que são introjetados por aqueles que cuidam da criança. Assim, a criança não precisa necessariamente ser criada pelo pai e pela mãe para se desenvolver. Ela pode ser criada por tio, tia, avó, avô, ou mesmo ser adotada por alguém que reconheça como seus pais. Segundo Szymanski (2002, p. 
10): 
[...] o ponto de partida é o olhar para esse agrupamento humano como um núcleo em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham um quotidiano, e, no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se, atendem aos idosos, formam crianças e adolescentes. 
Ao mesmo tempo, isso não significa que esse agrupamento humano tem de ser homogêneo, como diz Sarti (2000), com os mesmos gostos e valores, com todos os seus membros pensando as mesmas coisas sobre o mundo em quem vivem. Pelo contrário, existem filhos que torcem para o time rival do dos pais, há filhas gêmeas que detestam se vestir de modo igual, há primos que pensam em projetos políticos diferentes para o país em que vivem, bem como existem parentes que discordam sobre qual presente dar para o membro mais antigo da família, etc. 
O que é importante destacar na relação familiar é justamente a possibilidade de se lidar com as diferenças num agrupamento humano menor, visando à tolerância e ao diálogo junto aos membros da sociedade como um todo. Logo, a heterogeneidade já vai sendo evidenciada no âmbito familiar e também marca as diferenças entre seus membros. Essa ideia é reforçada por Ribeiro (1999, p. 45): 
[...] viver em família significa apossibilidade de lidar com o permanente dissenso entre os projetos de homens e mulheres, como também de pais e filhos. Isto explicita a convivência entre visões de mundo conflitantes sobre a realidade, de onde vai emergir a heterogeneidade, a pluralidade dos estilos de vida, das formas de organização, das relações de gênero que se estruturam e se mantêm, em meio às rupturas e às continuidades com os valores herdados do passado e os valores apropriados no percurso da vida pessoal. 
Não importa o número de componentes numa família; o que importa é a possibilidade de troca de opinião, de aprendizagens e de vivências que enriqueçam o repertório dos membros. Essa heterogeneidade presente no seio familiar também vai se modificando ao longo do tempo, fazendo com que o modelo de família se altere. Assim, a família também é reflexo do que acontece com a sociedade, como enfatizam Faco e Melchiori (2009, p. 122): 
O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e todos os seus membros podem ser afetados por pressões internas e externas, fazendo com que ela se modifique com a finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros. 
Família no plural 
A partir do que você viu até aqui, pode considerar que as concepções de família mudam com o tempo e o lugar. Por isso é importante conhecer e refletir sobre as diferentes formas de composição da família. Mas por que é importante conhecer a família enquanto conceito? 
[...] a dinâmica que fundamenta as organizações familiares pode funcionar como fonte de “coesão, cooperação e comprometimento, mas também como fonte de conflito, rivalidade, discriminação e exclusão” (Davel & Colbari, 2003, p. 5). Em vista disso, observa-se que o universo das organizações familiares é plural, diversificado, multifacetado, em que coexistem relações de toda a ordem, tanto positivas quanto negativas. Portanto, ressalta-se a necessidade de compreender as organizações familiares por meio de nova óptica, que valorize e forneça maior respaldo para compreender as suas especificidades simbólicas (LESCURA et al. 2012, p. 102). 
Dessa maneira, cabe compreender o conceito de família não a partir de uma definição pronta, fechada e única, e sim levando em consideração as diferentes experiências que compõem o modelo familiar. Assim, o conceito de família se amplia. A família se torna plural, e não mais aquela família nuclear que está restrita ao espaço de uma só casa. 
 
 
 
Essa abertura de sentido do conceito permite incluir vivências diversas na compreensão da família, ainda que se possa estranhá-las num primeiro momento. 
Considere estes outros pontos relevantes: 
A família pode ser definida como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulada com a estrutura social na qual está inserida (MIOTO, 1997, p. 120). 
Ou seja, o que define o vínculo familiar é muito mais a relação de cuidado e a proteção que os membros estabelecem entre si do que, de fato, os laços sanguíneos. 
Essa diferença sobre o cuidado que se tem no âmbito familiar é algo crucial. 
Nesse contexto, aquilo que se define como “parente” se relaciona também a essa noção de cuidado, ainda que se possa dizer que: 
 
[...] a família é um grupo social concreto e o parentesco uma abstração, uma estrutura formal, que resulta da combinação de três tipos de relações básicas: a relação de descendência (entre pais e filhos), a de consanguinidade (entre irmãos) e a de afinidade, que se dá pela aliança, através do casamento (BRUSCHINI, 1997, p. 60). 
Entretanto, a ideia de parentesco tem se ampliado para além das relações descritas. Hoje, se configuram como parentes aqueles que também oferecem cuidado e proteção aos indivíduos. Atualmente, estão incluídas nessa categoria de afinidade as alianças advindas de amizade, de vizinhança e mesmo de valores. 
Dessa maneira, você também pode considerar que “O parentesco é uma rede de conexões de proximidade irradiada do indivíduo. Já a família, na concepção ocidental, é uma instituição baseada na parceria conjugal e na criação dos filhos” (LUNA, 2007, p. 180). Mas aqueles que cuidam e protegem, mesmo que não tenham relações sanguíneas diretas com a criança, como no caso da adoção, podem ser considerados família, se assim desejarem. Portanto, é preciso pensar numa concepção de família que seja plural, como garantem as regras constitucionais: 
Importante pontuar que a família brasileira é plural, especialmente porque decorrente das relações interpessoais e sem quaisquer discriminações ou hierarquias, devendo ser afastada, o quanto possível, a ingerência do Estado na vida privada, no tocante ao projeto de vida da pessoa humana e da construção de sua dignidade no âmbito fraterno e solidário das entidades familiares, permitindo-se tal intervenção apenas para a promoção da igualdade e pluralidade das relações com o fim de construir uma sociedade livre, justa e solidária (ANGELUCI, 2017, p. 63). 
Você deve ter em mente que a sociedade contemporânea engloba novos aspectos ao conceito de família. É o que afirma Vaitsman (1994, p. 19): “[...] o que caracteriza a família e o casamento numa situação pós-moderna é justamente a inexistência de um modelo dominante, seja no que diz respeito às práticas, seja enquanto um discurso normatizador das práticas”. 
A seguir, você pode ver os novos padrões familiares — com base na divisão feita por Hintz (2001): 
 
a) família monoparental — o casal se divorcia ou se separa e um dos pais 
assume o cuidado dos filhos; 
b) família reconstituída — o casal une os filhos de casamentos anteriores com 
os filhos do atual casamento; 
c) união consensual — primeira forma de união entre os casais; 
d) casal sem filhos por opção — o casal foca em outras áreas da sua vida e 
não na questão da vinda de um filho; 
e) família unipessoal — a pessoa opta por ficar sozinha; 
f) associação — a família é formada por amigos sem grau de parentesco, que 
não têm necessariamente um contato sexual, mas vivem juntos; 
g) casal de homossexuais — duas pessoas do mesmo sexo decidem assumir 
uma relação estável. 
 
Como você pode perceber, há diferentes formas de se reconhecer uma família. Essa definição não implica determinado número de pessoas ou mesmo o sexo desses componentes. Se uma pessoa opta por viver sozinha, ou se um casal opta por juntar seus filhos no mesmo espaço, a ideia que está colocada é de que os membros da família se sentem confortáveis com as relações familiares que definiram para si. 
Agora, que tal avançar para compreender as possibilidades de constituição de uma família em termos legais? Considere, por exemplo, a adoção. Há muitas crianças que aguardam para serem adotadas nos abrigos e para quem o dia de encontrar seus novos pais é o melhor dia de suas vidas. Desse modo, é relevante que você compreenda esses novos padrões familiares que se estabelecem na sociedade contemporânea e também que conheça a pertinência desses modelos, respeitando suas formas de expressão. 
 
 
A Questão Social materializada na família 
Para refletir sobre o papel da família na contemporaneidade, você deve considerar que não está em jogo uma instituição alheia aos determinantes conjunturais, visto que não está desarticulada da realidade social, econômica, política e cultural. A família não pode ser pensada isoladamente. Portanto, não pode ser responsabilizada unicamente pela maneira com que se apresenta e se organiza. Fazer isso é desconsiderar determinantes de ordem conjuntural, que muitas vezes resultam em situações de vulnerabilidade social. 
A Questão Social diz respeito ao conjunto de “desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, características ético-raciais e formações regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização[...]” (IAMAMOTO, 1998, p. 17). A sua essência relaciona-se aos conflitos inerentes à dinâmica do modo de produção capitalista, em que a produção de riquezas é coletiva e a apropriação dessas riquezas é privada, isto é, há um conflito na relação entre capital e trabalho. 
Pode-se delimitar o surgimento da expressão “Questão Social” ao período da Revolução Industrial no cenário europeu, quando emergia o fenômeno do pauperismo: as riquezas produzidas cresciam na mesma proporção em que a pobreza e a miséria da população. No entanto, apesar de designar desigualdades sociais oriundas desse contexto societário, a Questão Social abrange também outra dimensão que lhe é indissociável: a resistência. É essa sua faceta, de resistência, que permite aos sujeitos denunciar as desigualdades vivenciadas e reivindicar perante o Estado o atendimento às suas demandas. Tal atendimento deve ultrapassar a benesse ou então a repressão, binômio que polariza as expressões da Questão Social e as torna passíveis da intervenção ora caritativa, ora punitiva. 
As expressões da Questão Social são todas as suas manifestações no cotidiano dos indivíduos e de suas famílias: desemprego, violência, pobreza, miséria, entre outras. Tais expressões podem ter repercussão no papel que historicamente foi atribuído às famílias, ou seja, de prover condições para o pleno e saudável desenvolvimento de seus membros e de ser um espaço seguro e protegido. As famílias que vivenciam expressões da Questão Social ficam vulneráveis e suscetíveis a violar direitos de seus membros, sejam eles crianças, adolescentes ou idosos, por exemplo. Afinal, a própria família, como um todo, já experiencia uma série de violações de direitos de cidadania quando não tem acesso a condições de vida dignas. Dessa forma, num contexto de escassez de alimentos, de condições de moradia e de desemprego ou relações de trabalho muito precarizadas, o respeito ao outro, a afetuosidade e as perspectivas de um planejamento futuro ficam bastante comprometidas ou até mesmo anuladas. 
Considere o que expressa o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990, documento on-line) em seu art. 4º: 
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Certamente, as famílias em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes sem a mínima condição socioeconômica, não têm a possibilidade de cumprir o que prevê a legislação. Embora o contexto societário perpasse todos os contextos familiares, seus impactos “[...] incidem de formas diferentes conforme os recursos sociais, econômicos e culturais das famílias [...]” (SARTI, 1999, p. 102). Diante disso, é imprescindível a corresponsabilização do Estado, no sentido de fazer-se presente no enfrentamento das expressões da Questão Social. As políticas sociais públicas, quando articuladas, são exemplos de ações do Estado que visam ao acesso aos direitos de cidadania. Elas são operacionalizadas por diferentes profissionais, entre eles os assistentes sociais, e se materializam nos mais distintos espaços socioocupacionais, envolvendo políticas setoriais de educação, saúde, assistência social, etc. 
Há, nas normativas que balizam a execução das políticas sociais, uma centralidade na família. Tal centralidade não deve delegar a essa instituição a responsabilidade única pela garantia de direitos de seus membros. A ideia é reconhecer as potencialidades da família enquanto instância primeira a ser fortalecida. Nos cenários em que o Estado retira-se de cena, removendo recursos das políticas sociais e delegando a responsabilidade à sociedade civil, a família que já está em situação de vulnerabilidade social se vê sobrecarregada no cumprimento das funções historicamente delegadas a ela. 
Com base nos estudos de Gomes e Pereira (2005), é possível elencar alguns desafios a serem implementados pela sociedade e, sobretudo, pelos profissionais de diferentes áreas que atuam com famílias, entre eles os assistentes sociais. Veja a seguir. 
 
· Romper com a idealização em torno de um modelo de família e valorizar outras configurações familiares existentes. A família “real” deve ser o alvo. Deve-se compreender que ela pode representar espaço de afeto, mas também de conflitos. Ela é uma instituição que acompanha as mudanças societárias ao longo do tempo. 
· Dirigir um olhar atento às famílias para reconhecer as suas fragilidades e as vulnerabilidades às quais estão expostas, ampliando as possibilidades de intervenção profissional. 
· Considerar as famílias em sua totalidade, isto é, superar a visão fragmentada sobre cada um de seus membros (crianças e adolescentes, adultos, idosos). Isso não significa deixar de reconhecer as especificidades de cada ciclo de vida, mas compreender cada um dos sujeitos como parte intrínseca de uma organização maior que os influencia e é por eles influenciada constantemente. 
FORMAÇÃO DA FAMÍLIA E SOCIEDADE 
Na sociedade contemporânea, ocorrem cada vez mais adoções de crianças por casais com diferentes orientações sexuais. Essa adoção pode se dar apenas por uma pessoa, por um casal ou por um conjunto de pessoas que vivem juntas. Como você já viu, para o conceito de família, é crucial é a noção de cuidado e proteção dos membros envolvidos. A questão da adoção evidencia outros termos utilizados atualmente para se definirem as novas formas familiares. Entre a gama de termos existentes, considere a coparentalidade: 
Trata-se de arranjos familiares criados por gays e lésbicas que se associam com um parceiro do outro sexo para procriar, com ou sem relações sexuais, e criar a criança assim gerada em sistemas variados de residência alternada. A coparentalidade pode assumir múltiplas formas de acordo com o status conjugal dos parceiros e com o papel reservado a cada um dos atores envolvidos na elaboração do projeto. Assim, podemos ter situações onde um casal de homens decide ter uma criança com um casal de mulheres, um casal de mulheres com um homem solteiro (que pode ser homossexual ou heterossexual) ou ainda um casal de homens com uma mulher solteira (que também pode ser homossexual ou heterossexual) (TARNOVSKI, 2010, p. 2). 
Com os novos padrões familiares, cabe à sociedade se adaptar e compreender que as novas formas de se estar junto são tão legítimas como a família nucleada e estabelecida por relações sanguíneas. Assim, mesmo que se tenha garantida a noção de liberdade na Constituição Federal de 1988, é preciso readaptar as formas jurídicas para que as novas famílias tenham seus direitos garantidos e possam viver com mais tranquilidade e segurança jurídica. Nesse sentido, ainda há uma longa luta a ser realizada, como explicita Scott (2004, p. 70): 
Espaços novos e antigos abrem e alargam-se em torno da discussão de papéis individuais, psicológicos e ideológicos na família, e questões sobre políticas públicas, reprodução, gênero e sexualidade se tornam temas importantes, forjados agora num linguajar de direitos internacionais e cooperação para a criação de uma diversidade legítima sob a vigilância da ordem global. Procuram-se direitos, definidos e (controlados) por meio de movimentos capazes de colocar holofotes sobre as demandas dos seus participantes, e a família, devido à sua própria diversidade, se torna uma arena para a negociação e realização desses direitos, muito mais do que um sujeito de movimentos ou de investigação próprios. 
As pessoas que compõem esses novos padrões familiares ainda passam por situações constrangedoras na sociedade em que vivem, como apontam Grosman e Martínez Alcorta (2000, p. 132): 
[...] atualmente estas famílias vivem seu acontecer cotidiano essencialmente no marco privado, à margem da lei, com pautas institucionais adstritas só a alguns integrantes do grupo. Se constituíram fora dos referenciais da família clássica e sua situação podeser qualificada como paradigmática, pois por uma parte sofrem a desconfiança que nasce de “transgredir” o modelo “normal”, mas por outra são aceitas, cada vez de maneira mais crescente, devido a sua força e magnitude. 
Nesse sentido, cabe compreender que um dos grandes desafios 
contemporâneos consiste em: “[...] respeitar a pluralidade de institutos e, por consequência, a pluralidade de efeitos que, por certo, podem (e devem) ser diversos, sob pena do aniquilamento da liberdade da pessoa e da sua própria dignidade humana” (ANGELUCI, 2017, p. 73). Assim, com o acesso aos direitos, as famílias podem garantir que sua geração tenha continuidade. Por último, como evidencia Scott (2010, p. 277), há uma diferença que precisa ser destacada: 
Famílias são compostas de gênero, geração, conjugalidade, sentimentos de pertencimento, ideias de corresidência, cooperação solidária, autoridade, afeto e subjetividade, entre outras coisas. Gerações são compostas de pessoas entrelaçadas hierarquicamente por redes de parentesco e família, por pessoas ligadas por pertencerem a categorias etárias e por pessoas cuja referência temporal é algum evento ou ambiente histórico que unifica muitas pessoas geralmente em referência a algum evento exterior à idade e ao parentesco. De certa maneira, os usos, em horas diferentes, de ideias, de ciclos, de cursos e de trajetórias, ao discutir gerações, reflete uma ascensão atual de subjetividades, configurações fragmentadas e de noções diversas de tempo numa articulação longa e variada de ideias forjadas de acordo com a polissemia e a mobilidade dos objetos em investigação. 
Portanto, como você viu, a sociedade está em transformação, e o conceito de família acompanha as mudanças. É por isso que você também tem de se atualizar e compreender os novos padrões familiares. 
 
Características da sociedade 
O conceito de sociedade pressupõe convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada de forma consciente. Os membros de uma sociedade podem ser de diferentes grupos étnicos ou pertencer a diferentes níveis ou classes sociais. Uma sociedade é caracterizada pelos interesses em comum entre os membros e as suas preocupações em relação ao mesmo objetivo. O conceito de sociedade é conflitante com o de comunidade — organização do homem em coletividade. Esse conflito gerou diferentes interpretações de pensadores a respeito do que caracteriza uma sociedade. 
O estudo da sociedade começa na origem da natureza do homem, que, além de racional, é principalmente social. Na sua origem, a sociedade foi criada para satisfazer às necessidades vitais do homem e desenvolver plenamente todas as suas faculdades e poderes. Essa predisposição, chamada de apetite societatis, levou o homem à formulação dessa vivência em coletividade. Por essa razão, o surgimento da sociedade foi determinado pelas condições de sociabilidade natural do homem, decorrentes da própria esfera da vida, seja da vida instintiva, como o instinto de alimentação, reprodução, entre outros, ou da necessidade de comunicação, organização e convivência. 
A sociedade tem características iniciais que se dividem entre a sua etapa de formação e evolução, que dizem respeito à diferenciação e separação do conceito de Estado e, posteriormente, ao conceito de empresa. 
 
 
 
Do conceito abordado por Aristóteles (2010), os termos comunidade e sociedade são complementos, sendo a comunidade inserida no conceito de sociedade, pois a filosofia grega, à época, não conhecia a distinção entre comunidade e sociedade como duas categorias conceituais diferentes de conhecimento sociológico. Essa distinção de duas formas originais de comunidade ou sociedade, a doméstica ou econômica e o cidadão ou político, foi decisiva para poder delinear o conceito de sociedade. O mesmo ocorreu com a observação adicional de que a lei é radicalmente inseparável de ambas as formas de comunidade ou sociedade, porque tem um caráter constitutivo em ambos. 
Se, pelo estudo da sociedade no pensamento grego, o conceito é delineado na teoria ética e política, no pensamento romano, isso ocorre no campo jurídico e, mais especificamente, no campo da prática jurídica e das relações comerciais, provavelmente por causa da prática comercial helenística. Devido a isso, não só o conceito é aperfeiçoado, mas também a palavra que será consagrada em uma infinidade de línguas: a sociedade. 
De acordo com essa origem, as sociedades no mundo jurídico romano se configuraram primeiro como uma associação de várias pessoas, com um interesse comum. Não tiveram, portanto, relação primariamente com o bairro ou com o espaço vital, mas com um acordo de vontades, com um contrato. A partir disso, no Direito Privado romano, a sociedade era constituída por um contrato consensual e sem forma, em que várias pessoas se ligavam entre si para fornecer uma propriedade para lucro, que será então distribuído conforme acordado. Nessa filosofia, o conceito de sociedade, por decorrer da vontade de partes, para fins de obter lucro ou vantagem, tem um conceito bastante mercantil. 
Evoluindo desse conceito, da sociedade civil e da sociedade humana, temos o surgimento da sociedade pelas definições da lei civil e da lei das nações. Há, portanto, uma sociedade mais completa, apresentando divisões de leis, direitos e costumes. 
Essa síntese escolar da doutrina ética e política aristotélica, por um lado, e da doutrina legal e ética romana, por outro, persiste pacificamente no pensamento ético e político posterior até meados do século XVII. Mesmo com a ruptura da unidade religiosa e da unidade política, a sociedade manteve o seu conceito tradicional, dividida em várias classes. O que alterou, a partir de então, foi a configuração da sociedade civil ou política, que hoje é abordada também como sociedade pública. 
Esse novo conceito trouxe a relação entre a sociedade civil e o Estado. A sociedade civil adquiriu um significado novo e mais preciso. Com ela, não mais se entendia a sociedade política como base ou substrato humano da organização política, que havia sido recentemente configurada como um Estado e que foi amplamente identificada com essa organização, mas como o conjunto de cidadãos que coexistiam simultaneamente no território de um Estado e, como tal, constituíam uma unidade, cujos interesses não apenas não coincidiam, mas, muitas vezes, opunham-se aos interesses da organização política ou do Estado. Essa nova concepção de sociedade, como a sociedade civil, consagrou-se, tanto social quanto politicamente, com a Revolução Francesa, graças aos teóricos do Iluminismo, atingindo a sua expressão dogmática na Declaração Direitos Universais do Homem e do Cidadão. 
Assim, a sociedade civil se tornou uma sociedade de classes ou propriedades, cujo determinante fundamental são as relações de produção da vida material, isto é, a base econômica. Dentro da sociedade assim constituída, opera uma série de tendências relacionadas aos indivíduos que a compõem, tendências que, pouco a pouco e superando os interesses particulares, configuram certa ciência social ou modo de pensar e de opinião. Esse modo comum de pensar e expressar opiniões, na medida em que visa fixar e organizar os assuntos, constitui o núcleo de cada sociedade e, ao mesmo tempo, permite diferenciá-la dos outros, mesmo aqueles mais próximos a ela. Também tem a qualidade de ser histórico, no sentido mais radical da palavra; o que implica que não é passivo ou estático, isto é, imóvel, mas que é ativo e dinâmico, isto é, que está em contínua mudança. 
Conceitos de sociedade na filosofia e nas ciências sociais 
O conceito de sociedade civil está presente quando aliamos o Estado. Na composição de sociedade civil versus Estado, temos a figura da sociedade civil como a relação entre indivíduos, grupos e classes sociais, os quais se desenvolvem em paralelo com as relações de poder da força estatal. 
Para a filosofia, a sociedade civil obedece a um conjunto de valores, de maneira que a fisionomia de uma época depende da forma como seus valores se distribuem ou se ordenam.Esses valores representam o mundo do dever–ser, das normas ideais segundo as quais se realiza a existência humana, refletindo-se em atos e obras, em formas de comportamento e em realizações de civilização e de cultura, ou seja, em bens que representam o objeto das ciências culturais. 
Essa ideia da sociedade, de modo geral, não se reduz aos indivíduos que a formam, mas sim envolve a teoria de uma consciência coletiva e superior à consciência dos indivíduos componentes, formando um todo uno e diverso, que não seria explicável tão somente pela simples soma dos indivíduos que se congregam para viver em comum e sim do elemento distintivo do fato social coletivo. A ideia de sociedade, longe de constituir um valor originário e supremo, acha-se condicionada pela sociabilidade do homem, isto é, por algo inerente a todo ser humano e seus valores. 
A sociedade civil, dessa maneira, visa controlar e resolver as contradições, utilizando-se de recursos de persuasão e pressão, baseando-se na hegemonia e no consenso, ou seja, é na sociedade civil que o Estado controla os problemas econômicos, ideológicos, sociais e religiosos, intervindo como mediador. A sociedade civil, dessa forma, é constituída pelas forças sociais, as quais se organizam, associamse e se mobilizam pelo interesse da coletividade. 
Assim, a sociedade civil é constituída por um espaço da vida social organizada que é independente do Estado, apresentando uma autogestão voluntária e, de certa forma, autônoma, mas limitada por uma ordem legal e normas. A sociedade civil se situa num campo entre a esfera privada e o Estado. Assim, exclui a vida familiar e individual, a atividade interna dos, as empresas particulares voltadas para o lucro e os esforços políticos para controlar o Estado. Os indivíduos da sociedade civil necessitam da proteção de uma ordem legal institucionalizada para preservar sua autonomia e liberdade de ação. Dessa maneira, a sociedade civil não somente restringe o poder do Estado, mas também legitima a autoridade estatal quando esta se baseia nas regras da lei. 
Perspectivas sociológicas contemporâneas 
A sociedade civil e as organizações da sociedade civil apresentam um mesmo potencial para desempenhar suas funções, características estruturais internas e suas intenções. Frente à sociedade moderna, uma das características mais importantes tem a ver com os objetivos e métodos dos grupos na sociedade civil. Nesse contexto, as oportunidades inseridas em sociedade, para desenvolver democracias estáveis, aumentaram significativamente, pois a sociologia vem trazendo a prática democrática. 
Dessa forma, à medida que um grupo busca conquistar o Estado ou dominar outros que disputam o mesmo espaço de atuação, ou pela não aceitação de normas legais impostas pelo Estado Democrático, o próprio caráter internamente democrático da sociedade civil afeta o grau no qual podem socializar seus participantes em formas de conduta democrática ou antidemocrática. Se os indivíduos ou organizações que compõem a sociedade civil funcionam como grandes escolas livres para a democracia, devem funcionar democraticamente em seus processos internos de decisão, elaboração de políticas e de escolha de seus dirigentes. 
Por tudo isso, a sociedade civil não é uma simples categoria residual, sinônimo de sociedade ou de algo que não é o Estado ou o sistema político formal. Além de serem voluntárias, autogeridas, autônomas e autorreguladas, as organizações da sociedade civil são diferentes de outros grupos sociais em vários aspectos, uma vez que a sociedade civil tem a finalidade pública antecedente à privada. Ainda, a sociedade civil deve se relacionar com o Estado de certa forma, mas não com o objetivo de obter o poder formal ou o direcionamento do poder estatal. Do contrário, a sociedade civil busca do Estado concessões, benefícios, alterações políticas, assistência ou compromissos, por meio de suas organizações e movimentos sociais que tratam de mudar a natureza do Estado, qualificando-se como parte da sociedade civil. Tais esforços têm por intuito o bem público e não a intenção de alcançar o poder estatal para o grupo em si. 
Outra característica é que a sociedade civil implica diversidade. Quanto mais pluralista se torna a sociedade civil sem se fragmentar, mais benefícios trará para a democracia. Essa diversidade auxilia os grupos a sobreviver na sociedade civil e os obriga a aprender a cooperar e articular entre si. À medida que uma organização busca monopolizar um espaço funcional ou político na sociedade, sustentando que concebe a única via legítima, contradiz a natureza pluralista e orientada ao mercado da sociedade civil. Portanto, o pluralismo dentro de um determinado setor, como os direitos humanos, tem efeitos positivos, pois a competição entre diferentes associações num mesmo setor pode contribuir para garantir a responsabilidade e representatividade, proporcionando aos membros a possibilidade de mudar para outras organizações se aquela a que pertencem não cumprir esses requisitos. 
Por fim, o fator mais importante frente às novas perspectivas da sociedade trata-se da concretização democrática da sociedade civil e da institucionalização política. Esse processo é caminho pelo qual a democracia se amplia e se legitima frente os cidadãos, implicando em mudanças de conduta individuais e institucionais que normalizam as políticas democráticas e diminuem a incerteza. Ou seja, a sociedade civil tem um papel importante na construção e consolidação da democracia, mantendo sua autonomia e não se alienando em relação ao Estado. Quanto mais a sociedade civil for ativa, com recursos, institucionalizada, democrática e efetiva na relação com o Estado, mais contribuirá para a democracia. 
Função da sociedade no cotidiano 
A sociedade é um arranjo constituído por elementos específicos, que tem como objetivo estabelecer regras de conduta para organizar a convivência humana. Esses elementos são: 
 
· finalidade social; 
· manifestações conjuntas ordenadas; 
· poder social. 
 
Dessa forma, podemos afirmar que nem toda reunião de pessoas é considerada uma sociedade, visto que é necessária a presença desses elementos. 
 
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Teorias sobre a origem da sociedade 
Sabemos que a vida em sociedade é inerente ao homem e, para explicar o surgimento e a consolidação da sociedade, há algumas teorias. Veja cada uma em detalhes a seguir. 
 
Teoria naturalista 
 
Essa teoria teve início com o filósofo grego Aristóteles, no século IV a.C., o qual concluiu que o homem era um ser naturalmente político e que, por isso, precisaria viver em sociedade. Para Aristóteles, como afirma Dalmo Dallari (2010, p. 10): 
Só um indivíduo de natureza vil ou superior ao homem procuraria viver isolado dos outros homens sem que a isso fosse constrangido. Quanto aos irracionais, que também vivem em permanente associação, eles constituem meros agrupamentos formados pelo instinto, pois o homem, entre todos os animais, é o único que possui a razão, o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto. 
Seguindo a teoria de Aristóteles, Cícero, na Roma Antiga, também defendia a ideia de que o homem tem uma disposição natural para a vida associativa. Do mesmo período medieval, Santo Tomás de Aquino afirmava que o homem é um ser político por fatores naturais e que a vida em isolamento é exceção, que pode se enquadrar em três situações distintas: 
 
· excellentia naturae, quando o indivíduo for tão virtuoso quanto os santos eremitas; 
· corruptio naturae, quando o indivíduo sofrer anomalias mentais; 
· mala fortuna, quando, por acidente, o indivíduo passar a viver em isolamento. 
 
 
 
Em épocas mais recentes, o italiano Ranelletti se filiou à teoria naturalista, afirmando, de acordo com Dalmo Dallari (2010, p. 110), que: 
Só na convivência e com a cooperação dos semelhantes o homem pode beneficiar-se das energias, dos conhecimentos, da produção e da experiência dos outros, acumuladas através de gerações, obtendo assim os meios necessários para que possa atingir os fins desua existência, desenvolvendo todo o seu potencial de aperfeiçoamento, no campo intelectual, moral ou técnico. 
Dessa forma, o homem necessita do convívio com os seus semelhantes para que possa alcançar a sua finalidade existencial. 
 
Teoria contratualista 
 
Contrapondo-se à teoria naturalista, contudo, há a teoria contratualista. Essa teoria defende que a sociedade é o resultado de um acordo de vontades, de um contrato hipotético celebrado entre os homens. Há entendimentos diversos sob a perspectiva da teoria contratualista, sendo que o ponto comum entre elas é a desconsideração da vida em sociedade como impulso natural; podemos dizer, sobretudo, que a vontade humana justifica a vida em sociedade. 
Thomas Hobbes, autor do Leviatã, de 1651, apresenta o entendimento de que, primeiro, o homem vivia em estado de natureza, referindo-se às épocas mais primitivas e à situação de desordem criada pela ausência de uma organização social, causando o que o autor chama de guerra de todos contra todos. Para Delmo Dallari (2010, p. 13): 
O mecanismo dessa guerra tem como ponto de partida a igualdade natural de todos os homens. Justamente por serem, em princípio, igualmente dotados, cada um vive constantemente temeroso de que outro venha tomarlhe os bens ou causar-lhe algum mal, pois todos são capazes disso. 
O autor inglês afirma que esse temor é responsável pela iniciativa agressiva dos homens. 
Assim, torna-se necessária a interferência da razão humana para a instituição de um contrato social, ou seja, um acordo entre os homens que estabeleça princípios para que o estado de natureza seja superado, evoluindo para o estado social. Surge, então, o que Thomas Hobbes denomina lei da natureza. Hobbes (1988, p. 78) afirma que: 
Uma lei de natureza (lex naturalis) é um preceito ou regra geral, estabelecido pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la, ou omitir aquilo que pense poder contribuir melhor para preservá-la. 
Assim, com base nas leis da natureza, os homens celebram o contrato, com uma mútua transferência de direitos e, em decorrência desse contrato, estabelece-se a vida em sociedade. 
Thomas Hobbes defende, ainda, que a preservação da vida em sociedade depende de um poder visível, que mantenha os homens dentro dos limites da lei da natureza, obrigando-os a cumprir as suas obrigações. Esse poder visível, para o autor, é o Estado, que se caracteriza por um homem artificial, dotado de poder de proteção e defesa, que, mesmo que desempenhe suas funções de maneira ineficiente, deve ser mantido, pois a sociedade dá segurança aos homens e deve ser preservada a qualquer custo. 
Contrapondo as ideias de Hobbes, o também inglês John Locke, no fim do século XVII, discorda da existência de uma guerra de todos contra todos e de um Estado controlador, mas se mantém contratualista. Ao analisar os padrões de comportamento da natureza, o autor toma por referência a relação que se estabelece entre homem e mulher, ao afirmar que: 
A sociedade conjugal resulta de um pacto voluntário entre o homem e a mulher, e embora consista principalmente em uma comunhão dos corpos, fundamentada sobre um direito recíproco, como o exige seu objetivo principal, a procriação, esta sociedade se acompanha de uma ajuda e de uma assistência mútuas (LOCKE, 2002, p. 36). 
O autor, então, conclui que: 
[...] se todos os homens são, como se tem dito, livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações da sociedade civil é através de acordo com outros homens para se associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que não são daquela comunidade (LOCKE, 2002, p. 61). 
Dessa forma, Locke defende que a origem de uma sociedade se dá com o consenso de vontades entre os indivíduos, assim como o consenso que se percebe na relação entre homem e mulher. 
Para Rogério Leal (1997, p. 81): 
Se em Hobbes o Estado é a fonte do direito, não reconhecendo direitos preexistentes, mas os criando ao promulgá-los; se tudo é convenção, não havendo direito efetivo fora daqueles enunciados pelo Estado; com Locke, o direito que o homem tem sobre si mesmo trará como consequência o direito sobre as coisas, mediado pelo trabalho [...]. 
Locke defende que o Estado apenas deve reconhecer e proteger direitos preexistentes, visando o bem comum, tendo em vista que não tem o poder de constituir quaisquer direitos, como supunha Hobbes. As teorias de John Locke são forte influência para a proposta liberal em crescimento na atualidade, defendendo a pouca intervenção do Estado na vida do indivíduo. 
Seguindo o desenvolvimento das teorias contratualistas, Montesquieu, em 1748, na sua obra O espírito das leis, defende o estado de natureza, mas insere o homem nesse cenário como um ser amedrontado, que precisa dos seus semelhantes para se sentir fortalecido e buscar a paz. No entanto, depois da formação das sociedades que o filósofo acredita ser o início da guerra, entre sociedades ou entre indivíduos, justificando a existência de um Estado para controlá-los, por meio das leis. Retomando a ideia de Thomas Hobbes, surge Jean-Jacques Rousseau, em 1762, com a obra O contrato social. Para Rousseau, é a vontade, não a natureza humana, o fundamento da sociedade: no estado de natureza, o homem só se preocupa com a sua individualidade e não há condições de permanecer vivo, sendo necessária a união de esforços para que seja alienada a vontade de cada um em prol da vontade geral, o que o filósofo chama de contrato social. Essa associação cria o Estado, que se torna responsável por proteger a sociedade e manter a ordem social. 
Elementos da sociedade 
Analisadas as teorias sobre a origem da sociedade, é importante identificarmos os elementos que a compõem. Um grupo específico que se reúne com algum motivo em comum não é sufi ciente para que constitua uma sociedade: é preciso verificar, essencialmente, a presença de: 
 
· finalidade ou valor social; 
· manifestação em conjunto e ordenadas; 
· poder social 
 
Vamos nos dedicar ao estudo de cada um desses elementos. 
 
Finalidade social 
 
Ao refletir sobre a finalidade de algo, pressupomos que há a possibilidade de escolha, um objetivo estabelecido de maneira consciente. Contudo, no que se refere à sociedade, existem duas correntes teóricas: o determinismo e o finalismo. Para os deterministas, não há possibilidade de escolha na finalidade da sociedade. De acordo com Dalmo Dallari (2010, p. 22), eles defendem que: 
O homem está submetido, inexoravelmente, a uma série de leis naturais, sujeitas ao princípio da causalidade. Por essa razão, embora exista a possibilidade de interferir em pormenores da vida social, há um fator ou há vários fatores determinando a sucessão dos fatos fundamentais. 
Assim, as consequências graves desse entendimento são a submissão completa e a descrença em mudanças qualitativas, tendo em vista que, para os deterministas, tudo está predeterminado. 
Por outro lado, os finalistas defendem que a finalidade social é livremente escolhida pelo homem, com a aplicação da razão e da vontade humana. Nessa perspectiva, surge um problema: a diferença de valor que dois indivíduos podem atribuir à mesma situação. Com isso, a finalidade social deve ser um bem que todos compreendam como importante, surgindo, então, o bem comum, que consiste na busca pela criação de condições que permitam a cada um atingir seus fins particulares. 
 
 
Manifestação em conjunto e ordenadas 
 
A manifestação em conjunto se refere à ideia de que não basta uma sociedade organizada com um fim social: é preciso que atue para assegurar a concretização do objetivo almejado. Nesse sentido, as manifestações em conjunto devem sertambém ordenadas, seguindo três requisitos básicos: 
 
· reiteração; 
· ordem; 
· adequação. 
 
Por reiteração, entendemos a manifestação consolidada, de maneira permanente, não eventual, em prol da finalidade social. No que se refere à ordem, pressupõe dois contextos diferentes: a do mundo físico e a do mundo ético, em que estão todas as leis que regulam a ação humana, as quais estão submetidas ao princípio da imputação, ou seja, toda ação humana pode gerar uma consequência, como, por exemplo, quem rouba pode ser preso. Como afirma Dalmo Dallari (2010, p. 
30): 
As manifestações de conjunto se produzem numa ordem, para que a sociedade possa atuar em função do bem comum. Essa ordem, regida por leis sujeitas ao princípio da imputação, não exclui a vontade e a liberdade dos indivíduos, uma vez que todos os membros da sociedade participam da escolha das normas de comportamento social. 
Por fim, quanto à adequação, podemos afirmar que a ação humana deve estar atenta às exigências e às possibilidades da realidade social, para que o resultado não seja diverso do bem comum. Assim, os próprios integrantes da sociedade devem orientar suas ações para o que consideram bem comum, seguindo as mudanças e a evolução social. 
 
Poder social 
 
O poder social é o mais importante elemento da sociedade e consiste na observação de que, em todas as épocas, em todas as sociedades, ocorrem conflitos entre indivíduos ou grupos sociais, sendo necessária uma vontade predominante para preservar a unidade em função da finalidade social. O poder social pode ser caracterizado por socialidade e bilateralidade, que se conceituam como um fenômeno social, não podendo ser explicado por fatores individuais e como a correlação de duas ou mais vontades, sendo uma predominante, respectivamente. 
A COMUNIDADE 
Você sabia que “comunidade” significa um grupo de pessoas que vivem dentro de uma mesma área geográfica, rural ou urbana, unidas por interesses comuns? As comunidades variam quanto ao tamanho e à organização, compreendendo tipos bem diferentes, podendo ser uma aldeia ou uma grande cidade. Neste capítulo, você irá apreender o conceito de comunidade e entender como se dá a formação desse grupo. 
 
 
Fonte: https://medium.com/ 
O conceito de comunidade 
Geralmente, a comunidade é definida como uma unidade constitutiva de uma sociedade mais ampla, mas as sociedades tribais, que podem ser consideradas protótipos de comunidades, muitas vezes representam unidades autossuficientes e soberanas. 
A palavra “comunidade” pode ser usada para descrever vários tipos de grupos. Mesmo considerando o amplo leque de aplicações, a definição do termo tem passado, sobretudo, pela dimensão subjetiva. Ao tentar definir o termo “comunidade”, pode-se enfocar, inicialmente, a questão da territorialidade e pode-se, também, associar o termo a um dos elementos que perpassam o viver comum, ou seja, ao sentimento de pertencimento; ao sentimento coletivo de “nós”. Segundo Bauman (2003), esse sentimento propicia o estabelecimento de interconexões de comunicação, desde o mais primitivo momento histórico até a vida contemporânea. De forma mais incisiva, pode-se afirmar que o sentimento de pertença e a existência de objetivos comuns são os alicerces para efetivar os elos entre os membros da comunidade, pois seria aquilo que mantém as pessoas unidas apesar de todos os fatores que poderiam separá-las. A dimensão subjetiva se coloca, assim, como mais significativa do que outras dimensões, como a da espacialidade, também inegavelmente associada à ideia de comunidade. 
O vínculo social mantido em um determinado espaço pode ser entendido como parte de uma comunidade se esse vínculo se der a partir de alguma crença, etnia, tradição ou outra característica comum que una os que compartilham desse vínculo. Conforme Bauman (2001), conforme o avanço da sociedade na modernidade, os contextos em que se dão esses vínculos se modificam. De uma sociedade feudal para uma sociedade de capitalismo avançado, muitos são os motivos para que as pessoas se unam organizadas socialmente segundo variados critérios. Consensos se formaram sobre o processo de modernização no século XX de forma a retratar uma sociedade que se complexifica, se segmenta e, ao mesmo tempo, se concentra nas grandes cidades. 
Comunidade, segundo Redfield (1989), é um agrupamento distinto de outros agrupamentos humanos, sendo “[...] visível onde uma comunidade começa e onde ela acaba.”. O autor define a comunidade como sendo: pequena, a ponto de seus limites estarem sempre ao alcance da visão daqueles que a integram; autossuficiente, de modo que atenda a todas as necessidades e ofereça as atividades necessárias para as pessoas que fazem parte dela; e independente dos que estão de fora. 
Embora as definições de Redfield (1989) sejam referentes às formas que tomavam as comunidades principalmente agrárias, que ainda sobrevivem hoje em alguma medida, e as anteriores à nossa modernidade pós-revolução industrial, é possível traçar uma referência ao nosso convívio moderno e nas formas que uma comunidade toma em nossa realidade. 
Trata-se, então, de não apenas um corpo ou um objeto, mas também de uma construção ideológica que se baseia na necessidade individual da segurança, do conforto, da familiaridade e do sentimento de pertencimento, de que fazemos parte de algo maior que nossa individualidade, da delimitação do “nós” (o familiar) e dos “outros” (o estranho). 
Nesse ponto, o autor Bauman (2001, p. 89) nos esclarece: “[...] pertencer a uma comunidade significa renegar parte de nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfazer nossas necessidades de intimidade e da construção de uma identidade.”. 
Como se forma uma comunidade 
Por muito tempo, o conceito de comunidade ficou restrito à ideia de um grupo de pessoas que reside em uma mesma área geográfica, compartilhando um modo de vida e uma cultura – em geral vizinhos e familiares. Na contemporaneidade, quando a virtualidade entrou em cena, as mudanças espaciais se tornaram mais rápidas e diferentes culturas passaram a conviver em um mesmo espaço, essa concepção passou a ser questionada, ganhando caráter mais amplo. 
Hoje, o conceito refere-se a um grupo de pessoas que compartilham algo em comum, como uma história comum, um objetivo comum, uma determinada área geográfica ou práticas comuns, como as comunidades quilombolas, as comunidades virtuais e as comunidades escolares. 
Segundo Tönnies (1947), as relações comunitárias prescindem, pelo menos a priori, da necessidade de igualdade e liberdade das vontades. Em grande medida, constituem-se por razões de determinadas desigualdades “naturais”, como aquelas encontradas entre sexos, idades ou forças físicas e morais distintas, como se dão nas condições materiais de existência. Sua origem repousa na consciência da dependência mútua determinada pelas condições de vida comum, pelo espaço compartilhado e pelo parentesco: por isso, se realiza como comunidade de bens e males, esperanças e temores, amigos e inimigos, mobilizada pela energia liberada por sentimentos envolvidos, como afeto, amor e devoção. 
Para Tönnies (1947), uma teoria da comunidade teria que adensar fundamentalmente sua raiz nas disposições gregárias estimuladas pelos laços de consanguinidade e afinidade (sejam relações “verticais”, entre pais e filhos, ou “horizontais”, entre irmãos e vizinhos), caracterizando-se pela inclinação emocional recíproca, comum e unitária; pelo consenso; e pelo mútuo conhecimento íntimo. 
Postulou, assim, o que seriam suas “leis principais” de formação de comunidades: 
a) parentes, cônjuges, vizinhos e amigos que se gostam reciprocamente; 
b) entre os que se gostam, há consenso; 
c) os que se gostam se entendem, convivem e permanecem juntos – ordenam 
sua vida em comum (TÖNNIES, 1947). 
 
 
 
Os padrões de relações comunitárias, segundo Tönnies (1947), se realizam territorialmente por três núcleos espaciais: a casa, a vila e a cidade. Ainda que se possa ponderar a predominância da sociabilidade de família nacasa, de vizinhança na vila e de afinidade espiritual na cidade, enquanto formas comunitárias de sociabilidade, Tönnies (1947) imaginava os três padrões imbricados em cada uma de suas extensões espaciais, de maneira que a cidade, enquanto o possível lócus mais evoluído desse esquema, compartilharia, a seu modo, de todos os elementos das formações socioespaciais precedentes, pelo menos em um primeiro momento, e em uma morfologia mais rudimentar. Porém, admitia que, na cidade, a irmandade profissional fosse a mais alta expressão da ideia de comunidade. 
Assim, o vínculo social mantido em um determinado espaço pode ser entendido como parte de uma comunidade se esse vínculo se der a partir de alguma crença, etnia, tradição ou outra característica comum que una os que compartilham desse vínculo. Conforme o avanço da sociedade na modernidade, os contextos em que se dão esses vínculos se modificam. 
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