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Elaborada por Bibliotecária Débora Crystina Reis CRB6 MG-003830/O Protocolo Clínico: atendimento ao paciente queimado [livro eletrônico] / Organizadores: Juliana Metzker de Oliveira Bergamo e Kelly Daniele de Araújo – Revisores: Armando Pinto Monteiro Neto, Daniela Carreiro de Mello, Desiré Mendes Baiense, Érika de Oliviera Santos, Izabela Figueiredo de Sousa Honorato, Kelly Danielle de Araújo, Maria Cristina Viegas Cançado e Rodrigo Pimenta Sizenando - 1 ed. – Belo Horizonte: Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, 2024. 172 p. ; pdf Bibliografia ISBN: 978-85-61907-09-9 l. Atendimento ao Queimado. 2. Unidades de Queimados - DeCS. 3. Protocolos clínicos. 4. Diretrizes Clínicas 5. Cirurgia Plástica. 6. Clínica Médica. 7. Anestesiologia 8. Pediatria 9. Medicina de Emergência 10. Cirurgia Geral 11. Enfermagem 12. Fisioterapia 13. Assistência Social 14. Psicologia 15. Nutrição 16. Terapia Ocupacional 17. Pedagogia 18. Fonoaudiologia I. Título. II. Assunto. III. Organizadores NLM WO704 Q3 1 FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS HOSPITAL JOÃO XXIII Atendimento ao Paciente Queimado Belo Horizonte – MG 2024 2 LISTA DE AUTORES Cirurgia Plástica Camila Nunes de Lima Cruzeiro Juliana Metzker Oliveira Bergamo Kelly Danielle de Araújo Rodrigo Pimenta Sizenando Clínica Médica Thiago Bento de Paiva Lacet Anestesiologia Ana Amélia Ramalho Claudino Janaína Sarmento Lacerda Pediatria Marta Lúcia Werneck Loche Renata Alves Ferreira Anício Rosa de Lima Nascimento Bertolin Medicina de emergência/Cirurgia Geral Armando Pinto Monteiro Neto Cirurgia Geral (CTQ) Roberto Mendes Ferreira Enfermagem Ailna de Paula Faria Ana Paula Yole Agrizzi Brisa Costa Botelho Daniela Carreiro de Mello Dienia Andrade dos Santos Elizângela Marques dos Santos Eva Cezário Mateus Fernando Romualdo Salatiel Ionara Maria Gomes Bié 3 Joana Darc Alves Lopes Juliana Aparecida Correa Nunes Feitosa Matheus Gomes Nascimento Rômulo Lima Barroso de Queiroz Thássia Pereira Veloso Vera Lúcia de Oliveira Macedo Profeta Viviane de Moura Paula Fisioterapia Ana Cláudia Vitor das Graças Andrea Afonso Mendes Camila Guimarães de Castro Xavier Fabrícia Mendes e Silva Narciso Giselle Almeida Magalhães Leonardo Augusto Fogaça Tavares Michele Sandra Saldanha Caldeira Delforge Priscila Pierazoli de Araújo Batista Renata Mendes Dalmonch Ervilha Assistência Social Gesiane Aredes Paulette Cristina Barbosa Viviane Daniele Rodrigues de Oliveira Psicologia Raquel Mieco Minini Nutrição Lidia Rocha Nunes Kharine Pillar de Sousa e Pena Rossi Maria de Freitas Ribeiro Terapia Ocupacional Ariane Patrícia Fernandes Corrêa Lopes Pedagogia Jacqueline Luiz Leite Dantas 4 Fonoaudiologia Camila Alexandra Vilaça Ramos Danielle de Lima e Melo Diretoria Assistencial do Hospital João XXIII Cíntia Alcântara de Carvalho Rodrigo Muzzi de Oliveira Safe Colaboradores Aline Almeida Bentes Débora Borges do Amaral Débora Crystina Reis Revisores do Protocolo Armando Pinto Monteiro Neto Daniela Carreiras de Mello Desirée Mendes Baiense Érika de Oliveira Santos Izabela Figueiredo de Sousa Honorato Kelly Danielle de Araújo Maria Cristina Viegas Cançado Rodrigo Pimenta Sizenando Organizadores Juliana Metzker de Oliveira Bergamo Kelly Daniele de Araújo 5 LISTA DE SIGLAS ABA: American Burn Association ABRAMEDE: Associação Brasileira de Medicina de Emergência ACLS: Advanced Cardiovascular Life Support ACS: American College of Surgeons ADM: Amplitude de Movimento AGE: Ácidos Graxos Essenciais AINE: Anti-inflamatórios Não Esteróides APA: Avaliação Pré-Anestésica ASA: American Society of Anesthesiologists ASPEN: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition ATLS: Advanced Trauma Life Support AVD: Atividades de Vida Diária AVE: Acidente Vascular Encefálico BVS: Biblioteca Virtual em Saúde CadSUS: Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de Saúde CBA: Chinese Burn Association CCIH: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CFM: Conselho Federal de Medicina CHU: Complexo Hospitalar de Urgência CK: Creatinoquinase CO: Monóxido de Carbono COHb: Carboxihemoglobina CREAB: Centro de Reabilitação CTQ: Centro de Tratamento de Queimados CVC: Cateter Venoso Central CVP: Cateter Venoso Periférico DeCS: Descritores em Saúde DO2: Oferta de Oxigênio aos Tecidos DP: Desvio Padrão DPVAT: Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres EAST: Eastern Association for the Surgery of Trauma 6 ECG: Eletrocardiograma EPI: Equipamentos de Proteção Individual ESPEN: European Society for Clinical Nutrition and Metabolism EV: Endovenoso EVA: Escala Visual Analógica FHEMIG: Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais FPS: Fator de Proteção Solar GCS: Escala de Coma de Glasgow GH: Hormônio de Crescimento Hb: Hemoglobina HRAD: Hospital Regional Antônio Dias HRB: Hospital Regional de Barbacena Dr. José Américo HRJP: Hospital Regional João Penido IGHAT: Imunoglobulina Humana Antitetânica IM: Intramuscular IMC: Índice de Massa Corporal IN: Intranasal IOT: Intubação Orotraqueal IRA: Insuficiência Renal Aguda IRAS: Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde MeSH: Medical Subject Heading MMII: Membros Inferiores MMSS: Membros Superiores MS: Ministério da Saúde NAEMT: National Association of Emergency Medical Technicians NIR: Núcleo Interno de Regulação OMS: Organização Mundial de Saúde PAI: Pressão Arterial Invasiva PAV: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica PCR1: Parada Cardiorrespiratória PCR2: Proteína C Reativa PHTLS: Prehospital Trauma Life Support PICC: Cateter Central de Inserção Periférica PIV: Pressão Intravesical 7 PNI: Pressão Não Invasiva POCUS: Point of Care Ultrasound POP: Procedimento Operacional Padrão PRS: Procedimento Sistêmico RASS: Escala de Agitação e Sedação de Richmond SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SARA: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda SAT: Soro Antitetânico SBCP: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica SBP: Sociedade Brasileira de Pediatria SBQ: Sociedade Brasileira de Queimaduras SC: Subcutâneo SCQ: Superfície Corporal Queimada SES: Secretaria Estadual de Saúde SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação SNE: Sondagem Nasoentérica SNG: Sondagem Nasogástrica SRPA: Sala de Recuperação Pós-Anestésica SUS: Sistema Único de Saúde SVD: Sondagem Vesical de Demora TCE: Traumatismo Cranioencefálico TEP: Tromboembolismo Pulmonar TMB: Taxa Metabólica Basal TNE: Terapia Nutricional Enteral TRM: Traumatismo Raquimedular TRS: Terapia Renal Substitutiva UBS: Unidade Básica de Saúde UI: Unidades Internacionais UTI: Unidade de Terapia Intensiva VAA: Via Aérea Artificial VCT: Valor Calórico Total VM: Ventilação Mecânica VO: Via Oral 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 2 PALAVRAS-CHAVE/ KEYWORDS ................................................................................... 13 3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14 4 POPULAÇÃO ALVO ....................................................................................................... 14 5 UTILIZADORES POTENCIAIS ......................................................................................... 14 6 METODOLOGIA ............................................................................................................15 7 SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES E PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS ...................................... 16 8 RECURSOS MATERIAIS E PESSOAL NECESSÁRIOS ........................................................ 17 9 ATIVIDADES ESSENCIAIS .............................................................................................. 17 9.1. DEFINIÇÕES ............................................................................................................. 17 9.1.1. Conceito ............................................................................................................... 17 9.1.2. Classificação ......................................................................................................... 18 9.1.3. Hierarquização do Atendimento ......................................................................... 20 9.2. ABORDAGEM INICIAL .............................................................................................. 21 9.2.1. Atendimento ao paciente queimado na Unidade Hospitalar .............................. 21 9.2.1.1. Pequenos queimados, pacientes estáveis (encaminhados à Unidade de Pequenos Ferimentos) ................................................................................................................ 22 9.2.1.2. Médios e Grandes queimados e/ou suspeita de lesão por inalação e/ou queimadura elétrica (Encaminhados à Sala de Atendimento aos Politraumatizados) ............... 22 9.2.2. Critérios para internação hospitalar: ................................................................... 30 9.2.3. Profilaxia antitetânica .......................................................................................... 32 9.2.4. Trauma elétrico: ................................................................................................... 33 9.2.5. Queimadura Química: .......................................................................................... 34 9.3 ASSISTÊNCIA CLÍNICA ............................................................................................... 36 9.3.1. História clínica ...................................................................................................... 36 9.3.2. Exame físico .......................................................................................................... 36 9.3.3. Propedêutica inicial .............................................................................................. 36 9.3.4. Avaliação hemodinâmica ..................................................................................... 37 9.3.4. Morbidade associada à ressuscitação inicial: ....................................................... 38 9.3.5. Manejo de vias aéreas e pulmonar ...................................................................... 39 9.3.6. Manejo gastrointestinal ....................................................................................... 40 9.3.7. Manejo renal ........................................................................................................ 41 9.3.8. Manejo Hematológico .......................................................................................... 42 9.3.8.1. Trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar ............................ 42 9.3.8.2. Hemotransfusão ................................................................................................ 42 9.3.8.2.1. Concentrado de hemácias .............................................................................. 42 9 9.3.8.2.2. Concentrado de plaquetas (PALMIERI et al., 2019) ....................................... 42 9.3.8.2.3. Plasma fresco congelado (PALMIERI et al., 2019) ......................................... 43 9.3.10. Infecções............................................................................................................. 43 9.3.10.1. Antibioticoprofilaxia ........................................................................................ 43 9.3.10.2. Terapêutica antimicrobiana ........................................................................... 45 9.3.10.3. Critérios da ABA para sepse por queimaduras (GREENHALGH, et al. 2007) ... 45 9.4. ASSISTÊNCIA PEDIÁTRICA ........................................................................................ 47 9.4.1. Cálculo da Superfície Corporal ............................................................................. 47 9.4.2. Critérios de Internação em crianças ..................................................................... 47 9.4.3. Sedação e analgesia ............................................................................................. 47 9.4.3.1. Tratamento não farmacológico ......................................................................... 49 9.4.3.2. Tratamento farmacológico ................................................................................ 49 9.4.4. Tratamento inicial à criança grande queimada: KEY POINTS ............................... 52 9.4.5. Terapia hídrica na criança queimada ................................................................... 53 9.4.6. Nutrição na criança queimada ............................................................................. 56 9.4.7. Infecção na criança queimada .............................................................................. 58 9.4.8. Exames complementares ..................................................................................... 60 9.5. ASSISTÊNCIA CIRÚRGICA........................................................................................ 61 9.5.1. Banho e curativos ................................................................................................. 62 9.5.2. Desbridamentos cirúrgicos ................................................................................... 62 9.5.3. Enxertia de pele .................................................................................................... 63 9.5.4. Curativos biológicos/enxerto homólogo ............................................................... 65 9.5.5. Retalhos ................................................................................................................ 65 9.6. ASSISTÊNCIA ANESTESIOLÓGICA ............................................................................. 68 9.6.1. Monitorização: ...................................................................................................... 68 9.6.1.1. Monitorização básica do paciente inclui (em todo procedimento): ................... 68 9.6.1.2. Monitorização avançada do paciente inclui (pacientes críticos ou porte aumentado do procedimento cirúrgico): ..................................................................................... 69 9.6.1.3. Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA): .................................................. 69 9.6.1.4. Dificuldades encontradas na monitorização em pacientes queimados: ........... 69 9.6.2. Jejum pré-operatório ............................................................................................. 70 9.6.3. Avaliação pré-anestésica ...................................................................................... 70 9.6.4. Reposição volêmica .............................................................................................. 71 9.6.5. Hemotransfusão .................................................................................................... 72 9.6.6. Hipotermia ............................................................................................................ 73 9.6.6.1. Conceitos Gerais ............................................................................................... 73 9.6.6.2. Prevenção .......................................................................................................... 75 9.6.7. Analgesia ..............................................................................................................76 10 9.6.8. Anestesia .............................................................................................................. 79 9.6.9. Parada Cardiorrespiratória (PCR) no peroperatório ............................................ 79 9.7. ASSISTÊNCIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM ......................................................... 81 9.7.1. Prevenção de Infecção ......................................................................................... 81 9.7.2. Cuidados Gerais de Enfermagem ......................................................................... 85 9.7.3. Cuidados de Enfermagem com a ferida ................................................................ 88 9.7.3.1. Avaliação da ferida seguindo a ferramenta TIME ............................................. 88 9.7.3.2. Limpeza da lesão ............................................................................................... 88 9.7.3.3. Enfaixamento ..................................................................................................... 93 9.7.4. Cuidados de Enfermagem com a higiene corporal ............................................... 94 9.7.4.1. Preparação do banho ......................................................................................... 94 9.7.4.2. Execução da higienização corporal ................................................................... 95 9.7.4.3. Cuidados pós-higiene corporal .......................................................................... 97 9.7.5. Balneoterapia ........................................................................................................ 97 9.7.5.1. Critérios para tratamento em sala de balneoterapia ........................................... 98 9.7.6. Cuidados de enfermagem perioperatórios .......................................................... 100 9.7.7. Assistência e cuidados de enfermagem em nível ambulatorial .......................... 102 9.7.7.1. Atribuições do Enfermeiro .............................................................................. 102 9.7.7.2. Atribuições do Técnico de Enfermagem ......................................................... 103 9.7.7.3. Curativos ......................................................................................................... 103 9.7.7.4. Rotina de troca de curativos ............................................................................ 105 9.7.7.5. Queimaduras em áreas especiais ..................................................................... 105 9.7.7.5.1. Face e orelhas ............................................................................................... 105 9.7.7.5.2. Mãos ............................................................................................................. 105 9.7.7.5.3. Pés ................................................................................................................ 105 9.7.7.5.4. Períneo .......................................................................................................... 106 9.8 ASSISTÊNCIA E CUIDADOS FISIOTERAPÊUTICOS EM PACIENTES QUEIMADOS ...... 106 9.8.1. Assistência e Cuidados Fisioterapêuticos em Centro de Terapia Intensiva ....... 107 9.8.2. Assistência e Cuidados Fisioterapêuticos em Unidade de Internação ................ 109 9.8.3. Assistência e cuidados fisioterapêuticos em nível ambulatorial ........................ 111 9.9 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL .................................................................................... 114 9.9.1. Avaliação Nutricional para cálculo de necessidades .......................................... 114 9.9.2. Cálculo das necessidades nutricionais ............................................................... 115 9.9.3. Necessidade de Macronutrientes ...................................................................... 117 9.9.3.1 Proteínas .......................................................................................................... 118 9.9.3.2. Carboidratos .................................................................................................... 118 9.9.3.3. Lipídios ............................................................................................................. 118 9.9.4. Micronutrientes .................................................................................................. 118 11 9.9.5. Tipos de Dietas Utilizadas ................................................................................... 119 9.9.6. Progressão da Terapia Nutricional ..................................................................... 119 9.9.7. Indicação da Terapia Nutricional ........................................................................ 120 9.9.8. Jejum pré-operatório ......................................................................................... 121 9.9.9. Acompanhamento Nutricional ........................................................................... 121 9.9.10. Imunonutrição .................................................................................................. 121 9.9.11. Complicações da Nutrição Enteral ................................................................... 123 9.10. ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA ................................................................................. 124 9.10.1. Rotina de atividades ......................................................................................... 125 9.10.2. Modalidades de atendimento .......................................................................... 126 9.10.3. Objetivos do acompanhamento psicológico .................................................... 126 9.10.4. Condutas e encaminhamento .......................................................................... 127 9.10.5. Retorno ............................................................................................................. 127 9.11 ASSISTÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL ........................................................................ 127 9.11.1 Objetivo geral do serviço social ......................................................................... 128 9.11.2. Funções do Assistente Social ............................................................................ 128 9.12. ASSISTÊNCIA DA TERAPIA OCUPACIONAL ........................................................... 130 9.13. ASSISTÊNCIA PEDAGÓGICA ................................................................................. 132 9.13.1. Missão .............................................................................................................. 133 9.13.2. Objetivos .......................................................................................................... 133 9.13.3. Modalidades de atendimento e principais atividades desenvolvidas ................ 134 9.13.4. Abordagem Interdisciplinar .............................................................................. 135 9.13.5. Encaminhamentos ............................................................................................ 135 9.14. ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO .................................................................. 137 10. PLANO PARA ATENDIMENTO À SITUAÇÃO DE MÚLTIPLAS VÍTIMAS ..................... 140 10.1. Fases do Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas .......................................... 141 11. MATRICIAMENTO ................................................................................................... 144 12. BENEFÍCIOS POTENCIAIS......................................................................................... 145 13. RISCOS POTENCIAIS ................................................................................................ 145 14. ÍTENS DE CONTROLE ............................................................................................... 146 REFERÊNCIAS ................................................................................................................147 15. ANEXO: ADMISSÃO DE PACIENTES DENTRO DA LINHA DE CUIDADO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE QUEIMADO NA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. ................................................................................................. 167 DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES ................................................................ 172 12 1 INTRODUÇÃO As queimaduras estão entre as principais causas externas de morbimortalidade registradas no mundo, principalmente em países de renda média ou baixa (BRASIL, 2022). No Brasil, os óbitos por queimaduras são superados apenas pelas causas violentas, como acidentes de trânsito e homicídios, segundo dados epidemiológicos de Leão et al. (2011) e Leão (2013). Pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados no país, a maior parte ocorre nas residências das vítimas e quase metade das ocorrências acomete crianças. Dessa forma, as queimaduras ocupam o quarto lugar das causas de óbito entre crianças e adolescentes, em âmbito nacional, representando agravo significativo à saúde pública. Entre as formas mais comuns de queimaduras, destacam-se aquelas decorrentes do uso de álcool líquido e outros inflamáveis, predominantes em toda a população de modo geral. As queimaduras causadas por escaldadura (manipulação de líquidos quentes, como água fervente) também se mostram muito frequentes, tendo as crianças como principais vítimas devido à curiosidade característica da idade ou às situações causadas por violência doméstica, sendo que acidentes por chama ocorrem mais comumente em pré-escolares e adolescentes. Outras formas muito ocorrentes de queimaduras são as causadas por agentes químicos e corrente elétrica. As queimaduras químicas são produzidas por agentes ácidos ou básicos, gerando, além do dano cutâneo ou respiratório, diversas alterações sistêmicas. As queimaduras elétricas também são, geralmente, muito agressivas, vitimando principalmente adultos do sexo masculino, trabalhadores, durante o exercício do ofício profissional (BRASIL, 2012). Devido às suas especificidades e gravidade características, pacientes com esses tipos de queimaduras são frequentemente atendidos em Centros de Tratamento de Queimaduras (CTQs). Em relação ao público acometido, dados do Ministério da Saúde mostram que as queimaduras foram responsáveis por 18,4% das internações pediátricas em 2018, além de mais de 6 mil internações de crianças e adolescentes no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas nos quatro primeiros meses de 2021. Os idosos também compreendem grupo de alto risco para queimaduras devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à idade. Já em se tratando das mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas 13 (como cozimento de alimentos, frituras, acidentes envolvendo botijão de gás, entre outros) e, eventualmente, a tentativas de autoextermínio (suicídio). Em dezembro de 2022, por meio da Resolução SES/MG Nº 8.494/2022, foi estabelecido o credenciamento de hospitais do Estado de Minas Gerais como Centros de Tratamento de Queimados - CTQ (Tipo 1A, Tipo 1B e Tipo 2, de acordo com a abrangência e complexidade da assistência ofertada). No que compreende às Unidades Assistenciais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), foi aprovado o credenciamento do Hospital João XXIII como CTQ Tipo 1A, único do Estado nesta categoria, do Hospital Regional de Barbacena Dr. José Américo, situado no município de Barbacena, e do Hospital Regional Antônio Dias, do município de Patos de Minas, ambos como CTQ Tipo 2, no âmbito da Linha de Cuidado da Assistência ao Paciente Queimado na Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Estado de Minas Gerais. O tratamento de pacientes queimados guiado por estratégias clínicas em CTQ mostrou-se capaz de diminuir em 50% a mortalidade de pacientes grande queimados (KEARNEY, 2018). Para o adequado tratamento do paciente queimado, o olhar da equipe de saúde deve abranger suas características sociodemográficas e o contexto no qual o mesmo está inserido, fatores geralmente associados à motivação do trauma por queimadura, bem como às condições econômicas e psicossociais do paciente, que influenciarão também na sua reabilitação. Devido à sua gravidade e potencial de produzir sequelas funcionais, estéticas e psicológicas, o cuidado ao paciente queimado abrange ações multiprofissionais que se entrelaçam em busca da recuperação holística, em menor período e com melhores resultados ao paciente. Desta forma, uma equipe engajada, adequadamente treinada, com conhecimentos especializados e que estabeleça uma intercomunicação eficiente torna-se a base da eficácia para o tratamento de qualidade ao paciente em um CTQ. 2 PALAVRAS-CHAVE/ KEYWORDS Queimadura; Unidades de Queimados; Equipe de Assistência ao Paciente/Burn; Burns Units; Patient Care Team 14 3 OBJETIVOS • Padronizar as atividades multiprofissionais no tratamento ao paciente queimado nas unidades da Fhemig que oferecem esse atendimento; • Definir ações indispensáveis para a abordagem inicial ao paciente queimado no ambiente hospitalar; • Oferecer diretrizes para assistência em emergência, clínica, pediátrica, cirúrgica e anestesiológica em caráter multiprofissional; • Assegurar os cuidados necessários para o tratamento multidisciplinar das diversas equipes envolvidas no atendimento do paciente queimado (enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, pedagogia); 4 POPULAÇÃO ALVO Esse protocolo destina-se ao tratamento de pacientes queimados adultos e pediátricos. 5 UTILIZADORES POTENCIAIS • Equipe multiprofissional de saúde que atende o paciente queimado no Hospital João XXIII, que compõe o Complexo Hospitalar de Urgência (CHU) da Fhemig, podendo estar lotada no CTQ, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Internação e Bloco Cirúrgico exclusivos, Pronto Socorro, Bloco Cirúrgico do Pronto Socorro, UTI pediátrica, UTI adulto (Geral); • Equipe multiprofissional de saúde do Hospital Regional João Penido (HRJP), Hospital Regional Antônio Dias (HRAD) e o Hospital Regional de Barbacena Dr. José Américo (HRB), que se encontram em processo para compor CTQs; 15 • Demais profissionais atuantes nos serviços da Linha de Cuidado da Assistência ao Paciente Queimado da Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Estado de Minas Gerais, além dos profissionais de serviços que também prestam assistência ao queimado e que desejem se qualificar nessas diretrizes clínicas, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Serviço de Resgate do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Minas Gerais e demais Serviços de Resgate da rede pré-hospitalar. 6 METODOLOGIA Trata-se de Diretrizes Clínicas contendo a atualização do Protocolo 039 da Fhemig sobre Atendimento ao Paciente Queimado, com enfoque na assistência integral ao paciente queimado agudo. O Protocolo se baseou em referências bibliográficas de relevância, qualidade e validade tais como guidelines e revisões sistemáticas da literatura, e envolveu em sua confecção um grupo de profissionais com experiência nas diversas áreas de tratamento do paciente queimado. A busca das referências baseou-se nos termos de pesquisa “Queimados” e “Queimaduras”, definidos por meio do Descritores em Saúde (DeCS) e do Medical Subject Heading (MeSH), além da utilização do conteúdo das bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), UpToDate e Pubmed para abordagem dos tópicos das atenções em saúde como balneoterapia, cuidados de enfermagem e medicamentos. Também foram consideradas como fontes de dados publicações do Ministério da Saúde (MS), American College of Surgeons (ACS), AmericanBurn Association (ABA), Chinese Burn Association (CBA), Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE), entre outras. 16 7 SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES E PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS Dentre as estratégias norteadoras do sucesso no tratamento do paciente queimado destacam-se (KHATIB, 2021 e KEARNEY, 2018): a) Ressuscitação volêmica guiada pela Fórmula de Parkland e associada ao controle de débito urinário, ajustando oferta hídrica; b) Estratégias ventilatórias protetivas; c) Nutrição adequada, com ênfase na nutrição enteral precoce, considerando que o estado hipermetabólico presente na queimadura leva a perda proteica, redução de massa e hiperglicemia. Esta última é associada a catabolismo, infecções fúngicas e bacterianas, e perda de enxertos; d) Controle de sepse, com ênfase em prevenção; uso de antimicrobianos tópicos; tratamento cirúrgico precoce; reconhecimento precoce do quadro infeccioso e tratamento antimicrobiano adequado. Desta forma, a abordagem multidisciplinar torna-se essencial à melhor assistência ao paciente queimado, envolvendo uma variedade de especialidades médicas e profissionais de saúde, cada um deles trazendo uma perspectiva única para o cuidado, o que possibilita desenvolver plano de tratamento abrangente e personalizado para cada paciente. O seguimento de diretrizes clínicas instrumentaliza a realização do tratamento adequado e eficaz, com maior segurança ao paciente e redução de complicações, portanto, com melhoria da qualidade do cuidado, dos resultados para os pacientes e redução da morbimortalidade, independentemente de onde estejam sendo tratados. Dito isto, é importante ressaltar a importância da linearidade do tratamento nos Centros de Tratamento de Queimados tipo 1A, 1 B e 2, conforme os moldes das deliberações da SES-MG. Essa linearidade do cuidado provavelmente permitirá em melhor assistência no estado, podendo ser referência para demais estados, além de possibilitar a coleta de dados elaborados por critérios similares, para a realização de pesquisas, tendo a promoção da melhoria da saúde da população como elemento norteador das estratégias propostas pela Fhemig, também nos eixos da pesquisa, ensino e inovação. Na Seção 14: Anexo constam critérios para admissão de pacientes de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, seguindo as normas vigente; assim como a nova classificação quanto ao porte hospitalar e critérios de transferência a serem instituídos em prazo estabelecido. 17 8 RECURSOS MATERIAIS E PESSOAL NECESSÁRIOS • Equipe multidisciplinar capacitada (médicos clínicos, emergencistas, intensivistas, anestesistas, cirurgiões plásticos, pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Outros profissionais que atuam em todo o hospital como cirurgiões gerais, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e pedagogos também são importantes para assegurar assistência adequada ao paciente queimado); • Materiais e equipamentos necessários para o funcionamento de um CTQ; • Coberturas utilizadas em curativos (descritas no tópico 9.7.3). 9 ATIVIDADES ESSENCIAIS 9.1. DEFINIÇÕES 9.1.1. Conceito As queimaduras são lesões na pele decorrentes de agentes: energia térmica, química ou elétrica capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. As lesões por queimaduras podem variar de leves, tratáveis em casa ou lesões mais significativas que necessitam de tratamento emergencial hospitalar, podendo causar óbito em suas formas mais graves. Podem ser classificadas em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, considerando a profundidade do local atingido (LEÃO et al., 2011; LEÃO, 2013). A avaliação da extensão da queimadura - Superfície Corporal Queimada (SCQ), em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente queimado. Logo, o processo de reparação tecidual da queimadura depende da extensão local e da profundidade, entre outros fatores. Essa lesão afeta ainda o sistema imunológico do paciente, acarretando alterações sistêmicas importantes, impactando no quadro clínico geral do paciente. 18 9.1.2. Classificação Quadro 1 - Classificação da queimadura quanto à profundidade das lesões Grau da lesão Definição Aspecto clínico Primeiro grau Destruição apenas da epiderme. Eritema, branqueia sob pressão e é dolorosa. Segundo grau Destruição total da epiderme e parcial da derme. Exsudativa, eritematosa, dolorosa, presença de bolhas (flictenas). Terceiro grau Destruição total da epiderme e da derme. Lesão seca, dura, inelástica, translúcida, com vasos trombosados visíveis, indolor à punctura local. Fonte: Adaptado de Brasil (2012). Quadro 2 - Estimativa clínica da profundidade da queimadura Profundidade Aparência Fica pálida à pressão do toque Sensibilidade à estímulo por agulha Flexibilidade Tempo de recuperação Precisa de excisão e enxerto Superficial (primeiro grau) Vermelho, sem flictenas + ++ Macia 1 semana - 19 Espessura parcial superficial (segundo grau) Vermelho, flictenas + ++ Macia 1 a 2 semanas - Espessura parcial profunda (segundo grau) Vermelho ou branco, sem flictenas ± + Levemente tensa 2 a 3 semanas + Espessura total (terceiro grau) Semelhante a couro, carbonizado - - Dura >3 semanas + Fonte: Adaptado de WALLS et al. (2019). Quadro 3 - Classificação da extensão corporal do queimado (utilizar as tabelas 1 ou 2 do tópico 9.2.2 para o cálculo do percentual corporal queimado) Classificação Adultos Crianças Pequeno queimado Queimaduras de segundo grau abaixo de 10% ou terceiro grau abaixo de 5%. Queimaduras de segundo grau abaixo de 5%. Médio queimado Queimaduras de segundo grau de 10% a 25% ou terceiro grau em torno de 10%. Queimaduras de segundo grau entre 5% e 15%. Grande queimado Queimaduras de segundo grau acima de 25% ou terceiro grau acima de 10%. Queimaduras de segundo grau acima de 15%. Fonte: Adaptado de Brasil (2012). Nota: Queimaduras de terceiro grau acima de 3% são relevantes na criança. 20 9.1.3. Hierarquização do Atendimento Quadro 4 - Hierarquização do atendimento Atendimento Ambulatorial Atendimento Hospitalar o Pequenos queimados; o Médios queimados com condição de realizar cuidados e curativos no domicílio. o Grandes queimados; o Médios queimados sem condições de cuidados domiciliares; o Idosos ou crianças em idade tenra; o Queimaduras críticas da face e pescoço; o Queimaduras incapacitantes; o Queimaduras graves de períneo; o Lesão por inalação; o Pacientes com alterações sistêmicas. Fonte: Adaptado de FHEMIG (2013). Quadro 5 - Alterações sistêmicas das queimaduras Sistema Corporal Alterações Sistêmicas Sistema cardiovascular o Extravasamento vascular o Hipovolemia o Choque hipovolêmico Sistema respiratório o Hiperventilação em grandes queimados o Edema de mucosa traqueobrônquica em inalação de produtos de combustão irritantes o Restrição respiratória por queimaduras da parede torácica com retenção de secreções e tosse ineficiente Sistema digestivo o Úlcera de estresse (de Curling) Sistema urinário o Necrose tubular aguda após choque hipovolêmico o Proteinúria Sistema hematológico o Hemólise em grandes queimados o Hipoproteinemia Fonte: Adaptado de FHEMIG (2013) 21 9.2. ABORDAGEM INICIAL 9.2.1. Atendimento ao paciente queimado na Unidade HospitalarFigura 1 - Fluxograma de Atendimento às vítimas de queimaduras Fonte: Elaboração própria, 2022. 22 O atendimento inicial ao paciente queimado na unidade hospitalar é realizado pelas equipes da cirurgia geral e emergencistas e, se necessário, pela clínica médica, pautado no ATLS. O cuidado é continuado pela equipe do CTQ após a internação do paciente (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018). A equipe da cirurgia plástica da urgência faz a abordagem inicial à admissão no Pronto Socorro. 9.2.1.1. Pequenos queimados, pacientes estáveis (encaminhados à Unidade de Pequenos Ferimentos) • Analgesia venosa, se necessário; • Limpeza das áreas acometidas com clorexidina degermante 2% e soro fisiológico; • Desbridamento de tecidos desvitalizados, ruptura e desbridamento de flictenas; • Curativo com sulfadiazina de prata a 1%, ocluído com gaze aberta e atadura de crepom; • Encaminhamento conforme o impresso específico para realização de curativos e acompanhamento com a cirurgia plástica no Ambulatório de Queimados para casos leves ou orientação de atendimento e acompanhamento na Unidade Básica de Saúde. Obs.: Em casos de queimaduras de primeiro grau, não estão indicados curativos oclusivos ou uso de pomadas especiais. Orientar a hidratação da pele com cremes ou óleos hidratantes. 9.2.1.2. Médios e Grandes queimados e/ou suspeita de lesão por inalação e/ou queimadura elétrica (Encaminhados à Sala de Atendimento aos Politraumatizados) Utilizou-se como base as recomendações de Brasil (2012): • Abordagem inicial sistematizada pela equipe de Cirurgia do Trauma e Medicina de Emergência, como toda vítima de Politrauma, com definição e tratamento de prioridades conforme o ABCDE do ATLS; 23 • Em casos de queimadura elétrica, solicitar avaliação da Clínica Médica ou Medicina de Emergência para abordagem propedêutica e terapêutica inicial de possíveis comprometimentos sistêmicos; • Prescrições de reposição volêmica e de cuidados; • Acompanhamentos de soroterapia, diurese e analgesia; • Avaliar evidências sugestivas de lesão por inalação em pacientes expostos à fumaça ou ao vapor (KOYRO et al, 2021): 1. Queimaduras cervicais ou faciais; 2. Queimadura e fuligem em cílios e vibrissas nasais; 3. Escarro carbonáceo; 4. Rouquidão; 5. História de queimadura em ambientes fechados; 6. Confusão mental; 7. Níveis sanguíneos de carboxihemoglobina maiores que 10%. • A intubação não deverá ser postergada e realizada diante dos fatores a seguir (BRASIL, 2012): 1. Estridor respiratório; 2. Rouquidão progressiva; 3. Uso de musculatura acessória; 4. Queimaduras com edema acentuado em face ou pescoço; 5. Diminuição do nível de consciência; 6. Hipoxemia; 7. Hipercarbia; 8. História sugestiva de queimadura de vias aéreas, associadas ao exame clínico, com a presença de fuligem em região perinasal e perioral, com chamuscamento de pelos, bem como edema labial e de língua. • Estabelecer acesso venoso com cateter calibroso em veia periférica, preferencialmente nos membros superiores (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018; BRASIL, 2012; KOYRO et al., 2021). Caso haja a possibilidade de confecção de dois acessos, esta será preferível. Na ausência de possibilidade de acesso periférico, o ATLS coloca a punção intraóssea como segunda escolha, para reposição volêmica inicial. 24 • Na presença de grande superfície acometida, a punção venosa em área queimada é permitida. Obs: Acesso venoso em membros inferiores em adultos tem maior associação com trombose e deve ser evitado. Exceto nas emergências, na ausência de outro sítio. • Considerar acesso venoso central em pacientes com superfície corporal queimada > 20%, assim como sondagem vesical de demora para mensuração do débito urinário, sendo este o melhor monitoramento de uma ressuscitação fluídica, de acordo com fórmula de Parkland e diurese esperada, descritos no Quadro 9 desta seção. Taxas de reposição volêmica e débito urinário por tipo de queimadura e idade, mais adiante nesta seção. • Em grandes queimados, estabelecer monitorização contínua (cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva, diurese por sondagem vesical de demora). • Elevar cabeça 45 graus e membros afetados a fim de minimizar edema facial e de via aérea e prevenir aspiração pulmonar, excetuando a contraindicação por imobilização espinhal. • Estimar a SCQ pela regra de Lund e Browder (Quadro 6), o grau de profundidade das lesões (Quadro 8) e registrar o agente causador da queimadura, bem como o tempo transcorrido desde o acidente e as medicações/líquidos administrados no pré-hospitalar (BRASIL, 2012). Quadro 6 - Determinação da SCQ conforme Lund e Browder Idade (anos) / Área <1 1- 4 5 - 9 10 - 14 15 Adulto >15 Cabeça 19 17 13 11 9 7 Pescoço 2 2 2 2 2 2 Tronco anterior 13 13 13 13 13 13 Tronco posterior 13 13 13 13 13 13 25 Nádega direita 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 Nádega esquerda 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 Genitália 1 1 1 1 1 1 Braço 4 4 4 4 4 4 Antebraço 3 3 3 3 3 3 Mão 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 Coxa 5,5 6,5 8 8,5 9 9,5 Perna 5 5 5,5 6 6,5 7 Pé 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 Fonte: Adaptado de WASIAK et al. (2013). Quadro 7 - Regra dos nove (Pulaski e Tennyson). Área Adultos Crianças até 1 ano Cabeça e pescoço 9% 18% Membro superior direito 9% 9% Membro superior esquerdo 9% 9% Região anterior do tronco 18% 18% Região posterior do tronco 18% 18% Genitália 1% 1% Coxa direita 9% 4,5% Coxa Esquerda 9% 4,5% Perna Direita 9% 4,5% Perna Esquerda 9% 4,5% Para recém-nascidos: cabeça e pescoço = 18%, todo um membro inferior = 13,5% Fonte: Adaptado de Brasil (2012). 26 Nota: Esta regra é uma simplificação, de fácil memorização, para ser utilizada em emergência e por médicos não especialistas Quadro 8 - Avaliação da profundidade das lesões Classificação Camadas da pele atingidas Apresentação Evolução Primeiro Grau Epiderme Eritema Dor Reepiteliza em 5 a 7 dias Segundo Grau Superficial Epiderme Derme superior Flictenas Dor Edema Umidade Vermelha Conserva grande parte dos anexos cutâneos; Reepiteliza em 10 a 14 dias Segundo Grau Profundo Epiderme Derme superior Derme profunda Flictenas Dor Edema Menor umidade Maior palidez Menor quantidade de anexos preservados; Demanda maior tempo para reepitelização (até 21 dias) ou enxertia cutânea Terceiro Grau Epiderme Derme Hipoderme Indolor Seca Rígida Placa esbranquiçada ou enegrecida Não reepiteliza espontaneamente Fonte: Adaptado de BRASIL (2012) e WASIAK et al. (2013). No CTQ do Complexo Hospitalar de Urgência da Rede Fhemig utiliza-se os seguintes formulários para registro da superfície corporal queimada: 27 Figura 2 – Formulário para registro da superfície corporal queimada Fonte: Equipe CTQ HJXXIII (2013). 28 Figura 3 - Formulário para registro da superfície corporal queimada Fonte: Equipe CTQ HJXXIII (2013). • Reposição volêmica em pacientes grandes queimados (maior que 20% SCQ) conforme a fórmula de Parkland (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2018): • 2 ml/kg/SCQ (para o cálculo, considerar apenas lesões de II e III graus e no máximo 50% de SCQ), 3 ml/kg/SCQ para crianças, com acréscimo de Ringer Lactato com 5% dextrose para manutenção e 4 ml/kg/SCQ para pacientes vítimas de choque elétrico. • Administrar a metade do volume nas primeiras oito horas do trauma (considerar o que foi administrado no pré-hospitalar) e o restante nas próximas 16 horas 29 • Utilizar preferencialmente o Ringer Lactato, podendo ser substituído pela solução fisiológica. Não é indicada a infusão de colóides nas primeiras 24 horas da queimadura. •Avaliar débito urinário através da sondagem vesical de demora. Espera- se que a diurese seja > 1 ml/kg/hora em crianças e entre 0,5 e 1 ml/kg/hora em adultos. Quadro 9 - Taxas de reposição volêmica e débito urinário por tipo de queimadura e idade, guiados pela fórmula de Parkland Categoria da Queimadura Idade e Peso Taxa de fluidos ajustadas Débito Urinário Chama ou escaldadura Adultos e crianças mais velhos (14 anos ou mais) 2 ml RL x kg x %SCQ 0,5 ml/kg/hora Crianças (<14 anos) 3 ml RL x kg x %SCQ 1 ml/kg/hora Bebês e crianças jovens (<30 kg) 3 ml RL x kg x %SCQ Adicionar solução glicosada em taxa de manutenção 1 ml/kg/hora Lesão elétrica Todas as idades 4 x RL x kg x %SCQ até o clareamento da urina 1- 1,5 ml/kg/hora até o clareamento da urina Fonte: Adaptado de AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS (2018). Siglas: RL: Ringer Lactato; SCQ: Superfície Corporal Queimada. • Realizar desbridamento da área queimada, se necessário, sob analgesia ou anestesia no bloco cirúrgico (momento ideal para recalcular SCQ e profundidade das lesões) (BRASIL, 2012); • Analgesia venosa, preferencialmente; • Realizar tricotomia nas áreas queimadas; • Não é indicado o uso de antibióticos sistêmicos na fase inicial, incluindo o momento da indução anestésica no primeiro desbridamento. Utilizar medicamento tópico (pomada de sulfadiazina de prata 1%), seguido de curativo oclusivo; 30 • Evitar o uso de succinilcolina durante o ato anestésico devido ao risco de hiperpotassemia; • A escarotomia deve ser realizada se houver queimaduras com escaras rígidas (3º grau) circunferenciais em membros ou placas em tórax com restrição dos movimentos respiratórios. Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais (veja a figura 4). Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais (veja a figura 4). Habitualmente não é necessária anestesia local para tais procedimentos, porém, há necessidade de se proceder a hemostasia. Figura 4 - Linhas de incisão para escarotomia Fonte: Lima Júnior et al. (2008). 9.2.2. Critérios para internação hospitalar: • São critérios para admissão em hospitais tipificados como CTQ Tipo 1A (HJXXIII): 1. Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos; 2. Queimaduras de espessura parcial (2° grau) maiores do que 15% da SCQ em crianças, gestantes ou maiores de 60 anos; 3. Queimaduras de espessura total (3° grau) maiores do que 10% SCQ; 4. Queimaduras de espessura total (3° grau) na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações; 31 5. Queimadura elétrica; 6. Queimadura química; 7. Queimadura de via aérea, lesão inalatória ou em ambiente fechado; 8. Lesão circunferencial de tórax, cervical ou de membros; 9. Comorbidades graves não compensadas, clinicamente associadas: imunossuprimidos ou imunocomprometidos, insuficiência renal, cardíaca ou hepática, distúrbios de coagulação, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio (IAM), quadros infecciosos graves decorrentes ou não da queimadura, síndrome compartimental e doenças consumptivas. • São critérios para admissão em hospitais tipificados como Centro de Tratamento de Queimados Tipo 2: 1. Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas de 15% a 20% da SCQ em adultos; 2. Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas de 10% a 15% da SCQ em crianças, gestantes ou maiores de 60 anos; 3. Queimaduras de 3° grau menores do que 10% SCQ; 4. Queimaduras de espessura parcial (2° grau) na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações; 5. Queimaduras em pacientes que requerem intervenção especial social, emocional e/ou longo período de reabilitação, passíveis de serem realizados em Hospital Geral; 6. Queimaduras menores concomitantes a outros traumas importantes ou condições preexistentes que possam agravar o quadro. Quando indicada internação neste hospital, transferir o paciente para o CTQ: 9º andar: UTI (grandes queimados ou queimaduras elétricas mais graves). 8º andar: Enfermaria (médios queimados e queimaduras especiais: face, períneo, incapacitantes, químicas, idosos e crianças). 32 9.2.3. Profilaxia antitetânica Quando indicada a internação hospitalar, deve-se conferir a profilaxia antitetânica e prescrever o toxóide tetânico para profilaxia/ reforço contra o tétano, orientando aplicação em Unidade Básica de Saúde (UBS). O Soro Antitetânico (SAT) ou imunoglobulina são indicados para pacientes com queimaduras complexas, alto risco de tétano, não vacinados, com vacinação incerta ou com menos de três doses ou aqueles vacinados com três doses em que a última dose foi administrada há mais de dez anos. Para pacientes imunossuprimidos, desnutridos graves e idosos, com quadros mais graves, o soro ou a Imunoglobulina Humana Antitetânica (IGHAT) estarão também indicados, caso a última dose da vacina tenha sido tomada entre 5 e 10 anos. Cabe salientar que nos pacientes imunossuprimidos devemos priorizar o uso da IGHAT sobre o SAT. Em situações especiais, caso haja a percepção por parte da equipe de que o paciente não terá os cuidados necessários com a ferida, também há indicação de imunização passiva, com SAT ou IGHAT. Quanto mais precoce for a administração do soro ou da IGHAT maior é o potencial terapêutico, indicando que o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. Dose: Dose de SAT: aplicar um frasco-ampola que corresponde a 5.000 UI (Unidades Internacionais), por via intramuscular (duas massas musculares diferentes) ou venosa (diluir em soro fisiológico ou soro glicosado a 5%), e iniciar a vacinação ou revacinação, segundo as doses recomendadas. Dose da IGHAT: 250 UI por via intramuscular. Obs: Enfatizamos que, quando houver indicação concomitante do SAT ou IGHAT e da vacina, estes deverão ser aplicados em sítios diferentes, evitando neutralização antígeno-anticorpo, com inefetividade da terapêutica (BRASIL 2021; WHO 2010; WHO 2013). 33 Abaixo, quadro atualizado sobre a imunização contra tétano (Diretriz do Ministério da Saúde de 2021 sobre Tétano Acidental). Quadro 10 - Imunização contra tétano Fonte: BRASIL (2021). 9.2.4. Trauma elétrico: Identificar: • Se foi fonte de alta tensão, corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída; 34 • Traumas associados (queda de altura e outros); • Se ocorreu perda de consciência ou Parada Cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente; • Extensão da lesão e a passagem da corrente. Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo) avaliar o antebraço, o braço e os membros inferiores e verificar a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais segmentos; • Se eventual mioglobinúria, estimular o aumento da diurese com maior infusão de líquidos, tendo-se preferência pelo Ringer lactato; • Monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB); • A internação sempre é recomendada para o paciente vítima de trauma elétrico (BRASIL, 2012). 9.2.5. Queimadura Química: • A equipe responsável pelo primeiro atendimento deve utilizar proteção universal para o manuseio do agente químico; • Identificar o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico; • Avaliar a concentração, o volume e a duração da exposição; • A lesão é progressiva, por isso é importante remover as roupas e retirar o excesso do agente causador; • Remover previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó; • Diluir asubstância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigar exaustivamente os olhos, no caso de queimaduras oculares. Sugere-se, se possível, o uso de papel tornassol em intervalos regulares durante a irrigação, tanto para a pele quanto para os olhos. O papel tornassol faz a medida do pH do meio e orienta a manutenção da irrigação por mais tempo, caso ainda não haja uma adequação deste pH para valores próximos do pH neutro. Para queimaduras oculares com ácidos ou álcalis, a irrigação contínua deve ser mantida, independentemente do pH, tomando-se o cuidado de deixar o olho 35 afetado, durante este procedimento, abaixo do olho sadio. As pálpebras devem ser evertidas, procurando-se por resquícios do agente abrasivo e possibilitando uma lavagem completa de todas as estruturas envolvidas. A coloração com fluoresceína auxilia no diagnóstico de lesões da córnea que, caso estejam presentes, indicam o uso de antibióticos tópicos e soluções cicatrizantes. O uso de anestésicos tópicos tem a função de reduzir sintomas e facilitar o exame e a irrigação local, podendo ser repetido de tempos em tempos. • Internar o paciente e, na dúvida, contatar o Centro Toxicológico mais próximo. Na rede Fhemig, a CiaTox do Hospital João XXIII do CHU. • Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, instituir a aplicação por via endovenosa lenta de soluções fisiológicas com 10 ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhar laboratorialmente a reposição do cálcio iônico. • Aplicar gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão (constituído por 3,5g de pó em 150ml de gel hidrossolúvel), friccionar a região afetada durante 20 minutos (para atingir planos profundos) e monitorar os sintomas dolorosos. • Caso não haja melhora, infiltrar o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9% (1:1), na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da queimadura em direção ao centro (assepsia normal). Pode haver necessidade de bloqueio anestésico troncular ou pela técnica de Bier para a infiltração, que pode ser bastante dolorosa. Quando há acometimento das unhas, estas devem ser removidas, para favorecer a ação da solução de cálcio. Nos casos graves, além da reposição de cálcio, o magnésio também deve ser reposto em 20 minutos, infundindo-se uma solução de 4g de sulfato de magnésio com 100 a 200ml de soro fisiológico a 0,9%. • Nos casos associados à dificuldade respiratória pode ser necessária a intubação endotraqueal (BRASIL, 2012). 36 9.3 ASSISTÊNCIA CLÍNICA 9.3.1. História clínica • Agente causador e circunstâncias do trauma; • Tempo entre a lesão inicial e o primeiro tratamento instituído ao paciente, inclusive com a quantificação do volume de líquido infundido até o momento da admissão na Unidade de Internação; • Idade e comorbidades associadas; • Lesões associadas (particularmente em pacientes vítimas de politrauma). (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019) 9.3.2. Exame físico • Observar as medidas de isolamento e de lavagem de mãos durante o contato com cada paciente; • Determinar a extensão e a profundidade das lesões, atentar para sinais de infecção da ferida logo no primeiro curativo e todos os dias durante o banho do paciente; • Verificar o quadro hemodinâmico do paciente aferindo a pressão não- invasiva ou pressão intra-arterial em caso de instabilidade hemodinâmica; • Observar a função pulmonar e cardíaca: manter oximetria de pulso e cardioscopia contínuos; • Verificar presença, volume e característica de diurese (há indicação de sondagem vesical de demora em grandes queimados ou na apresentação de queimaduras em região perineal); • Observar a presença de queimaduras circunferenciais, a profundidade da lesão e a perfusão periférica. Reavaliando constantemente a necessidade de escarotomia. (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019) park 9.3.3. Propedêutica inicial • Hemograma completo e plaquetas; 37 • Coagulograma; • Ionograma; • Uréia, creatinina; • Glicemia; • Gasometria arterial; • Proteínas (albumina); • Lactato; • Eletrocardiograma (ECG); • Urina rotina; • Radiografia de tórax; • Creatinoquinase (CK). (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019) Observações: • O ECG é solicitado em pacientes com queimaduras elétricas, idosos, história de patologias cardiovasculares e em casos graves, com necessidade de monitorização hemodinâmica intensiva. Nesses casos, a dosagem de troponina também pode ser útil (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019). • As hemoculturas são solicitadas na suspeita de infecção e, inicialmente, no tratamento antimicrobiano. (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019) 9.3.4. Avaliação hemodinâmica • A reposição volêmica inicial deve ser feita guiada pela fórmula de Parkland, cuja descrição encontra-se na seção 9.2.1.2, Quadro 9; • Após readequação do volume intravascular, vasopressores devem ser iniciados para manter o status hemodinâmico, mantendo uma pressão arterial média de 65 mmHg como parâmetro (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); • Os vasopressores de escolha são a noradrenalina, a vasopressina e a adrenalina (como 1a, 2a e 3a linha, respectivamente). A escolha, também pode ser individualizada de acordo com cada caso. Há a possibilidade de associação destas aminas vasoativas, sendo o efeito sinérgico comprovadamente superior ao seu uso isolado, em casos em que haja 38 aumento rápido de infusão para manutenção da estabilidade hemodinâmica (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); • O uso de Dopamina deve ser evitado pelo alto risco de taquiarritmias (SNELL, et al. 2013) • Não há indicação em manter hipervolemia nesses pacientes após 48 horas da ressuscitação inicial. Medidas de fluidoresponsividade (como variação de pressão de pulso/deltaPP e utilização da ultrassonografia point-of-care) devem ser utilizadas para avaliação volêmica (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); • Colóides e plasma podem ser usados após as primeiras 24 horas de ressuscitação volêmica, com intuito de diminuir o aporte hídrico. Apesar da plausibilidade fisiológica, não há evidências robustas que essa estratégia traga melhores desfechos (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); • Há pouca literatura que evidencia que a vitamina C pode ser utilizada para diminuir o extravasamento capilar no grande queimado, diminuindo os efeitos adversos do uso de fluidos na fase inicial. Porém, é necessário o aprofundamento de estudos para a adoção desta estratégia (CHUNG KK, 2019). 9.3.4. Morbidade associada à ressuscitação inicial: • Edema facial e de via aérea: a patência da via aérea deve ser particularmente observada nas primeiras 48 horas da ressuscitação, pelo risco de edema local. Em caso de obstrução da via aérea, a intubação orotraqueal deve ser realizada. Para extubação do paciente deve ser feito o “cuff leak test”, sendo um escape aéreo de 110 ml de ar após a desinsuflação do balonete - fator preditivo positivo de segurança para extubação (SNELL, et al. 2013). • Síndromes compartimentais de extremidades: queimaduras graves podem causar síndrome compartimental de quaisquer compartimentos musculares. Extremidades devem ser avaliadas rotineiramente e sinais de dor, palidez, parestesia ou redução de perfusão/pulso devem ser consideradas como suspeita de síndrome compartimental (SNELL, et al. 2013). • Síndrome compartimental abdominal: pacientes com queimaduras abdominais extensas devem ser monitorados quanto à síndrome de 39 compartimento abdominal. A avaliação da pressão intra-abdominal deve ser mensurada pela Pressão Intravesical (PIV). Uma PIV persistentemente maior que 20mmHg com sinais de disfunções orgânicas deve ser considerada como síndrome de compartimento abdominal, devendo ser avaliadas medidas descompressivas(sedação/analgesia, bloqueio neuromuscular, descompressão gástrica por sonda nasogástrica, colonoscopia descompressiva, negativação de volume, além de laparotomia). (SNELL, et al. 2013) 9.3.5. Manejo de vias aéreas e pulmonar • A suspeita de inalação de fumaça deve ocorrer em pacientes com alteração do nível de consciência, sintomas respiratórios, queimaduras de face e, em queimaduras em ambientes fechados. Uma broncoscopia pode avaliar a lesão da via aérea, mas não consegue avaliar lesões de parênquima pulmonar. A tomografia computadorizada de tórax é indicada para esse fim, entretanto, nem sempre é factível pela gravidade inicial do paciente. A partir de uma suspeita clínica orienta-se a dosagem da carboxihemoglobina. Níveis superiores a 10% devem ser tratados com oxigênio em alto fluxo até que a dosagem caia abaixo do valor/percentual (SNELL, et al. 2013; SHERIDAN 2015). • Não existe uma estratégia ventilatória específica para pacientes com queimaduras de via aérea. A estratégia estrita com baixo volume-minuto não mostrou melhores desfechos e, pode levar a piora de troca gasosa, uma vez que esses pacientes costumam ter baixa complacência pulmonar. Essa estratégia ventilatória deve ser individualizada, almejando uma “ventilação protetora”, independente do modo ventilatório proposto (SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015). • A presença de Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) pode ocorrer de 34% a 54% dos pacientes. Não há diferença no tratamento em relação aos demais pacientes. Apesar da possibilidade de perda de enxerto e de lesão cutânea, a posição prona não é contraindicada, devendo ser utilizada quando necessário (SNELL, et al. 2013). 40 • A realização de traqueostomia nestes pacientes é multifatorial. Um tempo estimado de duas semanas na ventilação mecânica pode ser utilizado para proposição de uma traqueostomia (SNELL, et al. 2013;). • Em casos de urgência, onde haja dificuldade para se abordar e conseguir uma via aérea definitiva ou na emergência da via aérea imediata ou de difícil acesso e sem a possibilidade de ventilação (“não intubo, não ventilo”), orientamos a adoção dos algoritmos específicos de via aérea e a avaliação dos “Ps” da intubação (preparação, retirada de próteses, posicionamento, pré- oxigenação, pré-medicação, paralisação e passagem do dispositivo sob visão direta, com checagem da ausculta e fixação adequada) antes e durante sua execução de forma criteriosa e protocolar (CALVIN, 2019). • Em síntese, na via aérea imediata, com paciente em “gasping”, PCR ou em pré-PCR, a intubação deve ser rápida, preterindo-se o uso de medicações, com exceção do bloqueador neuromuscular (caso haja tempo e com prioridade para o rocurônio nos casos de SCQ de maior extensão, por ser agente não despolarizante). Nos demais casos, o plano de acesso às vias aéreas deve passar inicialmente pela avaliação da sua dificuldade, (LEMON, Look, Evaluate 3-3-2, Mallampatti, Obstruction e Neck) construindo-se alternativas de abordagem ou solicitando-se auxílio especializado (anestesista ou emergencista), bem como o uso de equipamentos específicos antes mesmo do procedimento, prevendo-se falha escalonada na intubação e/ou ventilação. São dispositivos sugeridos para a via aérea difícil (e as queimaduras se enquadram neste perfil) as cânulas oro e nasofaríngeas, o bougie simples ou ventilado, a máscara laríngea, o videolaringoscópio, o estilete luminoso, broncoscópio e os kits de cricotireoidostomia por punção ou material para realização da cricotireoidostomia cirúrgica (hoje preferível e com evidências científicas de melhor desfecho nos casos de edema de glote com obstrução completa). 9.3.6. Manejo gastrointestinal • O principal sintoma no trato gastrointestinal associado a queimaduras graves é a diminuição da motilidade, desencadeando náusea, vômitos, intolerância alimentar e íleo adinâmico. Gastrite, úlceras gástricas (úlceras de Curling), 41 constipação e pseudo-obstrução também podem ocorrer. Para prevenir a úlcera gástrica o uso de inibidores de bomba de prótons e a nutrição precoce são efetivos (SNELL, et al. 2013) • Nas queimaduras químicas em especial, as ingestões acidentais ou auto infringidas podem levar a lesões graves do trato gastrointestinal alto, com perfurações, estenoses, hemorragia, rotura e complicações futuras inerentes à própria queimadura, às cirurgias corretivas de trânsito e neoplasias. Ácidos causam necrose de coagulação (mais contida, pela formação imediata de escaras) e álcalis de liquefação (com maior extensão em profundidade, principalmente se na forma líquida). A boca deve ser lavada, no intuito de retirar qualquer resquício da substância que foi ingerida. Não se deve induzir o vômito e a lavagem gástrica está proscrita, bem como o uso de sonda nasogástrica. A endoscopia é o principal exame quando estiver disponível, todavia, hácontrovérsia a respeito de quando deverá ser feita e qual a extensão do exame. As equipes de Toxicologia e Cirurgia Geral devem ser acionadas para acompanhamento dos casos com acometimento do trato gastrointestinal. 9.3.7. Manejo renal • A insuficiência renal aguda é muito frequente, acometendo até 30% dos grandes queimados, e está associada a uma maior taxa de mortalidade, sendo a sepse o maior fator de risco (GIORDANI et al., 2016). • A ressuscitação inicial é o fator mais importante para diminuir a Insuficiência Renal Aguda (IRA), não havendo terapêuticas específicas para tratá-la (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); • O início da Terapia Renal Substitutiva (TRS) ainda é controverso em pacientes queimados. Há poucos estudos que apontam que um início precoce da TRS pode diminuir a mortalidade e disfunções orgânicas múltiplas. Pela falta de evidências consolidadas, o início da TRS deve ser individualizado (SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019); 42 9.3.8. Manejo Hematológico 9.3.8.1. Trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar Pacientes vítimas de queimaduras apresentam alto risco para o desenvolvimento de fenômenos tromboembólicos. Portanto, a tromboprofilaxia deve ser iniciada logo que possível, sendo a heparina de baixo peso molecular preferível à heparina não fracionada, quando não há contraindicações (SNELL, et al. 2013). 9.3.8.2. Hemotransfusão 9.3.8.2.1. Concentrado de hemácias Durante a hospitalização os pacientes com queimaduras graves, em sua maioria, apresentam anemia, seja por perdas durante os procedimentos ou por fatores inflamatórios (sepse, hipermetabolismo e má absorção). Estudos recentes apontam que uma estratégia transfusional restritiva (com meta de Hb superior a 7 g/dL) diminuiu a quantidade de transfusões nos pacientes queimados, sem piora de desfechos (seja na mortalidade, incidência de infecção ou tempo de cicatrização) quando comparada a uma estratégia não restritiva, com meta de Hb superior a 10 g/dL (PALMIERI et al., 2017) . Portanto, transfusões devem ser feitas em paciente com Hb inferior a 7 g/dL, sendo individualizada nos demais pacientes caso haja instabilidade hemodinâmica ou disfunções orgânicas (PALMIERI et al., 2019; SNELL, et al. 2013). Para o uso de transfusões no perioperatório, consultar seção 9.6. de Assistência Anestesiológica. 9.3.8.2.2. Concentrado de plaquetas (PALMIERI et al., 2019) • Transfusão terapêutica: presença de sangramento ativo + plaquetopenia inferior a 50.000 ou disfunção plaquetária provável (uso de antiplaquetários, insuficiência renal, tempo de sangria superior a 12 segundos) • Transfusão profilática: ausência de sangramento ativo + procedimento cirúrgico programado com plaquetopenia inferior a 50.000 • A dose recomendada é de 1 unidade a cada 10 kg de peso 43 9.3.8.2.3. Plasma fresco congelado (PALMIERI et al., 2019) • Transfusão em sangramento por coagulopatia• Proposta de procedimento cirúrgico e coagulograma com as seguintes alterações (PALMIERI et al., 2019); 1. RNI superior a 1,5; 2. Atividade de protrombina inferior a 50%; 3. TTPA superior a 55 segundos; 4. A dose recomendada é de 15 a 20 ml/Kg. 9.3.9. Manejo neurológico • A prevalência de delirium no grande queimado pode chegar a 80% em pacientes em ventilação mecânica. Medidas como preservação do ciclo sono- vigília, higiene do sono, diminuição do uso de benzodiazepínicos e uso criterioso de antipsicóticos são os mais benéficos. Em caso de delirium hiperativo, com necessidade de contenção química, o uso de Risperidona e Quetiapina é preferível ao uso de Haloperidol por apresentarem menos efeitos extrapiramidais, além do fato deste último reduzir o limiar convulsivo, o que pode ser perigoso em alguns grupos de pacientes, principalmente os epilépticos e etilistas. Ainda há estudos incipientes sobre o uso de dexmedetomidina, porém mostra-se uma droga promissora tanto no controle de agitação como da dor (CHUNG KK, 2019; SHERIDAN, 2015); • A sedoanalgesia no paciente queimado requer uma atenção especial. Há um tópico específico na seção 9.6. referente à Assistência Anestesiológica 9.3.10. Infecções 9.3.10.1. Antibioticoprofilaxia 44 • O uso de antimicrobiano sistêmico não é indicado na fase inicial da queimadura (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • Considerar a antibioticoprofilaxia para grandes desbridamentos e enxertia cutânea, tanto para adultos como para crianças, conforme descrito na seção 9.4.7. referente à Assistência Pediátrica. • A escolha do antimicrobiano é baseada na flora colonizante do paciente e no perfil epidemiológico da unidade (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • Biópsia tecidual com análise microbiológica em pacientes específicos e swabs de pele nos demais pacientes. Nos pacientes críticos é realizada semanalmente (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • Os antimicrobianos devem ser administrados no momento da indução anestésica, repicados, caso necessário, durante o procedimento cirúrgico (conforme a duração da cirurgia e o tempo de meia-vida da medicação) e podem ser mantidos por mais 24 horas após o procedimento; (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • Nos pacientes já em uso de antimicrobianos terapêuticos, considera-se também a flora de colonização para avaliar escalonamento do antibiótico. Ex.: paciente em tratamento de pneumonia com aspirado traqueal e hemocultura evidenciando Pseudomonas sp, mas com swab de pele evidenciando Staphylococcus aureus MRSA, administrar Vancomicina ou Teicoplanina (preferível em pacientes com doença renal crônica não dialítica) como profilaxia. Sendo o uso suspenso posteriormente (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • Antimicrobianos tópicos são aplicados para reduzir a flora de colonização bacteriana nas feridas. Utilizamos a Sulfadiazina de Prata 1% para a realização de curativos duas vezes ao dia. 45 9.3.10.2. Terapêutica antimicrobiana • Iniciar antibiótico sistêmico na presença e/ou suspeita de infecção sugerida pelos achados clínicos, características das feridas e exames complementares realizados (WEBER E MANAUS, 2004; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015); • O diagnóstico de sepse no paciente com queimadura é desafiador, visto que as lesões geram um processo inflamatório complexo que pode mimetizar um quadro infeccioso. Para a formulação dos critérios de sepse (sepsis-1, sepsis- 2 e sepsis-3) os pacientes queimados foram excluídos. Portanto, esses critérios não devem ser utilizados. Não há marcadores definidos para estes pacientes, e ainda hoje os critérios de 2007 da American Burn Association (ABA) são os mais utilizados (GREENHALGH, 2007; SNELL, et al. 2013; SHERIDAN, 2015; CHUNG KK, 2019; MEZA-ESCOBAR, 2021). 9.3.10.3. Critérios da ABA para sepse por queimaduras (GREENHALGH, et al. 2007) Preenchimento de um dos três critérios a seguir: 1. A infecção patológica é confirmada em uma cultura (por exemplo, ferida, sangue, urina) ou 2. A origem do tecido patológico é identificada (ou seja, >10 5 bactérias na biópsia quantitativa do tecido da ferida ou invasão microbiana na biópsia), ou 3. A melhora no cenário clínico é atribuída à administração de antimicrobianos E pelo menos três dos seguintes parâmetros: 1. Temperatura > 39°C ou < 36,5°C; 2. Taquicardia progressiva (por exemplo, adultos > 90 batimentos por minuto; crianças > 2 Desvios Padrão (DP) acima dos valores normais específicos para a idade; 3. Taquipnéia progressiva (por exemplo, adultos > 30 respirações por minuto; crianças > 2 DP acima dos valores normais específicos para a idade; 46 4. Leucocitose (por exemplo, adulto > 12.000 glóbulos brancos/microlitro, crianças > 2 DP acima do normal) ou leucocitopenia (por exemplo, < 4.000 glóbulos brancos/microlitro); 5. Trombocitopenia que ocorre três dias após a ressuscitação (por exemplo, adultos < 100.000 plaquetas por microlitro; crianças < 2 DP abaixo dos valores normais específicos para a idade); 6. Hiperglicemia > 110 mg/dL na ausência de diabetes mellitus preexistente; 7. Incapacidade de tolerar alimentação enteral por mais de 24 horas com base em: A. Distensão abdominal; B. Volumes residuais (duas vezes a taxa de alimentação em adultos e > 150 mL/h em crianças); C. Diarréia incontrolável (> 2.500 mL/dia para adultos e > 400 mL/dia para crianças). Melhorar a capacidade de identificar rapidamente a sepse por queimadura (ou aqueles em risco) é objeto de estudo em andamento. Um grupo identificou seis variáveis (frequência cardíaca > 130 batimentos por minuto, pressão arterial média < 60 mmHg, déficit de base < -6 mEq/L, temperatura < 36°C, uso de medicamentos vasoativos e glicose > 150 mg/dL) que pode ajudar na previsão precoce de sepse por queimadura. Manifestações locais de infecção da ferida, como o escurecimento da lesão, abscesso, drenagem de secreção purulenta, necrose, petéquias e aprofundamento do grau da lesão devem ser analisados em conjunto com outros sinais e sintomas (MEZA-ESCOBAR, 2021; GREENHALGH, 2007; ; SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019). A demonstração do quadro infeccioso será dada por culturas positivas, biópsia com culturas, análises histopatológicas positivas ou melhora clínica após o uso dos antibióticos. Nos casos de infecção, administrar o antibiótico empiricamente após a coleta dos exames, enquanto os resultados não estiverem disponíveis: nas primeiras 72 horas da admissão, cobrir microrganismos gram-positivos; após o 3º dia de internação, iniciar cobertura para gram-negativos; considerar adequadamente a escolha do antibiótico ao perfil de sensibilidade da flora colonizadora da Unidade; após o uso de antibióticos de largo espectro e em casos de internação prolongada, avaliar cobertura para microrganismos multirresistentes e fungos (GREENHALGH, 2007 ; SNELL, et al. 2013; CHUNG KK, 2019; MEZA-ESCOBAR, 2021) 47 9.4. ASSISTÊNCIA PEDIÁTRICA 9.4.1. Cálculo da Superfície Corporal A tabela de Lund e Browder (ARTZ E MOCRIEF,1696) é a mais utilizada para avaliar a extensão da queimadura em crianças, pois considera as mudanças nas proporções corporais segundo a idade. A superfície da mão da criança pode ser utilizada para calcular a extensão da queimadura, considerando-se que a mão espalmada equivale a 1% da superfície corporal. A Determinação da SCQ conforme Lund e Browder foi apresentada anteriormente no Quadro 6, na seção 9.2.1. Atendimento ao paciente queimado na Unidade Hospitalar. 9.4.2. Critérios de Internação em crianças • Queimadura de II grau > 10% SCQ; • Queimadura de III grau > 3% SCQ; • Áreas especiais: face, pescoço, mãos, pés, genitália; • Risco adicional:diabetes, anemia falciforme, cardiopatia; • Lesão inalatória; • Queimaduras elétricas; • Abuso (AMERICAN BURN ASSOCIATION, 2018). 9.4.3. Sedação e analgesia • O controle da dor na criança queimada deve ser iniciado logo à admissão; • Além das lesões teciduais, a dor pode ser exacerbada na troca de curativos, coletas de sangue, fisioterapia, desbridamentos e enxertias. Quando não tratada, a dor afeta o padrão respiratório, o sistema cardiovascular, deprime o sistema imunológico, aumenta a demanda metabólica, levando à privação do sono e desencadeando distúrbios de estresse pós-traumático. 48 • A avaliação da dor no CTQ deve ser constante. Orientamos essa avaliação juntamente com os dados vitais (frequências cardíaca e respiratória, pressão arterial e temperatura). Para tal avaliação, dispomos de escalas de dor que devem ser aplicadas (FHEMIG, 2021) 1. Para crianças menores de cinco anos o uso da Escala de FLACC-R (Quadro 11). 2. Para crianças maiores de cinco anos o uso da Escala Visual Analógica (EVA) (Figura 5). 3. Para crianças em uso de analgesia e sedação contínuas e/ou ventilação mecânica, sugerimos a Escala de Agitação e Sedação de Richmond - RASS (Quadro 12). Quadro 11 – FLACC-R Fonte: Adaptada de BUSSOTTI (2002). Nota: Pontuação: 0 – 3: desconforto leve; 4 – 6: desconforto moderado; 6 –10: desconforto/dor Figura 5 - Escala Visual Analógica (EVA) Fonte: Adaptada de BUSSOTTI (2002). 49 Quadro 12 - Escala de Agitação e Sedação de Richmond - RASS Fonte: Adaptada de BUSSOTTI (2002). 9.4.3.1. Tratamento não farmacológico A presença dos pais ou cuidadores é primordial, trazendo mais segurança para a criança e auxiliando na redução da ansiedade e medo, inclusive nas trocas de curativos. Uso de tablets e smartphones, musicoterapia, atividades cognitivas e recreativas são muito importantes. O controle de ruído, de luz e a observação do ciclo sono-vigília, são fundamentais. Em RN e lactentes menores de seis meses recomenda-se a sucção não nutritiva, o uso de solução glicosada 25% (1 ml de SG 50% + 1 ml de ABD). 9.4.3.2. Tratamento farmacológico Consideração inicial: É obrigatória a monitorização contínua de frequência cardíaca e saturação de O² da criança quando forem administradas drogas com potencial de depressão respiratória; • Dor leve: Analgésicos comuns: 50 − Dipirona: Endovenosa (EV), Intramuscular (IM) ou Via Oral (VO), dose de 10 - 25 mg/kg, até de 4/4 horas. Doses maiores podem ser utilizadas para controle da dor: 30 - 50 mg/kg a cada 4 a 6 horas. − Paracetamol: VO dose de 10 - 15 mg/kg/dose, a cada 4 a 6 horas. Dose máxima de 75 mg/kg/dia ou 4 gramas/dia. • Dor moderada a grave: − Morfina: Apresentações disponíveis no hospital: Solução oral (1mg/ml). Pó (2 mg). Comprimido (10mg). Ampola EV (10mg/ml). o Crianças ≤ 6 meses, não ventilados: ♦ Oral: 0,08 a 0,1 mg/kg/dose a cada 4h. ♦ EV Bolus 0,025 a 0,03 mg/kg/dose a cada 4 h. o Crianças ≤ 6 meses, ventilados: ♦ Bolus EV: 0,05 mg/kg/dose a cada 2 a 4 horas. ♦ Infusão EV contínua: 10 - 40 µg/kg/hora; titular cuidadosamente a dose para o efeito desejado. o Crianças maiores de 6 meses e adolescentes: ♦ Oral: menor que 50 Kg: dose 0,1 a 0,2 mg/kg a cada 4 horas; maior que 50 kg: dose 10 a 20 mg a cada 4 horas. ♦ Bolus IM, EV ou Subcutâneo (SC): 0,05 a 0,1 mg/kg/dose. ♦ Infusão contínua: 10 - 40 µg/kg/hora em menor que 50 kg e 1 a 3 mg/h em maior que 50kg. Em crianças sem suporte ventilatório a administração de morfina (EV) deve ser administrada somente na presença do médico. A infusão em bolus pode provocar depressão respiratória. − Gabapentina: muito utilizada como adjuvante no tratamento da dor na criança queimada. Principal indicação: dor neuropática. VO, dose habitual de 2 mg/kg de 8/8h a 5 mg/kg/dose de 8/8h. Dose deve ser aumentada até alívio da dor. − Metadona: VO dose de 0,05 a 0,2 mg/kg a cada 4 a 6 horas. Dose máxima de 10 mg. Indicada no tratamento e prevenção da abstinência e dependência e na transição de 51 opioide venoso para enteral. Requer vigilância devido ao efeito cumulativo, que leva a sedação mais prolongada. − Fentanil: ♦ Intranasal (IN): dose 1,5 mcg/kg/dose (não padronizado nessa unidade) ♦ EV dose de 1 a 2 mcg/kg/dose, paciente em suporte ventilatório. A infusão rápida e o uso de doses superiores a 5 mcg/kg provocam rigidez torácica e bradicardia. O efeito é antagonizado com uso de naloxona e relaxante muscular. − Escetamina/Cetamina: Efeito analgésico, amnésico e sedativo (anestésico dissociativo). Ótima opção para procedimentos dolorosos. Utilizada no setor de queimados como a primeira opção para as trocas de curativos. Apresentação: Ampola EV 50 mg/ml. ♦ Dose: EV: 1 mg/kg em bolus ♦ IM: 1 a 2 mg/kg . ♦ Em pacientes com suporte invasivo: dose EV 1 a 2 mg/kg. ♦ Infusão EV contínua: 5 a 20 µg/kg/min (0,3 a 1,2 mg/kg/hora), podendo chegar a 60 µg/kg/min (3,6 mg/kg/hora). − Midazolam: Efeito sedativo. Usado em trocas de curativos em doses baixas de 0,05 mg/kg EV em associação à escetamina. Seu uso prolongado induz à tolerância e a sua retirada abrupta leva à síndrome de abstinência. ♦ Risco de hipotensão se bolus em paciente hipovolêmico. ♦ Apresentação disponível no hospital: Ampola EV 5 mg/ml. ♦ Dose: IM: 0,1 a 0,15 mg/kg; IN: 0,2 a 0,3 mg/kg. − Dexmedetomidina: promove sedação com manutenção do drive respiratório. Ótima opção para trocas de curativos. Indicado na prevenção e tratamento da síndrome de abstinência a opioide e benzodiazepínico e em delírios. Pode ocorrer hipotensão, hipertensão ou bradicardia, se infusão rápida ou dose alta. 52 ♦ EV: dose em bolus de 0,5 a 2 mcg/kg/dose. ♦ Intranasal ou mucosa oral: dose de 1 a 3 mcg/kg/dose. ♦ IM: dose de 1 a 4 mcg/kg/dose. − Clonidina: agonista alfa 2 adrenérgico. Efeito sedativo, ansiolítico e analgésico. Não provoca depressão respiratória e reduz a necessidade de outros sedativos. Considerar seu uso em pacientes de sedoanalgesia difícil. Efeitos adversos: bradicardia e hipotensão. Se uso prolongado, não suspender abruptamente pelo risco de síndrome de abstinência, hipertensão arterial e convulsão. Apresentação: Ampola EV 150 µg/ml. Comprimido 0,100 mg. ♦ Dose: Oral: 1 a 5 µg/kg/dose a cada 6 a 8 horas; dose máxima: 200 µg/dose ou 20 µg/kg/dia. ♦ Infusão EV contínua: 0,5 a 2 µg/kg/h. Sugerimos evitar codeína e tramadol em crianças < 12 anos devido à variabilidade no metabolismo, que pode alterar o nível do fármaco ativo ao qual a criança está exposta, resultando em overdoses fatais, em casos extremos. Em crianças ≥ 12 anos, deve-se ter cuidado ao prescrever esses medicamentos, principalmente em pacientes obesos e naqueles com apneia obstrutiva do sono ou doença pulmonar grave, já que podem aumentar o risco de problemas respiratórios graves. 9.4.4. Tratamento inicial à criança grande queimada: KEY POINTS 1.ABCDE (A-airway with cervical spine control, B-Breathing, C-Circulation, D- Neurological disability, E-Exposure with environmental control); 2. Avaliação da profundidade da queimadura; 3. Acesso venoso e infusão de fluidos; 4. Analgesia: opioides; 5. SVD: monitorização; 6. Retirada de roupas e substâncias aderidas; 7. Cuidado com as lesões; 8. Pesquisar traumas associados. 53 Figura 6 - Fluxo de atendimento pediátrico * Lesão inalatória: O uso de micronebulização com heparina dose 5.000 a 10.000 UI reduz a severidade da lesão pulmonar. Fonte: Elaborado pela equipe do HJXXIII (2022) em concordância com AMERICAN BURN ASSOCIATION, ABLS 2018. 9.4.5. Terapia hídrica na criança queimada • As primeiras 48h após o trauma são as mais críticas; • Hidratação venosa de reparação está indicada para crianças com SCQ superior a 20%; • O cateter venoso central deveser puncionado quando há risco hemodinâmico; • Monitorização do volume urinário é essencial. Recomenda-se monitorização por SVD em pacientes graves; • Preconiza-se diurese de 2 ml/kg/hora em queimaduras elétricas e 1 ml/kg/h nas demais queimaduras (ISBI Practice Guidelines). Evitar excesso de cristalóide: “Fluid creep”. Soro de Primeiro dia: 54 FÓRMULA DE REPARAÇÃO (PARKLAND) 3ML X PESO X SCQ + volume da FÓRMULA DE MANUTENÇÃO (HOLLIDAY-SEGAR) Considerar 50% como valor máximo de SCQ para cálculo Fórmula de HOLLIDAY-SEGAR: Até 10 Kg: 100 ml x peso 10 - 20kg: 50 ml/Kg acima de 10 kg + 1000 ml Acima de 20 kg: 20 ml/kg acima de 20 kg + 1500 ml • Utilizar solução de Ringer Lactato ou Cloreto de Sódio 0,9% nas primeiras 24 horas a partir do acidente. *Não é necessário administrar solução glicosada nas primeiras 24 horas após a queimadura devido ao risco de hiperglicemia. Realizar a monitorização glicêmica. • Não é necessário administrar potássio nas primeiras 24 horas. Infundir 50% do volume da FÓRMULA DE REPARAÇÃO + 1/3 do volume da FÓRMULA DE MANUTENÇÃO nas primeiras 8 horas. Infundir 50% do volume da FÓRMULA DE REPARAÇÃO + 2/3 do volume da FÓRMULA DE MANUTENÇÃO nas 16 horas seguintes. Importante: os fluidos cristalóides recebidos no pré-hospitalar e serviços de origem devem ser considerados no cálculo. • Após 18 – 24 h do trauma, as necessidades de fluídos reduzem bruscamente, portanto, o aporte de líquidos deve ser direcionado conforme monitorização da diurese e dos sinais clínicos. Após esse período, avaliar infusão de albumina (se menor 1,5) se edema intenso. Dose albumina: 1 - 2 g/kg/dia. 55 • Em crianças com sinais de baixo débito cardíaco após a restauração volêmica, o suporte inotrópico está indicado. Orienta-se a realização de ecocardiograma funcional. Soro de Segundo dia: 2 ML X PESO X SCQ + volume da FÓRMULA DE MANUTENÇÃO (HOLLIDAY-SEGAR) • Utilizar solução isotônica de Cloreto de Sódio 0,9% (440 ml) + soro glicosado hipertônico SGH 50% (50 ml), concentração final de glicose de 5%. • Manter monitorização glicêmica. • Avaliar a introdução de Cloreto de Potássio KCl 10% 2mEq/cada 100 ml da necessidade básica de acordo com o valor do k sérico. • Reposição de cálcio e fósforo, se necessário. • Infusão do volume total em 24 horas. • Se a criança estiver em uso de dieta oral ou enteral, este volume deve ser descontado do soro de manutenção, bem como outras perdas e ganhos no balanço hídrico diário. Soro de Terceiro dia: 1 ML X PESO X SCQ + volume da FÓRMULA DE MANUTENÇÃO (HOLLIDAY-SEGAR) • Utilizar solução isotônica de Cloreto de Sódio 0,9% (440 ml) + soro glicosado hipertônico SGH 50% (50 ml), concentração final de glicose de 5%. • Manter monitorização glicêmica. • Avaliar necessidade de potássio, cálcio e fósforo no soro de manutenção. • Infundir o volume total em 24 horas. • Descontar o volume da dieta oral e enteral do soro de manutenção. 56 9.4.6. Nutrição na criança queimada • A dieta deve ser iniciada precocemente de 6 a 12h após o trauma (American Society for Clinical Parenteral and Enteral Nutrition. - ASPEN, 2016). • Supressão das necessidades básicas e os gastos adicionais devidos à queimadura e ao hipercatabolismo. • Promove proteção contra úlcera de estresse (úlcera de Curling). • Está indicada para TODOS os pacientes com SCQ superior a 20% ou pacientes com queimaduras que comprometam a ingestão oral (Ex.: queimaduras de face). Administrar dieta por sonda nasoentérica em bomba de infusão contínua. Manter ingestão oral livre. • Recomenda-se a Sondagem Nasoentérica (SNE) com radiografia de controle para o posicionamento da SNE antes de iniciar a infusão de dieta. • Para pacientes com via oral exclusiva, avaliar a aceitação e considerar suplementação, se necessário. • Cálculo de necessidades nutricionais / Necessidades calóricas: Fórmula de Galveston. Quadro 13 - Cálculo de necessidades nutricionais (Galveston) Fonte: AMERICAN BURN ASSOCIATION (2018). 57 Dietas disponíveis na rede Fhemig mais utilizadas: Quadro 14 - Dietas e suplementações 58 Opção de suplementação: Considerações: 1. Propranolol: reduz a resposta hipermetabólica em pacientes pediátricos (WILLIAM FN, 2011). • Promove a redução: A. Frequência cardíaca; B. Débito cardíaco; C. Gasto energético de repouso D. Lipólise periférica • Dose inicial de 1,8 mg/kg/dia ajustada de modo a reduzir a frequência cardíaca em torno de 20% em relação ao valor basal 2. Uso de bloqueador de bomba de prótons: omeprazol está indicado desde as primeiras horas após trauma, para prevenção de úlcera de estresse (Curling). • Dose: 1 mg/Kg/dia 9.4.7. Infecção na criança queimada Como a criança queimada apresenta habitualmente intensa inflamação, com dor, eritema e febre desencadeados pela queimadura, o diagnóstico precoce de infecção é um 59 desafio. Por isso, é muito importante a observação diária do aspecto das lesões e o exame clínico completo do paciente. A presença de secreção purulenta na ferida, a alteração da curva térmica e/ou piora clínica do estado geral do paciente são fundamentais para o diagnóstico de uma possível infecção bacteriana secundária. Não está indicado o uso de antibióticos profiláticos em queimaduras, independentemente de extensão e ou profundidade, exceto para procedimentos cirúrgicos como desbridamento e enxertia de tecidos. São sinais e sintomas de infecção na criança queimada: • Temperatura > 38,5ºC ou > 36,5ºC; • Taquicardia progressiva (> 2 DP); • Taquipnéia (> 2 DP); • Troncocitopenia; • Hiperglicemia > 200 mg/dl; • Incapacidade de continuidade de dieta enteral > 24 h (Distensão abdominal; Intolerância alimentar com resíduo gástrico > 150 ml/h em crianças; Diarréia incontrolável > 400 m/h dia) (AMERICAN BURN ASSOCIATION, 2018). Quadro 15 - Parâmetros fisiológicos com base na idade pediátrica Grupo de Idade Frequência Cardíaca (Batimentos por minuto) Frequência Respiratória Contagem de Leucócitos PA Sistólica Taquicardia Bradicardia (Respirações/min) Leuc x 10³/mm³ mmHg 0 dias a 1 semana >180 <100 >50 >34 <65 1 semana a 1 mês >180 <100 >40 >19,5 ou <5 <75 1 mês a 1 ano >180 <90 >34 >17,5 ou <5 <100 2-5 anos >140 NA >22 >15,5 ou <6 <94 6-12 anos >130 NA >18 >13,5 ou <4,5 <105 13 a <18 anos >110 NA >14 >11 ou <4,5 <117 Fonte: GOLDSTEN; GIROIR E RANDOLPH (2005). 60 Sempre que houver uma suspeita de infecção em um paciente queimado, é essencial coletar duas ou mais hemoculturas em sítios diferentes e realizar biópsia de fragmento de pele da área queimada, para um diagnóstico mais assertivo de infecção nestes pacientes e para guiar o tratamento com antibióticos com cobertura adequada e menor espectro. A confirmação da infecção ocorre por: • Hemocultura positiva; • Identificação de microrganismo patogênico em biópsia de fragmento de pele da área queimada; • Resposta clínica aos antimicrobianos. Quando utilizar antibiótico profilático e qual medicamento utilizar em cada caso? A profilaxia antimicrobiana só está indicada para procedimentos cirúrgicos como desbridamento e enxertias. 1. Pacientes sem internação na UTI, hospitalização recente, sem colonização definida: Cefazolina. 2. Pacientes internados na UTI há mais de 48h, mas sem resultados de culturas de fragmentos de pele ou secreção de ferida: Cefazolina associada à Gentamicina. 3. Pacientes colonizados com bactérias GRAM negativas com sensibilidade a aminoglicosídeos: Cefazolina associada à Gentamicina ou Amicacina. 4. Pacientes colonizados com Staphylococcus aureus resistente à Oxacilina: Vancomicina ou Teicoplanina (doença renal não dialítica) 5. Pacientes colonizados com bactériasresistentes, o esquema de profilaxia e tratamento antimicrobiano deve ser discutido com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). O antibiótico profilático deve ser iniciado uma hora antes do procedimento cirúrgico. 9.4.8. Exames complementares • A criança grande queimada deve ser monitorizada laboratorialmente, principalmente em relação a distúrbios hidroeletrolíticos, anemia, dosagem sérica de albumina, além de vigilância infecciosa e colonização bacteriana. 61 • Hemograma completo, glicemia, gasometria arterial, lactato, ionograma completo, proteínas totais e frações, uréia, creatinina e coagulograma. CK para queimaduras elétricas e, em alguns casos, troponina. Hemocultura, Proteína C Reativa (PCR) e procalcitonina estão indicados na suspeita de infecção. • A cultura de secreção de pele deve ser feita uma vez por semana, para conhecimento da flora nosocomial prevalente. • Na suspeita de infecção, solicitar hemocultura, PCR e procalcitonina. Cultura de fragmento de pele coletado pelo cirurgião plástico deve ser rotina no CTQ. • O exame de urina rotina, gram de gota e a urocultura com antibiograma são indicados, sobretudo, nos pacientes submetidos à sondagem vesical, para rastreio do foco infeccioso. • Radiografia de tórax em pacientes com sintomas respiratórios e em investigação de foco infeccioso. 9.5. ASSISTÊNCIA CIRÚRGICA O tratamento das feridas do paciente queimado baseia-se nos métodos propostos a partir da avaliação da profundidade do tecido queimado. O tratamento conservador é indicado para as queimaduras superficiais (primeiro e segundo grau superficial) e o tratamento cirúrgico é o método de escolha para as queimaduras profundas (segundo grau profundo e terceiro grau). No Quadro 8- Avaliação da profundidade das lesões, ítem 9.2.1. Atendimento ao paciente queimado na Unidade Hospitalar deste Protocolo Clínico, há especificações quanto a características das lesões, prazo de cicatrização e opção de tratamento. A balneoterapia é associada aos dois métodos propostos. Os desbridamentos e enxertias precoces são indicados para as queimaduras profundas a partir do terceiro dia de queimado. Apesar da maior necessidade de hemotransfusão, eles levam a menor tempo de internação, menos complicações metabólicas e redução na taxa de infecções cutâneas, permitindo mobilizações e reabilitação precoces. Estão associados a menores morbidade e mortalidade. O atraso no 62 início das abordagens cirúrgicas está associado também à cicatrização patológica e sequelas em pacientes com queimaduras profundas e nos casos em que uma ferida superficial não cicatrize em até dez dias, mesmo que a epitelização possa ocorrer por segunda intenção após esse período. 9.5.1. Banho e curativos • São abordados mais detalhadamente na seção 9.7 - Assistência de Enfermagem e variam de acordo com estágios da queimadura e o tratamento cirúrgico (BRASIL, 2012; CHUNG; FRIEDMAN, 2019; GREENHALGH et al, 2007; MEZA-ESCOBAR et al, 2021; PALMIERI, 2019; SIMÕES E SILVA, 2016; TAVARES e SILVA, 2015) • Queimaduras não debridadas de segundo grau profundo e de terceiro grau ou nos três primeiros dias após desbridamento com eletrocoagulação intensa: banhos com clorexidine degermante e curativos duas vezes ao dia com creme de sulfadiazina de prata a 1% (CIPRANDI et al, 2018); SCHULZ et al, 2017; KASSIRA e NAMIAS, 2008; HONARI, 2004). 9.5.2. Desbridamentos cirúrgicos Desbridamentos cirúrgicos sequenciais em bloco cirúrgico sob anestesia geral ou sedação são indicados em pacientes com necrose cutânea por queimadura de segundo grau profundo ou de terceiro grau. O desbridamento tem intenção de remover o tecido necrótico, com ou sem enxertia de pele imediata autóloga (do próprio paciente) ou homóloga (de indivíduo da mesma espécie) (CHOI et al., 2008; HART et al., 2001; HERNDON E PARKS, 1986) • Queimadura de segundo grau superficial: higienização com clorexidine degermante, irrigação com solução salina e remoção, com pinça e tesoura, das bolhas e do tecido desvitalizado superficial solto, sob analgesia com opioide. • Queimadura de segundo grau profundo: sob anestesia geral ou bloqueio, quando possível, desbridamento tangencial com faca de Blair de até 9% da 63 superfície corporal, infiltração superficial sob a região desbridada com solução de adrenalina e cloreto de sódio a 0,9%, na proporção de 1:250 mil, após exposição de tecido viável sangrante, e enxertia de pele no mesmo tempo cirúrgico. Optar por enxertia sob recém-debridadas. • Queimadura de terceiro grau de até 9% da superfície corporal: sob anestesia geral ou bloqueio, quando possível, desbridamento com faca de Blair ou eletrocautério, infiltração superficial sob a região desbridada com solução de adrenalina e cloreto de sódio a 0,9%, na proporção de 1:250 mil, após exposição de tecido viável sangrante, e enxertia de pele no mesmo tempo cirúrgico. Optar por enxertia sobre feridas recém-debridadas (JANZEKOVIC, 1970; JACKSON et al., 1960; PIETSCH et al., 1985) • Queimadura de terceiro grau acima de 9% da superfície corporal: sob anestesia geral ou bloqueio, quando possível, escarectomia de até 18% da superfície corporal com faca de Blair ou eletrocautério em cada procedimento sequencial. • Queimaduras de terceiro grau pontuais, desbridar com lâminas de bisturi. 9.5.3. Enxertia de pele Enxertia de pele autóloga em pacientes com escara necrótica removida e leito receptor em condições de recebimento de enxerto cutâneo (JANZEKOVIC, 1970; JACKSON et al., 1960; PIETSCH et al., 1985; HOUSINGER, 1993): • Os enxertos obtidos são de pele parcial (dermo-epidérmicos) ou de espessura total (enxerto de pele total). • Os enxertos dermo-epidérmicos são em estampilha (pequenos enxertos), em lâminas (obtidos com dermátomo elétrico) e expandidos em malha (mesh graft, retirado por dermátomo), aumentando sua extensão habitualmente em até três vezes. • Salienta-se a obrigatoriedade da enxertia de pele logo após remoção, também precoce, da escara necrótica, em queimaduras de face, região cervical, 64 articulações, dorso das mãos e pés, para evitarem-se graves retrações cicatriciais. • Remoção do tecido de granulação sempre que possível para remoção do biofilme, por raspagem com lâmina de bisturi ou desbridamento tangencial com faca de Blair. Em caso de estrutura nobre sob tecido de granulação, minimizar a colonização microbiana por raspagem leve com lâmina de bisturi. • Evitar eletrocoagulação em alta potência ou em varredura sempre que possível. Tentar previamente hemostasia por solução tópica de adrenalina e solução de cloreto de sódio a 0,9%, na proporção de 1:100 mil, embebida em compressas, e compressão por ataduras de crepom por no mínimo10 minutos. • Em feridas limpas, enxertar até nove por cento da superfície corporal, se enxertos de pele não expandida, ou até 18% da superfície corporal, se enxertos de pele expandida, em procedimentos sequenciais. • Utilizar enxerto de pele parcial, recrutado com dermátomo elétrico. Pode-se recrutar enxertos de pele com faca de Blair (quando não se pretende expansão em malha). • Infiltrar abundantemente o tecido subcutâneo do dorso com solução de adrenalina e cloreto de sódio a 0,9%, na proporção de 1:500 mil, para aplainar a pele sobre os relevos ósseos da coluna vertebral, dos arcos costais e da crista ilíaca. Assim, possibilita-se o recrutamento de grandes lâminas de enxerto com maior facilidade, a exemplo do couro cabeludo como área doadora de enxerto. • Utilizar enxertos de pele parcial espessos para grandes áreas da face, do pescoço, das mãos, dos pés e articulares. Posicionar transversalmente os enxertos em membros. • Utilizar enxertos de pele total para as pálpebras, recrutados das pálpebras contralaterais, das regiões retroauriculares ou supraclaviculares,com vistas a se evitarem retração cicatricial e lesões de córnea. Proteger por gel ou tarsorrafia fendas palpebrais que não se ocluem. Proceder à síntese primária da região doadora do enxerto cutâneo. 65 • Utilizar enxertos de pele total para pequenas regiões da face e das mãos, recrutadas das regiões inguinais livres de pelo. Proceder à síntese primária da região doadora do enxerto cutâneo. • Expandir os enxertos somente quando não houver áreas doadoras de enxerto suficientes. • Enxertos devem ser fixados com suturas de nylon ou tiras de esparadrapo antialérgico estéreis. • O enxerto deve receber curativo primário não aderente, e curativo secundário absorvente. O curativo secundário é substituído em 3 dias, e o primário em 5 dias. • Se houver enxerto que cruze articulações, o membro deverá ser imobilizado com talas de gesso, reposicionadas após a substituição dos curativos secundários, reposicionadas após a substituição dos curativos primários, e removidas em 7 dias. No pescoço a restrição de mobilidade poderá ser realizada com colar de espuma. 9.5.4. Curativos biológicos/enxerto homólogo Utilizar em pacientes grandes queimados com queimaduras de segundo e terceiro graus, maiores que 40% da SCQ, tendo o paciente área doadora escassa para enxertia de pele autóloga. Realiza-se o enxerto homólogo sobre feridas desbridadas com o intuito de reduzir as perdas hidroeletrolíticas, diminuir as perdas proteicas, prevenir a dessecação da ferida, suprimir a proliferação bacteriana, reduzir a dor, diminuir as perdas metabólicas, promover neovascularização e induzir a epitelização, preparando, portanto, o leito da ferida para enxertia definitiva. Assim, o enxerto homólogo pode proporcionar matriz extracelular para enxertos epiteliais, a fim de se promover a cicatrização e a consequente enxertia de pele definitiva (autóloga) (SCHIOZER, 2012). 9.5.5. Retalhos São utilizados nas queimaduras com exposição de estruturas profundas, inclusive tecido ósseo, quando a enxertia cutânea não é possível devido à ausência de 66 leito adequado para sua integração, ou quando a cobertura oferecida pelo enxerto não é suficiente para preservar a função da área acometida. As lesões que mais frequentemente requerem cobertura por retalhos são localizadas em extremidades, ou seja, couro cabeludo, membros superiores e membros inferiores, sendo características associadas aos retalhos: 1. Preservam a função da região acometida. 2. Os retalhos utilizados em queimaduras são os mesmos da prática em Cirurgia Plástica. 3. Deve-se sempre dar preferência a retalhos cutâneos locais, fasciocutâneos nos membros inferiores e miocutâneos ou musculares com enxertos cutâneos sobrepostos para cobertura de grandes defeitos. 4. Deve-se sempre utilizar retalho neurovascular para as polpas das falanges distais do polegar e do segundo dedo da mão. 5. Retalhos à distância, obtidos de uma região distante do local a ser reparado, devem cobrir o defeito sem tensão e com frouxidão do pedículo. O retalho deve ser imobilizado por gesso e transferido definitivamente pela secção do seu pedículo após três semanas. Nesse período, deve-se higienizar a ferida e trocar os curativos e o gesso semanalmente, sob sedação em bloco cirúrgico. 6. Lesões com graves acometimentos articulares, exposição de estruturas nobres com lesões extensas e profundas que necessitem de cobertura local o mais breve possível e que não disponham de outras possibilidades terapêuticas são indicativas de reconstrução microcirúrgica, assim como em seletos casos em que a realização do retalho microcirúrgico possa trazer maior benefício. Os retalhos livres podem ser utilizados nas queimaduras: 1. Com finalidade de preenchimento de cavidades e melhor controle de infecção, como os musculares e miocutâneos; 2. Para oferecer cobertura fina e com boa adaptação local, como os cutâneos e fasciocutâneos; 3. Podendo envolver ainda tecido ósseo e tecidos inervados, considerando- se a função do segmento corporal receptor. 67 O planejamento pré-operatório deve ser criterioso, pois microanastomoses podem estar comprometidas, aumentando o risco de trombose dos vasos, principalmente em casos de queimadura elétrica ou por radiação ionizante. Ultrassonografia Doppler ou angiotomografia dos vasos receptores devem ser realizados. Figura 7 - Proposta de Tratamento Cirúrgico Fonte: Elaborado pela equipe do HJXIII (2022). 68 9.6. ASSISTÊNCIA ANESTESIOLÓGICA 9.6.1. Monitorização: O paciente que demanda assistência anestesiológica deve estar monitorizado com aparelhagem básica, conforme Resolução CFM nº 2174/2017 São considerados momentos críticos para o paciente: o transporte, a mudança de leito (retirada da mesa cirúrgica para maca de transporte, por exemplo) e a sedação para troca de curativo fora do ambiente cirúrgico. Em todas essas situações, o paciente deve ser monitorizado. (CANELA, A. F. A et al.,2011; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2018). 9.6.1.1. Monitorização básica do paciente inclui (em todo procedimento): 1. Pressão arterial e frequência cardíaca; 2. Ritmo cardíaco por meio de cardioscopia; 3. Temperatura e meios para assegurar a normotermia, em procedimentos com duração superior a 60 (sessenta) minutos; 4. Saturação da hemoglobina por meio de oximetria de pulso; 5. Ventilação incluindo os teores de gás carbônico exalados, monitorados por capnógrafo, nas seguintes situações: anestesia sob via aérea artificial (como intubação traqueal, brônquica ou dispositivo supraglótico) e/ou ventilação artificial e/ou exposição a agentes capazes de desencadear hipertermia maligna, que é uma afecção hereditária e latente, caracterizada classicamente por uma síndrome hipermetabólica em resposta à exposição aos anestésicos voláteis (halotano, enflurano, isoflurano, sevoflurano e desflurano) e/ou succinilcolina. 6. Débito urinário em procedimentos cirúrgicos superiores a quatro horas. 7. Débito urinário alvo no adulto: 0,3 a 0,5 ml/kg/h e 1 ml/kg/h nos casos de queimadura elétrica. 8. Débito urinário alvo na criança: 1 ml/kg/h. 69 9.6.1.2. Monitorização avançada do paciente inclui (pacientes críticos ou porte aumentado do procedimento cirúrgico): 1. Mensuração hemodinâmica avançada (pressão arterial invasiva, pressão venosa central e/ou monitorização do débito cardíaco). 2. Débito urinário independente da duração do procedimento. 3. Temperatura e meios para assegurar a normotermia, independentemente de sua duração. 4. Gases anestésicos (ar comprimido, óxido nitroso e agentes halogenados). 5. Bloqueio neuromuscular para pacientes submetidos a anestesia geral, com uso de bloqueadores neuromusculares. 6. Profundidade da anestesia com o uso de monitores da atividade elétrica do sistema nervoso central em pacientes definidos no Parecer do Conselho Federal de Medicina nº 30/16. 9.6.1.3. Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA): Assim como em todos os procedimentos anestésicos, após término cirúrgico o paciente queimado deve ser encaminhado ao UTI ou à SRPA, conforme indicação acordada entre cirurgião e anestesista, sendo necessário o rigoroso controle da temperatura e da dor. O transporte para esses setores é de responsabilidade de um médico plantonista envolvido, sendo necessária na SRPA, preferencialmente, a presença de um anestesista durante toda a permanência do paciente. A alta da SRPA é de responsabilidade exclusiva de um médico anestesista ou do plantonista da SRPA. 9.6.1.4. Dificuldades encontradas na monitorização em pacientes queimados: 1. Escassez de sítio íntegro para punção venosa e arterial, posicionamento de eletrodos, sensores de oxímetro e de esfigmomanômetro. 2. Edema ou lesão em região perineal, impedindo ou dificultando a passagem de sonda vesical de demora.70 3. Vias aéreas de difícil acesso, principalmente por edema, ou ainda redução da abertura bucal ou extensão cervical durante a evolução da queimadura. 9.6.2. Jejum pré-operatório Para cirurgias eletivas, seguir os intervalos de jejum preconizados pela American Society of Anesthesiologists (APFELBAUM, 2017; APFELBAUM, 2022): 1. Líquidos claros: duas horas (até 100 ml para adultos e 2 ml/kg para crianças - não inclui álcool). 2. Leite humano: quatro horas. 3. Fórmula infantil: seis horas. 4. Leite não humano: seis horas. 5. Refeições leves: seis horas. 6. Refeições gordurosas: oito horas. 7. Dieta enteral: 6 a 8h (exceto com sonda pós-pilórica confirmada ou jejunostomia em paciente previamente intubado ou já traqueostomizado, para os quais não há necessidade de jejum) 8. Dieta parenteral: ainda há divergências sobre essa suspensão. O protocolo da Fhemig sugere 2 horas de suspensão. Orienta-se avaliar o risco de hipoglicemia no per-operatório e a possibilidade de monitorização glicêmica durante o procedimento. Em casos negativos, a melhor opção seria a suspensão da dieta. 9.6.3. Avaliação pré-anestésica Recomenda-se que todo paciente antes da realização de qualquer anestesia seja submetido a Avaliação Pré-Anestésica (APA) (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2018). 1. Os objetivos da APA são aumentar a incidência de anestesia segura e reduzir os riscos de complicações peri-operatórias. 2. Em cirurgias eletivas, deve-se obter consentimento livre e esclarecido específico para anestesia de pacientes conscientes ou seus familiares, se necessário. 71 Deve-se também orientar sobre cuidados per-operatórios com intuito de reduzir a ansiedade e melhorar a recuperação do paciente. 3. A avaliação anestésica no paciente queimado segue o protocolo usual das demais cirurgias, excetuando pela maior importância da permeabilidade da via aérea. Esses indivíduos podem apresentar redução da mobilidade cervical, redução na distância tireo e esterno mento e abertura bucal. Tais fatores são mais frequentes no decorrer da evolução da lesão, em que a fibrose tecidual pode diminuir a elasticidade local. A partir da determinação de via aérea difícil previamente, deve-se acionar o Protocolo Institucional para que sejam disponibilizados materiais como máscara laríngea, fibroscopia ou material para Crico/Traqueostomia (APFELBAUM, 2022). 4. Atentar para possíveis distúrbios de coagulação e/ou existência de anemia. A reserva de hemoderivados/hemocomponentes deve ser confirmada anteriormente ao início da cirurgia. 9.6.4. Reposição volêmica • A diminuição de líquidos pela perda da derme torna a reposição volêmica um fator importante no manejo do paciente queimado. Em geral, o anestesista não é o primeiro médico a realizar atendimento ao paciente queimado. Nas primeiras 24 horas após evento, o anestesista deve atentar-se ao volume de líquidos já ofertados, realização de hemoderivados, monitorização da diurese, presença de acesso venoso calibroso estabelecido (idealmente dois ou acesso venoso central), bem como a gravidade da queimadura. Considera-se também a possibilidade de rabdomiólise mais frequente em queimadura elétrica. • Manutenção da Oferta de Oxigênio aos Tecidos (DO2), otimização da pré-carga, volemia e o equilíbrio hidroeletrolítico - ácidobásico. • A atenção maior à reposição volêmica é requerida quando a SCQ é superior a 20%. Em crianças, não há literatura com evidências científicas expressivas, mas especialistas indicam a ressuscitação volêmica acima de 10%. • Em pacientes agudos, idealmente, usa-se a Fórmula de Parkland, com a infusão de 2 a 4 ml/Kg de cristalóides aquecidos, por percentual da SCQ, sendo orientados 50% nas primeiras oito horas e o restante em 16 horas após o trauma. 72 • Especialistas recomendam, preferencialmente, o uso de ringer lactato pela semelhança ao conteúdo plasmático e menor possibilidade de acidose hiperclorêmica comparada à solução salina. O uso de colóides é controverso e não recomendado, a não ser em casos muito específicos. • Em cirurgias eletivas, a reposição volêmica é guiada preferencialmente por metas, visando às funções macro e micro hemodinâmicas. (ARBUTHNOT, M. K.; GARCIA, A. V.,2019; APFELBAUM, 2015). 9.6.5. Hemotransfusão A hemotransfusão tem como objetivos a correção das consequências deletérias da anemia, o aumento da oferta de oxigênio, a prevenção ou tratamento da hipóxia tecidual e a correção ou prevenção de coagulopatias. • A necessidade de hemotransfusão no paciente queimado é mais comum após a fase aguda da queimadura, em desbridamentos e enxertos. • As indicações de infusão em queimados são as mesmas das demais cirurgias, tanto de hemoderivados (produzidos em escala industrial através do processamento do plasma - albumina, complexo protrombínico e fator VIII da coagulação) quanto de hemocomponentes (obtidos por centrifugação e congelamento para fracionar o volume total da bolsa em quatro componentes - Concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado Fator VIII). Quando disponível, a tromboelastografia reduz o uso de produtos derivados do sangue, por monitorar a coagulopatia relacionada a situações de transfusão maciça associada ao trauma de forma mais fidedigna e em tempo real. • Hemoblobina (Hb) superior a 10 g/dL - Hematócrito (Ht) superior a 30% - é bem tolerada e, excepcionalmente, o paciente requer transfusão. Quando a Hb é inferior a sete g/dL existe risco de hipóxia tecidual e comprometimento das funções vitais. Neste caso, o paciente se beneficia com a transfusão de concentrado de hemácias. Entre sete g/dL e 10 g/dL de Hb, a indicação de transfusão depende da avaliação do estado clínico do paciente. 73 • Pacientes com doenças pulmonares obstrutivas crônicas devem ser mantidos com Hb acima de 10 g/dL, assim como os cardiopatas com isquemias agudas beneficiam-se com níveis de Hb acima de 9g/dL a 10 g/dL. Acima dos 65 anos de idade é aceitável transfundir com níveis de Hb inferior a 9 g/dL, quando sintomáticos. Nas enxertias, em que se necessita de boa perfusão local para que ela seja bem-sucedida, recomenda-se também níveis de Hb idealmente superiores a 10g/dL. • Em pacientes cirúrgicos estáveis, os níveis de Hb de oito g/dL são aceitáveis no período per e pós‐operatório, na ausência de hipóxia tecidual ou consumo aumentado de O2. • A hipocalcemia pode ser causada pela transfusão dos hemocomponentes ricos em citrato. A infusão de um grama de cloreto de cálcio é recomendada para quatro unidades de hemocomponentes, evitando a hipocalcemia decorrente do citrato. • O uso profilático de anti-fibrinolíticos não possui evidências científicas relevantes para queimados em qualquer faixa etária. Trata-se de população com desequilíbrio frequente no sistema pró e anticoagulante, assim como da resposta imune, portanto, até o momento, seu uso não é recomendado (PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2016; VANNI E BRAZ, 1999; ARBUTHNOT, M. K.; GARCIA, A. V.,2019) 9.6.6. Hipotermia 9.6.6.1. Conceitos Gerais • O hipotálamo é o centro regulador da temperatura corporal. É considerada normotermia a temperatura corporal central entre 36°C a 37,5°C; hipotermia leve entre 34°C a 35,5°C; hipotermia moderada 30 a 33,9 °C e hipotermia grave menor que 30°C. Variações mínimas de temperatura de +/- 0,3ºC ativam mecanismos para a geração ou perda de calor. • Até 72% dos pacientes apresentam hipotermia no per operatório. Trata-se de termo importante na tríade da morte, sendo eles - hipotermia, acidose e coagulopatia. Além de desconfortável para os indivíduos conscientes, é deletéria ao associar-se a inúmeras complicações, tais como a ocorrência de 74 infecção do sítio cirúrgico, o aumento do sangramento e da necessidade de transfusão, ocasionandoo aumento da morbimortalidade, atraso na recuperação e na alta hospitalar. • Em relação à distribuição de calor, o organismo está dividido em três compartimentos: o central, relacionado às vísceras e ao sistema nervoso central; o periférico, constituído pela musculatura dos membros superiores e inferiores; e a pele, denominado cutâneo. Entre o compartimento central e o periférico existe um gradiente de temperatura de três a quatro graus e entre o central e cutâneo de cinco a oito graus centígrados. Isso ressalta a diferença entre os locais de mensuração de temperatura. A temperatura central é mais facilmente mensurada no paciente cirúrgico pela nasofaríngea, esofágica e timpânica. Destas, a que oferece menor risco e maior correspondência à temperatura central é a esofageana. O sensor deve ser colocado no 1/3 inferior do esôfago, aproximadamente 42 a 45cm do orifício nasal, na posição retrocardíaca. A temperatura axilar, muito utilizada atualmente, demonstra o compartimento cutâneo, mostrando tardiamente quando há hipotermia. • A perda de calor ocorre por quatro mecanismos: radiação (70%, quanto mais descoberto o paciente, maior essa perda), condução (contato do corpo do paciente com lençolou macas frias), evaporação (suor e secreções) e convecção (o ar que circula a pele leva consigo o calor). Com a superfície cutânea molhada, aumenta-se em 30% a perda por esse fator. Todos estes mecanismos estão presentes no atendimento ao queimado. Durante a anestesia, seja qual for, tem-se a redistribuição do calor central para o compartimento periférico, ocorre a ação vasodilatadora de certas drogas, assim como a inibição ou lentificação da resposta do organismo à perda de calor, com alteração central da termorregulação, além da exposição do paciente à sala cirúrgica. • A hipotermia aumenta a duração dos relaxantes musculares, duplica a duração do rocurônio, vecurônio e atracúrio, além de aumentar a solubilidade dos anestésicos voláteis e a concentração plasmática do propofol em 30%. (BIAZZOTTO, C. B et al.2006, AMERICAN HEART SOCIETY). 75 9.6.6.2. Prevenção • A diminuição da perda de temperatura é mais fácil que reaquecer o paciente após estabelecida a hipotermia. • Mecanismos: 1. Infusão de líquidos aquecidos a 38°C, já que cada litro de soro em temperatura ambiente diminui a temperatura central em 0,25°C, sendo que na infusão de hemoconcentrados essa redução pode atingir até quatro graus centígrados. Recomenda-se o uso de dispositivos aquecedores, como estufas ou sistemas de aquecimento de sangue e fluídos (Ranger, por exemplo). 2. Pré-aquecimento: 30 minutos antes da indução anestésica, submeter o paciente a aquecimento por ar forçado (manta térmica, por exemplo), a fim de diminuir a perda por redistribuição durante a primeira hora de cirurgia. 3. Banho com líquidos aquecidos e imediatamente cobri-lo e retirar panos molhados que estejam em contato com o paciente. 4. Na iminência de cirurgia, não tratar temporariamente a febre, se existente. 5. Expor o paciente no bloco cirúrgico somente quando houver disponibilidade imediata do cirurgião para antissepsia do paciente. 6. Se possível, expor o paciente por partes durante o procedimento, priorizando a demanda do cirurgião, nas áreas a serem abordadas imediatamente. 7. Manter sempre a manta térmica em procedimentos cirúrgicos, atentando para não haver contato direto do vapor com a pele do paciente. 8. As áreas disponíveis para aquecimento devem ser cobertas por manta térmica e, quando possível, usar outros mecanismos para aquecê-los, tais como algodão ortopédico, compressas, entre outros. 9. A temperatura ideal da sala cirúrgica situa-se entre 26° a 28°C, entretanto, há desconforto da equipe ao usar capotes. Devido a isso, deve- se tentar atingir a maior temperatura possível acima de 21°C. Orienta-se que a saída de ar-condicionado não esteja próxima à cabeça do paciente. 76 9.6.7. Analgesia A dor no paciente queimado é multifatorial e sua patofisiologia insuficientemente compreendida. Além da dor aguda é comum a ocorrência de hiperalgesia secundária, alodinia e cronificação. Somando-se a isso, ocorrem alterações na farmacocinética dos medicamentos, especialmente em médios e grandes queimados, dado uso prolongado de tais fármacos. Na fase inicial da queimadura, há diminuição do fluxo sanguíneo para os órgãos, com consequente redução da depuração dos fármacos. Na sequência, verifica-se aumento geral do metabolismo, com elevação subsequente da depuração. Em adição, o efeito de fármacos com alta ligação proteica também é prejudicado. Constata-se também a tolerância medicamentosa no decorrer do tratamento. Ressalta-se, por tais fatores, a importância de uma analgesia multimodal e reavaliações frequentes da resposta à toda terapêutica adotada. O tratamento da dor pode ser didaticamente separado em: dor aguda (próxima ou sequencial à queimadura até a cicatrização), dor em repouso (após a lesão inicial da queimadura, sem novos estímulos há dor), pós procedimentos (após troca de curativos, banhos, desbridamentos, enxertos, entre outros), neuropática (geralmente associada a danos em nociceptores e fibras nervosas), crônica (prolongada mesmo após cicatrização). O auxílio da equipe destinada à clínica da dor é indicado em casos de dor refratária ou de difícil controle e/ou cronificação. Os fármacos mais indicados disponíveis para uso são: A) Analgésicos básicos e AINES: • Dipirona, Paracetamol, inibidores seletivos da COX2 (Meloxicam, Celecoxibe). • O uso isolado é pouco eficaz, mas associados a opioides atuam sinergicamente, reduzindo seu consumo e, consequentemente, seus efeitos colaterais. • Atentar para proteção gástrica na profilaxia de úlceras de stress (Curling), principalmente durante o uso de antiinflamatórios. • Podem ser usados em todos os tipos de dor, principalmente em associações. B) Opioides: 77 • Efeitos adversos: prurido, náuseas/vômitos, constipação e depressão respiratória. • Maior disponibilidade: Morfina (boa potência), Fentanil (maior potência) e Tramadol (opioide fraco). Não usar em associação à Ondansetrona. • Possui aplicações para todos os tipos de dor. C) Escetamina/Cetamina: • O uso isolado, apesar de causar eficiente analgesia, provoca alucinações. Aconselha-se administração concomitante ao benzodiazepínico. • Reduz consumo de opioide e preserva reflexos de via aérea. • Bons resultados na dor aguda, após procedimentos ou em sedações conscientes para troca de curativos. D) Anticonvulsivantes: • A Gabapentina e a Pregabalina são usadas no tratamento da dor neuropática e crônica. • Diretamente, diminuem a sensibilização central à dor e indiretamente inibem receptores N-Metil D Aspartato (NMDA). E) Antidepressivos: • Uso em queimados é pouco estudado, entretanto, pode ser usado em dor crônica ou neuropática, além de sua ação real no contexto de depressão (tentativas de autoextermínio, por exemplo) • Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina podem ser usados em caso de intolerância aos efeitos colaterais dos tricíclicos. F) Benzodiazepínicos: • Apesar de não serem considerados analgésicos, seu uso pode aliviar a dor pelo seu efeito sedativo e ansiolítico. • O Midazolam é útil em troca de curativos e pré-procedimentos. O Lorazepam, quando disponível, é preferível. 78 • Clonazepam via oral para ansiólise é uma alternativa adequada para uso noturno, induzindo sono ou em procedimentos longos no pré-operatório (enquanto paciente aguarda cirurgia) G) Agonistas Alfa 2: • Estimulam as vias inibitórias descendentes da dor e apresentam efeito sedativo e anti-hipertensivo. Assim, atentar para indicações adequadas. • Clonidina, Dexmedetomidina (não utilizar em bolus) H) Bloqueios periféricos •Usado tanto como técnica anestésica quanto analgésica. • Muito útil para analgesia da área doadora de enxertos (BIAZZOTTO et al., 2006). (ESTRELA, 2007; GAMST-JENSEN, H et al.2014; ESTRELA, 2013; Quadro 16 - Anestesias 79 Fonte: Extraído de Vane; Cavalcanti; Estrela (2007). 9.6.8. Anestesia A anestesia segue as indicações para demais pacientes, com ressalva para as alterações de duração das drogas com hipotermia, sendo o uso preferencial de agentes relaxantes musculares não despolarizantes e o cuidado com a analgesia. 9.6.9. Parada Cardiorrespiratória (PCR) no peroperatório Em caso de PCR, deve-se seguir as orientações de parametrização e etiologia do Advanced Cardiovascular Life Support (ACLS) (AMERICAN HEART SOCIETY, 2020). Maior atenção deve ser dada ao paciente queimado, lembrando e enfatizando os “Hs e Ts” como causas de parada: • A diminuição da temperatura favorece a ocorrência de arritmias, inclusive as fatais, além de aumentar a ocorrência de coagulopatias. Tratamento: soro aquecido e uso de cobertores ou mantas térmicas (Hipotermia). • O sangramento em desbridamentos, quando não tratado precocemente, causa choque hipovolêmico. Tratamento: reposição volêmica ou de hemoderivados após classificação do choque (Hipovolemia). 80 • O uso de bloqueadores musculares despolarizantes não é recomendado no paciente queimado entre 48 horas do evento e cerca de seis meses depois. O aumento do potássio sérico, já inerente ao grande trauma celular, associado à liberação advinda do uso destes despolarizantes (ação em placa motora), pode ser motivo de PCR. Tratamento: Gluconato de cálcio 10% + soro fisiológico EV, associado a outras medidas hipocalemiantes, como diurético de alça, beta2 agonista, solução de glicoinsulina, resina de troca e diálise (Hiperpotassemia). • A acidose metabólica é o distúrbio ácido-básico mais grave e mais comum. A má perfusão tecidual, com hiperlactatemia grave, se dá pela redução do volume sistólico no choque hipovolêmico (mais comum) ou por vasodilatação nos casos dos choques distributivos, mediante traumas associados (Traumatismo Raquimedular - TRM - ou TCE com choque neurogênico) ou complicações posteriores inerentes às queimaduras (choque séptico, por exemplo). A associação de tipos diferentes de choque pode existir (choque misto), agravando-se o estado geral do paciente. A acidose também é causa importante de parada e, caso seja evidenciada como etiologia durante a PCR, deve ser agressivamente abordada. Tratamento: infusão em bolus EV de Bicarbonato de sódio a 8,4%, na dose de 1 a 1,5 mEq/kg (cada 1 ml da solução contém 1 mEq de bicarbonato) (H+). • O déficit na oxigenação, seja por queimadura de vias aéreas levando ao edema da glote ou por falência respiratória de variadas causas (redução da saturação de O2, hipercapnia associada, queimaduras circunferenciais e restritivas do tórax, dentre outras), também figura como importante causa de PCR. Tratamento: suplemento de O2 em fração de 100% e acesso à via aérea (Hipoxemia). • As intoxicações auto infringidas ou acidentais devem ser elencadas nestas causas (CO, por exemplo). Tratamento: hidratação e uso de antagonistas (Tóxicos). • Os demais “Ts” são causas menos comuns e geralmente estão associados a causas mais prevalentes. Todavia não podem ser esquecidos durante o processo de reanimação. (Trombose coronariana, Tromboembolismo Pulmonar - TEP, Tensão no tórax/pneumotórax e Tamponamento cardíaco). 81 Tratamento: Na TEP, uso de trombolítico EV (alteplase); pneumotórax, punção no 5º espaço intercostal entre a linha axilar anterior e média, com drenagem posterior no mesmo ponto; tamponamento cardíaco, pericardiocentese e trombose coronariana, hemodinâmica após retorno de ritmo organizado ou trombólise, no caso de diagnóstico eletrocardiográfico ou enzimático prévio. • A labilidade pressórica do paciente crítico e principalmente em queimados graves pode ser mais evidente durante manobras que estimulem o sistema nervoso parassimpático, tais como laringoscopia, mudanças de decúbito e mudanças de leito. 9.7. ASSISTÊNCIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM 9.7.1. Prevenção de Infecção Na queimadura como em qualquer lesão tecidual, o organismo responde com uma série de eventos fisiológicos, na tentativa de restabelecer a continuidade epitelial. As queimaduras são consideradas contaminadas devido a sujidade do local da ocorrência, que leva a uma imediata colonização por microrganismos e, rápida proliferação de tecido desvitalizado. Daí a necessidade de limpeza das feridas e desbridamento de tecidos não viáveis para que propiciem um ambiente ideal para a reparação tecidual (ALVES, 2013; OLIVEIRA; MOREIRA; GONÇALVES, 2012).As complicações infecciosas representam uma das principais causas de óbito nos pacientes queimados, responsável por 75% dos óbitos no mundo, um mesmo paciente apresenta três ou mais episódios de infecção durante o seu tratamento. Como ele é considerado imunossuprimido, a sepse é fator de grande risco, já que a maior barreira de proteção foi descontinuada. Além disso, as queimaduras podem levar a deformidades e sequelas neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias (ALVES, 2013; OLIVEIRA; MOREIRA; GONÇALVES, 2012). 82 A prevenção de danos aos usuários representa um grande desafio. Os prejuízos associados aos cuidados decorrentes demonstram maior taxa de morbimortalidade dos pacientes e maior ônus aos serviços hospitalares. Neste contexto, o enfermeiro é o responsável por proporcionar o controle de infecção hospitalar no CTQ, juntamente com os demais membros da equipe multiprofissional (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017). Na tratativa de prevenção de infecção no paciente grande queimado, considera- se na fase imediatamente após a queimadura que as feridas são estéreis. Após 48 horas, inicia-se o processo de colonização. Agentes infecciosos como bactérias Gram-positivas da flora cutânea normal (S. aureus, Estafilococos coagulase negativo) são prevalentes nesse processo. Já no curso seguinte, após cinco dias, começam a colonização de feridas por bactérias Gram-negativas, tanto pela transmissão endógena do intestino e dos pulmões (E. coli, Klebsiella pneumonia), quanto por transmissão exógena (Pseudomonas aeruginosa) ”. Este processo não pode ser evitado pela profilaxia sistêmica de antibióticos (FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021). Nas feridas por queimadura está indicado o tratamento com agentes antimicrobianos tópicos e sistêmicos com base nas evidências clínicas e/ou laboratoriais que indicam infecções invasivas da ferida, como a separação precoce da escara, focos de descoloração marrom-escuros e supuração da subescara (FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021). Para tanto, há cuidados básicos que devem ser adotados e reforçados diariamente no paciente grande queimado, seguindo os cuidados descritos (ISBI PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE, 2018; AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2017; FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021): • Implementar, monitorar e ensinar as diretrizes de higiene das mãos para a equipe e acompanhantes; executar a higienização das mãos frequentemente com água e sabão ou álcool em gel antes e depois do contato com o paciente; antes de procedimentos assépticos; após o contato com fluidos e secreções, e após contato com leito e pertences do paciente. Orientar visitantes e acompanhantes quanto à higienização rigorosa das mãos e o uso de avental, touca e máscara. Estes são preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como os cinco momentos, conforme estabelecido no Procedimento Sistêmico Institucional - PRS ASS 026: Higienização de Mãos em Serviços de Saúde, HJXXIII, Belo Horizonte 2021 (MINAS GERAIS, 2021). 83 • Realizar culturas de pele regulares para monitorar a colonização da ferida (a coleta de swab semanalmente)e coleta de fragmento de pele para biópsia durante cirurgias dos pacientes previamente agendadas; • Utilizar a paramentação adequada por todos os profissionais; • Executar a desinfecção regular do leito e entorno do paciente: torres, cama, bombas de infusão, monitores, ventilador mecânico e demais equipamentos utilizados na prestação de cuidados com sabão neutro, água e quaternário de amônio, conforme estabelecido no Procedimento Operacional Padrão - POP- CEQ: 12 Limpeza e Desinfecção dos Ventiladores Mecânicos, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 e PRS ASS 070: Limpeza e Desinfecção do Monitor Multiparâmetros, Sensor de Oximetria, Cabo de ECG, Termômetro e Pressão Arterial, Cabo de Energia, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 e POP-CEQ-013: Limpeza e Desinfecção das Bombas de Dieta, Medicação e Seringa, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 (FHEMIG, 2021a; FHEMIG, 2021b; FHEMIG, 2021c). • Executar a desinfecção de equipamentos compartilhados após o uso de cada paciente conforme estabelecido no POP-CEQ-012: Limpeza e Desinfecção dos Ventiladores Mecânicos, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 e PRS ASS: 070 Limpeza e Desinfecção do Monitor Multiparâmetros, Sensor de Oximetria, Cabo de ECG, Termômetro e Pressão Arterial, Cabo de Energia, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 (FHEMIG, 2021a; FHEMIG, 2021b); • Utilizar adequadamente os EPI, que incluem luvas, avental impermeável, gorro descartável, máscara e óculos, conforme preconizado no PRS ASS 077: Uso de EPIs em Procedimentos Invasivos realizados fora do Bloco Cirúrgico, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 (FHEMIG, 2021d). Quanto às infecções relacionadas a dispositivos invasivos, destacam-se os relacionados à Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), infecções do trato urinário e acessos vasculares (ANVISA, 2017; FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021). As ações de enfermagem em relação à prevenção de PAV são baseadas em PRACTICE GUIDELINES COMMITTEE (2018), ANVISA (2017) E FONTANA; SOUZA; VIEGAS (2021): • Observar secreções do paciente e realizar aspiração; • Manter a cabeceira da cama elevada de 30° a 45°; 84 • Realizar higiene oral diária com clorexidina 0,12% nos horários padrão do Bundle de PAV, conforme estabelecido no PRS ASS 009: Higiene Oral em Pacientes Internados nas Unidade de Terapia Intensiva (FHEMIG, 2020); • Manter a posição do filtro bacteriológico e viral em nível a cabeceira, evitando que fluidos do condensado entrem na via aérea inferior. A infecção urinária por cateterização ocorre em pacientes sob tratamento hospitalar, correspondendo a 34 - 45% das Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS). Medidas para reduzir esta condição são baseadas em GOMES; SERRA; PELLON (1997); TOWNSEND E EVERS (2011) e SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA (2008): • Avaliação diária quanto à manutenção da SVD, conforme estabelecido no PRS ASS 095: Inserção, Manutenção e Coleta de Urina pelo Cateter Vesical de Demora (FHEMIG, 2021g); • Preservar o circuito de drenagem fechado e providenciar a substituição da sonda e do sistema coletor e equipamento estéril quando houver quebra da técnica asséptica, desconexão ou vazamento, com vistas à manutenção do fluxo de urina desobstruído; • Manter o nível do tubo de conexão sempre abaixo do nível da bexiga. Orienta-se o clampeamento do tubo durante a movimentação do paciente; • Realizar higiene diária da pele peri sonda com água e sabão e manter adequadamente a fixação da SVD após a inserção, evitando o movimento e minimizando a tração uretral; • Não realizar rotineiramente a troca de sonda ou bolsas de drenagem e sim fazer alterações pertinentes com base nas indicações clínicas, como infecção ou obstrução, ou quando o sistema fechado estiver comprometido. Realizar a remoção da SVD imediatamente quando a indicação não for mais necessária; • Evitar instilações na bexiga ou lavagem do sistema. Se obstrução, trocar sistema; • Considerar métodos alternativos ao cateterismo uretral permanente, quando este não for mais indicado, como exemplo o uso de utensílios externos ou métodos semelhantes a fraldas descartáveis, conforme estabelece no PRS ASS 095 Inserção, Manutenção e Coleta de Urina pelo Cateter Vesical de Demora, HJXXIII, Belo Horizonte 2022 (FHEMIG, 2021g). 85 A prevenção de infecções também está associada ao cuidado com dispositivos venosos invasivos. A maioria dos pacientes com queimaduras necessitam de infusão contínua de medicamentos, sendo necessário, por vezes, a inserção de Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), acessos centrais e periféricos, os quais exigem cuidados específicos para sua manutenção, recomendações de acordo com Townsend e Evers (2011) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (2008): • Manter os acessos vasculares (tanto de inserção periférica quanto central) por menor tempo possível; • Manter vigilância infecciosa do sítio de inserção, observando os sinais flogísticos; • Realizar a troca do acesso periférico, quando não apresentar sinais flogísticos, a cada 96 horas, conforme estabelecido no PRS ASS 064: Punção, Fixação e Manutenção de Acesso Venoso Periférico (FHEMIG, 2021h); • Utilizar sempre os EPIs durante a inserção do cateter venoso central (luva estéril, capote estéril, gorro, máscara cirúrgica e óculos de proteção individual), conforme preconizado no PRS ASS 094: Inserção, Manutenção e Remoção do Cateter Venoso Central (Acesso Venoso Central de inserção profunda), HJXXIII, Belo Horizonte 2022 (FHEMIG, 2022). 9.7.2. Cuidados Gerais de Enfermagem Na admissão, o enfermeiro deve observar a permeabilidade das vias aéreas e a presença de fuligem, monitorizar parâmetros ventilatórios e avaliar a necessidade de suporte de oxigênio para pacientes com saturação inferior a 90% e seu nível de consciência. Além disso, identificar/investigar o agente causal, verificando o grau, a extensão, a profundidade e a localização da queimadura, acompanhando sua evolução diária; idade e comorbidade da vítima; avaliar condições de punção venosa; encaminhar o paciente ao banho; atentar para reposição volêmica, demais complicações e intercorrências que ocorrem nas primeiras 72 horas após a queimadura. Toda assistência dispensada ao paciente queimado deve ser registrada em prontuário. (CANELA,2011; OLIVEIRA ,2012) O planejamento do cuidado de enfermagem vai além dos banhos e curativos, deve-se atentar quanto à realização dos cuidados descritos: Cuidados de enfermagem no manejo das vias aéreas: 86 • Atentar para os achados clínicos como pelos faciais chamuscados, escarro carbonáceo, fuligem ao redor e dentro da boca, dificuldade para engolir, rouquidão, estridor, sibilo, dispneia e aumento do trabalho respiratório, que justificam a avaliação mais assertiva do comprometimento das vias aéreas; • Verificar e controlar a saturação de oxigênio e a frequência respiratória a cada seis horas ou com intervalos de horários conforme o quadro clínico. É necessária a comunicação quando o paciente apresentar dispneia, cianose de extremidades e tosse; • Manter a permeabilidade das vias aéreas superiores e realizar aspiração oro e endotraqueal, sempre que necessário; • Manter a cabeceira do leito do paciente a 30º graus e hiperextensão da região cervical, se não houver contraindicações. Cuidados de enfermagem na sedoanalgesia: • Aplicar escala de avaliação numérica ou escala de avaliação verbal para mensurar a dor em adultos conscientes; • Verificar o fármaco prescrito e horário em que foi administrada a última analgesia ao paciente; • Avaliar o paciente a fim de distinguir a dor referente apenas ao quadro de ansiedade, juntamente com a equipe multiprofissional; • Aplicar a Escala RASS em pacientes sedados; • Observar sinais de delírio: nível de consciência perturbado, redução na capacidade de focar a atenção, mudança na cognição (desorientação, distúrbio de linguagem)ou desenvolvimento de distúrbio perceptivo (delírios, alucinações), distúrbios do sono, medo, ansiedade, raiva, depressão e atividade psicomotora anormal. Cuidados de enfermagem na reposição volêmica e balanço hídrico: • Utilizar solução aquecida em aquecedor de fluido, de acordo com a temperatura corporal do paciente; • Gerenciar hidratação via oral; • Mensurar débito urinário a cada duas horas para direcionar ressuscitação volêmica, realizando o fechamento do balanço hídrico de 12/12h (às 6:00 horas e às 18:00 horas); • Atentar quanto à oligúria e obstrução mecânica da sonda vesical; 87 • Registrar coloração da urina, principalmente em casos de queimadura elétrica, nas quais pode ocorrer mioglobinúria; • Comunicar à equipe médica caso o débito urinário do paciente seja inferior a 0,3 mL/kg/h e de pacientes com queimaduras por alta-tensão seja inferior a 1 ml/kg/h; • Atentar quanto às complicações na administração de volume excessivo, como formação de edema nas extremidades e orbital, síndrome compartimental abdominal, edemas pulmonar e cerebral; • Atentar quanto às complicações da sub-ressuscitação volêmica ou ressuscitação tardia, como sinais de choque, falência de órgãos e lesão renal aguda; • Não aferir a pressão arterial em membros queimados devido ao edema progressivo; • Atentar para taquicardia severa persistente (acima de 140 batimentos por minuto em adultos) que pode sinalizar dor subtratada, agitação, hipovolemia grave ou uma combinação de todos estes fatores. Cuidados de enfermagem na nutrição: • Atentar para a validade do frasco e equipo de dieta enteral após 24 horas aberto; • Verificar posição da sonda nasoentérica através de radiografia de abdômen; • Auxiliar na ingestão de alimentos e líquidos, quando necessário; • Verificar a permeabilidade do cateter enteral e instilação de água após medicamentos; • Fixação adequada do cateter (cadarço ou dispositivo próprio de fixação de cateteres); • Atentar para o volume de infusão e a programação adequada da bomba de dieta. Cuidados de enfermagem na termorregulação: • Infundir no aquecedor de fluidos as soluções prescritas, quando houver hipotermia (≤ 35,0ºC). Utilizar a unidade de aquecimento (manta térmica), em hipotermias leve, moderada e grave; • Utilizar lençóis e cobertores na prevenção/tratamento da hipotermia leve; 88 • Administrar antitérmicos prescritos em caso de febre (≥ 38,3ºC). O uso de termômetro cutâneo contínuo no paciente grande queimado é obrigatório (Portaria de Consolidação 3 anexo VIII do Ministério da Saúde) (BRASIL, 2017); • Avaliar a resposta da termorregulação. Cuidados de enfermagem nas eliminações fisiológicas: • Avaliar condição geniturinária; • Comunicar anormalidades nas características da diurese e fezes; • Registrar características e volumes da diurese e frequência de evacuações; • Realizar troca de fraldas, sempre que necessário; • Atentar para constipação intestinal (FHEMIG, 2022a; BRASIL, 2017; SILVA et al., 2021a). 9.7.3. Cuidados de Enfermagem com a ferida 9.7.3.1. Avaliação da ferida seguindo a ferramenta TIME A cicatrização de feridas é complexa e dinâmica, constituída por vários estágios interligados que se iniciam com a presença da lesão e finalizam com a formação completa do tecido cicatricial. Devido à complexidade dos eventos celulares envolvidos no processo de cicatrização e dos fatores que a retardam, a terapia tópica deve se adequar às características apresentadas pela ferida, uma vez que sua evolução é dinâmica. (NORRIS, 2021) 9.7.3.2. Limpeza da lesão Na limpeza das lesões, deve-se utilizar água corrente morna e antisséptico com tensoativo (Clorexidina 2%), seguido de desbridamento mecânico com gaze estéril em movimentos circulares firmes, em tecido não viável. Em regiões com presença de flictenas, a principal recomendação é desbridar suavemente bolhas maiores que seis milímetros utilizando gaze estéril. A higienização de todo o corpo também é fundamental para reduzir a carga microbiana. Colhe-se swab de vigilância infecciosa, semanalmente, após a limpeza da lesão. Para descolonização de feridas, deve-se utilizar 89 o surfactante + betaína nas lesões colonizadas e nos pré-operatórios de enxertia cutânea, com ação de 10 a 15 minutos. Características de um curativo ideal: • Manter a umidade no leito da ferida; • Manter a temperatura em torno de 37º C no leito da ferida; • Absorver o excesso de exsudato, mantendo uma umidade ideal; • Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias; • Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado; • Evitar resíduos como cremes antigos, sujidade e detritos no leito da ferida; Após avaliação do leito da ferida, a mesma deve ser ocluída conforme as necessidades de cicatrização. A seguir elencamos as coberturas utilizadas no serviço e suas principais características: Quadro 17 - Coberturas padronizadas e em padronização na Fhemig e utilizadas no CTQ COBERTURAS PADRONIZADAS INDICAÇÃO CONTRAINDICAÇÃO TEMPO DE PERMANÊN- CIA ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) Manutenção da integridade da epiderme; hidratação de pele íntegra. Pacientes alérgicos a algum componente do produto A cada troca de curativo primário. ALGINATO DE CÁLCIO/ SÓDIO Tratamento de lesões exsudativas e/ou hemorrágicas não intensas. Desbridamento autolítico de tecidos inviáveis ou deficientes. Gestão de lesões com moderado a grande exsudato. Usado para contenção de pontos sangramentos durante o procedimento de desbridamento beira leito. Não devem ser associados com antibióticos tópicos, pois componentes da formulação inibem o processo de geleificação do alginato de Ca. Não é indicado para queimaduras de terceiro grau e para lesões pouco exsudativas. Pacientes alérgicos a algum componente do produto Em até sete dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. COLÁGENO COM ALGINATO Feridas cavitárias, não infectadas e sem necrose. Gestão de lesões com moderado a grande exsudato. Queimaduras de terceiro grau ou para pacientes com sensibilidade ao colágeno ou alginatos Em até 72 h. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. 90 COLAGENASE Lesões com tecido necrótico. Deve ser evitado contato com os olhos e com a mucosa da cavidade oral. Pacientes debilitados devem ser monitorados para infecções bacterianas sistêmicas devido à possibilidade teórica de enzimas desbridantes aumentarem o risco de bacteremia. Pacientes alérgicos a algum componente do produto 24 horas ESPUMA DE POLIURETANO Lesões exsudativas; feridas com perda tecidual profunda parcial ou total; feridas com presença de cavidades (utilizada na forma de enchimento). Pacientes alérgicos a algum componente do produto Até sete dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. ESPUMA DE POLIURETANO IMPREGNADA COM ÍONS DE PRATA Feridas infectadas com alta exsudação e odor. Pacientes alérgicos a algum componente do produto Até sete dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. ESPUMA HIDROCELULAR Adesiva ou não adesiva, pode ser usada como cobertura primária para proteção (prevenção de lesão por pressão) ou secundária para absorção (controle da úmida-de e gestão de qualquer nível de exsudato). Tratamento de lesões predominantemente granuladas. Absorção de até 6 vezes o seu peso. Pacientes alérgicos a algum componente do produto. Até sete dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. HIDROFIBRA COM PRATA Tratamento de lesões infec-tadas, lesões criticamente colonizadas e prevençãode infecção em lesões com alto risco para infecção (como queimaduras de grande ex-tensão). Gestão de lesões com moderado a grande exsudato. Pacientes alérgicos a algum componente do produto De três a 14 dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, antecipar a troca POLIETILENO COM PRATA NANOCRISTALINA Feridas infectadas; com perda parcial e total de tecido. Não é compatível com produtos à base de óleo, como vaselina e petrolato. Podem não ser com- patíveis com antimicro-bianos tópicos. Evitar o contato com Até três dias. Considerar o grau de saturação da cobertura e, se necessário, 91 eletrodos/géis condutores du-rante medições eletrônicas, por exemplo, EEG e ECG. Deve ser utilizado em bebês prematuros (com menos de 37 semanas de gestação) quando os benefícios clínicos forem superiores aos potenciais riscos. Não estão disponíveis dados clínicos sobre esta faixa etária, há apenas dados incipientes para uso em recém- nascidos. Antes da admi-nistração de radioterapia deve ser removida a cobertura. Um novo curativo pode ser aplicado seguido de cada tratamento. Pacientes alérgicos a algum componente do produto. antecipar a troca. SULFADIAZINA DE PRATA 1% Feridas com grande potencial de infecção e risco de evolução para infecção generalizada É contraindicado o uso por gestantes no final da gestação, em crianças prematuras e recém-natos, nos dois primeiros meses; Pacientes alérgicos a algum componente do produto. Em até oito horas. Considerar o grau de satura-ção da cobertura e, se necessário, antecipar a troca. TELA DE POLIAMIDA COM SILICONE Lesões pouco exsudativas, com ausência de tecidos inviáveis. É empregado so-mente como primário e exige uma cobertura secundária. Não absorve exsudato, mas permite sua drenagem livre Pacientes alérgicos a algum componente do produto Até sete dias. TELA COM EMULSÃO DE PETROLATO Lesões pouco exsudativas. Proteção dos tecidos do leito das lesões contra eventuais danos que possam ser cau-sados por determinados curativos. É empregado so-mente como primário e exige uma cobertura secundária. Não absorve exsudato, mas permite sua drenagem livre. Pacientes alérgicos a algum componente do produto Até 48 horas. Considerar o grau de satura-ção da cobertura e, se necessário, antecipar a tro-ca. SOLUÇÃO DE LIMPEZA E DESCONTAMINAÇÃO Para efetuar limpeza, descontaminação, tratamento e hidratação de feridas contaminadas agudas e crônicas. Não utilizar cartilagem hialina. Não usar em associação com tensoativos aniônicos, pois estes podem afetar a conservação. A solução não deve A cada troca de curativo primário. 92 Para prevenção e tratamento do biofilme. também ser misturada com outros produtos de limpeza de feridas, tais como: sabonetes, pomadas, óleos, enzimas, entre outros. Deve-se assegurar a completa remoção dessas substâncias do leito da ferida com solução de limpeza e descontaminação. Pacientes alérgicos a algum componente do produto MATRIZ CICATRIZANTE LIPIDO COLOIDE IMPREGNADA COM SULFATO DE PRATA Lesão com moderado exsudato com risco ou sinais de infecção Pacientes com sensibilidade conhecida à prata. Não utilizar em pacientes submetidos a exame de Ressonância Magné-tica por Imagem (RMI) ou juntamente com agentes oxidan-tes como soluções de hipoclo-rito ou peróxido de hidrogênio Até sete dias. Trocar cobertura secundária sempre que necessário ESPUMA DE POLIU- RETANO DE TRANSFE- RIDOR DE EXUDATO COM SILICONE IM- PREGNADO COM PRATA IÔNICA Lesões altamente exsudativas, queimaduras de espessura parcial com risco ou sinais de infecção. Pacientes alérgicos a algum componente do produto. Até quatorze dias. Trocar co-bertura secundá-ria sempre que necessário COBERTURA DE AÇÃO ANTIMICROBIANA COMPOSTA POR UMA CAMADA DE POLIÉSTER FLEXÍVEL, DE BAIXA ADERÊNCIA REVESTIDA DE PRATA NANOCRIS- TALINA Lesões infectadas; com perda parcial e total de tecido. Não é compatível com produtos à base de óleo, como o petrolato. Podem não ser compatíveis com antimicro-bianos tópicos. Evitar o contato com eletrodos ou géis condu-tores durante medições eletro-nicas, por exemplo, EEG e ECG. Não deve ser utilizado em bebês prematuros (com menos de 37 semanas de gestação) quando os benefícios clínicos forem superiores aos potenciais riscos. Não estão disponíveis dados clínicos sobre esta faixa etária, há apenas dados incipientes para uso em recém- nascidos. Antes da adminis-tração de radioterapia deve ser removida a cobertura. Pacientes alérgicos a algum componente do produto. Três dias. Trocar cobertura secundária sempre que necessário. Fonte: Elaborado pela equipe CTQ HJXXIII (2022). 93 9.7.3.3. Enfaixamento É a aplicação de uma faixa elástica em torno da lesão, com o objetivo de: • Envolver o membro, conter e proteger as partes lesadas; • Manter curativos e talas; • Facilitar a circulação venosa através da compressão; • Imobilizar membros; • Permitir função sem comprometer a reparação tecidual. A técnica de bandagem a ser utilizada é realizada em oito. O enfaixamento consiste em fazer voltas oblíquas, passando uma sobre as outras, que ascendem e descendem alternadamente, cada uma segue a precedente e assim parece uma figura em oito. É geralmente usada para fixar articulação ou parte do corpo acima dela. Pode ser aplicada usando a faixa de duas formas: fazendo uma volta circular no entorno da articulação, com cada uma das pontas na diagonal, formando um X, cujo centro será a própria articulação. As pontas devem se cruzar no lado do membro onde ocorre sua flexão. O ponto de partida é abaixo ou acima da articulação, indo em direção à articulação. Os pontos de cruzamento devem estar onde ocorre a flexão ou no local de extensão da articulação; o lado que não contém as faixas permanece descoberto. O enfaixamento deve ser feito sempre da parte distal para a proximal, avaliando-se frequentemente para que não haja garroteamento sobre a ferida. (BRIZZIO, 2009) Em curativos de área doadora, deve-se avaliar a necessidade da utilização de coberturas com sistemas de manejo da ferida passivos, ativos ou materiais biotecnológicos que proporcionem menos trocas e que permitam a avaliação da ferida. Já na área enxertada, a recomendação é de imobilização por cinco a dez dias com bandagens, de acordo com a região corporal, para evitar o deslocamento dos enxertos. Nesse serviço, a área enxertada permanece imobilizada por três dias até a primeira avaliação e no quinto dia é realizada a troca do curativo primário, sob supervisão do cirurgião plástico (FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021). 94 9.7.4. Cuidados de Enfermagem com a higiene corporal A Higienização corporal dos pacientes queimados envolve a limpeza das áreas íntegras e das áreas queimadas, bem como curativos, tendo como objetivo promover a higiene e conforto do paciente, redução do risco de infeção e avaliação da integridade da pele e das partes do corpo a serem higienizadas (FONTANA; SOUZA; VIEGAS, 2021). Para isso, é essencial que a equipe esteja treinada para prestar uma assistência adequada e de qualidade ao paciente queimado. 9.7.4.1. Preparação do banho • Sempre que possível, o paciente deve ser orientado adequadamente e envolvido sobre o procedimento, pois isso oferece um senso de controle ao mesmo; • Preparar o ambiente, os equipamentos e os materiais necessários antes do início de todo procedimento; • Determinar o quantitativo de profissionais necessários para o banho do paciente, segundo gravidade, porte físico e sua capacidade de mobilização e de auxílio; • Verificar na prescrição de enfermagem a possibilidade de mobilizaçãodo paciente e se há orientação de algum cuidado especial durante o banho; • Interromper a dieta enteral, quando em uso; • Observar o manuseio de pacientes em uso de drenos, cateteres, tubos oro ou nasotraqueal e sondas, ajustando as fixações antes do banho, se necessário; • Higienizar a superfície da mesa de banho específica destinada à balneoterapia com solução de espuma desinfetante hospitalar à base de biguanida, ou conforme protocolo de cada instituição; • Cobrir a balneoterapia com filme plástico; • Ajustar a altura da cama, travar os pés e abaixar as grades; • Transferir o paciente do leito para a mesa de banho com segurança; • Monitorizar a oximetria de pulso do paciente; • Manter a privacidade do paciente, protegendo o leito com cortina/biombo; 95 • Manter antagonistas dos opioides em local próximo e acessível (Naloxone); • Administrar sedo-analgesia conforme prescrição médica, anterior ao início do procedimento, a fim de reduzir a dor e estresse do paciente. 9.7.4.2. Execução da higienização corporal • Realizar higiene oral com escova e creme dental, dispositivo para higiene oral e clorexidina oral, mantendo a cabeceira de 30° a 45ºC; • Quando necessário, realizar tricotomia e/ou tonsura nas queimaduras de face, orelhas e região cervical, e em queimaduras de dois a cinco centímetros além das bordas, com objetivo de permitir a avaliação inicial e a gestão contínua da ferida, bem como a prevenção de foliculite. Há casos em que se faz necessária a discussão da necessidade desse procedimento com o paciente ou familiares, pois, às vezes, crenças religiosas impedem o corte do cabelo em circunstâncias normais; • Cortar as ataduras e irrigar as gazes que estiverem aderidas às lesões com auxílio de compressas encharcadas de água; • Realizar higiene corporal através de irrigação com água corrente morna; • Aplicar sabão neutro ou clorexidina 2% com movimentos leves, firmes e circulares nas áreas queimadas com gaze, retirando toda pomada, secreções e crostas; • Fazer a higiene ocular, utilizando gaze umedecida com soro fisiológico 0,9%, no sentido da porção externa para a interna do olho; • Evitar utilizar clorexidina 2% nas proximidades de olhos e ouvidos; • Avaliar a necessidade de higiene do couro cabeludo e, se necessário, proceder à lavagem; • Higienizar os membros superiores no sentido mais distal para o proximal, na seguinte sequência: mãos, punhos, braços, ombros e axilas; • Após aplicação da clorexidina, realizar sempre o enxágue com água corrente e a secagem com compressa; 96 • Higienizar os membros inferiores iniciando da porção mais distal para a proximal (do tornozelo até a raiz da coxa), realizando o enxágue e a secagem em seguida; • Usar compressas limpas para higiene de áreas não queimadas do corpo; • Virar o paciente em decúbito lateral e proceder à lavagem do dorso e glúteos; • Proceder com a higiene íntima: 1. Feminina: Lavar a região genital feminina no sentido anteroposterior, afastando os lábios para expor o meato uretral e o orifício vaginal, utilizando sempre uma face limpa da compressa, caso necessite limpar mais de uma vez alguma região. • Masculina: Limpar a extremidade do pênis do meato uretral até a glande em movimento circular, e da glande para baixo em sentido único, até os testículos, tracionando o prepúcio para realizar a limpeza adequada do pênis. • Enxaguar e secar os órgãos genitais e o períneo; • Atentar para lesões em região perineal, como dermatites, fungos e sangramentos; • Atentar para pacientes com TRM: mobilizar em bloco, mantendo o alinhamento da coluna, e na retirada do colar cervical manter a imobilização manual com auxílio de um terceiro profissional; • Secar adequadamente o paciente, pois a umidade pode macerar a queimadura e proporcionar um ambiente ideal para contaminação bacteriana; • Aplicar Ácidos Graxos Essenciais (AGE) em áreas cicatrizadas da pele; • Atentar à necessidade de analgesia após procedimento, mesmo que já tenha sido realizada previamente; • Higienizar o leito com álcool a 70% de superfície e realizar a troca dos lençóis; • Vestir o paciente, deixando-o confortável com enxoval fornecido pela instituição e manter a fralda, quando necessário; • Sempre que possível, agilizar o procedimento para que o paciente agudo não fique exposto por mais de 30 minutos. Sessões mais longas podem causar perda de calor, dor, estresse e déficit de sódio (a água é hipotônica); • Avaliar e monitorar a resposta de hipersensibilidade ou alergia no uso dos curativos ou outros produtos. (OLIVEIRA,2012; FONTANA,2021) 97 9.7.4.3. Cuidados pós-higiene corporal • Observar as condições das unhas, se necessário, cortá-las após o banho; • Trocar as fixações de sondas e drenos; • Finalizar a troca do lençol, esticando as bordas de modo que não fiquem dobradas sob o paciente; • Posicionar o paciente confortável, em decúbito dorsal, elevando a cabeceira de 30º a 45°; • Registrar o procedimento no prontuário, incluindo analgesia administrada e os sinais vitais ao término do banho; • Higienizar a mesa de banho para balneoterapia com solução de biguanida; • Solicitar a higienização da sala de balneoterapia pela equipe da hotelaria; • Organizar a sala de balneoterapia ou box do paciente após o procedimento. Outras observações: • Os curativos de longa permanência não devem ser retirados durante o banho. • Devem ser realizados somente de acordo com a prescrição médica. • No banho de leito deve-se avaliar as condições da pele e implementar medidas de prevenção de lesões por pressão. Sempre que possível, o banho no leito deve ser realizado por dois profissionais. • Em pacientes idosos evitar fricção. • Trocar eletrodos, fixação dos tubos traqueais, sondas e cateteres após o banho. • Após o término do procedimento, reiniciar a dieta enteral, conferindo previamente o posicionamento daSNE ou Sondagem Nasogástrica (SNG). • Na Unidade de Internação, o banho dos pacientes médios queimados é realizado com auxílio de cadeira de banho, sob sedo-analgesia. (OLIVEIRA,2012; FONTANA,2021) 9.7.5. Balneoterapia Os cuidados prestados aos pacientes internados no CTQ Professor Ivo Pitanguy do HJXXIII, no controle microbiano das lesões e preparo das cirurgias, fundamentam-se em três ações, a saber: limpeza da ferida, terapia antimicrobiana tópica e curativo com 98 cobertura especial nas lesões. As definições do método utilizado em cada uma dessas ações, bem como os tipos de insumos aplicados, envolvem decisões médicas, sendo a execução dos cuidados de responsabilidade da Equipe de Enfermagem. Neste contexto, a Balneoterapia (ou Hidroterapia) recebe destaque no CTQ como estratégia para a realização da limpeza diária das feridas, seguida da aplicação tópica de antimicrobiano e coberturas apropriadas das lesões. O uso da balneoterapia em queimados está descrito na literatura desde os séculos anteriores, havendo adequações conforme a evolução do conhecimento fisiopatológico e das tecnologias médico- hospitalares. A utilização da balneoterapia consiste em banhos diários em banheira própria com água corrente, com a finalidade de higienização mecanicamente, por fricção das áreas acometidas por queimaduras de qualquer natureza. Permite a limpeza de área cruenta, remoção de tecido desvitalizado, desbridamento mecânico e desinfecção da área queimada com o uso de antissépticos. Essa prática previne a infecção das queimaduras, com vistas à cicatrização e ao preparo da área para possível enxertia. (DEUTSCH, 2014) 9.7.5.1. Critérios para tratamento em sala de balneoterapia Atualmente o CTQ do HJXXIII conta com uma sala de balneoterapia, localizada na Unidade de Internação (8ºandar). Essa Unidade é composta por 24 leitos e atende a pacientes Médios Queimados. A Equipe de Enfermagem realiza o procedimento nopaciente sob sedação, sendo imprescindível o acompanhamento médico durante o banho e o seguimento de alguns critérios: • Todo paciente admitido no setor (1º banho); • Banho diário de todos os pacientes pediátricos; • Banho diário de pacientes adultos com lesões (acima de 20%) com exposição óssea/grande perda de tecido de partes moles; • Pacientes adultos com lesões em região posterior de membros inferiores e/ou glúteo e/ou região do períneo; 99 • Pacientes adultos com descontrole psicomotor em resposta a sedação e que demandam maior número de profissionais durante o procedimento. Esta prática se deve ao risco de queda por agitação e rebaixamento de sensório; • Pacientes adultos que apresentam perda severa de tônus muscular ou inconsciência completa em resposta à sedação, ou alguma condição neurológica prévia, que impeça o uso seguro da cadeira de banho; • Pacientes adultos com lesões extensas colonizadas por microrganismos multirresistentes (descolonização); • Pacientes adultos que por condições excepcionais tenham indicação médica ou de enfermagem para a realização da balneoterapia, como estratégia de garantia da segurança do paciente e da equipe de saúde; • Pacientes acamados, com mobilidade reduzida ou com dificuldade de transferência para a cadeira de banho; • A sala de balneoterapia deve ser previamente preparada com os materiais necessários para limpeza e curativo do paciente queimado. • A cada banho, a sala deve ser higienizada com água e sabão, após secagem, realizar a desinfecção com quaternário de amônio ou álcool 70%. Na sequência, revestir a banheira com uma película de poliuretano, incluindo as laterais; • A equipe deve utilizar EPI's em todos os procedimentos em sala de balneoterapia (gorro, máscara, luvas, capote e óculos de proteção); • O paciente deve ser orientado quanto ao procedimento e submetido a analgesia e sedação conforme prescrição médica; • Monitorizar o paciente com oximetria de pulso; • O banho deve ser realizado com o paciente deitado na banheira (Morgagni), com água corrente e clorexidina degermante a 2%. No caso de descolonização, alternar os banhos com Iodopovidona com Tensoativos a 10%, conforme Protocolo e orientação da CCIH; • Realizar a limpeza da lesão conforme POP CTQ UTIQ 004: Rotinas de Curativos Diário em Pacientes Queimados Internados no CTQ; • Após o procedimento, transferir o paciente para a área destinada ao curativo na sala de balneoterapia; 100 • Realizar o curativo com a cobertura prescrita pelo cirurgião plástico, conforme POP CTQ UTIQ 004: Rotinas de Curativos Diário em Pacientes Queimados Internados no CTQ; • Registrar o cuidado realizado no prontuário, incluindo achados clínicos, analgesia administrada e sinais vitais ao término do procedimento (CHAVES, 2013; REBELLO et al., 2016; SAAVEDRA, 2021; DEUTSCH, 2014). 9.7.6. Cuidados de enfermagem perioperatórios O principal objetivo do procedimento cirúrgico é a remoção do tecido necrótico, desvitalizado e/ou infectado, deixando a ferida limpa e adequada para a cobertura com curativos, substitutos cutâneos ou pele. Nesse contexto, a equipe de enfermagem é desafiada a oferecer uma assistência de qualidade no período per-operatório, visando minimizar riscos, prevenir possíveis complicações e oferecer segurança ao paciente (SAAVEDRA, 2021). Para a realização de desbridamento e enxertia são necessários os cuidados de enfermagem no período peri-operatório: • Checar jejum do paciente; • Avaliar condições clínicas do paciente; • Confirmar reserva de sangue; • Certificar-se da antibioticoterapia; • Confirmar a suspensão de medicação laxativa e anticoagulação do paciente; • Realizar o banho antes do procedimento cirúrgico e atentar para que após o banho o paciente não esteja com lençol molhado, aumentando a possibilidade de hipotermia; • Realizar tricotomia em área peri lesão; • Remover prótese dentária ou outro tipo de prótese, piercing ou adorno, como pulseiras, alianças, entre outros; • Verificar antecedentes alérgicos; • Prevenir hipotermia utilizando dispositivos como manta térmica, aparelho de aquecedor de fluidos (Ranger) e envolvendo o membro do paciente que estiver íntegro com algodão ortopédico; 101 • Prevenir lesão por pressão em cirurgias prolongadas (com mais de 2 horas) realizando intervenções necessárias; • Posicionar o paciente na mesa cirúrgica juntamente com equipe multiprofissional e, se necessário, providenciar coxins para ajudar no posicionamento do paciente; • Posicionar a placa de cautério em pele íntegra, quando possível; • Disponibilizar todo o material necessário para a cirurgia, de acordo com o procedimento a ser realizado; • Conferir a temperatura da sala de cirurgia antes do procedimento (20° a 22°C) • Abrir o material de forma asséptica; • Preencher formulários próprios do bloco cirúrgico; • Transportar o paciente ao bloco cirúrgico de forma segura e retornar ao leito em maca, com grades elevadas e monitorizado; • Avaliar a necessidade de SVD (caso não possua) se o procedimento for de enxertia cutânea, com proximidade à genitália ou caso o paciente necessite ficar pronado; • Puncionar Cateter Venoso Periférico (CVP) em área preferencialmente íntegra • Atentar para posicionamento de drenos ao transportar o paciente e passá-lo do leito para a maca e, vice-versa, bem como cuidado com CVP, Cateter Venoso Central (CVC) e Pressão Arterial Invasiva (PAI); • Monitorizar o paciente quando admitido no bloco cirúrgico com ECG, oximetria, Pressão Não Invasiva (PNI), sempre que possível. Há casos que a superfície corporal acometida pela queimadura é extensa, impossibilitando a fixação dos dispositivos de monitorização; • Checar a presença da pulseira de identificação e se o paciente está corretamente identificado; • Conferir fixações de dispositivos, sinais flogísticos e permeabilidade de acessos venosos, arteriais e sondas. (BOLGIANI; SERRA, 2010; STORM- VERSLOOT et al., 2010; CHRISTÓFO; CARVALHO, 2009; GUIDO et al., 2014; ROSA et al., 2018). 102 9.7.7. Assistência e cuidados de enfermagem em nível ambulatorial 9.7.7.1. Atribuições do Enfermeiro • Gerenciar o setor, organizar, planejar as atividades de enfermagem, coordenar a equipe de enfermagem; • Prestar os cuidados de enfermagem aos usuários admitidos; • Auxiliar na reabilitação dos pacientes queimados favorecendo a autonomia e o autocuidado; • Junto à equipe multidisciplinar, identificar fatores de risco relacionados à assistência ao paciente queimado e realizar intervenções necessárias; Na primeira avaliação após admissão hospitalar deve-se: • Avaliar a presença de lesões associadas (coleta de dados e história pregressa); • Identificar/investigar o agente causal; • Avaliar a necessidade de encaminhar o paciente ao banho; • Verificar o grau de queimadura e sua evolução diária; • Avaliar a extensão da superfície corporal queimada; • Selecionar a melhor cobertura primária para realização do curativo: O curativo é utilizado para favorecer o processo de cicatrização e proteger o tecido agredido. O tratamento de pacientes queimados com os curativos visa reduzir o edema, evitar/combater infecções, proteger os tecidos viáveis, fortalecer as defesas e acelerar o processo de cicatrização. O curativo ideal deve manter o leito da lesão úmido, apresentar amplo espectro antimicrobiano, baixa toxicidade, ação rápida, não irritar o local, ser antiaderente e conter o exsudato. (BOLGIANI,2010) Os curativos com prata auxiliam na reepitelização e também promovem ação antimicrobiana importante no tratamento das queimaduras. Os substitutos de pele, como o petrolato e a espuma de silicone, também são utilizados como alternativa, auxiliando no processo cicatricial e oferecendo conforto ao paciente. A prata nanocristalina e os curativos não traumáticosapresentam tempo de epitelização menor que o da sulfadiazina de prata. A hidrofibra com carboximetilcelulose de prata é um curativo tópico composto por 1,2% de hidrofibra de prata, que pode liberar prata por até 14 dias, sendo retentor de umidade, o que extingue 103 a necessidade de curativos secundários para absorção de exsudatos e outras secreções. Estudos demonstraram importante atividade antimicrobiana deste curativo contra patógenos, incluindo aeróbios, anaeróbios, fungos e bactérias resistentes a antibióticos. (AZIZ, 2012; CHADWICK,2009; FONG,2005, KEL,2017) Coberturas Utilizadas: • Creme de Sulfadiazina de Prata 1% – lesões agudas conforme prescrição médica em primeiro atendimento; • Colagenase: lesões em região da face, com aplicação a cada 12 horas; • Fibras de celulose com prata: manutenção no leito da ferida por até 14 dias; • Malha de prata nanocristalina: trocas duas vezes por semana; • Malha impregnada com Petrolatum: trocas duas vezes por semana; • Espuma/Filmes revestidos de silicone: manutenção por até sete dias; • Solução oleosa – AGE: trocas diárias. 9.7.7.2. Atribuições do Técnico de Enfermagem • Prestar cuidados de enfermagem visando à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde do paciente queimado, sob supervisão do enfermeiro; • Auxiliar o enfermeiro no atendimento ao paciente queimado; • Realizar desbridamento mecânico conforme avaliação; • Realizar curativos; • Prestar assistência de enfermagem ao paciente queimado; • Registrar o atendimento em prontuário eletrônico e em formulário padrão. 9.7.7.3. Curativos • Lavar as mãos com água e sabão; • Prever e prover materiais necessários; • Explicar ao paciente o procedimento a ser realizado; • Colocar luvas e encaminhar o paciente ao banho, se necessário; • Realizar a tricotomia de cabelos e/ou pelos em regiões com queimaduras. Recomenda-se de dois a cinco centímetros para além das bordas, 104 possibilitando a avaliação inicial e gestão contínua da ferida, bem como a prevenção de foliculite; • Remover as ataduras de crepom; • Lavar extremidades e face com água abundante ou solução salina a 0,9% em jatos, retirando as gazes aderidas com cuidado; • Lavar as áreas queimadas com Clorexidina 2% ou sabão neutro, com movimentos leves, firmes e circulares com compressa estéril, retirando toda a pomada, secreções e crostas; • Realizar banho com solução de Polihexanida em feridas de pacientes após internação hospitalar e com sinais de colonização crítica; • Proporcionar limpeza mais rigorosa mecanicamente em feridas altamente contaminadas ou infectadas, o mais frequente possível, para eliminar o biofilme; • Realizar o rompimento de bolhas; • Trocar as luvas, obedecendo a rotina de realização de curativo; • Secar somente as bordas da lesão; • Realizar o curativo com técnica asséptica; • Utilizar a cobertura prescrita por enfermeiro/cirurgião plástico na realização de curativos; • Observar sinais de infecção, hiperemia, sangramento e comunicar ao enfermeiro ou médico; • Cobrir o primeiro curativo com compressa aberta; • Realizar enfaixamento trançado, da região distal para a proximal quando se tratar de Membros Superiores (MMSS) e Membros Inferiores (MMII), evitando garroteamento; • Fixar com esparadrapo, sendo proibido o uso de esparadrapo comum em contato direto com a pele; • Deixar dedos livres e proteger espaços interdigitais com gazes; • Hidratar áreas curadas da pele com a aplicação de pequena quantidade de hidratante até ser absorvida; • Após a conclusão do curativo, organizar a unidade; • Solicitar a limpeza do banheiro ou pia à equipe de higienização; • Realizar anotações em prontuário quanto ao aspecto e localização das lesões. 105 9.7.7.4. Rotina de troca de curativos • O curativo é trocado em intervalo que pode variar de oito horas a 10 dias, de acordo com a cobertura primária utilizada; • Na fase aguda da queimadura orienta-se curativo com sulfadiazina de prata, mantendo trocas diárias para melhor avaliação da progressão da lesão e diminuição do risco de infecção. Após esse período, recomenda-se o uso de curativo de longa permanência. 9.7.7.5. Queimaduras em áreas especiais 9.7.7.5.1. Face e orelhas • Utilizar curativos por exposição e orientar o paciente a evitar a pressão excessiva em orelha para prevenir a condrite; • Troca de curativos três vezes ao dia. 9.7.7.5.2. Mãos • As mãos não devem ser ocluídas com enfaixamento tipo “luva de boxe”, orienta-se enfaixar os dedos individualmente ou utilizar curativo de malha digital; • Os exercícios para amplitude de movimento devem ser iniciados logo após a lesão; • As mãos devem ficar elevadas por 24 a 48 horas após a queimadura, para minimizar o edema. 9.7.7.5.3. Pés • As queimaduras nos pés são dolorosas, porém a marcha e os exercícios para amplitude de movimento devem ser encorajados; • Orientar o paciente/acompanhante sobre a necessidade de elevação dos pés queimados quando o paciente não estiver andando ou exercitando-se. 106 9.7.7.5.4. Períneo As queimaduras perineais costumam exigir hospitalização, pelo alto risco de complicações, como infecção ou obstrução urinária. Utilizar, preferencialmente, curativos de exposição. 9.8 ASSISTÊNCIA E CUIDADOS FISIOTERAPÊUTICOS EM PACIENTES QUEIMADOS A reabilitação da queimadura é um processo complexo e difícil, sendo ainda mais desafiador quando há outros tipos de lesão associadas. Com o aumento da sobrevivência de pacientes por queimaduras, a mobilidade e o gerenciamento da contratura tornam-se mais desafiadoras. Embora mudem diariamente as prioridades de reabilitação, os objetivos primários devem ser a base de todos os planos, tendo sempre em mente que as cicatrizes são inevitáveis, mas as contraturas são situações evitáveis (PURI; SHROTRYA; BICHHAY, 2019; SCHOUTEN et al., 2019; SERGHIOU et al., 2014; SILVER et al., 2003; TAN et al., 2019; ZHU; DING; TREDGET, 2016). É de extrema importância o estabelecimento de metas para a reabilitação de queimaduras. As metas a curto prazo compreendem manter e aumentar gradualmente a Amplitude de Movimento (ADM) nas áreas lesionadas ou não, reduzir o edema, a dor, melhorar a força, a resistência muscular, prevenir contraturas e minimizar a formação de cicatrizes. Os objetivos a longo prazo são melhorar a ADM e a força muscular, com vistas a otimizar a capacidade física ao exercício, e a flexibilidade e coordenação, restaurando a capacidade de deambulação. A reabilitação de pacientes queimados tem como objetivo a restauração das habilidades físicas à condição pré-lesão, retorno à família e à sociedade; o restabelecimento da execução de Atividades de Vida Diária (AVD) de forma independente e atividades laborais; além da melhoraria da aparência estética e adaptação psicológica (BARRET et al., 2019; CHENG et al., 2014; DESJARDINS-PARK; FOSTER; LONGAKER, 2018; DRIES; ENDORF, 2013; FLORES et al., 2020; HENDRIKS et al., 2022; HOLOVANAHALLI; HELM; KOWASLKE, 2016; HUANG et al., 2013; JAGNOOR et al., 2018; PRELACK; DYLEWSKI; SHERIDAN, 2007). A queimadura traz complicações respiratórias e motoras significativas, sendo necessária a atuação fisioterapêutica desde a fase aguda, 107 com atuação na terapia intensiva, funcionalidade musculoesquelética e cuidados dermato funcionais, buscando evitar ou atenuar a formação de cicatrizes hipertróficas, como também na prevenção de sequelas. A atuação da equipe de fisioterapia deve ser realizada também no paciente crônico e após a alta hospitalar, no controle e evolução cicatricial (CHEN et al., 2014; DRIES; ENDORF, 2013; PURI; SHROTRYA; BICHHAY, 2019; SCHOUTEN et al., 2019; SERGHIOU et al., 2014; SERGHIOU et al., 2016). O atendimento fisioterapêutico inicia-se desde o primeiro dia de internação até a alta ambulatorial,sendo certo que o sucesso do processo de reabilitação dermato funcional dos pequenos e grandes queimados assenta-se sobre condições ótimas de trabalho, que incluem uma equipe multiprofissional especializada, a existência de infraestrutura física e de material, adesão ao tratamento pelo paciente e disponibilidade de acesso aos serviços de referência (CHEN et al., 2014; PARRY et al., 2017; PENA et al., 2015; SILVER et al., 2003, TAN et al., 2019; TANIZAKI, 2015; ZHU; DING; TREDGET, 2016). A abordagem dinâmica da equipe multidisciplinar proporciona o alcance de melhores resultados na restauração funcional, estabelecendo o tratamento intensivo de feridas, cicatrizes e contraturas, tratamento da dor e mobilização precoce (CHEN et al., 2014; DESJARDINS-PARK; FOSTER; LONGAKER, 2018; DRIES; ENDORF, 2013; HOLOVANAHALLI; HELM; KOWALSKE, 2016; HUANG et al., 2013; JAGNOOR et al., 2018; ZHU; DING; TREDGET, 2016). 9.8.1. Assistência e Cuidados Fisioterapêuticos em Centro de Terapia Intensiva • Organizar e planejar as atividades e processos sob responsabilidade da equipe de Fisioterapia; • Realizar a admissão fisioterapêutica do paciente, avaliando seu estado clínico e funcional, prescrevendo, rotineiramente, condutas fisioterapêuticas necessárias de forma individualizada a cada paciente; • Classificar diariamente o estado do quadro clínico da paciente (grave x não grave) conforme o Procedimento Sistêmico 111 (PRS -111 – Aspiração de Vias Aéreas); 108 • Realização do Protocolo do ProadiSUS quanto aos cuidados com Pneumonia Associada à Ventilação (PAV) e seus cuidados multidisciplinares; • Avaliação e monitorização contínua do estado clínico e funcional do paciente crítico e manutenção do seu estado cardiorrespiratório; • Avaliar, orientar e manter atividades que favoreçam a prevenção, manutenção e recuperação da função pulmonar, muscular e dermatofuncional; • Auxiliar o profissional médico durante o procedimento de IOT, PCR e outras intercorrências, em casos necessários; • Realizar intervenções de manutenção da permeabilidade de vias aéreas, em pacientes com Via Aérea Artificial (VAA) e na ausência da VAA, conforme avaliação do profissional; • Realizar admissão do paciente na assistência ventilatória mecânica e a programação de parâmetros ventilatórios, conforme critérios individuais (ventilação protetora) e/ou ajuste da oxigenoterapia (suplementação de oxigênio); • Realizar correção e adequação de parâmetros ventilatórios, conforme o estado clínico e exames laboratoriais e de imagem; • Realizar a coleta de aspirado traqueal em pacientes intubados e/ou traqueostomizados para pesquisa de infecção, conforme solicitação médica; • Avaliar, programar e conduzir o desmame ventilatório de pacientes em ventilação mecânica, de acordo com o protocolo institucional; • Avaliar diariamente as lesões cutâneas e suas evoluções, quanto à extensão da lesão, profundidade e localização, atentando-se também à avaliação da evolução da cicatrização tecidual, com foco em prevenir desenvolvimento/agravamento de limitações funcionais e restrições/perdas de motricidade; • Realizar prescrição e confecção de órteses funcionais em casos de prevenção de perdas de movimentos e/ou melhora da limitação motora; • Prescrever e instituir imobilização e posicionamentos após procedimentos de desbridamento cirúrgico, enxertia cutânea e retalhos; • Orientar a equipe de enfermagem quanto à confecção de curativos mais funcionais e posicionamento pós-operatório; 109 • Avaliar rotineiramente a aquisição de posturas antálgicas e viciosas atuando na prevenção de imobilismo; • Prescrever e realizar tratamento motor e dermato funcional, conforme a necessidade específica de cada paciente e tipo/extensão da lesão cutânea; • Prescrever a interrupção/restrição do tratamento motor em situações específicas de pós operatório de desbridamento cirúrgico, enxertia cutânea ou retalho; • Prevenir sequelas cicatriciais funcionais e estéticas, assim como desfigurações anatômicas, a partir do controle cicatricial eficaz, manutenção da amplitude de movimento e força muscular; • Orientar cuidados hospitalares quanto à evolução cicatricial e musculoesquelética funcional; • Realizar transferência de cuidados da UTI para o profissional da Unidade de Internação (Enfermaria). 9.8.2. Assistência e Cuidados Fisioterapêuticos em Unidade de Internação • Organizar e planejar as atividades e processos sob responsabilidade da equipe de Fisioterapia; • Realizar a admissão fisioterapêutica do paciente, avaliando seu estado clínico e funcional, prescrevendo, rotineiramente, condutas fisioterapêuticas necessárias de forma individualizada a cada caso em questão; • Avaliação e monitorização contínua do estado clínico e funcional do paciente e manutenção do seu estado cardiorrespiratório; • Avaliar, orientar e manter atividades que favoreçam a prevenção, manutenção e recuperação da função pulmonar, muscular e dermatofuncional; • Realizar avaliação de rotina do estado respiratório do paciente e fazer as intervenções fisioterapêuticas devidas a cada situação; • Auxiliar o profissional médico durante procedimentos de emergência como IOT, PCR e outros, em casos de deterioração do estado clínico do paciente; 110 • Realizar intervenções de manutenção da permeabilidade de vias aéreas, em pacientes com VAA e na ausência da VAA, em casos necessários, conforme avaliação do profissional; • Realizar coleta de aspirado traqueal em pacientes traqueostomizados para pesquisa de infecção, conforme solicitação médica; • Avaliar diariamente as lesões cutâneas e suas evoluções, quanto à extensão da lesão, profundidade e localização, atentando-se também à avaliação da evolução da cicatrização tecidual, com foco em prevenir o desenvolvimento/agravamento de limitações funcionais e restrições/perdas de motricidade; • Realizar prescrição e confecção de órteses funcionais em casos de prevenção de perdas de movimentos e/ou melhora da limitação motora; • Prescrever e instituir imobilização e posicionamentos após procedimentos de desbridamento, enxertia cutânea e retalhos; • Orientar a equipe de enfermagem quanto à confecção de curativos mais funcionais e posicionamento pós-operatório; • Avaliar rotineiramente a aquisição de posturas antálgicas e viciosas, atuando na prevenção de imobilismo; • Prescrever e realizar tratamento motor e dermato funcional, conforme a necessidade específica de cada paciente e tipo/extensão da lesão cutânea; • Prescrever interrupção/restrição do tratamento motor em situações específicas de pós-operatório de desbridamento cirúrgico, enxertia cutânea ou retalho; • Prevenir sequelas cicatriciais funcionais e estéticas, como também desfigurações anatômicas, a partir do controle cicatricial eficaz, manutenção da amplitude de movimento e força muscular; • Orientar cuidados hospitalares e pós-hospitalares quanto à evolução cicatricial e musculoesquelética funcional; • Acompanhar o processo cicatricial de forma rotineira, indicando e prescrevendo malhas compressivas em internações prolongadas, quando necessário; • Encaminhar para o tratamento e acompanhamento ambulatorial quanto ao processo de cicatrização tecidual; 111 • Realizar documentos para alta como relatórios de funcionalidade, entre outros; • Confecção de cartilha de prescrição de exercícios e manutenção de uso de órteses funcionais e de posicionamento para cuidados domiciliares na alta hospitalar; • Realizar encaminhamento fisioterapêutico na alta hospitalar para continuidade de cuidados em Unidades de Atenção Secundária, como Centros de Reabilitação (CREAB), ou primária (Centro de Saúde), quando indicado. 9.8.3. Assistência e cuidados fisioterapêuticos em nível ambulatorial • Organizar e planejar as atividades e processos sob responsabilidadeda equipe de Fisioterapia; • Dar continuidade ao tratamento hospitalar com foco na evolução da maturação cicatricial; • Realizar a admissão ambulatorial fisioterapêutica do paciente, avaliando seu estado clínico e funcional e evolução cicatricial com foco na reabilitação funcional e cicatricial, de forma individualizada a cada caso em questão; • Avaliação e monitorização periódica do processo de evolução cicatricial, motor e funcional do paciente, conforme escala funcional de Vancouver; • Avaliar a formação de cicatrizes patológicas como hipertróficas, queloideanas, retração e contraturas hipertróficas; • Prescrever e realizar tratamento motor e dermato funcional conforme a necessidade específica de cada paciente conforme evolução cicatricial; • Prevenir sequelas cicatriciais funcionais e estéticas, como também desfigurações anatômicas a partir do controle cicatricial eficaz, manutenção da ADM e força muscular; • Realizar prescrição e confecção de órteses funcionais em casos de prevenção perdas de movimentos e/ou melhora da limitação motora com ganhos de ADM; 112 • Avaliar e acompanhar o processo cicatricial periodicamente, indicando e prescrevendo malhas compressivas em pacientes com evolução cicatricial hipertrófica, quando necessário; • Orientar o uso periódico das malhas compressivas, bem como os cuidados domiciliares com as mesmas e sua conservação; • Orientar condutas e cuidados domiciliares de não entrar em contato com calor, sol, poeira e produtos químicos, e de fazer uso de hidratante hipoalergênico e protetor solar com Fator de Proteção Solar (FPS) 30 ou maior; • Orientar cuidados cicatriciais como realização de massagem dérmica, uso de curativos especiais e uso de silicone, conforme necessidade de cada tipo de cicatriz (es); • Avaliar as incapacidades físicas e orientar exercícios corretivos e/ou posicionamento de órteses funcionais; • Avaliar progressão da evolução cicatricial e após maturação tecidual, observar evolução/alteração cicatricial, iniciando desmame de malha compressiva após evidências de maturação tecidual completa, instruindo os devidos cuidados ao paciente e/ou familiares; • Realizar documentos como relatórios de funcionalidade, pareceres fisioterapêuticos, entre outros; • Realizar encaminhamento fisioterapêutico para continuidade de cuidados em Unidades de Atenção Secundária, como Centros de Reabilitação (CREAB), ou primária (Centro de Saúde), em casos necessários; • Avaliar e acompanhar o processo cicatricial até a maturação cicatricial completa, após total desmame de malha compressiva, permitindo assim realizar a alta ambulatorial do paciente. • Encaminhar para a equipe de cirurgia plástica pacientes apresentando sequelas cicatriciais irreversíveis, após completa maturação tecidual. 113 Figura 8 - Fluxograma de atendimento fisioterápico Fonte: Elaboração equipe CTQ HJXXIII (2022). 114 9.9 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL A gravidade de uma queimadura é diretamente proporcional ao percentual de SCQ e profundidade da lesão. O levantamento da SCQ se faz necessário para cálculos de reposição volêmica, necessidades nutricionais e demais terapêuticas a serem instituídas na recuperação do paciente (LIMA JÚNIOR et al., 2008; ROSS et al., 2009; ARRUNATÉGUI, 2021). 9.9.1. Avaliação Nutricional para cálculo de necessidades A antropometria irá direcionar os cálculos das necessidades nutricionais. São avaliados: 1. Peso • Aferido; • Informado (paciente em condições de fornecê-lo); • Estimado (calculado conforme o Índice de Massa Corporal (IMC), mínimo, médio e máximo, lembrando de, no individuo obeso, trabalhar com o peso máximo ideal). 2. Altura recumbente X IMC estimado IMC Quadro 18 - IMC estimado IMC (altura ao quadrado x IMC) Mínimo 18,5 kg/m² Eutrofia 24,9 Kg/m² Máximo 29,9 kg/m² Fonte: Adaptado de WHO (1995). 3. Altura • Aferida • Informada (paciente em condições de fornecê-la) 115 • Estimada (fórmulas específicas como altura do joelho e outras que se aplicarem – Circunferência braquial e panturrilha, conforme condições de aferir devido a lesão) Obs. 1: lembrar de descontar edema, conforme indicado abaixo. Obs. 2: Método clínico não validado: em casos de amputação deve-se também fazer o desconto da área amputada. Quadro 19 - Relação de edema e excesso de peso hídrico Edema Localização Excesso de peso hídrico + Tornozelo 1,0 Kg ++ Joelho 3 a 4 Kg +++ Base da coxa 5 a 6 kg ++++ Anasarca 10 a 12 kg Fonte: Adaptado de Riella (2001). 9.9.2. Cálculo das necessidades nutricionais A calorimetria direta é considerada padrão-ouro para determinar as necessidades nutricionais, porém é um método caro e pouco disponível na maioria dos hospitais. Assim, recomenda-se as seguintes equações preditivas: • Fórmula de Toronto: Indicada para adultos, é considerada uma fórmula de mais difícil uso, por envolver múltiplos fatores para seu cálculo, como fator atividade, SCQ, necessidade calórica basal (calculada por Harris Benedict) e número de dias pós queimadura. • Schofield: Indicada para crianças queimadas, por ser uma equação fixa, não leva em consideração as alterações metabólicas que ocorrem durante o tratamento. • Equações de Curreri: Ainda é a mais utilizada para cálculo de necessidades no HJXXIII. Estima as necessidades de acordo com SCQ e peso. Deve ser recalculada periodicamente, conforme cicatrização das lesões. Deve-se diminuir interrupções do tempo de infusão/ingestão das dietas (banhos, jejum para procedimentos cirúrgicos e outros), a fim de se atingir o objetivo calórico do paciente. 116 Quadro 20 - CURRERI Junior CURRERI Junior Idade SCQ Calorias / dia 0 - 1 ano <50% TMB + 15 Kcal x SCQ 1 – 3 anos < 50% TMB + 25 Kcal x SCQ 4 – 15 anos < 50% TMB + 40 Kcal x SCQ CURRERI ADULTOS Idade SCQ Calorias / dia 16 – 59 anos Qualquer 25 Kcal x peso (Kg) + 40 Kcal x SCQ > 59 acima Qualquer 20 kcal x peso (kg) + 65 Kcal x SCQ TMB: Taxa Metabólica Basal Fonte: Adaptado de Curreri (1974). Quadro 21 - Harris Benedict HARRIS BENEDICT Sexo Idade % SCQ Calorias / dia Indiferente 0 – 10 anos Qualquer 22,5 + 31,05 x peso (Kg) – 1,16 x altura (cm) Feminino > 10 anos Qualquer 65,5 + 9,5 x peso (Kg) + 1,85 x altura (cm) – 4,6 x idade (anos) Masculino > 10 anos Qualquer 66,4 + 13,75 x peso (Kg) + 5 x altura (cm) – 6,76 x idade (anos) % SCQ FATOR INJÚRIA FATOR ATIVIDADE 0 – 20 1,0 – 1,5 Repouso 1,2 21 – 40 1,6 – 1,8 Acamado com deambulação 1,25 > 40 1,9 – 2,0 Deambulando 1,3 Fonte: Adaptado de Harris (1919); BlackBurn e Thornton (1979). 117 Quadro 22 - Equações para determinação do Gasto Energético Basal Fonte: Adaptado de RAYA (2007). Quadro 23 - Idade e fórmula Fonte: Adaptado de RODRIGUEZ (2011). 9.9.3. Necessidade de Macronutrientes A prioridade do suporte nutricional é o aporte adequado de proteínas para minimizar o impacto da resposta catabólica do queimado e auxiliar na síntese proteica da cicatrização e também na função imunológica. 118 9.9.3.1 Proteínas Quadro 24 - Necessidades proteicas Necessidades Proteicas Curreri 3g/Kg/dia Alexander 22 - 25% das calorias diárias Davies and Lilijedahi Adulto: 1g/Kg + 3g x SCQ Criança: 3g/Kg + 1g x SCQ Molnar 2,5g/Kg Em geral recomenda-se: 1,5/2,0 g/kg peso/dia para adultos; 1,5/3,0 g/kg peso/dia para crianças. Fonte: Adaptado de FHEMIG (2013). 9.9.3.2. Carboidratos (55 a 60% do Valor Calórico Total - VCT) Deve-se atentar para o controle glicêmico adequado, a fim de se diminuir complicações como infecções, favorecer integração dos enxertos e reduzir mortalidade. É desejável manter asglicemias entre 100 e 150 mg/dl. 9.9.3.3. Lipídios (15% do VCT, não devendo ultrapassar este valor para não impactar nas infecções) São carreadores de vitaminas lipossolúveis. Deve-se monitorar a sedação com Propofol, pois o uso desse medicamento pode atingir 15 a 30 g/dia de necessidades lipídicas do adulto. 9.9.4. Micronutrientes • Vitamina A - participa da função imunológica, de feridas e ação antioxidante • Recomendação - 500 UI/1000 calorias • Vitamina C - componente essencial nas ligações de colágeno e que influencia na cicatrização, ação antioxidante 119 • Recomendação - 500 mg/2x ao dia • Vitamina B1 (Tiamina) – interfere no metabolismo da glicose, ácidos graxos e aminoácidos, diminuindo o estresse oxidativo. Ação direta no Sistema Nervoso Central. • Vitamina D – em função da mobilização e impossibilidade de exposição ao sol, sua reposição é fundamental, visando garantir a massa óssea • Recomendação – 400 UI/dia • Vitamina E - ação antioxidante, prevenindo a oxidação das membranas. Acelera a cicatrização e evita a formação de escaras hipertróficas • Recomendação - 100 mg/dia • Zinco, Cobre e Selênio – ação antioxidante, sendo que o zinco participa no processo de cicatrização e função imunológica. Cobre e Zinco são depletados na exsudação da pele queimada. Recomenda-se suplementação em adultos e crianças Recomendação – Zinco - 45 a 50 mg/dia Cobre - 4 mg/dia Selênio – 100 mcg/dia OBS.: As dietas fornecidas pelo HJXXIII suprem essas necessidades na maioria das vezes, devido ao alto volume infundido 9.9.5. Tipos de Dietas Utilizadas Deverão ser indicadas, levando-se em consideração a individualidade de cada paciente, fazendo-se os ajustes necessários, conforme intercorrências clínicas e alterações de exames. • Dieta hipercalórica - DC-1,5 kcal/ml (DC: dieta convencional) • Dieta hiperprotéica - DC-1,2 kcal/ml • Específicas para comorbidades (Diabetes, Insuficiência Renal, entre outras) 9.9.6. Progressão da Terapia Nutricional A progressão da dieta deve ocorrer conforme: estabilidade hemodinâmica, padrão respiratório, presença de infecção/sepse, tolerância à dieta e função dos 120 múltiplos órgãos. Habitualmente é feita a progressão de 30 ml/hora, a cada 6 horas, visando atingir o objetivo protéico calórico o mais rápido possível. 9.9.7. Indicação da Terapia Nutricional Pacientes grandes queimados dificilmente atingem as suas necessidades calóricas e protéicas exclusivamente por VO, em decorrência da queimadura (lesões por inalação, depressão, disfunção gastrointestinal, entre outros). Sendo assim, deve-se associar a VO a outras terapias nutricionais como Terapia Nutricional Enteral (TNE) ou suplementos orais. A escolha do método mais adequado está atrelada ao quadro de cada paciente. A terapia nutricional precoce, após a ressuscitação volêmica, previne a translocação bacteriana, úlcera de decúbito, danos do hipermetabolismo, reduz o risco de hiperalimentação, recupera a atividade do sistema imune e de cicatrização. American Burn Association (ABA), indica o uso da Terapia Nutricional precoce. A Eastern Association for the Surgery of Trauma (EAST) recomenda a terapia nutricional enteral logo após a admissão hospitalar, sem ultrapassar período superior a 18 horas. Realizar o levantamento de todos os dados pertinentes como: • Comorbidades • SCQ acima de 25% • Ventilação mecânica • Queimaduras de vias aéreas ou de face que inviabilize a via oral • Paciente com déficit cognitivo ou distúrbio psiquiátrico • Desnutridos prévios • Incapacidade de ingesta oral plena A monitorização do paciente queimado não é simples. A instabilidade hemodinâmica, comum na fase inicial, leva à limitação das medidas antropométricas, bioquímicas e imunológicas. Além disso, estas sofrem alterações, sendo os valores obtidos limitados como índices nutricionais. A terapia nutricional deve ser ajustada considerando não só o momento metabólico, mas também as programações cirúrgicas. Após avaliação fonoaudiológica e liberação da dieta por VO, o desmame da dieta enteral deve ser feito quando a ingestão VO corresponde a 65% das calorias calculadas para o paciente. 121 9.9.8. Jejum pré-operatório Abordagens cirúrgicas, banhos prolongados, fisioterapia, entre outros, levam à interrupção da infusão, causando a diminuição da oferta calórica. Deve-se tentar minimizar o tempo de jejum e interrupções de dieta a fim de garantir o aporte. Recomenda-se jejum de seis horas para pacientes em uso de dieta enteral e de duas horas para líquidos claros. Em pacientes com VO plena, indica-se o módulo de carboidrato duas horas antes. 9.9.9. Acompanhamento Nutricional A resolução da ANVISA nº 4.283 exige que todo hospital tenha uma equipe direcionada para o adequado suporte nutricional dos seus pacientes. Grandes centros hospitalares recomendam a reavaliação nutricional através da calorimetria indireta. No Hospital João XXIII, pela indisponibilidade deste método, faz-se a reavaliação: ● Das medidas antropométricas ● Quantificação de oferta via oral e enteral ● Seguimento de exames laboratoriais e balanço nitrogenado O acompanhamento nutricional do paciente através das proteínas viscerais, como albumina, não é tão confiável, devido ao processo inflamatório e ao edema comum destes pacientes. Além disso, a albumina sérica não se correlaciona com o balanço nitrogenado e seus valores ficam cronicamente diminuídos nos pacientes queimados. Importante o acompanhamento assertivo do aporte nutricional, considerando os períodos de jejum, visando reduzir o déficit protéico calórico. 9.9.10. Imunonutrição 1. Glutamina É um aminoácido essencial nas queimaduras, uma vez que ocorre diminuição de seus estoques. Utilizada pelo fígado, rins e trato gastrointestinal é uma importante fonte 122 de energia para os enterócitos e células imunes. Sua suplementação visa preservar a massa muscular, diminuir o catabolismo proteico, minimizar a translocação bacteriana reduzindo a sepse nos queimados. Estudos demonstram dificuldades para recomendar a dose precisa, a via e a duração de administração. Considera-se uma recomendação empírica a dose de 0,3 g/kg/dia por cinco a 10 dias, segundo a European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN). 2. Ômega 3 Os ácidos graxos ômega 3 exercem potente ação antiinflamatória e diminuem a imunossupressão nos grandes queimados. Seu uso traria benefícios, entretanto, até o momento, a dose ideal de suplementação não foi determinada nos estudos. 3. Arginina Assim como a Glutamina, também é considerada um aminoácido condicionalmente essencial nos períodos de estresse metabólico. Sua suplementação na presença de sepse e pneumonia é controversa, por aumentar a síntese de óxido nítrico, levando ao aumento da mortalidade. Não há evidência na literatura que recomende essa suplementação nos pacientes queimados. 4. Betabloqueadores Demonstra-se que o uso de Propranolol em crianças reduziu o ritmo basal cardíaco em 20%, reduzindo a liberação de citocinas e hormônios do estresse, com consequente redução do hipermetabolismo e hipercatabolismo. Deve ser iniciada a administração após a fase de ressuscitação volêmica e ao final da primeira semana. 5. Oxandrolona A administração de Oxandrolona na dose de 10 mg/12 horas em adultos reduziu o tempo de hospitalização, mortalidade, perda de peso, catabolismo proteico e tempo de cicatrização. Favorece ainda o metabolismo ósseo, melhorando o tempo da doença aguda e o período de reabilitação. Efeitos similares são observados em crianças na dose de 0,1 mg/kg/12 horas. O uso de oxandrolona requer monitorização da função hepática. Deve ser iniciado o uso após a primeira semana de hospitalizaçãoe considerar ser prolongado até a fase de reabilitação. Ainda não houve introdução da Oxandrolona nesse serviço. 6. Hormônio de Crescimento (GH) Seu uso não é recomendado em adultos queimados uma vez que não foi demonstrado redução nos índices de mortalidade. Seus efeitos não são melhores que os 123 promovidos pela Oxandrolona e ainda apresenta hiperglicemia como efeito adverso. Na população infantil parece uma estratégia segura e efetiva por relacionar-se à dificuldade de produção de GH na mesma. Recomenda-se o uso de 0,05 – 2,0 mg/kg/dia, para otimizar cicatrização, reduzir hipermetabolismo e suprir a demanda de crescimento. A duração ideal de tratamento ainda não foi determinada nos estudos, mas já foi demonstrado ser seguro o uso durante um ano. 9.9.11. Complicações da Nutrição Enteral Podem ser: 1. Mecânicas: irritação e infecção das vias aéreas superiores e obstrução do cateter. 2. Gastrointestinais: constipação, dor abdominal, cólicas, distensão, diarréia, náuseas e vômitos. A constipação intestinal é comum e relacionada à desidratação, concentração da fórmula, insuficiente aporte de fibras, uso de opiáceos, etc. Nos casos de diarréia, consultar o protocolo da instituição. Vômitos estão relacionados a gastroparesia dos queimados e disfunção do trato gastrointestinal, rápida infusão de grande volume de dieta, posicionamento inadequado da sonda ou do paciente, além do uso de medicamentos como opiáceos, fórmula enteral hiperosmolar e o padrão respiratório. O manejo dos vômitos deve ser feito conferindo o posicionamento da sonda, com a redução de 20-30 ml/h de dieta, com adequação do posicionamento do paciente superior a 45º no leito, considerando-se o uso de procinético e posicionamento da sonda pós pilórica. A estase não deve ser monitorizada rotineiramente, devendo ser medida apenas em casos de distensão abdominal, dor ou intolerância à dieta. Consultar o protocolo de estase da instituição; • Metabólicas: alterações glicêmicas, distúrbios hidroeletrolíticos e outros secundários ao comprometimento renal e hepático, síndrome de realimentação; • Pacientes desnutridos previamente: diagnosticados por níveis séricos diminuídos de cálcio, fósforo, potássio e magnésio. Os distúrbios de 124 eletrólitos devem ser corrigidos, a nutrição deve ser iniciada com baixo aporte (20 kcal/kg) e deve ser administrada dose de tiamina. 9.10. ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA A queimadura marca uma ruptura na vida das pessoas e de suas famílias, traduzida em um antes e um depois. Relaciona-se também a vários aspectos da vida do paciente, com uma interrupção brusca em sua rotina, em seus planos; o afastamento de sua família e de pessoas afetivamente importantes em razão da hospitalização; a perda da condição de saúde; alterações em sua imagem corporal. Além disso, por seu tratamento ser doloroso e de longo prazo, nota-se que as queimaduras podem trazer incertezas com relação ao futuro, fazendo surgir inúmeras questões para o sujeito (MININI, 2020; MOCELIN; ANDREOLI, 2008). É possível observar diferentes modos do sujeito e de suas famílias lidarem com as queimaduras, com as causas e com as cicatrizes/sequelas resultantes delas (MININI, 2020). Assim, mostra-se fundamental acolher e escutar o paciente vítima de queimaduras e também seus familiares e/ou responsáveis. Dessa forma, o acompanhamento psicológico na UTQ do Hospital João XXIII envolve a realização de atendimentos aos pacientes; às suas famílias; à equipe multiprofissional, quando necessário. Torna-se fundamental a participação em discussões multidisciplinares, cruciais no caso dos pacientes queimados. O atendimento psicológico ao paciente queimado tem início no momento em que ele é admitido na UTQ. A realização do mesmo ocorre através de busca ativa no leito ou fora dele. Nesse momento, o trabalho da Psicologia é apresentado ao indivíduo e são avaliados o seu histórico psicológico, a demanda para atendimentos e seu suporte familiar. Geralmente os atendimentos são realizados individualmente e seguem durante todo o período de internação. A frequência do atendimento varia de acordo com a necessidade de cada caso e com a demanda psíquica apresentada pelo paciente. No momento da alta hospitalar, quando há necessidade ou quando existe demanda por parte do paciente, ele é encaminhado para continuidade do atendimento psicológico na Rede de Saúde Mental. 125 O tratamento das queimaduras após alta será em nível ambulatorial para controle da cicatriz, com retornos no hospital previamente agendados. O paciente pode ser novamente atendido pelo serviço de Psicologia quando há demanda pessoal ou caso haja encaminhamento da equipe multiprofissional do Ambulatório de Retorno de Queimados. 9.10.1. Rotina de atividades ● Início do acompanhamento psicológico a partir do momento da admissão do paciente na UTQ, através da realização de busca ativa ou por solicitação da equipe multiprofissional da Unidade; ● Triagem psicológica do caso para avaliação das funções psicológicas do paciente, anamnese psicológica, avaliação da demanda individual para atendimentos e suporte familiar; ● No atendimento psicológico da criança e/ou menor de idade, realização de abordagem aos pais ou responsáveis; ● Utilização de recursos lúdicos no atendimento psicológico à criança queimada; ● Os atendimentos são realizados individualmente, no leito ou fora dele; ● A frequência do atendimento varia de acordo com a necessidade de cada caso e com a demanda psíquica apresentada por ele; ● Acompanhamento de notícias médicas aos pacientes e/ou familiares ou responsáveis, conforme demanda; ● Realização de preparo psicológico para cirurgias; ● Avaliação, autorização e acompanhamento da realização de visitas de crianças e adolescentes no hospital; ● Avaliação, em equipe multiprofissional, da necessidade de acompanhante para o paciente, em casos excepcionais; ● Nos casos em que o paciente não está em condições de abordagem, o acompanhamento psicológico do caso tem início com o acolhimento e a escuta de seus familiares; 126 ● Participação nas corridas de leito, reuniões e discussões dos casos com a equipe multidisciplinar da Unidade, sempre que houver necessidade, com vistas ao alinhamento de conduta; 9.10.2. Modalidades de atendimento ● Atendimento psicológico à criança queimada com utilização de recursos lúdicos; ● Conforme a demanda apresentada; ● Atendimento e orientação psicológica aos pais e/ou responsáveis da criança queimada; ● Atendimento psicológico ao paciente adulto queimado; ● Atendimento e orientação psicológica aos familiares do paciente adulto; ● Acompanhamento de notícias médicas ao paciente e/ou aos familiares, conforme a necessidade de cada caso; ● Avaliação psicológica para a realização de visitas de crianças e/ou adolescentes na Unidade; ● Encaminhamento psicológico para continuidade de atendimento em Rede de Saúde Mental. 9.10.3. Objetivos do acompanhamento psicológico ● Viabilizar ao paciente sair da condição de assujeitamento característica do processo de hospitalização, de forma que ele possa se responsabilizar por suas escolhas e atos e estender essa condição para o tratamento, comprometendo-se com seu processo de cura física/psicológica; ● Acolher e propiciar suporte emocional às famílias dos pacientes internados, uma vez que elas podem apresentar quadros importantes de ansiedade e angústia; ● Fornecer orientação psicológica aos familiares dos pacientes internados no setor, de forma a propiciar a assimilação e a compreensão das informações que recebem da equipe médica acerca da evolução clínica e do tratamento dos pacientes. 127 9.10.4. Condutas e encaminhamento ● Contactar os serviços de referências de Saúde Mental do Município do paciente durante sua hospitalização para transferênciado caso, conforme a demanda apresentada; ● Realizar o encaminhamento psicológico de forma responsável, contactando os serviços de referências de Saúde Mental do Município do paciente no momento da alta hospitalar; ● Elaborar por escrito o encaminhamento psicológico impresso em duas vias, uma para ser anexada ao prontuário e outra para ser entregue, em mãos, ao paciente e/ou seu responsável, conforme a necessidade do caso; ● Orientar e sensibilizar os familiares e/ou responsáveis pelo paciente sobre a importância da continuidade de acompanhamento psicológico no caso do paciente, se necessário. 9.10.5. Retorno ● Atendimento psicológico do paciente no retorno ambulatorial em casos previamente agendados; ● Atendimento psicológico no retorno ambulatorial, em caso de demanda pessoal do paciente ou por solicitação da equipe multiprofissional do Ambulatório de Retorno de Queimados; ● Atendimento de caráter temporário, com objetivo de acolhimento psicológico e encaminhamento do paciente à Rede de Saúde Mental, conforme a demanda apresentada. 9.11 ASSISTÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL As atribuições e competências dos Profissionais de Serviço Social realizadas na Saúde ou em outro espaço sócio-ocupacional são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da 128 Profissão. Estes devem ser observados e respeitados, tanto pelos profissionais, quanto pelas instituições empregadoras (BRASIL, 2012; CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL, 2010; BARROS et al., 2002). A prática do Serviço Social na área de saúde abrange a democratização de acesso à informação nas Unidades de Serviços de Saúde, estratégias de aproximação das unidades de saúde com a realidade, o trabalho interdisciplinar, o acesso democrático às informações e a participação popular. Assim, compreende-se que cabe ao Serviço Social, numa ação articulada com outros segmentos que defendem o SUS, formular estratégias que busquem reforçar ou criar experiências nos serviços de saúde que efetivem o direito social à saúde, atentando que o trabalho do Assistente Social tenha como norte o Projeto Ético Político Profissional e esteja vinculado ao Projeto da Reforma Sanitária (BRASIL, 2012; CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL, 2010; BARROS et al., 2002). 9.11.1 Objetivo geral do serviço social • Realizar atendimento humanizado no resgate da história de vida do usuário, no que se refere às questões sociais, apontando as vulnerabilidades preexistentes que podem dificultar o processo de recuperação e bem-estar do paciente; • Promover a inter-relação da política de saúde com as demais políticas públicas, em especial, as de assistência social, educação, trabalho, através da criação e desenvolvimento de programas, projetos, rotinas e ações direcionadas aos usuários; • Democratizar informações objetivando a ampliação do acesso às informações relativas aos seus direitos, interesses e necessidades na saúde e ao seu papel no tratamento, na promoção da saúde, na prevenção de doenças, agravos, riscos e danos. 9.11.2. Funções do Assistente Social • Participar da corrida de leito, a fim de conhecer os pacientes e avaliar os que necessitam de intervenção; 129 • Realizar Entrevista Social – (PRS – ASS-030) – (paciente e/ou família ou responsável legal) para conhecer o contexto sócio familiar e identificar as determinantes sociais que interferem no processo de hospitalização; • Diante das vulnerabilidades identificadas, apresentar a proposta para construção do plano terapêutico singular, viabilizando, em conjunto com a equipe multidisciplinar, a alta hospitalar; • Proceder ações que possibilitem a identificação do paciente não identificado e a localização de familiares através dos recursos disponíveis (Solicitação de teste datiloscópico junto ao Instituto de Identificação, notificação à Delegacia de Desaparecidos, acesso ao Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de Saúde - CadSUS); • Acompanhar os casos sociais, bem como estar acessível ao atendimento familiar e, em conjunto com a equipe multidisciplinar, buscar o envolvimento dos familiares no processo de tratamento, considerando suas potencialidades/limites, com foco no fortalecimento dos vínculos familiares e na autonomia dos sujeitos; • Orientar aspectos legais como: Direitos previdenciários, trabalhistas (acidente de trabalho) e assistenciais; Processo de Curatela, procurações, entre outros; Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) em casos de acidentes de trânsito; • Tratamento Fora do Domicílio (POP - ASS 048) e encaminhar familiares a casas de apoio (para pacientes do interior); • Discutir com a rede de proteção social os casos de violações de direitos contra criança/adolescente; mulheres; idosos e deficientes físicos e/ou insuficiência familiar e elaborar relatório social aos órgãos de defesa de direitos. Nos casos em que o Assistente Social atender e/ou acompanhar, cabe ao profissional o preenchimento da Ficha de Notificação Compulsória do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), caso não tenha sido feito; • Emitir laudos e/ou parecer social, quando solicitado; • Encaminhar pacientes para a concessão de recursos e benefícios sociais da rede pública e entidades de apoio, a fim de viabilizar a garantia na continuidade do tratamento; 130 • Contribuir com a agilização do leito hospitalar, considerando a dinamização e rotatividade do mesmo; • Encaminhar o usuário, quando necessário, para acolhimento institucional; • Fazer o acolhimento de familiares em casos de óbito, juntamente com a equipe, e realizar as orientações pertinentes ao Serviço Social. 9.12. ASSISTÊNCIA DA TERAPIA OCUPACIONAL O terapeuta ocupacional é o profissional capaz de realizar procedimento de avaliação, intervenção e orientação ao cliente internado e/ou familiar e cuidador, em Pronto Atendimento, Enfermaria, Berçário, CTI, UTI, UTQ (neonatal, pediátrica e de adulto), para intervenção o mais precoce possível. Com objetivo de prevenção de deformidades, disfunções e agravos físicos e/ou psico-afetivo-sociais, promovendo o desempenho funcional/ocupacional e qualidade de vida durante a hospitalização (ROSSI et al., 2003; BRASIL, 1988; BRASIL, 2000; MACHADO, RUPERTO, 2005). A terapia ocupacional de um modo geral envolve a realização de exercícios e tarefas para manutenção e execução das AVD, atividades de vida prática; ganho de amplitude de movimento e força, orientação para reeducação sensorial, promoção e treino de motricidade, orientação postural e de ergonomia, adaptações, confecção de órteses, entre outros. A avaliação do desempenho ocupacional é o procedimento que identifica habilidades e limitações do indivíduo, para as AVD, instrumentais de vida diária, escolares, trabalho e de lazer. Para isso, são utilizados testes padronizados, estruturados ou adaptados para se obter dados quantitativos e/ou qualitativos, referentes ao desempenho ocupacional. (ANDOLFATO, MARIOTTI, 2009) É função do Terapeuta Ocupacional: • Favorecer o diagnóstico terapêutico-ocupacional e a elaboração do plano terapêutico; 131 • Realizar acolhimentos, atendimentos e treinamento terapêutico ocupacional aos pacientes e/ou familiares/acompanhantes, individuais, conforme a demanda; • Discutir os casos com a equipe multidisciplinar, sempre que houver necessidade, alinhando-se a conduta; • Realizar reuniões de equipe conforme demanda; • Realizar estimulação direta ao paciente; • Realizar adaptações necessárias em equipamentos de tecnologia assistiva à necessidade dos pacientes; • Realizar empréstimo de equipamentos de posicionamento; • Confeccionar órteses e splint`s (de acordo com Procedimento Operacional Padrão específico); O tratamentoenvolve posicionamento adequado, estimulação da movimentação ativa precoce, uso de órteses e adaptações, controle da cicatrização e do edema, estimulação da função mediante atividades terapêuticas. A reeducação sensitiva e o treinamento da independência nas AVD e da Vida Prática norteiam as metas do tratamento terapêutico ocupacional na reabilitação do paciente queimado. O Terapeuta Ocupacional junto ao indivíduo com queimadura realiza uma avaliação inicial, a qual tem por objetivo determinar o comprometimento inicial das áreas queimadas, sendo de suma importância para o planejamento do tratamento (MANFRIN, 2011) A avaliação inicial consiste na determinação da extensão, da profundidade, e do local comprometido pela queimadura. Nela, são realizadas também medidas de goniometria, força muscular, avaliação de sensibilidade, avaliação de edema e quantificação subjetiva da dor. A prevenção de deformidades e sequelas físicas e funcionais, descreve-se como cuidados de reabilitação da queimadura, posicionamento adequado, por meio de posturas anti-deformantes; a imobilização por meio da indicação de órteses; controle da cicatrização e do edema; reeducação sensitiva e a mobilização, por meio de exercícios passivos e ativos, até mesmo a realização de atividades terapêuticas mais elaboradas, culminando, com o treino das atividades de vida diária e prática. (ANTONELI, 2003; GARDNER; RAHILLY, 1988; MALICK; CARR, 1982; MARTINS; ANDRADE, 2007) 132 • Realizar atendimento individual aos pacientes, adultos e pediátricos, mediante busca ativa ou atendendo à solicitação da equipe multidisciplinar; • Realizar atendimento aos familiares do paciente/ou cuidador para atender a demanda do paciente; • Realizar encaminhamento Terapêutico Ocupacional do paciente, no momento da alta hospitalar, para a rede de saúde e/ou serviço específico de reabilitação, quando houver demanda; • Participar das reuniões dos setores de internação e das discussões multidisciplinares sobre os pacientes; caso necessite de sua presença para intervenções e orientações; • Quando houver presença de residentes, realizar supervisão e preceptoria. 9.13. ASSISTÊNCIA PEDAGÓGICA Ao se tratar especialmente de crianças e adolescentes, é preciso estar sensível às necessidades básicas do desenvolvimento do ser humano, pois estes se encontram no marco inicial e importante desse processo. Sendo assim, no tocante ao desenvolvimento infantil, uma questão que merece especial atenção é a questão da aprendizagem: compreender a problemática das crianças que se encontram em tratamento de saúde, mas que não estão incapacitadas para seguirem vivenciando suas infâncias e se desenvolvendo. Uma vez acometida por alguma doença, ou tratamento, por vezes, longo, como o tratamento de queimaduras, o ambiente hospitalar passa a ser o mais novo contexto de desenvolvimento dessa criança. Desta forma, instituição hospitalar, na sua atual busca pela humanização poderá contribuir para ampliar seu atendimento a criança, tornando se também um espaço que possibilite a esta, relacionar-se com a aprendizagem e com o conhecimento. O contexto hospitalar deve trabalhar para acolher tanto a dor como a alegria de uma criança, pois é da possibilidade de vivenciar as “coisas” comuns da infância como o brincar, o estudar, o relacionar-se com outros é que a criança hospitalizada será encorajada a resgatar o seu lado saudável. (FONTES, 2005), neste sentido, constata-se que o atendimento pedagógico- educacional hospitalar, bem como projetos de apoio à aprendizagem, junto às crianças hospitalizadas (recreação, brinquedoteca, etc.) contribuem para uma mais rápida recuperação da 133 saúde destas. Assim, “não podemos ignorar a possível validade e significância desta modalidade de atendimento na redução do tempo de internação das crianças”. (FONSECA, 2003). Embora apresentando caráter diversificado quanto à estrutura de atendimentos, no que diz respeito ao objetivo central da pedagogia no contexto hospitalar podemos afirmar que Os resultados demonstraram que o atendimento escolar sistemático proporcionado às crianças hospitalizadas contribui para um melhor desenvolvimento delas. A possibilidade de saída do leito, bem como a proposição de atividades motivadoras e a observação de que outras crianças também vivenciam estas experiências, contribui para uma performance mais assertiva destas crianças, se comparadas com aquelas que não são atendidas sistematicamente e que, por conseguinte, tem seu campo motivacional muito mais restrito. (CECCIM, 1999). Dentro desta perspectiva, as estratégias de ações da pedagogia hospitalar foram pensadas para atender a demanda da pediatria de queimados (0 a 12 anos), considerando que toda criança pode e deve ser incluída nas atividades pedagógicas, salvo aquela impossibilitada devido ao quadro clínico e/ou emocional. 9.13.1. Missão Atender à demanda pedagógica/educacional das crianças, adolescentes e seus acompanhantes, hospitalizados na UTQ, com foco na garantia dos direitos à Educação e ao Brincar. Essa ação objetiva favorecer a continuidade dos processos de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, através de metodologia diferenciada que considere as especificidades e complexidades do contexto hospitalar. (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990; BRASIL, 1995; BRASIL. 2002) 9.13.2. Objetivos ● Melhorar a qualidade de vida da criança hospitalizada, promovendo experiências educacionais significativas no contexto hospitalar, assegurando a manutenção do vínculo com a aprendizagem; 134 ● Garantir o direito de acesso de toda criança à educação básica, estimulando a continuidade do processo de desenvolvimento das habilidades escolares durante a internação, contribuindo para prevenção da evasão e fracasso escolar, através da classe hospitalar; ● Garantir o direito ao brincar, ampliando os espaços para as manifestações lúdicas, promovendo a interação entre a criança e o acompanhante e possibilitando o alívio do estresse gerado pela internação através das atividades da Brinquedoteca; ● Promover projetos educativos, culturais, artísticos e oficinas de trabalho junto às crianças/acompanhante/equipe, possibilitando um espaço para a expressão de sentimentos, fortalecimento de vínculos, interação e estimulação cognitiva, com foco na Humanização; ● Integrar a Equipe Multiprofissional participando dos estudos de casos e comissões, sugerindo e colaborando com o redirecionamento dos atendimentos, condutas e reavaliações dentro da área de formação; ● Promover a constante melhoria do trabalho da Pedagogia Hospitalar através do estudo e da pesquisa. 9.13.3. Modalidades de atendimento e principais atividades desenvolvidas O trabalho da Pedagogia Hospitalar está estruturado em quatro eixos, a saber: 1. Classe Hospitalar: Consiste em triagem de crianças em idade escolar, encaminhamento de matrícula escolar para os que não então frequentando a escola, contato com escola de origem para acompanhamento curricular durante a internação, (BRASIL, 2002) orientação aos responsáveis sobre as questões escolares; organização de atividades compatíveis com o desenvolvimento escolar do aluno/paciente, encaminhamentos junto a Rede (transporte escolar, solicitação de profissional de apoio à inclusão para crianças com deficiências, discussão de casos com equipe escolar, informes pedagógicos). 2. Brinquedoteca Hospitalar: Colaborar com a direção e gerência multiprofissional na gestão da Brinquedoteca Hospitalar e coordenação das atividades 135 realizadas pelos recreadores educacionais. Principais ações: promover recursos para funcionamento pleno das atividades das Brinquedotecas Hospitalares, planejando e capacitando os recreadores educacionais; promover atividades integrativas lúdicas- pedagógicas que reforcem vínculos positivos entre criança-acompanhante-equipe.(BRASIL, 2005) 3. Intervenção Pedagógica Complementar: consiste na organização de projetos pedagógicos para atender às demandas lúdicas-pedagógicas identificadas e que não estão expressas diretamente nos eixos 1 e 2. Principais ações: Eventos culturais com parceiros externos, apoiar a equipe na melhoria da ambiência que favoreça a expressão da criança em projetos pontuais, como aniversários de pacientes, educação para saúde, decoração de datas comemorativas, etc. (BRASIL, 1995) 4. Organização do Trabalho Pedagógico Hospitalar: criar ferramentas de gestão para favorecer e aprimorar o trabalho pedagógico hospitalar desenvolvido na instituição (Projeto Pedagógico, POPs, Regimento da Categoria, participação em eventos, estudos, pesquisas e publicações). 9.13.4. Abordagem Interdisciplinar Discussões de casos com multiprofissionais para organização dos processos que incidem sobre a vida escolar do aluno paciente, durante internação e alta. 9.13.5. Encaminhamentos Caso necessário, o serviço pode acionar a rede para continuidade das ações pedagógicas desenvolvidas, buscando apoio junto aos Conselhos Tutelares, às Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (Ex. atendimento pedagógico domiciliar para alunos que em alta hospitalar não têm condições de retornar à escola num período superior a 30 dias). 136 Figura 9: Fluxograma de atendimento Pedagógico Curricular Fonte: Elaborado pelo Serviço de Pedagogia do HJXXIII (2023) 137 9.14. ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO O paciente queimado que requer tratamento fonoaudiológico é aquele com queimaduras que atingem áreas corporais como cabeça, pescoço e tórax - que podem levar à alteração das funções estomatognáticas (sucção, deglutição, mastigação, fala, voz e expressão facial), os que apresentam estigmas de queimadura inalatória, além daqueles que permaneceram intubados por períodos prolongados (superiores há 48 horas) e/ou que necessitaram realizar traqueostomia (TOLEDO, 2009). Após as primeiras medidas tomadas pela equipe médica e constatando-se o equilíbrio clínico e sistêmico do paciente, o fonoaudiólogo deve iniciar a avaliação com o objetivo de verificar as funções estomatognáticas e prevenir possíveis sequelas funcionais/estéticas (TOLEDO, 2003). Durante o período de internação hospitalar, cabe ainda ao profissional avaliar os riscos de disfagia, garantir a segurança de via aérea durante a alimentação por via oral e garantir uma comunicação funcional e eficiente (TOLEDO, 2001). Esses pacientes podem estar na unidade de terapia intensiva (UTI) ou enfermaria – na fase aguda, e no ambulatório - na fase de reabilitação, com abordagens/tratamentos distintos e específicos em cada momento. 9.1.4.1. Atribuições da Fonoaudiologia na Unidade de Terapia Intensiva e na Unidade de Internação (Enfermaria) (MAGNANI, 2021; MAGNANI,2015; TOLEDO, 2009; TOLEDO, 2003) • Obter da história clínica do paciente e seus dados gerais: • - data da queimadura, etiologia, tipo de acidente, áreas acometidas, extensão e profundidade das lesões, • - tempo de desmame ventilatório, condições clínicas e respiratórias; • Realizar anamnese direcionada, com o objetivo de verificar queixas/demandas e complementar informações levantadas em prontuário; • Avaliar aspectos de comunicação: compreensão de linguagem, expressão verbal e não verbal; • Avaliar respiração: tipo e padrão respiratório 138 -Na presença de TQT: tipo de cânula, numeração, cuff insuflado/ desinsuflado • Avaliar as estruturas orofaciais: lábios, língua, bochechas, palato duro, palato mole, • Mandíbula e laringe – Quanto aos seguintes quesitos: - Aparência - Condição postural - Sensibilidade - Mobilidade - Funcionalidade - Dor • Avaliar mímica facial, • Avaliar voz: tempo de emissão, qualidade e intensidade vocal, coordenação pneumofônica; • Avaliar sucção – em crianças pequenas; • Avaliar deglutição de saliva • Na presença de TQT: desmame de balonete, realizar Teste Blue-dye (PRS ASS-033) • Avaliar deglutição direta com alimentos: - Líquidos - Pastosos - Sólidos macios - Sólidos duros • Na presença de TQT: realizar teste com alimentos corados com anilina – - Teste Blue-Dye modificado (PRS-ASS-033) • Na presença de alterações em quaisquer quesitos das estruturas orofaciais - REALIZAR reabilitação dos aspectos alterados; • Na presença de alterações nas funções de sucção, deglutição, mastigação, voz: REALIZAR reabilitação das funções alteradas; • Realizar liberação de dieta por via oral; • Adequar a consistência da dieta conforme segurança de via aérea e condições das estruturas orofaciais; 139 • Participar do processo de decanulação juntamente com equipe multiprofissional: - Avaliar tolerância ao balonete desinsuflado; - Avaliar possibilidade de troca de cânula; - Avaliar tolerância a oclusão; - Avaliar adaptação de válvula de fala; • Fornecer orientações ao paciente e familiares sobre o seu quadro fonoaudiológico e etapas do processo de reabilitação; • Participar de discussões multidisciplinares e contribuir para educação continuada da equipe. • Realizar continuidade do tratamento à alta do CTI e admissão na enfermaria e encaminhamento para continuidade ao tratamento/ reabilitação no pós-alta. Figura 10: Fluxogramas de atendimentos fonoaudiológicos 140 Fonte: Elaborado pela equipe de fonoaudiologia do HJXXIII (2023) 10. PLANO PARA ATENDIMENTO À SITUAÇÃO DE MÚLTIPLAS VÍTIMAS Em situações de grande desequilíbrio entre a demanda e a oferta por serviços de saúde, um Plano de enfrentamento do cenário de crise deve existir. Com o objetivo de garantir qualidade no atendimento, preservação da vida e redução do sofrimento do maior número de pessoas, o Plano para Atendimento à Situações com Múltiplas Vítimas deve ser escrito, treinado, implantado e divulgado a toda equipe assistencial e gerencial de uma Instituição de Saúde. Esse Plano prevê a expansão e manutenção de recursos humanos e materiais em situações extremas, como catástrofes ou desastres. Situações em que esforços extras são necessários em uma Instituição de Saúde podem ocorrer em qualquer local, independentemente de seu tamanho, densidade tecnológica, nível de complexidade. Portanto, é urgente que 141 Instituições de Saúde implantem Planos de Contingência para que possam atender de forma ordenada e planejada seus pacientes vítimas de catástrofes e/ou desastres, assegurando, assim, um padrão de atendimento adequado com sistema de comando e controle bem estruturado (FHEMIG,2018, REDE DE EDUCAÇÃO, 2022) É imperativo que os Serviços de Saúde de Referência estejam aptos a atender às vítimas coordenadas pelo Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas, organizando e racionalizando os recursos disponíveis, através de um planejamento estratégico. Para construir um Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas, conteúdos mínimos devem ser conhecidos e podem ser resumidos nas fases a serem desenvolvidas em um Plano. 10.1. Fases do Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas 1º - Prontidão – é a fase na qual o Plano é escrito, treinado e divulgado. Importante nessa fase a definição dos níveis de criticidade do Plano que será acionado, considerando o número de vítimas e a necessidade de recursos. Ainda nesta fase, quando o número de vítimas excede em muito o efetivo de profissionais socorristas, há de se lembrar que a prioridade passa a ser a tentativa de salvamento do maior número de pessoas e não de todos os envolvidos. Contamos com o sistema START, que define bem estas prioridades em ambiente pré-hospitalar e a Triagem da American Burn Association (ABA) para casos de catástrofes onde os recursos são exíguos, ambas elencadas abaixo, descrita por Taylor (2014):Figura 11 - START Adulto 142 Fonte: WALLS (2019). Figura 12 - JumpSTART (Crianças) Fonte: WALLS (2019), adaptado de ROMIG (2002). Quadro 25 - Triagem para queimaduras de vítimas em massa para catástrofes em locais com recursos exíguos Idade SCQ % (anos) 0-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71-80 81-90 91-100 0-2 Muito alto Muito alto Alto Alto Alto Médio Médio Médio Baixo Baixo 3-5 Ambulat Muito alto Alto Alto Alto Médio Médio Médio Baixo Baixo 6-20 Ambulat. Muito alto Alto Alto Alto Alto Médio Médio Baixo Baixo 21-30 Ambulat. Muito alto Alto Alto Alto Médio Médio Médio Baixo Baixo 31-40 Ambulat. Muito alto Alto Alto Médio Médio Médio Baixo Baixo Expecta. 41-50 Ambulat. Muito alto Alto Médio Médio Médio Médio Baixo Baixo Expecta. 51-60 Ambulat. Muito alto Alto Médio Médio Baixo Baixo Expecta. Expecta. Expecta. 61-70 Ambulat. Alto Médio Médio Baixo Baixo Baixo Expecta. Expecta. Expecta. >70 Muito alto Médio Baixo Baixo Baixo Expecta. Expecta. Expecta. Expecta. Expecta. Fonte: Adaptado de TAYLOR (2014). 143 O quadro mostra o resultado esperado para várias queimaduras de SCQ (superfície corporal queimada) para diferentes idades. Esses dados incluem pacientes com ou sem lesão inalatória. A lesão por inalação aumenta o risco de mortalidade. As categorias de utilização de recursos são as seguintes: • Paciente ambulatorial (Ambulat. / amarelo brilhante) - Sobrevida e bom resultado esperado sem tratamento hospitalar. • Muito alto (amarelo)- Espera-se sobrevida e bom resultado sem hospitalização prolongada (>14 dias) • Alto (rosa)- Sobrevida e bom resultado esperado (sobrevida > 90%) • Médio (verde)- Sobrevivência e bom resultado provável com tratamento agressivo e alocação abrangente de recursos (sobrevivência > 50%) • Baixo (azul)- Sobrevivência e bom resultado < 50% de probabilidade, mesmo com tratamento agressivo prolongado e uso intensivo de recursos. • Expectante (Expect. / roxo) - Sobrevida < 10% mesmo com tratamento agressivo ilimitado 2º - Alerta – nessa fase o Plano deve descrever quem será responsável por entregar e receber a informação do evento de múltiplas vítimas. Deve existir um canal de comunicação livre e formalizado entre a autoridade que informa o alerta e o profissional da Instituição que recebe a informação, bem como dos diversos elos na cadeia de assistência pré e intra-hospitalar (agentes de saúde, socorristas, defesa civil, polícia civil, militar, rodoviária, florestal, corpo de bombeiro, resgate, transporte aéreo se necessário, SAMU, logística, engenharia, equipe interdisciplinar, coordenadores de plantão, chefes de equipe, diretoria e demais funcionários de recursos humanos e apoio); 3º - Ativação – quando o responsável pelo recebimento do Alerta da situação de múltiplas vítimas recebe a informação, ele será responsável por ativar o Plano e fazer toda a reconfiguração e reorganização de recursos na Instituição, a fim de receber as vítimas do evento; 4º - Recepção – início da admissão das vítimas para atendimento. Importante nessa fase a efetividade da comunicação, sinalização das áreas de atendimento e recursos disponíveis, seguindo planejamento; 5º - Tratamento – atendimento às vítimas e demais pacientes que estejam nas áreas assistenciais; 6º - Recuperação – o retorno ao atendimento habitual deve ser planejado da mesma forma que o início do atendimento às vítimas da situação de contingência; 7º - Auditoria – após o término do evento de crise, deve-se analisar e verificar os pontos de melhoria no Plano para que a Gestão de Riscos seja continuamente mais eficiente. 144 O Plano para Situação de Múltiplas Vítimas consiste em identificar, analisar, estruturar e coordenar a melhor resposta a um evento inesperado, grave e com alta demanda. O fundamental neste Plano é a melhor concentração de esforços e recursos, de forma mais eficiente, eficaz e efetiva. 11. MATRICIAMENTO O matriciamento é a avaliação dos pacientes cadastrados para transferência para CTQ e objetiva a qualificação do quadro clínico dos pacientes para adequação do leito para internação, bem como orientações de cuidados iniciais ao paciente. O matriciamento é realizado em conjunto pela equipe da Central de Leitos de Belo Horizonte e a equipe do CTQ do Hospital João XXIII, mantendo os critérios: 1. Unidade de origem cadastra o paciente queimado no SUS Fácil para transferência. 2. Equipe da Central de Leitos encaminha Formulário de Protocolo para preenchimento e solicita fotografias da área queimada, através de email. 3. Após recebimento das fotografias e preenchimento do Protocolo, a equipe médica do matriciamento os avalia e define a superfície corporal queimada, profundidade das queimaduras e possíveis fatores clínicos que modifiquem a gravidade do paciente (comorbidades, traumas associados, agente causador da queimadura, entre outros). 4. Equipe Matriciadora define o tipo de leito para o paciente (Enfermaria, UTI) ou define se ele é elegível para tratamento no CTQ, além de classificar a prioridade clínica do paciente. 5. Até que seja disponibilizada a vaga, um acompanhamento periódico é solicitado pela equipe da Central de Leitos com fotografias atualizadas, resposta de pendências e alterações do quadro clínico. 6. Quando a vaga é disponibilizada, a equipe do Núcleo Interno de Regulação (NIR) do Hospital João XXIII comunica à equipe da Central de Leitos. 7. A equipe da Central de Leitos comunica a origem do paciente prioritário para a vaga disponível e a forma de transferência. 145 12. BENEFÍCIOS POTENCIAIS O tratamento do queimado tem se beneficiado com estratégias que promovem a melhoria na assistência ao paciente queimado, conseguindo assim reduzir as mortes por queimaduras em 50% a partir de 1950 (KEARNEY, 2018). As condutas com ênfase na ressuscitação volêmica, em ajustes que neutralizem os efeitos do estado hipermetabólico com suporte nutricional, na prevenção e controle de sepse por abordagens cirúrgicas resolutivas precoces, na utilização de curativos com antibióticos tópicos, nos diagnósticos precoces de infecção com intervenções medicamentosas efetivas e estratégias ventilatórias protetoras foram as principais medidas responsáveis pela redução da mortalidade dos pacientes queimados, sendo as diretrizes que orientam os cuidados neste serviço (KHATIB, 2021). 13. RISCOS POTENCIAIS O tratamento do queimado deve ser focado em resultados clínicos, benefícios na qualidade de vida, aumento da sobrevida e redução de custos. Portanto, os riscos potenciais de um cuidado inadequado envolvem linhas de cuidado desestruturadas, profissionais do atendimento inicial na emergência sem treinamento qualificado ou conhecimento do protocolo, o que leva à piora no desfecho das queimaduras em uma população. Na tentativa de reduzir tais riscos, prioriza-se neste serviço a normatização de condutas baseadas em evidências, estabelecendo diretrizes ou recomendações para a prática clínica (BRASIL, 2022). Uma parcela significativa de morbimortalidade na população mundial é atribuída às queimaduras. Além das queimaduras com desfechos letais, vale ressaltar que as queimaduras não fatais determinam importantes e inúmeras incapacidades, entre as funcionais, as estéticas, as psicológicas, as sociais e as do retorno à vida com mesma qualidade anterior à queimadura (BRASIL, 2022, p. 40). Ressalta-se a importância de um tratamento direcionado, com condução adequada, principalmente em um país em desenvolvimento como o Brasil. Sabe-se do 146 caráter social das queimaduras, em que cerca de 90% dos casos e dos óbitos estão associados à falta de acesso amplo da população, fator contribuinte para desfechos desfavoráveis nos países de baixa ou média renda. O insucesso no tratamento pode evoluir com óbito, assimcomo em incapacidade temporária ou definitiva, sequelas físicas e emocionais, piora na desestruturação familiar, somado ao gasto elevado e nem sempre resolutivo para o Estado (BRASIL, 2022). 14. ÍTENS DE CONTROLE • Média de Permanência Hospitalar na UTI. • Média de permanência Hospitalar na enfermaria. • Porcentagem de adesão ao protocolo de Cirurgia Segura. • Incidência de infecção na UTQ. • Taxa de suspensão de cirurgias por motivos não clínicos. 147 REFERÊNCIAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2017. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/ptbr/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/public acoes/caderno-4-medidas-de-prevencao-de-infeccao-relacionada-a-assistencia-a- saude.pdf/view. Acesso em: 17 fev. 2023. AKIN, S.; ÖZCAN, M. 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ANEXO: ADMISSÃO DE PACIENTES DENTRO DA LINHA DE CUIDADO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE QUEIMADO NA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS. De acordo com a DELIBERAÇÃO CIB-SUS/MG Nº 3.951, DE 17 DE OUTUBRO DE 2022, seguem os critérios para admissão de pacientes dentro da Linha de Cuidado da Assistência ao Paciente Queimado na Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Estado de Minas Gerais. (MINAS GERAIS, 2022a) Seção I - HOSPITAIS TIPIFICADOS COMO CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS TIPO 1A E 1B (Hospital João XXIII e Hospital de Clínicas de Uberlândia, respectivamente) São critérios para admissão em hospitais tipificados como Centro de Tratamento de Queimados Tipo 1A e 1B: I - Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas maiores do que 20% da SCQ em adultos; II - Queimaduras de espessura parcial (2° grau) maiores do que 15% da SCQ em crianças, gestantes ou maiores de 60 anos; III - Queimaduras de espessura total (3° grau) maiores do que 10% SCQ; IV - Queimaduras de espessura total (3° grau) na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações; V - Queimadura elétrica; VI - Queimadura química; VII - Queimadura de via aérea, lesão inalatória ou em ambiente fechado; VIII - Lesão circunferencial de tórax, cervical ou de membros; IX - Comorbidades graves não compensadas, clinicamente associadas: imunossuprimidos ou imunocomprometidos, insuficiência renal, cardíaca ou hepática, distúrbios de coagulação, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio (IAM), quadros infecciosos graves decorrentes ou não da queimadura, síndrome compartimental e doenças consumptivas. Seção II - HOSPITAIS TIPIFICADOS COMO CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS TIPO 2 São critérios para admissão em hospitais tipificados como Centro de Tratamento de Queimados Tipo 2: 168 I - Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas de 15% a 20% da SCQ em adultos; II - Queimaduras de espessura parcial (2° grau) em áreas de 10% a 15% da SCQ em crianças, gestantes ou maiores de 60 anos; III - Queimaduras de 3° grau menores do que 10% SCQ; IV - Queimaduras de espessura parcial (2° grau) na face, nos olhos, no períneo, nas mãos, nos pés e em grandes articulações; V - Queimaduras em pacientes que requerem intervenção especial social, emocional e/ou longo período de reabilitação, passíveis de serem realizados em Hospital Geral; VI - Queimaduras menores concomitantes a outros traumas importantes ou condições preexistentes que possam agravar o quadro. Seção III – DOS CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO ESPECIAL São critérios para avaliação especial: I - Pacientes com tentativa de autoextermínio com politraumatismo associado;II - Maus-tratos, abuso ou negligência; III - Situações sociais adversas; IV - Distúrbios psiquiátricos ou falta de cooperação familiar no processo terapêutico; e V - Situações em que há múltiplas vítimas. Para as situações elencadas acima a decisão do encaminhamento para o recurso assistencial necessário será mediante avaliação do médico regulador plantonista da CRRA, considerando os critérios de estratificação elencados, bem como avaliação da necessidade assistencial do paciente para garantir a integralidade do cuidado. De acordo com a DELIBERAÇÃO CIB-SUS/MG N.˚ 8494, DE 07 DE DEZEMBRO DE 2022, seguem os hospitais credenciados na linha de cuidado, de acordo com tipologias IA, IB e 2 (MINAS GERAIS, 2022b) 169 Quadro 26- Hospitais credenciados na linha de cuidado de Assistência ao Paciente Queimado Fonte: Minas Gerais, 2022b Aos 18 de outubro de 2023 foram publicadas as a DELIBERAÇÕES CIB- SUS/MG N.˚ 4408 e 4409 pela SES-MG, tratando, respectivamente: 170 1) do cofinanciamento de estrutura, ampliação da rede com unidades potencialmente elegíveis para os diferentes níveis de cuidado 2) cofinanciamento de diárias, tipologias hospitalares e critérios de transferência. Os serviços terão um ano, a partir da publicação da adesão dos centros ao programa proposto, para se adequarem. Quadro 27- Portes Hospitalares a serem instituídos na linha de cuidado de Assistência ao Paciente Queimado após adesão e adequação Fonte: Minas Gerais, 2023b De acordo com MINAS GERAIS (2023b), a estimativa da necessidade dos leitos de UTI exclusivos para assistência a pacientes queimados em CTQ Porte III para o estado de Minas Gerais é de 42 (quarenta e dois) leitos, tendo no momento apenas 9 leitos de adulto e 2 leitos pediátricos no HJXXIII, o que justifica a ampliação da rede de atendimento de alta complexidade para o paciente queimado no estado de Minas Gerais. Nova estratificação clínica foi proposta, ampliando a complexidade para acesso ao CTQ porte III, com complexidade intermediária sendo destinada ao Porte II (MINAS GERAIS, 2023a). Quadro 28- Critérios de Transferência a serem instituídos na linha de cuidado de Assistência ao Paciente Queimado após adesão e adequação 171 Fonte: Minas Gerais, 2023b 172 DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES Os autores declaram não estar submetidos a qualquer tipo de conflito de interesses para o desenvolvimento das Diretrizes Clínicas em questão. Página em branco Página em branco Página em branco