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CORRENTES TEÓRICAS - A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO SOB O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO UNIDADE IV CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Elaboração Odnéa Quartieri Ferreira Pinheiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE IV CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO ..........................................................5 CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS DE PSICANÁLISE ............................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 A PSICANÁLISE DO PONTO DE VISTA PSICOPEDAGÓGICO ...................................................................................... 26 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................37 4 5 UNIDADE IV CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS DE PSICANÁLISE Uma Breve História da Psicanálise Como dissemos em nossa introdução, Freud teve uma formação clássica em Medicina (em Viena, no final do século XIX e começo do século XX) e, como clínico, sempre se interessou pela pesquisa no campo humano. É a partir de sua prática que Freud se depara com a existência de sintomas que não são explicados pela Medicina da época. E por não serem explicáveis pelo conhecimento então disponível, acabam sendo desprezados e desqualificados como sofrimento daquele que o porta. Estes sintomas eram conhecidos como “sintomas histéricos”: tratavam-se, em sua maioria, de sintomas físicos, tais como paralisações (faciais, da perna, de uma mão etc.), cegueiras, mutismo etc. Tais sintomas seguiam não a anatomia humana, mas antes o imaginário dos pacientes. Freud, interessado por esse fenômeno, é levado a procurar um especialista na época, que pesquisava novas explicações para a formação desses sintomas. Esse especialista se chamava Charcot e trabalhava em um hospital denominado Sapetrière, em Paris. Em sua estada nesse hospital, Freud assiste a várias sessões nas quais Charcot hipnotizava suas pacientes (usamos aqui o feminino porque estas eram, em sua maior parte, mulheres). Sob hipnose, os sintomas simplesmente desapareciam. E mais ainda: novos sintomas poderiam ser induzidos. Por exemplo, uma mulher que não enxergava nada (e não tinha nenhuma lesão nem na córnea, nem no nervo óptico) voltava a ver, desde que lhe fosse ordenado, sob a condição de hipnose. Mas, se fosse ordenado que, a partir de então, ela desenvolvesse uma paralisia nas pernas, este sintoma aparecia. Charcot buscava demonstrar, por meio da técnica da hipnose, a existência de pensamentos inconscientes e que influenciavam a ação de vigília do sujeito. Além disso, sob esse estado alterado de consciência, o sujeito conseguia se lembrar do evento desencadeador do sintoma (ainda que se esquecesse do mesmo quando ‘despertado’ da hipnose). 6 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Com esse saber, Freud retorna a Viena e passa a aplicar a hipnose como técnica de tratamento para os ditos sintomas histéricos. No entanto, em sua prática clínica, vai se deparando com alguns problemas que o levam a colocar em xeque a hipnose. O primeiro deles é o fato de que nem todas as pessoas eram hipnotizáveis. O segundo, é que muitos dos sintomas acabavam retornando após algum tempo. O terceiro, e mais importante, Freud vai descobrindo que, mais importante do que tornar consciente um pensamento (para tratar o sintoma), é modificar o modo de funcionamento psicodinâmico que o gerou. Em outras palavras, Freud passa a pensar diferentemente da Medicina da época: para a ciência médica, o que conta é o sintoma que o sujeito tem; para Freud, cada vez mais, é o próprio modo de ser do sujeito que é um sintoma. Aqui firma-se uma ideia essencial e que diferencia a Psicanálise de qualquer outro saber acerca do humano: para a Psicanálise, a palavra “inconsciente” não é apenas um adjetivo de um pensamento (que simplesmente está inconsciente e pode, a qualquer momento, tornar-se consciente). O inconsciente para Freud é substantivo: ele é uma instância separada da consciência e regida por regras próprias. Essas regras seriam as seguintes: (a) a não contradição; (b) a não existência de negação: (c) o processo primário e o princípio do prazer e (d) a atemporalidade. Expliquemos cada uma dessas características. A primeira, a não contradição, nos diz que uma corrente de amor e uma de ódio não se anulam quando estão no inconsciente. Assim, você pode amar e odiar, AO MESMO TEMPO, a mesma pessoa. A segunda nos aponta para a não existência de negação no inconsciente: geralmente quando alguém nos conta algo negando é só para torná-lo aceitável. Assim, por exemplo, se um namorado diz à amada: “só amo a você”, está negando “Não amo as outras”; mas no pano de fundo EXISTEM as outras (voltaremos a esse mecanismo mais adiante). O processo primário diz respeito ao modo de funcionamento do inconsciente, submetido a dois princípios: o deslocamento e a condensação. Por exemplo, se você sentiu um desejo inaceitável pelo seu vizinho mais velho e casto, o desejo recalcado retorna. Retorna como? Em sonho (por exemplo), no qual você se entrega para um homem mais velho (e que não é o seu vizinho, mas o representa). A condensação é a capacidade do inconsciente de aglomerar, em um só conteúdo, vários outros. Tomando o mesmo exemplo do sonho, podemos representar num mesmo sonho, duas pessoas, “por e em” apenas um personagem. A atemporalidade diz respeito à não destrutibilidade do desejo, quando recalcado, o que lhe faz permanecer ali de maneira atemporal. Daí que, por exemplo, se uma criança 7 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV desejou bastante a morte de um de seus pais (ainda que sem saber) e um de seus pais morre anos depois, ela pode ter um sentimento imenso de culpa e não entender o por quê. Houve, ainda que ela não o saiba, realização de desejo. Isso acontece não na exceção, mas no nosso cotidiano. Lembrem-se quantas vezes, vocês mesmos, em um dia que chegaram mais tarde de uma festa ou levaram uma bronca gigante, não pensaram “e se ele(a) morresse?” e logo depois “o que é isso? É meu pai (minha mãe)”. Voltando à nossa história da Psicanálise, é uma paciente de Freud a gota d´água que o faz repensar a própria técnica terapêutica. Numa de suas sessões, ao sugerir um tema para que a paciente fale sobre ele, esta simplesmente pede a Freud que a deixe falar o que lhe vier à cabeça. Freud percebe que as associações de pensamentos inconscientes associados aos sintomas vão surgindo, sem que seja preciso submeter o paciente à hipnose. Além disso, os resultados são muito mais duradouros, pois emerge na própria fala da pessoa o que a levou (sem saber) a “jogar” para fora da consciência aquele pensamento inaceitável (o conflito psicodinâmico). O nome dessa nova técnica é “regra fundamental” e coloca como obrigação ao paciente falar tudo o que lhe ocorrer à mente, sem distinção de importância, valor, moral etc. (isto é, a associação livre). Freud vai afirmando, assim, cada vez mais, a Psicanálise como um método de cura pelas palavras. Quando o sujeito expressa em palavras (mas palavras sentidas) aquele conteúdo com o qual não pôde entrar em contato (por exemplo, um ódio, uma paixão etc.), ele melhora dos sintomas que expressavam justamente esse conteúdo e seu conflito. Vejamos aqui duas definições importantes para finalizarmos nossa história sobre a Psicanálise. O primeiro conceito diz respeito ao próprio termo “Psicanálise”. Segundo Laplanche e Pontalis (1992), o termo pode ser compreendido como: » Um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias,delírios) de um sujeito. Este métodobaseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação [...] como sinônimo de tratamento psicanalítico; » um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados o saber produzido na clínica. O outro termo importante é o “inconsciente”. Ele não deve ser tomado apenas como adjetivo, como na frase “esse pensamento estava inconsciente”; mas também, como lugar específico (barrado ao acesso fácil) para o qual são enviados todos os nossos pensamentos e desejos mais inaceitáveis. 8 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Vejamos agora o que é a sexualidade infantil. Veremos que a própria existência do inconsciente está relacionada a ela. Freud se depara com a existência de sintomas que não são explicados pela Medicina da época. E por não serem explicáveis pelo conhecimento então disponível, acabam sendo desprezados e desqualificados como sofrimento daquele que o porta. Estes sintomas eram conhecidos como “sintomas histéricos”: tratavam-se, em sua maioria, de sintomas físicos, tais como paralisações (faciais, da perna, de uma mão etc.), cegueiras, mutismo etc. Tais sintomas seguiam não a anatomia humana, mas antes o imaginário dos pacientes. Freud percebe que esses sintomas, aparentemente “loucos” ou descabidos, são repletos de sentido, desde que se qualifique a fala e a história de vida do sujeito. O sintoma é uma “mensagem” acerca de uma verdade do sujeito e que ele mesmo desconhece. www.freudpage.info/freudhisteria.html. 1. A partir da hipnose e da influência de outros autores importantes da época como Charcot, Freud inaugura o campo da psicanálise como aquele cujo principal objeto de estudo é o inconsciente. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 2. Freud aponta que no homem não existe apenas instintos, mas pulsões que não garantem a sobrevivência mas criam e satisfazem prazeres. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 3. O inconsciente para Freud é uma instância separada da consciência e regida por regras próprias que seriam as seguintes: I. a não contradição II. a não existência de negação III. o processo primário e o princípio do prazer 9 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV IV. a temporalidade ( ) Você pode amar e odiar ao mesmo tempo. ( ) funcionamento do inconsciente submetido a dois princípios – o descolamento e a condensação. ( ) quando alguém nos conta algo negando é som para torná-lo aceitável. ( ) não destrutibilidade do desejo, quando recalcado, o que lhe faz permanecer ali de maneira atemporal. 4. O termo Psicanálise pode ser compreendido como um método de investigação que consiste essencialmente em evidenciar significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias,delírios) de um sujeito. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 5. A psicanálise não pode ser entendida como sinônimo de tratamento psicanalítico. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 6. A psicanálise de Freud diz respeito a um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados o saber produzido na clínica ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 7. A psicanálise de Freud é um método de cura pelas palavras. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 8. Com seu estudo Freud se depara com a existência de sintomas que são explicados pela Medicina da época. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 10 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO 9. Os sintomas deparados com Freud não seguiam a anatomia humana mas ao imaginário de seus pacientes ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 10. O sintoma para Freud, é uma mensagem acerca de uma verdade do sujeito e que ele mesmo desconhece. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO Gabarito 1 -Verdadeiro. 2- Verdadeiro. 3 - I, III, II, IV. 4 - Verdadeiro. 5 - Falso. 6 - Falso. 7 - Verdadeiro. 8 - Falso. 9 - Verdadeiro. 10 - Verdadeiro. A sexualidade infantil Uma das maiores contribuições de Freud está na descoberta de algo que todos já sabiam que existia, mas negavam: a existência da sexualidade infantil! Sexualidade aqui não deve ser entendida como sinônimo de sexo, que seria mais relacionado ao que compreendemos comumente como genitalidade. Para Freud, a sexualidade existe porque temos um corpo capaz de sentir prazer e desprazer! Em outras 11 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV palavras, não temos apenas um corpo anatômico-fisiológico, como aquele estudado pela Medicina, mas antes, temos um corpo vivido que se subjetiva na relação com o outro. Basta pensarmos, por exemplo, nas diferentes formas que uma pessoa sente prazer no toque, carinhos, mas também, como é capaz de representar seu corpo de maneira muito diferente daquela de seu corpo real (como por exemplo, nas anorexias). Freud afirma que nosso corpo é capaz de ser erogenizado na relação com o outro. Pensemos: o homem, ao nascer, é o mamífero mais prematuro que existe. Se nascêssemos, por exemplo, com a maturidade de um cachorro-neném, teríamos que vir ao mundo com 1 ano e 6 meses! Esse fato, de nascermos completamente imaturos e despreparados, nos leva a sermos completamente dependentes dos cuidados de um outro. Caso esse outro nos falte, teremos então a própria morte do bebê. O modo como somos tocados, soprados, beijados etc. nos leva a termos certa experiências prazerosas que fazem história na nossa forma específica de nos tornarmos humanos. Freud aponta aí que existem locais privilegiados do corpo, onde a capacidade de sentir prazer e desprazer é ainda maior. Estes locais são chamados de zonas erógenas. De um ponto de vista fisiológico, poderíamos afirmar que nessas zonas a um acúmulo muito maior de terminações nervosas, levando a uma maior representação dessas partes no cérebro. Tente agora o seguinte exercício: passe levemente seus dedos nos seus lábios. Depois passe levemente seus dedos sobre os seus braços. Em qual das duas regiões você tem maior sensibilidade? Provavelmente nos lábios, pois aí há uma concentração maior de terminações nervosas. O lábio e a boca serão, para Freud, a primeira zona erógena e nosso primeiro contato com o mundo. Por quê? Quando a criança nasce, ninguém precisa ensiná-la a mamar: ao colocar o seio em sua boca, ela simplesmente suga. Em um primeiro momento, a criança suga para manter sua sobrevivência, pois sugar faz parte de um instinto que lhe é transmitido geneticamente. Mas, posteriormente, a criança exige manter o bico do seio da mãe na boca (ainda que não mame), ou simplesmente leva seu dedo à boca. Freud enfatizará: trata-se aí não mais de instinto, mas de prazer. São atividades autoeróticas e a boca é transformada então em zona erógena. O nome desse impulso que não tem mais finalidade somente de sobrevivência é pulsão. A pulsão nasce de certa parte do corpo e, na criança, tende a se realizar nesse mesmo local. A pulsão é composta de duas partes: a representação e o afeto. Para Freud, a sexualidade da criança tem algumas características importantes, a saber: é marcada pelas pulsões parciais e é autoerótica. Só por volta dos 6 anos é que a criança terá como primado de sua sexualidade a genitalidade. Expliquemos melhor. Para Freud, a criança atravessa 5 fases de desenvolvimento psicossexual. São elas: 12 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO A fase oral (até por volta dos 2 anos) – cujo centro se dá nos lábios e boca. Nessa fase a criança possui uma simbiose com a mãe e é por pequenas frustrações (por exemplo, o lapso de tempo entre o choro pelo leite e sua satisfação) que ela vai se diferenciando como sujeito. A criança vivencia o seu corpo, nessa fase, como esfacelado. Ela não se percebe como uma unidade, nem sua mãe como uma unidade (mas como um seio). Por isso, é comum a criança morder uma parte de seu próprio corpo e chorar: ela não percebe que a boca que mordeu e a parte mordida são da mesma pessoa.A fase anal (2/3 anos) – o centro aqui está nos esfíncteres (músculos que controlam a saída da urina e das fezes). Nessa fase, a criança começa a diferenciar o dentro e o fora (por meio da expulsão e retenção das fezes). Percebe que, com essa atividade, ela “manipula” o meio, pois todo mundo se interessa por suas atividades excrementícias. Ela começa também a desenvolver sua musculatura esquelética e sente prazer em se sentir ativo em relação ao mundo. Passa a se identificar como um todo e a se perceber separado do outro (dentro-fora). Ela percebe também que tem um produto interno que dela se separa: as fezes. É comum oferecê-las de presente e delas orgulhar-se! Nessa fase, a cultura já intervém de maneira radical: por exemplo, pela educação esfincteriana (lugar e hora certa de fazer cocô e xixi), além de considerar ambos como um material sujo e desprezível. Até esse momento, Freud nos diz que a criança ocupa o lugar de “Sua Majestade, o Bebê”, isto é, ela é colocada no lugar de narcisismo dos pais, um lugar de onipotência. É comum os pais depositarem nas crianças parte do narcisismo deles mesmos perdido. Dizem coisas do tipo: “ela é a mais linda menininha do mundo!”, “Veja como é genial! Já fala até mamãe!” A criança se acredita e se constrói nesse lugar, no entanto, quando começa a conviver fora de casa, vai percebendo diferenças, pois sempre existe alguém mais bonito, ou mais forte, ou mais inteligente, ou – o mais importante – alguém com uma anatomia completamente diferente da sua! É a entrada na próxima fase. Fase fálica (3/4 até 5/6 anos) – Nesta fase, a criança percebe que existem diferenças básicas, inscritas em seu próprio corpo: algumas crianças têm pênis enquanto outras não. Isso gerará caminhos diferentes para a menina e para o menino. Ambos tenderão a proteger o seu narcisismo de maneiras diferentes. No menino – Nessa fase é comum que os meninos gostem de brincar com seus pênis, de exibi-los, fazer competição de quem faz xixi mais longe. É uma fase cheia de interdições também, pois os adultos costumam tolher essas atividades. Dizem coisas do tipo: “se mexer demais vai cair” ou “se mexer demais, vou cortar fora!”. O menino, percebendo 13 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV que alguns seres humanos não têm pênis, constrói a fantasia de que se eles não o têm, é porque alguém os tirou, podendo arrancar o seu também. Freud nos diz que é nessa fase que a ligação do menino com a mãe está mais intensa e ciumenta. As duas coisas se juntam, pois o maior objeto de desejo do menino é a mãe. O menino então abdica ao desejo da mãe por um amor narcísico a uma parte de seu próprio corpo, que lhe dá muito prazer: seu pênis. Resumidamente, o menino começa a fase fálica com o complexo de Édipo e termina com o complexo de castração (voltaremos a esse assunto). Na menina – O caminho é um pouco diferente. Seu primeiro objeto de amor também é a mãe. Quando ela percebe que alguns seres têm pênis e outros não (é aquela fase na qual as crianças gostam de comparar tudo: desde o tamanho do suco que o outro ganhou, as roupas etc.), ela cria a fantasia de que sua mãe também lhe deu um pênis, só que ele é pequeno (e vai crescer) – o clitóris. Fazendo isso, ela nega a realidade da diferença. Quando percebe que a realidade efetivamente existe e que não possui um pênis, se ressente com a mãe por não lhe haver dado um. Para Freud, é aí que ela faz a passagem do amor à mãe, pelo amor ao pai. A menina então espera receber do pai um substituto do pênis: um bebê. Nessa fase, as meninas adoram dizer que seus pais são seus namorados e que uma boneca é filha de ambos. A menina começa assim a fase fálica com o complexo de castração e termina com o complexo de Édipo. Nessa fase fálica, são comuns as perguntas sobre as diferenças dos sexos e de como surgem os bebês. Freud nos diz que, infelizmente, é aí que incide grande parte da repressão de nossa cultura: é ensinado à criança que ela não deve nem perguntar, nem se interessar por tais questões! No entanto, o que a criança aprende com isso não é apenas que o assunto é feio, mas que PENSAR deve ser evitado! Para Freud, portanto, grande parte das dificuldades de aprendizagem tem como origem uma inibição intelectual relacionada à forte educação repressiva. A curiosidade sexual infantil estaria na base da possibilidade da curiosidade intelectual. Nossas perguntas, quando adultos, ainda que desviadas para campos de pesquisas diferentes, teriam como base as mesmas questões que nos angustiaram quando crianças: as questões “de onde viemos?” e “para onde vamos?” O complexo de Édipo, para Freud, estrutura a nossa forma de ser no mundo: de amar, de gozar, de comunicar e de trabalhar. É uma encruzilhada essencial no processo de tornar-se humano de todos nós. O complexo de Édipo se encontra na encruzilhada entre o desejo e sua interdição: o desejo que emerge na criança e a forma de organização social que impõe regras que ditam como deve ser regida a economia libidinal de uma determinada cultura. Em outras palavras: cada cultura tem regras que dizem a quem você pode amar e de que maneira. Na cultura patriarcal é interditado, como objeto de desejo, os pais da criança. Esse desejo permanecerá recalcado para sempre no inconsciente de cada um. Para Freud, nunca encontramos um objeto de amor, sempre o reencontramos, 14 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO pois nossos modelos foram formados na nossa infância. Aprendemos a amar, a odiar, a competir etc. a partir de nossa própria história de vida. A repetição desses modelos estará presente na transferência, como veremos mais adiante. Retomando nossas fases psicossexuais, faz-se mister comentar a importância da castração da criança. Para Freud, trata-se de uma importante ferida narcísica à onipotência infantil: a criança aí descobre que ela não pode ser e nem ter tudo, que está submetida a regras e que deve segui-las para pertencer a uma comunidade humana. Estrutura o modo de lidar com as perdas, limites. Fase de latência (6/ 7 anos) – é a fase em que a criança sai do convívio mais estrito da família para o convívio com seus pares, sobretudo na escola. Freud aponta que o amor recalcado no complexo de Édipo/ castração aqui retorna, mas sublimado como ternura por seus colegas e numa transferência amorosa, muitas vezes explícita, pela figura do professor. Fase genital (12 anos) – Fase na qual os impulsos sexuais retornam a todo vapor. As mudanças hormonais reacendem o Édipo e o modo como este foi “solucionado” na fase fálica. Naquela fase, como vimos, as figuras dos pais foram interditadas pelas regras sociais, mas sobrou uma promessa: “seus pais não, mas em compensação, você pode desejar todos os outros homens e mulheres”. A questão é que a promessa aí, inconsciente, é a de que o gozo será o mesmo. O adolescente é aquele que descobriu que essa promessa era uma mentira! Criemos uma metáfora. Suponhamos que sua sobremesa preferida seja pavê de chocolate, o qual lhe é interditado. Em compensação lhe prometem outras sobremesas maravilhosas, que lhe darão o mesmo prazer. Você conhece outras sobremesas, tais como: bolo de laranja, mousse de limão etc., mas nenhuma lhe dá prazer tão grande quanto aquele que você experimentou com o pavê de chocolate. Essas sobremesas “quebram um galho”, mas estão longe de serem semelhantes ou próximas àquele prazer perdido. Esse prazer perdido (por exemplo, ser colocado no lugar do narcisismo dos pais) é para sempre perdido! Podemos reencontrar objetos de amor próximos, e quanto mais próximos mais enlouquecedores serão! Para Freud, esta experiência será o estado apaixonado! No entanto, um bolinho de laranja será sempre apenas um bolinho de laranja. Por que não nos lembramos de nossas experiências infantis (sexuais)? De nossas brincadeiras, dúvidas e angústias? De nossas pesquisas acerca do sexo oposto e da origem dos bebês? Para Freud, a amnésiainfantil existe em função de um mecanismo de defesa denominado de ‘recalque’: tudo aquilo que gera um desprazer intenso no aparelho psíquico é jogado para fora da consciência! 15 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV Estudaremos agora os mecanismos de defesa, mas antes você deve ler os textos Primeira Tópica – Inconsciente, Pré-consciente e Inconsciente e Segunda Tópica – Id, Ego e Superego. Preste atenção, sobretudo, nos últimos dois textos, na maneira como Freud entende a mente humana! Num primeiro momento, dividindo o aparelho psíquico entre inconsciente, pré-consciente e consciente; num segundo momento, dividindo-o entre id, ego e superego. Voltaremos a esse assunto em nosso próximo capítulo! http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832 010000600005. Complexo de Édipo, para Freud, estrutura a nossa forma de ser no mundo: de amar, de gozar, de se comunicar e de trabalhar. É uma encruzilhada essencial para todos nós no processo de tornar-se humano. O complexo de Édipo se encontra na encruzilhada entre o desejo e sua interdição: o desejo que emerge na criança e a forma de organização social que impõe regras que ditam como deve ser regida a economia libidinal de uma determinada cultura. Em outras palavras: cada cultura tem regras que dizem a quem você pode amar e de que maneira. Na cultura patriarcal são interditados como objeto de desejo os pais da criança. Esse desejo permanecerá recalcado para sempre no inconsciente de cada um. Para Freud, nunca encontramos um objeto de amor, sempre o reencontramos, pois nossos modelos foram formados na nossa infância. Aprendemos a amar, a odiar, a competir, a perder etc. desde nossa própria história de vida. A repetição desses modelos infantis estará presente na transferência. Complexo de Édipo – origens e desdobramentos - Brasil Escola www.brasilescola.com/psicologia/complexo-edipo.htm. 1. Para Feud., a sexualidade existe por que temos um corpo capaz de sentir prazer e desprazer. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832010000600005 http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&sqi=2&ved=0CC8QFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.brasilescola.com%2Fpsicologia%2Fcomplexo-edipo.htm&ei=Ae9uUJyDLKmQ0QG8qYHYBQ&usg=AFQjCNGvvGmlDpV8_bf9fGKHGSuWkivYNQ&sig2=p893y7LcD45THQ9PMHcsEQ http://www.brasilescola.com/psicologia/complexo-edipo.htm 16 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO 2. Freud afirma que nosso corpo é capaz de ser eogeneizado com o outro, existindo locais privilegiados do corpo, onde a capacidade de sentir prazer e desprazer é ainda maior, chama a esses lugares de zonas erógenas. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 3. O nome do impulso que Freud enfatiza é pulsão- a pulsão para ele nasce de certa parte do corpo e, na criança, tende a se realizar no mesmo local ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 4. Segundo Freud a sexualidade da criança é marcada por pulsões parciais e é autoerótica. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 5. Freud afirma que a criança atravessa pro 5 fases de desenvolvimento: ( a)fase oral; (b)fase anal; (c)fase fálica; (d)fase da latência ; ( e)fase genital ( ) a criança sai do convívio restrito da família para o convívio de seus pares ( ) cujo centro está nos lábios e boca ( ) nesta fase os impulsos sexuais retornam a todo vapor ( ) nesta fase a criança percebe diferenças entre os sexos diferentes ( ) o centro está nos esfíncter 6. Na fase fálica os meninos gostam de brincar com seu____________-, de exibi- lo, fazer competição. 7. Nesta fase para as meninas começam o complexo _________ e termina com o complexo de Édipo. 8. O complexo de Édipo se encontra na encruzilhada entre o desejo e sua interdição . ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 9. Segundo Freud a lembrança de nossas experiências infantis se afloram na fase genital. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 17 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV 10. Para Freud a amnésia infantil existe em função de um mecanismo de defesa dominado de recalque. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO Gabarito 1 - Verdadeiro. 2 - Verdadeiro. 3 - Verdadeiro. 4 - Verdadeiro. 5 - d, a, e, c, b. 6 - pênis 7 - castração 8 - Verdadeiro. 9 - Falso. 10 - Verdadeiro. Os mecanismos de Defesa Como dissemos para Freud, não nascemos humanos, nos tornamos humanos. Para ele, a criança ao nascer é pura pulsionalidade, isto é, não sabe renunciar àquilo que deseja. O aparelho psíquico não nasce pronto, ele se forma pelo desenvolvimento da criança. Num primeiro momento de sua teoria (primeira tópica), Freud pensa o aparelho psíquico dividido em 3 partes: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. O inconsciente não seria apenas um adjetivo (do que não está consciente), mas um registro específico, diferente e separado da consciência. O inconsciente contém tudo aquilo que é rejeitado pela consciência e possui regras específicas como a atemporalidade, a não contradição e a não existência de negação. Mesmo que você deseje acessar o seu inconsciente, isto é impossível! A hipnose era uma forma de acessar o inconsciente pela alteração de 18 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO um estado de consciência. Mas Freud percebeu, depois da mudança de seu método de trabalho, que o inconsciente também se manifestava na vida de vigília, se introduzia na consciência: por meio de algumas formações como os atos falhos, lapsos de linguagem, nos sintomas simbólicos. Porém, a principal manifestação do inconsciente era o sonho. O sonho, para Freud, era sempre a realização de um desejo insatisfeito que ali aparecia disfarçado. Entre o inconsciente e o pré-consciente existe uma grande barreira, que é o recalque. Este mecanismo de defesa é essencial para a manutenção do funcionamento do aparelho psíquico e para que possamos viver em sociedade. Todo impulso que fere o ideal de bela alma (ódio, inveja, desejos ocultos etc.) e que é inaceitável para o sujeito, é recalcado. O pré-consciente possui todas aquelas representações que podemos facilmente acessar, ainda que não estejam presentes no nosso foco de atenção agora. Por exemplo, a roupa que você vestiu ontem. A amnésia infantil, como dissemos anteriormente, tem como base o recalque. A consciência é nosso estado de vigília atual. Em um segundo momento de sua teoria (segunda tópica), Freud divide o aparelho psíquico em 3 instâncias: o id, o ego e o superego. O id seria o caldeirão de pulsões. A criança, como apontado, não sabe renunciar: ela quer a satisfação do seu desejo no “agora”, no “já”. É só por meio da inserção no mundo da cultura que a criança vai adquirindo a possibilidade de renunciar, de adiar a sua satisfação. A formação do ego se dá a partir do id, pelas pequenas frustrações que vão se interpondo ao sujeito. Podemos usar a seguinte metáfora: imaginemos que temos os pés com a pele bem fina e vamos para uma cidade de praia. Quando lá chegamos, percebemos que esquecemos os chinelos: precisamos andar descalços no chão quente. No começo, nosso pé dá bolhas e dói, mas com o passar do tempo, desenvolvemos uma crosta que nos protege. O ego tem também essa tarefa de mediar o mundo de fora e de dentro do sujeito! Ele é feito a partir das identificações que a criança desenvolve no desenrolar de sua vida. O superego é a última instância a ser desenvolvida e é formada, sobretudo, depois da travessia do Édipo e da castração. Ele representa a interiorização das regras sociais. Não precisamos mais de um julgamento externo a nós, já somos nossos próprios juízes! Imagine que você roubou algo de alguém: ainda que ninguém saiba, você se sente culpado! O superego é um grande olho interno que vigia nossas ações. Não podemos sobrepor a primeira com a segunda tópica. Se o id é todo inconsciente, temos que o ego é parte consciente e, em grande parte, inconsciente.Já apenas uma pequena parte do superego é consciente. Os mecanismos de defesa ocorrem na parte 19 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV inconsciente do ego e visam justamente a manter certo equilíbrio no aparelho psíquico, sobretudo evitar o desprazer que certos conteúdos gerariam se entrássemos em contato com eles. Os mecanismos de defesa são, portanto, inconscientes, automáticos, ou seja, não temos consciência dos mecanismos que usamos: ninguém recalca porque quer, ninguém nega porque quer. Devemos compreendê-los dentro do conflito psíquico. Aquilo que fere o ego, que traz angústia, fere a moral do sujeito, seu narcisismo, é posto para “fora”. Isso é o recalque. Mas existem outras formas de lidar com essa angústia, que são os outros mecanismos de defesa. Cada sujeito, em seu modo de ser, vai ter mecanismos de defesa privilegiados. Nesse sentido, os mecanismos de defesa não são característicos da patologia, mas de todo e qualquer humano. A diferença não está na sua presença, mas na intensidade dessa presença! Vejamos alguns exemplos de mecanismos de defesa: a. Recalque – é expulsar da consciência o que é inaceitável. Não se chega nem a tomar consciência do desejo que é automaticamente tirado da consciência. O recalque se mostra pelo retorno do recalcado, por exemplo, nos atos falhos, nos lapsos de linguagem e nos sonhos. Exemplo: Uma pessoa que constantemente troca o nome do marido por “mãe”. b. Projeção – é atribuir a outra pessoa algo que tem origem em nós mesmos. Exemplo: podemos projetar no outro o desejo que temos por outra pessoa. “Quem gosta de Fulano de Tal é a Fulana”! Nas brincadeiras, a criança se utiliza muito da projeção: quem bate na mãe ou mata o papai não é ela, mas a bonequinha, o ursinho. Isso é aceitável e permitido, o contrário não. A projeção gera um alívio psíquico da tensão interna do sujeito. c. Deslocamento – as características e atributos de um determinado objeto são transferidos a outros objetos que se encontram articulados ao primeiro por um elemento em comum. É o caso da fobia. O recalque, às vezes, só incide sobre a representação da ideia, deixando o afeto solto. Este afeto se junta, então, a outra representação, que nada mais é do que um substituto daquela representação recalcada. O nome disso é deslocamento. 20 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO d. Introjeção – o sujeito investe no objeto, mas ele tem um amor narcísico, identificando- se com esse objeto. A introjeção é um mecanismo que ocorre na formação do nosso eu, quando somos crianças. e. Formação reativa – também presente nas neuroses obsessivas. Tem o caráter de ser uma coisa rígida, exagerada, mas que, no fundo, representa algo oposto ao que está recalcado no inconsciente. Por exemplo, a criança tinha o prazer de brincar com os próprios excrementos; este prazer foi recalcado, e hoje, adulto, aparece como mania de limpeza. Podemos perceber ainda na perseguição moralista: “Vamos acabar com a perversão, com o sexo etc.” O que está recalcada é a própria “perversão” pessoal que se considera inaceitável. f. Sublimação – é quando há uma transformação do objetivo sexual da pulsão. Há uma mudança da meta e do objeto, passando ela a ter finalidades artísticas e culturais. Exemplos: um médico que opera tem que ter sadismo, pulsão sádica, mas a pulsão não tem mais como finalidade fazer sofrer o outro, mas salvar a sua vida; a curiosidade intelectual que tem como motor, como já dissemos, a curiosidade sexual infantil (é sua sublimação); a amizade entre pessoas do mesmo sexo, que pressupõe ternura, é a sublimação da pulsão erótica homossexual. A sublimação vai ser muito importante como processo de “entrada” do sujeito na cultura. Para Freud, seria a solução ideal, pois, além de renunciar, o sujeito ainda possui muito prazer! O problema é que não sublima quem quer, nem a escola pode gerar sublimação! Os mecanismos de defesa se estruturam no sujeito a despeito da intencionalidade de seus educadores! g. Negação – é tornar aceitável o inaceitável pelo uso da partícula não. O sujeito conta uma piada dirigindo uma ironia a alguém, depois diz: “Eu não quis te magoar”. Freud diria: o Ego não quis, mas o Id sim! h. Racionalização – é achar motivos aceitáveis para o inaceitável. Exemplo: “sem querer”, a pessoa leva para casa a chave do carro do seu namorado. No fundo ela não queria que ele saísse depois que ela fosse embora. Aí, ela diz: “Eu estava muito cansada e não percebi o que fiz!”. Outro exemplo: proibir o filho de sair “porque o mundo é perigoso”. Pode ser uma racionalização em cima da inveja da juventude e liberdade desse filho. 21 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV Os mecanismos de defesa vêm trazer à tona uma verdade que Freud apontou na Psicanálise: a verdade de que somos cindidos, divididos. Segundo o pai da psicanálise, não somos senhores nem da nossa própria casa, pois quando o ego quer, o id deseja. Nem sempre desejamos o que queremos ou vice-versa. Pelo contrário! Uma das questões fundamentais na aprendizagem é qualificar o desejo de aprender do aluno. Qualificar essa dimensão inconsciente e que passa por uma verdade do sujeito que ele mesmo desconhece. Nas brincadeiras muitas dessas verdades vão emergir e o olhar psicopedagógico deve estar atento a esses fenômenos. Não apontamos todos os mecanismos de defesa aqui. Leia agora o texto Mecanismos de Defesa, bem como realize uma pesquisa pessoal sobre o assunto. Tente dar exemplos pessoais de cada mecanismo de defesa, pois isto o auxiliará a compreender e a fixar o tema! Mecanismo de Defesa x Comportamento Social - Brasil Escola www.brasilescola.com/.../mecanismo-de-defesa.htm. Os Mecanismos de Defesa são, portanto, inconscientes, automáticos, ou seja, não temos consciência dos mecanismos que usamos: ninguém recalca porque quer, ninguém nega porque quer. Devemos compreendê-los dentro do conflito psíquico. Aquilo que fere o ego, que traz angústia, fere a moral do sujeito, seu narcisismo, é posto para “fora”. Isso é o recalque. Mas existem outras formas de lidar com essa angústia que são os outros mecanismos de defesa. Cada sujeito, em seu modo de ser, vai ter mecanismos de defesa privilegiados. Nesse sentido, os mecanismos de defesa não são característicos da patologia, mas de todo e qualquer humano. A diferença não está na sua presença, mas na intensidade dessa presença! A transferência Como vimos anteriormente, aprendemos a amar, a odiar, a competir etc. de acordo com certos modelos que se fizeram presentes no nosso modelo infantil. Não interessa tanto o que de fato ocorreu à criança, mas como ela vivenciou aquilo que ocorreu. O nome disso é Realidade Psíquica. http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&sqi=2&ved=0CEMQFjAD&url=http%3A%2F%2Fwww.brasilescola.com%2Fpsicologia%2Fmecanismo-de-defesa.htm&ei=yu9uUK_TAtKu0AHl3YGoBg&usg=AFQjCNFzB5Flbg0T1HsnfQezzgYaGxxNgA&sig2=7e9zWUevyMiFhk7_MZsjlw 22 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Por exemplo, um pai, cuidadoso com a limpeza do filho, pode ter sido ressentido pela criança como um abusador! Para a escuta psicanalítica o que deve ser levado em conta é a realidade psíquica do sujeito, isto é, como ele vivenciou a situação. Pouco importa saber se o pai, nesse caso, era abusador ou não, pois ainda que ele não o fosse, não seria por meio de argumentações lógicas ou da existência de provas de evidência contrária que ajudaríamos a criança a superar o seu sofrimento. Portanto, deve-se sempre levar em conta não apenas a história do sujeito, mas o modo como ele conta (vivenciou) essa história. O quê e como ele vivenciou não estarão presentes apenas na fala do sujeito, mas nas suas repetições. Freud é claro quanto a isso: sempre que há repetição há, como já dissemos, o inconsciente agindo. Por exemplo, uma criança que seja encaminhadacom uma queixa de desafio à autoridade do professor (pela terceira, quarta vez), já nos aponta para algo da verdade acerca dessa própria criança: o modo como ela lida com a autoridade. O que ela repete? É essa a questão. Freud nos diz que a transferência é uma repetição de modelos infantis, sobretudo aqueles relacionados à triangulação edípica. Esses modelos repetidos não necessariamente levam ao sofrimento (de fato, para Freud, vão estar presentes em toda forma de amor), mas em muitos casos sim. Vejamos a definição que Laplanche e Pontalis (1992, p.514) nos dão acerca da transferência: Designa em Psicanálise o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. Trata-se, aqui, de uma repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada. Por exemplo, uma mulher que se casa pela terceira vez com um alcoolista, que ela precisa sustentar. Parece acaso, mas, para Freud, tem escolha inconsciente. Repetição. Transferência. Aquele aluno que se apaixona pela professora, ou a desqualifica. O que está em jogo ali não é a pessoa do professor, mas o lugar em que ele está sendo colocado pelo inconsciente do aluno. Acerca da especificidade da relação intersubjetiva que a transferência estabelece, Freud nos conta uma excelente anedota: um vendedor de seguros estava com suas horas contadas, pois estava muito doente. Sua família estava muito preocupada, pois o sujeito era ateu e ela gostaria que ele recebesse a extrema unção. Chamaram, então, um padre. O padre se trancou horas no quarto com o enfermo, horas e mais horas, o que levou a família a ficar exultante de alegria com a possibilidade de que o padre tivesse, enfim, 23 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV convertido o doente. E qual não é a surpresa: depois de horas intermináveis, o padre saiu... com um seguro na mão!!!! Freud nos diz que, quando somos colocados no lugar de transferência de uma pessoa, temos que tomar cuidado para não responder ao inatual da transferência com a atualidade de nossa pessoa. Tomemos aqui um exemplo ocorrido em minha própria sala de aula. Um aluno que já havia criado confusão com vários professores, um dia, na minha chegada em sala, me diz: “Que pena professora! Achei que tinha uma bomba no seu carro!”. Diz isso e ri sarcasticamente. Sua agressividade é explícita. A questão é: é à pessoa ou ao lugar ocupado por essa pessoa que ele dirige essa agressividade? Vai ficando evidente a sua necessidade constante de desafiar a autoridade do professor, com uma busca incessante, ao mesmo tempo de um reconhecimento narcísico de seu valor. Ao reconhecer a transferência, é possível não respondê-la diretamente, qualificá-la como uma verdade acerca do próprio sujeito, criar condições para que aquilo que está sendo repetido (sem reconhecimento do próprio sujeito, pois ele repete sem saber, crendo que seu comportamento, sentimento, tem a ver com sua situação atual), possa ser elaborado. Para Freud, a transferência é uma resistência à rememoração: o sujeito repete porque desconhece aquela verdade sobre ele mesmo. Aprendemos a amar, a odiar, a competir etc. de acordo com certos modelos que se fizeram presentes no nosso modelo infantil. Detalhe importante: não interessa tanto o que de fato ocorreu à criança, mas como ela vivenciou aquilo que lhe ocorreu. É o que se entende por realidade psíquica. Por exemplo, um pai cuidadoso com a limpeza do filho, pode ter sido ressentido pela criança como um abusador! Para a escuta psicanalítica o que deve ser levado em conta é a realidade psíquica do sujeito, isto é, como ele vivenciou a situação. O quê e como ele vivenciou não estarão presentes apenas na fala do sujeito, mas nas suas repetições. Freud é claro quanto a isso: sempre que há repetição, há o inconsciente agindo. Freud nos diz que a transferência é uma repetição de modelos infantis, sobretudo aqueles relacionados à triangulação edípica. A transferência é uma resistência à rememoração: o sujeito repete porque desconhece aquela verdade sobre si mesmo. http://www.cienciasecognicao.org/artigos/v08/m32696.htm. http://www.cienciasecognicao.org/artigos/v08/m32696.htm 24 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Muito bem, você deve ter compreendido bem os conceitos para ser capaz de fazer a ponte necessária entre as contribuições conceituais da Psicanálise e a prática psicopedagógica. Tenha sempre em mãos o material anterior e, caso seja necessário, retorne aos conceitos estudados! Nossos textos de estudo serão, nessa unidade, sobretudo artigos escritos por especialistas e profissionais da área de educação. Não se esqueça: todas as dúvidas e questões devem ser levadas ao fórum! 1. No segundo momento de sua teoria Freud divide o aparelho psíquico em 3 instâncias : id; ego; superego Apenas uma pequena parte do ________ é consciente. O _________ é todo inconsciente, o _________ é parte consciente e grande parte inconsciente. 2. Os mecanismos de defesa ocorrem na parte consciente do _________ e visam justamente manter certo equilíbrio no aparelho psíquico. 3. Existem outros mecanismos de defesa inerentes a todo e qualquer ser humano que são: I – SUBLIMAÇÃO II – INTROJEÇÃO III - PROJEÇÃO IV – RACIONALIZAÇÃO ( ) é atribuir a outra pessoa algo que tem origem em nós mesmos ( ) é achar motivos aceitáveis para algo inaceitável ( ) é o mecanismo que ocorre na formação de nosso eu enquanto crianças ( ) é quando há uma transformação do objetivo sexual da pulsão 4. Os mecanismos de defesa são inconsciente, automáticos, não temos consciência dos mecanismos que usamos: ninguém recalca porque quer, ninguém nega porque quer. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 5. Cada um de nós tem mecanismos de defesa que privilegiamos, não sendo, pois característicos da patologia, mas fazendo parte de todo e qualquer ser humano. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 25 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV 6. Segundo Freud a transferência é uma repetição de modlos infantis, sobretudo aqueles relacionados à triangulação edípica. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 7. Para Freud a transferência é uma resistência a uma rememoração:o sujeito repete porque desconhece aquela verdade sobre ele mesmo. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 8. A realidade psíquica importa como a criança vivenciou ou vivência o que ocorreu. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 9. A transferência é uma resistência á rememoração: o sujeito repete porque desconhece aquela verdade sobre si mesmo. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 10. Ao reconhecer a transferência devemos respondê-la diretamente, pois o sujeito tem consciência do que está fazendo. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO Gabarito 1- Superego, Ego e Id 6 - Verdadeiro. 2 - Ego 7 - Verdadeiro. 3 - III, IV, II e I. 8 - Verdadeiro. 4 - Verdadeiro. 9 - Verdadeiro. 5 - Verdadeiro. 10 - Falso 26 CAPÍTULO 2 A PSICANÁLISE DO PONTO DE VISTA PSICOPEDAGÓGICO A transferência (e a Contratransferência) na relação de aprendizagem Como vimos, a transferência é um fenômeno humano, no qual o sujeito repete em determinadas formas de relação, um modelo infantil. A relação professor-aluno é sempre mediada pela transferência: o aluno só aprende de alguém a quem seu inconsciente delega uma autoridade para tal, o lugar de mestre. Em outras palavras, não aprendemos de qualquer pessoa: para haver aprendizagem há que existir a transferência. Aprendemos a amar algo, por amor a alguém. Segundo Kupfer (1989), a relação professor aluno é baseada numa transferência que coloca esta relação num grande paradoxo: de um lado, o inconsciente do aluno coloca o professor no lugar de ideal de eu; por outro lado, o inconsciente do professor pode colocar o aluno no lugar de seu eu ideal. O que a autora aponta é que,para que seja possível a educação, é necessário que o professor suporte esse lugar, mas sem preenchê- lo totalmente. Em outras palavras, o professor deve suportar o desejo de saber do aluno, mas não escravizá-lo dentro de seu desejo de ensinar. Trata-se de não responder o inatual (o infantil) da transferência do aluno, com a atualidade de sua pessoa! Como relatamos anteriormente, a transferência do aluno coloca em xeque o próprio narcisismo do professor, ao exigir que esse abra mão, temporariamente, de seu próprio desejo que o faz estar ali, como professor. O exemplo que demos foi acerca da agressividade de um aluno, repetida na relação transferencial conosco. Mas as situações poderiam ser infinitas: um aluno apaixonado, um aluno desafiador, um aluno que faz tudo para chamar a atenção. É principalmente nos extremos dos afetos (ódio e amor) que o narcisismo do professor fica mais em xeque: de um lado, por exigir que ele não responda à repetição transferencial da agressividade do aluno, com outra agressão; por outro lado, por colocar ao professor a necessidade de não utilizar o amor transferencial como lenha para a sua própria fogueira narcísica. Um outro fator importante, diz respeito aos limites que a ideia de inconsciente e de transferência colocam ao ato educativo: para Freud, governar, educar e psicanalisar seriam tarefas impossíveis! Mas, por quê, tarefas impossíveis? Trata-se justamente aí de enfatizar a existência de algo no outro (no suposto governado, educado ou psicanalisado), que foge ao controle, seja do educador, seja do próprio educando. O inconsciente, e o lugar em que o professor é colocado na transferência, independe assim da vontade do 27 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV aprendiz. Mas é a partir desse lugar delegado, que a voz do professor e seus ensinamentos serão escutados. Escutados e recortados (compreendidos) desde o modo de ser específico do aprendiz. Em outras palavras, exercer a função de professor exige uma humildade e um desprendimento imensos: pois não somos donos nem das nossas próprias palavras! Nunca sabemos acerca da compreensão e dos efeitos dessas palavras no outro. Trata- se de uma ordem de efeito que pode ser imediata ou em longo prazo. Este efeito se dá não apenas no plano da consciência e daquilo que o aluno aprendeu do conteúdo, mas daquilo que foi transmitido também pela figura do professor. Podemos tomar o próprio Freud aqui como exemplo. Em seu texto “Algumas reflexões sobre a psicologia escolar”, ao escrever sobre seus antigos mestres, ele nos diz: Minha emoção ao encontrar meu velho mestre-escola adverte-me de que antes de tudo, devo admitir uma coisa: é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi a nossa preocupação pelas ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres (FREUD, 1914, p. 286). Que personalidade é esta? Ou, formulando a pergunta de maneira diferente: que disposição subjetiva é esta do professor que permite ou impede que a educação ocorra e que é tão marcante na vida dos alunos? Para Millot (2001), em sua obra clássica Freud antipedagogo, educar é justamente uma tarefa impossível em função do desejo que permeia a disposição do professor. Este desejo é, segundo a autora, um desejo de poder. Assim, se por um lado o aluno coloca o professor no lugar do ideal do eu (como apontamos anteriormente), este pode querer ocupar narcisicamente este lugar, que é, de modo geral, um engodo. Em outras palavras, o professor pode ocupar o lugar de Mestre1, reforçando o recalque e abrindo pouco espaço para o próprio movimento desejante do aluno (KUPFER, 1989). Para Millot, seria assim impossível haver um casamento da educação com a psicanálise. Ambas possuiriam objetivos diferentes, como por exemplo: a análise visaria liquidar a transferência, a educação, a utilizá-la; e ainda, a análise se basearia na ética da verdade, enquanto a educação se basearia na moralidade social. Segundo Kupfer, podemos pensar numa educação analítica, seguindo: “a sugestão de que um educador possa ser um ‘mestre não todo’, matizado em certa medida pela posição do analista-, dos quais resulta um trânsito entre posições” (KUPFER, 2001, p. 31). 1 Destacamos que os termos utilizados por Kupfer, e por nós também adotados, pertencem à leitura de Freud efetuada por Lacan, como por exemplo, em seu Seminário Encore. 28 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Foi nesta direção que Gutierra (2003) realizou uma interessante pesquisa de mestrado, publicada no livro Adolescência, Psicanálise e Educação – O mestre “possível” de adolescentes. Segundo a autora, faz-se mister perguntar pela posição subjetiva do mestre possível de adolescentes. Para Freud (1905), a adolescência é um momento orgânico que gera um efeito psíquico – a mudança física gera um excesso de libido, cuja carga potencializa lembranças infantis e exige um posicionamento no campo da sexualidade. Uma das principais tarefas, na adolescência, seria o abandono dos pais, percebidos agora com seus defeitos e limites (trabalho de desligamento das figuras parentais). O adolescente percebe, nesta etapa de sua vida, que a promessa de gozo futuro realizada no Édipo e na Castração era um engodo. Falando de modo simples, ele percebe claramente que não há realização nem satisfação absolutas, tais quais ele vivenciou no começo de sua vida psíquica. Ele percebe também que o Outro é castrado. Isto é, ele desconfia de qualquer discurso que se coloque como o verdadeiro, o “todo certo e poderoso”. A transferência adquire aqui uma coloração especial: ela coloca em xeque o “suposto saber”, o discurso do mestre, que se coloca como um todo, completo, sem lacunas e fissuras. O bom professor seria assim aquele que se coloca plenamente como mestre, mas um mestre “não todo”: não se trata de questão metodológica, mas posição subjetiva. Marcado pela falta que lhe faz trabalhar para saber, o Mestre se posiciona como castrado, e permite o desejo de saber do aluno: “Para tanto é preciso estar na posição paradoxal de ser um sujeito em falta para que o desejo de saber do aluno possa circular e produzir seus efeitos” (GUTIERRA, 2003, p. 87). Trata-se de “abrir espaço para a fala e o saber do aluno”. Segundo Gutierra (2003), é, portanto, sobretudo na adolescência que o xeque-mate da situação da relação transferencial é mais intenso. O adolescente, por ser aquele que descobriu que a promessa do Édipo/ Castração era um engano, está irremediavelmente e intensamente remetido à falta. Em si e no outro. O adolescente se compraz em apontar no outro seus defeitos. Isso quase sempre é trazido para a situação de aprendizagem. Como o professor irá lidar com isso? Depende de como a sua própria falta foi elaborada. A transferência mediará a relação do aluno com a própria matéria ensinada pelo professor. Como apontamos, aprendemos a amar algo por amor a alguém. Mas também: aprendemos a odiar algo por ódio a alguém. Por isso, é comum ouvirmos a queixa de que alunos que “amavam” uma matéria, passaram a odiá-la em função de sua relação ou de afetos direcionados a um novo professor. A transferência é, portanto, mola propulsora e possibilitadora da educação, mas pode se tornar também areia movediça que impede o processo educativo. Apesar de não controlar o lugar onde é colocado pelo inconsciente do aluno, na 29 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV transferência, o professor pode exercer aí um papel fundamental, lendo esse lugar mediante uma perspectiva psicanalítica. Como apontamos isto implica na possibilidade de não responder o inatual (da transferência, do infantil) do aluno, com a atualidade de sua pessoa. Implica também na possibilidade de suportar o desejo de saber do aluno, abrindo mão, temporariamente, de seu desejo de dominar; sob pena de, caso isso não aconteça, obstruir o próprio processode aprendizagem do aprendiz. O tema acerca do desejo de saber e do desejo de dominar do professor serão abordados no próximo capítulo. Mas, antes, é importante que você leia, para entender melhor como se dá esse processo de transferência na situação de aprendizagem, o seguintes texto, sugeridos no nosso caderno de atividades: Relação Dinâmica Transferencial entre professor-aluno no ensino. A Relação Dinâmica Transferencial entre professor-aluno no ensino www.cienciasecognicao.org/pdf/v08/m32696.pdf. A transferência é mola-propulsora (e possibilitadora) da educação, mas pode se tornar também areia movediça que impede o processo educativo. Apesar de não controlar o lugar em que é colocado pelo inconsciente do aluno, na transferência, o professor pode exercer aí um papel fundamental: lendo esse lugar mediante uma perspectiva psicanalítica. Isto implica na possibilidade de não responder o inatual (da transferência, do infantil) do aluno, com a atualidade de sua pessoa. Implica, também, na possibilidade de suportar o desejo de saber do aluno, abrindo mão, temporariamente, de seu desejo de dominar; sob pena de, caso isso não aconteça, obstruir o próprio processo de aprendizagem do aprendiz. O Desejo de saber e o lugar da afetividade na relação ensinar- aprender Nesse capítulo, é essencial resgatar nossa lição acerca da sexualidade infantil. Como vimos lá, para Freud, o desejo de saber é relacionado à curiosidade sexual infantil, sendo sua sublimação. O desejo de saber da criança tem uma dupla origem na história de sua relação com sua mãe (ou quem fez a função materna): a pulsão escópica e o desejo de saber edipiano. Na visão psicanalítica, a curiosidade adulta é apenas um desdobramento de perguntas fundamentais que nós fizemos desde criança: “de onde viemos?” e “Para onde vamos?” http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CCcQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cienciasecognicao.org%2Fpdf%2Fv08%2Fm32696.pdf&ei=MPFuUMKoDMS80QGuyIDADw&usg=AFQjCNFzEYhjHd7CPvPLA1UUE51IvkFkaw&sig2=efWLnzCmsCy-F-BiDRewrw 30 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-14982000000200010&script=sci_arttext. Ágora (Rio J.) vol.3 n.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2000 http://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982000000200010. Essa primeira pergunta (de onde viemos) está relacionada, entre outras coisas, à curiosidade das crianças acerca da origem dos bebês e das diferenças entre os sexos (e do ato sexual). Nessa fase (fálica), é comum a criança se interessar e perguntar sobre essas questões, exemplos: “por quê ele tem pipi?”, “O que você e mamãe fazem quando trancam a porta?”, “como fui parar na barriga da mamãe?”, “por que mamãe estava gritando no quarto?” etc. Para Freud, é nesta fase que incide um dos grandes atos de violência da cultura e da educação: uma educação repressora, segundo sua concepção, poderia levar à condição de sujeitos intelectualmente inibidos. A criança, ao ser repreendida por fazer questões tidas pelos adultos como “feias”, inadequadas, impertinentes e imorais, aprende não apenas que aquelas questões são feias, mas que pensar é feio e errado. Um outro fator importante, nesta fase, é a associação que se dá entre a pulsão de saber e a pulsão de domínio que está, por sua vez, associada a certo sadismo e agressividade. Pode acontecer de, nesse período, a criança “gostar” de abrir animais (sadismo) para examinar (pulsão escópica) como eles são por dentro, ou fazer experiências com seres vivos etc. O sadismo aqui apresenta-se sublimado, isto é, seu objetivo de fazer o outro sofrer é desviado para a própria questão do conhecimento, este mecanismo está bem presente na ciência. O desejo de saber, na criança, é fundamental para o processo educativo, pois é ele quem tornará possível à criança aprender qualquer conteúdo. É ele quem mediará o que a criança aprenderá de tudo o que lhe for apresentado. É ele que significará a aprendizagem da criança. No entanto, para a psicanálise, não podemos criar esse desejo: a criança o possui ou não. O que se pode fazer é criar uma situação para que, caso ele exista, encontre condições favoráveis para seu desenvolvimento. Trata-se de reconhecer que, se de um lado, o desejo de saber é indomável, pode, por outro, ser tolhido com uma educação repressora. A contribuição da psicanálise, em relação ao desejo de saber, se dá assim de duas maneiras: de um lado, na necessidade do educador em reconhecer seu próprio desejo; de outro, a compreender o que leva uma criança a ser um “desejante de saber”. É necessário, no entanto, ressaltar que, se a pedagogia trabalha com o universal (o que há de comum entre todas as crianças), a psicanálise, por seu turno, se afirma como trabalho do singular, de maneira que será necessário qualificar sempre, nessa perspectiva, como se dá o desejo de saber daquela e naquela criança específica. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-14982000000200010&script=sci_arttext 31 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV Leia agora o seguinte texto para refletir acerca dessa questão: O desejo de aprender: uma visão psicanalítica da educação. O desejo de saber da criança tem uma dupla origem na história da relação com sua mãe (ou quem fez a função materna): a pulsão escópica e o desejo de saber edipiano. Na visão psicanalítica, a curiosidade adulta é apenas um desdobramento de perguntas fundamentais que nós fizemos desde criança: “de onde viemos?” e “para onde vamos?”. Essa primeira pergunta (de onde viemos) está relacionada, entre outras coisas, à curiosidade das crianças acerca da origem dos bebês e das diferenças entre os sexos (e do ato sexual). Nessa fase (fálica), é comum a criança se interessar e perguntar sobre essas questões. Para Freud, é nesta fase que incide um dos grandes atos de violência da cultura e da educação: uma educação repressora poderia levar à condição de sujeitos intelectualmente inibidos. A criança, ao ser repreendida por fazer essas questões (consideradas pelos adultos como feias, inadequadas, impertinentes e imorais), aprende não apenas que aquelas questões são feias, mas que pensar é feio e errado. O desejo de saber, na criança, é fundamental para o processo educativo, pois é ele quem tornará possível à criança aprender qualquer conteúdo. O Papel da Brincadeira como expressão afetiva e mediação lúdica na situação de aprendizagem Nesse capítulo, é essencial compreender como a brincadeira funciona na vida psíquica da criança. Como dissemos anteriormente, segundo Freud, o oposto do brincar não é o que é sério, mas o que é real. Na brincadeira, a criança pode expressar (projetar, como vimos) aquilo que na vida real a levaria a ser retaliada, seja um ódio ou um desejo inaceitável (por exemplo, da morte de um dos genitores). Segundo a psicanálise, a brincadeira é um meio, processo, de simbolização. Peguemos um famoso exemplo de Freud. É o caso de uma criança pequena que se diverte com o aparecimento e o desaparecimento de um carretel (próximo ao nosso iôiô). A cada reaparecimento do objeto, Freud nos conta sobre sua alegria e entusiasmo. Isso pode ser visto, na nossa cultura, naqueles joguinhos nos quais brincamos de esconder o rosto e destampá-lo, dizendo “gut-dá”. Para Freud, nessa brincadeira, a criança está simbolizando a ausência da mãe e a noção de que, apesar de seus costumeiros desaparecimentos (por exemplo, quando sai para trabalhar), há uma continuação da sua existência. Expliquemo- nos melhor: o bebê demora a ter uma noção de que, apesar de estar fora de seu campo perceptivo, um objeto continua a existir. Por isso, a experiência de ausência da mãe é tão angustiante. Com o tempo, a criança vai percebendo que, apesar de ausente, a mãe continua a existir e vai retornar. A brincadeira que esconde um objeto (por exemplo, 32 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO no nosso caso, a face)e o faz retornar, repete essa situação, permitindo à criança a elaboração de sua angústia. Uma questão então que Freud se coloca é: por que as crianças repetem, em suas brincadeiras, tantas situações desagradáveis? Por exemplo, uma surra que tomaram, a briga com o irmão, e até cenas mais pesadas como aquelas relacionadas a maus tratos e abusos sexuais. O que faz com que uma cena originalmente desprazerosa possa ser fonte de prazer numa brincadeira? Para Freud, além da repetição, trata-se aí de uma condição específica estruturante do brincar: o “como se...”. Se a realidade é marcada pelo imperativo do “é assim”, a brincadeira é marcada pelo “como se” fosse assim. Reproduzindo a situação sob essa condição, cabe à criança o domínio da situação, diferentemente daquela originária, a qual teve que sofrer passivamente. Na condição de brincadeira, a criança pode se identificar tanto com o personagem ativo como com o passivo da brincadeira (tanto com a mãe que bate, seguindo aquele exemplo que demos anteriormente, quanto com a criança que apanhou). Winnicott (1975) considera assim o “brincar” como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter, naquele instante, um distanciamento e, ao mesmo tempo, uma aproximação com a realidade. A criança brinca assim não somente para repetir situações satisfatórias, mas também para elaborar as que lhe foram traumáticas e dolorosas. A condição do “como se” da brincadeira, permite à criança fruir de certos afetos (de ódio, de desejo, de rivalidade, de destrutividade etc.) que não lhe seriam permitidos viver na vida dita “real”. Nesse sentido, a brincadeira da criança, e seu modo de brincar, pode ser um importante recurso para o campo psicopedagógico. De um lado, pela riqueza de dados acerca do dinamismo psíquico daquela criança, isto é, o que ela mostra quando brinca (e que pode estar ligado a sua não aprendizagem); o que auxiliaria no diagnóstico psicopedagógico. Segundo, como meio de intervenção terapêutica, quando o psicopedagogo pode incentivar a aprendizagem pela proposição de brincadeiras. O paradoxo é que, nada garante que, apesar da intenção de brincar proposta, a atividade seja vivenciada como tal pela criança. Segundo Winnicott (1975), uma das características essenciais da brincadeira é a espontaneidade e o sentido subjetivo desta atividade para a própria criança. Aqui, mais uma vez, a psicanálise aponta um limite, mas também possibilidades. Por que as crianças repetem, em suas brincadeiras, tantas situações desagradáveis? Por exemplo, uma surra que tomaram, a briga com o irmão, e até cenas mais pesadas 33 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV como aquelas relacionadas a maus tratos e abusos sexuais?... O que faz com que uma cena originalmente desprazerosa possa ser fonte de prazer numa brincadeira? Para Freud, além da repetição, trata-se aí de uma condição específica estruturante do brincar: o “como se...”. Se a realidade é marcada pelo imperativo do “é assim”, a brincadeira é marcada pelo “como se” fosse assim. Reproduzindo a situação sob essa condição, cabe à criança o domínio da mesma, diferentemente daquela originária, a qual teve que sofrer passivamente. A condição do “como se” da brincadeira, permite à criança fruir de certos afetos (de ódio, de desejo, de rivalidade, de destrutividade etc.) que não lhe seriam permitidos viver na vida dita “real”. Nesse sentido, a brincadeira da criança, e seu modo de brincar, pode ser um importante recurso para o campo psicopedagógico. De um lado, pela riqueza de dados acerca do dinamismo psíquico daquela criança, isto é, o que ela mostra quando brinca (e que pode estar ligado a sua não aprendizagem); o que auxiliaria no diagnóstico psicopedagógico. Segundo, como meio de intervenção terapêutica, quando o psicopedagogo pode incentivar a aprendizagem pela proposição de brincadeiras. O paradoxo é que, nada garante que, apesar da intenção de brincar proposta, a atividade seja vivenciada como tal pela criança. Leia agora o texto O brincar à luz da psicopedagogia(em BIBLIOTECA) e reflita como a psicopedagogia pode utilizar a brincadeira, sob uma ótica psicanalítica. Faça uma síntese desse texto e o insira no MEMORIAL http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=488. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982003000100003. O brincar e a experiência analítica. Sérgio de Gouvêa Franco, acesso em 8/10/2012 1. Segundo Kupfer(1989) , a relação professor-aluno é baseada numa transferência que coloca esta relação num grande paradoxo: de um lado , o inconsciente do aluno e de outro o inconsciente do professor. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 2. É principalmente nos extremos dos afetos: ódio e amor que o narcisismo do professor fica mais em xeque: por um lado não responder a agressividade do aluno, por outro não utilizar o amor transferencial e responder ao aluno na mesma intensidade. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 3. O inconsciente, e o lugar em que o professor é colocado na transferência, depende da vontade do aprendiz. http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=488 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982003000100003 34 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 4. Para Millot, educar significa uma tarefa impossível em função do desejo que permeia a disposição do professor. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 5. Pra Freud(1905), a adolescência é um momento orgânico que gera um efeito psíquico – a mudança física gera um excesso de libido, cuja carga potencializa lembranças infantis e exige um posicionamento no campo da sexualidade. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 6. A transferência é mola propulsora e possibilitadora da educação mas pode se transformar em areia movediça que impede o processo educativo. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 7. O professor nada pode fazer para impedir o desejo do aluno e deve se impor com o seu desejo de dominar a fim de direcionar o saber do aluno. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 8. O desejo de saber da criança tem uma dupla origem: a história de sua relação com a mãe - a pulsão escópica e o desejo de saber edipiano. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 9. A criança , ao ser repreendida por fazer questões tidas pelo adulto como feias, inadequadas, impertinentes e imorais, aprende não apenas que aquelas questões são feias , mas que pensar é feio. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 35 CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO | UNIDADE IV 10. A contribuição da psicanálise, em relação ao saber, se dá de duas maneiras: de um lado , na necessidade do educador em reconhecer seu próprio desejo; de outro, a compreender o que leva uma criança a ser um “desejante de saber”. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 11. Segundo a psicanálise, a brincadeira é um meio, processo de simbolização, pois segundo Freud o oposto de brincar não é o que é sério, mas o que é real. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 12. Winnicott(1975) considera o “brincar” como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter, naquele instante, um distanciamento, e ao memso tempo, uma aproximação com a realidade. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 13. A condição do “como se” da brincadeira permite à criança fruir de certos afetos que não lhe seriam permitidos viver na vida dita real. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 14. A brincadeira da criança e seu modo de brincar não é um bom recurso para o psicopedagogo. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 15. Segundo Winnicott(1975) uma das características essenciais da brincadeira é a espontaneidade e o sentido subjetivo desta atividade para a própria criança. ( ) FALSO ( ) VERDADEIRO 36 UNIDADE IV | CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE AO CONHECIMENTO PSICOPEDAGÓGICO Gabarito 1 - Verdadeiro. 9 - Verdadeiro. 2 - Verdadeiro. 10 - Verdadeiro. 3 - Falso. 11 - Verdadeiro. 4 - Verdadeiro. 12 - Verdadeiro. 5- Verdadeiro. 13 - Verdadeiro. 6 - Verdadeiro. 14 - Falso. 7 - Falso 15 - Verdadeiro. 8 - Verdadeiro. 37 REFERÊNCIAS ABBAD, G. Teorias da aprendizagem. v. 2. Brasília: CEAD/UnB, 2007. ALECRIM, Cecília Gomes Muraro. Desenvolvimento Humano e Aprendizagem. Brasília: CETEB, 2008. ALMEIDA, Sandra F. C. 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