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INGRESSO NO MERCADO GlObAl | cAPÍtuLo 8 247 A integração econômica regional — ou seja, a criação de acordos comerciais entre blo- cos de países — tem se intensificado nos últimos anos. Isso significa que as empresas estão mais propensas a ingressar em regiões inteiras ao mesmo tempo. Alguns países forma- ram zonas de livre comércio ou comunidades econômicas, ou seja, grupos de nações or- ganizados para trabalhar em direção a objetivos comuns na regulamentação do comércio internacional. Decisão sobre a maneira de ingressar no mercado Quando uma empresa define determinado país como alvo, precisa definir a melhor manei- ra de ingressar nele com suas marcas. As principais opções são exportação indireta, expor tação direta, licenciamento, jointventures e investimentos diretos, mostradas na Figura 8.2. Cada estratégia subsequente envolve maior potencial de comprometimento, risco, controle e lucro. exporTação indireTa e direTa A maneira mais comum de se envolver em um mercado internacional é por meio da exporta- ção, especificamente a exportação indireta — isto é, operar com intermediários independen- tes. O exportador estabelecido no próprio país compra os produtos dos fabricantes e depois os revende no mercado internacional. O agente de exportação estabelecido no país procura compradores estrangeiros, negocia e recebe uma comissão. As cooperativas representam di- versos fabricantes em atividades de exportação — geralmente de produtos primários como frutas ou castanhas —, e estão parcialmente sob seu controle administrativo. As empresas de gestão de exportações aceitam gerenciar as atividades de exportação de uma empresa median- te remuneração. A exportação indireta tem duas vantagens. A primeira é que envolve menos investimentos. A empresa não precisa desenvolver um departamento de exportação nem uma equipe de ven- das ou contatos no mercado internacional. A segunda é que envolve menos riscos. Visto que os intermediários internacionais agregam knowhow e serviços ao relacionamento, a empresa vendedora normalmente comete menos erros. Em determinado momento, as empresas podem decidir controlar suas próprias exporta- ções. O investimento e o risco são um pouco maiores, mas o potencial de retorno também é. A exportação direta ocorre de diversas maneiras: ❚ Departamento ou divisão interna de exportação. Uma função exclusivamente de ser- viço pode tornar-se um departamento independente de exportação que opera como centro de lucros. ❚ Filial ou subsidiária de vendas no exterior. A filial de vendas é responsável pelas vendas e pela distribuição; pode também cuidar da armazenagem e das promoções. Frequentemente funciona como showroom e central de atendimento ao cliente. ❚ Representantes de vendas de exportação que viajam para o exterior. Representantes de vendas estabelecidos no país exportador são enviados a outros países para buscar oportuni- dades de negócios. ❚ Agentes ou distribuidores estabelecidos no exterior. Os distribuidores e agentes podem ob- ter direitos exclusivos ou apenas limitados para representar a empresa em um país. Muitas empresas usam a exportação, seja ela direta ou indireta, como forma de avaliar o mercado antes de construir uma fábrica e produzir uma mercadoria no exterior. Com a inter- net, talvez não seja mais necessário às empresas participar de feiras a fim de atrair novos clientes fora de seus países de origem, dar atendimento a clientes já existentes que vivem no exterior, comprar de fornecedores internacionais e criar uma conscientização de marca global. Empresas bem-sucedidas adaptam seus sites para oferecer conteúdo e serviços específi- cos do país a seus mercados internacionais mais promissores, de preferência na língua local. Figura 8.2 Cinco maneiras de in- gressar no mercado internacional Joint- -ventures Investimento direto Exportação indireta Licenciamento Po te nc ia l d e co m pr om et im en to , r is co , c on tr ol e e lu cr o Exportação direta BOOK_KOTLER_OK.indb 247 05/12/18 18:41 INGRESSO NO MERCADO GlObAl | cAPÍtuLo 8 249248 pARTE 3 | CONEXÃO COM OS ClIENTES Encontrar informações gratuitas sobre comércio e exportação nunca foi tão fácil. A seguir, alguns sites em que se pode começar a busca: ❚ www.trade.gov – U.S. Department of Commerce’s International Trade Administration ❚ www.exim.gov – Export-Import Bank of the United States ❚ www.sba.gov – U.S. Small Business Administration ❚ www.bis.doc.gov – Bureau of Industry and Security, um braço do Departamento de Comércio Além disso, os escritórios de promoção de exportação de muitos estados dispõem de recur- sos on-line e permitem que as empresas façam link para seus sites. licenciamenTo O licenciamento é uma forma simples de ingressar no mercado internacional. O licenciador concede a uma empresa estrangeira o uso do processo de fabricação, da marca, da patente, dos segredos comerciais ou de outros itens de valor em troca do pagamento de uma taxa ou de royalties. O licenciador consegue entrar no país com pouco risco, enquanto o licenciado passa a dominar um processo específico de produção ou explora a popularidade de um produto ou marca muito conhecidos. No entanto, o licenciador tem menos controle sobre o licenciado do que teria em suas pró- prias instalações de produção e vendas. Se o licenciado tiver muito sucesso no empreendimento, a empresa terá aberto mão dos lucros; e quando o contrato vencer, ela poderá descobrir que criou um concorrente. Para evitar que isso aconteça, o licenciador geralmente fornece alguns ingredien- tes ou componentes proprietários (como faz a Coca-Cola). Contudo, a melhor estratégia é sempre liderar as inovações, de modo que o licenciado continue a depender do licenciador. Existem variações no acordo de licenciamento. Em- presas como Hyatt e Marriot negociam contratos de gestão com proprietários de hotéis em vários países para geren- ciar os negócios mediante pagamento de honorários. A empresa gestora pode até ter a opção, durante determina- do período, de comprar ações da empresa administrada. Na fabricação por contrato, a empresa contrata fabri- cantes locais para produzir o produto. A Volkswagen tem um contrato com o grupo GAZ até 2019, pelo qual o GAZ montará os modelos Jetta, Skoda Octavia e Skoda Yeti da VW em Nizhny Novgorod para o mercado russo, com volume de produção planejado de 110.000 veículos por ano.46 Toshiba, Hitachi e outros fabricantes japoneses de televisores usam a fabricação por contrato para atender ao mercado da Europa Oriental.47 A fabricação por contrato reduz o controle da empresa sobre o processo e coloca em risco a perda de lucros poten- ciais. Contudo, oferece a chance de um início mais rápido, com a oportunidade de formar uma parceria com o fabrican- te local ou até de comprá-lo posteriormente. Por fim, uma empresa pode ingressar em um merca- do internacional por meio de franquia, uma forma mais completa de licenciamento. O franqueador oferece todo um conceito de marca e um sistema operacional. Em contrapartida, o franqueado faz um investimento inicial e paga determinadas taxas ao franqueador. Operadores de serviço rápido como McDonald’s, Subway e Burger King têm franquias espalhadas pelo mundo, assim como as empresas de serviços e varejo, como 7-Eleven, Hertz e Hotéis Best Western.48 empresas como a Best Western usaram acordos de franquia para entrar de forma econômica em mercados pelo mundo. c ré di to s: © T up un ga to / s hu tt er st oc k. BOOK_KOTLER_OK.indb 248 05/12/18 18:42 INGRESSO NO MERCADO GlObAl | cAPÍtuLo 8 249 joinT-venTures Historicamente, investidores estrangeiros têm se unido a investidores locais para criar uma joint-venture na qual possam dividir o controle e a propriedade. Para expandir-se geográfica e tecnologicamente, além de diversificar seus investimentos e riscos, a GE Capital — o braço de financiamento para pessoas físicas da GE — considera as joint-ventures uma de suas “maispoderosas ferramentas estratégicas”. Ela formou joint-ventures com instituições financeiras da Coreia do Sul, Espanha e Turquia, entre outros países.49 Os mercados emergentes, especial- mente os de grande porte e complexidade como a China e a Índia, abrigam muita atividade de joint-venture. A formação de uma joint-venture pode ser necessária ou desejável por razões econômicas ou políticas. A empresa estrangeira pode não dispor de recursos financeiros, físicos ou de ge- renciamento para, sozinha, levar o empreendimento adiante ou o governo estrangeiro pode exigir que seja feita uma joint-venture como condição para a entrada. A propriedade conjunta pode implicar certas desvantagens. Os sócios podem discordar a respeito dos investimentos, do marketing ou de outras políticas. Um sócio pode querer reinvestir os lucros para crescer, enquanto o outro pode querer distribuir mais dividendos. Além disso, a propriedade conjunta pode impedir uma multinacional de realizar políticas específicas de marketing e fabricação para o mundo todo. O valor de uma parceria pode estender-se para além do aumento de vendas ou do acesso à distribuição. Bons parceiros compartilham ‘os valores da marca’ que ajudam a manter a consis- tência da marca em todos os mercados. Por exemplo, o compromisso ferrenho do McDonald’s com a padronização de seus produtos é uma das razões pelas quais suas lojas de varejo são tão semelhantes em todo o mundo. O McDonald’s escolhe a dedo seus parceiros globais para en- contrar ‘empreendedores compulsivos’ que farão o esforço desejado. invesTimenTo direTo A forma final de envolvimento no mercado internacional ocorre por meio de propriedade di- reta, pela qual a empresa estrangeira pode comprar uma parte ou o todo de uma empresa local ou construir suas próprias instalações industriais ou de serviço. A Cisco não estava presente na Índia antes de 2005, mas abriu uma segunda sede em Bangalore para aproveitar oportunidades no país e em outros locais, como Dubai.50 Se o mercado em questão for suficientemente grande, o investimento direto oferecerá várias vantagens. Primeiro, a empresa garante economia de custos por meio de mão de obra e matérias-primas mais baratas, incentivos do governo e economia de frete. Segundo, fortalece sua imagem no país anfitrião ao criar empregos. Terceiro, desenvolve um relacionamento mais profundo com o governo, clientes, fornecedores locais e distribuidores, facilitando a adaptação dos produtos ao ambiente local. Em quarto lugar, mantém total controle sobre seus investimentos e pode, assim, desenvolver políticas de produção e marketing que aten- dam a seus objetivos internacionais no longo prazo. E, por fim, garante sua entrada no mer- cado caso o país onde tenha se estabelecido insista que os produtos adquiridos localmente tenham conteúdo nacional. A principal desvantagem do investimento direto é que a empresa expõe um grande inves- timento a riscos como desvalorização ou bloqueio da moeda, mercados desfavoráveis ou ex- propriações. A empresa também poderá incorrer em alto custo para reduzir ou encerrar suas operações caso o país anfitrião exija o pagamento de uma indenização substancial aos funcio- nários demitidos. aquisição Em vez de trazer suas marcas para certos países, muitas empresas optam por adquirir marcas locais para seu portfólio de marca. As marcas locais fortes podem influenciar o sentimento do consumidor de um modo que pode ser difícil para as marcas internacionais. Um bom exemplo de uma empresa que monta uma coleção de ‘joias locais’ é a SABMiller.51 BOOK_KOTLER_OK.indb 249 05/12/18 18:42 Administração de marketing Parte 3: Conexão com os clientes Capítulo 8 – Ingresso no mercado global Decisão sobre a maneira de ingressar no mercado