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Nota de Leitura 7 – Francisco de Oliveira 
Nome: Kayan Samuel Fortes Miranda 
RA: 11202020727 
Turma: EDS Noturno – A1 
 
No ensaio sociológico intitulado “O ornitorrinco”, o cientista social brasileiro Francisco de 
Oliveira aborda a expansão do capitalismo nas nações periféricas, em especial no Brasil, como 
produto de um impasse evolutivo que se assemelha, metaforicamente, à posição do ornitorrinco 
na teoria evolucionista de Darwin. Assim como traços característicos de ave, de réptil e de 
mamífero coexistem na imagem do ornitorrinco, Francisco argumenta que o capitalismo 
experimentado no Brasil é produto de uma articulação orgânica entre o arcaico e o moderno, 
representados pela agricultura e pela indústria, que estabelecem, entre si, uma relação de 
interdependência. À semelhança da experiência evolutiva do ornitorrinco, o autor defende que 
os avanços demonstrados na sociedade capitalista brasileira não são suficientes para subsidiar 
a transição para o próximo estágio de desenvolvimento, representado pela Terceira Revolução 
Industrial, a técnico-científica. 
Contrário às teses do desenvolvimentismo brasileiro, das quais tem-se Celso Furtado como um 
dos principais expoentes, Francisco de Oliveira realiza um diagnóstico de dois fenômenos que 
tornam, segundo ele, o subdesenvolvimento a regra, e não a exceção, da economia de mercado 
brasileira. São eles: o trabalho informal e a contínua dependência do capital externo. Em relação 
ao primeiro, o pensador explica que a manutenção de um exército de trabalhadores informais 
no contexto demográfico brasileiro configura um vetor para a máxima extração de mais-valia do 
trabalho produtivo. Com isto, as relações assalariadas são continuamente minadas pela 
constatação de que a informalidade produz maior acumulação e concentração de capital, já que 
reduz os salários e, consequentemente, os custos com mão de obra para os proprietários dos 
meios de produção. A consequência prática da alta informalidade é a distribuição altamente 
desigual de renda, o que resulta na impossibilidade dos estratos mais baixos da sociedade de 
consumirem e, deste modo, alimentarem o motor de avanço capitalista. Este último ponto, por 
sua vez, reflete em uma trava para a acumulação de capital interna, o que exige a busca de 
recursos externos por parte das classes industrial e política para o financiamento dos projetos 
produtivos. Todavia, o lucro obtido com os empreendimentos acaba sendo abocanhado, em 
grande parte, pelas dívidas contraídas, de modo que a economia, e a sociedade como um todo, 
entram em uma espiral não virtuosa de dependência do capital externo. 
É notável que o sociólogo brasileiro tem uma visão pessimista do futuro capitalista do Brasil, 
uma vez que avalia que as economias de mercado periféricas não têm condições de atingir os 
estágios mais avançados de desenvolvimento sem esforços colossais, em termos financeiros e 
sociais, para acompanhar o ritmo de inovação da Terceira Revolução Industrial, sendo relegadas 
à cópia daquilo que é produzido nos países centrais e que se torna rapidamente obsoleto. 
Ademais, a crítica desenvolvida por Francisco tem inspirações na sociologia marxista no que diz 
respeito ao entendimento de como a luta de classes é o motor da história, porém o autor 
compreende que a interpretação de Marx encontra uma singularidade nas economias 
periféricas, em especial, no Brasil, onde a revolução produtiva não foi acompanhada de uma 
revolução burguesa. 
Para aprofundamento em aula, poderíamos discutir quais caminhos o autor proporia como saída 
para essa situação consolidada de subdesenvolvimento do Brasil.

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