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1 
SINTAXE DE COLOCAÇÃO 
 
 
 Sintaxe de COLOCAÇÃO ou de ordem é aquela que trata da maneira de dispor os termos 
dentro da oração e as orações dentro do período. 
A colocação, dentro de um idioma, obedece a tendências variadas, quer de ordem 
estritamente gramatical, quer de ordem psicológica ou estilística. O maior responsável pela ordem 
favorita em uma língua ou grupo de línguas parece ser a entoação oracional. Isso nos leva a uma 
ordem considerada direta, usual ou habitual, que, na língua portuguesa, consiste em enunciar, em 
primeiro lugar, o sujeito, depois o verbo e, em seguida, os seus complementos. A ordem que saia do 
esquema SVC (sujeito – verbo – complemento) se diz inversa ou ocasional. 
 Sendo a ordem direta um padrão sintático, a ordem inversa, como afastamento da norma, 
pode adquirir valor estilístico. E, realmente, lança-se mão da ordem inversa para enfatizar esse ou 
aquele termo oracional. 
 Dentre os problemas da sintaxe de colocação, vamos destacar, neste momento, a questão da 
colocação dos pronomes oblíquos átonos. 
 Para a Gramática Tradicional ou Normativa, o problema da colocação pronominal continua 
a ser visto apenas pelo aspecto sintático, dentro da teoria da “atração” de algumas palavras como 
“não”, “que”, certas conjunções e tantos outros vocábulos. Essa gramática, alicerçada na tradição 
literária, ainda não se dispôs a fazer concessões a algumas tendências do falar de brasileiros cultos e 
não leva em conta as possibilidades estilísticas que os escritores conseguem extrair da colocação de 
pronomes átonos. 
Felizmente, alguns estudiosos passaram a considerar o assunto também pelo aspecto 
fonético. Abriram-se, com isso, os horizontes, observou-se que a colocação dos pronomes oblíquos 
átonos está intrinsicamente ligada à harmonia da frase, ao seu equilíbrio, à sua sonoridade. Chegou-
se à conclusão de que muitas das regras estabelecidas pelos puristas ou estavam erradas, ou se 
aplicavam em especial atenção ao falar lusitano. Oswald de Andrade, em seu poema “Pronominais”, 
brinca com esse purismo relacionado à colocação pronominal: 
 
Pronominais 
 
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
Do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro 
 
Vejamos, agora, o que determina a Gramática Tradicional ou Normativa a respeito da 
colocação dos pronomes. 
 Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar: 
a) ENCLÍTICO, isto é, depois do verbo: Calei-me. 
b) PROCLÍTICO, isto é, antes do verbo: Eu me calei. 
c) MESOCLÍTICO, isto é, no meio do verbo: Calar-me-ei. 
 Segundo as normas gramaticais da Língua Portuguesa, baseadas na regra lusitana, a ordem 
lógica, normal é a ÊNCLISE. Todavia, no português falado no Brasil, prevalece o uso da 
PRÓCLISE. 
 
 
 2 
A PRÓCLISE é preferida 
a) nas orações que contêm uma palavra negativa (não, nunca, jamais, ...); 
 Não me deixe sozinha. 
b) nas orações iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos; 
 Quem te contou esta mentira? 
c) nas orações exclamativas iniciadas por palavras exclamativas; 
 Como se iludem esses rapazes! 
d) nas orações optativas (que exprimem desejo); 
 Deus te ilumine! 
e) nas orações subordinadas; 
 Já era tarde, quando me deitei. 
 Pedro disse que a ajudou. 
f) quando o verbo vem antecedido de advérbio, desde que este não tenha pausa; 
 Apenas ontem nos trouxeram a encomenda. 
g) quando o verbo vem antecedido de pronome indefinido ou demonstrativo; 
 Tudo me agradou naquele lugar. 
 Isso me parece tolice. 
h) com verbo no gerúndio, antecedido pela preposição EM. 
 Em se tratando de Física, sou leiga. 
 
Observações: 
1.ª) Segundo os autores Cunha e Cintra (1985, p. 304) e Faraco e Moura (1998, p. 563), nas 
orações coordenadas sindéticas alternativas, também deve ocorrer próclise: Ora dança, ora 
se põe a cantar. 
2.ª) Segundo Platão Savioli (1992, p. 206), verbo no infinitivo pessoal precedido de 
preposição é caso que pede o uso da próclise: Por se acharem infalíveis, caíram no 
ridículo. 
 
 
A ÊNCLISE é exigida pela norma padrão nas seguintes situações: 
a) quando a oração for iniciada por verbo; 
 Detiveram-se no espelho. 
b) quando o verbo está no imperativo afirmativo; 
 Calem-se! 
c) depois de pausas; 
 Hoje, sinto-me como um passarinho. 
d) com verbo no gerúndio, desde que não venha precedido pela preposição EM; 
 A mãe saiu, deixando-os a sós. 
e) com verbo no infinitivo impessoal antecedido pela preposição A: 
 Ficou a observá-los. 
 Ele começou a imitá-la. 
 
Observação: com verbo no infinitivo impessoal regido por preposição PARA ou DE, embora a 
ênclise seja a forma preferida, é possível usar a próclise: 
Não trouxe o bicho para maltratá-lo. 
Cantava docemente para me embalar. 
“E ah! que desejo de a tomar nos braços...” (O. Bilac) 
Para não fitá-lo, deixei os olhos caírem. (observe, neste exemplo, que é possível usar a ênclise, 
apesar da palavra negativa). 
 3 
A MESÓCLISE só é possível com verbos no futuro do presente ou do pretérito, desde que 
não haja caso que exija a próclise: 
 Dir-te-ei toda a verdade. 
 Recebê-lo-ia com muito prazer, se viesse. 
 mas... 
 Não lhe esconderei nada. 
 
 É preciso, para finalizarmos, chamar a atenção para a colocação pronominal em 
LOCUÇÕES VERBAIS. Nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no 
gerúndio, desde que não haja caso que exija a próclise, pode dar-se: 
a) ênclise ao verbo principal: O rapaz veio interromper-me. / Vinha chegando-se a mim. 
 ou 
b) ênclise ao verbo auxiliar: Vieram-me interromper. / Vinha-se chegando a mim. 
 
 Nessas mesmas locuções, se houver caso que exija a próclise, usa-se: 
a) próclise ao verbo auxiliar: Não me deixaram ficar. 
 ou 
b) ênclise ao verbo principal: Você não deveria deixá-los. 
 
Obs.: a tendência do português do Brasil é colocar o pronome no meio da locução, em próclise ao 
verbo principal; a Gramática Tradicional, entretanto, ainda não aceita tal colocação: 
Vou te levar para conhecer lugares encantadores. / Eu quero lhe falar. 
 
 Nas locuções verbais em que o verbo principal está no particípio, o pronome átono não pode 
vir depois dele. Virá, então, proclítico, enclítico ou mesoclítico ao verbo auxiliar, de acordo com as 
regras expostas para os verbos na forma simples: 
 Ter-lhe-ia dado mais se pudesse. 
 Tenho-o conhecido cada vez mais. 
 O que se tinha passado na noite da sua ausência? 
 Tudo lhe será perdoado. 
 
 
Observação: no português do Brasil, também ocorre próclise ao particípio (a gramática tradicional 
não concorda com essa colocação): Eu tenho lhe falado.

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